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RESUMO
O mangá, história em quadrinhos japonesa, possui elementos que o diferencia de outros tipos de
histórias em quadrinhos, um deles é a expressão facial dos personagens que possui significados
próprios, relacionados não somente à cultura japonesa, mas também à própria linguagem do mangá.
Com o objetivo de compreender as expressões faciais utilizadas no mangá, este artigo apresenta uma
análise sobre a relação entre as expressões faciais, as emoções representadas por elas e seus
significados dentro da linguagem do mangá. Esta pesquisa se classifica como básica, descritiva e
qualitativa, ela dá continuidade aos estudos sobre expressões faciais no mangá realizados por Souza e
Battaiola (2017) utiliza para análise das amostras os estudos de McCloud (2008) sobre expressões
faciais nos quadrinhos e os estudos de Russell (1999) sobre as emoções humanas, bem como
complementa a pesquisa desenvolvida por Cohn (2010) sobre a linguagem do mangá. Para esta
análise foram coletadas 60 expressões faciais encontradas em 12 diferentes títulos de mangá, na
primeira fase de análise essas amostras foram decompostas utilizando as expressões faciais
apresentadas por McCloud (2008), em seguida elas foram nomeadas de acordo com seus significados
dentro da linguagem do mangá, e por fim foram alocadas no diagrama circumplexo de Russell (1999)
de acordo com a emoção que representavam. Como resultado obteve-se um painel semântico
composto pelas amostras coletadas e os resultados obtidos em cada fase da análise para cada uma das
expressões faciais. As conclusões reforçam a ideia de que o mangá possui uma linguagem própria, o
que exige que tanto o quadrinista quanto o leitor tenham familiaridade com ela, o primeiro para
reproduzi-la e o segundo para compreendê-la. Assim, o painel é uma importante fonte de referência e
consulta, funcionando como um dicionário.
ABSTRACT
The manga (japanese comics) has elements that make it diferent from others comics, one of these
elements are facial expressions of characters, that have unique meanings and are related not only to
japanese culture, but also to mangas’ language. In order to understand the mangas’ facial expressions
this article present an analysis about relationship between facial expressions, emotions represented by
them and their meanings in mangas’ language. This research is classified like basic, descriptive and
qualitative, it continues the studies about mangas’ facial expressions done by Souza e Battaiola
(2017), use studies of McCloud to do sample analysis (2008) about comics facial expression and
studies of Russell (1999) about humans’ emotions to analyze the samples, this research also
complements the studies of Cohn (2007) about mangas’ language. For this analysis was collected 60
facial expressions found in 12 diferents manga titles, in the analysis’ first stage these samples were
decomponsed using the facial expressions presented by McCloud (2008), then the samples were
named according to their meanings in the mangas’ language, and finally they were placed in Russell's
circumplex diagram (1999) according to the emotion they represented. The conclusions reinforce the
idea that the manga has its own language, which requires both the cartoonist and the reader to be
familiar with it, the first to reproduce it and the second to understand it. Thus, the panel is an
important source of reference and consult, functioning like a dictionary.
INTRODUÇÃO
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Segundo Scott McCloud (1995), as HQs são imagens pictóricas e outras justapostas
em sequência deliberada. O mangá é um tipo de HQ característica do Japão, segundo
Luyten (2011), eles existem desde meados de 1814, e o termo significa “rabiscos
descompromissados”. Segundo Chinen (2013) os mangás têm peculiaridades que lhes dão
propriedades exclusivas, são características inerentes a uma forma própria que os japoneses
criaram para contar suas histórias e que estabelecem um código que necessita ser aprendido
e decodificado para ser compreendido pelo leitor. Mesmo em se tratando de histórias
ficcionais, há uma humanidade nas ações e sentimentos, o que confere aos mangás um nível
de empatia raramente encontrado nas HQs ocidentais. O fato é que os japoneses concentram
a narrativa na emoção, o que influencia o estilo artístico e a narrativa dos mangás, o que
também significa que eles utlizam parte significativa da história no desenvolvimento dos
personagens e na criação de um contexto para eles.
Segundo Freitas e Nunes (2012), a linguagem visual utilizada pelo mangaká
(desenhista de mangá) é diretamente influenciada pelas diferenças no conteúdo narrativo e
no público alvo de sua obra. A interação de elementos verbais, visuais e culturais na
produção da arte sequencial, cria uma separação dentro das publicações dos mangás,
categorizando-os em grupos demográficos de acordo com o conteúdo. Existem,
basicamente, cinco demografias (classificação de mangás de acordo com o publico alvo):
Kodomo (mangá voltado ao publico infantil), Shounen (mangá voltado ao publico
masculimo adolescente), Shoujo (mangá voltado ao publico femino adolescente), Josan
(mangá voltado ao publico femino adulto) e Seinen (mangá voltado ao publico masculino
adulto). Além disso, os mangás ainda podem ser divididos de acordo com a tematica
abordada na obra, ação, terror, romance, etc (Biblioteca Brasileira de Mangás, 2017).
Apesar das diferentes demografias, o mangá possui características de linguagem que
fazem com ele seja reconhecido como mangá, à ênfase na transmissão de emoção para o
leitor é uma delas, mas essas características podem ser utilizadas de diferentes maneiras em
demografias diferentes.
No que diz respeito às emoções, segundo Paul Ekman (1972), existem sete emoções
básicas que são inatas a todos os seres humanos e universais a todas as culturas do mundo,
Tristeza, Raiva, Surpresa, Medo, Nojo e Alegria. Conforme McCloud (2008), quando se faz
uso de expressões faciais em HQs é preciso abordar quatro problemas: diferentes tipos de
expressões e de onde elas se originam, como essas expressões são formadas pelos
músculos, as várias estratégias para representar essas expressões graficamente e como as
expressões faciais funcionam em sequências quadrinísticas. Utilizando as expressões
básicas descritas por Paul Ekman (1972), intensificando-as e misturando-as, é possível
identificar outras expressões conhecidas, como podemos ver no esquema apresentado por
Scott McCloud na figura 1.
Contudo, além das expressões básicas e universais, existem também expressões que
só podem ser compreendidas em um contexto cultural específico. Segundo Chinen (2013),
dentre as metáforas visuais encontradas nos mangás, existem convenções, como por
exemplo, o rubor facial, que significa que o personagem está envergonhado, as gotas de
suor no rosto, que significam nervosismo, o sangramento nasal, que significa que o
personagem está excitado. Essas metáforas são consideradas convenções porque são
próprias da linguagem do mangá e é preciso um conhecimento prévio para entendê-las.
Ainda em se tratando de emoções, o modelo circumplexo Russel (1980) consiste de
uma representação pictórica de um espaço bidimensional, onde uma dimensão do
circumplexo captura a valência emocional (positivo-negativa) e a outra dimensão traduz o
nível de ativação (alto-baixo), A dimensão valência está relacionada à codificação do
ambiente como prazeroso ou desprazeroso. Para o estímulo em um determinado momento,
o sujeito pode atribuir um significado: bom ou ruim; útil ou prejudicial; recompensador ou
ameaçador (Barrett, 2008). Já a ativação é a dimensão da experiência que corresponde à
mobilização ou à energia dispensada; a baixa ativação, representada por sono, até a ativação
alta, representada pela excitação (Russell & Barrett, 1999). Desta forma, cada emoção
resultará de uma combinação linear entre estas duas dimensões e cada grupo se posiciona
em termos emocionais em algum quadrante do diagrama circumplexo, como, por exemplo,
uma emoção de valência emocional positiva e ativação alta está relacionada à alegria. O
autor ainda afirma:
(…) descrito como um espaço formado por duas bipolaridades, mas com dimensões
independentes, o grau de Prazer e o grau de Ativação. Prazer-Desprazer (ou
Valência) é uma dimensão da experiência que se refere ao tom hedônico. A ativação
é a dimensão da experiência que se refere ao sentido de mobilização ou de energia,
que pode ser visto como um contínuo, indo dormir, zonzo, relaxado ao alerta,
hiperativo e finalmente excitação” (Barrett e Russell, 1999).
DESENVOLVIMENTO
RESULTADOS E DISCUSSÃO
CONCLUSÃO
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS
BROZO, G. William. From manga to math. Educational Leadership, Virginia, p. 58 - 61, 2013.
COHN, Neil; EILY, Sean. The Vocabulary of manga: Visual morphology in dialects of Japanese
Visual Language. Jornal of Pragmatics, Califórnia, p. 17-29, disponível online em 29 dez. 2015.
COHN, Neil, 2010. Japanese Visual Language: the structure of manga. In: Johnson-Woods, Toni
(Ed.), Manga: An Anthology of Global and Cultural Perspectives. Continuum Books, New York, pp.
187-203.
FREITAS, Erika; NUNES, Janaina. A Comunicação Visual dos Mangás. In: Congresso de Ciências
da Comunicação na Região Sudeste, 17., 2012, Ouro Preto.
LUYTEN, Sonia. Mangá: o poder dos quadrinhos japoneses. Terceira edição. Hedra, 2011.
MUCHÃO, P. A. Marco. Histórias em Quadrinhos e o Design Gráfico, uma comparação entre duas
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