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1. São conhecidos como “Pré-Socráticos” os filósofos que, historicamente, antecederam Sócrates.

Viveram na Grécia Antiga entre os séculos VII e V a.C., aproximadamente. A grande preocupação
dos filósofos Pré-Socráticos residiu em encontrar um elemento que pudesse ser entendido como o
originador das coisas, da matéria e do mundo. Esse elemento foi buscado na natureza física, daí
serem conhecidos, também, como “filósofos da natureza”. Além disso, foram esses filósofos os
responsáveis pela transição da consciência mítica para a consciência filosófica, buscando uma
explicação racional para a origem de todas as coisas.

Assinale a alternativa que possui um elemento que não foi pensado pelos filósofos Pré-Socráticos
como originador das coisas.
a) número, átomo, fogo, elétrons e prótons.
b) fogo, número, átomo, ilimitado.
c) água, número, fogo, ar.
d) ilimitado, átomo, ar, fogo.
e) água, ar, número, ilimitado.

2. “Os poemas homéricos têm por fundamento uma visão de mundo clara e coerente.
Manifestam-na quase a cada verso, pois colocam em relação com ela tudo quanto cantam de
importante – é, antes de mais nada, a partir dessa relação que se define seu caráter particular.
Nós chamamos de religiosa essa cosmovisão, embora ela se distancie muito da religião de outros
povos e tempos. Essa cosmovisão da poesia homérica é clara e coerente. Em parte alguma ela
enuncia fórmulas conceituais à maneira de um dogma; antes se exprime vivamente em tudo que
sucede, em tudo que é dito e pensado. E embora no pormenor muitas coisas resultem ambíguas,
em termos amplos e no essencial, os testemunhos não se contradizem. É possível, com rigoroso
método, reuni-los, ordená-los, fazer lhes o cômputo, e assim eles nos dão respostas explícitas às
questões sobre a vida e a morte, o homem e Deus, a liberdade e o destino (...).”

(OTTO. Os deuses da Grécia: a imagem do divino na visão do espírito grego. 1ª Ed., trad. [e
prefácio] de Ordep Serra. – São Paulo: Odysseus Editora, 2005 - p. 11.)

Com base no texto, e em seus conhecimentos sobre a função dos mitos na Grécia arcaica,
assinale a alternativa correta.
a) De acordo com os poemas homéricos, os deuses em nada poderiam interferir no destino dos
humanos e, assim, a determinação divina (ananque) se colocava em segundo plano, uma vez
que era o acaso (tykhe) quem governava, isto é, possuía a função de ensinar ao homem o que
este deveria escolher no momento de sua livre ação.
b) As poesias de Homero sempre mantiveram a função de educar o homem grego para o pleno
exercício da atividade racional que surgiria no século VI a.C., uma vez que, de acordo com
historiadores e helenistas, não houve uma ruptura na passagem do mito para o logos, mas sim
um processo gradual e contínuo de enraizamento histórico que culminou no advento da
filosofia.
c) Os mitos homéricos serviram de base para a educação, formação e visão de mundo que o
homem grego arcaico possuía. Em seus cânticos, Homero justapõe conceitos importantes como
harmonia, proporção e questionamentos a respeito dos princípios, das causas e do porquê das
coisas. Embora todas essas instâncias apresentavam-se como tal, os mitos não deixaram de lado
o caráter mágico, fictício e fabular em que eram narrados.
d) O mito já era pensamento. Ao formalizar os versos de sua poesia, Homero inaugura uma
modalidade literária bem singular no ocidente. As ações dos deuses e dos homens, por exemplo,
sempre obedeceram a uma ordem pré-estabelecida, a qual sempre revelou uma lógica
racional em funcionamento.
e) Os mitos tiveram função meramente ilustrativa na educação do homem grego, pois o caráter
teórico e abstrato da cultura grega apagou em grande parte os aspectos que se revelariam
relevantes na poesia grega.

3. Sobre o conhecimento mitológico, atente ao texto a seguir:

Para os gregos, mito é um discurso pronunciado ou proferido para ouvintes que recebem como
verdadeira a narrativa, porque confiam naquele que narra; é uma narrativa feita em público,
baseada, portanto, na autoridade e confiabilidade da pessoa do narrador.
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia, 1996, p. 28).

Sobre esse aspecto do conhecimento mitológico, é CORRETO afirmar que


a) a função do mito é obscura, e o discurso a ele referente, pronunciado pela autoridade, está
fundado na realidade e não explica a existência.
b) o mito retrata um tipo de compreensão não significativa, possibilitando ao homem viver e lutar
contra tudo o que lhe é contraditório.
c) na narrativa mitológica, proferida para os ouvintes, está presente o puro delírio da fantasia e a
confiabilidade na pessoa do narrador.
d) a narrativa do mito é baseada na lógica da abstração e deixa, à margem, o desejo de
dominação do mundo.
e) o mito revela alguma coisa que é aceita sem contestação nem questionamento. Trata-se,
portanto, de uma primeira narrativa que atribui sentido ao mundo.

4. Sobre a gênese da filosofia entre os gregos, observe o texto a seguir:

Seja como termo, seja como conceito, a filosofia é considerada pela quase totalidade dos
estudiosos como uma criação própria do gênio dos gregos. Quem não levar isso em conta não
poderá compreender por que, sob o impulso dos gregos, a civilização ocidental tomou uma
direção completamente diferente da oriental.
(ANTISERI, Dario e RELAE, Giovanni. História da Filosofia, 1990, p. 11).
Sobre a gênese do pensamento filosófico entre os gregos, é CORRETO afirmar que
a) a experiência concreta da racionalidade estava isenta da vida política na Pólis Grega.
b) a prática político-democrática, atrelada ao enfoque irracional da vida em sociedade, foi o
terreno fértil para a gênese do pensamento filosófico.
c) sob o impulso dos gregos, a dimensão racional se impõe como critério de verdade. A filosofia é
fruto desse projeto da razão.
d) a filosofia é fruto do momento cultural em que a sensibilidade e a fantasia impõem-se sobre a
razão.
e) na gênese do pensamento filosófico grego, na civilização ocidental, a forma de sabedoria que
se sobrepunha à ciência filosófica, eram as convicções religiosas fundamentadas na razão pura.

5. Observe o texto a seguir sobre a gênese do pensamento filosófico:

Entre o fim do VII século e o começo do VI a.C., o problema cosmológico é o primeiro a destacar-
se claramente como objeto de pesquisa sistemática diferente do impreciso complexo de
problemas que já ocupavam a mente dos gregos ainda antes do surgir de uma reflexão filosófica
verdadeira e própria.
(MONDOLFO, Rodolfo. O Pensamento Antigo, São Paulo: Mestre Jou, 1966, p. 31.)

O texto retrata, com clareza, o problema cosmológico, objeto de estudo da filosofia


a) Socrática.
b) Platônica.
c) Pré-socrática.
d) Mítica.
e) Pós-socrática.

6. Aquilo que é quente necessita de umidade para viver, e o que é morto seca, e todos os germes
são úmidos, e todo alimento é cheio de suco; ora, é natural que cada coisa se nutra daquilo de
que provém.
SIMPLÍCIO. In: BORNHEIM, G. A. Os filósofos pré-socráticos. São Paulo: Cultrix, 1993.

O fragmento atribuído ao filósofo Tales de Mileto é característico do pensamento pré-socrático ao


apresentar uma
a) abordagem epistemológica sobre o lógos e a fundamentação da metafísica.
b) teoria crítica sobre a essência e o método do conhecimento científico.
c) justificação religiosa sobre a existência e as contradições humanas.
d) laboração poética sobre os mitos e as narrativas cosmogônicas.
e) explicação racional sobre a origem e a transformação da physis.

7. “Os grandes cientistas de Tales a Demócrito e Anaxágoras costumam ser descritos nos livros de
história ou de filosofia como ‘pré-socráticos’, como se sua principal função fosse sustentar a
fortaleza filosófica até o advento de Sócrates, Platão e Aristóteles, e talvez influenciá-los um pouco.
Na verdade, os antigos jônios representam uma tradição diferente e bastante questionadora,
muito mais compatível com a ciência moderna.”

SAGAN, Carl. A espinha dorsal da noite. In: Cosmos. Trad. bras. Paulo Seiger. São Paulo: Companhia
das Letras, 2017.
É implícita a essa passagem de Carl Sagan (1934-1996) acerca do surgimento e da história da
filosofia grega a visão de que
a) depois de Sócrates os filósofos não estudaram a natureza.
b) Sócrates rompeu com os métodos dos filósofos jônicos.
c) os pensadores anteriores a Sócrates não eram filósofos.
d) Platão e Aristóteles não conheceram teses pré-socráticas.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Texto 1

Eis aqui, portanto, o princípio de quando se decidiu fazer o homem, e quando se buscou o
que devia entrar na carne do homem.
Havia alimentos de todos os tipos. Os animais ensinaram o caminho. E moendo então as espigas
amarelas e as espigas brancas, Ixmucaná fez nove bebidas, e destas provieram a força do
homem. Isto fizeram os progenitores, Tepeu e Gucumatz, assim chamados.
A seguir decidiram sobre a criação e formação de nossa primeira mãe e pai. De milho
amarelo e de milho branco foi feita sua carne; de massa de milho foram feitos seus braços e as
pernas do homem. Unicamente massa de milho entrou na carne de nossos pais.

(Adaptado: SUESS, P. Popol Vuh: Mito dos Quiché da Guatemala sobre sua origem do milho e a
criação do mundo. In: A conquista espiritual da América Espanhola: 200 documentos – Século XVI.
Petrópolis: Vozes, 1992, p. 32-33.)

Texto 2

“Se você é o que você come, e consome comida industrializada, você é milho”, escreveu
Michael Pollan no livro O Dilema do Onívoro, lançado este ano no Brasil. Ele estima que 25% da
comida industrializada nos EUA contenha milho de alguma forma: do refrigerante, passando pelo
Ketchup, até as batatas fritas de uma importante cadeia de fast food – isso se não contarmos
vacas e galinhas que são alimentadas quase exclusivamente com o grão.
O milho foi escolhido como bola da vez ao seu baixo preço no mercado e também porque os EUA
produzem mais da metade do milho distribuído no mundo.

(Adaptado: BURGOS, P. Show do milhão: milho na comida agora vira combustível.


Super Interessante. Edição 247, 15 dez. 2007, p.33.)

8. Com base nos textos 1 e 2 e nos conhecimentos sobre as relações entre organização social e
mito, é correto afirmar.
a) Os deuses maias criaram os homens dotados de livre arbítrio para, a partir dos princípios da
razão e da liberdade, ordenarem igualitariamente a sociedade.
b) A exemplo das narrativas que predominavam no período homérico da Grécia antiga, os mitos
expressam uma forma de conhecimento científico da realidade.
c) Na busca de um princípio fundante e ordenador de todas as coisas, como ocorre na mitologia
grega, a narrativa mítica justifica as bases da legitimação de organização política e de coesão
social.
d) Assim como nos povos Quiché da Guatemala, também os mitos gregos procuram explicar a
arché, a origem, a partir de um elemento originário onde está presente o milho.
e) Para certas tradições de pensamento, como a da escola de Frankfurt, o iluminismo representa
a superação completa do mito.

9. A relação entre mito e filosofia é objeto de polêmica entre muitos estudiosos ainda hoje. Para
alguns, a filosofia nasceu da ruptura com o pensamento mítico (teoria do “milagre grego”); para
outros, houve uma continuidade entre mito e filosofia, ou seja, de alguma forma os mitos
continuaram presentes – seja como forma, seja como conteúdo – no pensamento filosófico.

A partir destas informações, assinale a alternativa que NÃO contenha um exemplo de pensamento
mítico no pensamento filosófico.
a) Parmênides afirma: “Em primeiro lugar, criou (a divindade do nascimento ou do amor) entre
todos os deuses, a Eros...”
b) Platão propõe algumas teses como a teoria da reminiscência e a transmigração das almas.
c) Heráclito afirma: “As almas aspiram o aroma do Hades”.
d) Aristóteles divide a ciência em três ramos: o teorético, o prático e o poético.

10. Sobre a passagem do mito à filosofia, na Grécia Antiga, considere as afirmativas a seguir.

I. Os poemas homéricos, em razão de muitos de seus componentes, já contêm características


essenciais da compreensão de mundo grega que, posteriormente, se revelaram importantes
para o surgimento da filosofia.
II. O naturalismo, que se manifesta nas origens da filosofia, já se evidencia na própria religiosidade
grega, na medida em que nem homens nem deuses são compreendidos como perfeitos.
III. A humanização dos deuses na religião grega, que os entende movidos por sentimentos similares
aos dos homens, contribuiu para o processo de racionalização da cultura grega, auxiliando o
desenvolvimento do pensamento filosófico e científico.
IV. O mito foi superado, cedendo lugar ao pensamento filosófico, devido à assimilação que os
gregos fizeram da sabedoria dos povos orientais, sabedoria esta desvinculada de, qualquer
base religiosa.

Estão corretas apenas as afirmativas:


a) I e II.
b) II e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, III e IV.

11. Mario Quintana, no poema “As coisas”, traduziu o sentimento comum dos primeiros filósofos
da seguinte maneira: “O encanto sobrenatural que há nas coisas da Natureza! [...] se nelas algo
te dá encanto ou medo, não me digas que seja feia ou má, é, acaso, singular”. Os primeiros
filósofos da antiguidade clássica grega se preocupavam com:
a) Cosmologia, estudando a origem do Cosmos, contrapondo a tradição mitológica das
narrativas cosmogônicas e teogônicas.
b) Política, discutindo as formas de organização da polis e estabelecendo as regras da
democracia.
c) Ética, desenvolvendo uma filosofia dos valores e da vida virtuosa.
d) Epistemologia, procurando estabelecer as origens e limites do conhecimento verdadeiro.
e) Ontologia, construindo uma teoria do ser e do substrato da realidade.

TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO:


Entrevista com Jean-Pierre Vernant

O francês Jean-Pierre Vernant é considerado o maior helenista vivo. Nome familiar aos estudantes
de filosofia, o autor francês tem vários livros publicados em português, entre eles Universo, os
Deuses, os Homens (Cia. das Letras), As Origens do Pensamento Grego (Bertrand Brasil), A Morte
nos Olhos (Zahar), Mito e Sociedade na Grécia Antiga (José Olympio), Mito e Tragédia na Grécia
Antiga (Perspectiva). Sai agora no Brasil outro volume fundamental, Entre Mito & Política, antologia
de textos, uma espécie de "suma" de toda uma vida de pesquisador.
Nascido em 1914, Vernant participou ativamente da Resistência francesa e nunca abandonou
sua vocação de militante. Fato que contrasta, em aparência, com o clichê do intelectual isolado
em sua torre de marfim. Ao contrário, Vernant, que carrega a justa fama de ter colocado os
estudos helênicos em outro nível, poderia lembrar que foi na Grécia antiga que o ser humano foi
definido como animal político. No novo livro, ele trafega entre mito e política com dupla mão de
direção: investigando o que há de político no mito e o que há de mítico na política. Tudo muito
atual, embora às vezes ele fale de fatos e gente de 2.500 anos atrás. Na verdade, Vernant olha o
passado para melhor entender o presente.

A civilização da Grécia antiga é comumente sintetizada entre nós numa fórmula: o milagre grego.
O sr. aceita isso?
Vernant - Absolutamente não! Essa ideia, expressa por Renan e amplamente retomada depois
dele, segundo a qual a Grécia, e somente a Grécia, teria inventado a razão, o pensamento
científico, a filosofia e todos os grandes valores universais, parece-me inaceitável. É verdade que,
por volta do século 7.º antes de nossa era, houve um conjunto de fenômenos complexos. Em
primeiro lugar, a passagem de uma civilização oral para uma cultura escrita e de uma palavra
poética e profética - a de Homero e Hesíodo - para um discurso lógico e demonstrativo - o de
Platão e Aristóteles. Ao mesmo tempo, o antigo sistema de governo, mantido por um rei ou por um
grupo aristocrático, dá lugar à organização da cidade (polis), na qual todos os cidadãos podem
discutir igualmente e concorrer à decisão coletiva. No seio desse duplo processo cultural e político,
é impossível discernir onde está a causa e o efeito. Entretanto, o triunfo do logos na era clássica
foi desfavorável aos gregos, cuja civilização não tem, portanto, nada de miraculosa: na realidade,
não tentavam compreender o que contradiz a esse princípio lógico de identidade,
particularmente os fenômenos exteriores, que não se prestam a demonstrações nem ao cálculo.
É por isso que não existiu na realidade uma física grega, por causa da ausência da
experimentação e da aplicação do cálculo à realidade.

O surgimento e a afirmação do discurso lógico não deveriam levar ao desaparecimento do mito?


Vernant - Mythos significa apenas relato, narração, embora, entre os gregos, os termos mythos e
logos não se oponham entre si. Essa palavra serve hoje para designar, na história do pensamento
grego, uma tradição transmitida oralmente e que não se insere na ordem do racional. Observe
que os mythoi (mitos) não são um apanágio dos gregos. Nossa ciência atual está repleta de
mithos: por acaso o big-bang original de nossos cientistas seria muito diferente do chaos (caos)
evocado por Hesíodo, esse camponês da Beócia do século 8.º antes de Cristo? As narrativas da
origem transmitidas pelos mitos continuam inteiramente atuais na Grécia clássica, porque
respondem a desafios relacionados com a identidade: o grego sabe de onde é porque conhece
de cor todas essas histórias. Além disso, essas narrativas transmitem modos de ser e de comportar-
se.
Em Homero, aprende-se a trabalhar, a navegar, a fazer a guerra e a morrer - afirmava Platão. A
tradição mitológica define assim um estilo exemplar de existência, nos planos moral e estético,
que para os gregos se confundem.

A mitologia assim descrita exprime o essencial da religião grega?


Vernant - Não. Apenas em parte. Naturalmente, ela se refere a deuses aos quais devem ser
rendidas honras, junto aos quais os humanos se sentem inferiores ao nada e cujo brilho divino não
chega até os mortais porque estes não são dignos. Mas a religião está relacionada também com
a prática, com rituais que acompanham e ordenam todos os gestos da existência. De fato, a
religião está em toda a parte, no modo de comer, de entrar e sair, de se reunir na "agorá". Nada
separa a esfera religiosa da esfera civil: o religioso é político, o político é religioso. Na vida coletiva,
a irreligião é inconcebível.

O Estado de São Paulo, Caderno 2, 05/08/2001

12. De acordo com o texto, é correto afirmar:


a) A filosofia foi um milagre dos gregos.
b) A filosofia desenvolveu-se na Grécia em decorrência de características específicas do povo
grego.
c) O triunfo da razão, na cultura grega , foi bastante favorável à civilização grega.
d) Não houve desenvolvimento de uma física entre os gregos porque eles não aplicavam o cálculo
à realidade.
e) O desenvolvimento da democracia não guarda qualquer relação com o surgimento da filosofia
na Grécia, visto que se trata apenas de uma manifestação cultural.

13. "Advento da Polis, nascimento da filosofia: entre as duas ordens de fenômenos os vínculos são
demasiado estreitos para que o pensamento racional não apareça, em suas origens, solidário das
estruturas sociais e mentais próprias da cidade grega. Assim recolocada na história, a filosofia
despoja-se desse caráter de revelação absoluta que às vezes lhe foi atribuído, saudando, na
jovem ciência dos jônios, a razão intemporal que veio encarnar-se no Tempo. A escola de Mileto
não viu nascer a Razão; ela construiu uma razão, uma primeira forma de racionalidade".

Jean Pierre Vernant.

Sobre a Filosofia seguem as seguintes afirmações:

I. Ela foi revelada pela deusa Razão a Tales de Mileto quando este afirmou que o princípio de tudo
é a água.
II. Ela foi inventada pelos gregos e decorre do advento da Polis, a cidade organizada por leis e
instituições que, por meio delas, eliminou todo tipo de disputa.
III. Ela rejeita o sobrenatural, a interferência de agentes divinos na explicação dos fenômenos;
problematiza, discute e põe em questão até mesmo as teorias racionais elaboradas com rigor
filosófico.
IV. Surgiu no século VI a.C. nas colônias gregas da Magna Grécia e da Jônia, apenas no século
seguinte deslocou-se para Atenas.
V. Ocupa-se com os princípios, as causas e condições do conhecimento que pretenda ser racional
e verdadeiro; põe em questão e problematiza valores morais, políticos, religiosos, artísticos e
culturais.
Das afirmações feitas acima
a) I, III e V são corretas.
b) I e II são incorretas.
c) II, IV e V são corretas.
d) todas são corretas.
e) todas são incorretas.

14. No início do século XX, estudiosos esforçaram-se em mostrar a continuidade, na Grécia Antiga,
entre mito e filosofia, opondo-se a teses anteriores, que advogavam a descontinuidade entre
ambos.
A continuidade entre mito e filosofia, no entanto, não foi entendida univocamente. Alguns
estudiosos, como Cornford e Jaeger, consideraram que as perguntas acerca da origem do mundo
e das coisas haviam sido respondidas pelos mitos e pela filosofia nascente, dado que os primeiros
filósofos haviam suprimido os aspectos antropomórficos e fantásticos dos mitos.
Ainda no século XX, Vernant, mesmo aceitando certa continuidade entre mito e filosofia, criticou
seus predecessores, ao rejeitar a ideia de que a filosofia apenas afirmava, de outra maneira, o
mesmo que o mito. Assim, a discussão sobre a especificidade da filosofia em relação ao mito foi
retomada.

Considerando o breve histórico acima, concernente à relação entre o mito e a filosofia nascente,
assinale a opção que expressa, de forma mais adequada, essa relação na Grécia Antiga.
a) O mito é a expressão mais acabada da religiosidade arcaica, e a filosofia corresponde ao
advento da razão liberada da religiosidade.
b) O mito é uma narrativa em que a origem do mundo é apresentada imaginativamente, e a
filosofia caracteriza-se como explicação racional que retoma questões presentes no mito.
c) O mito fundamenta-se no rito, é infantil, pré-lógico e irracional, e a filosofia, também
fundamentada no rito, corresponde ao surgimento da razão na Grécia Antiga.
d) O mito descreve nascimentos sucessivos, incluída a origem do ser, e a filosofia descreve a
origem do ser a partir do dilema insuperável entre caos e medida.

15. A cultura grega marca a origem da civilização ocidental e ainda hoje podemos observar sua
influência nas ciências, nas artes, na política e na ética. Dentre os legados da cultura grega para
o Ocidente, destaca-se a ideia de que
a) a natureza opera obedecendo a leis e princípios necessários e universais que podem ser
plenamente conhecidos pelo nosso pensamento.
b) nosso pensamento também opera obedecendo a emoções e sentimentos alheios à razão, mas
que nos ajudam a distinguir o verdadeiro do falso.
c) as práticas humanas, a ação moral, política, as técnicas e as artes dependem do destino, o
que negaria a existência de uma vontade livre.
d) as ações humanas escapam ao controle da razão, uma vez que agimos obedecendo aos
instintos como mostra hoje a psicanálise.

16. A mente humana é naturalmente inquiridora: quer conhecer as razões das coisas; basta ver
uma criança fazendo perguntas aos pais. Mas às mesmas perguntas podem ser dadas diversas
respostas: míticas, científicas, filosóficas.
MONDIN, Batista. Curso de filosofia. São Paulo: Paulus, 1981. (Adaptado)
O pensamento mítico na atualidade reflete-se naquelas respostas que estão repletas de
explicações valorativas sobre a personalidade do super-herói, a exaltação do cientificismo,
valorando o ‘desejo desenfreado’ e dando primazia ao poder midiático. Sendo assim, assinale a
alternativa CORRETA.
a) A verdadeira função do mito, na atualidade, é orientar a ação humana.
b) O papel atual do mito é dar sentido ao mundo humano.
c) O pensamento mítico, no mundo atual, identifica-se como uma resistência às invenções
científicas e tecnológicas.
d) Nos dias atuais, a função fabuladora presente nos contos e nas estórias populares remetem aos
valores arquetípicos.
e) O mito, na atualidade, promove o desenvolvimento do homem no seu cotidiano, pela eficácia
na linguagem das formas ideológicas.

17. Observe o texto a seguir sobre a gênese do pensamento filosófico.

Com a filosofia, novo critério de verdade se impunha: o critério da logicidade. Verdade é aquilo,
que concorda com as leis do lógos (pensamento, razão). É a razão, que nos dá garantia da
verdade, porque o real é racional.
LARA, Tiago Adão. A Filosofia nas suas origens gregas, 1989, p. 54.

Sobre a gênese do pensamento filosófico, está CORRETO afirmar que


a) a evidência da verdade com o crivo da racionalidade tem resposta no mito.
b) o critério da logicidade está presente na adesão à crença e ao mito.
c) a gênese do pensar filosófico e a inspiração criadora de sentidos consistem na fantasia.
d) a origem do pensamento filosófico surge entre os gregos, no século VI a.C., na busca por
explicação do sobrenatural com a força do divino.
e) o despertar da filosofia grega surge na verdade argumentada da razão com o critério da
interpretação.

18. Leia o texto a seguir:

A Grécia é considerada o berço da Filosofia. O pensamento grego tem a singularidade do


intelecto, privilegiando, acima de tudo, a dimensão conceitual e discursiva. De acordo com a
tradição histórica, a fase inaugural do pensar filosófico grego é conhecida como período pré-
socrático.

Sendo assim, é CORRETO afirmar que


a) filosofia pré-socrática enfatiza, principalmente, a explicação da liberdade.
b) no período pré-socrático da filosofia, o pensar crítico retrata o valor da história dos deuses.
c) o período pré-socrático da filosofia é denominado essencialmente de período naturalista.
d) no período pré-socrático, o enfoque da Filosofia é denominado de período ético.
e) o período pré-socrático da filosofia enaltece a confiança na religiosidade das ideias e no
problema da vida.

19. Sobre a Dimensão Política e a Cidadania, analise o texto a seguir:

A política apresenta-se hoje como a arte de governar, de atuar na vida pública e gerir os assuntos
de interesse comum. Não se restringe à atividade desenvolvida no âmbito do Estado, mas faz parte
de nossa vida, permeia todas as formas de relacionamento social: no trabalho, na escola, nas ruas,
no lazer e até nas relações afetivas.
Para filosofar – São Paulo: Scipione, 2000, p. 176.

O texto acima retrata, de forma abrangente, o sentido que tem a política no conjunto das
relações sociais. No âmbito dessa temática, tem-se também como CORRETO que
a) a esfera política restringe-se à atividade da ação do Estado no processo democrático.
b) a dimensão política diz respeito exclusivamente aos políticos que estão empenhados nos
assuntos de interesse comum para a cidadania.
c) na esfera da cidadania, a dimensão política abrange todas as atividades humanas o tempo
todo.
d) o exercício da cidadania independe da esfera política. O cidadão tem autonomia na ação
política e na vida da sociedade.
e) a verdadeira cidadania permeia todos os direitos e deveres para a coletividade, prescindindo
dos assuntos públicos no âmbito da sociedade.

20. Em 4 de julho de 2012, foi detectada uma nova partícula, que pode ser o bóson de Higgs.
Trata-se de uma partícula elementar proposta pelo físico teórico Peter Higgs, e que validaria a
teoria do modelo padrão, segundo a qual o bóson de Higgs seria a partícula elementar
responsável pela origem da massa de todas as outras partículas elementares.

(Jean Júnio M. Pimenta et al. “O bóson de Higgs”. In: Revista brasileira de ensino de física, vol. 35,
no 2, 2013. Adaptado.)

O que se descreve no texto possui relação com o conceito de arqué, desenvolvido pelos primeiros
pensadores pré-socráticos da Jônia. A arqué diz respeito
a) à retórica utilizada pelos sofistas para convencimento dos cidadãos na pólis.
b) a uma explicação da origem do cosmos fundamentada em pressupostos mitológicos.
c) à investigação sobre a constituição do cosmos por meio de um princípio fundamental da
natureza.
d) ao desenvolvimento da lógica formal como habilidade de raciocínio.
e) à justificação ética das ações na busca pelo entendimento sobre o bem.
21. A passagem que se apresenta a seguir revela uma narrativa mítica em um contexto de
explicação e de interpretação do mundo:

“Existem novos deuses crescendo nos Estados Unidos, apoiando-se em laços cada vez maiores de
crenças: deuses de cartão de crédito e de autoestrada, de internet e de telefone, de rádio, de
hospital e de televisão, deuses de plástico, de bipe e de néon. Deuses orgulhosos, gordos e tolos,
inchados por sua própria novidade e por sua própria importância. Eles sabem da nossa existência
e têm medo de nós, e nos odeiam – disse Odin. – Vocês estão se enganando se acreditam que
não. Eles vão nos destruir, se puderem. É hora de a gente se agrupar. É hora de agir”.

Gaiman, Neil. Deuses americanos. São Paulo: Conrad Editora do Brasil, 2011. P.114-115.

Considerando as características do conhecimento mítico e a citação acima, atente para o que


se afirma a seguir e assinale com V o que for verdadeiro e com F o que for falso.

( ) A narrativa mítica foi a primeira e mais duradoura forma de explicação do mundo, persistindo
até os dias atuais, mesmo que de forma não preponderante.
( ) A interpretação do mundo e dos acontecimentos baseada na existência de divindades
supremas reflete a necessidade humana por respostas que nem mesmo a ciência pode dar.
( ) Divindades são criaturas eternas e sobrenaturais. Elas existem, de fato, e não podem ser
representadas por objetos ou pessoas.
( ) Persiste, mesmo na sociedade contemporânea, o que era habitual das civilizações totêmicas:
o culto de objetos concretos, aos quais se atribui o poder de controle sobre a vida dos
indivíduos.

A sequência correta, de cima para baixo, é:


a) V, F, V, F.
b) F, V, F, V.
c) F, V, V, F.
d) V, F, F, V.

22. A filosofia, além do privilégio histórico de ter sido a primeira tentativa de compreensão do
mito, tem consciência, desde a sua origem, do seu parentesco com ele. A filosofia, se não é filha,
é, pelo menos, irmã mais nova do mito e estabeleceu desde o seu berço uma fascinante relação
de amizade e confronto com esse irmão mais velho. O alvorecer da filosofia na tradição ocidental
mistura as suas luzes e sombras com as do mito que a precedeu na odisseia da humanidade.

(Marcelo Perine. “Mito e filosofia”. In: Philosophos, 2002. Adaptado.)

A relação apresentada no texto expressa uma passagem transformadora na filosofia referente à


a) organização da pólis.
b) reflexão sobre a ética.
c) expansão do território grego.
d) valorização das figuras divinas.
e) racionalização da natureza.
23. “Como se sabe , a palavra mŷthos raramente foi empregada por Heródoto. Caracterizar um
logos (narrativa) como mŷthos era para ele um meio claro de rejeitá-lo como duvidoso e
inconvincente. [...] Situado em algum lugar além do que é visível, um mýthos não pode ser
provado. [...] Não obstante, Heródoto sempre se refere à sua própria narrativa como lógos ou
lógoi. [...] Parte de um lógos podia ser circunscrito como mŷthos e, ao mesmo tempo, o autor podia
ser designado como logopoiós, ou seja, como alguém que expõe uma forma de conhecimento
sem fundamento apropriado ou de impossível verificação. ”

HARTOG, F. Os antigos, o passado e o presente. Trad. bras. Sonia Lacerda et al. Brasília, Editora da
UnB, 2003, p. 37-38.

Com base no que diz François Hartog, é correto afirmar que


a) mŷthos se refere a uma narrativa improvável, inverificável, e lógos a uma narrativa ou
argumento que pretende possuir fundamento.
b) a distinção entre mŷthos e lógos é arbitrária, pois não se fundamenta em nenhum uso culto da
língua grega no período clássico.
c) há um processo cultural em que mŷthos e logos se aproximam semanticamente na língua
grega, terminando por se identificarem.
d) a distinção entre mŷthos e lógos não tem importância para Heródoto, sendo-lhe bem relativa,
embora efetivamente existente.

24. O homem é o ser sociável por excelência. Como é o único entre os animais que tem o dom
da palavra, ele pode expressar as noções de bem, de mal, de justo, de injusto, e de sentimentos
semelhantes que estão na base da formação do Estado. Aquele que não pudesse, ou não
pretendesse viver em sociedade, não seria propriamente um homem, mas uma fera selvagem ou
um deus. O primeiro a instituir uma associação política fez o maior benefício à humanidade. O
homem aperfeiçoado pela sociedade é o primeiro dos animais, mas pode ser o último, caso viva
sem leis e sem justiça.

(Aristóteles. La política, 2003. Adaptado.)

Aristóteles argumenta que a associação humana é


a) a força contentora do espírito naturalmente belicoso e cruel dos homens.
b) produzida por princípios religiosos e éticos comuns a alguns seres humanos.
c) sustentada pelo interesse social e econômico da aristocracia.
d) formada por um acordo deliberado de homens racionais e livres.
e) a garantia necessária da existência material e moral do homem.

25. Empédocles estabelece quatro elementos corporais – fogo, ar, água e terra –, que são eternos
e que mudam aumentando e diminuindo mediante mistura e separação; mas os princípios
propriamente ditos, pelos quais são movidos, são o Amor e o Ódio. Pois é preciso que os elementos
permaneçam alternadamente em movimento, sendo ora misturados pelo Amor, ora separados
pelo Ódio.

SIMPLÍCIO. Física, 25, 21. In: Os pré-socráticos. São Paulo: Nova Cultural, 1996.
O texto propõe uma reflexão sobre o entendimento de Empédocles acerca da arché, uma
preocupação típica do pensamento pré-socrático, porque
a) exalta a investigação filosófica.
b) transcende ao mundo sensível.
c) evoca a discussão cosmogônica.
d) fundamenta as paixões humanas.
e) corresponde à explicação mitológica.

26. Comparando-se mito e filosofia, é correto afirmar o seguinte:


a) A autoridade do mito depende da confiança inspirada pelo narrador, ao passo que a
autoridade da filosofia repousa na razão humana, sendo independente da pessoa do filósofo.
b) Tanto o mito quanto a filosofia se ocupam da explicação de realidades passadas a partir da
interação entre forças naturais personalizadas, criando um discurso que se aproxima do da
história e se opõe ao da ciência.
c) Enquanto a função do mito é fornecer uma explicação parcial da realidade, limitando-se ao
universo da cultura grega, a filosofia tem um caráter universal, buscando respostas para as
inquietações de todos os homens.
d) Mito e filosofia dedicam-se à busca pelas verdades absolutas e são, em essência, faces distintas
do mesmo processo de conhecimento que culminou com o desenvolvimento do pensamento
científico.
e) A filosofia é a negação do mito, pois não aceita contradições ou fabulações, admitindo apenas
explicações que possam ser comprovadas pela observação direta ou pela experiência.
Gabarito:

Resposta da questão 1:
[A]

A alternativa correta é a [A], pois, os itens (átomo, elétrons e prótons) citados nessa alternativa não
fazem parte das conclusões dos filósofos pré-socráticos. Algumas das opções contidas na
alternativa são formulações teóricas e conceituais da ciência moderna e da modernidade. Sobre
os filósofos pré-socráticos, é correto afirmar que se notabilizaram pela busca de um elemento que
fosse a origem de todas as coisas, sendo esse elemento buscado na natureza física, por isso foram
nomeados de “filósofos da natureza”. Mas não encontramos em suas argumentações muitos
desses termos, que são próprios do mundo moderno e do desenvolvimento das ciências física e
química no século XIX. Dessa forma, a alternativa que aponta corretamente o que é pedido no
enunciado, é a alternativa [A].

Resposta da questão 2:
[C]

Os mitos tinham grande importância para a cultura da Grécia Clássica. Eles apresentavam não
somente uma narrativa mágica acerca da origem das coisas, mas também uma cosmovisão que
fazia sentido no cotidiano dos cidadãos. Com isso, os mitos adquiriam a função educativa e
formativa dos cidadãos, servindo de conhecimento comum sobre o qual as pessoas significavam
suas vidas cotidianas. É nesse sentido que, por exemplo, os deuses apresentavam características
humanas e que as noções cosmológicas mais importantes para a sociedade grega sempre
estiveram presentes nos mitos. Entretanto, é importante ressaltar que ainda que possua uma
coerência interna, os mitos são bastante diferentes do saber filosófico.

Resposta da questão 3:
[E]

Para responder à questão, o aluno deve compreender a função explicativa da realidade que o
mito possui. Ao possibilitar uma interpretação acerca do mundo e dos indivíduos, o mito atribui
também um sentido a essas interpretações. Um outro elemento característico do mito, destacado
pelo texto, é a autoridade da narrativa em si mesma e de quem narra, de modo que a revelação
apresentada pelo mito não questionada. A partir dessas considerações, a alternativa [E] é a que
apresenta a resposta correta.

Resposta da questão 4:
[C]

Como apontado pela alternativa [C], o processo que envolveu o desenvolvimento da filosofia
entre os gregos envolveu a mudança do critério de verdade mítico, baseado na fé e na
autoridade narrativa, para o critério da razão, fundamento da prática filosófica iniciada a partir
de então.

Resposta da questão 5:
[C]
A investigação filosófica cosmológica, tratada no texto, é característica do período conhecido
como pré-socrático, uma vez que nesse contexto a cosmologia era o principal objeto de reflexão
dos filósofos. Os filósofos pré-socráticos buscavam formular explicações acerca da origem (arche)
de todas as coisas, da natureza (physis) e dos fenômenos naturais a partir do uso da razão, não
mais fazendo uso das narrativas míticas que até então predominavam. Por formularem juízos sobre
o universo e sobre as leis que explicam seu funcionamento, essa filosofia é conhecida como
cosmológica.

Resposta da questão 6:
[E]

Percebe-se no fragmento a construção de um pensamento racionalmente ordenado para


explicar a transformação da physis, que também parte de uma reflexão filosófica substancialista,
uma vez que é marcada pela busca pela origem do cosmos.

Resposta da questão 7:
[B]

A alternativa correta é a [B], pois, a passagem dos pré-socráticos para a revolução socrática
representou uma mudança de postura e atitude em relação aos questionamentos filosóficos,
deslocando-os das questões da natureza para o homem. Mas, ao mesmo tempo que se efetiva
essa mudança, há um rompimento com a forma de pensar e raciocinar dos filósofos anteriores a
Sócrates, os chamados pré-socráticos. Por isso, a alternativa que responde corretamente a
questão é a [B].

Resposta da questão 8:
[C]

A alternativa [C] é a única correta. Os mitos estão em íntima relação com a organização social
da sociedade que os produziu, assumindo caráter legitimador e explicativo de tal organização,
além do seu papel organizador do conhecimento. Não podemos dizer que a alternativa [D] seja
correta, uma vez que nela há um erro sintático: não são os mitos gregos que explicam a origem
pelo milho, mas os mitos dos povos Quiché.

Resposta da questão 9:
[D]

Aristóteles retoma a problemática do conhecimento e se preocupa em definir ciência como


conhecimento verdadeiro, pelas causas, capaz de superar os enganos do mito e da opinião, por
isto, rejeita, por exemplo, o mundo das ideias de Platão.

Resposta da questão 10:


[D]

Somente a afirmativa IV é falsa. A filosofia nascente na Grécia incorporou muito da cosmologia


mitológica, tanto em relação à forma de interpretar o mundo, quanto na própria construção dos
problemas filosóficos. Desta forma, não houve uma superação completa dos mitos, mas a
constituição de um novo campo de conhecimento: a filosofia.
Resposta da questão 11:
[A]

O período pré-socrático ou cosmológico, do final do século VII ao final do século IV a.C. , se deu
quando a Filosofia ocupou-se fundamentalmente com a origem do mundo e suas transformações
na natureza, pois entre outras coisas não admite a criação do mundo a partir do nada, mas a
afirma a geração de todas as coisas por um princípio natural de onde tudo vem e para onde tudo
retorna.

Resposta da questão 12:


[D]

O triunfo do logos na era clássica foi desfavorável aos gregos, cuja civilização não tem, portanto,
nada de miraculoso: na realidade, não tentavam compreender o que contradiz a esse princípio
lógico de identidade, particularmente os fenômenos exteriores, que não se prestam a
demonstrações nem ao cálculo. É por isso que não existiu na realidade uma física grega, por causa
da ausência da experimentação e da aplicação do cálculo à realidade.

Resposta da questão 13:


[B]

Somente as afirmações I e II são incorretas sobre o surgimento da filosofia. A filosofia se inicia


mediante a rejeição racional das explicações míticas e religiosas a respeito do mundo. Nesse
sentido, não se pode dizer que a razão seja deusa, mas somente um instrumento de interpretação
da realidade. Na Grécia, essa forma de conhecimento surge devido a uma série de
transformações na sociedade, em um período em quem as disputas políticas se tornaram mais
constantes com o advento da democracia.

Resposta da questão 14:


[B]

A alternativa [B] é a mais correta. O mito pode ser caracterizado pela sua narrativa fantástica e
que serve de modelo explicativo sobre a origem das coisas e do porquê delas serem como são. A
filosofia, em contrapartida, ainda que faça indagações similares a essas, rejeita as explicações
fantásticas, considerando a razão como critério de veracidade de suas análises e explicações.

Resposta da questão 15:


[A]

A forma proposta pelos gregos para compreender o universo, não foi algo que surgiu
espontaneamente, ela foi impulsionada por fatores como: as navegações, o desenvolvimento da
moeda, da escrita, a invenção do calendário e principalmente o surgimento da “polis” (cidade).
Estes fatores possibilitaram a estes primeiros pensadores, concentrar suas reflexões sobre a “phisys”
(natureza) a fim de encontrar o “arché” (princípio) por meio de um “logos” (discurso) que pudesse
compreender racionalmente o “cosmos” (universo).
A busca por explicações mais gerais, que conseguissem dar respostas mais duradouras e definitivas
acerca realidade (mundo, natureza e ser humano) mostrou que poderia ser apreendida pelo
pensamento. Desta forma a compreensão da natureza e de sua constituição permitiu o
entendimento racional de leis pelas quais a natureza opera, sendo assim perfeitamente possíveis
de serem compreendias e expressas de forma racional por meio de nosso pensamento.

Resposta da questão 16:


[E]

Ao pensar a forma que o mito adquire nas sociedades contemporâneas, como apontado pelo
texto e pelo enunciado da questão, o aluno deve perceber que as explicações míticas são
potencializadas pelo poder midiático, que dispõe de uma linguagem facilmente assimilável.
Entretanto, diferente do mito nas sociedades antigas, o mito contemporâneo não exerce mais o
papel de explicação do mundo e da realidade, uma vez que esse “lugar” foi ocupado pela
ciência, estando mais ligado, como apontado pela alternativa [E], ao desenvolvimento do
homem no seu cotidiano.

Resposta da questão 17:


[E]

Como apontado pelo texto, o pensamento filosófico, originado na Grécia Antiga, encontra suas
raízes na mudança de perspectiva da interpretação da realidade e dos fenômenos do mundo
sensível, que passa da fabulação mítica para o pensamento racional. Nesse sentido, a realidade
passa a ser identificada como razão, sendo a racionalidade a forma necessária para entendê-la
e expressá-la.

Resposta da questão 18:


[C]

Tomando o texto como base, o aluno deve identificar a alternativa [C] como correta, pois o
pensamento filosófico característico do período conhecido como pré-socrático é marcado pela
tentativa de interpretar os fenômenos naturais do mundo, a partir da observação e da empiria.
Devido a esse enfoque da filosofia pré-socrática, esse período é denominado de naturalista.

Resposta da questão 19:


[C]

Levando em consideração o conceito de cidadania, que se refere à condição de cidadão e à


atuação na vida política, o texto relaciona o aspecto político a outras dimensões da vida dos
indivíduos para além da dimensão institucional, apontando todas as atividades realizadas pelos
cidadãos como políticas.

Resposta da questão 20:


[C]

A filosofia pré-socrática é marcada pela busca do entendimento do fundamento primeiro do


cosmo, ou seja, o elemento que dá origem a todas as coisas que existem no universo, também
chamada de arque. Por isso, a partícula descrita no texto como a partícula elementar, isto é, que
origina todas as outras partículas, se relaciona com a investigação filosófica dos pré-socráticos.

Resposta da questão 21:


[D]
Na atualidade, continuam existindo mitos utilizados para explicar e ordenar a experiência da
realidade das pessoas, mas desde o início da filosofia e da disseminação do pensamento racional,
os mitos vêm perdendo espaço, ao competir com outras narrativas que também se propõem a
explicar a realidade, a exemplo da ciência e da filosofia.

Os mitos não se referem apenas ao que a ciência não pode explicar, mas pode gerar explicações
para fenômenos de interesse científico, apresentando-se como uma narrativa concorrente.

Através do pensamento científico não é possível afirmar a existência ou a inexistência de deuses.


Entretanto a história das religiões e da filosofia mostra que divindades têm sido representadas por
objetos e pessoas. O texto de referência também permite responder positivamente a essa
alternativa ao apresentar uma lista de novos deuses.

Entre os objetos concretos que controlam a vida dos indivíduos o texto lista “deuses de cartão de
crédito e de autoestrada, de internet e de telefone, de rádio, de hospital e de televisão, deuses
de plástico, de bipe e de néon”.

Resposta da questão 22:


[E]

O enunciado da questão ressalta a proximidade entre a filosofia e a mitologia, duas formas de


tentar entender a realidade. Apesar de a filosofia e a mitologia não serem oposições rigorosas,
como fica claro no texto, há uma modificação transformadora entre suas formas de entender a
realidade. Desde o seu surgimento, a filosofia iniciou um processo de racionalização da realidade
e da natureza, abandonando o pensamento dogmático e a valorização das figuras divinas, que
caracteriza os mitos.

Resposta da questão 23:


[A]

A alternativa correta é a [A], pois, em se tratando da distinção entre mito e logos, o mito é pensado
como uma forma de explicação, uma narrativa imprecisa e de difícil precisão. Já o logos, por sua
vez, é pensado como uma narrativa ou argumento que procura ter fundamentação e
possibilidade de verificação. Desse modo, a alternativa correta é a [A].

Resposta da questão 24:


[E]

A alternativa correta é a [E], pois, em Aristóteles, o homem é pensado como ser sociável por ter a
capacidade de viver em sociedade, de associar-se. Essa capacidade de associação humana
ocupa uma importante função na constituição do indivíduo: ela garante a existência material e
moral do homem. Sendo a garantia fundamental para a existência do homem e seus semelhantes.
Desse modo, a alternativa que responde corretamente o enunciado é a [E].

Resposta da questão 25:


[C]
A alternativa correta é a [C], pois, o entendimento de Empédocles acerca da arché, pressupõe
uma preocupação típica do pensamento pré-socrático e evoca, como é característico dessa fase
do pensamento filosófico, a discussão cosmogônica, ou seja, faz referências à explicação pela
origem do universo. Dessa forma, a alternativa que expressa corretamente a discussão proposta
por Empedócles e típica do pensamento pré-socrático, é a alternativa [C].

Resposta da questão 26:


[A]

O mito é a narrativa sobre a origem dos fenômenos, plantas, animais, astros e, sobretudo, sobre a
origem do mundo e do próprio povo e se baseia na autoridade de quem narra, seja porque o
narrador presenciou o ocorrido seja porque recebeu esse discurso de quem testemunhou
diretamente. A filosofia tenta propor uma explicação racional para os mesmos fenômenos e,
portanto, sua autoridade não está em quem narra e sim na lógica de sua argumentação.
Enquanto o mito explica coisas que aconteceram num passado longínquo, a filosofia se preocupa
com a totalidade do tempo, isto é, propõe uma explicação de como as coisas são tanto faz se
no passado, no presente ou no futuro. O mito explica a origem das coisas por meio de lutas,
rivalidades, alianças e relações de parentesco. A filosofia, em contraste, explica os mesmos
fenômenos acionando combinações ou separações de quatro elementos: água, fogo, terra e ar.
Por fim, há nos mitos contradições ou aspectos incompreensíveis, mas que são mascarados pela
autoridade de quem narra. Já a filosofia não admite obscuridade e se funda na lógica e na razão,
que está presente em todos, independentemente de quem fala. Dessa maneira, somente a
alternativa A está correta.
Resumo das questões selecionadas nesta atividade

Data de elaboração: 27/02/2024 às 15:50


Nome do arquivo: Para estudar primeiras s?ries 2024 AF1 (1)

Legenda:
Q/Prova = número da questão na prova
Q/DB = número da questão no banco de dados do SuperPro®

Q/prova Q/DB Grau/Dif. Matéria Fonte Tipo

1 ........... 220775....Média ........ Filosofia ...... Unisc/2023 ..................... Múltipla escolha

2 ........... 108006....Média ........ Filosofia ...... Unicentro/2010 .............. Múltipla escolha

3 ........... 157392....Média ........ Filosofia ...... Upe-ssa 1/2016 .............. Múltipla escolha

4 ........... 157394....Média ........ Filosofia ...... Upe-ssa 1/2016 .............. Múltipla escolha

5 ........... 179356....Média ........ Filosofia ...... Upe-ssa 1/2018 .............. Múltipla escolha

6 ........... 198163....Média ........ Filosofia ...... Enem PPL/2020 .............. Múltipla escolha

7 ........... 205527....Média ........ Filosofia ...... Uece/2022 ..................... Múltipla escolha

8 ........... 96257......Média ........ Filosofia ...... Uel/2009 ......................... Múltipla escolha

9 ........... 96688......Média ........ Filosofia ...... Ufu/2010......................... Múltipla escolha

10 ......... 107140....Média ........ Filosofia ...... Uel/2005 ......................... Múltipla escolha

11 ......... 108331....Média ........ Filosofia ...... Uenp/2011 ..................... Múltipla escolha

12 ......... 108366....Média ........ Filosofia ...... Uenp/2010 ..................... Múltipla escolha

13 ......... 108482....Média ........ Filosofia ...... Unioeste/2011................ Múltipla escolha

14 ......... 114845....Média ........ Filosofia ...... Unb/2012 ....................... Múltipla escolha

15 ......... 138145....Média ........ Filosofia ...... Ueg/2015 ....................... Múltipla escolha

16 ......... 157396....Média ........ Filosofia ...... Upe-ssa 1/2016 .............. Múltipla escolha

17 ......... 167671....Média ........ Filosofia ...... Upe-ssa 1/2017 .............. Múltipla escolha
18 ......... 167672....Média ........ Filosofia ...... Upe-ssa 1/2017 .............. Múltipla escolha

19 ......... 168429....Média ........ Filosofia ...... Upe-ssa 3/2017 .............. Múltipla escolha

20 ......... 189908....Média ........ Filosofia ...... Unesp/2020 .................... Múltipla escolha

21 ......... 199429....Média ........ Filosofia ...... Uece/2020 ..................... Múltipla escolha

22 ......... 204743....Média ........ Filosofia ...... Unesp/2022 .................... Múltipla escolha

23 ......... 205997....Média ........ Filosofia ...... Uece/2022 ..................... Múltipla escolha

24 ......... 211126....Média ........ Filosofia ...... Uea/2021 ....................... Múltipla escolha

25 ......... 216837....Média ........ Filosofia ...... Enem/2022..................... Múltipla escolha

26 ......... 102055....Média ........ Filosofia ...... Ifsp/2011......................... Múltipla escolha


Estatísticas - Questões do Enem

Q/prova Q/DB Cor/prova Ano Acerto

25 .........................216837 ........ azul ............................ 2022 ................ 16%

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