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A primeira Páscoa e o Êxodo

Quando eu era criança (e isso não faz muito


tempo), meu avô Roberto promovia uma caça ao tesouro por ocasião da
Páscoa. Lembro-me de uma ocasião em que, após seguir cada uma das pistas,
precisei cavar para encontrar o tão desejado ovo de chocolate. Quem sabe
tenha sido a partir daquele momento que passei a ter interesse em
escavações arqueológicas!

Da mesma forma, gostaria de “escavar” a história da primeira Páscoa, a saída


dos israelitas do Egito. O êxodo seria apenas uma invenção literária para o
orgulho nacional hebreu? De que tipo de evidências arqueológicas dispomos
quando tratamos sobre esse tópico?

Gostaria de apresentar três categorias de evidências neste breve artigo: (1)


literária; (2) documentação egípcia; e (3) o orgulho nacional egípcio.

Sobre a primeira, a evidência literária, é inegável que o autor da história do


êxodo (e também do Pentateuco) tinha um amplo conhecimento da língua
egípcia. Palavras como cesto, linho fino, selo, arca, entre outras, são
claramente de origem egípcia. Durante um curso de egiptologia na USP,
apresentei esse argumento para o professor da disciplina. Apesar de negar a
historicidade da história dos israelitas no país dos faraós, ele se mostrou
bastante surpreso em saber do uso de termos egípcios na narrativa bíblica.

O mesmo poderia ser dito sobre os nomes de alguns israelitas, que são
puramente egípcios. Merari, Finéias e Moisés são apenas alguns exemplos. O
nome do “herói” hebreu é o exemplo mais conhecido. Moisés vem do verbo
egípcio ms-n (a pronúncia aproximada seria algo como mase-n), que significa
“nascido de”. Esse é um verbo muito utilizado no nome de outros faraós:
Ramsés, Ahmose, Thutmose, etc.

Nossa segunda classe de evidências é a da documentação egípcia. Apesar de


não dispormos de informações explicitas da presença israelita no Egito (isso
será explicado no próximo tópico), podemos utilizar um documento egípcio
que sugere um colorido autêntico para a história bíblica. Trata-se da Estela do
Faraó Merneptah, filho do grande Ramsés II. Nesse documento comemorativo,
o nome Israel é mencionado juntamente com outras várias cidades
importantes de Canaã. O texto sugere que o povo de Israel já estava na “terra
prometida” em meados de 1200 a.C., a data do documento. Um dos grandes
defensores dessa afirmação é o renomado egiptólogo Kenneth Kitchen, da
Universidade de Liverpool, na Inglaterra.

Por último, gostaria de mencionar algo curioso sobre o orgulho nacional


egípcio. Para muitas pessoas, a ausência de evidências arqueológicas da
estada dos israelitas no Egito traz certo desconforto. Mas note algo
interessante: os egípcios dificilmente admitiam uma derrota. Por ocasião da
famosa batalha de Kadesh (Síria), por volta de 1300 a.C., os egípcios a
registraram como uma vitória. Por outro lado, seus oponentes hititas também
deram-na como vencida! Ninguém sabe quem foi o vencedor da batalha de
Kadesh. Sendo assim, dificilmente encontraremos um documento egípcio que
mencione um grupo de escravos saindo da potência mais poderosa do mundo,
naquela época, deixando-a totalmente arrasada por pragas enviadas por sua
Divindade! Os egípcios não admitiam derrotas.

Mesmo diante desse quadro, as poucas informações que temos sugerem um


pano de fundo autêntico para o evento que deu origem a uma das principais
festividades religiosas do judaísmo e do cristianismo.

Luiz Gustavo Assis


Postado por Michelson às 5:26 PM
QUINTA-FEIRA, MARÇO 12, 2009

Uma ironia da Arqueologia Bíblica

Uma das maiores ironias no mundo acadêmico é


saber que os piores inimigos da Bíblia não são ateus, evolucionistas ou
agnósticos, mas sim teólogos bíblicos que lecionam Antigo e Novo Testamento
em universidades nos Estados Unidos e Europa. Esse é caso de Philip Davies,
da Universidade Sheffield, na Inglaterra. Para ele, Davi não é mais histórico
do que o Rei Artur e os cavaleiros da távola redonda; em outras palavras,
folclore britânico. Essa é a opinião dele na obra In the Search of 'Ancient'
Israel (Em busca do 'antigo' Israel), publicada em 1992. Seu argumento,
porém, era baseado no silêncio de fontes históricas fora da Bíblia que
mencionassem o famoso rei israelita. Um argumento, diga-se de passagem,
muito perigoso para qualquer acadêmico.

Ironicamente, um ano após Davies publicar sua obra, a equipe de Avraham


Biran, arqueólogo do Hebrew Union College, em Jerusalém, encontrou em Tel
Dan, no norte de Israel, o fragmento de uma estela (pedra) contendo o
registro histórico de um guerra entre os reis da Síria, Israel e Judá. Nesse
documento, o reino de Israel é chamado "Casa de Israel", enquanto o reino de
Judá é chamado de "Casa de Davi" (na quinta linha de baixo para cima, na
foto)!

Ao anunciar a descoberta, a Biblical Archeology Review destinou mais de 15


páginas para falar a respeito do assunto, escritas pelo próprio Dr. Biran.
Poucas edições depois, foi a vez de Philip Davies contra-atacar. Segundo ele,
o documento arqueológico poderia ser uma fraude. O que Davies se esqueceu
foi que o artefato não foi comprado de nenhum comerciante palestino ou
judeu, mas foi desenterrado pela auxiliar de campo Gila Cook.

Outro argumento utilizado pelo acadêmico de Sheffiled é a tradução da


expressão aramaica BYTDWD como "Casa de Davi". Ele notou que todas as
palavras do texto estão separadas por um ponto, mas nessa expressão não há
ponto algum. Sendo assim, a tradução "Casa de Davi" estaria sendo forçada.
Porém, ele só se esqueceu do que os linguistas já sabiam: que quando há
junção de um substantivo (BYT - casa) e um nome próprio (DWD - Davi), não
se utiliza nenhum ponto na separação. Esse era um costume comum entre
assírios, babilônicos e arameus (e a estela foi escrita em aramaico) no registro
de um texto.

Para Kenneth Kitchen, uma das maiores autoridades em estudos orientais da


atualidade, a descoberta é tremenda. De acordo com ele, a expressão "Casa
de..." refere-se ao fundador da determinada dinastia, sendo atestada em todo
o Antigo Oriente Médio. Estaria esse documento mencionando o rei Davi, autor
do famoso Salmo 23? As evidências sugerem que sim. Bastou apenas um ano
para uma descoberta arqueológica desmoronar a pesquisa de Philip Davies!
Isso sim é ironia.

Tive a oportunidade de ver essa peça em exposição no dia 24 de agosto do ano


passado, no Masp, em São Paulo. Fiquei por aproximadamente cinco minutos
observando cada detalhe do artefato e relembrando as diversas histórias desse
personagem chamado Davi. Eu já conhecia a história do achado e o seu valor
para o cristão no século 21, mas mesmo assim foi uma experiência poderosa,
uma vez que a história bíblica pôde transpor milênios e ganhar um colorido
mais acentuado através de um artefato de quase três mil anos!

(Luiz Gustavo Assis, Outra Leitura)

A historicidade confiável do livro de Daniel


Há pelo menos três bons motivos para
acreditarmos que o livro de Daniel é confiável do ponto de vista histórico e
que de fato foi escrito no 6º século antes de Cristo:

1) A arqueologia tem reconstruído as informações históricas do livro de


Daniel.

a) Toda a história desse profeta hebreu se passa na cidade de Babilônia. Os


críticos da Bíblia afirmavam que se Babilônia realmente houvesse existido,
não passaria de um pequeno clã. A arqueologia demonstrou o oposto. Os
resultados dos estudos do arqueólogo alemão Robert Koldewey, feitos entre
1899 e 1917, provaram que Babilônia era um grande centro econômico e
político no Antigo Oriente Médio na metade do 1º milênio a.C. (600 a.C.).

b) Outro ponto de questionamento era sobre a existência ou não de


Nabucodonosor, rei de Babilônia na época do profeta Daniel. Mais uma vez a
arqueologia resolveu a questão trazendo à luz muitos tabletes que foram
encontrados nas ruínas escavadas por Koldewey com o nome Nabu-Kudurru-
Usur, ou seja, Nabucodonosor! Não é incrível como um tablete de 2.600 anos
consegue esmiuçar teorias fundamentadas no silêncio?

c) Assim como a opinião dos críticos teve que ser radicalmente mudada a
respeito de Babilônia e de Nabucodonosor, o mesmo aconteceu com Belsazar,
o último rei da Babilônia. Críticos modernos não concordavam com essa
informação. Novamente a arqueologia refutou essa opinião. Vários tabletes
cuneiformes confirmam que Nabonido, o último rei de Babilônia, deixou seu
filho Bel-Shar-Usur (Belsazar) cuidando do Império enquanto ele estava em
Temã, na Arábia. Você pode confirmar em Daniel 5:7 que Belsazar ofereceu
para Daniel o terceiro lugar no reino, já que o pai, Nabonido, era o primeiro e
ele, Belsazar, o segundo.

d) Até os amigos de Daniel estão documentados nos tabletes cuneiformes da


antiga Babilônia. Foi descoberto um prisma de argila, publicado em 1931,
contendo o nome dos oficiais de Nabucodonosor. Três nomes nos interessam:
Hanunu (Hananias), Ardi-Nabu (Abed Nego) e Mushallim-Marduk (Mesaque).
Incrível! Os mesmos nomes dos companheiros de Daniel mencionados nos
capítulos 1, 2 e 3 de seu livro! Um grande defensor dessa associação é o
adventista e especialista em estudos orientais William Shea, em seu artigo:
“Daniel 3: Extra-biblical texts and the convocation on the plain of Dura”,
AUSS 20:1 [Spring, 1982] 29-52. Hoje esse artefato encontra-se no Museu de
Istambul, na Turquia.
Resumindo: as informações históricas do livro de Daniel são confirmadas pela
arqueologia bíblica.

2) Por muitos anos os defensores da composição do livro de Daniel no 2º


século a.C. se valeram das palavras gregas do capítulo 3 para “confirmar”
a autoria da obra no período helenístico. Essa opinião apresenta dois
problemas sérios:

a) Há ampla documentação do relacionamento entre os gregos e os impérios


da Mesopotâmia antes mesmo do 6º século a.C. Nos registros do rei assírio
Sargão II, por exemplo, fala-se sobre cativos da região da Macedônia (Cicília,
Lídia, Ionia e Chipre). Se os judeus em Babilônia eram solicitados para tocar
canções judaicas (Salmo 137:3), por que não imaginar o mesmo com os
gregos? Um poeta grego chamado Alcaeus de Lesbos (600 a.C.) menciona que
seu irmão Antimenidas estava servindo no exército de Babilônia. Logo, não
nos deve causar espanto algum o fato de termos na orquestra babilônica
instrumentos gregos.

b) Se o livro de Daniel foi escrito durante o período de dominação grega sobre


os judeus, por que há apenas três palavras gregas ao longo de todo o livro? Por
que não há costumes helenísticos em nenhum dos incidentes do livro numa
época em que os judeus eram fortemente influenciados pelos filósofos da
Grécia? Esse fato parece negar uma data no 2º século a.C.

Resumindo: o fato de existirem palavras gregas no terceiro capítulo de Daniel


não prova sua composição no 2º século a.C., pelo contrário, intercâmbio
cultural entre Babilônia e Grécia era comum antes mesmo do 6º século a.C.

3) Daniel foi escrito em dois idiomas: hebraico (1:1-2:4 e 8:1-12:13) e


aramaico (2:4b-7:28).

Diversos nomes no estudo do aramaico bíblico (Kenneth Kitchen, Gleason


Archer Jr, Franz Rosenthal, por exemplo) afirmam que o aramaico usado por
Daniel difere em muito do aramaico utilizado nos Manuscritos do Mar Morto
que datam do 2º século a.C. Para Archer Jr., a morfologia, o vocabulário e a
sintaxe do aramaico do livro de Daniel são bem mais antigos do que os textos
encontrados no deserto da Judéia. Não só isso, mas que o tipo da língua que
Daniel utilizou para escrever era o mesmo utilizado nas “cortes” por volta do
7º século a.C.

Resumindo: o aramaico utilizado por Daniel corresponde justamente àquele


utilizado em meados no 6º século a.C. nas cortes reais.

Qual a relevância dessas informações para um leitor da Bíblia no século 21?


Gostaria de destacar dois pontos para responder esta questão:

1) Como foi demonstrado acima, Daniel escreveu seu livro muito antes do
cumprimento de suas profecias. Logo, isso nos mostra a Soberania e
Autoridade de Deus sobre a história da civilização. Se Deus é capaz de
comandar o futuro, Ele é a única resposta para os problemas da humanidade.

2) A inspiração das Escrituras. O livro de Daniel se mostrou confiável no ponto


de vista histórico e, consequentemente, profético. Essa é a realidade com
toda a Bíblia, que graças a descobertas de cidades, personagens e inscrições,
mostra-se verdadeira para o ser humano.

O livro de Daniel, longe de ser uma fraude, é um relato fidedigno. Ao


escavarmos profundamente as Escrituras e estudarmos a História, podemos
perceber que a Bíblia é um documento histórico confiável.

Luiz Gustavo Assis é formado em Teologia e atua como Capelão no Colégio


Adventista de Esteio, RS.
Postado por Michelson às 3:37 AM

O endereço do Mestre

Para muitas pessoas, a narrativa evangélica da vida


de Jesus não passa de ficção. Contudo, uma rápida pesquisa sobre os achados
arqueológicos relacionados com o Novo Testamento revelará o contrário:
cremos em uma história real! A partir de agora, vamos examinar algumas
informações bíblicas à luz das descobertas em Cafarnaum, o “endereço” do
Mestre.

O nome Cafarnaum pode significar tanto “vila da consolação” como “vila de


Naum”, um antigo profeta hebreu cujo livro faz parte do Antigo Testamento.
Essa última opção é apoiada por uma tradição judaica que afirma que o
túmulo do profeta está enterrado ali. A cidade foi descoberta por um
arqueólogo norte-americano chamado Edward Robinson, em 1852, mas
somente foi escavada por uma equipe liderada por Charles Wilson em 1865 e
1866. Foi ali que Jesus dedicou a maior parte do Seu ministério, realizando
milagres (Mt 9:18-26; Mc 5:21-43; Lc 8:40-56), bem como ensinando na
sinagoga local (Mc 1:21; 3:1-5; Lc 4:31; Jo 6:59).

Um dos achados mais fascinantes de Cafarnaum é a da possível casa de Pedro.


Foi por volta de 1968 que dois outros arqueólogos, G. Orfali e A. Gassi,
encontraram a estrutura de uma igreja que datava do 5º século. O
surpreendente foi que logo abaixo dessa construção eles também encontraram
os alicerces de uma casa repleta de objetos de pesca que datava da época de
Jesus e Seus discípulos. Para completar a informação, um documento
chamado Itinerarium, escrito por Egéria, no 4º século, afirma que a “casa do
príncipe dos apóstolos foi transformada em igreja; contudo, as paredes da
casa ainda estão de pé como eram originalmente”.

Outra descoberta marcante em Cafanaum foram os restos da sinagoga, local


de reuniões religiosas dos judeus, do 1º século. Durante os anos de 1905 até
1926, seus restos foram preservados e restaurados por especialistas alemães e
franciscanos. Até então, todas as construções apontavam para uma construção
do 3º ou 4º século. No entanto, em 1968, as pesquisas posteriores revelaram
os restos de uma estrutura. E em 1981, um largo piso de basalto foi
encontrado repleto de cerâmicas (potes, vasos, copos, etc.) do 1º século, a
época de Cristo. Sem dúvida, esses eram os escombros daquela sinagoga
frequentada por Jesus, como mencionado nas Escrituras Sagradas!

Mais importante do que as informações arqueológicas é o que tudo isso


representa. Foi nessa mesma sinagoga que Jesus declarou: “Eu sou o pão vivo
que desceu do céu; se alguém dele comer, viverá eternamente” (João 6:51).
Mesmo com a poeira acumulada ao longo dos séculos em Cafarnaum, ainda
somos capazes de ouvir o convite do Mestre querendo saciar nossa fome.

(Luiz Gustavo Assis é formado em Teologia e atua como Capelão no Colégio


Adventista de Esteio, RS)
Postado por Michelson às 3:34 AM

Desenterrando um império (parte 3)

No artigo anterior, descrevemos como ocorreu uma


importante descoberta na antiga Hattusas, a capital dos hititas. Antigos
tratados (alianças) entre reis de importantes povos no Antigo Oriente Médio
(AOM) são importantes na compreensão do ambiente político dessa região.

As principais formas de tratados do AOM eram: (1) de paridade, envolvendo


pessoas do mesmo nível social; (2) concessão real, em que o rei concede a seu
súdito alguns benefícios mediante serviços fiéis que o agradaram; e (3)
suserano-vassalo, em que o rei que tinha total soberania exigia plena
submissão e lealdade do vassalo, que em troca recebia proteção e ajuda
militar. O tratado envolvendo Ramsés II e Hatusillis III encaixa-se nessa
terceira categoria.

A estrutura dos tratados hititas e o Pentateuco


Os tratados imperiais hititas do 14º e 13º séculos a.C. apresentam uma
estrutura elaborada em seis seções: título ou preâmbulo, prólogo histórico,
estipulações, o depósito do tratado, a invocação das testemunhas, as
maldições e as bênçãos.

George Mendenhall, importante erudito do Antigo Testamento no século


passado, foi o primeiro a perceber a semelhança entre a estrutura dos
tratados hititas e as alianças de Deus e Israel em Êxodo 20-31; 34-35 e
Levítico 11-25. Neste caso, a evidência externa sugere que a melhor data para
a composição do Pentateuco é por volta da metade do 2º milênio a.C. (Ca.
1400 a.C.).

A seguir, cada uma das partes desta estrutura será mostrada juntamente com
o seu correspondente bíblico:

1) Título ou preâmbulo. Identifica o autor (suserano) do tratado. Em Êxodo


20:1, lemos: “Deus falou todas estas palavras...”

2) Prólogo histórico. O suserano declara os seus benefícios em favor do


vassalo, demonstrando assim sua misericórdia e poder. Em Êxodo 20:2, Deus
Se identifica como “o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa
da servidão”.

3) Estipulações. Esta parte envolve a declaração dos deveres impostos sobre o


vassalo como aquele que deve total lealdade ao suserano. A continuação do
texto de Êxodo 20, os versos 3-17, apresenta os dez mandamentos como
estipulações, e os capítulos seguintes (21-23 e 25-31) registram outras
regulamentações mais detalhadas para reger a vida social. Além destas, há
também instruções quanto a provisão para a casa (tabernáculo) do Suserano
(Êx 35).

4) Depósito do tratado. O documento deveria ser bem guardado para ser lido
novamente em outras ocasiões. A “Arca da Aliança” era assim chamada por
conter em seu interior as estipulações de Deus para Seu povo (Êx 25:16).

5) Testemunhas. Os deuses das nações envolvidas eram invocados como


testemunhas daquilo que havia sido dito. Há também o caso de elementos da
natureza como pedras, vento, sol, lua e estrelas que eram tidos como
testemunhas em algumas ocasiões. O correspondente bíblico desta porção
parece ser Êxodo 24:4-8, onde Moisés levanta um altar com 12 pedras,
representando as 12 tribos de Israel, para cumprir o papel de testemunhas
mudas.

6) Bênçãos e maldições. Isto é, aquilo que o suserano faria caso seu vassalo
fosse fiel ou não. Em Levítico 26, temos referências a bênçãos (pela
obediência) e maldições (pela desobediência).

A evidência dessa estrutura em outras partes do Pentateuco


Essa mesma estrutura pode ser encontrada em outros lugares do Antigo
Testamento. Em Deuteronômio 1:1-5, por exemplo, temos o título ou
preâmbulo, e o prólogo histórico em 1:6-3:29. Logo após, então, temos as
estipulações: (1) os dez mandamentos (5:7:21); (2) outras ordenanças mais
extensas (6-11); e (3) regulamentações mais específicas (12-26). O documento
da aliança sendo depositado no Santuário (31:9-13). Os céus e a terra sendo
chamados de testemunhas (31:28) e, finalmente, as bênçãos (28:1-14) e as
maldições (28:15-68) encerrando o livro.

Avaliação da evidência

A composição do Pentateuco é situada por alguns como tendo ocorrido no


período do cativeiro babilônico (Ca. 600 a.C.), ou no período persa (Ca. 500
a.C.), ou até no período grego (Ca. 300 a.C.). O problema com esse tipo de
argumentação é que a estrutura das alianças da metade do 1º milênio a.C.
sofreu drásticas modificações. No período assírio (Ca. 700 a.C.), por exemplo,
o tratado suserano-vassalo era composto de quatro partes na seguinte ordem:
preâmbulo, testemunhas, estipulações e maldições.

Uma vez que as alianças do Pentateuco possuem a mesma estrutura dos textos
hititas do 14º e 13º século a.C., parece mais razoável aceitarmos que a data
da composição do texto bíblico seja a mesma de tais tratados e não depois,
como os críticos afirmam.

Luiz Gustavo Assis é formado em Teologia e atua como Capelão no Colégio


Adventista de Esteio, RS.

Leia também: “Desenterrando um império” (parte 1)


Postado por Michelson às 3:29 AM
TERÇA-FEIRA, OUTUBRO 28, 2008

Escavações podem confirmar minas do rei Salomão

A velha briga para determinar o que é fato e o que


é lenda nos textos bíblicos acaba de passar por mais uma reviravolta - e quem
saiu ganhando foi o glorioso reino de Salomão, filho de Davi, que teria
governado os israelitas há 3.000 anos. Escavações na Jordânia sugerem que a
extração de cobre em escala industrial no antigo reino de Edom - região que,
segundo a Bíblia, teria sido vassala dos reis de Israel - coincide, em seu auge,
com a época do filho de Davi. Em outras palavras: as célebres "minas do rei
Salomão" podem ter existido do outro lado do rio Jordão.

A pesquisa, coordenada pelo arqueólogo Thomas E. Levy, da Universidade da


Califórnia em San Diego, está na edição desta semana da prestigiosa revista
científica americana PNAS, e bate de frente com os que duvidam da
existência de uma monarquia poderosa em Jerusalém durante o século 10 a.C.
Segundo esses pesquisadores, como Israel Finkelstein [ele é um arqueólogo
ateu, figura sempre presente nas páginas da Superinteressante e da Galileu],
da Universidade de Tel Aviv, tanto a região de Jerusalém quanto a área de
Edom, onde as minas foram encontradas, eram habitadas por uns poucos
aldeões e pastores nômades nessa época. O surgimento de reinos
politicamente bem organizados e capazes de empreendimentos de larga
escala só teria sido possível por ali cerca de 200 anos depois.

Levy discorda. "O que nós mostramos de forma definitiva é a produção de


metal em larga escala e a presença de sociedades complexas, que podemos
chamar de reino ou Estado arcaico, nos séculos 10 a.C. e 9 a.C. em Edom.
Trabalhos anteriores afirmavam que o que a Bíblia dizia a respeito disso era
um mito. Nossos dados simplesmente mostram que a história de Edom no
começo da Idade do Ferro precisa ser reinvestigada usando ferramentas
científicas", declarou o arqueólogo ao G1.

A região escavada por Levy e seus colegas na Jordânia é uma velha suspeita
de ter abrigado as famosas minas salomônicas. Nos anos 1940, o arqueólogo
americano Nelson Glueck já tinha defendido a idéia. No entanto, foi só com as
escavações em larga escala no sítio de Khirbat en-Nahas (em árabe, "as ruínas
de cobre"), ao sul do Mar Morto, que o tamanho da atividade mineradora ali
ficou claro. Estima-se que, só em sobras da extração do minério, existam no
local entre 50 mil e 60 mil toneladas de detritos.

Numa escavação iniciada em 2006, Levy e seus colegas desceram pouco mais
de 6 m e montaram um quadro em alta resolução da história de Khirbat en-
Nahas. A ocupação começa com uma estrutura retangular de pedra, com
protuberâncias ou "chifres". "Pode ter sido um altar", conta o arqueólogo -
esses "chifres" eram usados como plataforma para besuntar o sangue dos
animais sacrificados na antiga Palestina. Acima dessa estrutura, ao menos
duas grandes fases de extração de cobre estão documentadas, com paredes
de pedra que serviam como instalação industrial.

Uma das formas de datar a atividade mineradora é a presença de artefatos


egípcios - um escaravelho e um colar - que aparentemente datam da época
dos faraós Siamun e Shesonq (chamado de Sisac na Bíblia) - o século 10 a.C.
Mas os pesquisadores também usaram o método do carbono 14 para estimar
diretamente a idade de restos de madeira usados para derreter o minério e
extrair o cobre. O veredicto? O mais provável é que a atividade industrial na
área tenha começado em 950 a.C., data equivalente ao auge do reinado de
Salomão, e terminado em torno de 840 a.C.

E não é só isso: escavações numa fortaleza próxima também sugerem uma


construção na era salomônica, durante o século 10 a.C. Segundo o relato
bíblico, Salomão usou vastas quantidades de bronze (cuja matéria-prima, ao
lado do estanho, era o cobre) na construção do templo de Jerusalém.
Também teria continuado o domínio estabelecido por seu pai Davi sobre Edom
e financiado uma frota de navios mercantes que saíam do litoral edomita em
busca de produtos de luxo.

Levy diz que os dados obtidos em Khirbat en-Nahas são compatíveis com o
quadro do Antigo Testamento, mas mostra cautela. "Se as atividades lá podem
ser atribuídas ao controle da produção de metal pela Monarquia Unida
israelita, pelos edomitas ou por uma combinação de ambos, ou até por um
outro grupo, é algo que nossa equipe na Jordânia ainda está investigando",
ressalta ele.

A pedido do G1, o arqueólogo Israel Finkelstein comentou o estudo na PNAS e


fez pesadas críticas [o que se podia esperar dele?]. Para começar, Finkelstein
não reconhece a região de Khirbat en-Nahas como parte do antigo reino de
Edom, porque o sítio fica nas terras baixas jordanianas, e não no planalto do
além-Jordão.

"Na época em que Nahas está ativa, não há um único sítio arqueológico no
platô de Edom, que só passa a ser ocupado nos séculos 8 a.C. e 7 a.C.", diz o
pesquisador israelense. "A mineração em Nahas não tem a ver com o
povoamento de Edom, mas com o do vale de Bersabéia [parte do reino
israelita de Judá], que fica a oeste, ao longo das estradas pelas quais o cobre
era transportado até o Mediterrâneo", afirma.

Finkelstein também critica o fato de Levy e seus colegas teram usado os


rejeitos de mineração como base para sua estratigrafia, ou seja, as camadas
que ajudam a datar o sítio arqueológico, porque eles formariam estratos
naturalmente "bagunçados" de terra. E afirma que a fortaleza estudada pelos
pesquisadores também é posterior ao século 10 a.C.

"Aceitar literalmente a descrição bíblica do rei Salomão equivale a ignorar


dois séculos de pesquisa bíblica. Embora possa existir algum fundo histórico
nesse material, grande parte dele reflete a ideologia e a teologia da época
em que saiu da tradição oral e foi escrito, por volta dos séculos 8 a.C. e 7 a.C.
Os dados de Nahas são importantes, mas não vejo ligação entre eles e o
material bíblico sobre Salomão", arremata Finkelstein. [Não vê ou não quer
ver?]

Levy preferiu não responder diretamente as críticas do israelense, embora um


artigo anterior de sua lavra aponte que, ao contrário do que diz Finkelstein,
há ligação cultural entre os habitantes das terras baixas e os edomitas do
planalto. "Suponho que, toda vez que há uma interface entre textos sagrados
e dados arqueológicos, é natural que o debate se torne emocional", diz ele.
[Bingo!]

(G1 Notícias)
Postado por Michelson às 5:41 PM
QUINTA-FEIRA, AGOSTO 28, 2008

Manuscritos do Mar Morto


A maior evidência histórica da autenticidade bíblica são
os Manuscritos do Mar Morto. Os MM são uma grande quantidade de
documentos encontrados em várias cavernas próximas ao Mar Morto, na
Palestina. Foi provavelmente em 1947 que surgiram os primeiros deles numa
caverna em Wadi Qumran, situada nas escarpas ocidentais do norte desse
mar. Depois disso, foram achados outros tantos fragmentos de rolos de papiro
e até livros inteiros, como o de Isaías. Paul Frischauer escreveu o seguinte em
seu livro Está Escrito – Documentos que Assinalaram Épocas (p. 105) sobre o
Rolo de Isaías: “O texto mais antigo em língua hebraica, o Rolo de Isaías,
encontrado em 1947 em Ain Fekskha, no Mar Morto, provém de uma época ao
redor do ano 100 antes da nossa era. Seu conteúdo confere, palavra por
palavra, com os trechos textuais correspondentes do Códex Petropolitanus,
escrito no ano 916 da nossa era e que, antes do achado de Isaías, era tido
como o mais antigo original em língua hebraica do Velho Testamento.”

A esse acervo de documentos deu-se o nome de Manuscritos do Mar Morto. E


“os Manuscritos do Mar Morto são, talvez, o acontecimento arqueológico mais
sensacional do nosso tempo!”[1] Os estudos demonstraram que esses
manuscritos foram escritos no período que vai do século 2 a.C. até o século 2
d.C., portanto, cerca de duzentos anos antes do tempo de Jesus Cristo, e
cerca de 1000 anos antes da cópia mais antiga até então.

Esse fato é, também, confirmado pelo pesquisador Hugh J. Schonfield, no


livro A Bíblia Estava Certa – Novas Luzes Sobre o Novo Testamento. Ali, na
página 39, o autor diz: “Quando os pergaminhos do Mar Morto foram
desencavados de uma gruta em Khirbet Qumran, lá pelas margens do noroeste
daquele mar, o primeiro de todos a ser desenrolado e examinado em
Jerusalém, em 1948... era precisamente um dos livros, ou rolos, do profeta
Isaías. Perpassou por todo o orbe um calafrio ao fazer-se saber que esse
manuscrito datava de cerca de 100 anos antes de Cristo. Era um milênio mais
antigo do que qualquer cópia conhecida.” O manuscrito mais antigo, no
entanto, é um fragmento do livro de Samuel, do ano 225 a.C., achado na
caverna número 4.

A datação do edifício principal de Khirbet Qumran foi facilitada pelo fato de


que muitas moedas foram ali achadas. Como de Vaux observou, “as datas são
confirmadas [também] pela cerâmica em diferentes partes do edifício”
(Citado por S. J. Schwantes, em Arqueologia, p. 135).

Já foram encontrados fragmentos de todos os livros da Bíblia, exceto Ester. E


o fato de que há somente variações mínimas entre o texto dos manuscritos de
Qumran e o texto tradicional do Antigo Testamento, testemunha do cuidado
extremo com que o texto hebraico foi transmitido de geração em geração. “As
variações têm que ver em geral com ortografia, divisão de palavras e
substituição de uma palavra por um sinônimo, etc., mas não afetam o sentido
fundamental do texto” (Ibidem, p. 136).

Durante alguns anos, a tradução dos manuscritos permaneceu restrita a um


reduzido número de especialistas, o que trouxe algumas suspeitas.
Felizmente, em novembro de 1991 a biblioteca Huntington, da Califórnia,
acabou com as especulações, tornando públicas fotocópias de todos os
fragmentos. Com isso, a exclusividade sobre o material trancafiado em
Jerusalém perdeu o sentido. Venceu a transparência.

No livro Para Compreender os Manuscritos do Mar Morto (Ed. Imago, 1993), à


página 150, Frank Moore Cross afirma que “Willian Foxwell Albright, o mais
notável arqueólogo especializado em Oriente Próximo e epigrafista hebraico
da sua geração, imediatamente saudou o achado como a maior descoberta de
manuscritos dos tempos modernos”.

E esses manuscritos, “longe de apontar contradições oriundas de copistas


descuidados ou erros que empanassem a verdade do Livro de Deus,
confirmaram tudo o que se encontra na nossa Bíblia hoje”.[2] “Graças aos
rolos do Mar Morto, reaprendemos a ler o Antigo e o Novo Testamentos. O
próprio Jesus, com Suas reações frente a temas tão diversos quanto a pureza,
a monogamia, o divórcio, torna-Se mais compreensível. Porque os textos
evangélicos reencontraram um pano de fundo histórico, um país, um
território.”[3] “Os famosos Manuscritos do Mar Morto trouxeram tantas
evidências em favor da exatidão das cópias da Bíblia que possuíamos, que as
críticas feitas às Escrituras Sagradas perderam completamente sua razão de
ser e algumas delas caíram até no ridículo.”[4]

(Extraído do livro A História da Vida, de Michelson Borges)

Referências:

1. Avrahan Negev, Ed. Arqueological Enciclopedia of the Holy Land.


Weindenfeld and Nicholson, p. 89, Londres, Jerusalém, 1972. Obs.: Negev
lecionou Arqueologia Clássica no Instituto de Arqueologia da Universidade
Hebraica de Jerusalém.

2. Dr. Renato E. Oberg. A Nossa Bíblia e os Manuscritos do Mar Morto, p. 55 e


56, Tatuí, SP: Casa Publicadora Brasileira.

3. André Carquot, professor de estudos semíticos do Collège de France.


Artigo: “Segredos do Mar Morto”. Revista Nova Ciência, número 25, 1995, p.
49.

4. Dr. Renato E. Oberg. Op. cit., p. 15.


Postado por Michelson às 6:39 PM
QUINTA-FEIRA, AGOSTO 14, 2008

Achado arqueológico 'revive' conspiradores bíblicos

Júbilo impera entre os arqueólogos bíblicos! Mais dois


personagens da corte judaica deixaram de ser conhecidos apenas nas páginas
das Bíblias ao redor do mundo para se apresentarem a todos através de uma
descoberta arqueológica. Essa descoberta é incrivelmente significativa porque
reforça o que muitos cristãos têm afirmado ao longo dos séculos: a Bíblia é um
documento histórico confiável! Alguém pode questionar: "Qual a importância
desse achado para o mundo acadêmico? De que maneira ele favorece a
confiabilidade histórica da Bíblia?" Vejamos.

A recente descoberta desenterrou a segunda prova de que o texto de


Jeremias 38:1 foi baseado em fatos históricos confiáveis. Esse texto menciona
os principais ministros do Rei Zedequias (597-586 a.C), o último rei de Judá:
Jucal, filho de Selemias e Gedalias, filho de Pasur.

Esse achado está relacionado com outro artefato


desenterrado em 2005 e que também foi causa de muita celebração, pois foi o
primeiro que corroborou o texto bíblico de Jeremias 38:1. Na ocasião, foi
encontrado o selo de Jucal, filho de Selemias (Yehukal ben Selemyahu).

Desta vez, o selo encontrado foi de Gedalias, filho de Pasur! E tem mais: os
nomes impressos sobre eles estão completos e em perfeitas condições de
serem lidos. A informação torna-se mais impressionante, já que estamos
falando de documentos de 2600 anos atrás!

As letras da inscrição Gedalyahu ben Pasur (Gedalias, filho de Pasur) estão em


hebraico antigo e em perfeito estado de conservação, o que facilitou a
tradução das duas linhas. Sendo o hebraico uma língua lida da direita para a
esquerda, a primeira letra da primeira linha (l), é a preposição “para,
pertencente a”, e as três últimas letras da mesma linha (yhw) é a forma
abreviada do nome de Deus (YHWH), pronunciado comumente como “yahu”.
Gedalias significa “O Senhor é Grande”. Pena que seu nome não revelou seu
caráter, já que no capítulo 38 de Jeremias ele e outros ministros, entre eles
Jucal, tentaram matar o profeta lançando-o numa cisterna sem água.
Jeremias só não morreu graças aos esforços de um etíope, Ebede Meleque,
que o retirou de lá.

A responsável pela descoberta foi a arqueóloga israelense Eilat Mazar, da


Universidade Hebraica, de Jerusalém. Seu nome veio à tona quando, em 2005,
ela anunciou a descoberta do palácio de Davi, na parte mais baixa de
Jerusalém.

Nas palavras dela: “Não é muito freqüente que uma descoberta aconteça em
que figuras reais do passado agitam a poeira da história e tão vividamente
revivem as histórias da Bíblia.”

Todas essas evidências exigem um veredito: a Bíblia é um documento histórico


confiável!

(Luiz Gustavo S. Assis é formado em Teologia e atua como Capelão do Colégio


Adventista de Esteio, RS)
Postado por Michelson às 6:07 PM
SEGUNDA-FEIRA, JUNHO 23, 2008

O fiasco de um rei

Corria o ano de 1845. Era um inverno rigoroso.


Diversos homens trabalhavam em Calah (antiga Ninrode) sob a supervisão do
arqueólogo britânico Henry Layard. Devido ao frio intenso e ao solo duro,
ficava cada vez mais difícil escavar. Para complicar a situação, o dinheiro que
financiava a escavação estava acabando!

Layard pediu para seus homens trabalharem apenas mais um dia. Minutos
depois de eles terem voltado às escavações, todo esforço foi recompensado.
Eles fizeram uma das descobertas mais importantes da arqueologia bíblica!
Trata-se do Obelisco* Negro de Salmanasar III, rei assírio que reinou entre os
anos 858 até 824 a.C.

Os especialistas em escrita cuneiforme começaram então a traduzir as quase


200 linhas de textos desse rei. Elas falavam de vários governantes de diversos
lugares que haviam presenteado Salmanasar III e lhe prestado homenagem,
prostrando-se diante dele.

Vários nomes bem diferentes dos nossos estavam no texto: Marduk-apil-usur,


rei de Suhi, Qalparunda, rei de Patin, Jeú, rei de Israel... Rei de Israel? Sim, o
obelisco encontrado por Layard continha o nome de um rei de Israel que a
Bíblia também menciona. E, para surpresa geral, havia uma “foto”, um relevo
de Jeú ajoelhado diante do monarca assírio!

O texto, que está logo após o relevo do personagem bíblico, diz: “Tributo de
Jeú, filho de Omri. Prata, ouro, vasos de prata... cetros para a mão do rei [e]
dardos, [Salmanasar] recebeu dele.” O rei de Israel não deveria reverenciar
um ser humano, já que essa é uma prática que a própria Bíblia condena (Êx
20:3). Só essa informação já nos basta para descobrir que Jeú não era um bom
servo de Deus. A Bíblia diz que ele “não teve o cuidado de andar de todo o
coração na lei do Senhor, Deus de Israel” (2Rs 10:31).

Hoje, o Obelisco Negro de Salmanasar III pode ser visto no Museu Britânico,
em Londres. Provavelmente, Jeú nem imaginava que sua atitude errada seria
registrada numa “foto” e que ela seria guardada para a posteridade! É por
isso que devemos cuidar das nossas atitudes. Nosso caráter é revelado
justamente em momentos em que pensamos que ninguém está nos vendo.

(Luiz Gustavo S. Assis é formado em Teologia e é capelão do Colégio


Adventista de Esteio, RS)

*Pilar vertical de quatro faces usado para gravar relevos e inscrições.


Postado por Michelson às 7:12 PM
SEXTA-FEIRA, MAIO 09, 2008

Arqueólogos encontram palácio da rainha de Sabá


Arqueólogos alemães encontraram os restos do palácio da
lendária rainha de Sabá na localidade de Axum, na Etiópia, e revelaram assim
um dos maiores mistérios da Antigüidade, segundo anunciou a Universidade de
Hamburgo. "Um grupo de cientistas sob direção do professor Helmut Ziegert
encontrou durante uma pesquisa de campo realizada nesta primavera
européia o palácio da rainha de Sabá, datado do século X antes de nossa era,
em Axum-Dungur", destaca o comunicado da universidade. A nota diz que
"nesse palácio pode ter ficado durante um tempo a Arca da Aliança", onde,
segundo fontes históricas e religiosas, foram guardadas as tábuas com os Dez
Mandamentos, que Moisés recebeu de Deus no Monte Sinai. Os restos da casa
da rainha de Sabá foram achados sob o palácio de um rei cristão.

"As investigações revelaram que o primeiro palácio da rainha de Sabá foi


transferido pouco após sua construção, e levantado de novo orientado para a
estrela Sirius", dizem os cientistas. Os arqueólogos acreditam que Menelik I,
rei da Etiópia e filho da rainha de Sabá e do rei Salomão, foi quem mandou
construir o palácio em seu lugar definitivo.

Os arqueólogos alemães disseram que havia um altar no palácio, onde


provavelmente ficou a Arca da Aliança, que, segundo a tradição, era um cofre
de madeira de acácia recoberto de ouro.

As várias oferendas que os cientistas alemães encontraram no lugar onde


provavelmente ficava o altar foram interpretadas pelos pesquisadores como
um claro sinal de que a relevância especial do lugar foi transmitida ao longo
dos séculos.

A equipe do professor Ziegert estuda desde 1999, em Axum, a história do


início do reino da Etiópia e da Igreja Ortodoxa Etíope.

"Os resultados atuais indicam que, com a Arca da Aliança e o judaísmo,


chegou à Etiópia o culto a Sothis, que foi mantido até o século VI de nossa
era", afirmam os arqueólogos.

O culto, relacionado à deusa egípcia Sopdet e à estrela Sirius, trazia a


mensagem de que "todos os edifícios de culto fossem orientados para o
nascimento da constelação", explica a nota.

O comunicado também diz que "os restos achados de sacrifícios de vacas


também são uma característica" do culto a Sirius praticado pelos
descendentes da rainha de Sabá.

(G1 Notícias)

Colaboração: Jônathas Melo

Nota do pastor Sérgio Santeli: A arqueologia vem confirmando cada vez mais
a historicidade do texto bíblico, o que demonstra que a fé dos cristãos está
baseada em fatos históricos. A matéria acima fez uma ligação da descoberta
arqueológica com uma lenda antiga que afirma que a rainha de Sabá e
Salomão tiveram um filho, e que Salomão teria mandado a Arca do Concerto
para a Etiópia ficando com uma réplica em Jerusalém - o que, de fato, é pura
lenda. Quanto à afirmação de que Salomão fosse adorador da estrela Sírius,
pode até ser verdade, uma vez que o rei apostatou durante uma parte da vida
e seguiu "deuses estrangeiros" (1Rs 11:1-8).
Postado por Michelson às 6:54 PM
TERÇA-FEIRA, FEVEREIRO 26, 2008

A união fez a força

Davi e Salomão são personagens bem conhecidos nas


páginas do Antigo Testamento. Eles foram reis de Israel que contribuíram
muito para a grandeza dessa nação. Mas quando Roboão, o filho de Salomão,
assumiu o controle do reino, as coisas foram de mal a pior. Sua propaganda
política não era nem um pouco empolgante, já que no “discurso de posse” ele
deixou claro que seu perfil era ditatorial (1 Reis 12:14).

O estilo de governo de Roboão trouxe sérias conseqüências para a história de


Israel. O povo não o seguiu e, como resultado, o reino foi dividido. O reino do
norte (ou de Israel) era composto por dez tribos e tinha sua capital em
Samaria. Já o reino do Sul (ou de Judá) era formado apenas pelas tribos de
Benjamim e Judá, e sua capital era a conhecida Jerusalém.

Nessa mesma época, por volta do ano 930 a.C., o Egito estava sofrendo com
um problema parecido. A 21ª dinastia teve uma dupla administração, uma em
Tanis, no norte, e outra em Tebas, no sul. Era um período de decadência no
país dos faraós. A tão valorizada arte egípcia não era nada nesse período e a
força militar poderia ser vencida facilmente.

Esse quadro mudou rapidamente quando o faraó Sheshonk (ou Sisaque) subiu
ao trono e deu início à 22ª dinastia conhecida como líbia. Ele reunificou o
reino e estabeleceu uma política de encher os cofres vazios do Egito. De
acordo com 2 Crônicas 12:1-12, esse faraó invadiu o reino de Judá no ano 925
a.C. Ali é nos dito que ele levou para o Egito tesouros do Templo, escudos de
ouro da época de Salomão e muitos bens da casa do rei.

Curiosamente, numa das paredes do templo de Amon, em Karnak, pode ser


vista hoje uma série de relevos e inscrições sobre as campanhas militares de
Sheshonk. Uma parte da inscrição menciona um certo Judah Melekh (Rei de
Judá), e provavelmente seja uma referência a Robão. Mais uma história
bíblica confirmada pelas pás dos arqueólogos!

A arqueologia bíblica nos ajuda e exemplificar um conhecido ditado: A união


faz a força! Israel enfraqueceu quando o reino foi dividido e o Egito voltou a
ser forte quando se uniu. Sem dúvida, a união fez a diferença.

(Luiz Gustavo S. Assis é formado em Teologia e é capelão do Colégio


Adventista de Esteio, RS)
Postado por Michelson às 6:09 AM
SEGUNDA-FEIRA, JANEIRO 21, 2008

Carimbo prova existência de família bíblica

Arqueólogos israelenses encontraram em Jerusalém um sinete (uma espécie


de carimbo) de cerca de 2.500 anos de idade que, segundo especialistas,
mostra o valor da Bíblia como fonte de documentação histórica. O sinete
estampa o nome da família Tema, a qual, de acordo com o Livro de Neemias,
estava entre os exilados que retornaram a Judéia no ano 537 a.C. após o fim
do cativeiro na Babilônia.

"É um nexo entre as provas arqueológicas e o relato bíblico, ao evidenciar a


existência de uma família mencionada na Bíblia", diz a arqueóloga Eilat
Mazar, que dirige as escavações que acharam o sinete, de pedra escura, com
forma elíptica e dimensões de 2,1 centímetros por 1,8 centímetro.

Mazar explicou que, segundo a Bíblia, os Tema viviam em uma região de


Jerusalém conhecida como Ofel, designada especialmente aos servidores do
Primeiro Templo, construído pelo rei Salomão no século 10 a.C. O relato
bíblico conta que, após os israelitas serem deportados à Babilônia por
Nabucodonosor, depois de este conquistar Jerusalém em 586 a.C., os Tema
estavam entre as primeiras famílias a retornar à Judéia.

A arqueóloga ressaltou a influência mesopotâmica mostrada pelo carimbo,


que em uma de suas faces possui gravada a cena de um ritual. Nele, dois
sacerdotes dispostos em ambos os lados de um altar oferecem sacrifícios à
deusa babilônica Sin, representada por uma lua crescente. Para um judeu,
essa referência ao paganismo teoricamente não seria permitida.

A especialista disse que o detalhe chamou a atenção, e especulou-se a


possibilidade de o selo ter sido feito na Babilônia, com um espaço vazio para o
nome de um possível cliente, e que pode ter sido comprado por seus
proprietários em algum bazar.

Eilat Mazar, que concentra grande parte de suas investigações no período mais
antigo da história de Israel, é responsável também por outras descobertas
importantes, como a da base de uma estrutura arquitetônica localizada em
Jerusalém e que poderia corresponder ao palácio do mítico rei Davi.

(G1 Notícias)
Postado por Michelson às 10:23 AM
DOMINGO, JANEIRO 13, 2008

O testemunho de um muro

Uma das histórias mais emocionantes de todo o Antigo


Testamento é sem dúvida aquela dos três jovens hebreus, Hananias, Misael e
Azarias, na fornalha ardente. Ela está registrada em Daniel capítulo 3. O
relato bíblico não menciona a data desse incidente, mas os achados
arqueológicos nos ajudam a encontrar esse evento na história.

Uma das “Crônicas Babilônicas” registra que no 10o ano do reinado de


Nabucodonosor houve uma rebelião contra seu império que logo foi sufocada.
Provavelmente, esse foi o motivo da reunião relatada no capítulo 3 de Daniel.

Como teste de lealdade, o rei convocou todos os oficiais de todas as


províncias de Babilônia (Daniel 3:2) para adorar uma imagem de ouro erigida
por ele. Os jovens hebreus, que eram amigos de Daniel, não se prostraram
perante a imagem por serem obedientes aos mandamentos de Deus (Êxodo
20:4-6; Levítico 19:4). Sem temer a morte, eles escolheram a infernal
fornalha ardente em lugar de desobedecer a Deus.

É uma história inspiradora, mas com um grave problema. Segundo a Bíblia,


este evento ocorreu na planície de Dura (Daniel 3:1), mas não havia nenhum
local em Babilônia com esse nome! Daniel cometeu um erro? Como acreditar
num livro que registra um incidente num lugar que nunca existiu?

É interessante notar que a palavra “Dura”, em acadiano, a língua de


Babilônia, significa muro, parede. Curiosamente, a versão grega do Antigo
Testamento, a tradução dos setenta (LXX), traduziu Daniel 3:1 como “na
planície do muro, na cidade de Babilônia”. O que temos aqui é o empréstimo
de uma palavra de um idioma (acadiano) para outro (aramaico). Como as
palavras em inglês do nosso vocabulário: hardware, self-service, web, etc.

Porém, outra pergunta surge: Qual muro? Provavelmente Nimit-Enlil, a grande


muralha externa construída por Nabucodonosor, muito famosa na antiguidade
e descrita em detalhes por diversos historiadores.

Você consegue imaginar a cena? Uma multidão prostrada perante uma


divindade e apenas três hebreus em pé com uma fé inabalável! Na mente de
muitos, aquele local deve ter sido símbolo da integridade deles. E você? Tem
feito a diferença nos locais por onde passa?

Luiz Gustavo S. Assis é formado em Teologia pelo Unasp e é capelão do


Colégio Adventista de Esteio, RS.
Postado por Michelson às 7:50 AM
QUARTA-FEIRA, OUTUBRO 24, 2007

Pesquisadora identifica carimbo de Jezabel

Na Bíblia, ela ganhou fama de manipuladora,


inescrupulosa e até devassa. A rainha Jezabel é uma das piores vilãs do Antigo
Testamento, sem dúvida. Mas pelo menos tinha um bocado de estilo, a julgar
pelo sinete (uma espécie de carimbo pessoal) que uma pesquisadora
holandesa acaba de identificar como pertencente a ela - um dos raros [sic]
casos em que um personagem bíblico deixa traços diretos de sua existência.

A análise que confirmou a associação de Jezabel com o sinete, que é feito de


opala e está repleto de desenhos e inscrições, foi feita por Marjo Korpel,
especialista da Universidade de Utrecht. Com o trabalho de Korpel, que será
publicado numa revista científica especializada em estudos lingüísticos,
parece chegar ao fim um mistério de quatro décadas.

Isso porque já se suspeitava que o artefato, obtido nos anos 1960 por um
arqueólogo israelense no mercado de antigüidades, tivesse pertencido a
Jezabel. Mas havia um problema bizarro: o suposto nome da rainha, gravado
na opala, estava escrito errado - o que levou muita gente a achar que se
tratasse de uma outra pessoa, embora de nome parecido.

Com paciência de detetive, Korpel analisou o sinete e o comparou com outros


objetos do mesmo tipo e da mesma época, ou seja, produzidos por volta do
ano 850 a.C., quando viveram Jezabel e seu marido Acabe, rei de Israel. Pela
distribuição das letras e pela presença de uma pequena área quebrada no
objeto, a pesquisadora holandesa estimou que originalmente havia mais duas
letras hebraicas no sinete - o suficiente para "corrigir" o nome de Jezabel.

Além disso, o objeto era muito maior que os outros da mesma época e repleto
de símbolos associados à realeza e ao sexo feminino, como uma esfinge com
coroa de rainha, serpentes e falcões. Para Morjen, tudo isso torna altíssima a
probabilidade de que o sinete realmente tenha pertencido a Jezabel.

Jezabel (de origem fenícia, segundo a Bíblia) e seu marido Acabe reinaram
numa época em que o antigo reino israelita estava dividido em duas partes
rivais: Judá, no sul, cuja capital era Jerusalém e cujo povo deu origem aos
atuais judeus; e Israel, no norte, onde o casal governava e cuja capital era
Samaria.

No Primeiro Livro dos Reis, na Bíblia, Jezabel é retratada como uma mulher
corrupta, que faz os habitantes de Israel adorarem deuses pagãos e ainda
induz seu marido Acabe a tomar injustamente as terras de seus súditos. Juízos
de valor à parte, o sinete parece mostrar que a rainha de fato era muito
influente: ele era usado para ratificar documentos, o que significa que ela
podia "despachar" por conta própria em seu palácio.

(G1 Notícias)
Postado por Michelson às 6:05 AM
QUARTA-FEIRA, SETEMBRO 05, 2007

Colméias de 3 mil anos são descobertas em Israel

Escavações arqueológicas no norte de Israel


revelaram evidências de apicultura praticada há 3 mil anos, incluindo restos
de antigos favos de mel, cera de abelhas e o que os pesquisadores envolvidos
acreditam ser as mais antigas colméias intactas já descobertas. O achado, nas
ruínas da cidade de Rehov, inclui 30 colméias intactas datando de cerca de
8900 a.C., disse o arqueólogo Amihai Mazar, da Universidade Hebraica de
Jerusalém. Ele diz que esta é uma evidência sem precedentes da existência
da apicultura avançada na Terra Santa em tempos bíblicos.

A apicultura era amplamente praticada na Antiguidade, onde o mel tinha


aplicações religiosas e medicinais, além de como alimento, e a cera era usada
na fabricação de moldes e como superfície de escrita.

As colméias, de palha e barro cru, têm um orifício em uma extremidade, para


permitir a entrada e saída de abelhas, e uma tampa, que dava aos apicultores
acesso aos favos.

A Bíblia se refere repetidamente ao território onde hoje está Israel como


"terra do leite e do mel", mas acreditava-se que o mel seria um doce feito de
tâmaras e figos - não há menção a mel de abelha. Mas a descoberta mostra
uma indústria bem desenvolvida de apicultura na área há 3 mil anos.

"Dá para dizer que esta era uma indústria organizada, parte de uma economia
organizada, numa cidade ultra-organizada", disse Mazar.

(O Estado de S. Paulo)

Desenterrando um império (parte 2)

Quando Henry Sayce afirmou que os heteus do


Antigo Testamento eram o mesmo povo que deixou diversos rastros na região
da Ásia Menor, muitos dos acadêmicos da época lhe conferiram o título de "o
inventor dos hititas". Evidentemente, os "homens de ciência" da época (e de
hoje também) achavam simplória demais a opinião de um erudito
fundamentada na Bíblia e nas suas pesquisas de campo.

Curiosamente, as fontes egípcias da época registravam informações


surpeendentes sobre o assunto. Tutmoses III, importante faraó da 18ª dinastia
(Ca. 1450 a.C.), foi forçado a pagar tributo ao povo de Heta. Da mesma
forma, vários relevos nos templos e palácios do país dos faraós registravam as
importantes vitórias de Ramsés II sobre os Hititas, na famosa Batalha de
Kadesh (ilustração acima), na Síria.

Mas não foram apenas os egípcios que travaram batalhas contra esse povo. O
rei assírio Tiglat Pileser I (Ca. 1100 a.C.) gloriava-se em seus registros de ter
vencido diversos combates na "Terra de Hatti". As mencões a esse povo só
desapareceram em 717 a.C., quando Carchemish, uma das principais cidades
hititas, foi destruída.

Entre Tutmes III e a destruição de Carchemish há um período de 700 anos.


Seria possível a um pequeno império travar poderosas batalhas com grandes
potências como Egito e Assíria? Dificilmente!

Hugo Winckler: a pá alemã em Boghazköy

A confirmação da teoria de Sayce veio por meio dos esforços de um


arqueólogo alemão. Seu nome, Hugo Winckler (1863-1913). Os trabalhos foram
realizados em Boghazköy, a cidade que foi visitada pelo francês Texier, como
vimos anteriormente. Se as pesquisas de Texier foram sem sucesso, o mesmo
não se pode dizer daquelas feitas por Winckler, em 1906.

As escavações arqueológicas naquela época eram extremamente precárias. A


região era extremamente quente durante o dia, e o frio a noite era
praticamente da mesma intensidade. O próprio Winckler registrou em seu
diário que durante as noites chuvosas ele dormia com um guarda chuva aberto
preso a um dos braços, já que sua barraca estava "um pouco" rasgada.

Além de arqueólogo de campo, este acadêmico alemão era também filólogo,


um estudioso de línguas antigas. Os tabletes cuneiformes que foram
encontrados em Boghazköy estavam escritos em acadiano, a lingua
diplomática das civilizações do antigo oriente médio. Winckler não tinha
muitas dificuldades para ler e traduzir esses tabletes. Era comum alguns
europeus notáveis terem a habilidade de traduzir textos de civilizações
milenares. (Jean François Champolion, por exemplo, aos 16 anos de idade já
sabia oito línguas!)

Foi através desse conhecimento que uma de suas principais descobertas veio
ao mundo. Certa ocasião, um desses tabletes chegou às mãos dele. Ao
começar a tradução, ele se lembrou de uma antiga inscrição egípcia no
templo de Karnak, onde Ramsés II selava um tratado (aliança) com o rei
Hatusilis III, do país de Hatti. Na verdade, o que Winckler tinha em mão era
uma das cartas trocadas entre o próprio Ramsés II com o monarca hitita,
discutindo o tratado.

Conclusão: Boghazköy não era uma mera cidade,


mas a capital do reino do hititas (na foto ao lado, vê-se as ruínas de Hattusas,
atual Boghazköy). Na antiguidade, as correspondências reais ficavam no
palácio do rei, que por sua vez ficava na capital do império. No tradução do
texto, o antigo nome da capital era Hattusas.
Apesar de estar sendo bem-sucedido, o trabalho foi interrompido por falta de
recursos. Um fato interessante nesta história toda é que Winckler era anti-
semita, e foi exatamente um banqueiro judeu chamado James Simon que
patrocinou as escavações posteriores em Hattusas.
E a Bíblia?

Qual a relevância desses achados para a Bíblia? Quando estudamos o texto do


tratado (aliança) entre Ramsés II e Hattusilis III, percebemos que a estrutura é
praticamente a mesma daquela encontrada nas alianças registradas no
Pentateuco. Uma vez que Ramsés II viveu em meados de 1300 a.C., e a
tradição bíblica indica que Moisés escreveu os cinco primeiros livros da Bíblia
por volta da mesma época (Ca. 1400 a.C.), somos inclinados a pensar que
provavelmente a primeira parte da Bíblia provém da mesma época, não uma
época posterior, como querem alguns.

No próximo artigo, examinaremos essa informação comparando a estrutura


bíblica com aquela que está no templo de Karnak e que foi descoberta num
pequeno tablete por Winckler.

Luiz Gustavo S. Assis, aluno do 4º ano de Teologia no Unasp, campus


Engenheiro Coelho, SP.
Postado por Michelson às 6:01 AM
SEGUNDA-FEIRA, AGOSTO 27, 2007

Desenterrando um império (parte 1)

Você consegue imaginar um império tão poderoso


e extenso como os egípcios desaparecendo na história e deixando poucos
rastros arqueológicos? Por mais estranho que pareça, isso era tão possível que
aconteceu. Em 1871, o que se conhecia a respeito dos hititas poderia ser
sumarizado em sete linhas, como o fez a enciclopédia germânica Neus
Konversationslexicon. Na realidade, o trabalho feito pelo autor do verbete
“hititas” foi simplesmente o de juntar as referências esparsas encontradas nas
páginas do Antigo Testamento e publicá-las.

Quem eram os hititas? Qual a sua relação com o relato bíblico? No que as
descobertas envolvendo esse povo ajudam para a fé nas Escrituras Sagradas?
Nesta série de artigos, apresentaremos de forma resumida o que a
arqueologia bíblica tem a dizer sobre um dos maiores impérios da
antiguidade.

Charles Texier: o ponta-pé inicial

Um nome importante envolvendo o estudo da hititologia é o do francês


Charles-Felix-Marie Texier, que por volta de 1834 esteve no norte da Turquia,
mais especificamente numa aldeia em Boghazköy. Ao que parece, ele foi o
pioneiro em estudos naquela região. Próximo dali Texier se deparou com as
ruínas de uma cidade, como Atenas no seu apogeu. A intuição era de que sem
dúvida algum grande povo habitou ali passado. Um nativo da aldeia o levou
até o lugar chamado Yazilikaya (rocha com inscrições), e foi ali que o
pesquisador francês pôde ver os inumeráveis relevos de caráter litúrgico.
Além disso, o local estava repleto de sinais semelhantes aos hieróglifos
egípcios. Sua expedição, porém, foi sem sucesso na identificação das ruínas e
dos sinais.

Pesquisadores alemães e franceses visitaram a região


da Ásia Menor e ofereceram excelentes contribuições para os trabalhos de
Texier. Ponto decisivo nesta história foram as chamadas “Pedras de Hamath”.
Os moradores do local não permitiam qualquer contato com tais pedras,
acreditando no seu caráter sobrenatural. É nesse ponto que entra a figura de
William Wright. Ele já conhecia os objetos e conseguiu permissão do governo
para aprofundar seus estudos utilizando-os. Texier conhecia as peças, mas não
sabia o que eram. Em contra-partida, Wright tinha as inscrições, mas não
sabia como traduzi-las.

Em 1870, W. H. Skeene e G. Smith, pesquisadores do Museu Britânico,


encontraram as ruínas de Carchemish, na margem direita do Eufrates. Para
surpresa deles, as imagens desenterradas eram semelhantes àquelas que
Texier vira e as inscrições eram idênticas às que Wright tinha em mãos. Não
apenas isso, mas alguns selos com a mesma escrita foram encontrados em
Ismirna, na costa da Ásia Menor. Em outras palavras, uma escrita unificada de
um povo unificado que habitou num vasto território.

Archibald Henry Sayce: a ousadia de um acadêmico

Foi nesse contexto que A. Henry Sayce, pesquisador oriental de 34 anos,


afirmou, com base em suas pesquisas de campo e em passagens do Antigo
Testamento, que todo esse rastro histórico pertencia aos antigos hititas, os
heteus das páginas sagradas. A afirmação foi, é claro, recebida com
descrédito. Como um livro religioso poderia conter dados históricos
confiáveis? A informação bíblica parecia absurda demais. Em 2 Reis 7:6, por
exemplo, os reis hititas são mencionados juntamente com os monarcas
egípcios e, de forma curiosa, eles são mencionados antes que desses faraós.
Essa dúvida foi solucionada nos anos seguintes. A pá dos arqueólogos pôde
revelar a existência de um poderoso império semelhante ao egípcio e ao
babilônico, por volta do II milênio a.C., chamado de Hatti nos textos assírios,
de Heta nas inscrições hieroglíficas e de heteus no Antigo Testamento.

No próximo artigo, veremos como se deram as descobertas que confirmaram a


historicidade da Bíblia envolvendo os até então anônimos hititas.

Luiz Gustavo S. Assis, aluno do 4º ano de Teologia no Unasp, campus


Engenheiro Coelho, SP.
Postado por Michelson às 6:33 AM
QUINTA-FEIRA, JULHO 12, 2007

Encontrada prova de general citado na Bíblia

Com a exceção de reis antigos, é pouco freqüente


encontrar provas da existência de personagens que aparecem na Bíblia [na
verdade, há muitos achados que confirmam a existência de vários personagens
bíblicos], mas um pesquisador encontrou, no Museu Britânico, vestígios do
general babilônio Nebo-Sarsequim, citado no livro sagrado do cristianismo [e
do judaísmo].

O especialista na civilização assíria Michael Jursa descobriu uma pequena


tabuleta de argila na qual o general é citado, informou hoje o Museu
Britânico. Segundo a Bíblia, ele tomou parte no ataque a Jerusalém.

A tabuleta data de 595 a.C. e trata de uma oferenda de ouro apresentada por
Sarsequim no templo principal da Babilônia, provavelmente em honra aos
deuses. O objeto, gravado com escrita cuneiforme, a mais antiga conhecida
pelo homem, é anterior à destruição de Jerusalém pelo Império da Babilônia,
em 587 a.C.

De acordo com o capítulo 39 do Livro de Jeremias, Sarsequim esteve ao lado


de Nabucodonosor, o rei de Babilônia, no ataque a Jerusalém.

Jursa, catedrático associado da Universidade de Viena, tem estudado


tabuletas no Museu Britânico desde 1991. "Ler tabuletas babilônicas é, às
vezes, muito trabalhoso, mas também muito gratificante", disse o
especialista, em comunicado divulgado pelo museu.

Atualmente, apenas alguns estudiosos no mundo todo são capazes de decifrar


a escrita cuneiforme, utilizada no Oriente Médio entre 3.200 a.C. e o século II
d.C.
O Museu Britânico conta com mais de 100 mil tabuletas com inscrições, que
são revisadas pelos especialistas.

(Terra)

Leia também: Museum’s tablet lends new weight to Biblical truth


Postado por Michelson às 5:09 AM

A precisão da profecia bíblica

Sem dúvida, uma das maiores razões que temos para crer é o fato de Deus ter
Se revelado numa coleção de livros especiais chamados Bíblia. Mas será que
ela é mesmo confiável? Será que um livro tão antigo tem algo a dizer para as
pessoas que vivem no século 21? Um dos aspectos surpreendentes da Bíblia são
suas profecias perfeitamente cumpridas. Vamos dar apenas um exemplo entre
tantos: a destruição anunciada da cidade de Tiro.

Tiro era uma importante cidade situada em uma ilha que hoje está ligada ao
continente por meio de um aterro. No tempo de Ezequiel (séc. VI a.C.), ela
era o mais importante porto fenício. Jamais havia sido dominada por um rei
estrangeiro. Nem Senaqueribe ou Assurbanipal, os maiores conquistadores da
Assíria, conseguiram, de fato, anexá-la ao seu vasto império. Dizem os
historiadores que a posição geográfica de Tiro era o que a tornava uma
fortaleza praticamente inexpugnável. Não é por menos que o nome Tiro
significa “rocha” ou “muralha petrificada”.

Contrariando, no entanto, essa história de invencibilidade, o profeta Ezequiel


revelou que Tiro seria capturada por um rei babilônico chamado
Nabucodonosor (leia o capítulo 26, que foi escrito no ano 590 a.C.). Pelos
registros históricos, isso se cumpriu quase literalmente. Quando a Babilônia
tornou-se o grande opressor do Oriente Médio e Próximo, Tiro ainda resistiu
por algum tempo aos ataques do exército inimigo. Mas o cerco prolongado
logo fez com que a cidade acabasse caindo nas mãos de Nabucodonosor, que
passou a ser o seu novo governante, em 574 a.C.

Há, porém, um detalhe intrigante na profecia. Se você ler os versos 4 e 5 do


mesmo capítulo, notará que ali está escrito que a cidade seria completamente
destruída. Seus muros e torres cairiam e os pescadores estenderiam suas
redes para secar em cima dos escombros que haveriam de sobrar. Num lado,
parece que essa parte do oráculo teria falhado, pois, embora Nabucodonosor
tenha invadido a cidade, ele ainda a manteve como um importante porto
durante o seu governo. E assim Tiro permaneceu ainda poderosa por mais uns
250 anos.

Até que surge em cena o império macedônico e com ele Alexandre, o Grande,
que veio terminar o que Nabudocodonor havia começado. Construindo um
aterro que ia do continente à ilha, Alexandre e seus homens atingiram os
portões da cidade. O povo, no entanto, desdenhou do pequeno exército,
confiando novamente na firmeza de seus muros e na segurança dos portões.
Porém, não demorou muito para que os muros fossem destruídos e a cidade
fosse completamente arrasada. O resultado disso? Os macedônios literalmente
fizeram o que está escrito no verso 12. Roubaram as riquezas e mercadorias e
ainda derrubaram as muralhas e casas luxuosas. O que sobrou de pedras e
entulhos, eles jogaram no mar, aumentando ainda mais o aterro construído.

Até hoje existe esse aterro feito por Alexandre e seus homens, unindo a velha
ilha ao continente. O local tornou-se uma desolada península que abriga
pequenas vilas de pescadores. Aliás, para os habitantes da região a pesca
ainda é uma das grandes fontes de renda. Por isso, é comum encontrar nas
encostas do aterro, pescadores que ali põem suas redes para secar ao sol –
exatamente como havia sido profetizado há mais de 2.500 anos!

Assim, fora as partes encrostadas no aterro, pouco ou quase nada existe da


antiga Tiro. Até mesmo os arqueólogos têm dificuldades de escavar as ruínas
do que sobrou da cidade, pois seus alicerces encontram-se há milênios
soterrados embaixo de outras construções do período grego, romano,
bizantino e atual. De fato, Ezequiel sabia o que estava dizendo! Pena que Tiro
não deu importância à solene advertência.

(Com informações do CD-ROM “História da Vida”, v. 3, de Rodrigo Silva)


Postado por Michelson às 5:08 AM
TERÇA-FEIRA, JULHO 03, 2007

Laquis: a segunda mais importante

No ano 701 a.C., o exército assírio, o mais


poderoso e terrível de sua época, invadiu a Palestina, dando início a um dos
mais importantes acontecimentos da história bíblica (1 Crônicas 32:1-5, 30; 2
Reis 18:13-37; 2 Crônicas 32:6-19, 26; Miquéias 1:13-16; Isaías 36). Era um
exército numeroso, forte, organizado e extremamente cruel. À sua frente ia o
próprio rei Senaqueribe, que precisava saquear as riquezas de outras nações
para sustentar a grandiosidade de seu império e o luxo de Nínive, sua capital.
Por onde passavam, os assírios deixavam um rastro de destruição e milhares
de cadáveres. Cidade após cidade, fortaleza após fortaleza foram sendo
rendidas a seus pés, algumas destruídas, outras queimadas, todas dominadas.
Por fim, Senaqueribe conquistou a segunda mais importante cidade da
Palestina: Laquis.

Laquis era uma cidade tão importante que, ao voltar para Nínive, Senaqueribe
mandou colocar na parede do salão principal de seu imenso palácio um grande
painel em alto relevo comemorando essa conquista. Esse painel foi descoberto
por arqueólogos, em meados do Século XIX, ao desenterrarem o fantástico
palácio de Senaqueribe, que tinha nada menos que 80 grandes cômodos,
ocupando uma área de 200 metros de largura por 210 metros de comprimento!
Hoje, esse painel está exposto no Museu Britânico, em Londres.

Numa visão panorâmica, rica em detalhes, o painel retrata as cenas da


batalha que conquistou Laquis. Uma rampa de terra, construída pelos assírios,
facilita o acesso dos guerreiros aos muros que protegiam a cidade. O exército
avança de modo ordenado: grupos de arqueiros, flanqueados pela infantaria,
empurrando torres de madeira e carros com aríetes para derrubar os muros.
Os suprimentos vêm logo atrás, carregados por camelos. Sobre os muros, os
defensores de Laquis portam arcos e fundas para lançar pedras. Os muros da
cidade, não resistindo ao ataque, se rompem lançando grandes pedras para
todos os lados. Algumas cenas mostram seus habitantes sendo levados cativos,
alguns torturados, seus bens saqueados, e o governador da cidade ajoelhado
diante do rei assírio. Por fim, Senaqueribe ateou fogo à cidade. Escavações
arqueológicas realizadas em Laquis revelaram uma camada de cinzas, dessa
época, de cerca de 50 cm de espessura. Os arqueólogos encontraram uma vala
comum com cerca de 1.500 esqueletos, principalmente de mulheres e
crianças. Milhares de outras pessoas devem ter morrido nos combates.

A partir de Laquis, onde estabeleceu seu quartel general, o arrogante


Senaqueribe enviou generais a Jerusalém com a mensagem: “Não sejam tolos!
Rendam-se! Deus não poderá livrá-los das mãos do rei da Assíria!” (2 Reis
18:17-35). A resposta de Deus, por meio do profeta Isaías, veio pronta: “A
quem afrontaste e blasfemaste? Contra o Santo de Israel! Portanto, assim diz
o Senhor acerca do rei da Assíria: Não entrará nesta cidade!” (2 Reis 19:20-
34).

E, de fato, não entrou! Uma terrível praga dizimou o exército assírio e obrigou
Senaqueribe a voltar para sua terra. Nas paredes de seu palácio, ele pôde
comemorar a conquista apenas da segunda cidade mais importante, não da
primeira!

Jorge Fabbro é arqueólogo e presidente da Associação de Amparo à Criança e


ao Adolescente (Educriança)
Postado por Michelson às 5:31 PM
SEXTA-FEIRA, MAIO 25, 2007

Sodoma: salgada demais para ser real?

São muitas as histórias do Antigo Testamento (AT)


que soam mais como fábulas do que como realidade. Um exemplo disso é o
relato da cidade de Sodoma, uma das cinco cidades da campina do Jordão que
Ló escolheu para habitar (Gn 13:10-13). É importante notar que boa parte das
vezes em que ela é mencionada no texto uma nota negativa a acompanha (Gn
13:13; 18:20; 19:5, etc.), e todas elas se referindo a problemas de
comportamento moral e sexual. Isso é tão verdade que na língua portuguesa a
palavra "sodomia" traz a idéia de aberração sexual. Essa palavra veio do nome
Sodoma.

Os profetas que se levantaram ao longo da história do povo de Israel viam a


história de Sodoma como real (Am 4:11), e também o próprio Jesus
mencionou algo a respeito dela (Mt 10:15). Qual o valor de uma lenda numa
sentença de juízo? Em outras palavras, que diferença faria a história dos três
porquinhos na repreensão de um pai a seu filho de 25 anos?

Os autores bíblicos criam nessa narrativa. Mas será que só a Bíblia menciona
uma cidade que foi destruída por causa do seu pecado? Os achados
arqueológicos sugerem algo sobre esse tema? Há evidências de uma cidade
chamada Sodoma fora das Escrituras? A resposta é sim, existe!

Em meados dos anos 1960, G. Pettinato e P.


Matthiae foram os responsáveis pela descoberta da antiga cidade de Ebla (Tell
Mardikh), a principal cidade síria do III milênio a.C. Como toda grande cidade
do passado, Ebla possuía uma vasta biblioteca de aproximadamente 17 mil
tabletes cuneiformes. Um desses tabletes foi publicado por Pettinato em
1976, e revelou algo surpreendente. A inscrição falava sobre cinco cidades:
Sodoma, Gomorra, Admá, Zeboim e Zoar. A mesma seqüência que aparece em
Gênesis 14:2 e 8.

Ebla era um grande centro comercial, mantinha relações econômicas com


diversas cidades do antigo Oriente Médio e foi destruída pelo rei Naramsin de
Akkad, por volta de 2300 a.C. Assim, fica demonstrado que existia uma cidade
chamada Sodoma no mesmo período em que a Bíblia a situa.

E quanto à sua localização geográfica? As Escrituras fornecem algumas pistas


sobre sua posição. Em Gênesis 14:3, lemos que Sodoma estava no “vale de
Sidim (que é o mar salgado)”, provavelmente o Mar Morto. Em 1924, William
F. Albright e M. Kyle, grandes nomes da Arqueologia, visitaram uma região
nessas proximidades chamada em árabe de Bab-Edh-Dhra. Ali eles
encontraram vários restos de um santuário cananeu que datava de 2800-1800
a.C. Quarenta anos depois, Paul Lapp, juntamente com a sua equipe, realizou
a primeira escavação e encontrou o cemitério da cidade que ficava a um
quilômetro de distância do centro. Foi nessa época que Lapp e Albright
relacionaram esse sítio arqueológico com a bíblica Sodoma e sugeriram a idéia
de que o local era no passado grande centro religioso das cidades da planície.
Um detalhe é bem sugestivo: na região da cidade foram encontradas várias
camadas de cinza com alguns metros de espessura!
No cemitério, a evidência é mais impressionante ainda. Existia um estilo de
sepultamento na cidade em que uma cova muito profunda era cavada e vários
corpos eram ali depositados com os seus pertences (numa tumba foram
colocadas 250 pessoas!); mas no período da destruição o estilo era outro. Uma
casa mortuária era colocada sobre o corpo, mais ou menos como as capelinhas
que vemos em alguns cemitérios atuais, mas logicamente bem menores. Todas
essas casas mortuárias estavam queimadas e a primeira sugestão foi de que o
fogo começou dentro e se espalhou para fora. Porém, estudos avançados
foram feitos e constataram que o fogo começou no telhado que cedeu e se
espalhou por dentro. Como explicar isso? Vulcão? Incêndio? Um conquistador
colocou fogo no local? Nenhuma dessas respostas é satisfatória. Como um
incêndio começaria num cemitério que ficava a um quilômetro da cidade? Por
que um conquistador colocaria fogo num cemitério?

Avaliemos a situação: na cidade temos camadas de cinza e no cemitério cinza


e marcas de fogo. Bryant Wood, arqueólogo cristão da atualidade, afirmou
que a Arqueologia não tem respostas para esse fenômeno. Por outro lado, a
Bíblia fornece a resposta: foi Deus quem destruiu essas cidades com fogo e
enxofre (Gn 19:23-29).

Mas por que um Deus de amor (1Jo 4:8) destruiria uma cidade de forma tão
violenta? A resposta pode ser encontrada em Judas 7. Ali lemos que Sodoma
foi destruída por causa da sua prostituição. Em grego, a palavra é porneia,
que deu origem ao nosso vocábulo "pornografia". A idéia básica de porneia é
toda e qualquer relação sexual, dentro ou fora do casamento, não aprovada
por Deus. Adultério, fornicação, masturbação é apenas uma pequena amostra
de uma vasta lista de degradações. Quando olhamos para a triste história de
Sodoma, vemos um Deus que é amor, mas também é justo. “Não vos enganeis:
de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isso também
ceifará” (Gl 6:7). Que triste notícia para aqueles que querem continuar no
pecado.

Luiz Gustavo Assis é aluno do 4º ano de Teologia na Faculdade Adventista de


Teologia, campus Engenheiro Coelho-SP.
Postado por Michelson às 1:25 PM
TERÇA-FEIRA, MAIO 15, 2007

Usos e costumes patriarcais

Donald Redford, John Van Seters, Thomas L.


Thompson, importantes nomes no estudo do Antigo Testamento (AT), afirmam
com veemência que as histórias do período patriarcal são na realidade
criações fictícias produzidas no exílio babilônico e não possuem valor
histórico. Esses são alguns dos autores utilizados pelas revistas parciais em
suas matérias sobre o Pentateuco, sendo que boa parte deles estão
fundamentados nos trabalhos do alemão Julius Welhausen (1844-1918).

Um dos principais argumentos utilizados na defesa de uma data recente para


a composição do material patriarcal (VII-V a.C) é a menção de camelos nas
histórias de Abraão (Gn. 12:46), Isaque (24:10-11), Jacó (31:17) e José
(37:25). Um dos maiores nomes da arqueologia no século passado, William F.
Albright, afirmou que o uso de camelos no Gênesis deve ser considerado como
um anacronismo. Um ótimo exemplo de anacronismo é o que aprendemos na
escola: “Pedro Alvares Cabral descobriu o Brasil em 1500”, mas o Brasil não se
chamava Brasil em 1500! Em outras palavras, o que Albright disse é que a
menção de camelos no texto bíblico é atribuir a ele algo que não é
necessariamente real. Além dele, Speiser, autor de um excelente comentário
sobre o primeiro livro do AT (The Anchor Bible), disse que a menção de
camelos é no mínimo suspeita.

Porém, a arqueologia tem trazido à luz diversos documentos que mencionam a


existência e domesticação de camelos no III e principalmente no II milênio
a.C., a época em que a Bíblia situa a existência dos patriarcas. Um texto
sumeriano do ano 2000 a.C. encontrado em Nippur, por exemplo, menciona
não só a existência, mas também o leite de camelo. Ora, para se obter leite
de um animal, ele deve ser domesticado! Foi encontrada também em Byblos a
figura incompleta de um camelo ajoelhado datada entre os séculos XIX e XVIII
a.C. Além desses exemplos, uma lista léxica mesopotâmica também menciona
o animal, bem como sua domesticação. Sua composição deve ter ocorrido
entre 2000 e 1700 a.C.

Num dos escombros das casas da antiga cidade mesopotâmica chamada Mari,
foram encontrados ossos de camelos que datavam entre os séculos XV-XIV a.C.
O arqueólogo francês André Parrot foi o responsável pela escavação. Mas as
evidências não param por aí.

O arqueólogo adventista Randall Younker, responsável pelo Departamento de


Arqueologia Bíblica da Andrews University, menciona num trabalho não
publicado uma representação em ouro de um camelo ajoelhado encontrado
nas ruínas de Ur dos caldeus, a cidade de Abraão, fabricado no período da III
dinastia da cidade (2050 a.C). Não só isso, mas também um desenho esculpido
na rocha de um homem guiando um camelo por uma corda, em Assuã, no
Egito. O texto que acompanha sugere a data 2300 a.C.

A menção de camelos por parte do escritor bíblico não deve ser considerado
como as histórias de Alladin com seus camelos na Arábia. Elas são atestadas
pela história e pela arqueologia.

A mesopotâmia é um cenário fundamental na narrativa de Gênesis. Foi ali que


Abraão viveu; a esposa de Isaque era natural de lá; e Jacó morou ali por
muitos anos. Duas das descobertas mais esclarecedoras para uma melhor
compreensão dos costumes patriarcais foram a da biblioteca da cidade de
Nuzi, com aproximadamente 20 mil tabletes e a da cidade de Mari, com seus
25 mil documentos. Um caso similar ao da adoção do servo Eliézer feita por
Abraão, por este não ter filhos, pode ser encontrada num dos textos de Nuzi.
Se mais tarde o casal tivesse um filho legítimo, aquele que foi adotado
perderia seu status de herdeiro. Foi exatamente o que aconteceu com Eliézer
no nascimento de Isaque.

Uma das principais histórias do Gênesis é aquela em que Esaú troca sua
primogenitura por um prato de lentilha preparado por Jacó. Práticas assim
também são conhecidas em Nuzi, onde vemos um certo Tupkitilla trocando
sua herança por três ovelhas do seu irmão! A curiosa atitude de Raquel em
roubar os ”ídolos do lar“ (Gn 31:19) é atestada nesses tabletes. Num deles
lemos a história de um homem chamado Nashwi que adotou um jovem Wullu.
O texto continua dizendo que quando seu pai adotivo morreu, ele se tornou
proprietário das suas terras, isso porque ele tomou para si os ídolos do lar que
lhe pertenciam. Por que Raquel roubou os ídolos do lar de seu pai? Para se
tornar dona de todas as propriedades dele!

O ambiente histórico da narrativa bíblica patriarcal é claramente confirmado


pelas descobertas arqueológicas e qualquer tentativa de negá-la pode ser
comparada a um homem que olha para um computador e insiste em dizer que
é uma máquina de escrever!

Luiz Gustavo Assis é aluno do 4º ano de Teologia da Faculdade Adventista de


Teologia, campus Engenheiro Coelho, SP.
Postado por Michelson às 4:21 AM
QUINTA-FEIRA, MAIO 10, 2007

Pentateuco: historicamente confiável?

Recentemente, a revista Aventuras na História publicou


matéria sobre a Arca da Aliança com título “O último mistério”. Tiago
Cordeiro, autor do artigo, em determinado momento afirma que “a Torah
(Pentateuco) foi elaborada provavelmente entre os séculos VII e V a.C., muito
tempo depois dos eventos narrados”. O assunto não pára por aí. Num curso de
egiptologia numa renomada faculdade do Brasil, o professor disse que
comparava o Antigo Testamento (AT) a uma brincadeira de telefone sem fio!
Por outro lado, quando lemos esta porção bíblica, o Pentateuco, encontramos
algumas informações históricas dignas confirmadas pela arqueologia e que
ajudam a datá-la em determinado momento da história.

Vamos por partes. A língua em que foi escrito o pentateuco foi o hebraico.
Algumas palavras usadas pelo seu autor são claramente egípcias. O termo
"selo", por exemplo, que aparece em Gênesis 41:42 em hebraico é hotam, já
em egípcio é hetem. A palavra hebraica, na passagem referida acima, para
linho fino na língua do AT é shesh e em egípcio é shash. Não são apenas esses
casos, existem outros mais. É importante mencionarmos que esse intercâmbio
entre essas duas línguas não aparece nos outros livros do AT.

A evidência não para por aí. Diversos nomes mencionados na narrativa


hebraica são claramente egípcios. O próprio nome Moisés é derivado do verbo
egípcio mase (nascer). O nome Merari (Nm 3:17) vem da palavra egípcia mer,
que significa amado. Hofni e Finéias também são nomes egípcios, sendo este
último relacionado com um sacerdote no país dos faraós.

Somos levados a duas conclusões até agora: (1) o autor do pentateuco


conhecia bem a língua egípcia e, segundo a tradição judaico-cristã, esse autor
foi Moisés (cf. At 7:22; (2) os nomes egípcios entre o povo de Israel sugerem
que eles, os israelitas, estiveram ali em algum período do passado. Se não
fosse assim, como esses nomes surgiriam naquela nação? Curiosamente, o
apogeu da língua egípcia se deu na metade do II milênio a.C., entre os séculos
XVI e XIV a.C., não em torno dos séculos VII – V a.C. Se os cinco primeiro livros
da Bíblia foram escritos nessa época, por que existe neles similaridade de
nomes e palavras egípcias?

Diversos outros nomes importantes para o início da nação israelita são bem
documentados em fontes arqueológicas. O nome Jacó, por exemplo, aparece
em conexão com o nome de um chefe hykso (Ya‘qub-el), num texto do século
XIII a.C. encontrado em Chagar-Bazar, na Alta Mesopotâmia. Já o nome
Abraão, o pai dos patriarcas, surge entre os mais de 15 mil tabletes
encontrados nas ruínas da antiga cidade de Ebla, na Síria. A grafia Aba-am-ra-
am é muito próxima do hebraico ‘avraham. Os tabletes encontrados ali por
Paolo Mathiae e G. Petinatto são datados seguramente entre 2500 e 2000 a.C.

O nome Terah, o mesmo nome do pai de Abraão, aparece em textos assírios


do fim do III milênio a.C., com a grafia Til Turakhi. O nome de alguns dos
filhos de Jacó, como por exemplo Benjamin, possui correspondente acadiano
(binu-yamin, povos do sul) e é também atestado no início do II milêncio a.C.
Já Aser e Issacar são encontrados numa lista egípcia do XVIII século a.C. De
forma significativa, esses nomes diminuem sua freqüência ou desaparecem
por volta dos séculos VII – V a.C. Isso é no mínimo intrigante!

Diante dessas evidências, somos levados a considerar alguns pontos: (1) Os


nomes dos patriarcas bíblicos mencionados no livro de Gênesis são atestados
em diversos documentos antigos, mas isso não prova que o Abraão e o Jacó
bíblicos existiram; (2) esses nomes eram comuns na época em que o AT
menciona a existência dessas pessoas, não nos séculos VII - V a.C. Se o AT é
comparado ao telefone sem fio, pelo menos nesse ponto a brincadeira não
funcionou e não teve graça, já que seu conteúdo chegou idêntico para nós!
Esse é o limite da arqueologia bíblica. Ela consegue recriar um pano de fundo
histórico coerente com aquele que a Bíblia narra. Por outro lado, ela não
prova a ocorrência de fatos que demandam fé. Uma pergunta porém não quer
calar: Se o ambiente histórico do AT é digno de confiança, por que os eventos
que relacionam o homem com seu Criador não seriam? Algo a ser pensar.

Luiz Gustavo Assis é aluno do 4º ano de Teologia na Faculdade Adventista de


Teologia, campus Engenheiro Coelho.
Postado por Michelson às 4:05 PM
TERÇA-FEIRA, MAIO 08, 2007

O silêncio dos opressores

Relevos mostrando a destuição de Laquis


Milagre! Essa foi e ainda é a palavra usada pelos comentaristas esportivos ao
se referirem à incrível defesa de Gordon Banks, goleiro da seleção inglesa, na
cabeçada de Pelé na copa de 70, no México. Costumamos usar essa palavra
para descrever grandes coisas que acontecem no nosso dia-a-dia. E o que
dizer dos milagres bíblicos?

Bom, esse já é um assunto contraditório. Ninguém seria tão tolo em acreditar


na ocorrência de milagres em pleno século XXI! Essa opinião fundamenta-se no
seguinte pressuposto: Deus não interage com a humanidade. A Bíblia, por
outro lado, apresenta algo diferente. Conhecemos bem os milagres feitos por
Jesus que estão registrados nos quatro evangelhos, mas nos surpreendemos
quando lemos o registro de vários feitos miraculosos registrados nos Antigo
Testamento.

Uma das histórias mais impressionantes que lemos nas páginas da Bíblia é a do
cerco de Senaqueribe, rei do Império Assírio, em Jerusalém, que naquela
ocasião era regida por Ezequias (2Rs 18:13–19:37; 2Cr 32:1-23; Is 36:1-37, 38).
Os dois personagens tiveram educação bem semelhante. O pai de Senaqueribe
era ninguém menos que Sargão II, o Dur Sharrukin dos textos assírios, aquele
que destruiu Samaria, capital do reino do norte em 722 a.C. Já o pai de
Ezequias era o ímpio rei Acaz. O nome Acaz é a forma abreviada do nome
Acazias. A diferença é que o primeiro não tem o elemento teofórico comum
nos nomes hebraicos (ex.: Daniel = Deus é meu juiz). Provavelmente, o
pecado reinava tanto na vida desse rei que ele retirou o elemento divino do
próprio nome!

Os assírios, nessa ocasião (701 a.C., cf. Is 36:1), eram os garotos mais
rebeldes do bairro “Antigo Oriente Médio”. Senaqueribe já tinha conquistado
46 cidades de Judá, inclusive a conhecida cidade de Laquis. Os relevos
ilustrando a destruição dessa cidade eram uma das decorações do palácio do
monarca assírio. Um dos seus oficiais, Rabsaque (do acadiano Rab sikkati =
dignitário), que não é um nome mas sim uma função, dirigiu palavras duras
contra os porta-vozes de Ezequias. Deus mesmo entregou a capital de Judá
nas mãos dos assírios (Is 36:10); nenhum deus das outras nações conquistadas
as livrou das mãos dos seus inimigos e a mesma coisa aconteceria com o reino
judeu (Is 36:18-20). Em outras palavras, não havia esperança.

Porém, o rei de Judá recorreu o profeta Isaías e este lhe deu a seguinte
mensagem da parte do Senhor: “Não entrará nesta cidade, nem lançará nela
flecha alguma [...], pelo caminho que ele [Senaqueribe] vier, por esse
voltará, mas nesta cidade não entrará, diz o Senhor” (Is 37:33 e 34).

Em 1830, nas ruínas da antiga capital assíria chamada Nínive, Taylor


encontrou um prisma sexagesimal de quase 40 cm, escrito em cuneiforme
acadiano, que, diga-se de passagem, era uma língua extremamente complexa,
com aproximadamente 5 mil sinais! Nesse documento arqueológico, que é o
mais bem preservado dos documentos assírios, temos a seguinte inscrição:
“Quanto a Ezequias do país de Judá, que não se tinha submetido ao meu jugo,
sitiei e conquistei 46 cidades que lhe pertenciam. [...] Quanto a ele, encerrei-
o em Jerusalém, sua cidade real, como um pássaro na gaiola...” Essa peça
está hoje no Museu Britânico, em Londres.

Dois pontos são importantes na sentença. Primeiro, o nome de Ezequias é


mencionado. Segundo, o texto fala que Senaqueribe cercou Jerusalém, mas
que ele não a conquistou como fez com as outras cidades referidas nos seus
anais. Algo aconteceu e houve silêncio por parte dos opressores assírios. O
documento arqueológico não menciona nada mais, apenas que Jerusalém não
foi adicionada na sala de troféus do Império Assírio.

No livro do profeta Isaias, lemos que o anjo do Senhor feriu 185 mil soldados
do exército assírio numa madrugada, e na manhã seguinte tudo o que restava
daquela poderosa milícia eram apenas cadáveres (37:36, 37). Senaqueribe
voltou para Nínive, sua capital, e Jerusalém foi libertada milagrosamente.

A arqueologia não provou e nunca provará o milagre sobrenatural, mas de uma


coisa temos certeza: quando lemos “entre as rachaduras” dos achados
arqueológicos, podemos, sim, ver a mão poderosa de um Deus que agiu de
forma poderosa no passado, que age no presente e agirá no futuro daqueles
que o desejarem.

Luiz Gustavo Assis é aluno do 4º ano de Teologia na Faculdade Adventista de


Teologia, campus Engenheiro Coelho, SP.
Postado por Michelson às 5:09 PM
SEXTA-FEIRA, ABRIL 20, 2007
Sir William Ramsay: o ex-cético

Lucas existiu e escreveu o livro de Atos com precisão histórica e geográfica. A


primeira sentença pode ser verdadeira, mas a segunda está longe de ser
realidade. Isso se deve ao fato de que esse livro foi escrito no II século d.C.,
ou seja, bem distante dos eventos do cristianismo do século anterior que ele
pretendia narrar.

O principal nome desta visão foi Ferdinand Christian Baur, teólogo da


Universidade de Tübingen no século 18. Baseado na filosofia de Hegel (tese,
antítese e síntese), ele desenvolveu toda uma estrutura dos primórdios do
cristianismo. Para Baur, Pedro representava a ala judaica do cristianismo
(tese), Paulo, a gentílica (antítese), Atos, a igreja unida (síntese), algo que só
foi possível no II século. Toda essa estrutura do seu pensamento estava
fundamentada na Redaktiongeschichte (a história da redação), um movimento
de pensamento alemão que afirmava que o livro de Atos e também os
evangelhos foram escritos mais de uma perspectiva teológica do que histórica.

Foi nesse contexto que surgiu a figura de Sir William


Ramsay, um adepto de tais idéias que viajou para a Ásia Menor, as terras das
viagens missionárias de Paulo, com a intenção de provar os pressupostos de
Baur e da Redaktiongeschichte. Porém, todas as suas pesquisas arqueológicas
mostraram o contrário. A obra de Lucas é extremamente precisa quando se
refere aos costumes, lugares e personagens do I século d.C. Ramsay, ao longo
de seus trabalhos, considerou o livro de Atos como autoridade em assuntos
como topografia, antiguidades e sociedade da Ásia Menor e como sendo um
aliado útil em escavações obscuras e difíceis.[1]

Uma de suas contribuições para a historicidade do livro foram seus estudos


sobre a grande fome nos dias do imperador Cláudio (At 11:27-30). O pano de
fundo do texto bíblico segundo alguns não é histórico, é improvável e nem
corroborado por outras evidências.[2] Ramsay encontrou diversas fontes
sugestivas em conformidade com a passagem de Atos. Diversos historiadores
mencionam algo sobre a escassez de alimentos nesse período de Roma.
Suetônio, historiador romano do II século, menciona uma assiduae sterelitates
(fome intensa) durante o império de Cláudio (41-54 d.C.). Tácito menciona
duas fomes na capital do Império e Eusébio de Cesárea fala de uma fome na
Grécia e provavelmente na Ásia Menor.[3] Todas essas informações nos levam
a crer que o reinado de Cláudio foi marcado por más colheitas que
ocasionaram ausência de alimento em diversas partes do Império.
Curiosamente, Atos 12, o capítulo seguinte, contém fatos que acontecerem
em 44 d.C. (a perseguição e morte de Herodes Agripa I), ou seja, durante o
período referido acima.

Hoje temos um fato bastante irônico. Eruditos do Novo Testamento negam a


historicidade de Atos 4 e historiadores da antiguidade consideram as
narrativas desse livro como historicamente exatas. B. H. Warmington,
professor de História Antiga na Universidade de Bristol, afirmou que “quando
se refere a aspectos da lei e o governo romano, os historiadores têm
considerado como fontes confiáveis”. Para A. N. Sherwin-White, um dos
maiores eruditos em historia romana, “a confirmação da historicidade de Atos
é abundante e qualquer tentativa de nega-la é absurda”.[5]

O escritor com maior número de livros no Novo Testamento é sem dúvida


alguma Paulo. Lucas, ao contrario, escreveu apenas dois livros, o evangelho
que leva o seu nome e os Acta Apostolorum (Atos dos Apóstolos), mas
somente estes dois ocupam mais de 30% do segundo cânon. Na realidade,
algumas evidências nos levam a crer que o Evangelho e Atos são na realidade
uma única obra, dividida em dois volumes.

O que motivou Lucas a escrever sua obra? Logo no prólogo do seu evangelho,
ele a justifica (1:1-4). Ele diz que sua “acurada investigação” (v. 3) era
destinada para Teófilo. O autor o chama de “excelentíssimo” (kratiste em
grego) e ele devia ser alguém muito importante, já que esse termo é usado
outras duas vezes, para Félix (23:26) e Festo, e ambos possuíam cargos
extremamente importantes na política da época. Não só isso, mas o texto da
obra se assemelha muito a dossiês jurídicos do I século. Provavelmente Teófilo
tenha sido um advogado que estaria defendendo o apóstolo Paulo perante o
júri romano.

Em favor dessa opinião, temos três detalhes importantes: 1) Em Lucas 1:3 ele
usa a palavra grega akribos, minucioso em detalhes, tinha de ser algo preciso;
2) a partir de Atos 13 o foco é quase totalmente voltado para Paulo; e 3) o
segundo volume da obra termina com Paulo na prisão.

Se Lucas tinha interesse em ser preciso em todos os detalhes históricos e


geográficos de sua obra, por que ele não seria também com os assuntos
religiosos? Se sua mensagem histórica é digna de crédito, é de se esperar o
mesmo sobre as boas-novas da salvação em Cristo Jesus. Quando os "Williams
Ramsays" dos tempos modernos, os céticos descrentes da Bíblia, olharem para
Ela sem pressupostos negativos, quem sabe chegarão à mesma conclusão que
aquele chegou.

Luiz Gustavo Assis é aluno do 4º ano de Teologia na Faculdade Adventista de


Teologia, campus Engenheiro Coelho.

Referências:

1. Ramsay, William M. St. Paul: the Traveller and the Roman Citizen. Grand
Rapids, MI: Baker Book House, 1962. p. 8.
2. Ramsay, p. 48. Ele está citando um autor chamado Schürer, que não
acreditava no relato bíblico.
3. Thompson, J. A. The Bible and Archaeology. Grand Rapids, MI: Wm. B.
Eerdmans Publishing Co., 1972. p. 382
4. Bornkamm, Günter. Paulo: Vida e Obra. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992. p. 16.
5. Yamauchi, Edwin. Las Excavaciones y las Escrituras. Casa Bautista de
Publicaciones. 1977. p. 104, 105.
Postado por Michelson às 3:10 PM
QUARTA-FEIRA, ABRIL 18, 2007

Cidades fascinantes e perigosas

Na bela história bíblica de Sansão, é curioso notar


que os verbos “descer” e “subir” são usados várias vezes, de modo
proeminente. Por exemplo: Sansão atacou os filisteus “furiosamente, matando
muitos deles. Então desceu e habitou na fenda do penhasco de Etã; e os
filisteus subiram e acamparam-se contra Judá... Perguntaram-lhes os homens
de Judá: Por que subistes contra nós? Responderam eles: Subimos para
amarrar a Sansão, para lhe fazer a ele como ele nos fez a nós. Então três mil
homens de Judá desceram... e disseram a Sansão... Descemos para te amarrar
e para te entregar nas mãos dos filisteus” (Juízes 15:8-11).

Essa terminologia reflete a geografia do local. Os israelitas, inclusive a família


de Sansão, moravam nas áridas montanhas de Canaã, enquanto os filisteus
moravam nas verdejantes planícies da costa do Mar Mediterrâneo. Mas, para
Sansão e muitos outros jovens de sua época, “descer” era não apenas mais
fácil, como também muito mais atrativo. Escavações arqueológicas realizadas
até agora, tanto nas montanhas quanto nas planícies, revelam que os filisteus
possuíam arte e tecnologia muito mais avançadas, e viviam numa sociedade
muito mais sofisticada do que os israelitas. Atrativos não faltavam para quem,
como Sansão, morava numa pequena vila rural, simples e rústica. As cidades
dos filisteus fremiam de excitação!

As cinco principais – Asdode, Gaza, Ascalom, Ecrom, e a maior delas, Gate (1


Samuel 6:17) – têm sido extensivamente escavadas por arqueólogos em anos
recentes. Ficavam à beira-mar ou bem próximas da costa. Seus portos as
mantinham abastecidas com as melhores mercadorias do mundo. Jóias de
ouro e pedras preciosas, finos vasos decorados, utensílios e produtos de
beleza, têm sido encontrados nas escavações. Em Ascalom, foi desenterrada a
rua principal da cidade, dotada de uma grande praça, cercada por lojas e
depósitos. Muito provavelmente, foi a esse lugar que Davi se referiu ao
lamentar a decadência de Israel: “Não o noticieis em Gate, nem o publiqueis
nos bazares de Ascalom, para que não se alegrem as filhas dos filisteus, para
que não saltem de contentamento as filhas dos incircuncisos" (2 Samuel 1:20).

Nesse local, foi também encontrado um grande prédio, que incluía três salas
equipadas com prensas para a produção de vinho – produto responsável por
grande parte da fama e glamour da cidade e que animava suas festas (Juízes
16:25). Num prédio próximo, foram encontradas balanças de bronze com
pesos de pedra. Ao lado, foi encontrado um caco de cerâmica em que se
escreveu o recibo de uma carga de grãos, paga com prata.

Contudo, a riqueza e a sofisticação dos filisteus escondiam muitos perigos.


Sansão deixou-se levar por eles. Entregou-se às mulheres dissolutas e às
farras. E isso o arrastou para a desgraça e para a morte. Traído pela filistéia
Dalila, Sansão foi preso e teve os olhos arrancados. Em seus últimos minutos
de vida, quando os filisteus o fizeram de palhaço para sua diversão dentro do
templo do deus Dagom, Sansão derrubou as duas colunas centrais do prédio e
soterrou a todos.

Dois templos foram encontrados pelos arqueólogos em Ecrom. Ambos tinham o


teto sustentado por dois pilares centrais!

Jorge Fabbro é arqueólogo e presidente da Associação de Amparo à Criança e


ao Adolescente (Educriança)
Postado por Michelson às 6:04 PM
SEGUNDA-FEIRA, ABRIL 16, 2007

As obras da lei

Entre 1947 e 1956, centenas de manuscritos


antigos – incluindo cópias de quase todos os livros do Antigo Testamento –
foram descobertos, dentro de grandes vasos de barro, escondidos em 11
cavernas, nas montanhas do lado oeste do Mar Morto. Ao analisar sua escrita e
submetê-los a testes radiométricos, os arqueólogos ficaram pasmos ao
constatar que esses documentos tinham cerca de 2 mil anos de idade! Alguns
haviam sido escritos nos dias de Jesus e outros até dois séculos antes!

Quem teria escrito os famosos Manuscritos do Mar Morto? Por que teriam sido
escondidos nas cavernas do remoto e inóspito Deserto da Judéia? Que
segredos eles escondem? Essas perguntas continuam sendo debatidas até hoje
por arqueólogos, historiadores, filólogos e teólogos. Mas algumas respostas
surpreendentes já foram encontradas.

Uma dessas surpresas ocorre num manuscrito conhecido como MMT


(abreviatura da expressão hebraica Miqsat Ma-ase ha-Torah = importantes
obras da lei). Esse é o único escrito, fora da Bíblia, que usa a expressão
“obras da lei”. Antes de sua descoberta, essa expressão só aparecia nos
escritos do Apóstolo Paulo, onde severas críticas são feitas às “obras da lei”.
Paulo ensina, por exemplo, que “o homem não é salvo pelas obras da lei”
(Gálatas 2:16) e que “todos aqueles que são das obras da lei estão debaixo da
maldição” (Gálatas 3:10).

O que Paulo queria dizer por “obras da lei”? Alguns acharam que ele estava se
referindo à obediência à Lei de Deus e concluíram, muito apressadamente,
que os cristãos não precisavam mais obedecer aos Dez Mandamentos. O MMT,
contudo, aponta para um significado totalmente diferente.

Seis cópias fragmentárias do MMT foram descobertas nas cavernas do Mar


Morto, indicando que, provavelmente, muitas outras cópias foram feitas e
distribuídas. O MMT é uma carta, com mais de 130 linhas, que tenta
convencer seus leitores a praticar as “importantes obras da lei” e, para nossa
grata surpresa, ele faz uma lista de cerca de 20 dessas práticas religiosas,
consideradas extremamente importantes pelo autor do MMT. Entre elas está:
(1) não usar tecidos em que se mistura lã e linho; (2) não colocar debaixo do
mesmo jugo animais de espécies diferentes; (3) não semear grãos de espécies
diferentes no mesmo campo; (4) não lavar utensílios em água corrente – pois
poderiam se contaminar com o que tivesse sido lavado corrente acima; etc. O
MMT, evidentemente, interpreta e amplifica, de maneira extremada e
distorcida, os ensinamentos do Antigo Testamento. Sua preocupação é com a
preservação da pureza, em não misturar o puro com o impuro, em não
incorrer no erro do “jugo desigual”. O MMT considera tais práticas como
essenciais para a religião.

O apóstolo Paulo se posiciona firmemente contra esse ensinamento que, como


nos mostra o MMT, parece ter sido bastante difundido naquela época. O MMT
comete o erro de achar que impureza é uma questão externa, ritualística, e
não moral, do íntimo do coração. Para Paulo, uma religião meramente
exterior e ritualística não têm qualquer virtude, porque todos somos
“justificados pela fé em Cristo, e não pelas obras da lei, porque pelas obras
da lei ninguém será justificado” (Gálatas 2:16). A Lei de Deus, porém,
continua sendo “santa, e o mandamento santo, justo e bom” (Romanos 7:12).

Jorge Fabbro é arqueólogo e presidente da Associação de Amparo à Criança e


ao Adolescente (Educriança)
Postado por Michelson às 6:36 PM
QUINTA-FEIRA, ABRIL 05, 2007

Seres humanos inflacionados


Se você estivesse fazendo uma pesquisa na biblioteca de sua universidade e
encontrasse ali um jornal da época do presidente Juscelino Kubitschek,
dizendo que a moeda brasileira corrente era o real, qual seria a sua reação?
Evidentemente, seria de descrédito total, já que todos sabemos que a moeda
naquela época era o cruzeiro.

São muitos os críticos da Bíblia em nossos dias. As razões usadas por eles para
negar o relato bíblico vão desde a incapacidade de existirem eventos
sobrenaturais até as supostas contradições cronológicas. Um dos argumentos
mais comuns é a afirmação de que o ambiente histórico da narrativa bíblica é
diferente do ambiente reconstruído pela Arqueologia. Será isso verdade?

Vejamos, por exemplo, o valor dos escravos na região do Antigo Oriente


Próximo. Durante o período do Império Acádio (c. 2370-2190 a.C.), o preço de
um servo ficava entre 10 a 15 siclos. Já no segundo milênio a.C., no período
da antiga Babilônia (c. 1800-1700 a.C.), o valor era de 20 siclos, de acordo
com o Código do rei Hamurabi e as leis da antiga cidade de Mari. As inscrições
encontradas nas escavações nas cidades de Nuzi e Ugarit revelaram que por
volta do XIV e XIII século a.C., a escravidão sofreu uma “inflação”, seu custo
subiu para 30 ciclos. Quinhentos anos depois, no período assírio, era em torno
50 a 60 ciclos e, por fim, no período persa (IV e V séc. a.C.), algo em torno de
90 a 120 ciclos.

Quando comparamos esses valores com as informações bíblicas disponíveis,


vemos um sincronismo surpreendente. Quando José foi vendido pelos irmãos,
eles receberam 20 ciclos de prata (cf. Gên. 37:28), o mesmo preço do Antigo
Oriente Próximo no XVIII século a.C. Na porção que descreve a aliança de
Deus com Israel, uma das leis envolve o valor de um escravo, que era de 30
ciclos de prata (cf. Êxo. 21:32), refletindo assim a tradição do XIV e XIII século
a.C. Finalmente, quando Menahem, rei de Israel, pagou tributo ao rei assírio
Tiglate Pileser (o Pul bíblico), considerou cada israelita no valor de 50 ciclos
de prata (cf. II Reis 15:20), o valor da época.

Se os personagens do Antigo Testamento foram inventados na época em que


os judeus estavam em Babilônia ou no período persa, porque então o preço de
José não era 90 ciclos? E por que o preço no êxodo não era o da época persa?
Ao invés de tentar explicar, é mais fácil aceitar que a tradição bíblica reflete
de forma precisa o ambiente histórico da época que ela narra.

Fontes:
Kenneth Kitchen. The Patriarcal Age: Myth or history? (BAR, Março-Abril.
1995, pág. 52.)
Roland De Vaux. Instituições de Israel no Antigo Testamento, págs. 109 e 110.

Luiz Gustavo Assis, aluno do 4º ano da Faculdade Adventista de Teologia,


campus Engenheiro Coelho.
Postado por Michelson às 8:44 PM
QUINTA-FEIRA, MARÇO 22, 2007
A tumba vazia

Lançar livros e produzir filmes sobre teorias que


apresentam um Jesus Cristo diferente do relato bíblico já virou moda. A
última tentativa foi um documentário produzido pelo aclamado diretor do
Titanic, James Cameron, exibido no Brasil no último dia 18 de março, num
canal de TV a cabo. A obra sugere, semelhantemente às polêmicas anteriores,
que Jesus teria se casado com Maria Madalena e tido um filho com ela, por
nome Judas. O documentário conta com a direção também do cineasta Simcha
Jacobovici, que no ano passado veiculou um programa sobre as possíveis
provas do Êxodo bíblico. O site do canal que exibiu o documentário diz que o
programa se baseia em pesquisas arqueológicas, ciência forense, análise de
DNA e estatísticas. Entrevistamos o professor de Arqueologia Bíblica da
Faculdade Adventista da Bahia, que recentemente concluiu o seu Ph.D. em
Arqueologia Clássica pela Universidade do Texas, em Austin (EUA). O professor
Milton justifica por que vê esse documentário como mais uma produção
sensacionalista sobre a biografia de Cristo, explica o bê-a-bá da Arqueologia
Bíblica, e como essa ciência tem esclarecido a compreensão do relato bíblico.

No último fim de semana, foi veiculado um documentário sobre o suposto


túmulo perdido da família de Jesus. Segundo os produtores do vídeo, a
descoberta apontaria para um relacionamento amoroso entre Jesus e Maria
Madalena, do qual teria nascido um filho. Por que estudiosos da área têm
tachado essa teoria como sem fundamento?

Dr. Milton Torres - Há algumas razões muito fortes para se duvidar de que o
assim chamado túmulo de Talpiot ou “Tumba da Família de Jesus” tenha, de
fato, pertencido a Jesus e Sua família. Em primeiro lugar, a alegação dos
responsáveis pelo documentário é de que uma análise estatística prova que a
combinação de tantos nomes associados com o relato evangélico só seria
possível caso a tumba pertencesse à família de Jesus ou a algum rico patrono
que pudesse pagar pelo túmulo. Foram encontrados, no túmulo, os seguintes
nomes: (1) “Jesus, filho de José”; (2) Mateus; (3) um apelido para o nome
José; (4) Maria, em aramaico; (5) Mariane, em grego; e (6) “Judas, filho de
Jesus”. A estatística é um procedimento válido e costumeiramente usado na
arqueologia, mas fazer toda uma interpretação depender principalmente de
suas quantificações é um processo arriscado.
O problema é que o nome de Jesus era tão comum em sua época que ele
ocorre em 98 outras tumbas e 21 outros ossuários. Além disso, não há
evidência alguma de que a Mariane identificada na tumba seja Maria
Madalena, nem tampouco de que os seguidores de Jesus jamais o houvessem
chamado de “Jesus, filho de José”. Seria muito improvável que os discípulos
ou familiares de Jesus pusessem essa inscrição na tumba, desrespeitando,
assim, sua memória, quando o próprio Jesus, diversas vezes, já havia se
identificado como o “Filho de Deus”.

É, além disso, bastante estranho que o escavador original da tumba, o Dr.


Amos Kloner, professor da Universidade Bar-Ilam, em Jerusalém, não tenha
chegado a conclusões semelhantes quando escavou a tumba pela primeira vez
em 1980. O documentário sobre o suposto túmulo da família de Jesus parece
mais um episódio do que se chama “arqueologia fantástica”, ou seja,
atividade arqueológica empreendida por quem tem mais imaginação do que
objetividade científica. Não admira que o documentário tenha sido produzido
por James Cameron, diretor hollywoodiano acostumado à ficção de filmes
como "Titanic", "Exterminador do Futuro", "Alien, o Oitavo Passageiro" e
"Piranha", todos dirigidos por ele.

A teoria por trás do documentário emana, de fato, de um livro gnóstico do


século IV A.D., intitulado Atos de Filipe que apresenta os feitos apostólicos de
Maria Madalena e seu relacionamento com Jesus. De acordo com Chris
Rosebrough, há demasiadas especulações necessárias para que a proposta de
Cameron seja verdadeira. O túmulo de Talpiot será a tumba da família de
Jesus se e somente se: (1) Jesus for irmão de José; (2) Mariane for mesmo
Maria Madalena; (3) Judas for filho de Jesus com Maria Madalena; e (4) Mateus
for parente de Maria, mãe de Jesus, mas não seu filho. Além disso, para
explicar a ausência dos restos mortais dos outros irmãos de Jesus, os
produtores do documentário ressuscitam a já descartada hipótese de que o
ossuário de Tiago seja, de fato, o ossuário pertencente ao irmão de Jesus
conhecido por esse nome, mas que teria sido furtado da tumba quando esta
foi escavada em 1980. O problema é que existe uma foto daquele ossuário,
tirada em 1970, antes das escavações do túmulo de Talpiot.

Além disso, acreditar na acuracidade de um documento gnóstico do século IV,


que identifica Maria Madalena com Mariane, em detrimento do relato bíblico
contemporâneo ao sepultamento de Jesus não parece muito razoável,
especialmente quando esse documento gnóstico descreve que Mariane gostava
de pregar o evangelho para os animais, tendo sido responsável pela conversão
de um bode falante e pela morte de um dragão. Finalmente, os peritos ainda
levantam dúvidas quanto à presença do nome de Jesus na tumba. As letras
não são claras e, por isso, há uma proposta alternativa de que o nome seja
Hanum e não Jesus.

Quando se trata da validade histórica da Bíblia, costuma-se recorrer às


descobertas arqueológicas. Quais são as grandes contribuições que essa
ciência tem dado para a confirmação do relato bíblico?

Dr. Torres - A arqueologia tem iluminado o texto bíblico de diversas formas,


algumas delas até surpreendentes. A descoberta do evangelho de Judas e dos
textos da Biblioteca de Nadi Hammadi, por exemplo, foi importantíssima, pois
os escritores do Novo Testamento demonstravam certa preocupação quanto à
influência dos gnósticos sobre a comunidade cristã, mas nada tínhamos
conservado dos escritos gnósticos. Encontrar textos escritos por pessoas
daquela persuasão nos ajudou a ter uma idéia bem clara das razões por que os
escritores do Novo Testamento estavam tão apreensivos em relação aos
ensinamentos gnósticos. Outra descoberta fantástica ocorreu em 1845. O
arqueólogo Henry Layard encontrou, na antiga cidade de Nínive, o assim
chamado “Obelisco Negro de Salmaneser III”, um dos mais antigos artefatos
arqueológicos a se referir a um personagem bíblico: o rei hebreu Jeú, que
viveu cerca de nove séculos antes de Cristo. Este artefato encontra-se
preservado, agora, no Museu Britânico, em Londres. Um artefato semelhante
é o assim chamado “Prisma de Taylor”, um prisma hexagonal de argila
queimada que faz referência à batalha travada entre Senaqueribe e o rei
hebreu Ezequias, no início do século VII antes de Cristo, uma batalha tão
importante que foi narrada em três lugares diferentes da Bíblia: 2 Reis 19, 2
Crônicas 32 e Isaías 37:38. Este artefato também se encontra depositado no
Museu Britânico.

O arqueólogo Walter Kaiser enumera as seguintes descobertas como sendo as


dez mais importantes da arqueologia bíblica:

1. Os amuletos de Ketef Hinnon, contendo o mais antigo texto do Antigo


Testamento (séc. VII a.C.).

2. O Papiro John Rylands, contendo o mais antigo texto do Novo Testamento


(125 A.D.).

3. Os Manuscritos do Mar Morto.

4. A pintura de Beni Hasan, revelando como era a cultura patriarcal 19


séculos antes de Cristo.

5. A estela de basalto de Dã, descoberta em 1993, que provou, sem sombra de


dúvidas, a existência do rei Davi.

6. O tablete 11 do épico de Gilgamés, descoberto em 1872, por George Smith,


que provou a antigüidade do relato do dilúvio.

7. O tanque de Gibeão (mencionado em II Samuel 2:13 e Jeremias 41:12),


descoberto em 1833, por Edward Robinson.

8. O selo de Baruque, descoberto em 1975, provando a existência do


secretário e confidente do profeta Jeremias.

9. O palácio de Sargão II, rei da Assíria mencionado em Isaías 20:1, descoberto


em 1843, por Paul Emile Botta, de cuja existência os historiadores seculares
duvidavam até essa descoberta.
10. O obelisco negro de Salmaneser.

Os arqueólogos pesquisam mais por motivação cientifica ou religiosa? O


fato de um pesquisador ser religioso ou não, compromete o resultado do
próprio estudo?

Dr. Torres - Independentemente de escavar ou não, nenhum arqueólogo


pesquisa de forma totalmente objetiva. Quando ele sai para seu campo de
trabalho, já tem uma boa idéia sobre o que quer achar. E isso é fator
determinante para sua pesquisa. Por isso, arqueólogos capitalistas vão
encontrar “provas” de economias bem ajustadas mesmo em épocas antigas. O
fato de existir certa tendência para achar um tipo específico de “prova” não
invalida, contudo, as contribuições da arqueologia, uma vez que tais
descobertas precisam ser trazidas diante da comunidade acadêmica. Só
quando há certo grau de consenso sobre o que uma descoberta significa é que
isso é aceito pela comunidade como verdade. Há poucos anos, por exemplo, a
descoberta de um suposto ossuário pertencente a Tiago, irmão de Jesus,
causou entusiasmo em todo o mundo, mas logo se percebeu que se tratava de
uma fraude. Ou seja, a comunidade arqueológica é suficientemente madura
para detectar o que há por trás das intenções de arqueólogos que se deixam
levar por sua ideologia.

Vamos voltar um pouco. O que é Arqueologia?

Dr. Torres - A arqueologia é uma aventura. A arqueologia é curiosidade


intelectual e uma forma de satisfazer essa curiosidade. A imaginação
arqueológica foi refinada nos últimos duzentos anos de tal forma que hoje
temos uma disciplina acadêmica com esse nome. A arqueologia é, de fato, a
ciência que escava, cataloga, mede, descreve e analisa artefatos e objetos do
passado. Segundo o arqueólogo Clive Gamble, descobrir uma tumba intocada
é emocionante, porém mais importante do que isso é explorar nossa
capacidade de pensar além das circunstâncias do quotidiano e absorver em
nossa vida o conhecimento sobre os objetos e as atividades do homem em
tempos passados.

Quando ela surgiu e se consolidou como área do conhecimento humano?

Dr. Torres - A arqueologia surgiu, a princípio, como um conjunto de crônicas


escritas por homens excêntricos acerca de suas descobertas sobre o passado.
Mas logo esses homens descobriram que era possível analisar o estilo dos
artefatos e propor esquemas classificatórios para eles. Descobriram também
que a estratigrafia, isto é, a disposição dos artefatos nas trincheiras cavadas
para descobri-los, podia ser correlacionada com a idade relativa de cada
artefato. Ou seja, um artefato descoberto no fundo da trincheira podia ser
imaginado como sendo mais antigo do que um artefato descoberto pouco
abaixo da superfície. Com isso, surgiram os primeiros métodos arqueológicos.
Em 1819, Christian Thomsen propôs um sistema para classificar artefatos pré-
históricos que ele distribuiu em três idades: idade da pedra, do bronze e do
ferro. Assim, nasceu a arqueologia como ciência.
A Arqueologia Bíblica é uma especialidade dessa área. O que ela estuda?

Dr. Torres - A disciplina acadêmica da Arqueologia se subdivide em áreas que


permitem ao especialista se concentrar em campos específicos de seu
interesse. Assim, existem ramos da arqueologia como, por exemplo, a
arqueologia antropológica, a arqueologia clássica (que se interessa pela
Antigüidade greco-romana) e a arqueologia bíblica ou cristã. Essa distinção
entre arqueologia bíblica e cristã é importante, pois os pesquisadores que se
dizem arqueólogos bíblicos estão geralmente interessados em ver como essa
ciência pode confirmar o relato bíblico, enquanto que o interesse da
arqueologia cristã é desvendar a história do Cristianismo, independentemente
de suas descobertas confirmarem ou não o relato bíblico.

Por que o Brasil não tem tradição no estudo da Arqueologia Bíblica? Quais
são os grandes centros de pesquisa dessa ciência?

Dr. Torres - Acredito que o Brasil não seja um centro de estudos da


arqueologia bíblica pela razão óbvia de não ser um país onde existam sítios
arqueológicos relacionados com a Bíblia e porque, além disso, o Brasil não
investe suficientemente na área acadêmica. Isto é, não temos tradição na
área da arqueologia bíblica nem tampouco em outras áreas. É admirável ver
um programa ativo de arqueologia em universidades como a USP, por
exemplo, quando tão pouco incentivo há para isso no País. Por outro lado, os
melhores programas de arqueologia bíblica são aqueles desenvolvidos por
países do primeiro mundo, como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e
França, e por países pertencentes às terras bíblicas, como Israel, Egito,
Grécia e Itália, por exemplo.

O único museu de Arqueologia Bíblica da América Latina está localizado no


Centro Universitário Adventista de São Paulo (Unasp), na região de
Campinas, SP. Qual é a importância dele para a popularização dessa área
no Brasil?

Dr. Torres - Uma visita a um museu arqueológico é sempre uma experiência


impactante. Já tive a oportunidade de visitar vários museus no mundo, sendo
que quatro deles me encantaram: o Museu do Vaticano, o Museu Capitolino de
Roma, o Museu Arqueológico de Atenas e o Museu Arqueológico da
Universidade de Andrews nos Estados Unidos. É claro que existem museus
maiores e mais sofisticados do que esses, mas o que me impressionou em tais
museus foi a importância dos artefatos por eles conservados em relação à
história da Igreja Cristã e do texto bíblico. No entanto, apesar de os museus
serem tão úteis e necessários para a divulgação da história da arqueologia e
da história da humanidade, deve-se conservar em mente que o melhor para a
arqueologia é conservar os artefatos o mais próximo que for possível dos
locais onde foram encontrados. Um artefato depositado em um museu nos dá
um vislumbre do passado, mas um museu estabelecido perto de um sítio
arqueológico nos revela dimensões extraordinárias do passado arqueológico.
Infelizmente, porém, nem todos nós podemos viajar o mundo para conhecer
esses artefatos. Daí a necessidade de termos também no Brasil um museu de
arqueologia bíblica que supra essa deficiência.
Como se dá o trabalho do arqueólogo no campo de escavação, quais são as
ferramentas usadas, os passos dados, e os cuidados tomados?

Dr. Torres - Nem todo arqueólogo escava. Se todo arqueólogo escavasse, o


mudo seria, provavelmente, um buraco. Há arqueólogos que são especialistas
em decifrar textos antigos, outros são especialistas em datar os artefatos. Há
até arqueólogos cuja especialidade é o pólen (os assim chamados palinólogos),
uma das mais úteis substâncias para a datação de sítios arqueológicos. Hoje, a
principal preocupação dos arqueólogos é fazer descobertas sem a utilização
de métodos invasivos de escavação. Um sítio arqueológico é um recurso não
renovável. Isto é, uma vez escavado, perde muito de sua utilidade. Por isso,
há certo interesse, hoje, em descobrir os artefatos no subsolo antes de
escavar. Há aparelhos como o magnetrômetro, por exemplo, que nos
possibilitam enxergar o subsolo e, assim, direcionar precisamente a escavação
a fim de fazer o menor dano possível ao sítio arqueológico. No caso da
escavação, primeiramente se obtém permissão das autoridades competentes,
depois se faz um levantamento topográfico do sítio, então se marca a
trincheira e, finalmente, se escava. No passado recente, as trincheiras eram
marcadas sob a forma de grade, mas atualmente a preferência é marcar
simplesmente um quadrado ou retângulo. A escavação é um processo
delicado, pois ninguém quer danificar o artefato no processo de escavá-lo.

O que o levou a fazer doutorado nessa área?

Dr. Torres - O meu doutorado não é bem na área de arqueologia bíblica, mas
arqueologia clássica; embora tenha tentado fazer um estudo interdisciplinar
voltado tanto para a arqueologia de Roma e Grécia quanto para a arqueologia
cristã. A motivação principal foi minha paixão pela língua em que foi escrito o
Novo Testamento e meu desejo de ter um conhecimento de primeira mão da
história da Igreja Cristã primitiva. Roma era a metrópole do mundo naquela
época e exerceu profunda influência sobre o desenvolvimento do Cristianismo.
Eu quis voltar no tempo, até o Império Romano, a fim de verificar em que
sentidos esse poder secular exerceu impacto sobre a fé dos primeiros cristãos.
Minha tese de doutorado diz respeito às razões por que a basílica, um edifício
secular comumente usado pelos gregos e romanos muito antes da fundação do
Cristianismo, foi adotada como principal edifício de culto dos cristãos. Minha
hipótese é que esse edifício, ocasionalmente usado para os velórios dos
romanos (inclusive o velório de Augusto, primeiro e mais famoso dos
imperadores), foi, por isso, a escolha lógica da comunidade cristã, que aderira
a uma religião considerada ilícita pelas autoridades romanas e que usava os
sepultamentos de seus membros como uma desculpa para a realização de
cultos religiosos. Além disso, havia muitas semelhanças entre a cerimônia
fúnebre realizada pelo adepto das religiões tradicionais de Roma no âmbito do
túmulo-casa romano e os velórios realizados pelos cristãos na basílica
cemiterial, inclusive a propensão tanto de pagãos quanto de cristãos para a
realização de banquetes fúnebres nesse contexto. A Igreja Cristã nasceu, em
Roma, no contexto dos cemitérios, inclusive as catacumbas, nada mais
apropriado do que escolher um edifício que lhe facilitasse as reuniões nesse
ambiente.
Teria alguma escavação em especial que o marcou?

Dr. Torres - Participei de três escavações até hoje, todas como requisitos para
a obtenção do Ph.D. em arqueologia clássica. A que mais me chamou a
atenção foi a escavação de uma sinagoga, talvez pertencente ao primeiro
século A.D., localizada em Ostia Antica, o antigo porto da cidade de Roma. De
fato, não escavamos toda a sinagoga, que já havia sido escavada na década de
1960, mas fizemos sondagens em pontos estratégicos do solo da sinagoga a fim
de confirmar algumas hipóteses levantadas pelo Dr. Michael White, professor
de Arqueologia Cristã na Universidade do Texas em Austin e diretor do
Institute for the Study of Antiquity and Christianity (ISAC). Como se tratava de
um edifício de tamanho considerável, o grupo de arqueólogos foi dividido em
equipes e coube a minha turma medir e desenhar o prédio à medida que o
limpávamos e perfurávamos. Foi uma experiência fantástica.

(Wendel Lima, para o Paraná Online)

Para saber mais: conheça o site sobre o túmulo de Jesus no Instituto


Arqueológico da América.
Postado por Michelson às 8:18 PM
TERÇA-FEIRA, FEVEREIRO 27, 2007

Cidades muradas

Em julho de 2006, na mesma manhã em que


desenterrei uma “escama” de bronze da couraça de um guerreiro do décimo
século a.C., numa camada arqueológica marcada por evidências de violento
combate e destruição em Megido, no norte de Israel, moderníssimos caças
israelenses passaram em vôos rasantes sobre nossa cabeça, voltando de mais
um bombardeio no Líbano. Evidentemente, a tecnologia de guerra evoluiu
enormemente, mas não a natureza humana. Como há milênios, os homens de
hoje continuam se odiando e se matando pelos motivos de sempre... e
ansiando pela paz.

A Bíblia está repleta de relatos de guerra, bem como de lições de paz. As


escavações arqueológicas, por sua vez, têm revelado que a guerra e o medo
da guerra dominavam a vida das pessoas dos tempos bíblicos, e nos ajudam a
compreender as histórias e os ensinos bíblicos.

Para se protegerem dos ataques inimigos, todas as cidades eram circundadas


por imensos muros de pedra. Os muros de Tel Dan, por exemplo, cidade na
fronteira norte de Israel, tinham aproximadamente 5 a 7 metros de altura por
quase 4 metros de largura. Falar de uma cidade sem muros era falar de
absoluta fraqueza e vulnerabilidade: “Como cidade derrubada, que não tem
muros, assim é o homem que não pode controlar seu espírito” (Provérbios
25:28).

O acesso às cidades se fazia através de imensos portais. Os de Gezer, Megido


e Hazor, reconstruídos por Salomão (I Reis 9:15), descobertos pela
Arqueologia, são quase idênticos, devendo ter seguido a mesma planta básica.
Eles eram rapidamente fechados em tempo de guerra. Guardar os portais da
cidade era tão vital que se tornou símbolo de sabedoria e grande prudência:
“Põe, ó Senhor, uma guarda à minha boca; guarda a porta dos meus lábios”
(Salmo 141:3).

Em Megido, os arqueólogos encontraram um enorme silo para armazenagem


de alimentos. Em Jerusalém, Arad, Hazor, Megido, Dan e outros sítios
arqueológicos, complexos sistemas de abastecimento de água foram
descobertos. Essas providências eram necessárias para o tempo de guerra,
quando os exércitos inimigos cercavam as cidades, não permitindo que
ninguém entrasse nem saísse, esperando que seus habitantes se rendessem
por causa da sede e da fome. Nessa hora de indizível sofrimento, felizes eram
os que podiam encontrar consolo na fé em Deus: “Ainda que um exército me
cerque, o meu coração não temerá; ainda que a guerra se levante contra
mim, nEle confiarei” (Salmo 27:3).

O sofrimento e a angústia constantes geravam, no coração de todos, profundo


anseio por paz e segurança. Alguns as buscavam construindo muros cada vez
maiores; outros, fazendo aliança com nações poderosas; outros ainda,
formando exércitos, com numerosos carros e cavalos. O rei Davi, porém,
chama atenção para a verdadeira fonte de segurança: “Uns confiam em carros
e outros em cavalos, mas nós faremos menção do nome do Senhor nosso Deus”
(Salmo 20:7).

Jorge Fabbro é arqueólogo e presidente da Associação de Amparo à Criança e


ao Adolescente (Educriança)

A cidade de Ramessés

Assuntos envolvendo a arqueologia bíblica e os livros de


autoria mosaica tendem a ser constantemente questionados por acadêmicos
liberais ao redor do mundo.[1] Apesar de alguns negarem a historicidade do
início da nação israelita, há evidências para se crer que a narrativa do
Pentateuco possui credibilidade histórica.[2] Entre os que defendem a
realidade histórica do relato, há uma divisão quanto à data do Êxodo. O
importante estudo cronológico de Edwin Thiele[3] sobre os reis de Israel situa
o Êxodo em torno de 1450 a.C., ou seja, na XVIII dinastia (cf. I Rs 6:14; Jz
11:26); o faraó da ocasião seria Thutmose III ou Amenhotep II.[5]

Um segundo grupo defende data mais recente, algo em torno de 1300 a.C.,
exatamente no período do faraó Ramsés II, que viveu na XIX dinastia e é um
dos monarcas mais conhecidos na história egípcia. Número significativo de
pesquisadores do Antigo Testamento recorrem a Êxodo 1:11 para defender o
Êxodo como tendo ocorrido na XIX dinastia,[7] onde é dito que os israelistas
construíram duas cidades celeiros para o faraó: Pitom e Ramessés.

Entre as datas, temos um lapso de aproximadamente 150 anos. Como


harmonizar as informações? A mera menção do nome Ramessés, em si, é um
indicativo do Êxodo na XIX dinastia?

Neste artigo é feito um estudo de quatro alternativas não conclusivas sobre a


identificação da bíblica Ramessés. A data do Êxodo não é abordada neste
trabalho, por questões metodológicas. A pesquisa, portanto, ficará aberta
para futuros complementos sobre o assunto.

** ALTERNATIVAS DE SOLUÇÃO

Ramessés como a Per-Ramesse egípcia

Per-Ramesse é uma abreviação do nome Per-Ramesse mry ‘Imn ‘aa nehtw,


“residência de Ramses, amado de Amon, o grande Vencedor”.[8] O primeiro a
sugerir essa possibilidade foi H. Brugsch, em 1875.[9] Outra versão do nome
pode aparecer como Pi-Ramesse. Os estudos arqueológicos têm lançado luz
considerável sobre o histórico de Per-Ramesse.[10] Inscrições egípcias
informam que ela foi fundada por Seti I, o segundo faraó da XIX dinastia, e
concluída pelo seu filho Ramsés II.[11] Essa cidade foi a capital dessa dinastia,
e tem sido identificada com Tanis e/ou Qantir.[12] Vejamos brevemente essas
duas identificações, começando com Tanis.

O primeiro a sugerir que a cidade Per-Ramesse estava localizada em Tanis foi


novamente H. Brugsch, em 1872.[13] Segundo Siegfried J. Schwantes, após a
expulsão dos Hiksos, a cidade de Ávaris teve seu nome mudado para Tanis e
aparece no Antigo Testamento com o nome Zõa (cf. Nm 13:22; Sl 78:12 e 43).
[14] A declaração em parte é verdadeira, porém, o momento onde Ávaris é
identificada com Tanis é questionável.

Tanis é a atual San el-Hagar e teve seus primeiros trabalhos feitos por Auguste
Marriette (1860-1880), posteriormente por Flinders Petrie (1883-1886) e de
forma significativa por Pierre Montet (1921-51). Ali foram encontrados vários
templos dedicados às divindades Amum, Ptah, Re, etc., mas o palácio real de
Ramsés II não foi encontrado. A identificação de Tanis com a Per Ramesse
egípcia torna-se mais difícil ainda se levarmos em consideração as pesquisas
posteriores ao trabalho de Montet. Os objetos encontrados lá, ou seja, em
Sane l-Hagar, foram colocados ali posteriormente para construções, não no
período do faraó Ramsés II. William Shea afirma que não há nenhuma
confirmação arqueológica de habitação em Tanis antes da XXI dinastia, c.
1100 a.C.[15]

Sobre Qantir a situação é mais harmoniosa. Qantir fica 17 km ao sul de San el


Hagar. Mahmud Hamza foi o primemiro a escavar Qantir em 1928. As
descrições de Per Ramesse que temos disponíveis no papiro Anastasis III, a
saber, a fertilidade do campo, a existência de uma rota por terra e outra pelo
mar para a Ásia e a presença de um palácio de Ramsés II, correspondem ao
campo geográfico de Qantir.

Seu nome atual é Tell el-Dab’a e foi escavada por Manfred Bietak, diretor do
Austrian Archaeological Institute, em meados da década de 1950. Os restos de
ocupação dessa cidade por volta das dinastias XII e XIII revelam um fim por
meio de uma grande e violenta destruição. Após a destruição, três estratos
dos hyksos, sendo que o terceiro e último revela outra destruição violenta.
Esta última pode ser relacionada com o início da XVIII dinastia, quando o faraó
Ahmose expulsou os governantes semitas do Delta. Evidências apontam para o
fato de que os faraós desta dinastia (XVIII) não tenham usado essa cidade, mas
na dinastia seguinte (a XIX) ela foi reconstruída.[16]

De acordo com Hershel Shanks, editor da Biblical Archaeology Review, a


identificação da Ramessés bíblica com a Per-Ramesse egípcia é impossível
foneticamente. Fontes egípcias nunca se referiram a essa cidade com o nome
real de Ramessés, sozinho, antes, sempre é mencionada com a palavra egípcia
pr (casa), ou seja, Per-Ramesse.[17] A mesma opinião é defendida por E.
Uphill e D. Cameron Alexander Moore.[18]

Montet contra-argumenta a ausência do prefixo Per ou Pi no nome Ramesses.


Para ele, esse é um fenômeno comum no texto veterotestamentário. Temos
como exemplo o nome Baal-Meon, em Números 32:38, e Bet-Baal-Meon, em
Josué 13:17, ou seja, a ausência do prefixo Bet (casa). Para ele, nomes
puramente semíticos ou hebraicos podem, sim, ter tal ausência.[19]

Porém, é importante lembrar que boa parte das cidades egípcias começadas
com o prefixo Pi ou Per, mencionadas nas páginas do Antigo Testamento (cf.
Nm 33:8[20]; Ez 30:17) não o perderam. Se a Per Ramesse egípcia é a
Ramessés bíblica, por que seu prefixo não aparece no texto? Per-Ramesse,
portanto, não parece ser uma alternativa satisfatória para nossa pesquisa.

Ramessés como Khatana

À semelhança de Ramose, esta é uma alternativa da qual não se dispõe de


muitas informações. Ao leste do braço pelusiano do Nilo, existem as ruínas de
duas cidades: Qantir e Khatana. As escavações ali têm demonstrado um
grande assentamento cananita e seus restos mostram uma grande afinidade
com restos siro-palestinenses de c. 1700 a.C. a 1500 a.C., que foram
encontrados em Tell el-Rataba, a bíblica Pithom.

A transliteração do hieróglifo usado para se referir a essa cidade é R3-mtny,


que, segundo Shanks, pode ser projetado numa língua semítica como
Ramezen.[21]

Durante as escavações dirigidas pelo austríaco Manfred Bietak, uma inscrição


fragmentada com o nome Horemhab foi encontrada. Isso é significativo, já
que este é o último faraó da XVIII dinastia. Podemos supor que houve alguma
habitação em Khatana no período da XVIII dinastia, esperando é claro por
novas descobertas que corroborem a historicidade do relato bíblico.

Ramessés como um anacronismo

Essa é uma das opiniões mais comuns entre os acadêmicos mais


conservadores. A idéia básica desta opinião é a de que um copista posterior
substituiu um nome antigo por um mais recente.[22]

É importante lembrar que o nome Ramessés não é usado no Pentateuco no


sentido cronológico. Em Gênesis 47:11, por exemplo, está escrito que Jacó e
seus filhos foram colocados na terra de Ramessés. Isso implica que a família
de José desceu para o Egito no período do faraó com esse nome? De maneira
nenhuma, antes, o nome deve ser entendido como uma atualização do texto.

A menção do nome Ramessés não é um indício forte o bastante para a


localização do Êxodo na XIX dinastia. Se o Êxodo ocorreu em 1300 a.C.,
quando Móisés estava com 80 anos, e se o trabalho na cidade Ramessés
ocorreu antes do nascimento de Moisés, temos que admitir que o nome
Ramessés era comum antes dos chamados faraós ramessidas, e que a cidade
não está necessariamente ligada a nenhum deles.[23]

Em Genesis 14:14 temos um exemplo semelhante. Ali é mencionada uma


cidade cujo nome era Dan. O curioso é que na época de Abraão ela não se
chamava Dan, mas sim Laish (cf. Jz 18:29) ou Leshem (cf. Js 19:47). O nome
Dan foi usado muito tempo depois, na época dos juízes. Ramessés pode ser
entendido da mesma forma.

Apesar de ser uma alternativa aparentemente muito válida para esta


pesquisa, ela não está isenta de pontos fracos. O Antigo Testamento está
repleto de exemplos de anacronismos, mas sempre quando o nome da cidade
na época do copista é mencionado, o nome anterior a ele também é
introduzido no texto (cf. Gn 28:19; Js 15:15; Jz 1:23).

Um exemplo de anacronismo na História é a referência à Palestina nos dias de


Jesus, sendo que na época de Cristo não havia Palestina, já que o termo foi
criado pelo Imperador Adriano, a partir do ano 135 d.C.

Ramessés e o vizir Ramose

Ramose foi um vizir, ou seja, um cargo semelhante ao de primeiro-ministro,


hoje. Ele viveu durante os reinados de Amenhotep III e Akhnaten. A principal
fonte de conhecimento a respeito dele é a sua própria tumba, a TT55 (Tumba
de Tebas nº 55). Apesar de Ramose ter vivido cem anos depois da data bíblica
do Êxodo, seu nome era comum desde a época dos hycsos.[24[

Gleason Archer Jr. liga o nome Ramose à cidade Ramesses de Êxodo 1:11. A
semelhança na escrita para ele é significativa, já que o nome Ramose em
egípcio antigo (r m s) tem uma grafia muito próxima do hebraico rm‘s.[25]
Porém, lemos no próprio texto que a cidade foi construída para Faraó, não
para um nobre ou vizir. Além disso, carecemos de exemplos de vizires no
Egito antigo que se auto-homenageavam por meio de “cidades”. Ramose não
parece ser uma alternativa satisfatória em nossa pesquisa.

** CONCLUSÃO

A mera menção do nome Ramessés não é em si evidência do Êxodo na XIX


dinastia. Após termos apresentado quatro alternativas não conclusivas sobre o
assunto, preferimos aquela que liga Ramessés à antiga cidade Khatana do
braço Pelusiano do Delta, e a outra que coloca o nome Ramessés como um
anacronismo, já que ambas se encaixam perfeitamente com uma visão
equilibrada do relato bíblico.

(Por Luiz Gustavo S. Assis)

Referências

1. Ver por exemplo FINKELSTEIN, Israel; SILBERMAN, Neil Asher. E a Bíblia não
tinha razão. São Paulo: A Girafa, 2003.

2. PRICE, Randall. Pedras que clamam. Rio de Janeiro: CPAD, 2001, p. 114-
115. O grande número de nomes egípcios entre o povo de Israel é um ótimo
argumento para a estadia dos israelitas no país dos faraós. Temos, por
exemplo, o nome Finéas, que aparece em conexão com um sacerdote.
PRITCHARD, James B. Ancient Near Eastern Texts: Relating to the Old
Testament. Third edition with supplement. Princeton, NJ: Princeton
University Press, 1969. p. 216, n. (6). Algumas palavras que compõem o
vocabulário hebraico do pentateuco são puramente egípcias. A palavra selo
(cf. Gn 41:42), por exemplo, em hebraico é hotam e em egípcio htm. Linho
fino em egípcio antigo é shash, já em hebraico, shesh (cf. Gn 38:18 e 25).
SCHWANTES, Siegfried J. Arqueologia. São Paulo: IAE, 1988. p. 28-29. Por
muito tempo, a hipótese documentária, que teve como principal defensor o
alemão J. Welhausen, trabalhou com a idéia de que o pentateuco era na
verdade uma compilação de textos feita por volta do VI século a.C. O apogeu
da língua egípcia foi em torno do segundo milênio a.C., não na metade do
primeiro milênio, ou seja, tais semelhanças no vocabulário só fazem sentido
quando datamos a obra por volta do XV século a.C. Como introdução ao tema
da hipótese documentária, ver: CASSUTO, Umberto. The documentary
hypothesis and the composition of the Pentateuch. Jerusalem: Magnes Press,
The Hebrew University, 1983.
3. Thiele.

4. KITCHEN, Keneth. How we know when Solomon ruled? Biblical Archaeology


Society Online Archive ou o número da BAR com esse artigo. Através de
calendários mesopotâmicos e egípcios, Kitchen apresenta razões sólidas para
situarmos o reinado de Salomão entre 970 a.C a 930 a.C.

5. HOWARD JR., David M.; GRISANTI, Michael. Giving the Sense:


Understanding and Using Old Testament Historical Texts. Grand Rapids, MI:
Kregel, 2003. p. 245-247. Neste caso, Thutmoses III seria o faraó da opressão
e Amenhotep II, seu filho, seria o faraó do Êxodo. Nos primeiros capítulos de
Êxodo, vemos uma agitação no campo da construção civil, o que para alguns é
totalmente improvável ter ocorrido na XVIII dinastia, como por exemplo
CURVILLE, Donovan. The Exodus problem and its ramifications, vol. 1.
Challenge Books: CA, 1971. p. 34. É importante mencionarmos que na tumba
do vizir Rekhmire, que viveu na época de Thutmoses III, foram encontradas
pinturas de escravos semitas fazendo e transportando tijolos. A informação é
significativa já que demonstra um envolvimento indireto de Thutmoses III com
construções na época do seu reinado. Para outras informações sobre
Rekhmire, ver: PRITCHARD, James B. op. cit., p. 212-213. Ver também:
ARCHER JR., Gleason. A Survey of Old Testament Introduction. Moody Press:
Chicago, 1968. p. 215.

7. LASOR, William S.; HUBBARD, David A.; BUSH, Frederic W. Old Testament
Survey: The message, form and background of the Old Testament. 1. ed.
Grand Rapids, MI: Eerdmans, 1992. p. 126. LIVINGSTON, G. Hebert. The
Pentateuch in its cultural environment. Grand Rapids, MI: Baker, 1987, p. 47-
48. ZUCK, Roy. gen. ed. Vital Apologetic Issues: Examinig Reason and
Revelation in Bible Perspective. Grand Rapids, MI: Kregel, 1995, p. 250.
FINEGAN, Jack. Handbook of biblical chronology: Principles of time reckoning
in the ancient world and problems of chronology in the Bible. Princeton, NJ:
Princeton University Press, 1964. p. 300.

8. MONTET, Pierre. Egypt and the Bible. Philadelphia: Fortress Press, 1968. p.
54.

9. BIMSON, John J., Redating the exodus and conquest. Sheffield, England:
The Almond Press, 1981. p. 33-34

10. PRITCHARD, James B., op. cit. p. 470-471.

11. HILL, Andrew E.; HALTON, John H. A survey of Old Testament. Grand
Rapids: Zondervan Publishing House, 1991. p. 109).

12. YAMAUCHI, Edwin M. The stones and the Scriptures. Philadelphia: A


Holman Book, 1973. p. 48.

13. BIMSON, John J., op. cit., p. 34.

14. SCHWANTES, Siegfried J., op. cit., p. 25.


15. SHEA, William. H., "Exodus, Date of the", in G. W. Bromiley et al. (eds.),
The International Standard Bible Encyclopedia. Paternoster Press: Exeter, vol.
2, 1982. p. 231.

16. Ibid.

17. SHANKS, Hershel. The Exodus and the Crossing of the Red Sea, According
to Hans Goedicke. Biblical Archaeology Society on line Archive. Disponível
aqui. Acessado em 14-05-06.

18. MOORE, D. Cameron Alexander. The Date of the Exodus: Introduction to


the Competing Theories. Disponível aqui. Acessado em 22-05-06.

19. MONTET, Pierre. Op. cit. p. 54-55.

20. SARNA, Nahum. Israel in Egypt: The Egyptian Sojourn and the Exodus.
Biblical Archaeology Society Online Archive. Disponível aqui. Acessado em 25-
05-06. Outra alternativa para a historicidade do Êxodo ser corroborada é
quando analisamos as listas geográficas do Pentateuco. Neste artigo, Sarna
apresenta evidências para a realidade histórica do evento.

21. SHANKS, Hershel. op. cit.

22. YAMAUCHI, Edwin M. The stones and the Scriptures. Philadelphia: A


Holman Book, 1973. p. 48-50.

23. DYER, Charles H. The Date of the Exodus Reexamined. Disponível aqui.
Acessado em 19-05-06.

24. GEISLER, Norman. Ed. Inerrância da Bíblia. São Paulo: Ed. Vida, 2001. p.
85.

25. Ibid.
Postado por Michelson às 2:36 AM
QUARTA-FEIRA, FEVEREIRO 07, 2007

O Novo Testamento é historicamente confiável


Recentemente foi questionada no blog
www.michelsonborges.com a veracidade histórica do Novo Testamento (NT).
Há muitos bons livros no mercado sobre isso, mas procurei reproduzir aqui, de
forma resumida, as dez razões apresentadas no livro Não tenho Fé Suficiente
Para Ser Ateu (Vida), pelas quais sabemos que os autores do NT disseram a
verdade.

1. Os autores do NT incluíram detalhes embaraçosos sobre si mesmos. A


tendência da maioria dos autores é deixar de fora qualquer coisa que
prejudique sua aparência. É o “princípio do embaraço”. Agora pense: Se você
e seus amigos estivessem forjando uma história que você quisesse que fosse
vista como verdadeira, vocês se mostrariam como covardes, tolos e apáticos,
pessoas que foram advertidas e que duvidaram? É claro que não. Mas é
exatamente isso que encontramos no NT. Se você fosse autor do NT,
escreveria que um dos seus principais líderes foi chamado de “Satanás” por
Jesus, negou o Senhor três vezes, escondeu-se durante a crucifixão e, mais
tarde, foi repreendido numa questão teológica?

O que você acha que os autores do NT teriam feito se estivessem inventando


uma história? Teriam deixado de lado a sua inaptidão, sua covardia, a
repreensão que receberam, as negações e seus problemas teológicos,
mostrando-se como cristãos ousados que se colocaram a favor de Jesus diante
de tudo e que, de maneira confiante, marcharam até a tumba na manhã de
domingo, bem diante dos guardas romanos, para encontrarem o Jesus
ressurreto que os esperava para salvá-los por sua grande fé! Os homens que
escreveram o NT também diriam que eles é que contaram às mulheres sobre o
Jesus ressurreto, que eram as únicas que estavam escondendo-se por medo
dos judeus. E, naturalmente, se a história fosse uma invenção, nenhum
discípulo, em momento algum, teria sido retratado como alguém que duvida
(especialmente depois de Jesus ter ressuscitado).

2. Os autores do NT incluíram detalhes embaraçosos e dizeres difíceis de


Jesus. Os autores do NT também são honestos sobre Jesus. Eles não apenas
registraram detalhes de uma auto-incriminação sobre si mesmos, mas também
registraram detalhes embaraçosos sobre seu líder, Jesus, que parecem colocá-
Lo numa situação bastante ruim. Exemplos: Jesus foi considerado “fora de Si”
por Sua mãe e Seus irmãos, por quem também foi desacreditado; foi visto
como enganador; foi abandonado por Seus seguidores e quase apedrejado
certa ocasião; foi chamado de “beberrão” e de “endemoninhado”, além de
“louco”. Finalmente, foi crucificado como malfeitor.
Entre as situações teologicamente “embaraçosas”, encontramos as seguintes:
Ele amaldiçoa uma figueira (Mat. 21:18); Ele parece incapaz de realizar
milagres em Sua cidade natal, exceto curar algumas pessoas doentes (Mar.
6:5); e parece indicar que o Pai é maior que Ele (João 14:28). Se os autores do
NT queriam provar a todos que Jesus era Deus, então por que não eliminaram
dizeres e situações complicados que parecem argumentar contra a Sua
deidade? Os autores do NT foram extremamente precisos ao registrar
exatamente aquilo que Jesus disse e fez.

3. Os autores do NT incluíram as exigências de Jesus. Se os autores do NT


estavam inventando uma história, certamente não inventaram uma que tenha
tornado a vida mais fácil para eles. Esse Jesus tinha alguns padrões bastante
exigentes. O Sermão do Monte (Mateus 5), por exemplo, não parece ser uma
invenção humana. São mandamentos difíceis de ser cumpridos pelos seres
humanos e parecem ir na direção contrária dos interesses dos homens que os
registraram. E certamente são contrários aos desejos de muitos hoje que
desejam uma religião de espiritualidade sem exigências morais.

4. Os autores do NT fizeram clara distinção entre as palavras de Jesus e as


deles. Embora não existam aspas ou travessão para indicar uma citação no
grego do século I, os autores do NT distinguiram as palavras de Jesus de
maneira bastante clara. Teria sido muito fácil para esses homens resolverem
as disputas teológicas do primeiro século colocando palavras na boca de
Jesus. E fariam isso também, caso estivessem inventando a “história do
cristianismo”. Teria sido muito conveniente para esses autores terminar todo
debate ou controvérsia em torno de questões como circuncisão, leis
cerimoniais judaicas, falar em línguas, mulheres na igreja e assim por diante,
simplesmente inventando citações de Jesus. Mas eles nunca fizeram isso.
Mantiveram-se fiéis ao que Jesus disse e não disse.

5. Os autores do NT incluíram fatos relacionados à ressurreição de Jesus


que eles não poderiam ter inventado. Eles registraram que Jesus foi
sepultado por José de Arimatéia, um membro do Sinédrio – o conselho do
governo jadaico que sentenciou Jesus à morte por blasfêmia. Esse não é um
fato que poderiam ter inventado. Considerando a amargura que certos
cristãos guardavam no coração contra as autoridades judaicas, por que eles
colocariam um membro do Sinédrio de maneira tão positiva? E por que
colocariam Jesus na sepultura de uma autoridade judaica? Se José não
sepultou Jesus, essa história teria sido facilmente exposta como fraudulenta
pelos inimigos judaicos do cristianismo. Mas os judeus nunca negaram a
história e jamais se encontrou uma história alternativa para o sepultamento
de Jesus.

Todos os quatro evangelhos dizem que as mulheres foram as primeiras


testemunhas do túmulo vazio e as primeiras a saberem da ressurreição. Uma
dessas mulheres era Maria Madalena, que Lucas admite ter sido uma mulher
possuída por demônios (Luc. 8:2). Isso jamais teria sido inserido numa história
inventada. Uma pessoa possessa por demônios já seria uma testemunha
questionável, mas as mulheres em geral não eram sequer consideradas
testemunhas confiáveis naquela cultura do século I. O fato é que o
testemunho de uma mulher não tinha peso num tribunal. Desse modo, se você
estivesse inventando uma história da ressurreição de Jesus no século I,
evitaria o testemunho de mulheres e faria homens – os corajosos – serem os
primeiros a descobrir o túmulo vazio e o Jesus ressurreto. Citar o testemunho
de mulheres – especialmente de mulheres possuídas por demônios – seria um
golpe fatal à tentativa de fazer uma mentira ser vista como verdade.

“Por que o Jesus ressurreto não apareceu aos fariseus?” é uma pergunta
comum feita pelos céticos. A resposta pode ser porque não teria sido
necessário. Isso é normalmente desprezado, mas muitos sacerdotes de
Jerusalém tornaram-se cristãos. Lucas escreve: “Crescia rapidamente o
número de discípulos em Jerusalém; também um grande número de
sacerdotes obedecia à fé” (Atos 6:7). Se você está tentando fazer que uma
mentira seja vista como verdade, não facilita as coisas para os seus inimigos,
permitindo que exponham a sua história. A conversão dos fariseus e a de José
de Arimatéia eram dois detalhes desnecessários que, se fossem falsos, teriam
acabado com a “farsa” de Lucas.

Em Mateus 28:11-15, é exposta a versão judaica para o fato do túmulo vazio


(a mentira do roubo do corpo de Jesus). Note que Mateus deixa bastante claro
que seus leitores já sabiam sobre essa explicação dos judeus porque “essa
versão se divulgou entre os judeus até o dia de hoje”. Isso significa que os
leitores de Mateus (e certamente os próprios judeus) saberiam se ele estava
ou não dizendo a verdade. Se Mateus estava inventando a história do túmulo
vazio, por que daria a seus leitores uma maneira tão simples de expor suas
mentiras? A única explicação plausível é que o túmulo deve ter realmente
ficado vazio, e os inimigos judeus do cristianismo devem realmente ter
espalhado essa explicação específica para o túmulo vazio (de fato, Justino
Mártir e Tertuliano, escrevendo respectivamente nos anos 150 d.C. e 200
d.C., afirmam que as autoridades judaicas continuaram a propagar essa
história do roubo durante todo o século II).

6. Os autores do NT incluíram em seus textos, pelo menos, 30 pessoas


historicamente confirmadas. Não há maneira de os autores do NT terem
seguido adiante escrevendo mentiras descaradas sobre Pilatos, Caifás, Festo,
Félix e toda a linhagem de Herodes. Alguém os teria acusado por terem
envolvido falsamente essas pessoas em acontecimentos que nunca ocorreram.
Os autores do NT sabiam disso e não teriam incluído tantas pessoas reais de
destaque numa ficção que tinha o objetivo de enganar.

7. Os autores do NT incluíram detalhes divergentes. Os críticos são rápidos


em citar os relatos aparentemente contraditórios dos evangelhos como
evidência de que não são dignos de confiança em informação precisa. Mateus
diz, por exemplo, que havia um anjo no túmulo de Jesus, enquanto João
menciona a presença de dois anjos. Não seria isso uma contradição que
derrubaria a credibilidade desses relatos? Não, mas exatamente o oposto é
verdadeiro: detalhes divergentes, na verdade, fortalecem a questão de que
esses são relatos feitos por testemunhas oculares. Como? Primeiro, é preciso
destacar que o relato dos anjos não é contraditório. Mateus não diz que havia
apenas um anjo na sepultura. Os críticos precisam acrescentar uma palavra ao
relato de Mateus para torná-lo contraditório ao de João. Mas por que Mateus
mencionou apenas um anjo, se realmente havia dois ali? Pela mesma razão
que dois repórteres de diferentes jornais cobrindo um mesmo fato optam por
incluir detalhes diferentes em suas histórias. Duas testemunhas oculares
independentes raramente vêem todos os mesmos detalhes e descrevem um
fato exatamente com as mesmas palavras. Elas vão registrar o mesmo fato
principal (Jesus ressuscitou dos mortos), mas podem diferir nos detalhes
(quantos anjos havia no túmulo). De fato, quando um juiz ouve duas
testemunhas que dão testemunho idêntico, palavra por palavra, o que
corretamente presume? Conluio. As testemunhas se encontraram
antecipadamente para que suas versões do fato concordassem.

À luz dos diversos detalhes divergentes do NT, está claro que os autores não
se reuniram para harmonizar seus testemunhos. Isso significa que certamente
não estavam tentando fazer uma mentira passar por verdade. Se estavam
inventando a história do NT, teriam se reunido para certificar-se de que eram
coerentes em todos os detalhes.

Ironicamente, não é o NT que é contraditório, mas sim os críticos. Por um


lado, os críticos afirmam que os evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas)
são por demais uniformes para serem fontes independentes. Por outro lado,
afirmam que eles são muito divergentes para estarem contando a verdade.
Desse modo, o que eles são? Muito uniformes ou muito divergentes? Na
verdade, são a mistura perfeita de ambos: são tanto suficientemente
uniformes e suficientemente divergentes (mas não tanto) exatamente porque
são relatos de testemunhas oculares independentes dos mesmos fatos. Seria
de esperar ver o mesmo fato importante e detalhes menores diferentes em
manchetes de jornais independentes relatando o mesmo acontecimento.

Simon Greenleaf, professor de Direito da Universidade de Harvard que


escreveu um estudo-padrão sobre o que constitui evidência legal, creditou sua
conversão ao cristianismo ao seu cuidadoso exame das testemunhas do
evangelho. Se alguém conhecia as características do depoimento genuíno de
testemunhas oculares, essa pessoa era Greenleaf. Ele concluiu que os quatro
evangelhos “seriam aceitos como provas em qualquer tribunal de justiça, sem
a menor hesitação” (The Testimony of the Evangelists, págs. 9 e 10).

8. Os autores do NT desafiam seus leitores a conferir os fatos verificáveis,


até mesmo fatos sobre milagres. Lucas diz isso a Teófilo (Luc. 1:1-4); Pedro
diz que os apóstolos não seguiram fábulas engenhosamente inventadas, mas
que foram testemunhas oculares da majestade de Cristo (II Ped. 1:16); Paulo
faz uma ousada declaração a Festo e ao rei Agripa sobre o Cristo ressurreto
(Atos 26) e reafirma um antigo credo que identificou mais de 500 testemunhas
oculares do Cristo ressurreto (I Cor. 15). Além disso, Paulo faz uma afirmação
aos cristãos de Corinto que nunca teria feito a não ser que estivesse dizendo a
verdade. Em sua segunda carta aos corintios, ele declara que anteriormente
realizara milagres entre eles (II Cor. 12:12). Por que Paulo diria isso a eles a
não ser que realmente tivesse realizado os milagres? Ele teria destruído
completamente sua credibilidade ao pedir que se lembrassem de milagres que
nunca realizara diante deles.

9. Os autores do NT descrevem milagres da mesma forma que descrevem


outros fatos históricos: por meio de um relato simples e sem retoques.
Detalhes embelezados e extravagantes são fortes sinais de que um relato
histórico tem elementos lendários. Note este trecho da narração da
ressurreição no livro apócrifo Evangelho de Pedro: “...três homens que saíam
do sepulcro, dois dos quais servindo de apoio a um terceiro, e uma cruz que ia
atrás deles. E a cabeça dos dois primeiros chegava até o céu, enquanto a
daquele que era conduzido por eles ultrapassava os céus. E ouviram uma voz
vinda dos céus que dizia: ‘Pregaste para os que dormem?’ E da cruz fez-se
ouvir uma resposta: ‘Sim’.”

Provavelmente seria assim que alguém teria escrito se estivesse inventando ou


embelezando a história da ressurreição de Jesus. Mas os relatos da
ressurreição de Jesus no NT não contêm nada semelhante a isso. Os
evangelhos fornecem descrições triviais quase insípidas da ressurreição.
Confira em Marcos 16:4-8, Lucas 24:2-8, João 20:1-12 e Mateus 28:2-7.

10. Os autores do NT abandonaram parte de suas crenças e práticas


sagradas de longa data, adotaram novas crenças e práticas e não negaram
seu testemunho sob perseguição ou ameaça de morte. E não são apenas os
autores do NT que fazem isso. Milhares de judeus, dentre eles sacerdotes
fariseus, converteram-se ao cristianismo e juntam-se aos apóstolos ao
abandonarem o sistema de sacrifícios de animais prescrito por Moisés, ao
aceitar Jesus como integrante da Divindade (o que era inaceitável naquela
cultura estritamente monoteísta) e ao abandonar a idéia de um Messias
conquistador terrestre.

Além disso, conforme observa Peter Kreeft, “por que os apóstolos


mentiriam? ... se eles mentiram, qual foi sua motivação, o que eles obtiveram
com isso? O que eles ganharam com tudo isso foi incompreensão, rejeição,
perseguição, tortura e martírio. Que bela lista de prêmios!” Embora muitas
pessoas venham a morrer por uma mentira que considerem verdade, nenhuma
pessoa sã morrerá por aquilo que sabe que é uma mentira.

Conclusão de Norman Geisler e Frank Turek, autores de Não Tenho Fé


Suficiente Para Ser Ateu: “Quando Jesus chegou, a maioria dos autores do NT
era de judeus religiosos que consideravam o judaísmo a única religião
verdadeira e que se consideravam o povo escolhido de Deus. Alguma coisa
dramática deve ter acontecido para tirá-los do sono dogmático e levá-los a um
novo sistema de crenças que não lhes prometia nada além de problemas na
Terra. À luz de tudo isso, não temos fé suficiente para sermos céticos em
relação ao Novo Testamento.”
Postado por Michelson às 8:43 AM
SEXTA-FEIRA, FEVEREIRO 02, 2007

Os Manuscritos do Mar Morto


Durante toda a Idade Média, por interesses
principalmente políticos e econômicos, a Igreja foi aos poucos agasalhando
em seu seio doutrinas e costumes absolutamente contrários ao espírito e
ensinos de Jesus e dos apóstolos. Por essa razão, muitas pessoas passaram a
temer que a Bíblia também tivesse sofrido alterações significativas. O receio
era de que o texto do Antigo Testamento que temos hoje não fosse
exatamente aquele no qual Jesus e os apóstolos basearam todos os seus
ensinos; que não fosse mais a “Palavra de Deus” como originalmente havia
sido escrita. Felizmente, a Arqueologia praticamente acabou com essa dúvida.
E tudo graças a um menino!

Em 1947, vasculhando as cavernas do extremamente árido e inóspito lado


ocidental do Mar Morto, em busca de uma ovelha perdida, um garoto beduíno
encontrou grandes vasos de barro que continham antigos manuscritos
escondidos ali. A partir de então, outros beduínos e arqueólogos encontraram,
em onze cavernas da região, mais de 800 diferentes manuscritos, incluindo
todos os livros do Antigo Testamento, com exceção dos livros de Ester e
Neemias. De alguns livros da Bíblia foram encontrados apenas fragmentos; em
outros casos, a maior parte do texto foi recuperada. O livro do profeta Isaías
foi encontrado praticamente inteiro!

Apenas um dos rolos havia sido escrito em finas folhas de cobre. Todos os
demais foram escritos em pergaminho (pele de animal especialmente
preparada para essa finalidade). Assim, por terem utilizado material orgânico,
esses livros bíblicos puderam ser submetidos ao processo de datação
conhecido como Carbono 14. Outro método utilizado para determinar a época
em que foram escritos foi a análise paleográfica (análise da forma da escrita,
que em cada época tem características típicas). Surpreendentemente,
constatou-se que os manuscritos haviam sido produzidos entre o século II a.C.
e o século I d.C. – portanto, em dias anteriores e contemporâneos a Jesus!
Judeus zelosos dessa época, provavelmente para salvar os livros sagrados de
algum perigo iminente, devem tê-los escondido nas remotas e quase
inacessíveis cavernas do Mar Morto. E – maior surpresa ainda! – quando
comparados, constatou-se que os livros do Antigo Testamento que temos hoje
são essencialmente idênticos aos textos que existiam nos dias de Jesus!

Jesus certa vez disse: “Vós examinais as Escrituras porque julgais ter nelas a
vida eterna, e são elas mesmas que testificam de Mim” (João 5:39). Como é
confortador saber que as Escrituras que temos hoje em nossas mãos são
aquelas mesmas que Jesus lia e ensinava!
Jorge Fabbro é arqueólogo e presidente da Associação de Amparo à Criança e
ao Adolescente (Educriança)
Postado por Michelson às 6:06 AM
TERÇA-FEIRA, JANEIRO 23, 2007

A armadura do rei

Saul foi o primeiro rei de Israel. Teve um bom


começo como governante, mas com o tempo começou a se afastar de Deus e a
desobedecer a Seus mandamentos. Certa vez, na iminência de uma guerra,
resolveu consultar uma feiticeira. Foi para a batalha e acabou derrotado pelo
exército inimigo. Para não ser capturado e humilhado, acabou se suicidando.
Um triste fim para o homem que deveria conduzir o povo de Deus. Aliás,
nunca valeu a pena viver longe do caminho apresentado pela Palavra de Deus.

O ateísmo está na moda hoje em dia, e há muitos céticos que gostam de


criticar a Bíblia, como se ela fosse um simples livro criado por homens
religiosos. Mas o que muita gente não sabe é que as Escrituras Sagradas são,
além de um livro espiritual, um compêndio de História fiel aos fatos. E a
arqueologia está aí para provar isso.

Um bom exemplo, entre tantos, está no Antigo Testamento e se refere


justamente ao rei rebelde Saul. Samuel diz que após a morte de Saul sua
armadura foi colocada no templo de Astarote, que era uma deusa cananéia da
fertilidade, em Bete-Seã, ao passo que Crônicas relata que a cabeça do rei foi
colocada no templo de um deus filisteu do milho chamado Dagom. Por algum
tempo os pesquisadores acharam que devia haver um equívoco e que,
portanto, a Bíblia não era fidedigna. Até que os arqueólogos decifraram o
enigma.

Alguns anos atrás, escavações confirmaram que havia dois templos naquele
local. De quem? Um de Dagom e outro de Astarote. Os edifícios eram
separados por um corredor. Os filisteus haviam adotado Astarote como uma
de suas deusas. A Bíblia estava certa mais uma vez.

Esse tipo de fenômeno tem ocorrido com freqüência. A Bíblia faz 36


referências aos hititas, mas os críticos costumavam acusar que não havia
evidências de que esse povo alguma vez tivesse existido. Mas alguns
arqueólogos que estão escavando na moderna Turquia descobriram os
registros dos hititas. Como declarou o grande arqueólogo William F. Albright:
“Não pode haver dúvida de que a arqueologia confirmou a historicidade
substancial da tradição do Antigo Testamento.”
Que a triste lição deixada pelo rei Saul alcance nossos dias – a lição de que
não vale a pena desprezar a Palavra de Deus.

(Fonte: Lee Strobel, Em Defesa da Fé)

Michelson Borges, jornalista, mestrando em Teologia pelo Unasp e autor dos


livros A História da Vida e Por Que Creio.
Postado por Michelson às 2:15 AM
SEGUNDA-FEIRA, OUTUBRO 30, 2006

Moisés e a escrita alfabética

A História tem calado muitos críticos da Bíblia. A


redação do Pentateuco (os primeiros cinco livros da Bíblia) por Moisés é um
bom exemplo. Pouco tempo atrás, afirmava-se que a invenção do alfabeto
tinha sido feita pelos séculos XII ou XI a.C. Isso era apresentado como um
argumento para “provar” que Moisés não podia ter escrito o Pentateuco, visto
que em seu tempo não haviam ainda inventado a arte de escrever. No
entanto, escavações arqueológicas um Ur, na antiga Caldéia, têm comprovado
que Abraão era cidadão de uma metrópole altamente civilizada. Nas escolas
de Ur, os meninos aprendiam leitura, escrita, Aritmética e Geografia. Três
alfabetos foram descobertos: junto do Sinai, em Biblos e em Ras Shamra, que
são bem anteriores ao tempo de Moisés (1500 a.C.).

Estudiosos modernos sustentam que Moisés escolheu a escrita fonética para


escrever o Pentateuco. O arqueólogo William F. Albright datou essa escrita
como sendo do início do século XV a.C. (tempo de Moisés). Interessante é
notar que essa escrita foi encontrada no lugar onde Moisés recebeu a
incumbência de escrever seus livros (Êxodo 17:14). Veja o que disse Merryl
Unger sobre a escrita do Antigo Testamento: “A coisa importante é que Deus
tinha uma língua alfabética simples, pronta para registrar a divina revelação,
em vez do difícil e incômodo cuneiforme de Babilônia e Assíria, ou o complexo
hieróglifo do Egito.”

Deus sempre sabe mesmo o que faz! Pense bem: se o alfabeto tivesse sido
realmente inventado pelos fenícios, cuja existência foi bem posterior à de
Moisés, e se as escritas anteriores – hieroglífica e cuneiforme – foram apenas
decifradas no século passado, como poderia Moisés ter escrito aqueles livros?

Se o tivesse feito, só poderia fazê-lo em hieróglifos, língua na qual a própria


Bíblia diz que Moisés era perito (Atos 7:22) e, nesse caso, o Antigo
Testamento teria ficado desconhecido até o século passado, quando o francês
Champollion decifrou os hieróglifos egípcios. Acontece que, no princípio do
século XX, nos anos 1904 e 1905, escavações na península do Sinai levaram à
descoberta de uma escrita muito mais simples que a hieroglífica, e era
alfabética! Com essa descoberta, a origem do alfabeto se transportava da
época dos fenícios para a dos seus antecessores, séculos antes, os cananitas,
que viveram no tempo de Moisés e antes dele.

Portanto, foram estes antepassados dos fenícios que simplificaram a escrita. E


passaram a usar o alfabeto em lugar dos hieróglifos, isto é, sinais que
representam sons ao invés de sinais que representam idéias. Moisés, vivendo
40 anos numa região (Midiã) onde essa escrita era conhecida, viu nela a
escrita do futuro, e passou a usá-la por duas grandes razões: (1) a impressão
grandiosa que teve de usar uma língua alfabética para seus escritos e que se
compunha de apenas 22 sinais bastante simples comparados com os
ideográficos que aprendera nas escolas do Egito; (2) Moisés compreendeu que
estava escrevendo para o seu próprio povo, cuja origem era semita como a
dos habitantes da terra onde estava vivendo, e que não eram versados em
hieróglifos por causa de sua condição de escravos.

Graças a tudo isso, a Bíblia pôde exercer grande e positiva influência na


história da humanidade. E pode ter influência sobre você também. Já leu sua
Bíblia hoje?

Michelson Borges, jornalista, mestrando em Teologia pelo Unasp e autor dos


livros A História da Vida e Por Que Creio.
Postado por Michelson às 6:36 AM

Arqueologia desvenda mistérios da Bíblia

As descobertas que mais causaram benefícios para


os estudantes da Bíblia foram, sem dúvida, as dos rolos do Mar Morto. Esse
achado confirmou a crença de que os escritos da Bíblia são exatos, conforme
foram copiados através dos séculos, a partir de uma época anterior ao
nascimento de Cristo. Outras descobertas nos ensinam a respeito de costumes
nos tempos bíblicos. Alguns nomes específicos e doutrinas mencionados na
Bíblia, também foram identificados por meio dessas pesquisas.

Os rolos do Mar Morto que estão completos já foram publicados, como os dois
com os manuscritos do profeta Isaías e parte de todos os livros do Antigo
Testamento, excetuando-se o de Ester. A única porção ainda não publicada é
composta de fragmentos de textos, que são difíceis de serem interpretados.
Os eruditos estão idosos e muitas pessoas ficam aborrecidas porque o trabalho
de interpretação tem sido vagaroso. Porém, esses fragmentos estão sendo
transferidos para profissionais mais jovens, e esperamos que nos próximos
anos todos eles sejam publicados. Existe a expectativa de que os resultados
trarão novidades animadoras.

Os mais antigos manuscritos, os do Antigo Testamento, são do III século a.C.


Os do Novo Testamento datam do II século d.C. Não há diferenças teológicas
ou históricas entre os antigos textos e a Bíblia atual. Eles se correspondem
exatamente.

Descanso do coração

Possivelmente, o início da civilização ocorreu cinco mil anos atrás, quando


começou a urbanização, a especialização de certos trabalhos e a invenção da
escrita. Nos escritos dos sumérios, povo que viveu há cinco mil anos, a palavra
"sábado" se relaciona com o "sábado de descanso". No caso deles, isso se
refere a um dia de descanso semanal. Na língua do sumérios, sábado significa
"o descanso do coração". A cada sete dias eles tinham um dia do mal, que não
chamavam de sábado.

Os eruditos dizem que o sábado foi trazido pelos israelitas do cativeiro na


Babilônia, mas há evidências arqueológicas de que os judeus guardavam o
sábado na Palestina antes desse cativeiro. Conforme já disse, na
Mesopotâmia, em tempos primitivos, a palavra sábado existia e havia certos
dias em seqüência de sete, relacionados com o mês e não com semanas. Isso
sugere que existiam sábados de uma forma parecida com o sábado hebreu,
mas não exatamente iguais.

O número sete era muito popular nos países do Oriente Médio, mas os judeus
foram os únicos que o mantiveram como um dia sagrado. Existem também
evidências de que os cristãos continuaram observando o sábado até o terceiro
e quarto séculos da Era Cristã. Hoje, embora existam diferenças nos
calendários referentes aos anos ou meses, não há desentendimento em
relação aos dias da semana.

Dilúvio e Babel

Não temos os ossos para submeter a idade dos antediluvianos a qualquer tipo
de análise. Acredito que realmente a idade dos patriarcas chegou a ser em
torno de mil anos. É evidente que foi uma era de ouro. As pessoas tinham uma
vida muito saudável e feliz. Porém, depois do dilúvio, tornou-se mais difícil
viver na face da Terra, e a média de duração da vida dos patriarcas caiu para
cem anos.

Há exploradores que vão ao Monte Ararate e tiram fotografias de objetos que


atiçam a curiosidade. Também existem muitas histórias e rumores sobre a
descoberta da Arca de Noé. Acho que nada disso tem procedência séria e não
merece credibilidade. Através de métodos de datação, a ciência indica que
restos de uma suposta embarcação encontrada no Ararate remontam ao
período bizantino, século VI d.C. Uma era nada antiga em relação ao tempo
de Noé.
Só existem as bases da fundação da Torre de Babel. Aparentemente, uma
parte da torre resistiu até a época de Alexandre Magno. Quando ele chegou ao
local, decidiu reconstruir a torre. Os seus homens cavaram e retiraram as
ruínas, começando a preparação de um novo edifício. No entanto, Alexandre
morreu nesse intervalo. Se agora visitarmos a região de Babilônia, no Iraque,
encontraremos o buraco no qual a torre existiu.

Egito e Arca do Concerto

Na minha opinião, o faraó do Êxodo foi Tutmés III, que morreu em 1450 a.C. A
data de sua morte confere com a cronologia bíblica. Apesar da existência da
múmia de Tutmés III, no Museu do Cairo, comprovou-se que ela não é a múmia
desse faraó. Talvez seja de seu pai ou de seu filho. Pode ser uma múmia
substituta que colocaram no lugar do seu túmulo, pois o faraó Tutmés morreu
no Mar Vermelho. Chega-se a essa conclusão através de exames de raios X nos
ossos da múmia.

Os arqueólogos não encontraram as ruínas dos muros de Jericó porque depois


da destruição destes por Josué, a cidade ficou ao relento, sujeita às
intempéries da natureza por cerca de 500 anos. A camada mais elevada
daquela civilização foi totalmente destruída por erosões, por isso não é
possível encontrar remanescentes daquela época. Os arqueólogos
encontraram apenas ruínas de túmulos.

O único texto antigo tratando sobre a Arca do Concerto se encontra no


segundo livro de Macabeus. O primeiro livro de Macabeus é considerado uma
boa fonte histórica, mas o segundo é pouco confiável e, infelizmente, é ele
que afirma que Jeremias e seus homens enterraram a Arca no Monte Nebo.

Alguns eruditos dizem que eles não tiveram tempo para transpor o Rio Jordão,
e acham que a Arca poderia ter sido escondida no monte em que estava o
templo de Salomão. Nesse lugar havia várias cavernas. A verdade é que ela
desapareceu durante a destruição de Jerusalém e não sabemos onde ficou.
Seria um fato maravilhoso se pudéssemos localizá-la.

Lawrence Geraty, doutor em Arqueologia pela Universidade Harvard, é


presidente da Universidade Adventista de La Sierra, na Califórnia, Estados
Unidos (texto Baseado em entrevista concedida a Paulo Pinheiro, da Casa
Publicadora Brasileira).

(Paraná Online)
Postado por Michelson às 6:27 AM

A história do “Vaso Novo”


Você já ouviu aquela música que diz: “Eu quero
ser, Senhor amado, como um vaso nas mãos do oleiro”? É realmente uma linda
canção, não é mesmo? Sua letra está baseada num texto de Isaías 64:8, que
diz: “Mas agora, ó Senhor, Tu és nosso Pai; nós o barro, e Tu o nosso oleiro; e
todos nós obra das Tuas mãos.”

O oleiro era justamente o profissional que fabricava jarros, vasos e outros


artefatos de barro. Ele rodava a argila numa espécie de disco de madeira e
habilmente ia dando forma à peça com suas mãos hábeis. Se o resultado final
não fosse bom, ele amassava de novo o barro e começava tudo de novo até
ficar com a forma desejada. Somente então, ele colocava a peça para secar
ao sol ou em fornos, para depois ser vendida no mercado.

Nos tempos bíblicos, os vasos de argila eram bastante usados pelas pessoas em
geral. Eles eram essenciais para os trabalhos do dia-a-dia. Cacos de antigos
vasos são o que mais se encontram nas escavações arqueológicas das terras
bíblicas. Muitos deles eram enterrados no chão das casas e serviam como uma
espécie de silo onde o trigo e os grãos poderiam ser estocados sem estragar.

Uma vez que a cor e o formato das cerâmicas mudavam periodicamente, os


vasos (ainda que quebrados) tornam-se muito úteis na hora de o arqueólogo
estabelecer a data de um sítio. Ou seja, pelo tipo de vasos encontrados numa
casa, dá para saber o período aproximado em que determinada família ocupou
aquele lugar.

Povos antigos também usavam os vasos para tirar água das cisternas e levar
para casa, onde ficaria estocada mantendo uma temperatura agradável. Aliás,
ainda hoje algumas famílias de beduínos (grupo de pessoas que moram no
deserto) conservam o costume de estocar alimentos e água em grandes vasos
de barro. Eu mesmo já tive a oportunidade de ficar num acampamento de
beduínos no deserto de Bayuda (que faz parte do Saara) onde havia vários
vasos de barro guardando alimento. Apesar do calor, a água que me serviam
era fria e agradável. Parecia até que tinha ficado por alguns minutos na
geladeira...

Os vasos também permitiam aos antigos estocar vinho e óleo que, enterrados
no chão, mantinham uma temperatura fresca fazendo com que o conteúdo
não ficasse morno devido ao intenso calor.

Agora que você sabe a importância do vaso para o dia-a-dia dos povos antigos
fica fácil compreender porque a Bíblia compara nossa vida a um vaso que está
saindo das mãos do oleiro. Deus, o nosso Oleiro, nos fez com muito carinho.
Ele nos modela a cada dia de nossa vida e nos pede para sermos como um bom
vaso de barro, estocando em nosso interior as águas do amor de Cristo.

Rodrigo Silva é professor de Novo Testamento no Centro Universitário


Adventista e especialista em Arqueologia.
Postado por Michelson às 6:15 AM

As pragas do Egito

Alguns céticos duvidam da Bíblia simplesmente


porque não encontram monumentos que descrevam todos os seus
acontecimentos. Eles fazem isso com a história das dez pragas do Egito. Por
não acharem ali nada que confirme a história do Êxodo, julgam que ela jamais
aconteceu.

Ora, por que os egípcios iriam registrar para o mundo o vexame que passaram
com a saída dos hebreus? É claro que eles ficariam calados a respeito disso.
Contudo, outros povos, fora da Bíblia, testemunharam a ocorrência das pragas
que Deus enviou através do profeta Moisés e mesmo dentre a correspondência
particular de alguns egípcios é possível encontrar pistas do que aconteceu ali
naquela época.

Vamos ver primeiro o que escreveu Deodoro Siculo, historiador grego do I


século a.C., cujo testemunho dura até hoje:

“Nos tempos antigos houve uma grande praga no Egito e muitos a atribuíram
ao fato de Deus estar ofendido com eles por causa dos estrangeiros que
estavam em seu país... Os egípcios concluíram que, a menos que os
estrangeiros fossem mandados embora de seu país, eles jamais se livrariam de
suas misérias. Sobre isto, conforme nos informaram alguns escritores, os mais
eminentes e estimados daqueles estrangeiros que estavam no Egito foram
obrigados a deixar o país ... [portanto] eles se retiraram para a província que
agora se chama Judéia. Ela não fica longe do Egito e estava desabitada na
ocasião. Aqueles emigrantes foram pois conduzidos por Moisés, que era
superior a todos em sabedoria e poder. Ele lhes deu leis e ordenou que não
fizessem imagens de deuses, pois só há um Deus no Céu que está sobre tudo e
é Senhor de tudo.”

Temos ainda o diário de um egípcio chamado Ipuwer que foi encontrado no


Egito em 1820 e levado para o museu da Universidade de Leiden, na Holanda,
onde permanece até hoje. Lá, o escritor antigo lamenta o estado do Egito e
diz numa carta endereçada a faraó: “Os estrangeiros (hebreus?) vieram para o
Egito ... [eles] têm crescido e estão por toda a parte [lit. ‘em todos os
lugares, eles se tornaram gente’]... o Nilo se tornou em sangue ... [as casas] e
as plantações estão em chamas ... a casa real perdeu todos os seus
escravos ... os mortos estão sendo sepultados pelo rio ... os pobres (escravos
hebreus?) estão se tornando os donos de tudo ... os filhos dos nobres estão
morrendo inesperadamente... o [nosso] ouro está no pescoço [dos
escravos?] ... o povo do oásis está indo embora e levando as provisões para o
seu festival [religioso?].”

Essas palavras são muito parecidas com as pragas descritas em Êxodo 7:14-24,
especialmente a primeira e a última. A referência aos escravos que agora se
vão e ainda levam consigo algumas riquezas parece ecoar o testemunho
bíblico de que os hebreus foram “e pediram aos egípcios objetos de prata e de
ouro ... de modo que estes lhes davam o que pediam. E despojaram os
egípcios” (Êxodo 12:35-36).

Mais uma vez a História confirma a Palavra de Deus.

Rodrigo Silva é professor de Novo Testamento no Centro Universitário


Adventista e especialista em Arqueologia.
Postado por Michelson às 6:10 AM

A riqueza de Herodes

A Bíblia menciona vários reis da Judéia que tinham o


nome de Herodes. Na verdade, trata-se de vários herdeiros de sangue real que
tomavam esse nome por uma questão de monarquia, como ocorria com os
vários césares que Roma teve.

Quando Jesus nasceu, o Herodes que comandava Jerusalém era um homem


perverso e tremendamente político. Usando falcatruas e artimanhas, ele
conseguiu acordos na corte romana e firmou-se no poder. Adorava construir
prédios e parecia ser bom nisso. Ele completou o templo, ampliou os muros de
Jerusalém e inaugurou teatros e hipódromos. Aliás, um dos anfiteatros que ele
construiu foi restaurado recentemente e até hoje serve de palco para shows
realizados em Jerusalém. Até cantores brasileiros já se apresentaram lá!

Mergulhado em investimentos imobiliários, Herodes tornou-se muito rico.


Pesquisas arqueológicas revelaram que sua renda anual ultrapassava 13
milhões de denários, uma quantidade que hoje equivaleria a mais de 1,6
milhão de dólares (mais de 3 milhões de reais).

Mas a riqueza da família Herodes não vinha apenas do mercado imobiliário.


Ele faturava muito dinheiro com os pesados impostos que impunha ao povo.
Por exemplo, cada agricultor tinha que devolver 1/4 do que colhia para os
cofres do governo; o comerciante tinha que pagar 1/3 sobre os grãos que
vendia e 1/2 sobre as frutas. Era dinheiro que não acabava mais.

Nada disso, porém, trouxe paz à família real que vivia às voltas com
assassinatos entre parentes, adultérios, ganância e louca busca pelo poder.
Hoje, acredite se quiser, o túmulo da família de Herodes – que fica numa
praça de Jerusalém – teve que ser lacrado pela prefeitura, pois acabou se
tornando depósito de lixo e ponto de encontro para delinqüentes e traficantes
de drogas.

Como é triste verificar pessoas sofrendo da síndrome de Herodes. Pensam que


o dinheiro e a glória deste mundo podem garantir a verdadeira paz.
Esquecem-se, no entanto, de que Cristo é o único que pode conceder a
felicidade eterna e que, sem Ele, nada valerá a pena.

Rodrigo Silva é professor de Novo Testamento no Centro Universitário


Adventista e especialista em Arqueologia.
Postado por Michelson às 6:00 AM

O mordomo do Rei Joaquim

Para conseguir viver, precisamos uns dos outros.


Por isso, em todas as sociedades, as pessoas se organizam, de modo que cada
indivíduo desempenhe uma função útil para o grupo. Uns assumem a
responsabilidade de produzir alimentos, outros constroem abrigos, outros
cuidam da segurança, e assim por diante. Para que tudo funcione direito, é
necessário que haja também pessoas responsáveis pela coordenação de todas
essas inúmeras atividades. Essas pessoas são as que chamamos de “líderes”,
uma das mais importantes funções. Por isso, as pessoas que escolhemos como
líderes deveriam ser as melhores. Contudo, isso nem sempre acontece. Às
vezes, infelizmente, o líder é uma das piores pessoas.

Quando Joaquim completou 18 anos, foi escolhido para ser o rei de Israel, em
lugar do pai, Jeoaquim. A Bíblia diz que ele “fez o que era mau perante o
Senhor” (II Crônicas 36:9). Reis e homens poderosos, mesmo que sejam maus
e corruptos, sempre atraem seguidores – alguns incautos, outros
inescrupulosos; pessoas que fazem de tudo para estar perto dos poderosos
tentando obter alguma vantagem pessoal.

Com Joaquim não foi diferente: ele tinha seguidores. Escavações


arqueológicas em Beth-shemesh e em Tell Beit Mirsim, Israel, encontraram
três alças de vasos de barro impressas com um selo que dizia: “Pertence a
Eliaquim, mordomo de Joaquim”.

Esse tipo de “selo” era comum na Antiguidade. Eles se pareciam mais com
carimbos, feitos de metal ou pedra. Quando os vasos de barro estavam ainda
frescos, antes de serem endurecidos pelo fogo, usava-se o selo para imprimir
uma marca em sua superfície. Essa marca geralmente trazia o nome do rei ou
de alguém importante. Era uma maneira de identificar os utensílios que
pertenciam ao palácio, ao templo, ou a alguma família rica. Por outro lado,
freqüentemente, era também uma expressão de poder, de vaidade.

A vaidade, porém, é efêmera. O reinado de Joaquim durou apenas três meses


e dez dias. No ano 597 a.C, os exércitos de Nabucodonosor invadiram Israel e
levaram Joaquim preso para Babilônia, juntamente “com os mais preciosos
utensílios da casa do Senhor” (II Crônicas 36:9 e 10). Devem ter levado o ouro,
a prata, as pedras preciosas. Para trás ficaram apenas os vasos de barro com
seus selos, testemunhas da veracidade histórica da Bíblia e de um curtíssimo e
infeliz reinado.

Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em


Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa)
e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente
(Educriança)
Postado por Michelson às 6:00 AM

A Cidade de Davi

Muitas descobertas arqueológicas têm sido feitas


por mero acaso, durante a realização de obras públicas. Recentemente, em
Jaffa (antiga Jope), por exemplo, quando a cidade reformava uma de suas
avenidas, foram encontradas ruínas dos tempos dos Cruzados. A reforma está
agora parada, enquanto os arqueólogos escavam e documentam o que foi
achado. Curiosamente, obras públicas que não foram feitas também têm
propiciado importantes descobertas arqueológicas. É o que está acontecendo
hoje em Jerusalém.

Conta-se que, no começo do Século 16, o sultão Suleiman teve um sonho que
o deixou grandemente impressionado. Ele viu os muros de Jerusalém caídos e
sentiu-se chamado a reerguê-los, sob risco, se não o fizesse, de ser queimado
no inferno! Supersticioso como era, o sultão não quis correr riscos e, sem
jamais ter ido a Jerusalém, ordenou que seus muros fossem reconstruídos. As
obras começaram em 1537 e foram concluídas em 1541 (portanto, pouco
tempo depois do descobrimento do Brasil). Quem visita Israel pode, ainda
hoje, ver esses imponentes muros e seus majestosos portais circundando a
velha Jerusalém.

Uma parte da cidade, porém, ficou do lado de fora dos muros! Talvez tenha
sido por erro dos arquitetos ou, talvez, por ganância, pois, fazendo um muro
menor, sobraria algum dinheiro para eles. O fato é que, irado com isso, o
sultão ordenou a morte dos construtores.

Mas, se Suleiman não gostou da história, os arqueólogos, hoje, estão gostando


muito! Isso porque eles estão descobrindo coisas muito importantes do lado de
fora que, se estivessem dentro dos muros, não poderiam ser escavadas.
Afinal, Jerusalém é uma cidade sagrada para várias religiões e, além disso, é
toda ocupada. Mesmo sabendo que a cidade certamente se assenta sobre
tesouros históricos de valor incalculável, é quase impossível escavar dentro
dos muros.

E, sabe o que os engenheiros do sultão deixaram do lado de fora dos muros?


Justamente a área onde o rei Davi construíra seu palácio! A Bíblia diz que
“habitou Davi na fortaleza e lhe chamou a Cidade de Davi; foi edificando em
redor, desde Milo e para dentro.... Hirão, rei de Tiro, enviou mensageiros a
Davi, e madeira de cedro, e carpinteiros, e pedreiros, que edificaram uma
casa a Davi” (II Samuel 5:9 e 11). Essa área, atualmente, está sendo escavada
pelos arqueólogos. Estamos ansiosos para saber o que eles descobrirão ali!

Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em


Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa)
e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente
(Educriança)
Postado por Michelson às 5:52 AM

As cisternas de Jeremias

A placa, escrita em hebraico e inglês, alertava


“PERIGO”. Dei uma olhada em minhas botas, com solado espesso e
antiderrapante, cobrindo até o tornozelo, e em minhas grossas calças jeans.
Meus pés e pernas estavam bem protegidos. Resolvi, então, entrar no grande
buraco que havia dentro das ruínas de Tel Arad. Eu estava curioso demais para
dar muita atenção à placa.

Arad é uma antiga fortaleza, mencionada algumas vezes na Bíblia. Ela foi
construída, provavelmente, pelo rei Salomão e utilizada por todos os seus
sucessores. Sua localização era importante para proteger a fronteira do sul de
Israel, mas tinha um grave inconveniente: ficava num lugar extremamente
árido, nas bordas do deserto do Negev. Água, ali, era uma raridade.

Por isso, os habitantes fizeram o que era muito comum naquela época.
Cavaram um imenso buraco no chão, uma cisterna, para guardar a água do
breve período de chuvas e, assim, poderem sobreviver no prolongado período
de seca. As cisternas precisavam, naturalmente, ser cavadas na rocha pura,
onde não houvesse rachaduras ou porosidade. Caso contrário, a água vazaria
totalmente.

Era numa dessas cisternas que eu estava entrando; um poço de boca bem
grande, de uns 4 metros de largura por 3 metros de profundidade. Quando
cheguei no fundo, observei que ele não terminava ali, mas continuava
horizontalmente, por baixo da fortaleza, como se fosse um longo túnel,
escuro, talvez de uns 20 metros de comprimento. Felizmente, estava vazio e
seco. Mas estava muito mal cheiroso, cheio de moscas e alguns morcegos.

Lembrei-me imediatamente do fiel e corajoso profeta Jeremias. Foi numa


cisterna como essa, em Jerusalém, que seus inimigos o jogaram. Ela também
estava vazia, mas cheia de lama, e Jeremias ficou atolado, sem poder escapar
(Jeremias 38:6). Eles fizeram isso porque não queriam mais ouvi-lo falar sobre
as terríveis conseqüências que ocorreriam por causa da maldade do povo. Em
um desses seus sermões, Jeremias disse: “Ficai estupefatos, diz o Senhor.
Porque dois males cometeu o Meu povo: a Mim Me deixaram, o manancial de
águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas”
(Jeremias 2:12 e 13).

Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em


Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa)
e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente
(Educriança)
Postado por Michelson às 5:48 AM

A Bíblia merece confiança?


De seu primeiro livro (Gênesis) ao último (Apocalipse), a
Bíblia é composta de 66 livros escritos por cerca de 40 escritores de formação
social, educacional e profissional bem diversificada. A escrita foi feita num
período de 16 séculos; mesmo assim, o produto final é um livro harmonioso e
coerente. “Considere isto: se você escolhesse dez pessoas vivendo ao mesmo
tempo na História, vivendo na mesma área geográfica básica, com os mesmos
recursos educacionais básicos, falando a mesma língua, e pedisse que
escrevessem independentemente sobre o seu conceito pessoal de Deus, o
resultado seria tudo, menos um testemunho unificado. Nada mudaria se lhes
pedisse para escrever sobre o homem, a mulher ou o sofrimento humano, pois
está na natureza dos seres humanos diferir em questões controversas.
Todavia, os escritores bíblicos concordam não só nesses assuntos como em
dezenas de outros. Eles têm completa unidade e harmonia. Só há ‘uma’
história nas Escrituras do começo ao fim, embora Deus tivesse usado autores
humanos diferentes para registrá-la”, escreveram Josh McDowell e Don
Stewart, no livro Razões Para os Céticos Considerarem o Cristianismo.

Além dessa harmonia interna da Bíblia, há muitos achados arqueológicos que


confirmam sua veracidade. Um desses casos está no livro do profeta Daniel,
capítulo 5, onde menciona que o rei de Babilônia, em 539 a.C., era Belsazar.
Mas a História oficial afirmava que esse homem nem sequer existira. No
entanto, W. H. F. Talbot publicou em 1861 a tradução de uma oração – escrita
em caracteres cuneiformes – oferecida pelo rei Nabonidus, na qual ele pede
aos deuses que abençoem seu filho Belsazar! Os críticos, então, aceitaram a
existência de Belsazar, mas em sua resistência contra a Palavra de Deus,
alguns deles continuaram insistindo que Belsazar jamais fora identificado
como rei, fora da Bíblia. Até que, em 1924, foi traduzido e publicado o Poema
de Nabonidus (Tablete nº 38.299 do Museu Britânico) por Sidney Smith. Esse
documento histórico oficial atesta que Nabonidus deixou Babilônia e se dirigiu
a Tema, e no trono deixou quem? Belsazar!

Uma vez mais o relato bíblico estava confirmado. Daniel vivia na corte de
Babilônia e estava familiarizado com esse costume de o filho assumir o cargo
do pai, quando este saía em excursões militares. Por mais que alguns tentem
desmerecer a Bíblia, ela tem resistido às críticas e ajudado muitas pessoas a
serem felizes. Você já leu sua Bíblia hoje?

Michelson Borges, jornalista, mestrando em Teologia pelo Unasp e autor dos


livros A História da Vida e Por Que Creio
Leia também: "Cuneiform tablet with part of the Nabonidus Chronicle"
Postado por Michelson às 5:44 AM

Os meninos arqueólogos

Você sabia que dois dos maiores achados arqueológicos


foram encontrados por crianças? É isso mesmo, meninos com menos de 12
anos de idade e que ainda freqüentavam a escola básica.

O primeiro ocorreu em 1880. Na época, a cidade de Jerusalém ainda não era


governada pelos judeus e havia muitos palestinos que moravam dentro de seus
muros (bem mais que nos dias de hoje). Como você já deve ter visto pelos
jornais, os palestinos e judeus sempre brigam pela posse daquela terra e isso
não é nada bom.

Mas, ignorando a estranha guerra dos adultos, havia ali um grupo de crianças
que preferia aproveitar a vida brincando e fazendo amizades a odiar ou matar
seu semelhante. Eles eram pobres e suas mães costumavam lavar roupas no
tanque público de Siloé, que fica na parte sul da cidade. O tanque também é
muito antigo. Suas águas vêm de um túnel de mais ou menos 540 metros que
dá nas fontes de Gihom.

Os garotos gostavam de brincar de “pega-pega” atravessando o túnel, cuja


água dava na cintura. Era muito escuro ali dentro, mas o uso de lamparinas
ajudava a enxergar um pouco o local. Um dia, os meninos perceberam uma
inscrição cheia de lodo e tiveram a idéia de chamar o professor Conrad
Schick, um arqueólogo que estava passando uns dias na cidade. Quando ele
pesquisou a inscrição achada pelos meninos, ficou surpreso com o que eles
haviam descoberto: era um texto da época do rei Ezequias que contava como
o túnel foi construído. A Bíblia também fala desse túnel (II Crônicas 32:2-4) e
o achado dos meninos confirmou a história contada na Palavra de Deus.

O outro achado aconteceu 67 anos depois, em 1947. Um garoto chamado


Muhammad edh-Dhib era pastor de cabras no deserto de Judá. Um dia ele saiu
à procura de algumas cabras que haviam se perdido. Então se deparou com
uma gruta e, curioso, jogou pedras para ver se os animais estavam lá dentro.
Mas o que ouviu foi o barulho de jarros se quebrando.

Correndo para o acampamento de sua tribo, Muhammad chamou um adulto e


o levou até o local do achado, na esperança de que se tratasse de um grande
tesouro. Eles entraram no local e se surpreenderam ao encontrar grandes
jarros de barro com tampa.

Para sua frustração, o que encontraram nos potes não foram tesouros, mas
imensos rolos de manuscritos envoltos em tecido. Ali estavam os famosos
manuscritos do Mar Morto, as mais antigas cópias da Bíblia de que se tem
notícia. Elas foram escritas dezenas de anos antes mesmo do nascimento de
Jesus!

Está vendo como até as crianças ajudam na história dos achados


arqueológicos? Quando você estiver num acampamento ou num passeio com
sua família, preste a atenção em todas as coisas ao redor. De repente, bem
embaixo de seu pé, podem estar os fósseis de um antigo dinossauro que viveu
antes do dilúvio. Boa sorte nas escavações!

Rodrigo Silva é professor de Novo Testamento no Centro Universitário


Adventista e especialista em Arqueologia.
Postado por Michelson às 5:37 AM

Letras sagradas

Numa madrugada, quando Gideão e suas tropas voltavam


de uma batalha no vale do Rio Jordão, ele capturou um menino da cidade
inimiga de Sucote e o submeteu a um interrogatório. A Bíblia diz que ele foi
pressionado a revelar importantes informações militares. Então, o menino
“escreveu para Gideão os nomes dos setenta e sete chefes e líderes de
Sucote” (Juízes 8:14).

Isso não seria nada surpreendente se a história tivesse acontecido hoje. Mas
isso foi há mais de três mil anos e o garoto sabia escrever! Esse episódio
indica que, já naquela época, muitas pessoas liam e escreviam. Os
arqueólogos que trabalham no Oriente Médio têm encontrado milhares de
inscrições antigas.

Que instrumentos o menino teria usado? Uma caneta esferográfica e um


caderno espiral? Nada disso. Em cada região usava-se um material, uma língua
e uma escrita diferentes. Na Mesopotâmia, região onde se encontravam as
famosas cidades de Nínive, Babilônia e Ur – e onde, provavelmente, a escrita
foi inventada – as pessoas escreviam em tabuinhas de argila ainda mole,
utilizando um estilete como caneta. Quando a redação terminava, esses
tabletes de barro eram queimados no fogo para endurecer. Milhares desses
tabletes, que incluíam cartas, listas de mercadorias, contratos, exercícios
escolares e bibliotecas inteiras, têm sido encontrados pela Arqueologia.

No Egito, as pessoas preferiam usar o papiro, uma planta que crescia


abundantemente às margens do rio Nilo, com a qual se fazia uma espécie de
papel. Milhares de folhas e rolos de papiros com esse tipo de escrita foram
encontrados dentro de sarcófagos, sepulturas, templos e palácios descobertos
no Egito.

Os povos da Palestina, inclusive os judeus, por serem pastores de ovelhas e


cabras, usavam o pergaminho, que era feito com o couro desses animais. A
própria Bíblia, em grande parte, foi escrita em rolos de pergaminho. Eles são
mencionados em vários textos, como o de Salmo 40:7: “Eis aqui estou, no rolo
do livro está escrito a meu respeito.”

Portanto, quando a Bíblia foi produzida, a escrita já estava bastante


desenvolvida, aperfeiçoada e difundida. Muitas pessoas, em todas as partes,
sabiam ler e escrever. Assim, podiam mais facilmente trocar idéias com
outras pessoas; podiam aprender muitas coisas sobre outros povos e sobre o
mundo; podiam, acima de tudo, ler a Bíblia e, como disse o apóstolo Paulo,
“desde a infância, sabes as sagradas letras, que podem tornar-te sábio para a
salvação” (II Timóteo 3:15). De fato, se não cultivamos a habilidade de ler,
perdemos a oportunidade de experimentar muita coisa boa!

Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em


Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa)
e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente
(Educriança)

O irmão de Jesus

Algumas pessoas não gostam nem de passar perto


de cemitérios. Não é o que acontece com os arqueólogos! Na verdade, eles
ficam muito contentes quando encontram uma sepultura antiga. Isso porque
pode-se aprender muito com elas.

À semelhança do que acontece hoje, a maioria dos povos da antigüidade


acreditava que a vida continuava depois da morte. Por essa razão, os mortos
eram sepultados com objetos que, supostamente, poderiam ser úteis na vida
futura. Nutria-se, também, grande respeito pelos mortos. Por isso, as
sepulturas eram consideradas invioláveis.

Muito cedo na história, surgiram ladrões especializados em saquear


sepulturas, porque sabiam que nelas podiam encontrar pequenos e grandes
tesouros. Nas escavações arqueológicas, é comum encontrar sepulturas
remexidas, vazias, saqueadas. Contudo, ocasionalmente, para alegria dos
arqueólogos, encontram-se sepulturas intocadas, com os restos mortais e
todos os objetos na exata posição em que foram enterrados, milênios atrás.
Nas ruínas de Israel, por exemplo, encontram-se milhares de vasos quebrados
mas, dentro das sepulturas, é comum encontrar vasos inteiros, em perfeito
estado de conservação.

Às vezes, tesouros de valor incalculável são achados. Em 1922, o arqueólogo


inglês Howard Carter encontrou a sepultura do faraó Tutankhamon, do mesmo
jeito em que foi fechada há quase 3.500 anos! Ela estava repleta de
fantásticos tesouros! Quem visita o Museu do Cairo pode ver de perto o que os
olhos fascinados de Carter viram ao entrar no túmulo do rei egípcio: sua
múmia, sarcófagos, móveis, tronos, camas, carruagens, cetros, armas, jóias,
tudo coberto de ouro.

Em 1974, outro achado surpreendente foi feito por agricultores. Ao cavar um


poço, eles encontraram a sepultura do imperador chinês Qin Shi Huang, com
suas milhares de estátuas, em tamanho natural, de soldados, cavalos e vários
outros animais, enterrados há mais de dois mil anos.

Mais recentemente, uma outra descoberta fantástica veio à luz. Desta vez,
muito provavelmente, graças aos ladrões de cemitério! Em 2002, André
Lemaire, arqueólogo da Universidade de Sorbonne, visitando uma loja de
antiguidades em Israel, encontrou uma urna funerária de origem
desconhecida. Para sua enorme surpresa, a urna trazia a inscrição, em
hebraico antigo: “Tiago, filho de José, irmão de Jesus”.

O Evangelho de Mateus registra a seguinte referência a Jesus: “Não é este o


filho do carpinteiro? Não se chama Sua mãe Maria, e Seus irmãos, Tiago, José,
Simão e Judas?” (Mateus 13:55; cf. Marcos 6:3). Além de irmão, Tiago era
também um dos apóstolos. Paulo refere-se a ele nos seguintes termos: “Não vi
outro dos apóstolos, senão Tiago, o irmão do Senhor” (Gálatas 1:19).

Cientistas ainda estão estudando esse achado, submetendo-o a análises e


testes diversos. Mas muitos já estão convencidos de que a urna é genuína e
pode mesmo ter sido usada para guardar os restos mortais do apóstolo Tiago,
irmão de Jesus. Se isso se confirmar, essa será a mais antiga referência a
Jesus fora da Bíblia.

Jorge Fabbro é arqueólogo, coordenador do Curso de Pós-Graduação em


Arqueologia do Oriente Médio Antigo na Universidade de Santo Amaro (Unisa)
e presidente da Associação de Amparo à Criança e ao Adolescente
(Educriança)
Postado por Michelson às 5:18 AM

Lixo que fala

Se você quisesse saber tudo a respeito de seu novo


vizinho, qual seria o melhor meio? Conversar com ele ou... revirar seu lixo?
Bem, pode não ser nada educado, mas analisar o lixo de alguém, durante
algum tempo, pode ser a melhor opção!

No saco de lixo de cada dia você encontraria restos de comida; envelopes


rasgados mostrando o remetente; embalagens de remédios; louças quebradas;
roupas e sapatos velhos; pedaços de papel rabiscado; frascos vazios; extratos
bancários; cartas; contas; e uma infinidade de outras coisas – até nojentas –
mas muito, muito reveladoras!

Com esse lixo, um pouco de inteligência e um bom laboratório, imagine


quanta informação você poderia obter! Você poderia saber quantas pessoas
moram na casa; o sexo e a idade aproximada de cada uma delas; seus hábitos
alimentares; se alguém está doente e de qual doença está sofrendo; sua
condição econômica; o time para o qual torcem; suas preferências políticas; e
até sua religião.

Foi assim que espiões já obtiveram muitas informações importantes no


passado recente. E, de certo modo, é exatamente assim que nós,
arqueólogos, obtemos informações sobre os povos que viveram na
Antiguidade, há milhares e milhares de anos.

Arqueologia é a ciência que busca conhecer o passado estudando os restos


materiais deixados pelas antigas civilizações: ruínas soterradas de cidades,
templos, palácios, casas, sepulturas, utensílios, adornos, cacos de cerâmica,
fossas, cisternas, sementes, ossos, inscrições, etc.

Por isso, a Arqueologia tem sido muito útil para se estudar os lugares, os
povos e as pessoas mencionados na Bíblia. Embora eles tenham existido num
passado bastante remoto, ainda hoje podemos encontrar seu “lixo”, isto é,
seus remanescentes materiais. A Arqueologia, portanto, nos ajuda a perceber
que aquelas pessoas existiram de fato e, ainda mais importante, nos ajuda a
entender seu modo de vida, seus costumes e suas crenças. Em suma, a
Arqueologia é uma importante ferramenta para que possamos compreender
melhor a Bíblia.

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