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Proibida - Izabell Marccaro
Proibida - Izabell Marccaro
Izabell Marccaro
Direitos autorais © 2021 Izabell Marccaro
Os personagens e eventos retratados neste livro são fictícios. Qualquer semelhança com pessoas
reais, vivas ou falecidas, é coincidência e não é intencional por parte da autora.
Nenhuma parte deste livro pode ser reproduzida ou armazenada em um sistema de recuperação, ou
transmitida de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico, mecânico, fotocópia, gravação ou
outro, sem a permissão expressa por escrito da autora.
Sigmund Freud
1º Movimento
Capítulo 1
Lorena olhava novamente para aquele jovem alto e forte que flertava
consigo naquele rooftop lotado, cogitando a possibilidade de avisar aos seus
amigos que iria embora quando o viu se aproximando. O rapaz chegou bem
perto, inclinou o seu corpo e ela pode sentir a sua respiração quente quando
ele encostou a boca em sua orelha para lhe dizer:
__ Quero te conhecer!
A moça olhou para o rosto bonito daquele homem e tudo o que
desejou foi ir embora para a sua casa. Ela estava ali por insistência dos seus
amigos que praticamente a arrancaram de sua cama para arrasta-la até
aquele terraço onde funcionava o bar bem decorado. O pub havia se tornado
um badalado ponto de encontro dos jovens daquela cidade universitária
desde que fora inaugurado ha alguns meses.
__ Eu estou indo embora! __ Lorena teve que falar bem alto para
o rapaz que ainda permanecia bem próximo a si.
__ Mas não é meia noite ainda e amanhã é domingo! __ O jovem
consultou as horas em seu elegante relógio de pulso para constatar o que
dissera.
Lorena estudou a face harmoniosa do rapaz e pode perceber nele
uma aura amigável. Os seus olhos cor de mel, profundos, lhe passaram algo
de bom que inspirou confiança.
__ Ah... Tudo bem. Vou ficar mais um pouco então.
__ Ah... Deus, obrigado! __ Exclamou o jovem, olhando para o
alto, arrancando um sorriso de Lorena. Depois, ele a fitou novamente e
disse bem próximo ao seu ouvido __ esse pub tem um lugar mais silencioso
onde poderíamos ficar pra gente se conhecer melhor, o que acha?
A moça titubeou um pouco e depois se rendeu ao rapaz amigável
com a sua barba bem aparada.
__ Tudo bem, podemos ir. Vou só avisar os meus amigos aqui.
A jovem se afastou do moço e caminhou dois passos para a
esquerda para se aproximar de um casal que dançava em movimentos
cadenciados.
__ Léo, Thaís, eu estou indo para o bar com aquele “menino” ali,
mas quero ir embora com vocês, tá bom? Não me deixem para trás! __
Lorena fez uma careta no final, pois o que ela desejava mesmo era estar em
sua cama, debaixo de suas cobertas.
__ A gente não vai embora sem você, pode ficar despreocupada.
__ Leonardo agarrou uma das mãos da amiga, tranquilizando-a.
__ Obrigada, eu vou lá! __ Lorena deu um sorrisinho entre os
dentes e voltou a se aproximar novamente do rapaz, ele a conduziu até um
espaço aconchegante daquele rooftop onde poderiam conversar, pedir algo
para beber e comer.
Após ocuparem uma mesa, próximo a um janelão de vidro, o
jovem estendeu a sua mão para a moça e se apresentou.
__ Prazer em conhece-la, Enrico Grecco!
__ O prazer é todo meu, Lorena!
__ Lorena... Que nome lindo! Bom, não sei se você reparou, mas
eu estava te olhando de longe ha um bom tempo já e sinceramente, te achei
a garota mais bonita daqui!
__ Obrigada! __ Lorena esboçou um sorriso contido, estudando as
feições do rapaz a sua frente.
__ Você tem um sorriso encantador sabia?
__ Obrigada, mais uma vez!
__ Você não vai se importar se eu ficar te elogiando a noite
inteira, não é? __ Perguntou o jovem, galante.
Lorena apenas riu novamente. Não teve resposta para aquela
pergunta descabida.
__ Você quer beber alguma coisa? __ Enrico levantou uma de
suas mãos já chamando um dos garçons que circulavam naquele espaço,
com as suas rápidas passadas largas.
__ Ah... Talvez um vinho.
__ Ok! Tem algum de sua preferência?
__ Tinto, suave!
Após o garçom chegar, anotar o pedido deles e se retirar,
apressadamente, Enrico se voltou para a jovem e perguntou:
__ O que você faz?
__ Eu sou estudante da universidade federal. Faço Psicologia,
mas eu não sou louca! __ Avisou Lorena, arrancando uma gargalhada de
Enrico.
__ Imagina, eu jamais iria pensar isso de você. __ O rapaz se
divertia com a resposta da moça.
__ E você?
__ Eu também estudo lá. Faço Direito, mas não sou um
contraventor! __ O jovem tentou ser engraçado, conseguindo provocar um
sorriso preguiçoso em Lorena.
__ Grecco? De onde vem, da Grécia? __ A moça nunca havia
conhecido ninguém com aquele sobrenome, ficou curiosa para saber de
onde vinha.
__ Exatamente! A minha origem é grega, da linhagem de minha
mãe.
__ Ah, muito bonito!
__ Meu sobrenome ou eu? __ Perguntou Enrico.
__ Eu me referia ao seu sobrenome. __ Lorena se fez de
desentendida e olhou o jovem de esguelha. Geralmente, ela não tinha
paciência com os homens que a cortejavam, pois achava-os muito cheios de
si, com o ego muito inflado. Não foram poucas as vezes em que os
dispensou com um “tchau, até nunca mais”!
O garçom retornou trazendo um cálice de vinho tinto suave e uma
long neck sobre a sua bandeja. Lorena não era muito de beber, mas de vez
em quando ela se rendia.
__ Você mora aqui na cidade com a sua família ou está aqui para
estudar? __ Perguntou a moça, após tomar o seu primeiro gole da bebida.
__ Eu moro aqui com a minha família, quer dizer, com a minha
mãe. Eu não tenho pai.
__ Não tem pai, por quê? Ele morreu?
__ Não sei! Eu nunca o conheci. A minha única família é minha
mãe.
__ Desculpe-me, eu estou sendo inconveniente? __ Lorena se
sentiu mal, pois por um segundo percebeu um certo desconforto no jovem.
__ Não... É que meu pai foi um canalha! Ele... Abusou
sexualmente da minha mãe no campus universitário e ela ficou grávida, só
que ela não quis abortar e por isso eu estou aqui, bem na sua frente.
__ Enrico, me desculpa mesmo, eu acho que eu não deveria ter
entrado nesse assunto. __ Lorena ficou bastante tensa pelo rumo que a
conversa havia tomado, aquele rapaz não merecia aquilo.
__ Está tudo bem, fique tranquila! Eu não tenho problema em
conversar sobre esse assunto. Eu sou muito bem resolvido com relação a
isso porque eu sou bem diferente dele. Felizmente, eu me pareço com a
minha mãe em todos os sentidos, inclusive e principalmente, no caráter.
Lorena ouviu a última fala de Enrico e se desarmou totalmente
com relação a ele. Não era comum encontrar um homem que tivesse
disposição para se abrir assim, ainda mais em um primeiro encontro. Os
homens que chegavam nela geralmente não gostavam de falar dos seus
problemas, eles gostavam de ouvi-la para assim, montar a sua estratégia de
conquista. Falar, para os homens, em geral, significa expor as suas
vulnerabilidades, por isso são mais calados, mas essa característica não
parecia se aplicar àquele jovem sentado a sua frente.
__ Então você faz Direito. Está em qual período? __ Lorena
tentou mudar de assunto.
__ Estou no último ano. Já estou finalizando. E você?
__ Eu também. Me formo no final deste ano...
A conversa fluía entre os dois jovens de maneira natural e Lorena
percebia que estava diante de um homem bem diferente dos demais que
conhecia, pois parecia que aquele rapaz não era aquele tipo de conquistador
barato que só quer levar a mulher para a cama, comê-la e se dar por
satisfeito, não, ele parecia ser sensível e tinha um excelente papo. Eles só se
deram conta do longo tempo que ficaram ali, quando os amigos de Lorena
vieram até eles para chama-la.
__ E aí, a gente tá indo, “vamo” nessa? __ Chamou Léo.
__ Oi! Ah, esse é o Enrico! __ Disse Lorena, apresentando os
seus amigos ao rapaz e depois, completou __ Enrico, esse é o Léo e essa é a
Thaís, meus amigos e colegas de curso!
__ Oi Léo, oi Thaís, e aí? __ Enrico cumprimentou os amigos de
Lorena, amigavelmente, estendendo a sua mão para eles, educadamente.
__ Oi, prazer! _ Disse Léo, apertando a mão que lhe era estendida
pelo rapaz, depois, enquanto via a Thaís cumprimentando também aquele
jovem, se virou para a amiga e falou: __ A gente tá indo, você vem?
__ Ah, sim. Eu vou com vocês.
__ Vocês estão de carro? __ Perguntou Enrico.
__ Não, nós vamos pegar um Uber.
__ Se não se importarem, eu levo vocês. __ Propôs Enrico,
gentilmente.
__ Você disse que não era um contraventor e vai dirigir assim? __
Perguntou Lorena, pois ele havia tomado algumas cervejas e ela própria, se
sentia um pouco alta com as doses de vinho que tinha ingerido.
__ Imagina, eu estou muito bem, é só me dizer em qual hospício
você mora que eu te levo até lá! __ O rapaz falava enquanto chamava o
garçom para acertar a conta e se divertiu assistindo Lorena tentando e não
conseguindo segurar o riso que saiu largo.
Depois de descerem, os quatro jovens esperaram o manobrista
trazer o carro para partirem rumo ao apartamento que Lorena dividia com o
seu colega de curso, o Léo. Quando chegaram em frente ao prédio, os
amigos da moça agradeceram a carona, se despediram do rapaz e apearam
para esperarem a amiga na portaria.
__ Lorena, eu adorei te conhecer, de verdade. Nós podemos nos
ver de novo?
__ Tudo bem, anota meu telefone.
Enrico sacou o seu celular imediatamente, para adicionar o
contato da garota. Depois de feito, ele depositou o aparelho no painel do
carro e se voltou para ela para acariciar a sua face, sentindo a pele macia,
mas quando se reclinou para beijá-la, ela se esquivou, deixando-o no vácuo.
__ Não ganho nenhum beijinho? __ Perguntou o rapaz, dando
continuidade aos carinhos que fazia na garota.
__ Não! __ Disse Lorena, irredutível, depois completou __ boa
noite! __ Já abrindo a porta para sair.
__ Só um minuto! Que horas eu posso te ligar? __ Perguntou
Enrico, segurando a mão macia da jovem.
__ À noite, depois das vinte horas! Tchau!
Enrico viu Lorena se afastar bastante incomodado, pois não era de
levar “toco” e nem de ser tratado com tanto desdém. Ah garota! Isso não
fica assim! Pensou, dando partida em seu esportivo preto.
***
Capítulo 2
***
Capítulo 3
***
Capítulo 04
***
Capítulo 05
***
Capítulo 06
***
Capítulo 07
***
Capítulo 08
No dia seguinte, Stela acordou com uma deliciosa sensação de ter algo
quente e macio junto a si, mas quando abriu os seus olhos, levou um
tremendo susto, Lorena havia dormido consigo e estava toda recostada em
seu corpo. As nádegas da moça estavam perfeitamente encaixadas em seu
sexo. Deus! A juíza parou de respirar diante daquela situação inusitada e
imediatamente se afastou. Depois se levantou da cama com cuidado, passou
as mãos pelos cabelos sentindo o seu coração acelerado.
A mulher, atordoada, caminhou rapidamente até ao banheiro. Lá
chegando, se olhou no espelho e pode ver o seu rosto desfigurado pelo
pânico por que passara alguns segundos atrás. O que aquela moça estava
pensando? Deus! Que despropósito era aquele, dormir consigo?
Depois de sair do banheiro, Stela caminhou ligeiro até ao closet e
se vestiu para a sua habitual malhação. Antes de sair pela porta do seu
quarto, olhou para trás e viu que Lorena ainda dormia relaxadamente, em
sua cama...
Quando iniciou a sua atividade física, já na academia do prédio, a
juíza começou a traçar uma estratégia de afastamento daquela garota, pois
concluía que era muito difícil para ela, lidar com a sua proximidade. Nem
em seus sonhos mais recônditos poderia acontecer alguma coisa entre ela e
aquela moça, a namorada do seu filho!
Stela terminou de fazer a sua malhação e retornou para o
apartamento, quando entrou em seu quarto, viu, aliviada, que Lorena já
havia se retirado, inclusive, tinha deixado a cama perfeitamente arrumada.
A mulher tomou um banho, vestiu um de seus ternos sociais
monocromáticos, calçou um daqueles scarpins pretos reluzentes e foi em
direção à cozinha para tomar o café. Lá chegando, cumprimentou a sua
funcionária e se sentou para comer o mamão, como ela fazia todos os dias.
Alguns minutos depois, chegou contidamente, Lorena, já vestida para sair.
__ Bom dia Stela! Bom dia Lúcia! __ Disse a jovem,
delicadamente. __ Com licença! __ Completou ela, sentando-se próximo a
juíza que nem levantou os olhos para responder à sua mesura.
__ E então Lorena, gostou da cama do quarto de hóspedes? __
Perguntou Lúcia sorrindo, despreocupadamente.
__ Eu não dormi lá Lúcia. Eu dormi com a Stela, em sua cama. __
Respondeu a moça, ingenuamente, servindo-se de suco.
Stela entrou em pânico, mais uma vez, pegando uma generosa
colherada da polpa avermelhada do mamão e enchendo a sua boca. Ela não
conseguia nem sentir o gosto daquela fruta, de tão aturdida que ficou com a
resposta da jovem à sua funcionária. Percebia a sua face queimando e
tentava parecer natural, mas a vontade que teve foi de enfiar a sua cabeça
em um buraco, tamanho o desconforto que sentia.
__ É que nós estávamos vendo um filme e acabamos dormindo.
__ Continuou Lorena, pegando uma torrada para si.
A mulher permanecia calada, apenas enchendo a sua boca de
comida, exatamente para não ter que dizer nada e correr o risco de se expor
ainda mais.
__ Hum, e você, gostou do filme Stela? __ Perguntou a jovem,
após dar uma mordida em seu pão.
__ Sim! __ A juíza respondeu sem ao menos levantar os seus
olhos, tentava se proteger de todas as formas.
__ Stela, por onde você passa para chegar ao seu trabalho? __
Voltou a perguntar Lorena, ignorando totalmente o turbilhão de sentimentos
que eclodiam dentro da silenciosa mulher.
__ Eu vou pela avenida principal!
__ Se não for incômodo pra você, poderia me dar uma carona? A
clínica onde faço o meu estágio fica nessa avenida.
__ Claro! Sem problema.
A mulher não conseguia levantar os seus olhos para encarar
Lorena. A impressão que ela tinha é que se ela olhasse nos olhos daquela
garota, ela iria ser desvendada e isso não podia acontecer de jeito nenhum.
Ao terminarem de tomar o café, as duas desceram para a garagem
com o fim de pegarem o carro. Quando entraram dentro daquele confortável
sedan preto importado, Stela girou a chave, ligou o ar condicionado e pôs o
carro em movimento. O som, automaticamente foi acionado e o Bolero de
Ravel começou a ser executado.
Lorena, mais uma vez, teve aquela sensação de completude.
Parecia que estar dentro daquele carro em movimento ao lado daquela
mulher, ouvindo aquela música perfeita, poderia ser a última coisa que faria
em sua vida, pois aquele momento passava a ela a impressão que havia
chegado ao cume de uma montanha...
A jovem olhou para Stela, que agora estava com os seus óculos
escuros, manejando o volante com toda precisão e pode constatar o quanto
aquela mulher era elegante e magistral. Aquele instante estava sendo tão
mágico que a moça conseguia ver as partículas do ar que brilhavam sob a
luz do sol que acabara de nascer. Elas dançavam em torno da juíza,
parecendo acompanhar o ritmo cadenciado da marcha clássica que
preenchia aquele espaço. Era hipnotizante!
Stela percebeu, pela sua visão periférica, que estava sendo
observada, ela então olhou de soslaio para a garota e perguntou:
__ O que foi?
__ Nada! __ Respondeu simplesmente, a jovem, voltando a olhar
para frente.
__ Desculpe-me, mas no meu carro só tem música clássica. Quer
que eu desligue o som?
Naquele instante, Stela se lembrou que a pessoa que estava ao seu
lado era muito jovem e certamente, não devia gostar daquele tipo de
música. Devia estar sendo uma tortura para ela, pensou.
__ Não! Eu estou gostando. __ Respondeu Lorena.
E assim elas cruzaram toda aquela avenida até a moça pedir para
a mulher parar em frente ao prédio onde ficava a clínica do Dr. Willian.
__ Stela, muito obrigada pela carona. Tenha um bom dia! __ Após
agradecer, a jovem se inclinou, deu um beijo no rosto da juíza e apeou.
Assim que Lorena saiu, Stela arrancou o carro sentindo o beijo da
jovem em seu rosto, como se o local exato tivesse sido marcado com um
ferro em brasa. Ela passou a sua mão naquele lugar e depois respirou fundo,
como se quisesse extirpar aqueles pensamentos obscuros insistentes.
O dia da magistrada fluiu normalmente, mas vez ou outra ela
punha-se a pensar no que poderia fazer para afastar-se de Lorena e uma de
suas medidas foi ficar até mais tarde naquele fórum. Planejou chegar em
casa a noite, tomar o seu banho, comer algo rápido na cozinha e deitar-se,
somente isso. Então, eram dezessete e trinta horas quando a juíza pegou
uma nova pasta e a abriu para começar a estudar um novo processo.
Bianca, a sua mais competente e próxima assessora, que não saia
daquele fórum antes da magistrada de jeito nenhum, se incomodou com
aquele ato, pois imaginou que os trabalhos por aquele dia já haviam
terminado. A jovem então voltou a se sentar próximo da juíza para aguardar
as atribuições inerentes ao seu cargo.
Às dezenove horas Stela sucumbiu e, para a felicidade de Bianca,
anunciou a sua partida. Depois de uns trinta minutos, ela entrou em seu
apartamento, fechou a porta atrás de si trancando-a e olhou à sua volta, para
ver se via ou ouvia algum movimento. Não escutando absolutamente nada,
deixou a sua bolsa sobre uma poltrona e caminhou até a cozinha para tomar
um copo de água.
Quando a mulher chegava até a peça, se deparou com a jovem, de
costas, picando alguns temperos em cima da bancada de mármore. A juíza
estacou e desceu com os seus olhos pelas costas de Lorena, observando
aquela cascata de cabelos castanhos ondulados que pendiam de sua cabeça e
iam parar no início daquela bunda arredondada e perfeita que quase
aparecia por debaixo da pequena camisola que ela usava. Sentindo a sua
boca que estava aberta, secar, Stela decidiu voltar para trás, sem tomar o seu
copo de água, mas quando se virou para sair, ouviu da moça:
__ Stela!
A juíza parou e lentamente, se voltou e pode visualizar os seios
perfeitos da jovem sob aquele fino tecido. O seu coração estava acelerado e
a necessidade daquele copo com água se fazia urgente.
__ Oi Lorena!
__ Você chegou mais tarde hoje. __ Observou a moça.
__ Sim! Eu tive uns... Contratempos no fórum. __ Mentiu.
__ Eu estou preparando algo pra gente comer...
__ Não precisa! Não se preocupe com isso. Faça apenas um
lanche rápido para você e vá se deitar. __ Falou a mulher, de forma seca.
Parecia mais uma reprimenda.
__ Eu não estou entendendo, você gostou do que eu fiz ontem...
__ E o Enrico, entrou em contato com você? __ Perguntou Stela,
gesticulando as mãos, pois aquela jovem nunca falava do seu filho. Parecia
que nem se lembrava da existência do namorado e não deveria ser assim,
não é?
__ Ele fez uma chamada de vídeo hoje, à tarde. Ele estava no
STF, em plena sessão. Um dos ministros estava falando. Ele parecia bem
empolgado!
__ Certo! Bom, então eu vou tomar o meu banho. __ A juíza
virou-se e começou a andar rumo ao seu quarto.
__ Stela e o que eu faço? __ Perguntou a moça, apontando os
condimentos já picados, com o seu polegar.
A mulher se voltou mais uma vez e falou:
__ Eu já disse! Faça um lanche rápido para você e depois vá se
deitar.
__ Stela, eu fiz algo de errado? Se eu fiz, você poderia me dizer o
quê, por favor? __ Perguntou mais uma vez, a jovem, colocando as duas
mãos postas em frente à sua boca, temerosa. Ela não estava compreendendo
o repentino distanciamento daquela mulher.
__ Você não fez nada de errado. Eu só quero chegar em casa e
descansar, é só isso! __ Repondeu a juíza, sem esboçar nenhum sorriso.
__ Você quer que eu vá embora? Eu estou te incomodando? __
Indagou a moça, pois essa era a sua impressão naquele momento. Parecia
que ela estava sendo um estorvo na vida daquela mulher.
Stela olhava para Lorena e de repente se sentiu uma idiota. Deus,
aquela garota só estava sendo gentil consigo e ela com um milhão de
pensamentos na cabeça! Sentiu-se ridícula e então resolveu esquecer toda a
sua estratégia de afastamento e baixou a sua guarda. Imagina, aquela linda
jovem, hetero, namorada do seu filho, um belo e jovem rapaz... E ela ali,
uma velha em pânico, não sabendo conviver com a gentileza daquela moça
educada e doce... Sentindo-se envergonhada, tentou consertar as coisas.
__ Não Lorena, por favor! Eu é que estou cansada porque tive um
dia difícil no fórum, perdoe-me! Eu não quero que você vá embora, de jeito
nenhum! Eu só vou tomar um banho e já, já retorno para comermos juntas,
tá bom?
__ Tá bom então, eu vou te esperar! __ A jovem respirou aliviada
e abriu um largo sorriso para a mulher.
Ao chegar em seu quarto, Stela, mais uma vez, sentiu-se
envergonhada.
__ Eu sou uma idiota!
A juíza se repreendia e balançava a cabeça negativamente. Como
pode ter se confundido daquela maneira? Como pode ter pensado que
aquela moça estaria interessada em si? A mulher respirou fundo, pegou uma
toalha e foi para o banheiro tomar o seu banho, era o que lhe restava...
...Na cozinha, Lorena dava continuidade ao preparo da refeição
que Stela e ela comeriam. Como a noite estava fresca e ainda somava-se o
fato dela estar com suas poucas roupas, pois era assim que gostava de ficar
dentro de casa, a jovem então, havia se decidido por fazer um caldo de
aipim com cheiro verde.
A moça preparava aquele prato com todo o cuidado do mundo,
pois queria que tudo ficasse perfeito. Em um momento específico, ela
sorriu, pois se dava conta de que gostava de cozinhar para Stela. Gostava de
receber os seus elogios... Gostava de vê-la feliz... Mas por quê? Perguntava-
se. Talvez, aquele fato fosse algo a ser relatado ao seu psicanalista em sua
próxima sessão. Por que gostava tanto da companhia daquela mulher? Por
que via nela tantas qualidades? Por que ela era tão fascinante aos seus
olhos?
Quando Lorena terminava de montar os dois ramenkins de
cerâmica com o caldo quentinho e colocava sobre a mesa, os outros
recipientes com os acompanhamentos, Stela chegou na cozinha observando
tudo com admiração.
__ Mas o que é isso Lorena? Que elegância é essa?
A jovem sorriu e passou a apresentar o prato.
__ Hoje nós vamos de caldo de aipim com cheirinho verde. Sente-
se e prove! __ Disse a moça de maneira doce e educada, antes de sentar-se,
vendo a juíza se acomodando em seu lugar, à cabeceira da mesa.
Stela estava até um pouco constrangida, pois não sabia como iria
retribuir a tamanha gentileza daquela jovem para consigo. Ela pegou a
colher que estava ao lado do seu ramenkin e provou o caldo que estava
divino. Ele desceu em sua garganta como um afago... Um abraço... A
mulher então olhou para moça que aguardava o seu parecer, ansiosa e viu
nela tanto carinho dedicado à sua pessoa que se emocionou.
__ Lorena, está tudo tão perfeito! Eu... Não tenho como retribuir
tamanha delicadeza de sua parte. Obrigada!
__ Stela, eu que estou retribuindo aqui! Você é que está me
recebendo em sua casa, se esqueceu? __ Falou a moça, amável. __ Agora
coma, senão vai esfriar! __ Completou ela, segurando também a sua colher
para pegar o primeiro bocado do seu ramenkin.
A juíza comeu toda a sua porção, se deleitando com cada
colherada que colocava em sua boca. Enquanto tomava aquele delicioso
caldo, ela buscava em sua memória, se em algum momento de sua vida
alguém tivesse demonstrado tanto carinho para consigo daquela maneira,
mas não encontrou. Todos tinham muito respeito e admiração por ela,
muitas vezes até medo, ela sabia, mas o cuidado e o desvelo com que
aquela moça estava a tratando, não lhe eram comuns.
__ Nossa, estava maravilhoso! Obrigada garota! __ Agradeceu a
juíza assim que terminou, sentindo-se plenamente satisfeita.
__ Não me chame de “garota”! __ Disse Lorena ao ser tratada
daquela forma mais uma vez, por aquela mulher. Ser chamada de “garota”
pela juíza despertava nela algo que ela mesma não sabia explicar. Parecia-
lhe um... Convite...
__ Como? O que foi que disse? __ Stela, embora tenha ouvido
perfeitamente o que aquela moça havia dito, perguntou, para se certificar.
Como assim? O que ela queria dizer?
__ Eu disse, “não me chame de garota”! __ Voltou a repetir a
jovem.
__ E por que não? __ Perguntou Stela, sentindo a sua respiração
pesando e seu coração se acelerando. Não entendia perfeitamente o que
Lorena tentava lhe dizer, mas a sua intuição a alertava que havia ali,
implícito, algo além...
Lorena se inclinou, aproximando-se da mulher e, fitando-a nos
olhos, disse:
__ Por que não!
Depois ela simplesmente se levantou já pegando o que estava
sobre a mesa, iniciando a organização daquela cozinha.
Stela permaneceu ainda sentada por um tempo, paralisada, se
perguntando o que aquela jovem tentava lhe dizer, mas não conseguia
chegar a uma resposta exata. Depois, com um turbilhão de pensamentos
desconexos em sua cabeça, se levantou e, em silêncio, passou a ajudar a
moça na organização da cozinha.
Após elas colocarem toda a louça suja na máquina de lavar e
organizarem a mesa, a bancada de mármore e a pia, elas caminharam em
direção à sala, lá chegando, Lorena se voltou para a juíza e disse:
__ Bom, então é isso... Eu vou pro meu quarto tentar dormir.
A jovem se aproximou de Stela e lhe deu um beijo no rosto, mas a
mulher, um pouco atrapalhada e ainda aturdida pelo o que a moça havia lhe
dito na cozinha, virou a sua cabeça e acabou roçando os seus lábios aos de
Lorena. A jovem, sem se afastar, murmurou dentro da boca da juíza:
__Boa noite Stela!
A mulher sentiu um arrepio em sua nuca com o ato inusitado
daquela moça e contraiu todos os seus músculos. Observando Lorena se
virar e caminhar em direção ao quarto de hóspedes, ela continuou ali,
paralisada, com a respiração curta, impedida de se movimentar. Quando
finalmente conseguiu se mover, depois de puxar o ar para dentro dos seus
pulmões, ela também se virou e foi para o seu quarto.
Lá chegando, Stela fechou a porta, trancando-a, pois teve medo
daquela moça vir até ali e se isso acontecesse, ela não responderia por si.
Na verdade, ela se trancou para impedir a si própria de ir atrás de Lorena
porque agora tinha certeza que, se ela fizesse isso, tudo iria acontecer, mas
nada podia acontecer entre elas, Deus! Aquela jovem era a namorada de
Enrico, o seu amado filho! Repetia para si mesma, o seu mantra daquela
fatídica semana.
Quando Lorena se viu sozinha no quarto de hóspedes, ela
caminhou até a janela e, olhando para a escuridão através da vidraça,
passou as mãos pelos cabelos, respirou fundo algumas vezes e constatou
que estava morrendo de vontade de ter Stela. Aquela mulher era fascinante
demais e tê-la seria um sonho, agora estava claro em sua cabeça. Tudo na
juíza lhe agradava. Depois a jovem se aproximou da cama e se deitou,
dando continuidade aos seus pensamentos incontroláveis... Ela imaginou a
sua sogra em cima de si, beijando-a... Roçando aquele corpo no seu...
***
Capítulo 09
...Lorena saiu da clínica mais tarde naquele dia, pois o Dr. Willian
havia feito uma reunião com todos os integrantes de sua equipe para uma
troca de opiniões sobre os casos mais complicados que eles tinham, dentre
os seus pacientes. A estagiária havia sido convidada a participar, pois o seu
supervisor julgou que seria bom para a sua formação e o seu aprendizado,
presenciar as discussões que seriam feitas à cerca dos quadros clínicos que
seriam apresentados. Depois daquela longa e proveitosa reunião, a jovem
enfim, pode ir embora, de volta à casa de Stela.
Na verdade, Lorena não estava se sentindo confortável em voltar
para aquele apartamento, pois naquela manhã ela não havia conseguido
trocar uma só palavra com a juíza que parecia totalmente fechada em seu
casulo. Ela estava receosa pelos pensamentos obscuros que tivera na noite
anterior, com relação à mãe do seu namorado. Aquela jovem se dava conta
de que estava tendo desejos reais por Stela e voltar para a casa dela, de
repente, não lhe pareceu o certo a se fazer, mediante a tudo que estava
germinando dentro de si.
Lorena entrou no apartamento e resolveu caminhar direto para o
quarto de hóspedes. Lá chegando, largou as suas coisas em cima da cama,
pegou a toalha e foi para o banheiro, tomar o seu banho. Depois daquela
relaxante ducha, a jovem vestiu outra de suas pequenas camisolas, colocou
por cima um cardigan de algodão bem confortável e saiu do quarto. A sua
intenção era apenas comer algo na cozinha para depois se recolher
novamente, mas quando passou pela sala, avistou a porta da sacada
entreaberta e resolveu ir até lá para sentir a brisa fresca daquela noite em
seu rosto, porém quando adentrou naquele espaço, ela olhou imediatamente
para o chaise e se deparou com a silhueta daquela mulher que já a
espreitava, com os seus pares de olhos astutos. As luzes da sacada estavam
apagadas, mas a lua prateada conseguia iluminar aquele espaço de uma
forma magnífica.
__ Oi Stela! Estou te incomodando? __ Perguntou a jovem à
mulher, notando que ela ainda vestia as suas roupas formais do trabalho,
apenas os scarpins não estavam em seus pés e sim, largados no piso.
__ Não! __ Respondeu a juíza que estava em um estado bem mais
tranquilo naquele momento do que quando chegou ali. A bebida tinha lhe
feito muito bem e sua condição era de relaxamento e leve embriaguez.
Lorena pensou em voltar para trás, pois aquela mulher a
amedrontava um pouco, sobretudo por ela estar envolta naquela penumbra
noturna, mas a sua vontade real foi de ficar ali, junto dela. Às vezes, aquela
jovem tinha a impressão de que Stela era revestida de um ímã que sempre
conseguia atraí-la para si. A moça então se aproximou e sentou-se no chaise
rente a juíza, se recostando naquelas almofadas macias. Um cheiro de
álcool chegou até suas narinas, ela olhou para o lado e avistou o copo de
whisky quase no fim, em cima da mesinha de canto.
__ Você está bebendo? __ Perguntou ela, suavemente.
__ Sim, estava precisando. O meu dia não foi dos melhores! __
Respondeu a juíza, mantendo o seu olhar na escuridão do céu que podia se
ver dali, sentindo o calor delicioso emanado do corpo macio da jovem,
recostado ao seu e já percebendo as reações do seu corpo. De volta ao meu
calvário! Pensou, antes de respirar fundo.
__ Aconteceu algo em seu trabalho que te deixou assim? Se
quiser me contar... __ Lorena voltou toda a sua atenção à mulher, inclusive
se virou um pouco de lado para observa-la melhor.
Stela olhou para a jovem próxima a si, avistando os enormes
cabelos castanhos dela, caindo pelos seus ombros e braços, depois arrastou
o seu olhar para baixo, passeando pelo colo, abdome, chegando até aquelas
coxas perfeitas que estavam completamente descobertas. Aquela visão
despertou na juíza um formigamento entre as pernas. Ao notar a reação
embaraçosa do seu corpo, a mulher buscou se recompor e falou algo, na
tentativa de se preservar.
__ Ah... Aconteceu um monte de coisas... Desastres de um dia
trágico...
Lorena sentiu o peso na voz de Stela e sua vontade foi de fazer
algo para ajuda-la a se sentir melhor, então, ela alcançou uma das mãos da
mulher que estava repousada sobre o abdome dela e cobriu-a com a sua,
passando a acaricia-la.
__ Eu imagino que não deve ser fácil para você, todos os dias ter
que lidar com histórias ruins que não tiveram finais felizes... Você já me
disse que ama o que você faz e que ser juíza é um sonho realizado, mas eu
acredito que você deve ter endurecido um pouco para aguentar o peso do
cargo, não é? __ A moça falava com uma voz meiga, pausada, continuando
a afagar a mão da juíza em movimentos suaves e delicados.
Stela ouvia o que a jovem dizia, sentindo os carinhos que ela fazia
em sua mão notando o seu coração se acelerar, mais uma vez, mas
inesperadamente, subitamente, o seu corpo traiçoeiro começou a tremer,
como se ela tivesse sob um inverno rigoroso. Os seus joelhos passaram a
vibrar tanto que parecia que era possível ver os seus movimentos através do
tecido da calça que estava usando. A juíza tentava se acalmar e parar de
tremular, mas não conseguia se controlar. A sua cabeça passou de um
estado de torpor para um estado caótico e os seus pensamentos começaram
a fluir em flashes, e não concisos e claros, como era de seu costume.
__ Você está tremendo? __ Perguntou Lorena.
Naquele momento, a mulher trincou os dentes diante da pergunta
da jovem ao se sentir desvendada... Descoberta... Então, ela agarrou a mão
da moça e perguntou:
__ O que você quer comigo garota, hem? O que você quer
comigo? __ A juíza falava entre os dentes, voltando-se para jovem com as
narinas dilatadas, a respiração pesada e os olhos faiscando.
Lorena sentiu o perigo no olhar daquela mulher, mas ouviu ela a
chamando de “garota” de novo e aquilo lhe pareceu novamente, um convite.
Aquela palavra direcionada a si proferida por aquela mulher tão revestida
de autoridade, mexia com algo em seu inconsciente cheio de memórias
inacessíveis e sua reação foi instintiva.
__ Stela... __ Sussurrou a moça, antes de se aproximar da juíza e
roçar os seus lábios macios na boca dela, não se importando com as
consequências do seu ato ousado, apenas dando vasão ao seu imenso
desejo.
A reação de Stela foi de tensão e recuo, pois jamais imaginou que
aquela moça podia ser tão audaciosa àquele ponto, porém se deixou ser
beijada pela jovem mantendo os seus lábios fechados. Quando conseguiu
sentir a textura macia dos lábios da jovem, teve uma vontade quase
incontrolável de tomar aquela boca quente e aveludada, mas ela
simplesmente, não conseguia se esquecer de Enrico, o seu amado filho.
Depois de uns segundos daquele beijo torturante, ela segurou os ombros da
moça e a afastou cuidadosamente.
__ Lorena, você é louca? Eu não posso fazer isso! Você é a
namorada do Enrico, meu filho, se esqueceu? __ Disse a mulher, depois de
puxar o ar para os pulmões que pareciam terem se enfraquecido, pois a sua
respiração era pesada como chumbo.
Lorena observou a mulher e viu nela tensão e aflição, mas
também viu desejo.
__ Stela, eu gostaria muito de ser louca, pois assim eu não
precisaria buscar tantas explicações para tentar entender os sentimentos que
eu estou tendo por você... Eu sei que você é a mãe do meu namorado, mas
eu não consigo te ver e não te querer... __ A jovem sussurrava de forma
arrastada, pois estava cheia de vontade por aquela mulher que lhe segurava
os ombros.
__ Lorena, eu não posso!... Eu não quero fazer isso com o meu
filho! Você não entende? __ Murmurou a juíza, desejando por tudo o que
era mais sagrado, que a sua razão não a abandonasse naquela hora difícil.
__ Mas eu não estou fazendo nada demais Stela... Eu quero
apenas... Te dar um pouco de carinho...
A jovem falava e movimentava-se corajosamente, para se
aproximar mais, passando uma de suas pernas por sobre a juíza e sentando-
se em seu colo com cuidado. Depois passou a acariciar os cabelos da
mulher que a mantinha afastada, ainda segurando-lhe os ombros. Lorena
estava entorpecida pelo desejo, não conseguia retomar a razão e aplacar o
calor do seu corpo excitado, cheio de fome... Sim, era loucura o que a moça
fazia, ainda mais com aquela mulher envolta naquela aura de poder e
superioridade, mas ela estava sedenta...
A respiração de Stela ficou ainda mais pesada e suas forças para
segurar aquela moça que vinha para cima de si com tanta sede, se esvaiam.
Ela observava todo aquele corpo perfeito se aproximando cada vez mais e
não via como barra-lo. Sem alternativas, a mulher apenas deixou os seus
braços cair e entregou-se àquela linda jovem tresloucada.
__ Deus, garota!... __ Suspirou a juíza, sentindo os suaves beijos
que agora a jovem lhe dava em seu lóbulo esquerdo, com o ar lhe faltando
nos pulmões.
Lorena retomou a boca da mulher e a beijou com mais sede,
entrelaçando os seus dedos nos cabelos da nuca dela e avançando mais,
adentrando com a sua língua pelos lábios entreabertos da juíza. O seu sexo
latejante, agora estava colado no ventre da mulher que permanecia com as
suas mãos abaixadas, agarradas ao tecido das almofadas macias daquele
chaise.
Stela não conseguia pensar com a sua razão costumeira, ela
apenas ouvia os clamores do seu corpo necessitado, que ha mais de vinte
anos não tinha os carinhos de uma mulher. Faziam mais de vinte anos que
ela não era beijada, pois se mantivera em seu claustrofóbico “armário” por
todo aquele tempo, apenas movida pelo trabalho em sua sublimação
perfeita.
Talvez a juíza tenha sido classificada por muitos de assexuada,
mas ela não era assexuada, apenas não conseguia vencer o seu auto
preconceito, não sendo capaz de se aproximar de nenhuma mulher, mas
agora ela estava ali, debaixo daquela linda jovem, namorada do seu filho,
sendo assaltada de uma maneira, que ela simplesmente não conseguia se
desvencilhar, apenas deixava acontecer.
Lorena continuava com a sua investida que agora, além de beijar
a mulher em baixo de si com ânsia, ela também meneava os seus quadris
para pressionar o seu sexo sedento contra o corpo dela, numa busca ávida
por alívio. Aquela sacada iluminada somente pelo clarão da lua prateada era
preenchida pelos sons das respirações ofegantes das duas mulheres,
misturados aos gemidos contidos e aos estalidos dos lábios que se
misturavam naquele beijo faminto...
Em um dado momento a excitação de Stela foi tanta que ela
largou aquelas almofadas fofas e agarrou a moça pela cintura, juntando-a
em si, para sentir todo o calor daquele corpo cheiroso, consistente e macio,
que ondulava sobre o seu, fazendo-a esquecer-se até mesmo quem era ela.
A juíza sentia a sua calcinha inundada pelo fluido intenso que saia do seu
sexo, cada vez que ele pulsava. A cascata de cabelos fortes e longos da
jovem, caiam sobre o seu rosto, provocando-lhe ondas elétricas que
perpassavam todo o seu corpo...
Aquele beijo macio e guloso daquela moça, a movimentação que
ela fazia em seus quadris pressionando o sexo quente em seu ventre, a sua
respiração ofegante, os seus gemidos sufocados, aquelas mãos que agora
puxavam-lhe os cabelos, tudo, era demais para Stela aguentar, faziam mais
de vinte anos que ela não experimentava aquilo, então, de repente, ela
sentiu o seu corpo todo entrar em convulsão... A juíza abriu a sua boca,
mantendo-a rente aos lábios inchados da garota e gozou intensamente,
emitindo uns grunhidos picados e contidos...
Quando a mulher recobrou os seus sentidos, com a respiração
pesada e entrecortada, experimentou uma agradável sensação de
relaxamento, mas logo em seguida sentiu-se constrangida por ter gozado
sem ao menos tirar as suas roupas, como se fosse uma adolescente boba e
inexperiente, sem controle sobre o seu próprio corpo.
Lorena estava extremamente excitada, mas deu uma pausa em
seus movimentos, pois percebeu que Stela havia chegado ao orgasmo, não
lhe restando nenhuma dúvida que o que ela sentia com relação àquela
mulher era recíproco, pois ali estava a prova contundente de que a juíza
também lhe desejava.
A jovem reiniciou a sua incursão voltando a acariciar os cabelos
de Stela e aplicando beijos macios em seu rosto, depois se movimentou para
ficar mais acima da mulher, fazendo com que a boca dela ficasse na altura
de seus seios, incentivando-a a experimenta-los. Tudo o que a moça fazia
era com muito cuidado e carinho, não deixando outra alternativa à juíza que
não fosse aceitar o que estava sendo oferecido à ela.
Stela se viu com o nariz e a boca entre os seios da jovem, tudo o
que ela tinha que fazer era afastar o tecido da camisola e descobri-los para
desfrutar deles e foi exatamente o que ela fez. A juíza, com suas mãos
ágeis, removeu o fino tecido, deixando-os à mostra e passou a contemplar a
sua beleza. Os seios de Lorena eram arredondados, os mamilos soberbos,
definidos e apontavam para ela. A mulher viu o seu corpo se acender todo
de novo quando os tocou, apertando-os delicadamente pelas laterais,
enchendo as suas mãos com aquela carne macia e sedosa...
Lorena olhou para baixo e percebeu que Stela estava um pouco
receosa, então ela lhe segurou a cabeça e a direcionou suavemente para o
que queria. A jovem percebeu o seu sexo latejando novamente quando
sentiu os seus seios sendo sugados fortemente pela juíza... Gemeu e tombou
a cabeça para trás, voltando a menear os seus quadris buscando a mulher
com o seu corpo.
A moça sentia os seus seios sendo apertados e sugados com força
se desfalecendo em seus gemidos fracos, mas ela sentiu a necessidade de
mais, pois queria conquistar o seu orgasmo. Lorena agarrou a mão direita de
Stela e a levou até ao seu sexo, introduzindo-a por dentro da sua calcinha,
ela precisava ser masturbada, penetrada... A jovem não sabia se aquela
mulher iria saber fazer aquilo, mas ansiou para que ela fizesse o seu melhor.
Lorena sentiu os movimentos circulares em seu sexo, depois
percebeu os seus lábios sendo afastados e os dedos ágeis da juíza descerem
até a sua entrada inundada para depois retornarem ao seu clitóris que foi
massageado com maestria, ela sorriu, olhando para o teto, pois se dava
conta de que estava em “boas mãos”... Depois de alguns lentos segundos,
ao sentir que Stela se prolongou demais ali, a jovem abaixou a cabeça e,
acariciando os cabelos da mulher, sussurrou:
__ Me penetra...
A juíza olhou para cima, fitando a moça com os seus lumes cor de
mel e pode ver o quanto ela estava faminta. Voltou a concentrar-se então ao
que fazia, deixou o clitóris teso da jovem para trás, desceu, procurando a
sua entrada, quando a encontrou, uniu o seu indicador ao médio, penetrou-a
fundo, ouvindo um gemido fino e sentindo os seus cabelos sendo agarrados
fortemente, pela moça...
Lorena intensificou os seus movimentos com os quadris, pois
queria sentir os dedos de Stela o máximo que pudesse tamanha era a sua
necessidade, então cavalgou por sobre eles, indo de encontro às estocadas
que a juíza impingia em seu sexo.
A jovem agarrava a mulher pelo pescoço, apertando-a contra si e
movimentava o seu quadril cada vez mais forte, pois queria conquistar o seu
tão sonhado orgasmo. Os dedos de Stela eram firmes e ágeis e a fodiam
com propriedade, então, no meio de toda aquela intensidade, Lorena sentiu
o seu corpo todo entrando em erupção... A sua virilha se enrijeceu, a vagina
e o ânus passaram a se contrair e pequenos choques elétricos passeavam por
todas as suas extensões nervosas... A jovem soltou um gemido, tombou a
cabeça para trás e gozou fortemente, inundando a mão da juíza com o seu
fluido abundante...
Stela foi parando aos poucos, na medida em que a jovem
afrouxava os braços em volta do seu pescoço, lentamente. Lorena havia
chegado ao orgasmo e a juíza por sua vez, recobrava enfim, a sua razão, se
apavorando com o que acabara de fazer e saindo de dentro da moça,
rapidamente... Ela havia feito sexo com a namorada do seu filho! Deus, o
que fizera? Enrico iria odiá-la para sempre se soubesse o que havia
acontecido ali, naquele chaise... Como iria consertar aquilo agora?...
Já Lorena sentia-se plena e emocionada, ainda circulando o
pescoço de Stela com os seus braços. Não era só o fato de ter chegado ao
orgasmo que a deixava assim, mas ela dava-se conta de que a juíza
provocava-lhe sentimentos jamais experimentados antes, pois não era só a
constatação de que aquele momento havia sido perfeito, mas também a
sensação de estar no único lugar do mundo em que ela deveria estar...
Novamente, ela se sentia completa junto daquela mulher...
Stela afastou a jovem do seu corpo e a observou com os seios
para fora, os cabelos desgrenhados, a camisola levantada, a calcinha à
mostra e se achou uma desgraçada por ter feito aquilo com a namorada do
seu filho! Ela colocou as mãos sobre a boca e balançou a cabeça
negativamente sem vislumbrar uma alternativa para consertar aquele erro,
aquele descuido...
__ Stela... __ Chamou Lorena, percebendo a aflição da mulher,
__ Lorena, saia de cima de mim, por favor! __ Pediu a juíza.
__ Stela, se acalme... __ A jovem fechou o seu cardigam em um
auto abraço e saiu de cima da mulher, sentando-se ao seu lado em seguida.
A juíza passou as mãos pelos cabelos, se levantou e saiu daquela
sacada rapidamente. Ao passar pela sala, agarrou a sua bolsa que estava
sobre o sofá e foi para o seu quarto. Lá chegando, trancou a porta e,
colocando novamente as mãos em cima da boca, se deixou cair de joelhos,
desesperada, vertendo lágrimas em seus olhos.
__ Deus, o que eu fui fazer!... O Enrico jamais vai me perdoar!...
__ Dizia Stela a si mesmo, agoniada por ter traído o seu próprio filho...
***
Capítulo 10
...Na clínica do Dr. Willian, naquele dia, Lorena teria outra sessão
de análise. Ela sempre era atendida nas manhãs das quintas-feiras, toda
semana.
Depois de entrar no consultório, a jovem se aproximou do divã
bordô e se estendeu sobre ele. O psicanalista já se encontrava sentado na
robusta poltrona com o seu caderno de anotações no colo e sua caneta
posicionada em uma de suas mãos.
Naquele dia, o professor vestia uma camisa de flanela xadrez em
tom castanho e por sobre ela, tinha um pulôver de lã marrom. A calça de
brim era caqui e as botas, em tom café. A paleta de cores do vestuário
daquele professor nunca se diferia, era sempre nos mesmos tons e dava a
ele um ar de erudição.
__ Bom dia Lorena! Primeiramente, você fez o seu dever de casa?
Você pensou sobre a heterossexualidade compulsória? Pesquisou sobre o
termo? Leu sobre? __ O arsenal de perguntas do homem dava início àquela
sessão.
__ Bom dia Dr. Willian! Sim. Eu li muito sobre isso durante essa
semana e acho que... Pode ser o meu caso sim. Eu venho de uma família
muito tradicional, religiosa e talvez eu tenha sido educada para ser
heterossexual. Desde que eu me lembro, tenho ouvido dos meus familiares,
falas que me obrigaram de alguma forma, a ver a heterossexualidade como
o correto e qualquer coisa que se desvie disso, é encarado como anormal,
patológico, então, eu acho... Que eu posso sim, Dr. Willian, ser
homossexual e essa semana está sendo muito decisiva pra mim...
__ Lorena, essas descobertas sobre a sua sexualidade são muito
importantes pra você, para a sua libertação, porque ninguém é completo
sem a conquista da sua vida sexual plena e bem resolvida, isso é um fato.
Portanto, vamos continuar trabalhando isso em você, Ok! A relação que
você tem com a sua mãe e com o seu pai define todas as outras relações que
você estabelece ao longo da sua jornada. É muito comum reprimirmos
nossas vontades, nossa essência para nos sentirmos aceitos e amados,
superar isso se torna vital à nossa auto aceitação. Devemos nos sentir
seguros para ser quem somos, e fortalecidos diante de nossa relação com o
mundo. Você é suficiente e pode ser amada do jeito que você é! Você não
precisa ser como as outras pessoas da sua família, você não precisa ser
como ninguém, você precisa ser você mesma e se amar do jeito que você é,
tudo bem?
Um psicanalista, geralmente ouve muito mais do que fala, pois as
descobertas do paciente, ou da paciente são infinitamente mais proveitosas
do que um discurso do terapeuta, mas como Lorena também era uma aluna,
estagiária, e uma estudiosa da Psicanálise, Dr. Willian, em alguns
momentos, optava por passar conhecimento à sua aluna, o que também seria
eficaz, tanto na cura como no desenvolvimento da profissional que se fazia
ali.
__ Agora me fala então, por que essa semana está sendo decisiva
pra você? __ Perguntou o psicanalista, aproveitando o gancho da aluna-
paciente.
__ Bem, eu estou... Confusa... __ Respondeu Lorena. Ela queria
muito falar sobre os acontecimentos daquela semana que mexeram com a
sua psique profundamente. Seria até um desabafo também, pois sentia-se
sufocada.
__ O que te fez ficar confusa? __ Perguntou mais uma vez, o
professor, com a sua voz calma e acolhedora.
__ Dr. Willian, eu... Não sei como dizer isso!
A jovem ansiava por falar o que havia acontecido entre ela e
Stela, mas ela estava extremamente constrangida e não conseguia verbalizar
os seus pensamentos.
__ Lorena, aqui não cabe nenhum julgamento moral ou de
qualquer outra natureza. O que você disser pra mim será encarado como
parte do tratamento, a não ser que você tenha cometido um crime e eu seja
obrigado a te denunciar às autoridades, pois seria o meu dever ético.
__ Não, eu não cometi nenhum crime, ao menos eu acho que não,
mas... Eu e a Stela, a mãe do meu namorado... Nós... Ah... Ontem, nós
fizemos... Sexo...
Lorena falou de forma pausada, se sentindo embaraçada, pois não
era fácil dizer aquilo ao homem. Um fato que causou estranheza à jovem
também, era que, pela primeira vez em sua vida, ela admitia que havia feito
sexo com uma mulher. Até então, ela via os encontros fortuitos que tivera
com algumas garotas, apenas como impulsos juvenis ou distrações sem
importância.
__ E o que você está sentindo diante desse acontecimento? __
Indagou o analista.
__ Bom, eu... __ Lorena respirou fundo, buscando organizar-se
mentalmente para poder responder àquela pergunta. __ Eu gosto de estar
perto dela... Eu gosto de fazer coisas com ela tipo, ver um filme, conversar,
tomar um vinho, comer algo... E o sexo com ela foi... Perfeito... O que eu
estou sentindo por ela se parece muito com o que eu senti pela minha
professora quando eu era apenas uma adolescente, mas... Agora é
diferente... Não é como se eu a idealizasse... Agora, parece real... __ Falava
a jovem emocionada, pois ela descobria, naquele momento, que estava
apaixonada por Stela...
__ Lorena, você descreve com perfeição o que a Stela é para
você. Ela é o seu objeto de desejo, portanto você descreve o amor, que está
intrinsecamente ligado ao desejo. __ Explicou o psicanalista.
__ Mas eu tenho que esquecê-la Dr. Willian, porque ela é
complicada demais, pois tem o Enrico, seu filho, entre nós e mesmo que eu
termine tudo com ele, que é o que farei, assim que ele chegar de Brasília, eu
me dou conta de que ele sempre vai estar entre nós... Então, isso torna tudo
impossível... __ Constatava a jovem, desgostosamente.
__ Lorena, o amor é um acontecimento único, que pode ocorrer
várias vezes, obviamente, em nossa vida, mas cada vez que ele se manifesta
é uma sorte tão grande que não podemos ignorar o seu chamado. Ainda que
ele venha envolto no sofrimento e quase sempre é assim, nós devemos lutar
por ele, pois o objetivo maior de nossas vidas é o amor...
...Quando a sessão terminou, Lorena saiu do consultório de Dr.
Willian se sentindo melhor, mas igualmente confusa, pois ainda que tenha
conseguido ver o que a juíza significava para si, ela não vislumbrava a
menor possibilidade de algo dar certo entre elas, até mesmo pela postura de
Stela consigo naquela manhã que foi para ela, desanimador, depois de tudo
o que acontecera entre elas na noite anterior. Não! Ela iria esquecê-la, tinha
que esquecê-la, estava decidida.
***
Capítulo 11
***
2º Movimento
Capítulo 12
***
Capítulo 13
***
Capítulo 14
***
Capítulo 15
***
Capítulo 17
***
Capítulo 18
***
Capítulo 19
...Assim que viu o filho sair de casa naquela noite, Stela foi para o
seu quarto curtir a sua solidão desconfortável. Havia já, alguns dias que
Lorena não dava sinal de vida, e ela não se sentia confiante em ligar para a
jovem, ainda se lembrava da forma como foi colocada para fora do seu
apartamento, no último encontro. A última coisa que aquela mulher queria
era ser um incômodo na vida daquela moça.
E também tinha o fator Enrico. Stela não havia conseguido contar
para o filho que tinha um relacionamento com a sua ex-namorada, portanto,
não havia conseguido cumprir a sua árdua tarefa, por isso, não se via no
direito de ligar para Lorena, preferia deixar que a iniciativa fosse dela,
assim não poderia ser acusada de estar empatando a vida da moça, então ela
estava ali, no seu quarto, curtindo a sua solidão quando o telefone tocou
provocando um baque no coração da juíza que se levantou rapidamente e
pegou o aparelho para ver na sua tela a foto da linda jovem que tanto
amava.
__ Alô, Lorena?
__ Stela, eu... Queria te ver...
***
3º Movimento
Capítulo 20
Lorena não viajou para a casa dos seus pais naquele fim de semana,
não conseguiu deixar Stela sozinha diante do problema que elas estavam
enfrentando. No outro dia, ela foi até ao apartamento da juíza para
conversar com ela e saber como estavam as coisas, mas não foi atendida,
apesar de ter batido a campainha várias vezes, insistentemente. Voltou para
casa pensando no que poderia fazer para reverter aquela difícil situação.
Dentro do apartamento, em seu quarto, jogada na sua cama, lá
estava a mulher, em frangalhos. Ela chorava, chorava e chorava, pois era a
única coisa que podia fazer. O seu único filho amado, havia rompido com
ela drasticamente. Ela jamais teria o seu perdão. Era uma amaldiçoada.
No dia seguinte, Stela ligou para Lúcia, a sua ajudante,
dispensando os seus serviços até segunda ordem, pois ela não queria ver
ninguém. Na segunda-feira, ligou para o fórum alegando que não estava em
condições de trabalhar, não via como seguir com a sua vida normalmente,
no estado em que estava, permaneceu dentro de casa sozinha, sem ninguém,
apenas com o seu imenso sofrimento e angústia.
Naquele dia, pela manhã, depois de ter ficado o domingo inteiro
ligando para Stela e não ser atendida, Lorena retornou ao apartamento dela,
mas novamente ficou no vácuo. Queria tanto ver a juíza, coloca-la em seu
colo, acalentá-la, ajuda-la a passar por aquela situação complicada, mas ela
não lhe dava aquela oportunidade.
Após sair do prédio de Stela, chateada por não ter conseguido vê-
la novamente, Lorena decidiu procurar por Enrico e resolver a questão
diretamente com ele, o seu ex-namorado teria que ouvi-la. A jovem, que
ainda tinha o contato do rapaz, sacou o seu celular e imediatamente ligou
para ele, mas a sua chamada não foi atendida, pelo contrário, foi encerrada.
Quando tentou ligar novamente, viu que tinha sido bloqueada.
A moça guardou o aparelho em sua bolsa, constatando que
resolver a questão com Enrico não iria ser fácil, partiu então, para o campus
universitário, diretamente para a faculdade de direito, onde certamente,
encontraria o rapaz. Chegando lá, procurou por ele na portaria, na secretaria
e nas salas de aula, até que encontrou a sua turma, e foi por um colega que
ela soube que Enrico não estava presente. Insistente, a jovem pediu ao
estudante para ligar para o ex-namorado, mas ele também não foi atendido,
o que a levou a concluir que de fato, o filho era idêntico à mãe, até na forma
de resolver os impasses, pois ambos estavam incomunicáveis.
No outro dia, Lorena fez a mesma coisa, foi até ao apartamento de
Stela, tocou a campainha insistentemente e novamente, não foi atendida,
depois partiu para faculdade de direito na esperança de encontrar Enrico,
mas outra vez, não o encontrou.
No terceiro dia, a moça, que parecia estar presa em um loop
eterno, novamente partiu para a sua difícil missão de encontrar ou a mãe, ou
o filho para tentar resolver aquela difícil questão, porque na verdade, ela se
sentia um pouco culpada por aquela situação, então se via no dever de ser a
protagonista na resolução daquele impasse. No apartamento de Stela, de
novo se deparou com as portas fechadas, mas na universidade, finalmente,
depois de receber a informação do colega, encontrou Enrico na biblioteca,
solitário, ladeado de livros, fazendo uma pesquisa. Ela foi até lá e se sentou
em sua frente, o encarando.
__ O que você quer aqui?
O jovem havia levado um susto quando levantou a cabeça, se
deparando com os olhos castanhos e profundos da moça que tinha
conseguido quebrar o seu coração de todas as maneiras possíveis.
__ Eu estou aqui pra gente conversar Enrico!
__ Eu não tenho nada pra falar com você! __ O rapaz voltou a
olhar para os livros, tentando dar continuidade à sua pesquisa, não queria
falar com aquela moça, queria esquecer que um dia havia conhecido
aquela... Vagabunda.
__ Enrico, essa sua postura é de um bebê imaturo e mimado! Você
parece uma criança chorona porque perdeu o pirulito! Você já é um homem
então acho que você já é adulto o suficiente pra entender que ninguém
rouba ninguém de ninguém! Foi eu que escolhi a sua mãe e não o contrário!
É ela que eu quero, entendeu? Quando você voltou de Brasília a primeira
coisa que eu fiz foi terminar o nosso namoro e sabe por quê? Porque eu
tenho consideração por você! No momento em que aconteceu com a sua
mãe eu tomei essa decisão por que vi que era ela que eu queria e não você!
Dá pra entender isso? __ A jovem falava de forma dura, dando ênfase a
cada uma das palavras pronunciadas, na intenção de se fazer compreendida
de uma só vez.
__ Então foi assim? Você simplesmente disse pra minha mãe, “é
você que eu quero” e ela já caiu na sua cama? __ Como um camicase,
Enrico queria saber dos detalhes, pois assim teria motivo para sofrer um
pouco mais do que já estava sofrendo.
__ É claro que não! O que aconteceu entre nós duas naquela
semana que você estava viajando, foi por um acaso, ninguém planejou nada
Enrico, mas depois que a sua mãe e eu... Ficamos, tudo se tornou muito
claro na minha cabeça. Não era você que eu queria e sim, era ela... Eu
estava passando por um processo de auto análise, eu estava descobrindo a
minha orientação sexual e Stela foi definitiva pra mim nesse processo.
Enrico ouvia as palavras da garota com os olhos vermelhos e as
narinas dilatadas, ele sofria porque em uma só tacada, o destino havia lhe
tirado as duas pessoas mais importantes da sua vida, a sua mãe amada e a
única mulher que havia conseguido chegar ao seu coração, Lorena.
__ Então a minha mãe é homossexual, é isso? __ Perguntou o
jovem, no meio de toda a confusão mental que aquela história lhe causava.
__ A Stela é lésbica Enrico, assim como eu!
A moça afirmava a sua orientação sexual ao seu ex-namorado
sem o menor problema, pelo contrário, sentia até um certo orgulho por ter a
coragem de se assumir de peito aberto.
__ E por que você não me falou a verdade, quando terminou
comigo? __ Perguntou mais uma vez, o jovem com a sua voz sofrida e
enfraquecida.
__ Porque eu não queria passar por cima da sua mãe, porque a
última coisa que ela pensava era em te machucar. A sua mãe te ama muito
Enrico e por causa desse amor, ela não encontrava uma forma de te contar
sobre nós duas, por medo de te ferir.
Naquele instante, o rapaz baixou a cabeça extravasando o seu
choro, lembrando-se de tudo o que tinha falado para a sua mãe, na intenção
de machuca-la e sentiu-se o pior filho do mundo...
De cabeça baixa, vivendo a sua difícil catarse, Enrico lembrou-se
também de uma conversa que havia tido com a sua mãe, há algumas
semanas atrás, onde foi sondado por ela sobre os seus relacionamentos
amorosos. No dia, não entendeu muito bem o porquê de toda aquela
investigação por parte de sua genitora que nunca se metia nesse aspecto de
sua vida, mas naquele momento, descobriu que o que ela estava tentando
fazer era conversar consigo sobre Lorena, só que ela não havia conseguido
levar a cabo o seu intento quando ouviu a sua revelação de que ainda nutria
sentimentos pela moça, o que o fez se sentir ainda pior, se é que era
possível.
Percebendo o sofrimento de Enrico, Lorena tomou as suas mãos e
as afagou por sobre a mesa, no intuito de dar forças ao rapaz que passava
por um momento difícil, tinha que admitir. Não deveria estar sendo fácil
para aquele jovem, descobrir de uma só vez que sua mãe era lésbica e ainda
por cima, mantinha um relacionamento com a sua ex-namorada. Contudo,
ele iria ter que compreender e aceitar, não havia outra alternativa senão,
resignar-se.
__ Enrico, perdoa ela, por favor! Não faz a sua mãe sofrer mais
do que ela já estava sofrendo. Só eu sei o dilema que ela está vivendo desde
que nós iniciamos o nosso relacionamento. Ela queria muito conversar
contigo, estava esperando você arrumar outra namorada pra ter a certeza de
que tudo estava bem, só que esse momento nunca chegava...
__ Eu preciso de um tempo pra digerir tudo isso! __ O jovem
permanecia de cabeça baixa e suas lágrimas saiam sem que ele conseguisse
conte-las.
__ Tudo bem, só que tem um problema, a sua mãe está
incomunicável desde sexta-feira, e hoje já é quarta-feira, ou seja, fazem seis
dias que ela está trancada dentro daquele apartamento e eu estou muito
preocupada... Me ajuda a entrar lá Enrico, por favor!...
O rapaz finalmente levantou a cabeça, fitando Lorena com os seus
olhos cor de mel banhado em lágrimas e pôde sentir a apreensão da moça.
Ele imaginou a sua mãe dentro daquele apartamento sozinha, sofrendo e
teve medo que algo de ruim pudesse ter acontecido com ela, ele não se
perdoaria.
__ Tudo bem, você tem razão... Vamos até lá!
Enrico decidiu-se por seguir o seu coração que estava machucado,
desde que rompera com a sua mãe. Ele simplesmente não conseguia odiá-la,
mas sim, sentia-se culpado por tê-la ferido. Ele vivia uma dubiedade entre o
ódio e a culpa que tiravam todo o seu foco e a sua felicidade. O seu
emocional estava em frangalhos, totalmente desequilibrado, mas naquele
instante descobriu que o seu amor pela mulher que havia se decidido por
coloca-lo no mundo, era muito forte, era incondicional...
O jovem guardou todos os seus pertences na bolsa, se levantou e,
junto com Lorena, caminhou até o estacionamento da faculdade para
pegarem o carro e partirem rumo ao apartamento de Stela.
Lá chegando, ao entrarem pela porta não viram a mulher e nem
ouviram nenhum barulho, o que os deixou amedrontados. Será que Stela
teria a coragem de atentar contra a sua própria vida? Perguntaram-se ao se
entreolharem, mas em seguida, felizmente, viram um trapo de gente chegar
até a sala o que os deixou aliviados e espantados ao mesmo tempo, a juíza
estava com as mesmas roupas daquela fatídica sexta-feira, os seus cabelos
estavam desgrenhados, a sua pele estava sem vida e estava mais magra, o
que revelava o seu estado de inanição. O seu semblante era de sofrimento,
os seus olhos avermelhados e lacrimejados, miravam as duas pessoas mais
importantes da sua vida que enfim, chegavam para salvá-la de si mesmo.
__ Mãe! __ Enrico estava assustado e cheio de culpa vendo a
mulher despedaçada a sua frente. A sua vontade foi de correr e abraça-la,
pois por mais que tenha tentado, não conseguia odiá-la.
Lorena via o sofrimento estampado em Stela, paralisada, com as
duas mãos postas em frente ao nariz e a boca. Teve vontade de ir até ela
para ajuda-la, mas se conteve, porque a vez era de Enrico e não dela.
__ Filho, você me perdoa? __ A voz de Stela saiu fraca e falha,
ela só pensava em ter o perdão do seu filho e em mais nada.
__ Mãe... __ O jovem aproximou-se da mulher, a abraçou e
continuou __ você precisa tomar um banho e comer alguma coisa, olha o
seu estado!
Lorena foi até a cozinha e pegou um copo de água para Stela que
provavelmente, estaria desidratada considerando o aspecto de sua pele que
parecia estar seca. Quando voltou para a sala e o entregou à mulher, a
jovem a viu tomando o líquido com ânsia, tamanha a sede que ela deveria
estar sentindo.
Após sugar toda a água do copo, Stela olhou novamente para o
seu filho e lhe fez a única pergunta cuja a resposta positiva lhe deixaria em
paz em sua vida.
__ Me perdoa meu filho?
__ Eu te perdoo mãe! Está tudo bem... Me perdoa também por ter
falado todas aquelas coisas horríveis pra você... __ Enrico abraçava a
mulher e chorava com o coração cheio de remorso por vê-la naquele estado
lastimável. Ele queria tira-la daquele buraco tenebroso que a havia
colocado.
__ Eu te amo meu filho e só quero o seu bem!...
Lorena assistia a cena linda dos dois e se emocionava com aquele
reencontro. Os dois se amavam muito e ela teria que saber lidar com isso se
quisesse continuar na vida de Stela.
__ Eu sei disso mãe... Eu também te amo e eu também só quero o
seu bem, tá bom!... Agora você tem que tomar um banho e se alimentar,
você está muito fraca, por favor!
O jovem abraçava a mulher e não sentia o tônus muscular
característico dela, fruto de suas atividades físicas diárias, por isso insistia
que ela tomasse um banho e se alimentasse, só assim ela poderia se
recompor.
__ Stela, vai lá, toma um banho e enquanto isso eu faço uma
sopinha pra você, pode ser? __ Propôs Lorena.
__ Tudo bem... Obrigada!... Eu vou tomar um banho.
A juíza se movimentou para virar com a intenção de caminhar até
o seu quarto, mas se sentiu um pouco zonza, só não caiu porque Enrico a
amparou.
__ Enrico, vá com ela, porque eu acho que a sua mãe não está se
sentindo muito bem. __ A vontade de Lorena foi se oferecer para ajuda-la
no banho, mas teve receio de ser mal interpretada pelo jovem que
certamente, ainda digeria o relacionamento das duas.
Enrico acatou a sugestão da moça e foi com a sua mãe até o
quarto. Lá, ele se postou do lado de fora da porta do banheiro e acurou os
ouvidos, preparado para agir caso fosse necessário. Felizmente, tudo correu
bem. Após o revigorante banho, Stela já se sentia melhor. Ela foi até ao
closet, vestiu uma roupa confortável de puro algodão e agradeceu em
mente, Lorena que, com a sua capacidade de diálogo, estava conseguindo
reverter aquela difícil situação entre ela e seu filho.
Ao chegarem à cozinha, viram a jovem terminar de fazer a sopa.
Stela se sentou à cabeceira da mesa, como era de seu costume, para esperar
até que a moça a servisse. Assim que concluiu, Lorena serviu o prato e o
depositou em frente à mulher, sentando-se em uma cadeira próxima, para
observá-la comendo.
A juíza pegou um bocado da sopa, o levou até a boca e sentiu o
caldo saboroso aquecendo o seu coração. Ela então fitou os olhos castanhos,
profundos e generosos da moça e a agradeceu em mente mais uma vez, se
sentindo a mais sortuda das criaturas por ter aquela pessoa maravilhosa em
sua vida. A vontade que teve foi de afagar a mão da jovem que estava sobre
a mesa, mas não conseguiu, pois o seu filho estava ao seu lado e não sabia
como ele reagiria diante de tal ato.
Enrico, sentado em outra cadeira, próximo a Stela, observava a
troca de olhares entre as duas mulheres e conseguiu perceber o quanto elas
se amavam. De repente, como se tivesse tido um clarão de entendimento,
sentiu-se bem e até um pouco protagonista daquela história, pois afinal,
havia sido ele a pessoa que tinha apresentado as duas. Pensando nisso,
sentiu-se feliz, pois ele havia conseguido tirar a sua mãe daquela solidão
eterna na qual ela se encontrava. Solidão inclusive, que o incomodava
profundamente.
O jovem observador e analítico, olhava para as duas mulheres e
via suas armas caindo pelo chão. Como pôde achar que o relacionamento
das duas era algo ofensivo a si? Agora tudo se encaixava perfeitamente em
sua cabeça, pois acabava de descobrir que não havia sido rejeitado por
Lorena, ela apenas não é heterossexual, por isso não o quis e por isso o
trocou por sua mãe. Agora ele entendia perfeitamente porque nunca havia
conseguido se deitar com aquela moça.
Com esse turbilhão de pensamentos conclusivos na cabeça, o
jovem se sentiu aliviado, pois o seu difícil enigma, finalmente havia sido
decifrado, ele não iria ser devorado pela esfinge...
***
Capítulo 22
***
Capítulo 23
***
Capítulo 24
Um ano depois...
Naquela noite, Lorena se aprontava em frente ao espelho daquele
closet porque ela e Stela haviam sido convidadas para um jantar em um
restaurante. O convite tinha sido feito por Enrico, pois ele queria
comemorar a sua aprovação na primeira etapa do concurso público para juiz
de direito no qual era um dos candidatos. O jovem que havia se formado no
final do ano anterior e já tinha conseguido passar no exame da ordem dos
advogados, viu uma excelente oportunidade de ascensão na carreira
jurídica, quando se deparou com o anuncio do certame para a escolha de
uma nova leva de juízes substitutos, decidindo-se por fazer a sua inscrição
imediatamente. O rapaz já havia escolhido seguir o sacerdócio da sua mãe
que sempre foi e continuava a ser, a grande mentora de sua vida.
Lorena também tinha se formado no final do ano anterior e agora
era uma das psicólogas que atendia na conceituada clínica do Dr. Willian.
Ha uns sete meses atrás, a convite de Stela, ela se transferira para aquele
apartamento, pois o seu amigo Léo tinha recebido uma irrecusável proposta
de trabalho em outra cidade e como ele não quis deixar escapar a
oportunidade, foi embora, deixando a sua colega morando sozinha.
Na ocasião, a juíza não titubeou e viu no episódio a oportunidade
perfeita para estreitar ainda mais o seu relacionamento com aquela moça
que havia conseguido tomar conta do seu coração, sem nenhuma reserva.
Quando fez o convite à Lorena para morar consigo, a jovem não se fez de
rogada e aceitou na hora. Agora ela estava ali, ocupando o closet da mulher,
o seu quarto, o seu corpo, a sua vida e tudo mais que ela tinha direito...
Stela aguardava pacientemente na sala, a moça terminar de se
arrumar para irem enfim, ao restaurante escolhido por Enrico para jantarem
em sua companhia. A juíza estava muito feliz com a aprovação do seu filho
na primeira etapa do difícil e longo certame em que era um dos candidatos.
Ela sabia que não seria fácil porque conhecia a árdua estrada que ele teria
que percorrer, pois ela mesma havia passado por aquele difícil caminho ha
mais de vinte anos atrás, portanto tinha conhecimento das várias etapas em
que o filho seria submetido para a sua conquista do cargo de magistrado.
Passados alguns longos minutos, Stela avistou Lorena chegando
na sala toda produzida para enfim, saírem e viu que valera a pena a espera,
pois a sua mulher estava linda e encheu os seus olhos de admiração. Às
vezes a juíza nem acreditava naquilo em que ela própria estava vivendo,
parecia um sonho estar casada com aquela jovem. Na verdade, nem em
sonho ela imaginou que algum dia aquilo pudesse lhe acontecer.
Stela se aproximou da moça, sentindo o seu delicioso perfume e a
abraçou pela cintura, depois de percorrer cada centímetro do seu corpo com
os seus olhos cor de mel.
__ Que mulher linda é essa que eu tenho, hem? __ A juíza sempre
sucumbia à Lorena, não tinha jeito. Aquela jovem tinha conseguido tomar
cada milímetro do seu coração, não lhe restando outra opção senão se
entregar, completamente.
Lorena levantou os seus braços e com eles circulou o pescoço de
Stela e a puxou para dar-lhe um beijo breve.
__ Obrigada meu amor, você também está linda!...
Stela sempre comprava roupas clássicas e elegantes, em tons
monocromáticos, mas na última vez que foi às compras, na companhia de
Lorena, se permitiu ser influenciada pela sua mulher quando ela lhe sugeriu
uma camisa amarela bem cortada em um tecido fino. A juíza incluiu a peça
entre as demais que carregou para o provador, duvidando que a levaria para
casa, porém quando a experimentou, amou o tom da cor em sua pele,
acabando por inclui-la em sua compra. Naquela noite especial em que
comemoraria uma importante vitória do seu filho, resolveu vestir a camisa
junto de uma calça preta de linho com o cos alto e se sentiu bem, pois
estava sofisticada e ousada, ao mesmo tempo.
__ Quando retornarmos do jantar eu quero tirar essa sua roupa e
provar pra mim mesma, que eu sou a única mulher nesse mundo que possui
o privilégio de ter o seu corpo nu... __ Lorena achava a juíza muito bonita,
mas não era esse fato que mais lhe enchia de desejo, mas sim, o que lhe
arrebatava de forma inconteste era a autoridade e respeito que inspirava o
que a fazia se sentir imensamente honrada por ser a sua mulher.
__ Saiba que eu me sinto totalmente feliz exatamente por esse
motivo! __ As palavras de Lorena tocaram o coração de Stela, porém era
ela que se achava a privilegiada ali, por ter aquela moça tão linda, tão
espirituosa, tão inteligente, tão completa, ao seu lado...
FIM