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Malyn Newitt. Historia de Mocambique
Malyn Newitt. Historia de Mocambique
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sua
intluencia Costa acima até a u
a Gaza c cstendendo a
Sobrepondo-se um pouco vale do Luangwa situava-se
ao
o interior até ao lago Malawi e política comunundo
Moçambique e para uma cultura social e
Esta região possuía uma
O norte de Moçambique ee
Zambeze.
dos muzungos do
comum de
domínio afro-português. menos
experiència também verilicava alguma homogeneid.
em 1890, mas
até aqui se dade.
conhecido dos Portugueses dialectos da lingua macua eram falada
todos matrilineares, e os
Os povos da região cram uma zona que fora unida nos
tratava-se de
Zambeze. Além disso, Macondes e onde o Islän
Cabo Delgado ao
caravanas comerciais
dos Yao e dos se
culos x v u e xix pelas
difundira rapidamente finais do século xix.
nos
económica, social e política encontravam e
zonas de cultura
Sobrepondo-se a estas amplas bases costeiras portuguesas. Estas foram
os círculos de influência
directa que irradiavam das
e historiadores ae
modo pelos contemporaneos
normalmente ridicularizadas de igual alem das armas das suas
controlavam algo para
salientaranm que os presidios dificilmente
termos de administração
colonial formal, assim sucedia, mas. aa
pequenas fortalezas. Em manitfestamente inadequada. Em 1890, a
é
considerar-se a influência real, a descrição
estendera-se bem atë ao interior, de modo que
influência comercial e política dos presídios
não tivessem tido contacto
existiam poucos moçambicanos, excepto no longínquo norte, que
com eles de uma forma ou de outra.
uma maior coerencia do que a grande
Todavia, se à nascença Moçambique apresentava futuro afigurava-se mais
africanos recém-formados, 0 seu
parte dos territórios coloniais colónia revelaram-se anos caóticos
mas para a
precário. A década de noventa foi de formação,
e anárquicos, durante os quais dificilmente conseguiu sobreviver. Verificaram-se ameaças
Durante alguns anos após a partilha inicial da Africa Central, presumiu-se, de um modo
também uma nova divisão
que haveria mais ajustamentos de fronteira, possivelmente
e
geral,
territorial. Por razões diferentes, a Alemanha e a Gr-Bretanha sentiam-se cada vez mais
e a Africa Central era uma das zonas do mundo, conquanto
não
inseguras na década de 1890,
fosse de modo algum a mais importante, onde havia a possibilidade de se verificar uma
ndições para o
atura, a Grä-Bretanh
contra a Pouco depois da sua
argumento mundial.
dos Bóeres, em que
Porte
guerra
eclodir da primeiraenvoltos na Scgunda
Guerra
nço
Lourenço
colaborou
Marques continuava:aberto
Transval viram-se o porto de a0s
com a
Grã-Bretanha:
Rhodes levado
a prosseguir de
em Portugal, e
em troca de um subsídio
e a entrega
de aliança»
Gungunhana um «tratado no sul de Moçambique era mais firme do ue a
Contudo, domínio
portugues
espingardas. o Dezembro,. Gungunhana
reconheccu de novo Duhii
Manica. Em
sua presença em
em Fevereiro de 1891, Rhodes
fretou um navio
a v
soberania de Portugal, c quando, as armas prometidas, uma canh
o Limpopo com
Countess
estava of Carnarnvon,
a postos para subir
para apreender o navi0 e 1azer uma demonstração eficaz da ridade
portuguesa na da
Ao longo costa.
primeira parte de I891, Gungunhana continuou a tentar obter a protec
lecção
enviados a Londres em Abril. Não resulta muito clar
britânica e mandou, inclusivamente, dominio britänico ou apenas de
se se terá tratado de uma
tentativa séria de submissão ao
assinaram finalmente u
de 1891, a Gr -Bretanhae Portugal
ganhartempo, mas, em Junho do território de Gaza se situava dentro das fronteiras
tratado reconhecendo que a maior parte
continuava a ver Gaza como um estado
portuguesas." Apesar do tratado, Gungunhana
anos antes de o maior de todos Os reinos angunes ser
independente, e decorreram mais quatro
destruído.
preocupado com a liberdade de comércio e direitos de trânsito, que haviam provocado tensões
na década de 1880, e Portugal preferiu não alienar qualquer parte do seu
diplomáticas
território a um terceiro país sem o consentimento da Gr-Bretanha. Por último, Portugal
deveria arrendar território à Gr -Bretanha em Chinde, na foz do Zambeze, para a construção
de um porto, e concordou em criar uma linha férrea desde a foz do Pungue até ao território
sob protecção. O tratado ameaçava arrancar de um modo grosseiro a parra que cobria o facto
embaraçoso de que Portugal pouco mais era do que um estado-cliente da Gr-Bretanha.
Nos oito meses subsequentes aoultimato tinham-se verificado idas e vindas extraordinárias
os Portugueses se abstivessem de
na Africa Central. Muito embora Salisbury exigisse que
Rhodes e os seus agentes de
actividade nas zonas sujeitas a negociação, ninguém impediu
mas encontrou
levarem por diante as suas actividades. Alfred Sharpe percorreu Luangwa
o
Durante o princípio de 1891, os Porugieses tenlaram reunir uma expedição para env
Manica, enquanto Rhodes mandava um grupo armado ao Pungue para abrir umaestradado
mar até à alta savana. Quase todos os dias seregistava alguma confrontação entre o pe-
da Chatered Companyc os Portugucses. c a Companhia exigiu então em alto c bomsomu
intervenção do govemo britânico para vingar os insultos à bandeira. O incidente mais era
deu-se em Maio de 1891.quando tropas porluguesas e da Chartered Company se envolyvera
em Masckesa. Após um pequeno recontro, os soldados da Companhia perseguiram c
Portugueses em debandada até à costa. A 29 de Maio, parecia iminente um segundo combate
quando umemissáriodo Alto-Comissário BritâniconaÁfrica do Sul ordenou inequivocament
às forças da Chartered Company que se relirassem.
A 28 de Maio de 1891, a Grä-Bretanha e Portugal acabaram por assinar um tratado que
vinha de alguma forma alterar os termos aceites no ano anterior. Os acontecimentos em
Manica tinham-se reflectido numa nova fronteira que acompanhava a linha da escarpa e
deixava a capital de Mutasa do lado britänico da linha e Masekasa do lado português. A
demarcação inicial no Shiree região do lago não foi alterada, mas Portugal tinha motivos para
estar satisfeito, pois o reino de Gungunhana era reconhecido finalmente como pertencente à
esfera portuguesa, enquanto os extensos teritórios a norte do Zambeze, há muito ocupados
pelos chicundas portugueses, eram também incluídos em Moçambique. Através de uma
cláusula secreta do tratado, a pedido de Portugal, a Alemanha era nomeada a potência que
arbitraria quaisquer desinteligências. A satisfação derradeira para Portugal terá sido a ira de
Rhodes ante uma delimitação que realmente tirava o tapete de baixo da sua guerra de corso
teritorial.
Assim, Moçambique emergia finalmente das propostas e contra-propostas avulsas, das
reivindicagões sonorasde aventureiros e do emaranhado de mapas, Cor-de-Rosa ou outros.
Sem dúvida as suas fronteiras reflectiram em certa medida a evolução histórica da regio. Os
antigos portos marítimos de Iboe Quissanga a norte de Inhambane e Lourenço Marques, no
Sul, tinham sido incluídos no novo estado com grande parte do comércio interior de que
dependiam. Contudo, a baía de Delagoa ficou muito desligada do seu interior e manteve-se
isoladae quase um enclave no Estado Sul-Africano que despontava. No Zambeze, os antigos
territórios dos prazos foram incluídos em teritório português, tal como o interior de Sena no
Barué e Manica. Tete e Zumbo viram o seu interior setentrional incluído, mas a zona a sul
limitada aos braços inferiores dos rios Mazoe e Ruenha. As regiðes a oceste de Zumbo
perderam-se. A forma final do país apresenta três saliências Tete e Zumbo, rodeados em
três lados pelo território britânico, a saliência britânica nas Terras Altas do Shire rodeada por
terra lusa; e a saliência que engloba o porto de Lourenço Marques, avançando para sul no
território sul-africano. Moçambique estava encravado na Africa Central e do Sul Britânica.
qual peça de um quebra-cabeças- peça essa que ostentava cada vez mais a imagem do
empreendimento financeiro e do interesse imperial britânicos.
NOTAS
'C.S.NiCHOILS, The SwahiliCoast,; E.A. ALPERS, «Gujerat and the Trade of East Africa, c. 1500-1800»;
LJ. SAKAKAJ, «lndian Merchants in Fast Afiea: the
Triangular Trade and the Slave
R.C.F, MAuGHAM, Zanbezia. p. 276; W.P. JonNSON, «Seven Years' Travel in the Economy»
Region East of Lake
Nyasa», p. 533.
M. NWIT, «Drought in Mozambique, 1823-1831», p. 22
GIRHARD Lu SEGANG, «A First L0ok at the lmport and Export Trade of Mozanmbique. 1800-1914>,
p. 467.
A.RITA-Fi RRIRA, «A Sobrevivencia do nais traco.», pp. 304; ARI INIO CHIu.UNIX), «Quando conieçou
o comércio das oleaginosas em Moçambique?», pp. 512-13.
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Transval.
Gr-Bretanha desafiou
Quando o tratado luso-transvaliano foi publicado, própria
a
301
decorridas
duas
semanas,
anex xou
oterritóriocomocolóniabritânica. A anexação interrompeu
onómico
odesenvolvimentod Transval-Moçambique
transformou radicalmente as
e
e cconómicas
o na regiäo. Por um lado,constituiu um passo
do objectivo a curto prazo de criar umaanexação
politicas a
relaçoes
sentido do objectivo: confederação, mas contribuiu
sentido
noobiectivo
gigantesco a longo prazo de integração das economias da parte meridional do
para
tambenp
ntinente. Era agora possível organizar os transporteseo fornecimento de mão-de-obra
Além diss0, a ideia do caminho-de-ferro de
a região. Al
is de toda Lourenço Marques, que
ria à política tradicional britânica
a l r a v é
comerciantes que
estavam agregados. A discussão desta matéria coincidiu, e em certa
Ihes es
adida repetiu-se, comaquestao da navegaçao do Congo,em que Portugal mantinhade longa
data laços locais, mas a Bretanha possuía interesses comerciais e missionários cuja
nroteccão a preocupava. Foi nesta situaçao que a Grä-Bretanha, através do seu embaixador
em Lisboa, Robert Morier, entabulou negociações bilaterais com Portugal visando a criação
ordenada para o desenvolvimento de actividade comercial no interior do
de uma estrutura
Congoe do Zambeze-uma linha tradicional da política externa britânicae a extensão lógica
das políticas de
comércio livre que a Gr -Bretanha defendeu ao longo do século.
da construção de uma
Simultaneamente, os negociadores procuraram assegurar condições
as
bilaterais, a
Grã-Bretanha estado moçambican
Nestes tratados efectiva. O moderno
da ocupação pelas rotas seguidas oelae
no interior sujeito às disposiçõöes dos portos costeiros,
cruzado
do trabalho dos ae
interior mal delinido forma coerente
merce
A medida que os povos de Moçambique começaram a ser cada vez mais atraídos pela
corrente veloz da economia mundial, também Portugal desenvolveu um novo interesse
pelos seus territórios alricanos. Na sequência do termo das Guerras Napoleónicas, mergulhou
num período de vintee cnco anos de conflitos civis quase constantes. Foi uma guerra que
conheceu a independência final do Brasil e o triunfo derradeiro da burguesia urbana de
Lisboa e do Porto apoiadas porelementos liberais da aristocracia- uma aliança de classes