Mudanças Climáticas Varejo Klabin

Recursosembancosde Após anúncio, Acionistadacompanhia

fomentodetodoomundo mercado avalia os eex-presidentedaFiesp,
paramitigaçãodosefeitos ganhos e desafios da HorácioLaferPivavoltará
doaquecimentobatem fusão entre Petz e àpresidênciadoconselho
recordeCadernoespecial Cobasi. B3 daempresaB1
Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 C
de abril de 2024 A
Ano 24 | Número 5985 | R$ 6,00 PA
www.valor.com.br PR
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C
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A
L

SUMMIT

BRAZIL – USA
NEW YORK – 15 MAIO 2024

No ano que marca os 200 anos de relações

diplomáticas entre BRASIL e ESTADOS UNIDOS,
o Valor Econômico vai realizar o maior debate
sobre negócios bilaterais.

15 DE MAIO DE 2024
NOVA YORK - EUA
Na semana do Person of The Year

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 Temas abordados

• Como intensificar a relação comercial Brasil-EUA

• O efeito dos juros americanos nos mercados mundiais
• Eleições americanas e a relação com o Brasil
• Estabilidade do ambiente de negócios no Brasil
• Como a energia verde pode atrair investimentos
• As oportunidades do agronegócio

Empresários, autoridades e especialistas se reúnem

para discutir temas essenciais para ampliar as
oportunidades entre os dois países.

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Mudanças Climáticas
Recursosembancosde
fomentodetodoomundo
paramitigaçãodosefeitos
doaquecimentobatem
recordeCadernoespecial
Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22
de abril de 2024
Ano 24 | Número 5985 | R$ 6,00
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Gasto de empresas com juros supera investimento
Balanço Despesas financeiras somaram R$ 306,8 bi em 2023, alta de 8,2% em relação ao ano anterior
Adriana Mattos
De São Paulo
As companhias brasileiras gastaram
mais com despesas financeiras, com-
postas principalmente pelo pagamen-
to de juros, do que com as suas ativida-
des de investimento em 2023, revela le-
vantamento realizado com todas as
empresas de capital aberto do país. Fo-
ram R$ 306,8 bilhões com essas despe-
Governo federal
tenta desarmar
‘bomba fiscal’
de até R$ 120 bi
Guilherme Pimenta e Beatriz Olivon
De Brasília
O governo se mobiliza para tentar
desarmar uma “bomba fiscal” que po-
de custar entre R$ 80 bilhões e R$ 120
bilhões à União, relativa a ações movi-
das por usinas de cana devido à inter-
venção nos preços do setor na década
de 1980. O tema — incluído como
uma “perda provável” de R$ 79,6 bi-
lhões no anexo de riscos fiscais da Lei
de Diretrizes Orçamentárias (LDO) — é
a nova prioridade do governo no Judi-
ciário, e o objetivo é pelo menos miti-
gar seus impactos.
Além de reduzir essa perda, uma for-
ça-tarefa montada pela Advocacia-Ge-
ral da União tenta cancelar um preca-
tório já emitido pelo Tribunal Regional
Federal da 1 a Região no valor de R$ 14
bilhões, para “devolver” esses recursos
ao Tesouro, a fim de contribuir para o
resultado fiscal deste ano, que ainda
prevê déficit zero. Página A16
Lula cobra
rapidez na
reforma
Andrea Jubé e Lu Aiko Otta
De Brasília
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
pediu ao Ministério da Fazenda velocida-
de na conclusão dos projetos de regula-
mentação da reforma tributária. A co-
brança ocorre em um momento em que
tanto a Câmara quanto o Senado amea-
çam derrubar vetos e avançar com “pau-
tas-bomba” contra o governo. Após freio
de arrumação na semana passada, Lula
também decidiu entrar em campo para
aparar arestas com os presidentes das Ca-
sas legislativas e impulsionar a agenda
econômica. Página A10
Indicadores
Ibovespa 19/abr/24 0,75 % R$ 45,9 bi
Selic (meta) 19/abr/24
Selic (taxa efetiva) 19/abr/24
Dólar comercial (BC) 19/abr/24
Dólar comercial (mercado) 19/abr/24
Dólar turismo (mercado) 19/abr/24
Euro comercial (BC) 19/abr/24
Euro comercial (mercado) 19/abr/24
Euro turismo (mercado) 19/abr/24
sas no ano passado, alta de 8,2% frente
a 2022. Em paralelo, o caixa das ativi-
dades de investimento alcançou R$
298,7 bilhões, praticamente estável no
mesmo intervalo analisado.
Os dados de balanços de 386 em-
presas abertas não financeiras foram
coletados pelo professor e consultor
André Freitas De Moura, da
FGV/EAESP, com PhD em contabilida-
de e finanças na Universidade de Bir-
Expansão
ANA PAULA PAIVA/VALOR
‘A Brasileira’ é o novo empreendimento de Janaína
Torres, eleita este ano a melhor chef mulher do
mundo pelo 50 Best, prestigiado ranking da
gastronomia. Segundo ela, será um mercado com
pratos inspirados em todas as regiões do país. Esse
Carreira
10,75% ao ano
10,65% ao ano
5,2263/5,2269
5,1988/5,1994
5,2338/5,4138
GLENN MATSUMURA/DIVULGAÇÃO
5,5681/5,5708
5,5388/5,5394
5,6038/5,7838
Um ‘supercomunicador’ é, acima de tudo, um bom ouvinte. E, para se tornar um, não é preciso ter
um dom especial, mas desenvolver algumas habilidades básicas, diz Charles Duhigg. Página B2
INÊS249
Varejo
Após anúncio,
mercado avalia os
ganhos e desafios da
fusão entre Petz e
Cobasi. B3
mingham, na Inglaterra.
Apesar da piora do ambiente econô-
mico e da escalada da taxa básica de ju-
ros (Selic) após 2021, não se viu esse
mesmo cenário em 2022. Naquele ano,
os investimentos somaram R$ 299,2 bi-
lhões, valor acima dos gastos com juros
e encargos, em R$ 283,6 bilhões.
A perda de velocidade no ciclo de re-
dução da Selic pode piorar esse cenário
neste ano. Também pesa a deterioração
é um dos exemplos de redes de bares e
restaurantes que estão expandindo. O movimento,
que contempla grupos regionais e nacionais, soma
investimentos de R$ 140 milhões, resultando em
cerca de 80 novas unidades. Página B4
do cenário global devido à piora do
ambiente geopolítico. Isso afeta direta-
mente planos de investimento pela ne-
cessidade de as empresas protegerem
seu caixa.
“A mesma história que vimos em
2022 e 2023 tem cara que se repetirá
em 2024, com a pressão de juros ainda
relevante e ‘spread’ bancário resistindo
a ceder”, diz Pedro Magalhães, que por
mais de duas décadas esteve na direto-
Mercado já espera Selic mais
alta, de 9,75%, no fim do ano
Gabriel Roca e Arthur Cagliari
De São Paulo
Diante do aumento das incertezas
nos cenários doméstico e internacional,
uma onda de revisões para a trajetória
da Selic ganhou força nas últimas sema-
nas. O mercado se divide quanto à pos-
sibilidade de um corte menor nos juros
na próxima reunião do Copom, mas a
mediana das projeções de 93 institui-
ções financeiras consultadas pelo Valor
para o fim do ano subiu de 9%, em mar-
ço, para 9,75% — superior ao observado
no Boletim Focus, atualmente em 9,13%.
Pedidosparados Previdência
naAnvisa aberta entra
somamR$6bi em nova fase
Estevão Taiar
De Brasília
O setor farmacêutico tem aproxima-
damente R$ 6 bilhões em possíveis in-
vestimentos parados na Agência Na-
cional de Vigilância Sanitária (Anvisa),
aguardando análise. Outros R$ 11 bi-
lhões estão sendo analisados, mas sem
resposta até o momento.
O levantamento foi feito pelo Grupo
FarmaBrasil, que representa as empre-
sas do setor. O cálculo leva em conta
dois fatores: solicitações em análise ou
paradas de aprovação de medicamen-
tos, e o valor médio de mercado para
cada categoria dos produtos.
A Anvisa atribui a lentidão à falta de
funcionários. Já o Ministério da Gestão e
Inovação em Serviços Públicos destaca a
abertura de 50 vagas na área. Página A8
Destaques
Falta de consistência
fiscal é um tiro no pé de
um governo que se diz
‘desenvolvimentista’
Gustavo Loyola A15
Maioria de MEIs é de empregados
Mais da metade (53%) dos microempre-
endedores individuais (MEIs) do país é,
na realidade, formada por empregados
assalariados de outras empresas, se-
gundo estudo da pesquisadora Bruna
Alvarez Mirelli, da Escola de Economia
de São Paulo, da Fundação Getulio Var-
gas (FGV EESP). O levantamento indica
problemas no desenho do programa,
que acabam gerando distorções e per-
da de arrecadação, principalmente para
a Previdência Social. A2
Klabin
Acionistadacompanhia
eex-presidentedaFiesp,
HorácioLaferPivavoltará
àpresidênciadoconselho
daempresaB1
ria financeira de grandes grupos.
Especialistas lembram que os movi-
mentos de investimento variam segun-
do o setor. Empresas de consumo segu-
ravam gastos, mas de áreas como tele-
fonia e papel têm anunciado desem-
bolsos maiores. No entanto, esse era o
cenário antes de crescerem as preocu-
pações no mercado com o risco fiscal,
seu efeito sobre o endividamento pú-
blico e a inflação. Página B1
A trajetória para os juros básicos no
fim de 2025 seguiu na mesma direção e
avançou de 8,5% para 9%. Já a perspectiva
para a taxa de câmbio ao fim de 2024
também aumentou, de R$ 5 para R$ 5,10.
Para a próxima reunião do Copom, no
início de maio, 50 instituições ouvidas es-
peram que o colegiado vá manter o ritmo
de corte da Selic em 0,5 ponto percentual.
As demais 43 já acreditam que a redução
serámenor,de0,25ponto.“O‘guidance’do
[último] comunicado e da ata pós-Copom
fazia referência a um mundo que não exis-
te mais”, diz o economista-chefe do Banco
Pine, Cristiano Oliveira. Página C1
Adriana Cotias
De São Paulo
Com o novo marco regulatório da
previdência complementar, as empre-
sas do setor começam a se mobilizar
para uma fase que tende a ser uma das
mais dinâmicas para essa indústria.
O fluxo positivo para os portfólios de
previdência neste primeiro trimestre e
também no ano passado, na contra-
mão da indústria de fundos de manei-
ra geral, é um sinal — entre outros fato-
res estruturais — de que o mercado
consumidor vem assimilando as inova-
ções. De acordo com a Anbima, que re-
presenta o mercado de investimentos,
entraram quase R$ 20 bilhões líquidos
nas carteiras atreladas aos planos em
2023, e outros R$ 11,1 bilhões de janei-
ro a março. Página C6
Gás natural
A estratégia do governo para reduzir o
preço do gás natural deve incluir a autori-
zação para a PPSA, estatal que representa
a União nos contratos de partilha, fazer a
venda do produto diretamente na costa
brasileira. Com a medida, o governo espe-
ra acompanhar de perto as negociações
da estatal do pré-sal com a Petrobras. Ho-
je, ela é obrigada a comercializar os volu-
mes de óleo e gás na plataforma. A4
Santa Terezinha vira a página
A Usina Santa Terezinha, maior sucroalco-
oleira do Paraná, deixou para trás uma re-
cuperação judicial que se alongou por cin-
co anos e agora espera ter condições me-
lhores para acessar financiamentos. Nos
planos estão investimentos na renovação
de canaviais e de maquinários. Colaborou
para encerrar a recuperação o desempe-
nho excepcional da última safra, que ga-
rantiu receita de US$ 550 milhões. B8
A2 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Brasil
Copom ganha
flexibilidade
para mexer
com os juros
Alex Ribeiro
Conjuntura Pesquisa é mais uma que mostra problemas no desenho
do programa, com incentivo à pejotização e perdas para Previdência
53% dos MEIs são empregados de
outras empresas, sugere estudo
Marcelo Osakabe
De São Paulo
Mais da metade dos microem-
preendedores individuais (MEIs)
no Brasil trabalha, na verdade, co-
mo empregados assalariados de
outras empresas, segundo estudo.
A mesma pesquisa aponta que a
chamada pejotização poderia ser
reduzida com medidas como re-
dução dos encargos trabalhistas
sobre a folha de pagamento.
O trabalho de Bruna Alvarez Mi-
relli, pesquisadora da Escola de
Economia de São Paulo da Funda-
ção Getulio Vargas (FGV EESP), su-
gere que 53% dos MEIs não são mi-
croempreendedores “de verdade”,
indicando problemas no desenho
do programa, que acabam geran-
do incentivos como o da pejotiza-
ção e também perdas, sobretudo
para a Previdência.
O levantamento usa dados de
2008 a 2019, período em que fo-
ram criados mais de 9 milhões de
MEIs (quase 70% do total dos CNPJs
no país). Para chegar ao resultado,
a pesquisadora, mostrou primeiro
que o MEI e contratos CLT efetiva-
mente competiam pela preferên-
cia das empresas na hora de con-
tratar. Para isso, olhou como a pro-
ximidade com antenas 3G afetou a
criação de MEIs entre 2008 e 2011,
período em que passou a ser possí-
vel fazer o registro via internet.
“Ter acesso à internet é essen-
cial para o microempreendedor.
Ele vai precisar dela para registrar
a empresa, emitir o Documento
de Arrecadação do Simples Na-
cional (DAS) que paga todo mês e
também as notas fiscais de cada
serviço”, explica a economista.
Índice de empresas citadas em textos nesta edição
3R Petroleum F9 Banco de Desenvolvimento
A.C. Pastore A4 de Minas Gerais F2
Acelen F9 Banco do Brasil C2, C5
Aegea F8 Banco Europeu de
AfDB F2 Investimentos F1
Agroforestry F4 Banco Interamericano de
AIIB F2 Desenvolvimento F1, F2
Allianz F2 Banco Mundial F1, F3
AlmapBBDO B6 Banco Pine C1
Ambev F4 Baraúna Investimentos F4
Angang Steel A13 Basf F4
Ansteel Group A13 BBVA C1
ArcelorMittal A13, F4, F8 BEI F2
Bain F1, F7, F8 BGEnergy F6
Banco de Desenvolvimento Bioelements F4
da América Latina F1 Biofix F2
D
epois de uma
maratona de
comunicação de
política monetária
no encontro de
primavera do Fundo Monetário
(FMI), em Washington, ficou
mais claro que os dirigentes do
Banco Central procuraram
ganhar mais liberdade para
avaliar o cenário econômico
antes de decidir o que fazer a
partir de agora com a Selic,
num ambiente de maior
incerteza provocado pelo
adiamento do corte de juro nos
Estados Unidos, conflitos no
Oriente Médio e aumento dos
riscos fiscais no Brasil.
Num pronunciamento em
um evento da XP Investimentos,
o presidente do Banco Central,
Roberto Campos Neto, traçou
quatro cenários hipotéticos
para a evolução dessas
incertezas. “Não é um
guidance”, esclareceu em outro
evento, do Bank of America. Ou
seja: não é uma promessa sobre
os juros. “Não estamos dizendo
que vamos fazer X ou Y.”
Mas o BC não deixou o
mercado completamente no
escuro. Campos Neto deu uma
indicação do que dois desses
cenários hipotéticos, caso se
confirmem, significam para a
Selic que será definida na
Os resultados ainda relacio-
nam a facilidade para abrir uma
MEI ao comportamento das em-
presas. Firmas localizadas em re-
giões mais distantes das antenas
acabavam contratando mais em-
pregados sob o regime CLT em
comparação com as instaladas
mais perto do equipamento.
Mirelli, no entanto, observa
que o efeito de diminuição de
contratos CLT e crescimento do
MEI pode também indicar um
aumento do empreendedoris-
mo, que é está dentro do escopo
original do programa. “Não é
possível dizer, apenas com esse
exercício, se essas pessoas parti-
ram para a pejotização”, salienta.
Para entender qual das duas al-
ternativas as pessoas seguiam, a
pesquisadora construiu um mode-
lo de equilíbrio geral em que a as
pessoas escolhem se tornar empre-
gado com carteira assinada, pejo-
ta, microempreendedor ou em-
presa do setor formal, e alimentou
esses modelos com dados da Rais,
do Cadastro Nacional de Pessoas
Jurídicas (CNPJ) e do Censo de
2010. Replicando como esse mo-
delo se adapta às informações da
economia real, como a distribui-
ção dos trabalhadores nas firmas
ao longo do tempo, ele encontra
que 53% dos que optam pelo MEI
optam pela ilegalidade, enquanto
47% se tornam microempreende-
dores “de verdade”.
“Com base nos resultados,
acredito que o custo do trabalha-
dor CLT é um fator importante. A
redução desses custos seria boa
medida para ajudar a diminuir
essas ilegalidades relacionadas
ao mercado de trabalho”, diz.
BMA Advogados F2
BNDES F1, F2
Bradesco A4, C2, C6
Brasilprev C6
Braskem F4, F9
Brimstone F4
BTG Pactual C4, C6, F4
Bunge F4
Bunker One F7
BYD F7, F9
Bytedance B6
CAF F2
Caixa C5
Carbono 14 F9
Carrot.eco F2
INÊS249
reunião de maio do Comitê de
Política Monetária (Copom).
Num deles, a Selic, que se
encontra em 10,75% ao ano,
poderia cair 0,25 ponto
percentual. Se nada mudar em
relação ao que observamos
hoje, esse é o tamanho de
queda do juro mais provável na
reunião de maio. Um outro
cenário hipotético está
vinculado a um de corte de 0,5
ponto percentual. Já foi
preponderante, mas as
circunstâncias mudaram.
Outros dois cenários estão em
aberto e não representam, de
antemão, um movimento
específico para os juros, como
manutenção ou alta. Mesmo sem
um vínculo com alguma taxa
Selic em particular, porém, esses
dois últimos cenários hipotéticos
ajudam a entender em que
situação estamos na chamada
função de reação do Copom. São
importantes também porque
dão parâmetros sobre quanto, na
situação atual, a Selic pode cair
até o fim do ciclo de
afrouxamento monetário, o
chamado “orçamento de corte”.
Na última reunião, em
março, o Copom já procurou
diminuir um pouco as amarras.
Com o aumento das incertezas,
encurtou a sinalização futura
para corte de juros. Passou a
Outros trabalhos recentes tam-
bém apontam para problemas no
desenho do MEI, criado em 2008
com o objetivo de trazer à forma-
lidade a parcela mais vulnerável
da população — pessoas que
atuam como autônomos ou em
pequenos empreendimentos. Ele
permite que elas contribuam à
Previdência e acessem benefícios
como aposentadoria — limitada a
um salário mínimo —, auxílio-
doença e pensão por morte.
Estudo recente de pesquisado-
res do Instituto Brasileiro de Eco-
nomia (FGV Ibre) mostrou que o
MEI responde por quase que todo
o crescimento do número CNPJs
no Brasil, de 750,2 mil em 2009 pa-
ra 3,9 milhões em 2023. Olhando
apenas para 2021, ano em que
houve um pico na criação de MEIs
— eles mostraram que 63% deles
haviam sido demitidos de um em-
prego formal. Dentro desse grupo,
apenas 22,6% dos desligamentos
foram a pedido do trabalhador.
Outro estudo do Ibre, de 2022,
mostrou que 31,3% dos MEIs ti-
nham ensino superior completo,
proporção muito acima da média
nacional, de 15,7%. Já aqueles sem
instrução ou com fundamental
incompleto — o público-alvo do
“Se houvesse
migração total para
o MEI, Previdência
não seria solvente”
Fernando de
Holanda Barbosa
Cebrace F8
Cetesb F7 Energética F6
Cielo C2 Engie F6
Coinbase C4 Epic Games B6
CPA Trading B8 ESPM B6
Danone B6, F4 FCA A16
Dias de Souza A16 FSB Comunicação B6
DM9 B6 FTC A16
Gerdau A13
Dreamers B6
Ecom F4 GetNet C2
EISA F4 Greenpeace Brasil B6
Elera F8 growPack F4
Eletrobras F6 GWM F7
EmbrapaF6 H2 Green Steel F8
Empiricus C4 Hero Base B6
Empresa de Pesquisa HY Sustentável F4
dizer que os juros cairiam em
0,5 ponto apenas na sua
próxima reunião, em maio.
Antes, desde que começou a
cortar a Selic, em agosto, vinha
sinalizando baixas de 0,5 ponto
percentual para as suas
próximas reuniões, no plural.
Essa sinalização de corte de 0,5
ponto para a reunião de maio era
condicional — ou seja, só seria
entregue se os dados econômicos
evoluíssem da forma esperada
pelo BC. De lá para cá, porém, a
incerteza aumentou. A ata do
Copom de março também já
antecipava o que o comitê faria se
a incertezas aumentassem. O
ritmo de corte em maio seria
desacelerado, para 0,25 ponto
percentual. Um detalhe: a ata
dizia que o ritmo de corte
poderia ser reduzido sem que
isso significasse uma mudança
do orçamento de cortes. O BC
não diz claramente qual é o
percentual de juros que acha
mais provável ao fim do ciclo de
cortes, mas a sua projeção de
inflação sugere que seria um
percentual acima de 9% ao ano.
Campos Neto, no evento da XP,
citou esses dois cenários acima.
Disse que, se as incertezas
melhorassem e voltassem para a
situação anterior, o BC poderia
retomar os seus planos e cortar a
taxa em 0,5 ponto. Ou seja: o
programa — eram apenas 13,4%.
Ao mesmo tempo, analisando pe-
la ótica da renda, os pesquisado-
res encontraram que 56,4% dos
MEI ganhava mais do que dois sa-
lários mínimos no terceiro tri-
mestre de 2022, porcentagem
maior que a do universo dos em-
pregados com carteira (32,1%).
“Essa explosão de abertura de
MEIs pode parecer um salto do
empreendedorismo, mas na rea-
lidade é apenas uma forma dife-
rente de inserção no mercado de
trabalho, mais barata e atrativa. E
com o agravante de que contém
grande subsídio à Previdência,
que um dia precisará ser pago”,
diz Fernando de Holanda Barbo-
sa, pesquisador do Ibre.
Pelo foco na população vulne-
rável, o programa tem alto subsí-
dio do governo. No caso da con-
tribuição ao INSS, ela é limitada a
5% do salário mínimo para o MEI
(R$ 70,60 em 2024). Já o traba-
lhador com carteira assinada do
salário mínimo para a Previdên-
cia contribui com até 34% salário,
divididos entre empregado (7,5%
a 14%) e patrão (20%).
A grande diferença entre as
contribuições contribui para
pressionar a Previdência. Estima-
tiva do especialista em previdên-
cia Rogério Nagamine Constanzi
prevê que o déficit atuarial dos
MEIs pode atingir R$ 1,4 trilhão
no futuro. Em suas contas, os
MEIs representam cerca de 10%
dos contribuintes do Regime Ge-
ral de Previdência Social (RGPS),
mas na arrecadação essa partici-
pação é de apenas 1%.
“Vale lembrar que uma contri-
buição em torno de 30% é justa-
Icatu C6
iFood F4
Irani F4
Itaú F2, F6
Kantar B6
KFW F1, F2
Kibon F7
KLM F7
L’Oreal F4
Leo Burnett TM B6
Malala Filmes B6
Me Le Biogás Brasil F6
Mercedes-Benz F6
Microsoft B6
Morfo F4
MRS Logística A16
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chamado “forward guidance”
segue existindo, o que mudaram
foram as circunstâncias.
Um segundo cenário citado
por Campos Neto descreve a
situação atual, em que a
incerteza está aumentada, mas
não apresenta piora adicional
significativa. Nessas condições,
haveria a desaceleração no
ritmo de cortes. Pelo que foi
indicado na ata do Copom, o
princípio nesse caso é ir com
cautela em meio às incertezas.
O fato de o Copom dizer que
vai mais devagar porque as
incertezas aumentaram
significa que o orçamento de
corte de juro será menor? Na
divulgação do Relatório de
Inflação de março, Campos
Neto disse o contrário: indo
mais devagar, o BC pode
inclusive ir mais longe. De fato,
não faria muito sentido mudar
o orçamento de cortes se o
cenário-base do Copom não
mudou — ou se, pelo menos,
seus membros não consideram
que os riscos negativos para a
inflação são preponderantes.
Campos Neto mencionou, em
Washington, dois cenários
hipotéticos que detalham sua
visão sobre o assunto. Segundo
ele, no cenário três, precisaria
uma piora adicional na incerteza
para o comitê considerar que o
Bruna Alvarez Mirelli: pessoas podem estar mais dispostas a aceitar pejotização
mente a que faz a Previdência
atuarialmente sustentável ao
longo do tempo. Se houvesse
uma migração total para o MEI,
ele não seria solvente”, ressalta
Barbosa, do Ibre. “Por ser uma
modalidade relativamente nova,
ela ainda não teve efeito sobre o
pagamento de aposentadorias.
Mas este custo vai chegar.”
O estudo de Mirelle também
emulou quatro cenários contra-
factuais com medidas para reduzir
a pejotização: eliminar o MEI, eli-
minar a pejotização, elevar a fisca-
lização e reduzir os encargos tra-
balhistas. Todos eles resultam em
um acréscimo do bem-estar —
aqui entendido como a soma de
lucros, salários e impostos pagos.
Destes, no entanto, o último, uma
redução de 20% da tributação so-
bre a folha de pagamento, obteve
os melhores resultados. A medida,
no entanto, promove uma queda
apenas marginal do número total
de MEIs na economia, de 61,5% pa-
ra 60,9%. E, embora o número de
pejotizados no mercado de traba-
lho caia de 33% para 32,4%, sua
proporção dentro do universo de
MEIs sobe de 53% para 54%.
Planet Labs PBC B6
Mubadala Capital F9 Primato Cooperativa
Nestlé F6 Agroindustrial F6
NetZero F4 PUC F7
Neuman & Esser Rabobank B8
Hytron F6 Raízen F6
New York Times B2 Regenera F4
Nextron F4 Renault F8
Nielsen B6
Rio Bravo
Novo Banco de Investimentos C1
Desenvolvimento F2 Rumo Malha Sul A16
NSG/Pilkington F8 Saint-Gobain F8
Objetiva B2 Santander C2, C6
PagBank C2 SCCON Geospatial F2
Paul Wurth F6 Shell Brasil F6
Petrobras F9 Soko B6
balanço de riscos para a inflação
ficou assimétrico, pendendo para
o lado negativo. Um quarto
cenário mencionado por
Campos Neto diz que as
incertezas precisaram se
materializar para mudar o
cenário-base, que hoje ainda
mostra que a inflação vai
convergir para a meta.
Naturalmente, os analistas
econômicos podem fazer seus
cálculos para checar se,
dependendo da piora do balanço
de riscos ou do cenário-base, o BC
terá que fazer um ciclo menor,
manter a taxa em 10,75% em
maio ou mesmo promover uma
alta de juro. O Copom, porém,
não atribuiu nenhuma taxa de
juro a cada uma das situações. Vai
manter a flexibilidade para, de
acordo com a evolução das
incertezas e do cenário, tomar a
decisão que julgar necessária em
cada uma das suas reuniões.
Talvez a informação mais
importante que o Banco
Central passou, ao citar esses
dois últimos cenários, é que
hoje avalia que não chegamos a
uma situação tão negativa ao
ponto de mudar o balanço de
riscos ou o cenário-base.
Alex Ribeiro é repórter especial e
escreve quinzenalmente
E-mail alex.ribeiro@valor.com.br
GABRIEL REIS/VALOR
Diferentemente dos demais
cenários, também há um aumen-
to do salário tanto dos trabalha-
dores CLT (2,4%) quanto dos pe-
jotizados (4,9%).
“À medida que se reduz o im-
posto sobre a folha de pagamen-
tos, isso eleva um aumento na de-
manda por esses trabalhadores e,
assim, seus salários. Com isso,
parte dos MEIs que antes eram
empreendedores ou pejotizados
passa ao trabalho com carteira”,
explica Mirelli. “Com menos
MEIs pejotizados na economia, o
salário ofertado a eles aumenta e
isso equilibra a proporção de
MEIs escolhendo ser pejotizado.”
Para a pesquisadora, os resul-
tados também deixam a pergun-
ta sobre se o regime pejotizado
não representa uma nova estru-
tura no mercado de trabalho, ain-
da que ilegal. “A pejotização é
ruim no sentido de direitos traba-
lhistas mas, talvez ainda mais de-
pois da pandemia, as pessoas po-
dem estar mais dispostas a acei-
tar esse tipo de arranjo, que traz
mais liberdade em termos de jor-
nada de trabalho, menor buro-
cracia na relação com a empresa.”
Spotify C2
Stellantis F4
Stone C2
Suzano F4
TikTok B6
Toyota F6, F7
Transnordestina
Logística A16
Tupy F6
Umgrauemeio F4
Unigel F9
Usina Santa Terezinha B8
Vivo F8
Volvo F6
Walk B6
INÊS249 Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 | Valor | A3
A4 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Brasil
Conjuntura Formação Bruta de
Capital Fixo deve fechar ano em alta
com juro menor e atividade aquecida
Investimentos
noPIBdão
sinaisde
fortalecimento
o
no1 trimestre
Anaïs Fernandes
De São Paulo
A trajetória de queda dos juros
desde meados de 2023 e as pers-
pectivas melhores para a indústria,
a construção civil e o crédito às em-
presas têm ajudado os investimen-
tos a reagir desde o fim do ano pas-
sado, movimento que se intensifi-
cou no início de 2024 e deve levar a
Formação Bruta de Capital Fixo
(FBCF) a fechar este ano em alta.
A FBCF é a medida no Produto
Interno Bruto (PIB) do que se in-
veste em máquinas e equipa-
mentos, construção civil e inova-
ção. Em 2023, ela caiu 3%, após
ter subido 1,1% em 2022.
Uma medida da consultoria A.C.
Pastore que oferece uma estimati-
va indireta (uma “proxy”) para a
FBCF aponta alta de 7% dos investi-
mentos no primeiro trimestre, em
relação aos três meses imediata-
mente anteriores. No mesmo pe-
ríodo de 2023, a FBCF caiu 3%.
“Na construção da ‘proxy’, pega-
mos fatores relevantes que têm da-
dos mensais e, através de um mo-
delo de regressão, colocamos pe-
sos neles e calculamos qual seria a
FBCF”, explica Paula Magalhães,
economista-chefe da A.C. Pastore.
“A aderência ao longo da série é
boa e isso nos ajuda a ver a direção
da FBCF. Mas, para a projeção, usa-
mos também nossos modelos, que
são mais robustos e incluem, por
exemplo, as taxas de juros.”
Por isso, Magalhães diz que uma
alta de 7% na FBCF neste início de
ano ainda parece exagero. Ela pro-
jeta um crescimento menor, mas
também forte, ao redor de 4%. Com
isso, a projeção para o crescimento
da FBCF em 2024 da A.C. Pastore,
que já foi de 2%, está em 3,5%.
Alguns dos elementos relevan-
tes para estimar a FBCF são o
comportamento da indústria,
principalmente da produção de
bens de capital (como máqui-
nas), e da construção civil.
A produção de bens de capital
avança 3,6% no primeiro bimestre
de 2024, ante igual período de
Governo quer permitir à PPSA vender gás direto na costa
Rafael Bitencourt
De Brasília
A estratégia do governo para
reduzir o preço do gás natural no
Brasil deve incluir a autorização
para a PPSA, estatal que represen-
ta a União nos contratos de parti-
lha, fazer a venda do produto di-
retamente na costa brasileira,
apurou o Valor. Hoje, a empresa é
obrigada a comercializar os volu-
mes de óleo e gás na plataforma.
Com a medida, o governo espe-
ra acompanhar de perto as nego-
ciações da estatal do pré-sal, 100%
controlada pela União, com a Pe-
trobras. A ideia é obter contratos
de uso das instalações, que levam o
gás do pré-sal até a costa, ampara-
do nas boas práticas internacio-
nais, com remuneração “justa e ra-
zoável” para o dono do ativo e cus-
to não proibitivo de contratação.
No programa “Gás para Empre-
gar”, anunciado no ano passado, o
governo quer garantir preços en-
tre US$ 6 e US$ 8 por milhão de
unidades térmicas britânicas
(BTU). Ainda seria mais alto do
que os valores de US$ 2 e US$ 3 por
2023, enquanto a produção de in-
sumos típicos da construção civil
sobe 4,9%, na mesma base de com-
paração. Os dados são da Pesquisa
Industrial Mensal (PIM), do IBGE.
Além disso, a importação de
bens de capital, outro sinalizador
para os investimentos, cresce a um
ritmo bom neste início de ano. O
volume dessas importações acu-
mula alta de 14,3% em 2024 até
março, de acordo com o Indicador
de Comércio Exterior (Icomex) da
Fundação Getulio Vargas (FGV).
“O ano passado foi bem ruim. O
que puxou para baixo a FBCF foi a
produção doméstica. A de bens de
capital caiu 11% no acumulado do
ano, embora a indústria total te-
nha ficado praticamente estagna-
da”, diz Rafael Cagnin, economista
do Instituto de Estudos para o De-
senvolvimento Industrial (Iedi).
No seu último encontro, em
março, o Comitê de Política Mone-
tária (Copom) do Banco Central
notou, conforme a ata, que “o
maior apetite na oferta de crédito
assim como a redução das taxas de
juros e o relaxamento das condi-
ções financeiras sugerem um ce-
nário mais auspicioso para o inves-
timento ao longo de 2024, tal co-
mo já observado no último trimes-
tre de 2023”. Diante disso, o BC
também elevou sua projeção da
FBCF em 2024 de 1% para 1,5%.
“A demanda tem possibilidade
de crescer à frente do que chama-
mos de renda corrente. E o crédi-
to ajuda a antecipar decisões de
investimento. Ou seja, o crédito
tem esse poder de trazer para o
presente e é capaz de gerar um
gasto, hoje, superior à renda cir-
cular”, explica Cagnin.
O mercado de crédito às em-
presas foi bastante impactado no
ano passado não só pelas taxas de
juros elevadas, lembra Cagnin,
mas também pelo caso da fraude
contábil na Americanas, que dei-
xou os bancos mais cautelosos e
restritivos nas concessões.
Neste ano, dados do BC mos-
tram que, no acumulado em 12
meses até fevereiro, as conces-
milhão de BTU praticados, respec-
tivamente, nos EUA e no Oriente
Médio. Porém, sem o custo de
operação logística, a produção de
fertilizantes, petroquímicos e mi-
nério beneficiado seria retomada.
A decisão sobre a PPSA deve vir
em resolução do Conselho Nacio-
nal de Política Energética (CNPE).
O Ministério de Minas e Energia
não quer esperar a próxima reu-
nião do conselho para aprovar a
medida. Sua validação deve vir do
“de acordo” formalizado por ofício
de cada ministro do CNPE, em de-
cisão “ad referendum”. Só então, a
minuta iria para a Casa Civil e des-
pacho do presidente da República.
Para o governo, o ato do CNPE
teria efeito mais imediato do que
autorizar a PPSA fazer troca (swap)
de óleo da União por gás, anuncia-
da em 2023, o que demandaria a
edição de medida provisória (MP).
Na quinta-feira (18), ao anun-
ciar que o país dobraria a oferta de
gás (adição de 150 milhões de
m³/dia), Alexandre Silveira, minis-
tro de Minas e Energia, defendeu
mais transparência e fiscalização
dos contratos de uso das instala-
Paula Magalhães: reduzir incertezas fiscais e sobre empresas de capital misto atuaria na direção de aumentar os investimentos no Brasil
Investimentos mais fortes
Varição no trimestre, em relação aos três meses imediatamente anteriores - em %
Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF) no PIB
15
10
5 1,5
0 0,0
-5
-10
-15
3ºTri
2002
Fonte: A.C. Pastore e Banco Central
sões totais nominais aumenta-
ram 5,3%, com incrementos de
1,3% nas operações com pessoas
jurídicas e de 8,6% nas com pes-
soas físicas. As concessões mé-
dias diárias em fevereiro avança-
ram 9,5%, em relação ao observa-
do em janeiro, mas com aumen-
tos de 12,6% no segmento de em-
presas e de 7,3% no de famílias.
No quarto trimestre de 2023, o
PIB ficou estagnado, em relação
aos três meses imediatamente an-
teriores, mas a FBCF já tinha subi-
do 0,9%. O avanço foi puxado, se-
gundo o BC, pela construção, que
cresceu 4,2%. Isso, automatica-
mente, deixou uma “herança esta-
tística” melhor para o desempe-
nho da construção em 2024, indi-
ca o BC, que revisou sua estimativa
de alta do setor este ano de 1% para
2,5%. Mas há outros elementos.
O mercado de trabalho aperta-
do, a continuidade dos progra-
mas habitacionais de baixa ren-
da em todas as esferas governa-
mentais, novas concessões de
projetos de infraestrutura e a po-
lítica monetária menos restritiva
tornam o cenário prospectivo
positivo para construção civil,
“apontando um momento de vi-
rada do setor”, afirma o Bradesco
em um relatório recente.
ções de gás do pré-sal. Para ele, isso
deve reduzir o preço final em 25%.
Após ouvir órgãos e represen-
tantes do setor, o grupo de traba-
lho (GT) do programa levou o go-
verno a mudar a percepção sobre a
reinjeção de gás — usada para ele-
var a produção de óleo na platafor-
ma. Agora, a operação não é mais
considerada, por si só, a grande vi-
lã da baixa oferta, embora o país
registre taxa bem maior, de 51%,
do que a média mundial, de 28%. O
GT, que encerrou as atividades em
8 de abril, constatou que a Agência
Nacional do Petróleo (ANP) já res-
tringe o alto grau de injeção e a
simples queima nas plataformas.
Sem as duas alternativas, operado-
res são obrigados a vender o gás
mais barato, praticamente sem
margem, para a Petrobras ou ceder
às duras condições contratuais pa-
ra levar o produto até a costa.
Para o governo, mesmo se PPSA
oferecesse 100% de subsídio ao
gás ou o país diminuísse o nível
de reinjeção nas plataformas, a
redução do preço ainda não via-
bilizaria a retomada de investi-
mentos na indústria.
INÊS249
"Proxy" de FBCF da A.C. Pastore
14,3
9,7
-10,4
-11,4
1ºTri 3ºTri
2009 2020
O banco espera crescimento de
2,3% do PIB da construção civil em
2024. Em 2023, o setor caiu 0,5%.
Além do Minha Casa Minha
Vida (MCMV), que foi relançado
pelo governo, o FGTS Futuro, por
exemplo, permite aos trabalha-
dores com carteira usar contri-
buições futuras do empregador
ao fundo para comprovar renda
na compra de imóveis ou redu-
zir o valor da prestação do fi-
nanciamento no âmbito do
MCMV. “Quer dizer, há diversas
medidas alavancando a habita-
ção social”, diz Ana Maria Caste-
lo, coordenadora de Projetos da
Construção no Instituto Brasilei-
ro de Economia (FGV Ibre).
“A infraestrutura é vital, mas
também neste caso há anúncios
de investimentos que, se confir-
mados, devem contribuir para o
incremento da FBCF da constru-
ção”, afirma Castelo.
“É um horizonte
bastante favorável
aos investimentos
na construção”
Ana Maria Castelo
Silveira, que quer mais transparência em contratos relativos ao gás do pré-sal
Para o governo, parte do proble-
ma dos contratos da Petrobras está
ligada à demora da ANP em regula-
mentar a Nova Lei do Gás, que trata
do “acesso não discriminatório e
negociado de terceiros” às instala-
ções. O GT constatou que a lacuna
atrasou adoção de boas práticas de
regulação, que permitiria, ao regu-
lador, combater distorções de pre-
7,0
-3%
foi a queda da
- FBCF em 2023;
+1,5% é a
expectativa
mediana atual do
Focus para 2024
1ºTri
2024
Neste início de ano, não apenas
os insumos típicos da construção
civil registram crescimento, co-
mo a produção de aços longos e o
emprego formal no setor estão
no campo positivo, nota o Bra-
desco. Além disso, a Pesquisa Em-
presarial do banco corrobora, se-
gundo os economistas, o cenário
de retomada da construção.
“Os empresários do setor têm
apontado avanço da procura por
empreendimentos imobiliários
nos últimos meses. Diferente-
mente de outros ciclos, os custos
seguem abaixo da média e pre-
ços seguem em alta, mantendo
boas margens para o setor. Esses
movimentos são espraiados en-
tre os segmentos da construção
permitindo um aumento da con-
fiança dos empresários também
de forma generalizada”, dizem
Priscila Trigo, Thiago Angelis e
Mayara Santiago no relatório.
Resultados da Sondagem da
FGV vão em sentido parecido,
segundo Castelo. “No fim de
2023, perguntamos as expectati-
vas dos empresários da constru-
ção para o setor em 2024. A
maioria estava otimista”, diz.
Para Castelo, os desafios para a
construção incluem as taxas de ju-
ros ainda elevadas e algumas in-
FOTO: FABIO RODRIGUES-POZZEBOM/ AGÊNCIA BRASIL
ço no uso de ativos de caráter es-
sencial, quando não há outra em-
presa com mesma infraestrutura
para prestar o serviço. Com o “co-
mitê de monitoramento” do mer-
cado de gás, anunciado por Silvei-
ra, o governo quer propor “regula-
mentações transitórias” para aju-
dar a ANP a acelerar a regulamen-
tação dos temas mais urgentes.
DIVULGAÇÃO
certezas não resolvidas com a re-
forma tributária. “Mas, a princípio,
é um horizonte bastante favorável
aos investimentos na construção.”
Os economistas do Bradesco es-
timam que cerca de 1,8 milhão de
domicílios passam a ter acesso ao
crédito imobiliário quando a taxa
de juros do financiamento cai de
11% para 9%. Até fevereiro, taxas de
mercado direcionadas ao financia-
mento imobiliário da pessoa física
estavam em 11,2%, segundo o BC.
A perspectiva de queda nos ju-
ros ao longo de 2024, ainda que
essa trajetória tenha se tornado
mais incerta nos últimos dias, de-
ve contribuir para o crescimento
da FBCF como um todo no ano,
segundo Magalhães, da A.C. Pas-
tore. Ela mudou sua estimativa
de Selic ao fim dos cortes em
2024 de 9,25% para 10%, mas is-
so, diz, deve afetar os investimen-
tos mais em 2025.
“A perspectiva para este ano é fa-
vorável. As taxas de juros vêm cain-
do desde meados do ano passado,
mas leva pelo menos seis meses pa-
ra isso chegar às taxas de financia-
mento. O BC tem sinalizado que
vai desacelerar os cortes, mas [o
movimento de reduções anterio-
res] ainda vai bater nas taxas de fi-
nanciamento”, diz Cagnin, do Iedi.
Ainda que a FBCF cresça em
2024, a taxa de investimento em
relação ao PIB deve ficar estável
em 16,5%, pondera Magalhães.
“Não sabemos se as novas medi-
das do governo para incentivar a
produção serão bem sucedidas”,
afirma. E a própria reforma tribu-
tária, lembra, está pendente de re-
gulamentação. “Isso vai ser positi-
vo, mas não tanto no curto prazo.
Qualquer coisa que a gente possa
fazer para diminuir o ambiente de
incertezas, seja na parte fiscal, seja
em relação às empresas de capital
misto, vai na direção de aumentar
o investimento no país”, afirma.
Procurada, a Petrobras infor-
mou que os contratos de escoa-
mento de gás foram “devidamente
compartilhados com a ANP con-
forme exigido pela regulação vi-
gente”. A empresa ressaltou que as
negociações envolvem outras em-
presas que integram os consórcios
proprietários da infraestrutura e
seguem as diretrizes estabelecidas
no Caderno de Boas Práticas do se-
tor, que valorizam o “ambiente de
negócios estável, previsível e trans-
parente, o que contribui para reali-
zação de novos investimentos”.
Já a ANP destacou que a regula-
mentação do acesso não discrimi-
natório, previsto na Nova Lei do
Gás, “sempre foi tema prioritário”.
Alega que, logo após a sanção da
lei, mobilizou superintendências
para participarem do Grupo de
Trabalho especializado para discu-
tir a regulamentação “inédita no
Brasil”, organizou workshop e rea-
lizou consulta prévia para a edição
da nova regra. Atualmente, a Aná-
lise de Impacto Regulatório (AIR)
está em processo de complemen-
tação e deve ser apreciada já em
maio pela diretoria do órgão.

Rio Boat Show desembarca
25ª edição na Marina da Glória
Maior salão náutico outdoor da América Latina terá mais de 80 barcos em exposição,
equipamentos de última geração, lançamentos mundiais e muitas atrações
Em modernos estandes
flutuantes, Rio Boat Show
reunirá os principais
players do mercado
náutico. Serão mais de
70 barcos na água para
agendamento de test drive
A brindo o calendário
de eventos náuticos
do país, a 25ª edição do Rio
Boat Show, maior salão náu-
tico outdoor da América
Latina, atracará na Marina
da Glória, no Rio de Janeiro,
entre os dias 28 de abril e
5 de maio. O evento, que
reúne os maiores players
do mercado náutico, nacio-
nais e internacionais, expõe
mais de 80 embarcações,
60 delas na água, e gran-
des lançamentos com pre-
ços de R$ 70 mil a mais de
R$ 29 milhões. Além de jets,
lanchas, infláveis, veleiros,
pontoons e até barco em
formato de carro e casa flu-
tuante, empresas especia-
lizadas em motores, peças,
acessórios, decoração e
destinos náuticos serão
mais atrativos para compra,
alguns com preços espe-
ciais e pagamento facilitado
no evento.
Ao longo dos oito dias de
evento, os visitantes pode-
rão desfrutar de opções de
lazer e realizar test drives de
barcos, além de aproveitar a
vista da Baía de Guanabara.
“A 25ª edição do Rio Boat
Show apresenta embar-
cações de todos os tama-
nhos, tipos e preços em um
único salão, que conecta
quem vende o melhor pro-
Ao vivo no
CANAL NÁUTICA
Acompanhe a cobertura
do RIO BOAT SHOW
Todos os dias,
a partir das 20h
Veleiros, lanchas e iates participam do tradicional Desfile de Barcos, uma apresentação inesquecível
duto com quem busca o
melhor negócio, além de
ser uma oportunidade
para quem quer ingres-
sar no mercado náutico e
conhecer tudo o que en-
volve esse setor”, afirma
Thalita Vicentini, diretora-
-geral do Rio Boat Show.
ATRAÇÕES E
LANÇAMENTOS
A expectativa da organiza-
ção é que o Rio Boat Show
receba mais de 33 mil visi-
tantes durante os 8 dias de
programação. Os ingres-
sos já estão à venda no site
oficial do evento. Entre as
principais atrações está
a Solara Boat House, pri-
meira casa flutuante pro-
duzida em série no país, que
fará a sua estreia nas águas
brasileiras. O estaleiro tam-
bém trará toda a sua linha
de pontoons e lanchas para
o seu estande.
A essência do design ita-
liano será apresentada por
meio das embarcações da
Azimut Yachts, presente
com diversos modelos,
entre eles o Azimut 74 e o
Azimut 62. A também ita-
liana Sessa Marine deverá
surpreender o público com
seus modelos inconfundí-
veis de lanchas de até 48 pés
INÊS249
CONTEÚDO PATROCINADO POR
que estarão expostos no
salão. Ambas mantêm gran-
des fábricas no Brasil. Com
assinatura da grife italiana
Pininfarina, o novo modelo
de 44 pés da NX Boats é
outro lançamento aguar-
dado do Rio Boat Show.
Quando o assunto é es-
portividade e sofistica-
ção, mais um grande des-
taque do Rio Boat Show
será a fabricante catari-
nense Schaefer Yachts com
o lançamento mundial da
Schaefer V44 , irmã maior da
lancha Schaefer V33 (barco
brasileiro mais vendido nos
Estados Unidos).
O estaleiro mineiro Ven-
tura igualmente vai sur-
preender. Além das embar-
cações como a recém-lan-
çada Ventura V550, trará ao
Rio de Janeiro o primeiro jet
elétrico do Brasil.
A marca carioca Real
Powerboats exibirá sua
desejada linha de lanchas
de 40 pés, com três opções
diferentes de configuração:
flybridge,hard-topecabrio-
let. Já as marcas estreantes
Azov Yachts, Zath Mariner,
Casarini Boats e Benet
Boats mostrarão barcos de
alto padrão para os mais
variados estilos.
A paulista Ross Mariner,
Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
outra estreante no Rio Boat
Show, apresenta sua nova
190 Pro Series, além de um
barco já conhecido, a Sport
R190, a partir de R$ 139 mil
— que em menos de dois
anos já soma cerca de 150
unidades na água.
Para os apaixonados por
carros esportivos, os mode-
losdocarro-barcoSuperCar
Jet, da Sealife, também
fazem sua estreia no evento,
nas águas do Rio.
Quem sonha navegar o
mundo a vela ou apenas
conhecer o litoral ao sa-
bor do vento poderá ver de
perto novidades de última
geração de grandes mar-
cas mundiais, como Be-
neteau, Excess, Lagoon,
Jeanneau,FountainePajote
Dufour Yachts.
Além de muitos barcos,
grandes marcas de motores
náuticos (de popa, de cen-
tro-rabeta, a gasolina, a die-
sel e até modelos elétricos!)
estarão no Rio Boat Show,
como é o caso de Yanmar,
Yamaha, Volvo Penta, Hidea
e Mercury. Todos estarão
presentes com novidades.
Os amantes de luxo e
náutica não podem per-
der o Espaço dos Desejos,
um ambiente único criado
para representar o que há
de mais elegante e luxuoso
nesse universo. Lá é pos-
sível sonhar alto, imergir
nas últimas novidades do
mundo náutico e descobrir
desejos realizáveis. Serão
expostas no local marcas
como a alemã Porsche, com
seus carros de luxo, a BR
Marinas, expondo o que a
de melhor em marinas, e o
Kiaroa Eco Luxury.
O Rio Boat Show ainda
trará uma mostra que ho-
menageia o cartunista Zi-
raldo, trazendo a campa-
nha realizada em parceria
com a Revista Náutica “Só
jogue na água o que peixe
pode comer”.
FACILIDADE DE
PAGAMENTO
Atuante há mais de 30 anos
no mercado de consór-
cios, a Ademicon apresen-
tará seus serviços finan-
ceiros, dentre consórcios
que, com parcelas a par-
tir de R$ 725, possibilitam
adquirir, por exemplo, um
barco de R$ 125 mil.
PARA QUEM
QUER ALUGAR
Quem também marca pre-
sença é a Bombordo, uma
plataforma que permite
alugar embarcações den-
tro e fora do Brasil. A em-
presa faz a ponte entre pro-
prietários de barcos e pes-
soas interessadas em alugá-
-los. Tudo por meio de um
app próprio.
DESFILE DE BARCOS
Os barcos dos principais
estaleiros vão roubar a cena,
na noite de 3 de maio, a par-
tir das 20h, na “piscina” da
Marina da Glória, durante
o Desfile de Barcos. Uma
apresentação apoteótica.
Um após o outro, veleiros,
lanchas e iates entrarão na
“passarela” toda iluminada
PRODUZIDO POR
| Valor | A5
© FOTOS: VICTOR SANTOS/@REVISTANAUTICA
do Rio Boat Show. Este ano,
em sua sétima edição, o
Desfile de Barcos contará
com, pelo menos, 15 embar-
cações. Não é competição, e
sim, muita diversão. E puro
entretenimento!
PALESTRAS
NÁUTICA TALKS
Durante o Rio Boat Show
será realizado o Náutica
Talks, série de palestras
organizada pela Revista
Náutica. O encontro, ex-
clusivo para os visitantes
do evento, levará incríveis
histórias de desbravado-
res das águas à Marina da
Glória. A grade contará
com mais de 40 palestran-
tes, entre eles o navegador
Amyr Klink, o espanhol
Álvaro de Marichalar (que
está no meio de uma volta ao
mundo de jet) e outras per-
sonalidades do mundo náu-
tico, com destaque também
para a sexta dia 3 de maio,
com palestras especiais
sobre mergulho.
RIO BOAT SHOW 2024
• De 28 de abril a
5 de maio
• Segunda a sexta:
das 15h às 22h
• Sábados e domingos:
das 13h às 22h
• Último dia: até às 21h
• Marina da Glória
Av. Infante Dom Henrique,
s/nº, Glória, Rio de Janeiro
Ingressos disponíveis
pelo site
www.rioboatshow.com.br
GLAB.GLOBO.COM
A6 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 INÊS249
Brasil

Causas sociais Para Cassio França, do Gife, doações precisam se interessar pelo país como um todo

Grupo defende olhar sistêmico na filantropia

Marsílea Gombata
De São Paulo
A filantropia carrega um papel
fundamental no desenvolvimento
do país, e o Brasil tem potencial
muito maior para destravar esses
recursos. A avaliação é de Cassio
França, secretário-geral do Grupo
de Institutos, Fundações e Empre-
sas (Gife), referência nacional em
fortalecimento da filantropia e in-
vestimento social privado, escolhi-
do para liderar o grupo de traba-
lho Filantropia e Desenvolvimento
Sustentável no G20.
Com o Gife à frente do grupo de
trabalho que é parte do Civil So-
ciety 20 (C20), grupo de engaja-
mento que representa a socieda-
de civil no G20 neste ano, França
diz ao Valor que o objetivo é cha-
mar atenção para a necessidade
de um olhar mais sistêmico da fi-
lantropia, no lugar do foco em se-
tores mais tradicionais, como
educação, e desbloquear recursos
filantrópicos com incentivo a
doação e “blended finance” (fi-
nanciamento que combina recur-
sos públicos ou filantropia com
capital privado para projetos de
impacto social e ambiental).
“Se o mercado financeiro passa
a estabelecer uma nova métrica,
em que impacto social também é
algo a ser buscado pelos investi-
dores, isso destrava recursos. Se
olha apenas para o índice de
quantos por cento se vai faturar,
ficaremos em uma corrida inces-
sante por lucro”, afirma França.
“Enquanto o mercado finan-
ceiro não estabelecer novas mé-
tricas de investimento conside-
rando impacto social e ambiental
dos investimentos que são feitos,
isso será contraproducente para
todo trabalho que fazemos.”
O Censo Gife 2022-2023, envol-
vendo 170 instituições do grupo,
mostra que o volume de recursos
mobilizados em 2022 (dado mais
recente) foi de R$ 4,8 bilhões. Ape-
sar de ser um dos mais altos da his-
tória, o montante ficou abaixo do
pico atingido na pandemia. Em
2020, foram R$ 6,2 bilhões em re-
cursos filantrópicos.
“A pergunta que se coloca é por
COMPANHIA DE SANEAMENTO BÁSICO DO ESTADO DE SÃO PAULO - SABESP
que chegamos a R$ 6,2 bilhões no
momento pandêmico e agora te-
mos R$ 4,8 bilhões? No período
pandêmico, a filantropia mostrou
que é possível ir além do que se
vai”, argumenta. “Tivemos um mo-
mento super crítico, mas isso não
quebrou empresas nem famílias.
Tem algo aí que demonstra um po-
tencial muito maior.” Leia a seguir
a entrevista ao Valor.
Valor: Qual que é o papel da fi-
lantropia no G20? O que muda em
relação aos anos anteriores?
Cassio França: Tem uma novida-
de que é a filantropia como um
player. Estamos falando de muito
dinheiro, especialmente da filan-
tropia internacional. Se nós apor-
tamos cerca de R$ 4,8 bilhões, em
um país que não tem muito incen-
tivo, outros países, como os EUA,
aportam muito mais. No ano pas-
sado, o Gife pleiteou um espaço
formal de discussão sobre o papel
da filantropia nos modelos de de-
senvolvimento. Pedimos para o
Itamaraty espaço formal na estru-
tura do G20. Queríamos um grupo
de engajamento da filantropia e
no fim tivemos um grupo de traba-
lho da filantropia dentro do C20,
que é um grupo de engajamento
da sociedade civil. A novidade é o
reconhecimento da filantropia co-
mo um player para pensar mode-
los de desenvolvimento das 19 na-
ções que fazem parte do G20. E é a
primeira vez que há um grupo de
filantropia fazendo a discussão.
O governo brasileiro está ten-
tando fazer com que as organiza-
ções da sociedade civil sejam mais
presentes no G20, o que não é tri-
vial. O track financeiro é dominan-
te e menos permeável. Agora, o
que vai sair desse processo é algo
ainda a ser desenvolvido. É um
processo muito novo, não apenas
para a filantropia brasileira, mas
para a internacional também.
Valor: Se aportamos R$ 4,8 bi-
lhões em um ano, quanto aportam
países mais ricos como os EUA?
França: A projeção é que alcan-
çamos de 0,3% a 0,4% do PIB, con-
tando não somente filantropia ins-
titucionalizada, que é onde o Gife
transita, mas também doação de
pessoa física. Com tudo, chegamos
a, mais ou menos, 0,38% do PIB. Os
EUA chegam perto de 2% do PIB
[deles]. Mas lá há muito incentivo.
Valor: O que seria importante em
termos de incentivo?
França: Eu acho que tem duas
coisas. A primeira, muito forte, é a
Cassio França: imposto sobre herança de até 8% é “vergonha, porque é algo que perpetua desigualdades”
cultura de doação. As crianças em
alguns países crescem tendo a
doação como algo que faz parte da
vida de qualquer cidadão. Por ou-
tro lado, há questões fiscais. Pode-
se abrir uma fundação, e o que será
taxado desse valor será reduzido.
Nos EUA, paga-se até 40% de im-
posto sobre herança. Se você abre
uma fundação, perpetua o nome
da sua família, investe em projetos
de interesse público, tem isenção
sobre esse valor e uma redução so-
bre o que você não doou. É um su-
per incentivo. Aqui temos imposto
sobre herança máximo de 8%, sen-
do que a média é 4%.
Valor: Esses 8% são pouco?
França: Muito pouco. Mas essa é
minha opinião. Acho uma vergo-
nha porque é algo que perpetua
desigualdades. O conselho do Gife
se posiciona muito favoravelmen-
te a um sistema tributário progres-
sivo, e isso não é pouco tendo em
vista que é uma organização muito
próxima de grandes corporações e
de famílias ricas. Uma organização
se posicionar sobre isso é diferente
de a Central Única dos Trabalhado-
res (CUT) se posicionar. O Gife se
coloca dizendo que é a favor da
progressividade, mas, obviamen-
te, não é quem dirá qual é a melhor
medida para isso. O que sabemos é
que, para diminuir desigualdades,
faz todo sentido um sistema tribu-
tário mais progressivo.
Valor: O grupo de vocês funciona
no âmbito do C20, no G20 Social.
Qual é a agenda ao longo do ano?
França: Há 13 grupos de engaja-
mento, como o C20, que reúne es-
pecialistas das 19 nações, mais
União Europeia e União Africana,
para fazer discussões e recomen-
dações para os chefes de Estado. O
GT9 é um dos dez grupos de traba-
contro em julho, no Rio, no qual
todos os grupos de engajamento
apresentarão recomendações para
os chefes de Estado. Depois, fica
para os chefes de Estado fazerem
as suas discussões internas e verem
o que sai no comunicado final.
A partir de julho teremos mais
um papel de advocacy do que de
formulação de proposições. Nós
[do grupo da sociedade civil], o Bu-
siness 20 (B20) e todos os outros
grupos de engajamento tentarão
construir as condições necessárias
para que as recomendações sejam
contempladas, mas não haverá
mais produção de conhecimento.
Isso precisa acabar até junho.
E esse é um processo muito
complexo, são muitos países en-
volvidos e há muitas interfaces.
Discutimos outros temas que es-
tão sendo discutidos em outros
grupos de engajamento e busca-
mos fazer algumas alianças. Mas é
muito complexo porque são mui-
tos tentáculos nisso. É um proces-
so muito difícil, de aprendizado e
que precisa ser muito rápido. É a
primeira vez que o Brasil assume a
presidência [do G20], então é a
primeira vez que a imensa maio-
ria das organizações brasileiras
está lidando com isso.
Valor: O Gife quer mostrar que o
investimento social é forte contri-
buidor do desenvolvimento susten-
tável. Como seria isso?
França: Consideramos que é a fi-
lantropia é um setor que tem o que
aportar para a sociedade tanto pe-
lo volume quanto pelo fato de ser
um recurso voluntário. O volume
“Estamos chamando a
filantropia brasileira e
ANA PAULA PAIVA/VALOR
de dinheiro que pode ser investido
em projetos públicos é voluntário
e é muito flexível, não precisa ser
feito via licitação. Pode estar no
processo de concertação de políti-
cas públicas, pode contribuir com
governos para a avaliação de polí-
ticas públicas e também para colo-
car novos players da sociedade ci-
vil dentro de uma sala. Há flexibili-
dade fantástica nesse recurso.
Ainda que o recurso filantrópi-
co seja flexível, consideramos que
seria muito interessante que as or-
ganizações que recebem esses re-
cursos soubessem um pouco do
posicionamento dessas organiza-
ções em relação ao desenvolvi-
mento dos países. Com esse grupo
de trabalho, acabamos expondo
um pouco mais a filantropia e co-
locando um pouco mais a sua res-
ponsabilidade sociopolítica frente
aos modelos de desenvolvimento.
Há ainda um outro elemento
muito importante em participar
desse grupo de trabalho, que é o
fato de que a filantropia deixa de
olhar só para o seu tema de interes-
se mais imediato — no Brasil e na
América Latina toda, a menina dos
olhos [desse setor] é a educação —
e olha para o país como um todo.
Não teremos um sistema público
de educação extremamente inova-
dor, à altura do que queremos,
com esse nível de desigualdade
que temos. Me mostre um país
com tamanha desigualdade e um
sistema público de educação à al-
tura dos nossos desejos. Por isso,
uma leitura sistêmica é fundamen-
tal. Não vamos conseguir resolver
problemas da educação sem olhar
para as iniquidades desse país.
Olhar sistemicamente é interes-
sante, e a filantropia muitas vezes
não está acostumada com isso. Ela
mais amplo, um olhar mais sistê-
mico de desenvolvimento do país.
Valor: Nesse sentido, quais famí-
lias têm potencial para contribuir?
França: Parte das famílias de bi-
lionários brasileiros faz parte do
Gife, uma outra parte faz filantro-
pia e não está no grupo, e tem uma
parte grande que nunca ouvimos
sobre fazer filantropia. As famílias
que estão nos Gife são parte de um
conjunto de outras organizações.
Cerca 20% do Gife é familiar, e a
maior parte é de institutos e fun-
dações corporativas. Claro que não
vamos colocar toda a responsabili-
dade de pensar sistemicamente o
país nessas famílias. Mas são exem-
plos de famílias que estão fazendo
coisas interessantes. A presidente
do conselho do Gife é a Inês Min-
dlin Lafer. Há várias famílias que
buscam contribuir sistematica-
mente para o país, mas é um pro-
cesso em curso, não está dado.
Valor: Como fomentar a filantro-
pia hoje em dia?
França: É o que chamamos de
desbloquear o recurso filantrópi-
co. O Gife faz um trabalho muito
forte na cultura de doação, acredi-
tamos que isso é algo perene. De-
pois, há várias outras políticas que
podem contribuir para destravar
recursos filantrópicos. O imposto
sobre herança é uma, mas nem se-
quer sei se é o melhor de todos.
Valor: Mas quais iniciativas con-
tribuiriam para mais recursos?
França: Tem a cultura de doação,
que é super importante. Existe
também o que chamamos de
“blended finance”, que é uma com-
binação do recurso filantrópico
com recurso do Estado ou de ban-
cos de desenvolvimento e também
de empresas. Existem aí questões
como onde se vai investir e qual o
indicador para se olhar o rendi-
mento dos recursos. Se o mercado
financeiro passa a estabelecer uma
nova métrica, em que impacto so-
cial também é algo a ser buscado
pelos investidores, isso destrava re-
cursos. Se olha apenas para o índi-
ce de quantos por cento se vai fatu-
rar, ficaremos em uma corrida in-
cessante por lucro. Há algumas or-
ganizações que vêm fazendo estu-
dos sobre métrica que o mercado
financeiro considera para orientar
seus investidores. Isso não é pouca
coisa, é: “eu quero que meu recur-
so seja investido em algumas em-
presas que tenham impacto am-
biental, em consonância com as
urgências climáticas”, [por exem-
plo]. E passa por [novas] métricas
de investimento. Enquanto o mer-
cado financeiro não estabelecer
novas métricas de investimento
considerando impacto social e
ambiental dos investimentos fei-
tos, isso será contraproducente pa-
ra todo trabalho que fazemos. Po-
deríamos direcionar bilhões de
reais para investimentos que têm

Companhia Aberta
lho do C20. É um espaço formal de
discussão, mas há barreiras até que
internacional para ter entra em um tema, contribui mui-
to para ele e fica especialista da-
impactos socioambientais positi-
vos. Essa é uma articulação que po-
CNPJ 43.776.517/0001-80
NIRE nº 35.3000.1683-1
os chefes de Estado contemplem um olhar mais amplo,” quele determinado tema. Estamos deria destravar uma quantidade
as recomendações que saem de ca- chamando a filantropia brasileira muito generosa de recursos.
FATO RELEVANTE da grupo. Por isso, haverá um en- Cassio França e internacional para ter um olhar Valor: Há alguma meta?
França: Atualizando para valo-
A Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo - Sabesp res atuais, na pandemia chega-
(“Companhia” ou “Sabesp”), em atendimento às disposições da Resolução da
Comissão de Valores Mobiliários (CVM) nº 44, de 23 de agosto de 2021, e em mos a R$ 6,2 bilhões. Depois, a úl-
continuidade aos Fatos Relevantes divulgados em 31 de julho de 2023 e 18 de tima aferição que fizemos mos-
setembro de 2023, vem a público informar aos seus acionistas e ao mercado em tra que se chegou a R$ 4,8 bilhões
geral que, em reunião realizada no dia 17 de abril de 2024, o Conselho Diretor
do Programa Estadual de Desestatização (CDPED) em conjunto com o Conselho em 2022. A pergunta que se colo-
Gestor do Programa Estadual de Parcerias Público-Privadas (CGPPP) deliberou pela ca é por que chegamos a R$ 6,2
aprovação da modelagem final para a alienação parcial de ativos mobiliários detidos
direta e indiretamente pelo Estado, com autorização para proceder à alienação via
bilhões no momento pandêmico
Oferta Pública de Distribuição de Ações em bolsa de valores, conforme art.1, do e agora temos R$ 4,8 bilhões? No
Decreto nº 67.759/2023, incluindo: período pandêmico, a filantro-
a. Cronograma do processo de desestatização; pia mostrou que é possível ir
b. Estrutura da oferta com participação de investidores estratégicos e critério para
julgamento do vencedor da oferta pública secundária;
além do que se vai. Tivemos um
c. Alterações no Estatuto Social da Companhia; momento super crítico, mas isso
d. Celebração de Acordo de Investimentos, Lock-up e outras avenças com investidores não quebrou empresas nem fa-
estratégicos; mílias. Tem algo aí que demons-
e. Garantia de estabilidade aos funcionários e empregados conforme a lei nº tra um potencial muito maior.
17.853/2023, por um período de 18 meses, contados da data de efetiva conclusão
do processo de desestatização;
f. Recomendar a oferta de ações ordinárias de propriedade do Governo do Estado de
São Paulo aos empregados da Companhia;

Influenza pode causar próxima pandemia, diz estudo

g. Encaminhamentos aos representantes do Conselho Deliberativo da URAE - 1
Sudeste para a 1ª reunião do Conselho dos seguintes documentos:
• Minuta do contrato de concessão e anexos
• Minuta do regimento interno do Conselho Deliberativo da URAE-1
• Minuta do Plano Regional de Saneamento Básico
A definição do preço mínimo e o percentual da participação do Estado a ser alienado, Agência O Globo, do Rio A expectativa de que uma ver- e Doenças Infecciosas (ESCMID), isso significa que todo inverno há
bem como o detalhamento do Acordo de Investimentos, Lock-up, e outras condições
serão objeto de deliberação em reunião futura do Colegiado.
são do Influenza seja o patógeno em Barcelona, na Espanha. pequenas pandemias. Elas são
A ata completa da reunião está disponível no link a seguir: Cientistas acreditam que a mais provável de provocar uma Foi coletado um total de 187 mais ou menos controladas por-
• Ata de Deliberação próxima pandemia será causada nova crise sanitária faz parte de respostas de especialistas de 57 que as diferentes cepas não são su-
A Companhia manterá o mercado informado a respeito dos desdobramentos do por alguma variante de um vírus pesquisa conduzida com cientis- países. Os pesquisadores, com ficientemente virulentas. Mas, a
assunto objeto deste Fato Relevante. bem conhecido: o Influenza, cau- tas do Consórcio Vaccelerate, que grande experiência em doenças cada estação, as cepas envolvidas
São Paulo, 18 de abril de 2024. sador da gripe. reuniu especialistas de diferentes infecciosas, foram solicitados a mudam, e essa é a razão pela qual
O alerta ocorre em meio ao países para acelerar os estudos clí- classificar diferentes agentes podemos contrair gripe várias ve-
Catia Cristina Teixeira Pereira
avanço de cepas da gripe aviária, nicos de doses contra a Covid-19. conforme o seu potencial pandê- zes na vida, e as vacinas mudam
Diretora Econômico-Financeira e de Relações com Investidores
que apenas circulavam em aves, Ela foi publicada na revista cientí- mico. O vírus da gripe foi o pri- ano a ano. Caso uma nova cepa se
mas que têm se disseminado entre fica “Travel Medicine and Infec- meiro do ranking para 57% dos torne mais virulenta, esse controle
mamíferos como gados nos Esta- tious Disease” e será apresentada especialistas, e outros 17% o colo- pode ser perdido”, diz comunica-
dos Unidos. Nos casos esporádicos na próxima semana durante o caram em segundo lugar. do do principal autor do estudo,
relatados em humanos, costumam Congresso Global da Sociedade “Todo inverno temos tempora- Salmanton-García, da Universida-
ter alta letalidade, acima de 50%. Europeia de Microbiologia Clínica da de Influenza. Pode-se dizer que de de Colônia, na Alemanha.
 INÊS249 Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 | Valor | A7

Brasil

Atividade econômica Atualize suas contas

Indicadores agregados Variação dos indicadores no período
mar/24 fev/24 jan/24 dez/23 nov/23 out/23 set/23 ago/23 jul/23 jun/23 Em % Em R$
Índice de atividade econômica - IBC-Br (%) (1) - 0,40 0,52 0,70 0,08 -0,01 -0,04 -0,60 0,29 0,25 Mês TR (1) Poupança (2) Poupança (3) TBF (1) Selic (4) TJLP TLP FGTS (5) CUB/SP UPC Salário mínimo
Indústria (1) set/22 0,1805 0,6814 0,6814 1,0020 1,07 0,5662 0,4670 0,4276 -0,06 23,67 1.212,00
out/22 0,1494 0,6501 0,6501 0,9506 1,02 0,6005 0,4702 0,3964 0,04 23,81 1.212,00
Produção física industrial (IBGE - %) nov/22 0,1507 0,6515 0,6515 0,9519 1,02 0,5811 0,4614 0,3977 0,15 23,81 1.212,00
Total - -0,3 -1,5 1,5 0,6 0,0 0,2 0,4 -0,4 0,0
dez/22 0,2072 0,7082 0,7082 1,0489 1,12 0,6005 0,4670 0,4543 0,17 23,81 1.212,00
Indústria de transformação - 0,0 0,0 0,4 -0,1 0,2 -0,5 1,1 -0,4 -0,2
jan/23 0,2081 0,7091 0,7091 1,0398 1,12 0,6142 0,4812 0,4552 -0,06 23,93 1.302,00
Indústrias extrativas - -0,9 -6,9 3,8 3,4 -0,5 6,2 -4,9 -1,3 2,9
fev/23 0,0830 0,5834 0,5834 0,8536 0,92 0,5546 0,4931 0,3298 0,00 23,93 1.302,00
Bens de capital - 1,8 9,3 -0,4 -0,9 -0,3 -2,5 5,8 -7,4 -2,3
mar/23 0,2392 0,7404 0,7404 1,0912 1,17 0,6142 0,4986 0,4864 -0,18 23,93 1.302,00
Bens intermediários - -1,2 -2,7 1,8 1,6 0,7 0,7 -0,4 -0,5 -0,3
abr/23 0,0821 0,5825 0,5825 0,8527 0,92 0,5873 0,4907 0,3289 0,29 24,06 1.302,00
Bens de consumo - 1,3 -0,9 1,1 -0,1 -0,9 -1,7 2,4 1,4 0,3
mai/23 0,2147 0,7158 0,7158 1,0465 1,12 0,6070 0,4812 0,4619 1,44 24,06 1.320,00
Faturamento real (CNI - %) - 2,4 0,3 1,8 0,7 -0,4 -0,9 1,3 -2,3 0,5
jun/23 0,1799 0,6808 0,6808 1,0014 1,07 0,5873 0,4622 0,4270 0,64 24,06 1.320,00
Horas trabalhadas na produção (CNI - %) - 2,3 0,2 1,5 0,6 -0,3 -0,6 0,0 -0,8 0,2
jul/23 0,1581 0,6589 0,6589 0,9694 1,07 0,5843 0,4464 0,4051 0,09 24,17 1.320,00
Comércio
ago/23 0,2160 0,7171 0,7171 1,0578 1,14 0,5843 0,4321 0,4632 0,05 24,17 1.320,00
Receita nominal de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) (1)(2) - 1,2 1,0 0,3 0,9 -0,1 0,9 0,6 1,0 0,8
set/23 0,1130 0,6136 0,6136 0,9039 0,97 0,5654 0,4194 0,3599 -0,05 24,17 1.320,00
Volume de vendas no varejo - Brasil (IBGE - %) (1)(2) - 1,0 2,8 -1,5 0,2 -0,3 0,8 -0,2 0,9 0,0
out/23 0,1056 0,6061 0,6061 0,8964 1,00 0,5478 0,4186 0,3525 -0,05 24,29 1.320,00
Serviços
nov/23 0,0775 0,5779 0,5779 0,8481 0,92 0,5301 0,4337 0,3243 0,12 24,29 1.320,00
Receita nominal de serviços - Brasil (IBGE - %) (1) - -1,7 2,4 0,1 1,0 0,0 1,0 -0,4 0,3 0,3 dez/23 0,0690 0,5693 0,5693 0,8395 0,89 0,5478 0,4519 0,3158 0,00 24,29 1.320,00
Volume de serviços - Brasil (IBGE - %) (1) - -0,9 0,5 0,5 0,5 -0,3 -0,1 -1,3 0,9 0,4 jan/24 0,0875 0,5879 0,5879 0,8582 0,97 0,5462 0,4551 0,3343 0,00 24,35 1.412,00
Mercado de trabalho fev/24 0,0079 0,5079 0,5079 0,7380 0,80 0,5109 0,4456 0,2545 0,10 24,35 1.412,00
Taxa de desocupação (Pnad/IBGE - em %) - 7,8 7,6 7,4 7,5 7,6 7,7 7,8 7,9 8,0 mar/24 0,0331 0,5333 0,5333 0,7733 0,83 0,5462 0,4400 0,2798 0,10 24,35 1.412,00
Emprego industrial (CNI - %) (1) - 0,5 0,6 0,1 0,3 0,5 -0,1 -0,3 0,1 0,2 abr/24 0,1023 0,6028 0,6028 0,7830 0,89 0,5395 0,4456 0,3492 - 24,38 1.412,00
Indicador Antecedente de Emprego - (FGV/IBRE) (1)(3) 1,0 0,3 0,9 2,3 0,0 -1,4 -0,5 -1,1 1,2 2,2 2024 0,23 2,25 2,25 3,19 3,53 2,16 1,80 1,22 0,20 0,37 6,97
Balança comercial (US$ milhões) Em 12 meses* 1,37 7,63 7,63 11,26 12,32 6,91 5,46 4,41 2,31 1,33 8,45
Exportações 27.980 23.494 26.798 28.786 27.886 29.682 28.713 31.101 28.300 29.600 2023 1,76 8,04 8,04 12,01 13,04 7,15 5,65 4,81 2,31 2,02 8,91
Importações 20.498 18.186 20.510 19.463 19.097 20.501 19.532 21.468 20.121 19.524 Fontes: Banco Central, CEF, Sinduscon e Ministério da Fazenda. Elaboração: Valor Data * Até o último mês de referência
Saldo 7.483 5.308 6.287 9.323 8.789 9.181 9.182 9.633 8.179 10.077 (1) Taxa do período iniciado no 1º dia do mês. (2) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos até 03/05/12 (3) Rendimento no 1º dia no mês seguinte para depósitos a partir de
Fontes: Banco Central, CNI, FGV, IBGE e SECEX/MDIC. Elaboração: Valor Data (1) Metodologia com ajuste sazonal. (2) Nova série com índice base 2014 = 100. (3) Var. em pts 04/05/12; Lei nº 12.703/2012 (4) Taxa efetiva; para abril projetada. (5) Crédito no dia 10 do mês seguinte (TR + Juros de 3% ao ano)

Produção e investimento Inflação Dívida e necessidades de financiamento

Variação no período Variação no período (em %) Valores em R$ bilhões - no setor público
Indicadores 4º Tri/23 3º Tri/23 2023 2022 2021 2020 Dívida líquida do setor público fev/24 jan/24 fev/23
Acumulado em Número índice
PIB (R$ bilhões) * 2.831 2.741 10.856 10.080 9.012 7.610 Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
PIB (US$ bilhões) ** 574 561 2.176 1.952 1.670 1.476 abr/24 mar/24 2024 2023 12 meses abr/24 mar/24 dez/23 abr/23
Dívida líquida total 6.693,6 60,91 6.565,1 60,06 5.706,7 55,70
Taxa de Variação Real (%) 0,0 0,0 2,9 3,0 4,8 -3,3 IBGE
(-) Ajuste patrimonial + privatização -28,1 -0,26 -37,0 -0,34 4,9 0,05
Agropecuária -5,3 -5,6 15,1 -1,1 0,0 4,2 IPCA - 0,16 1,42 4,62 3,93 - 6.869,14 6.773,27 6.649,99
(-) Ajuste metodológico s/ dívida* -743,3 -6,76 -749,0 -6,85 -748,0 -7,30
Indústria 1,3 0,6 1,6 1,5 5,0 -3,0 INPC - 0,19 1,58 3,71 3,40 - 7.064,43 6.954,74 6.868,53 Dívida fiscal líquida 7.465,0 67,93 7.351,1 67,26 6.449,8 62,95
Serviços 0,3 0,3 2,4 4,3 4,8 -3,7
IPCA-15 - 0,36 1,46 4,72 4,14 - 6.742,72 6.645,93 6.511,32
Formação Bruta de Capital Fixo (%) 0,9 -2,2 -3,0 1,1 12,9 -1,7 Divisão entre dívida interna e externa
Investimento (% do PIB) 16,1 16,6 16,5 17,8 17,9 16,6 IPCA-E - 0,36 1,46 4,72 4,14 - 6.742,72 6.645,93 6.511,32
Dívida interna líquida 7.340,8 66,80 7.219,4 66,05 6.396,4 62,43
Fontes: IBGE e Banco Central. Elaboração: Valor Data FGV Dívida externa líquida -647,2 -5,89 -654,3 -5,99 -689,7 -6,73
* Valores correntes. ** Banco Central IGP-DI - -0,30 -0,97 -3,30 -4,00 - 1.094,76 1.105,54 1.128,81
Divisão entre as esferas do governo
Núcleo do IPC-DI - 0,27 1,07 3,48 3,64 - - - -
Governo Federal e Banco Central 5.749,5 52,32 5.619,3 51,41 4.806,1 46,91
IPA-DI - -0,50 -1,84 -5,92 -6,79 - 1.270,47 1.294,35 1.341,66
Governos Estaduais 841,2 7,66 842,3 7,71 807,5 7,88
Contrib. previdenciária* IR na fonte IPA-Agro - 0,92 -1,59 -11,34 -11,56 - 1.756,96 1.785,32 1.926,82 Governos Municipais 53,5 0,49 54,0 0,49 36,3 0,35
Empregados e avulsos** Faixas de contribuição IPA-Ind. - -1,02 -1,94 -3,77 -4,89 - 1.073,32 1.094,53 1.117,39 Empresas Estatais 49,4 0,45 49,6 0,45 56,8 0,55
IPC-DI - 0,10 1,27 3,55 2,93 - 743,02 733,67 725,48
Salário de Base de cálculo* Alíquota Parcela a deduzir Necessidades de financiamento do setor público fev/24 jan/24 fev/23
em R$ em % IR - em R$ INCC-DI - 0,28 0,68 3,49 3,36 - 1.095,74 1.088,31 1.061,64 Fluxos acumulados em 12 meses Valor % do PIB Valor % do PIB Valor % do PIB
contribuições em R$ Alíquotas em % (1)
IGP-M - -0,47 -0,91 -3,18 -4,26 - 1.113,84 1.124,07 1.152,31
Até 1.412,00 7,50 Até 2.259,20 0,0 0,00 Total nominal 1.015,1 9,24 991,9 9,07 565,9 5,52
IPA-M - -0,77 -1,75 -5,60 -7,05 - 1.310,88 1.334,20 1.389,86
De 1.412,01 até 2.666,68 9,00 De 2.259,21 até 2.826,65 7,5 169,44 Governo Federal** 846,6 7,70 818,0 7,48 458,1 4,47
IPC-M - 0,29 1,41 3,40 3,14 - 726,53 716,46 707,62 Banco Central 77,9 0,71 86,3 0,79 75,9 0,74
De 2.666,69 até 4.000,03 12,00 De 2.826,66 até 3.751,05 15,0 381,44
De 3.751,06 até 4.664,68 22,5 662,77 INCC-M - 0,24 0,68 3,32 3,29 - 1.093,50 1.086,15 1.061,07 Governo regional 83,0 0,76 80,4 0,74 25,0 0,24
De 4.000,04 até 7.786,02 14,00
Empregador doméstico 8,00 Acima de 4.664,68 27,5 896,00 IGP-10 -0,33 -0,17 -0,73 -3,56 -3,81 1.135,05 1.138,81 1.143,35 1.180,05 Total primário 268,2 2,44 246,0 2,25 -93,2 -0,91
Fonte: Previdência Social. Elaboração: Valor Data *Competên- Fonte: Receita Federal. Elaboração: Valor Data IPA-10 -0,56 -0,40 -1,62 -6,02 -6,40 1.344,60 1.352,24 1.366,78 1.436,52 Governo Federal -28,6 -0,26 -44,4 -0,41 -301,4 -2,94
cia abr/24. **Inclusive empregado doméstico. (1) Para fins de *Valor considera o desconto simplificado de R$ 564,80 IPC-10 0,21 0,48 1,78 3,43 3,13 733,68 732,11 720,87 711,43 Banco Central 0,7 0,01 0,6 0,01 0,5 0,00
recolhimento ao INSS Obs. Desconto por dependente: R$ 189,59 INCC-10 0,33 0,27 1,09 3,04 3,32 1.081,84 1.078,34 1.070,21 1.047,12 Governo regional -15,2 -0,14 -18,4 -0,17 -58,4 -0,57
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data * Interna e externa.** Inclui INSS. Obs.: Sem Petrobras e Eletrobras.
FIPE
IPC - 0,26 1,18 3,15 2,87 - 683,22 675,27 667,00
Principais receitas tributárias Obs.: IPCA-E no 1º trimestre = 1,46%, IGP-M 2ª prévia abr/24 -0,12% e IPC-FIPE 2ª quadrissemana abr/24 0,23%
Valores em R$ bilhões Fontes: FGV, IBGE e FIPE. Elaboração: Valor Data Resultado fiscal do governo central
Valores em R$ bilhões a preços de fevereiro*
Discriminação Janeiro-fevereiro Var. fevereiro Var.
Discriminação Janeiro-fevereiro Var. fevereiro Var.
2024 2023 % 2024 2023 % Imposto de Renda Pessoa Física 2023 2022 % 2024 2023 %
Receita Federal
Imposto de renda total 164,9 148,2 11,33 56,5 48,1 17,37
Pagamento das quotas - 2023 Receita total 470,7 431,7 9,05 189,4 160,4 18,05
Receita Adm. Pela RFB** 320,7 288,6 11,11 120,3 101,3 18,81
Imposto de renda pessoa física 5,6 4,7 19,54 2,9 2,4 21,28 Arrecadaçao Líquida para o RGPS 100,1 94,8 5,61 47,9 46,1 4,01
Imposto de renda pessoa jurídica 80,2 78,3 2,37 21,2 20,4 3,83 No prazo legal
Receitas Não Adm. Pela RFB 49,9 48,3 3,47 21,1 13,0 61,77
Imposto de renda retido na fonte 79,2 65,2 21,50 32,3 25,3 27,91 Quota Vencimento Valor da quota Valor dos juros Valor total
Transferências a Estados e Municípios 98,5 91,6 7,52 56,9 53,0 7,29
Imposto sobre produtos industrializados 11,9 9,8 22,12 5,5 4,3 29,39 (Campo 7 do DARF) (Campo 9 do DARF) (Campo 10 do DARF)
Receita líquida total 372,2 340,1 9,45 132,5 107,4 23,36
Imposto sobre operações financeiras 10,3 10,1 2,31 5,2 4,7 10,72 1ª ou única 31/05/2023 - Campo 7 Despesa Total 350,6 299,4 17,12 190,9 149,8 27,42
Imposto de importação 10,3 8,9 16,36 4,8 3,9 22,26 2ª 30/06/2023 1,00% Benefícios Precidenciários 140,7 134,1 4,92 71,7 68,1 5,41
Cide-combustíveis 0,5 0,0 - 0,2 0,0 - 3ª 31/07/2023 2,07% + Pessoal e Encargos Sociais 59,6 57,5 3,63 28,4 27,5 3,45
Contribuição para Finsocial (Cofins) 64,9 52,5 23,51 30,5 23,9 27,67 4ª 31/08/2023 Valor da declaração 3,14% Campo 8 Outras Despesas Obrigatórias 78,7 43,8 79,68 51,6 21,0 145,60
CSLL 43,7 39,2 11,53 11,0 10,4 5,45 5ª 29/09/2023 4,28% Despesas Poder Exec. Sujeitas à Prog. Financeira 71,5 63,9 12,00 39,2 33,3 17,60
PIS/Pasep 18,2 15,1 20,57 8,6 6,9 23,94 Resul. Primário do Gov. Central (1) 21,6 40,7 -46,94 -58,4 -42,4 37,71
6ª 31/10/2023 5,25% +
Outras receitas 142,4 127,0 12,06 64,2 56,7 13,15 Discriminação fev/24 jan/24 fev/23
7ª 30/11/2023 6,25% Campo 9
Total 467,2 410,7 13,74 186,5 159,0 17,31 Valor Var. % Valor Var. % Valor Var. %
8ª 28/12/2023 7,17%
fev/24 jan/24 fev/23
Pagamento com atraso Ajustes metodológicos -0,2 - 0,8 - -0,1 -
Valor** Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* Discrepância estatística 0,8 -27,56 1,1 -140,57 1,6 -
Multa (campo 08) - sobre o valor do campo 7 aplicar 0,33% por dia de atraso, a partir do primeiro dia após o vencimento até
ICMS - Brasil 49,2 -18,56 60,4 -7,24 50,7 -9,74 Result. Primário do Gov. Central (2) -57,8 - 82,0 - -41,0 -
o limite de 20%; Juros (campo 09) - aplicar os juros equivalentes à taxa Selic acumulada mensalmente, calculados a partir
fev/24 jan/24 fev/23 de junho/23 até o mês anterior ao do pagamento e de 1% no mês de pagamento; Total (campo 10) - informar a soma dos Juros Noniminais -56,9 -21,18 -72,2 30,46 -57,8 23,20
Valor Var. %* Valor Var. %* Valor Var. %* valores dos campos 7, 8 e 9. Fonte: Receita Federal do Brasil. Elaboração: Valor Data Result. Nominal do Gov. Central -114,7 - 9,7 - -98,8 -
INSS 47,9 -7,38 51,7 -32,82 44,1 -4,61 Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional. Elaboração: Valor Data
Fonte: Receita Federal, Previdência Social, Secretaria da Fazenda. Elaboração: Valor Data * sobre o mês anterior. **preliminar Mais informações: valor.globo.com/valor-data/, ibge.gov.br e fipe.org.br * Deflator: IPCA ** Somando Incentivos fiscais (1) Acima da linha. (2) Abaixo da linha

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A8 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Brasil
Gestão pública Agência tem cerca de R$ 6 bilhões
em novos medicamentos à espera de análise e
outros R$ 11 bilhões em longa fila em apreciação
Investimentosdosetor
farmacêuticotravampor
faltadepessoalnaAnvisa
Estevão Taiar
De Brasília
O setor farmacêutico tem apro-
ximadamente R$ 6 bilhões em
possíveis investimentos parados
na Agência Nacional de Vigilância
Sanitária (Anvisa), aguardando
análise. Outros R$ 11 bilhões estão
sendo analisados, mas sem respos-
ta até o momento.
O levantamento foi feito pelo
Grupo FarmaBrasil, que represen-
ta as empresas do setor. O cálculo
levou em conta dois fatores: solici-
tações em análise ou paradas de
aprovação de medicamentos; va-
lor médio de mercado para cada
categoria dos produtos.
Por categorias, R$ 9,4 bilhões
dos medicamentos que estão sob
análise ou esperando análise são
biológicos, R$ 4,1 bilhões são no-
vos e inovadores, R$ 4 bilhões são
genéricos e similares, R$ 205 mi-
lhões são não sintéticos e R$ 31 mi-
lhões são fitoterápicos.
O primeiro a chamar publica-
mente atenção para o tema foi o
presidente do BNDES, Aloizio Mer-
cadante, em fevereiro. Na ocasião,
ele sugeriu a contratação de pare-
ceristas para acelerar o processo de
avaliação. “Há R$ 17 bilhões para-
dos em investimentos na Anvisa”,
disse na cerimônia de posse do
presidente da Agência Brasileira
no Brasil
UM A I N I C I AT I VA
A MELHOR COBERTURA DO G20 ESTÁ
NAS PLATAFORMAS DO GLOBO, VALOR E CBN
Pela primeira vez, o Brasil sediará o encontro internacional do G20,
grupo formado pelas maiores economias do mundo.
Para você se informar sobre os diversos temas
que envolvem o evento, O Globo, Valor e CBN criaram
canais especiais repletos de conteúdo.
E STAD O AN F I TRI Ã O
Investimentos
Por categoria - em R$ bi
4
Genéricos
9,4
Biológicos
Fontes: FarmaBrasil e Anvisa
de Desenvolvimento Industrial
(ABDI), Ricardo Cappelli. Na oca-
sião Cappelli também defendeu
maior “eficiência” das agências re-
gulatórias “para alavancar investi-
mentos privados no Brasil”.
Para a vice-presidente do Grupo
FarmaBrasil, Adriana Diaféria, me-
didas como a expansão do número
de funcionários da Anvisa são ne-
cessárias para “gerar um fluxo de
trabalho e aprovação regular” de
medicamentos, de forma a dar
“previsibilidade” ao setor. Ela diz
que o governo federal “está com-
prometido em fortalecer a pesqui-
sa, o desenvolvimento tecnológico
e a inovação no país”. Também
considera positivo o concurso
anunciado para a contratação de
50 especialistas em regulação e vi-
gilância sanitária pela Anvisa.
ACESSE E FIQUE POR
DENTRO DE TUDO O QUE
ACONTECE NO G20.
R EA L I Z AÇ ÃO
INÊS249
0,2
Não sintéticos R$ 11bi
em análise
Total: 4,1
R$ 17,9 Novos e inovadores R$ 6bi
bilhões aguardando o
início da análise
Tempo médio para
a aprovação de um
medicamento é de Ricardo Cappelli: defesa da maior “eficiência” das agências regulatórias “para alavancar investimentos privados” no país
776 dias no Brasil e Brasil”, diz, destacando ainda “a
245 dias nos EUA capacidade de desenvolvimento e
fabricação de medicamentos das
empresas que operam no país”.
“Mas não é suficiente para atender A agência afirma que, entre
a todas as demandas”, afirma. 2007 e 2023, o número de funcio-
Em nota, a Anvisa também atri- nários caiu de 2.360 para 1.491.
bui a lentidão à falta de funcioná- Desse grupo, apenas 187 atuam
rios. “Os longos prazos de fila a que para aprovar ou não medicamen-
os candidatos a medicamentos são tos. Já a Food and Drug Adminis-
submetidos no país não são fruto tration (FDA), a agência regulado-
de inércia do quadro de gestores e ra dos Estados Unidos, tem 6.815
servidores da agência, mas sim do “funcionários com competências
quantitativo de recursos humanos na regulação e autorização”, de
incompatível com o tamanho do acordo com a Anvisa. Com isso, o
mercado de medicamentos do tempo médio para aprovação de
.
Renda avança, mas desigualdade persiste
Alta do rendimento foi a maior desde 2012 - Renda média per capita por mês (em R$)
2.000
1.727
1.680
1.750 1.626
1.500
1.250
2012 2013 2014
Var. 3,3 2,8
(%)
Rendimento de 1% mais rico
corresponde a 39,2 vezes o dos
40% mais pobres
Fonte: IBGE
Renda tem novo recorde, e Bolsa
Família impede desigualdade maior
Lucianne Carneiro
Do Rio
O ano de 2023 foi marcado por
altas de dois dígitos no rendimen-
to médio per capita e na massa de
rendimentos no país, para níveis
recordes, e com ritmo mais inten-
so entre os mais pobres, mas ainda
assim as marcas de desigualdade
de renda no país permanecem ex-
pressivas, mostram novos dados
do Instituto Brasileiro de Geogra-
fia e Estatística (IBGE).
O rendimento médio mensal
real domiciliar per capita avançou
11,5%, para R$ 1.848, — o maior rit-
mo pelo menos desde 2012, en-
quanto a massa de rendimentos
cresceu 12,2%, para quase R$ 400
bilhões (R$ 398,3 bilhões).
No grupo dos 5% mais pobres, o
aumento do rendimento foi de
quase 40%, beneficiado pelo Bolsa
Família, com valor maior e uma
parcela maior da população aten-
C ID A D E A N F I T R I Ã PAT R O CÍ N I O dida no ano passado. Mesmo com
a alta, a renda média per capita
desse grupo era de R$ 126 por mês.
Pelo segundo ano seguido o
rendimento ligado a programas
sociais cresceu no país e atingiu
novo recorde em 2023. E a fatia dos
domicílios do país em que alguém
recebe o Bolsa Família subiu para
19%, o maior nível da série da pes-
quisa, ante 16,9% em 2022.
um medicamento é de 776 dias no
Brasil, contra 245 dias nos EUA. A
fila brasileira também é maior do
que as de Japão e Canadá, com 301
dias e Austrália, com 350 dias.
Mesmo com número insuficien-
te de servidores, a Anvisa diz que
“vem adotando mecanismos” para
acelerar aprovações, “mantendo o
padrão internacional de verifica-
ção de qualidade, eficácia e segu-
rança”. Entre as medidas, destaca:
aproveitamento de avaliações de
agências “com normas e práticas
regulatórias equivalentes” às da
Anvisa; avaliação conjunta com
1.719 1.744
1.673 1.651 1.658
2015 2016 2017 2018 2019
-3,1 -1,3 0,4 3,7 1,4
Rendimento dos 10% mais ricos Grupo dos 10% mais ricos detém
corresponde a 14,4 vezes o dos fatia próxima dos rendimentos dos
40% mais pobres 80% mais pobres no Brasil
Foi o Bolsa Família, inclusive,
que permitiu a desigualdade de
renda se mantivesse estável no
menor patamar da série histórica.
Isso porque o mercado de traba-
lho ficou mais desigual, já que o
crescimento da renda foi mais in-
tenso entre os trabalhadores com
maiores rendimentos que entre
aqueles no piso do mercado.
O chamado índice de Gini do
rendimento domiciliar per capita
— indicador de desigualdade — se
manteve em 0,518 em 2023, mes-
mo nível de 2022 e o menor da sé-
rie da pesquisa, iniciada em 2012.
O índice varia de 0 a 1: quanto mais
perto de 1, maior é a desigualdade.
“O índice de Gini se manteve no
menor valor da série da pesquisa.
Se considerar só o rendimento do
trabalho, houve uma pequena alta
[da desigualdade] em relação a
2022. Mas os rendimentos dos
programas sociais, particularmen-
te o Bolsa Família, avançaram e
contrabalançaram. Isso ajudou a
manter a estabilidade do indica-
dor”, diz o analista do IBGE Gusta-
vo Geaquinto, responsável pela
Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios (Pnad) Contínua – To-
dos os rendimentos 2023.
Fatores como avanço do merca-
do do trabalho em 2023 (4 mi-
lhões a mais de pessoas ocupadas e
da renda), reajuste real do salário
GESIVAL NOGUEIRA KEBEC/VALOR
agências estrangeiras; implanta-
ção de programa de pré-qualifica-
ção da empresa, em modelo simi-
lar ao Operador Econômico Auto-
rizado da Receita Federal.
Em nota, o Ministério da Gestão
e Inovação em Serviços Públicos
destacou a abertura das 50 vagas
de especialista em regulação e vigi-
lância sanitária. Além disso, no fim
do ano passado a pasta abriu deba-
te com “os trabalhadores das agên-
cias reguladoras, entre elas a Anvi-
sa, como parte do processo de ne-
gociação para o tratamento de de-
mandas específicas da categoria”.
1.848
1.668 1.658
1.551
2020 2021 2022 2023
-4,3 -7 6,9 11,5
mínimo — que favorece também
aposentadorias — e a alta do valor
médio pago no Bolsa Família aju-
dam a explicar o aumento do ren-
dimento para um novo recorde.
Em 2022, o então Auxílio Bra-
sil foi reajustado de R$ 400 para
R$ 600 pouco antes das eleições.
Já rebatizado como Bolsa Famí-
lia, o benefício vigorou ao longo
de 2023 com o valor maior, além
de pagamentos adicionais de
acordo com a composição fami-
liar, como a presença de filhos
de até seis anos.
A despeito dos sinais positivos
de 2023, o quadro de desigualda-
des se manteve no país. O grupo
dos 10% mais pobres vivia, em
2023, com renda per capita média
até R$ 294 por mês. O rendimento
médio das pessoas do grupo do 1%
mais ricos do Brasil (R$ 20.664, em
média) correspondia a 39,2 vezes o
rendimento dos 40% mais pobres
(R$ 527). E o grupo dos 10% mais
ricos no país detém o correspon-
dente a 41% da massa de rendi-
mentos, parcela próxima à de
43,3% nas mãos dos 80% com me-
nores rendimentos da população.
Além disso, a renda média men-
sal per capita recorde de R$ 1.848
esconde as disparidades regionais.
O maior valor está no Distrito Fe-
deral (R$ 3.215), três vezes o mon-
tante de R$ 969 do Maranhão.
 INÊS249 Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 | Valor | A9

PLANETA TERRA, PLANETA ÁGUA, PLANETA VIDA

DIA DA TERRA | 22/04

Hoje celebramos o dia do

nosso planeta, da nossa casa
e do único lugar onde o ser
humano consegue viver. Este
é o momento para refletirmos
sobre os cuidados que
devemos ter com a nossa
Terra e como nossas ações
impactam diretamente o
futuro de todos.

Como pensar em meios de minimizar os efeitos das mudanças climáticas? E como podemos adotar um
modelo que avance indicadores sociais e o consumo consciente? Especialistas vão destrinchar o tema e
discutir os melhores caminhos para alcançarmos um desenvolvimento benéfico para o planeta.

LIVE

HOJE, às 14h
FINANÇAS CLIMÁTICAS:
COMO ATRAIR O DINHEIRO PARA A ECONOMIA VERDE

Gustavo Caio Naiade Araki Mediação:

Pimentel Franco Gonçalves Naiara Bertão
Sócio fundador e Head de Políticas Especialista em Editora de
CEO da ERM NINT Públicas da Mombak Sustentabilidade Um Só Planeta
da Gerdau

Acompanhe também nas redes

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assista a live

PARCEIROS APOIO REALIZAÇÃO

A10 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 INÊS249
Política

Poderes Presidente cobra rapidez no envio ao Legislativo da regulamentação da reforma tributária

Lula assume o controle da crise com Congresso

Andrea Jubé e Lu Aiko Otta
De Brasília
Após o freio de arrumação na
articulação política, o presidente
Luiz Inácio Lula da Silva entrará
em campo pessoalmente para
aparar arestas com os presiden-
tes das Casas legislativas e impul-
sionar a agenda econômica.
Num momento em que tanto a
Câmara dos Deputados quanto o
Senado ameaçam derrubar vetos
e avançar com “pautas-bomba”
contra o governo, em reação, Lu-
la cobrou do Ministério da Fazen-
da velocidade no envio ao Legis-
lativo dos projetos de regula-
mentação da reforma tributária.
Nesta segunda-feira (22), Lula
reúne-se com os ministros da Fa-
zenda, Fernando Haddad, e da
Casa Civil, Rui Costa, para discu-
tir o detalhamento das propostas
sobre o novo sistema tributário,
que passará a contar com dois
impostos sobre valor agregado,
um federal e outro dos Estados e
municípios.
O Valor apurou que o ponto caro
ao presidente Lula é a definição de
quais itens da cesta básica ganharão
isenção fiscal, enquanto outros te-
rão alíquota reduzida de até 60%. O
presidente entusiasmou-se com a
proposta da equipe econômica de
um “cashback” para a população de
baixa renda, ou seja, a devolução do
imposto pago apenas aos mais vul-
neráveis. Um critério em análise é es-
tabelecer que o benefício alcançaria
os inscritos no Cadastro Único (Ca-
dÚnico) do Ministério do Desenvol-
vimento Social (MDS).
A prevalecer essa proposta, au-
xiliares de Lula avaliam que pode-
ria ajudar a reverter a trajetória de
queda na avaliação do governo. A
percepção é que um dos fatores
que mais influenciou a perda de
popularidade do presidente foi a
Haddad reúne-se nesta segunda-feira com Lula e Rui Costa, para discutir propostas relativas à reforma tributária
inflação dos alimentos. Apesar do
recuo do IPCA nos últimos meses,
os preços dos alimentos sobem
acima da inflação desde outubro
do ano passado, refletindo-se no
mau humor dos brasileiros.
A regulamentação da reforma tri-
butária, que tem forte potencial de
alavancar o crescimento econômico,
ajuda a estabelecer uma agenda po-
sitiva na semana seguinte à reper-
cussão negativa no mercado da revi-
são das metas fiscais até 2026.
Nessa mesma linha de geração de
fatos positivos, e na mesma segun-
da-feira, Lula lançará o programa
“Acredita”, amparado em medida
provisória (MP) que facilitará a con-
tratação de empréstimos para os mi-
cro e pequenos empresários. Elabo-
rada com a participação do Sebrae, a
MP prevê linha de microcrédito para
os inscritos no CadÚnico.
Será criada ainda uma versão do
DIOGO ZACARIAS/MINISTÉRIO DA FAZENDA — 17/4/2024
“Desenrola” para micro e peque-
nas empresas, e será autorizada a
renegociação de dívidas do Pro-
grama Nacional de Apoio às Mi-
croempresas e Empresas de Peque-
no Porte (Pronampe) e cria o Pro-
cred 360, linha de crédito voltada a
microempresários individuais
(MEIs) e microempresas com fatu-
ramento até R$ 360 mil.
A MP conterá também medidas
na área de crédito não voltadas aos
pequenos.Aprimeiraéummecanis-
mo de proteção aos investidores es-
trangeiros contra variação abrupta
da cotação do real a ser oferecido
nos empreendimentos sustentáveis.
Outraéapossibilidadedebancosse-
curitizarem as carteiras de crédito
imobiliário a fim de expandir a ofer-
ta desses empréstimos.
Em outra frente, lideranças parti-
dárias também intensificaram as co-
branças para que Haddad conclua a
proposta do Executivo para a regu-
lamentação do novo sistema de im-
postos. O presidente da Câmara, Ar-
thur Lira (PP-AL), gostaria de apro-
var os projetos na Casa — ou pelo
menos uma parte deles —, até 30 de
junho, antes da debandada dos par-
lamentares para as campanhas.
Um influente líder de bancada
ponderou ao Valor que o detalha-
mento da reforma é complexo, e
não poderá ser votado a toque de
caixa. Até a semana passada, per-
sistia o impasse se seriam dois ou
quatro projetos de lei. A partir de
julho, o Congresso ficará esvazia-
do por causa das eleições.
No Senado, aliados do presidente
da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD-MG),
criticam a indefinição de Haddad
quanto à proposta de repactuação
das dívidas dos Estados. Pacheco
reuniu-se com os governadores e ali-
nhou pontos de convergência para
elaborar uma minuta de projeto a
ser apresentada a Haddad, e espera
fazê-lo até o fim desta semana. Ele
gostaria de ver o projeto tramitando
até o fim deste mês.
O presidente do Senado emer-
giu como interlocutor dos gover-
nadores junto à Fazenda, e quer
se projetar como o responsável
por garantir o reequilíbrio das
contas de Minas Gerais. Ele tem o
apoio de Lula para concorrer ao
governo mineiro em 2026.
Aliados de Pacheco afirmam
que a Fazenda deveria acelerar o
debate sobre as dívidas estaduais.
Lembram que as primeiras reu-
niões do presidente do Senado
com o Executivo para tratar da dí-
vida mineira remontam a novem-
bro. Haddad comandou reuniões
com todos os governadores para
tratar do tema, mas a articulação
ainda não teve desfecho.
Nos bastidores, o Valor apu-
rou que Pacheco não achou satis-
fatória a proposta de Haddad pa-
ra que os governadores possam
abater juros das dívidas em troca
da ampliação da oferta de matrí-
culas no ensino médio, em cur-
sos profissionalizantes.
Nesse cenário, fontes do gover-
no interpretaram como um recado
de insatisfação a aprovação na Co-
missão de Constituição e Justiça
(CCJ) da proposta de emenda
constitucional (PEC) que resgata o
“quinquênio”: penduricalho que
havia sido extinto e que garante a
servidores de várias carreiras (ma-
gistratura, Ministério Público, au-
ditores da Receita Federal, delega-
dos) um reajuste de 5% a cada cin-
co anos de trabalho.
A PEC é de autoria de Pacheco,
e tem impacto fiscal estimado de
R$ 42 bilhões. A bomba fiscal foi
um dos temas discutidos entre
Lula, os ministros Rui Costa e Ale-
xandre Padilha (da articulação
política) e os líderes governistas
na sexta-feira. A avaliação é de
que será preciso engajar os gover-
nadores para ajudarem a desar-
mar a bomba e evitar que avance
ao plenário, por força do efeito
cascata sobre as contas estaduais.
A assessoria de Haddad disse
ao Valor que os projetos de regu-
lamentação da reforma tributá-
ria serão enviados ao Congresso
ainda nesta semana. Mas não co-
mentou a pressão do Senado pe-
la proposta final de renegociação
das dívidas dos Estados.

Especial



Mulheres que antecipam o futuro
transformam realidades.
26, 27 e 28 de maio
A 10ª edição do Power Trip Summit, maior encontro de liderança
feminina do Brasil, reúne mulheres que estão na vanguarda para discutir
artes, tecnologia, moda e beleza em um evento imersivo.

Serão 3 dias de muita discussão e conteúdo no Hotel Fasano

Belo Horizonte, com talks, perfomances e palestras. Também haverá
uma visita guiada a Inhotim para inspirar ainda mais a todas.

Acompanhe a fala e os
pensamentos destas mulheres
que enxergam um país melhor
e fazem a diferença para
chegarmos lá.

                 

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 INÊS249 Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 | Valor | A11

Política

Congresso Aliados do senador do Amapá dentro

EDILSON RODRIGUES/AGÊNCIA SENADO

do partido contabilizam que presidente da CCJ

tem votos de 10 dos 15 integrantes da bancada

PSD estuda nomes

para disputar Senado
com Alcolumbre
Julia Lindner
De Brasília
Uma ala do PSD, maior partido
do Senado, com 15 integrantes,
começa a se movimentar para
tentar viabilizar um nome alter-
nativo ao de Davi Alcolumbre
(União-AP) para disputar o co-
mando da Casa, em 2025. O gru-
po esbarra em resistências inter-
nas, considerando que Alcolum-
bre conseguiu se antecipar ao
pleito e fidelizar boa parte dos
integrantes da legenda.
Até o momento, o líder do PSD,
Otto Alencar (BA), e os senadores
Angelo Coronel (PSD-BA) e Eli-
ziane Gama (PSD-MA) já mani-
festaram interesse em postular o
cargo. Alguns governistas consi-
deram que seria possível fazer
frente a Alcolumbre se houvesse
uma aliança ao menos entre par-
te do PSD, MDB e PT.
“Tivemos uma reunião do PSD
e a ideia é lançarmos um candi-
dato. Somos o maior partido, é
natural que tenhamos candida-
to”, defende Angelo Coronel.
No próprio PSD, entretanto,
Alcolumbre conta com o apoio
irrestrito do atual presidente do
Senado, Rodrigo Pacheco (MG), e
de nomes como Vanderlan Car-
doso (GO) e Nelsinho Trad (MT),
que sinalizam não haver qual-
quer chance de mudarem de la-
do. Aliados do amapaense na le-
genda calculam que, hoje, ele te-
ria os votos de dez dos 15 inte-
grantes da bancada.
Já no MDB, que tradicional-
mente lançava candidaturas até
a última disputa, a expectativa é
de não participar do pleito do
próximo ano e apoiar Alcolum-
bre - a estratégia conta com o
aval da cúpula da sigla. O motivo
também passa pela falta de no-
mes competitivos que poderiam
concorrer neste cenário e da von-
tade em garantir espaços na Me-
sa Diretora e em comissões.
Em 2023, durante a disputa
que terminou por eleger Rodrigo
Pacheco ao segundo mandato
como presidente do Senado, par-
tidos como PP evitaram fazer um
acordo e acabaram escanteados
em todas as negociações para a
ocupação de cargos.
Vice-presidente do Senado,
Veneziano Vital do Rêgo (MDB-
“Somos o maior
partido, é natural
que tenhamos
candidato”
Angelo Coronel
PB) afirma que Alcolumbre é um
nome forte e está bem posicio-
nado. Para ele, é “natural” o se-
nador amapaense ter antecipa-
do a sua pré-candidatura por ser
ex-presidente da Casa.
“É plenamente compreensível
que ele apareça nas bancas de
aposta, e ele também não escon-
de essa pretensão. Ele é forte e se
fortaleceu também com o gover-
no”, disse Veneziano ao Valor.
“O próprio PSD, que tem uma
base de 15 senadores e faz parte
do governo, ao ler o cenário en-
tenderá que é muito melhor fa-
zer uma composição preenchen-
do a Mesa Diretora. Davi está
bem posicionado”, acrescentou o
vice-presidente do Senado.
Entre os membros do PT, assim Alcolumbre: senador do Amapá conta com o apoio até de colegas de partidos que querem alternativa ao seu nome
como no PSD, há críticas sobre a
atuação de Alcolumbre, que tem O presidente da CCJ também Planalto, o perfil de Alcolum- dividir ainda mais os votos. A
feito gestos à oposição desde o controla uma parte da distribui- bre é visto como imprevisível. oposição estuda lançar nova-
ano passado em temas como cri- ção de emendas parlamentares, Além disso, a expectativa é de mente o nome de Rogério Mari-
minalização das drogas e limita- mas, como revelou o Valor, tem que, caso ele se eleja na próxi- nho (PL-RN) ou o da senadora
ção de decisões monocráticas do sido cobrado desde o fim do ano ma disputa, tenha mais facili- Tereza Cristina (PP-MS).
Supremo Tribunal Federal (STF). pelo Planalto por não informar dade em garantir a reeleição no A avaliação é que muitos bol-
Em entrevista ao Valor, no mês os nomes dos beneficiários ao pleito seguinte, o que o deixa- sonaristas não perdoam Alco-
passado, o senador Rogério Car- governo e contemplar até mes- ria na função por quatro anos. lumbre por ter se afastado do en-
valho (PT-SE) deixou claro que mo adversários. Os adversários de Alcolumbre tão presidente Jair Bolsonaro
não considera a disputa ao co- No governo, a ideia é não in- consideram que o atual presi- (PL) no final do mandato. Na
mando do Senado resolvida e en-
fatizou que “até lá tudo pode
terferir na disputa, a menos
que surja um nome com reais
dente da Comissão de Constitui-
ção e Justiça (CCJ) pode enfren-
época, o senador amapaense era
presidente da CCJ e segurou por
acontecer”. Também cobrou ges- chances de vencer em 2025. tar resistência entre alguns opo- meses, por exemplo, a indicação
tos aos governistas por parte do Apesar da proximidade do sicionistas, apesar dos gestos fei- de André Mendonça ao Supremo
grupo de Alcolumbre. amapaense com o Palácio do tos recentemente, o que poderia Tribunal Federal (STF).

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DOS EXECUTIVOS BRASILEIROS.

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A12 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Política
Propostas
para o
sistema
político
Bruno Carazza
.
Poderes Ex-presidente reuniu apoiadores em Copacabana, no Rio,
e criticou o ‘sistema’ por ‘trabalhar contra a liberdade de expressão’
Ato de Bolsonaro é marcado
por ataques ao Judiciário
Camila Zarur
Do Rio
O ex-presidente Jair Bolsonaro
(PL) discursou neste domingo (21)
em um ato repleto de ataques ao
Judiciário, na orla de Copacabana,
zona sul do Rio de Janeiro. Ele se
defendeu da acusação de tentativa
de golpe de Estado e afirmou que
há um ataque em curso à liberda-
de de expressão. Ele também pu-
xou uma salva de palmas ao em-
presário americano Elon Musk,
dono do X (antigo Twitter), que re-
centemente passou a atacar o mi-
nistro Alexandre de Moraes, do Su-
premo Tribunal Federal (STF).
“O sistema passou a trabalhar
contra a liberdade de expressão”,
disse Bolsonaro.
Por meio de nota, o STF infor-
mou na semana passada que todas
as decisões envolvendo o caso são
fundamentadas, como prevê a
Constituição. Os perfis que foram
objeto das decisões estavam disse-
minando desinformação. Em re-
cente reportagem, o jornal “O Glo-
bo” também mostrou que quase
metade dos alvos dessas decisões
de suspensão de contas tem liga-
ção com os atos golpistas do 8 de
janeiro e com acampamentos em
frente a quartéis do Exército.
Bolsonaro chamou Musk, com
quem tem afinidades ideológicas,
de “mito da liberdade”. Ele afir-
mou que há uma conspiração en-
tre o governo federal e o Judiciário
para “cercear” as redes sociais.
“Acusam o homem mais rico do
mundo, dono de uma plataforma
cujo objetivo é fazer com que o
mundo todo seja livre, o X, o nosso
antigo Twitter. É um homem que
preserva a liberdade para todos
nós”, disse o ex-presidente, que es-
tá inelegível até 2030.
O STF instaurou inquérito para
apurar as condutas de Musk quan-
to aos crimes de obstrução à Justi-
Avaliação do governo Lula é negativa em 6 de 8 áreas, diz Ipec
De São Paulo
Uma nova edição da pesquisa
do Ipec apontou que, dentre oito
áreas de atuação do governo de
Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a
avaliação negativa dos entrevis-
tados supera a avaliação positiva
em seis delas. A área com maior
rejeição é a do combate à infla-
ção, seguida pelas áreas de segu-
rança pública e saúde. A pesquisa
foi divulgada neste domingo
(21) pelo jornal "O Globo".
N
as eleições de 2010,
o economista
Marcus Pestana foi
eleito deputado
federal com
161.892 votos, após longa
carreira como professor da
Universidade Federal de Juiz de
Fora, vereador (1983-1988),
deputado estadual (2007-2010)
e duas passagens como
secretário estadual no governo
de Minas Gerais, comandando
Planejamento (1995-1998) e
Saúde (2003-2010).
Transcorrido quase um ano de
seu primeiro mandato em
Brasília, Pestana resolveu
contratar uma pesquisa para
analisar seu desempenho
parlamentar na cidade natal e
principal base eleitoral, Juiz de
Fora, onde havia recebido o
apoio de 19.937 eleitores.
Ao realizar o levantamento, a
surpresa veio logo na primeira
pergunta. Quando perguntados
em quem haviam votado no
pleito realizado apenas um ano
antes, 74,1% dos entrevistados
não conseguiram se recordar da
escolha do seu representante
para a Câmara dos Deputados.
Apesar da pouca memória do
eleitor juiz-forano, Marcus
Pestana descobriu que não era
um total desconhecido do
Bolsonaro discursa em carro de som em Copacabana: ato reuniu deputados , senadores e dois governadores do PL
ça, organização criminosa e incita-
ção ao crime. Musk foi incluído co-
mo investigado no inquérito das
milícias digitais depois de amea-
çar liberar perfis bloqueados por
decisões judiciais. Integrantes do
Judiciário criticam o que conside-
ram uma instrumentalização in-
devida das redes sociais.
O ex-presidente evitou insistir
na suspeição em relação às urnas
eletrônicas e disse que considera
o assunto “página virada”.
De acordo com levantamento
do Monitor do Debate Político, da
USP, cerca de 32,7 mil pessoas par-
ticiparam do ato na orla de Copa-
cabana. A manifestação de 25 de
fevereiro na avenida Paulista reu-
niu 185 mil, segundo o Monitor.
O ato de ontem ocorreu no mes-
mo lugar onde, em 7 de Setembro
de 2022, Bolsonaro usou a data da
Independência para um comício
eleitoral, sendo condenado pelo
Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O único campo em que o jul-
gamento dos entrevistados é
mais favorável do que desfavorá-
vel é o da educação, em que 38%
dos respondentes julgam a ges-
tão como positiva, enquanto
31% acreditam ser negativa. No
âmbito do meio ambiente, a
atuação do governo é avaliada
positivamente por 33% dos en-
trevistados, mesmo percentual
daqueles que acreditam que a
gestão é negativa.
Em todas as outras áreas, a ava-
INÊS249
eleitorado local: apenas 17% dos
pesquisados afirmaram não ter
ideia de quem era o político,
enquanto o restante se dividia
entre quem já tinha ouvido falar
dele (52%) e quem o conhecia
pouco (27%) ou muito (4%).
Interessado em ter um
feedback do seu trabalho no
Congresso, Pestana selecionou as
três votações mais importantes e
polêmicas daquele ano de 2011
(elevação do salário mínimo, o
novo Código Florestal e a criação
de um novo imposto para o
financiamento da saúde, uma de
suas especialidades) para saber
como o eleitor de sua cidade
avaliou o seu posicionamento.
O resultado é impressionante:
na média, 96% dos cidadãos
consultados não tinha a mais
remota ideia sobre como o
parlamentar mineiro votou. E
entre a minoria que afirmava
saber o posicionamento do
deputado, a metade
simplesmente errou a resposta.
Esses dados são
surpreendentes porque eles
estão longe de ser fruto de um
caso isolado, numa localidade
qualquer. Com uma população
de 540.756 habitantes, Juiz de
Fora é uma das maiores cidades
mineiras, responsável pelo
sétimo maior PIB municipal do
O presidente nacional do PL,
Valdemar Costa Neto, ordenou
que não fosse usado o fundo parti-
dário para financiar o ato. Ele quis
evitar que a sigla seja acusada de
estar fazendo um ato de cunho
eleitoral antes do período de cam-
panha, já que estavam presentes
pré-candidatos, como o deputado
Alexandre Ramagem (PL-RJ), que
deve disputar a Prefeitura do Rio.
Estavam presentes os governa-
dores Cláudio Castro (RJ) e Jorgi-
nho Mello (SC), ambos do PL, que
não discursaram. O governador de
São Paulo, Tarcísio de Freitas, do
Republicanos, não compareceu
mas ganhou elogios de Bolsonaro.
32,7 mil
pessoas estiveram
no ato, diz pesquisa
liação negativa supera a positiva,
em um novo sinal de alerta para
o governo, que tem observado
sua popularidade recuar nas pes-
quisas mais recentes de opinião.
Na área do combate à inflação,
apenas 23% dos participantes da
pesquisa avaliam os esforços do
governo como positivos, en-
quanto 46% veem como negativo
e 28% apontam como regular.
Mesmo com a recente queda
da inflação - o IPCA acumulado
em 12 meses em março de 2023
Estado, além de ser berço de
importantes políticos, como o
ex-presidente Itamar Franco e o
ex-deputado Fernando Gabeira.
Tampouco os resultados
podem ser atribuídos a uma
possível atuação apagada de
Pestana. Apesar de novato no
Congresso, Pestana tinha uma
bagagem intelectual e política
que rapidamente o posicionou
no alto clero do parlamento
brasileiro, sendo indicado logo
no primeiro ano de mandato
como titular na importante
Comissão de Saúde, além da
comissão especial de Reforma
Política, entre outros trabalhos.
Para tirar a prova, Pestana
encomendou que os
entrevistadores fizessem as
mesmas perguntas sobre o
comportamento de outro
parlamentar, seu conterrâneo
Júlio Delgado. Os resultados
foram igualmente
desapontadores.
A história acima é narrada no
livro “Desafios do sistema
político brasileiro”, coletânea de
artigos organizada por Bernardo
Sorj e Sergio Fausto e publicada
recentemente pela Fundação
FHC, para a qual tive a honra de
escrever um capítulo. Essa
desconexão entre eleitores e
políticos, também captada por
BRUNA PRADO/AP PHOTO
A ex-primeira-dama Michelle Bol-
sonaro discursou em tom religio-
so: “Precisamos estar unidos pelos
princípios, pelo reino de Deus”.
Assim como em São Paulo, o dis-
curso mais duro ficou a cargo de
Malafaia. O líder evangélico cha-
mou o ministro Alexandre de Mo-
raes de "ditador da toga" e “uma
ameaça à democracia”.
O pastor também fez ataques ao
presidente do Senado, Rodrigo Pa-
checo (PSD-MG), por não pautar o
impeachment do ministro do Su-
premo: "O senhor foi frouxo, co-
varde e omisso. O senhor vai ser
acusado de prevaricação."
O inquérito da chamada minuta
do golpe, encontrada na casa do
ex-ministro da Justiça Anderson
Torres, também foi citado por Bol-
sonaro. “O presidente não baixa
decreto, só depois que o Parlamen-
to der sinal verde. E essa minuta de
golpe não é um papel 'eu quero de-
cretar o estado de sítio'”, disse.
estava em 4,65%, enquanto, em
2024, está em 3,93% - a percepção
da população, segundo a pesqui-
sa do Ipec, é que os preços se man-
têm em níveis elevados. A sensa-
ção de que os preços dos alimen-
tos subiram é de 79% entre os en-
trevistados; para as contas de
água, luz e gás, 76%; 66% acredi-
tam que os aluguéis estão mais
caros; e 61% acham que os preços
dos combustíveis subiram.
A pesquisa apontou ainda
que, dentre os eleitores que não
outras pesquisas, tem raízes
estruturais, segundo a análise
dos autores convidados.
Eleições disputadas em
territórios muito grandes e
populosos distanciam os
deputados de seu eleitorado.
Eleições caras, financiadas pela
abundância de recursos dos
fundos eleitoral e partidário
distribuído de forma
concentrada pelos dirigentes
partidários, elevam a barreira à
entrada de novos candidatos.
Partidos fracos, lançando
centenas ou milhares de
candidatos em cada Estado,
dificultam a avaliação dos
cidadãos e incentivam o
personalismo nas campanhas.
Para discutir soluções para
diminuir a individualização na
atuação política, o
enfraquecimento dos partidos e
a baixa responsabilização dos
políticos perante os eleitores, foi
realizado na última sexta debate
com alguns dos autores do livro e
três políticos: a deputada
Adriana Ventura, o ex-presidente
da Câmara Rodrigo Maia e o
próprio Pestana.
Entre as propostas, três opções
para um novo sistema eleitoral
poderiam levar a campanhas
mais baratas, fortalecendo os
partidos ou aproximando os
Ex-presidente terceiriza
críticas e faz subir a
pressão sobre Pacheco
Análise
Andrea Jubé
De Brasília
No ato deste domingo (21) no
Rio de Janeiro, o ex-presidente
Jair Bolsonaro manteve a estra-
tégia de terceirizar aos aliados
os ataques mais incisivos ao Su-
premo Tribunal Federal (STF), e
reiterou argumentos para se de-
fender da investigação de parti-
cipação na tentativa de golpe de
Estado em tramitação na Corte
Constitucional.
Mais uma vez, Bolsonaro ter-
ceirizou a aliados os ataques di-
retos ao ministro do STF Ale-
xandre de Moraes, relator do in-
quérito sobre a tentativa de
abolição violenta do Estado De-
mocrático de Direito, e ao presi-
dente do Senado, Rodrigo Pa-
checo (PSD-MG).
O pastor Silas Malafaia fez os
ataques mais veementes a Mo-
raes e Pacheco. Voltou a chamar
o ministro do STF de “ditador” e
“censor da democracia”, e o pre-
sidente do Senado de “frouxo” e
“covarde”. O objetivo é estimular
os seguidores de Bolsonaro a
pressionarem os senadores para
cobrarem de Pacheco a tramita-
ção de pedidos de impeachment
contra Moraes.
Também já se notam ajustes
calculados no discurso de Bolso-
naro para não afrontar direta-
mente o STF e não agravar sua si-
tuação como investigado. Por
exemplo, ele deixou de questio-
nar as urnas eletrônicas e de acu-
sar o Tribunal Superior Eleitoral
(TSE) de fraudar as eleições.
Foram essas acusações sem
provas que ensejaram a sua ine-
legibilidade, condição que ele
ainda tentará reverter, e precisa
do STF para isso. Ontem ele afir-
mou: “Não estou duvidando das
eleições, página virada”.
A convocação desses atos —
primeiro em São Paulo, depois
no Rio de Janeiro — transfor-
mou-se na principal estratégia
votaram nem em Lula, nem em
Bolsonaro, 41% acreditam que a
economia está andando de lado
nos últimos seis meses, 37% ava-
liam que a economia piorou e
apenas 19% veem melhora eco-
nômica no período.
As dificuldades do governo na
área da segurança pública e da
saúde também ficam evidentes
na pesquisa elaborada pelo Ipec.
Segundo o levantamento, apenas
27% dos entrevistados avaliam os
esforços da gestão petista na se-
políticos de seu eleitorado.
No modelo de lista fechada,
em vez de escolher um
candidato, o eleitor votaria no
partido, que elaboraria uma lista
pré-ordenada de candidatos. No
sistema distrital, cada Estado
seria dividido em pequenos
distritos, cada qual responsável
por uma cadeira de deputado,
com os partidos indicando um
único candidato para a disputa.
Um modelo intermediário
seria manter o sistema eleitoral
vigente, porém dividindo os
Estados em regiões menores,
cada uma delas responsável pela
escolha de oito deputados
(número equivalente ao dos
menores Estados atualmente).
Todas as propostas têm suas
vantagens e custos, e qualquer
mudança exigiria muito debate.
Melhorar a qualidade da nossa
política, tornando os
representantes mais
responsáveis, é tarefa quase
impossível – porém, nunca foi tão
urgente.
Bruno Carazza é professor associado da
Fundação Dom Cabral e autor de
“Dinheiro, Eleições e Poder: as
engrenagens do sistema político
brasileiro” (Companhia das Letras)”.
Escreve às segundas-feiras
E-mail bruno.carazza@gmail.com
de defesa do ex-presidente
num momento em que o cerco
investigativo vem se fechando
em torno dele. Nesses eventos,
ele se diz vítima de persegui-
ção, e busca mostrar apoio po-
lítico e força eleitoral.
A situação jurídica de Bolso-
naro começou a se agravar a
partir da delação premiada de
seu ex-ajudante de ordens, o te-
nente-coronel Mauro Cid, no
ano passado. As investigações
deram um salto, em seguida,
com os depoimentos dos ex-co-
mandantes do Exército Marco
Antônio Freire Gomes e da Ae-
ronáutica Carlos de Almeida
Baptista Júnior, que confirma-
ram à Polícia Federal a existên-
cia de uma minuta de decreto
de estado de defesa para invali-
dar as eleições de 2022.
O ponto de inflexão para Bol-
sonaro transportar sua defesa
dos autos para as ruas foi a Ope-
ração Tempus Veritatis, da Polí-
cia Federal, em 8 de fevereiro,
que apreendeu seu passaporte.
Alguns de seus principais auxi-
liares foram alvos da ação, como
os ex-ministros e generais da re-
serva Augusto Heleno, Braga
Netto e Paulo Sérgio Nogueira. O
ex-assessor internacional Filipe
Martins foi preso.
Duas semanas depois, Bolso-
naro, Malafaia, governadores e
demais lideranças do bolsona-
rismo discursavam sobre um
palanque montado na Avenida
Paulista, desfiando ataques ao
STF e a Moraes.
Na manifestação de ontem
também ficou evidente a aposta
do PL em amplificar as vozes de
jovens lideranças do bolsonaris-
mo. Bolsonaro disse que está
plantando “sementes políticas”.
Enquanto ele exaltou o governa-
dor de São Paulo, Tarcísio de Frei-
tas (Republicanos), os deputados
federais Nikolas Ferreira (MG) e
Gustavo Gayer (GO), campeões de
engajamento nas redes — e que o
PL quer alçar ao patamar de lide-
ranças nacionais — discursaram.
gurança pública como positivos,
contra 42% dos que avaliam co-
mo negativos. Na saúde, 29% ava-
liam as ações do governo como
positivas, contra 42% que julgam
a atuação como negativa.
A segurança pública sofreu
uma crise de imagem com a fu-
ga de dois presidiários da peni-
tenciária de segurança máxima
de Mossoró, no Rio Grande do
Norte, em fevereiro. Já na área
da saúde, o país enfrenta uma
epidemia de dengue.

Internacional
Ucrânia é a linha
Comércio Dos EUA ao Brasil, Índia e Vietnã, governos iniciam
investigações antidumping sobre exportações chinesas
Inundação de aço barato da da frente de um
China gera reação global conflito maior
Jason Douglas
Dow Jones, de Cingapura
A crise imobiliária épica na Chi-
na sobrecarregou suas siderúrgi-
cas com um excesso de metal não
vendido. Elas agora estão venden-
do para o exterior a preços reduzi-
dos — e os Estados Unidos não são
o único país que está reagindo.
O presidente Joe Biden solicitou
na quarta-feira a autoridades co-
merciais dos EUA a imposição de
tarifas mais pesadas às importa-
ções de aço chinês, na ação mais re-
cente de uma campanha mais am-
pla contra as exportações baratas
chinesas que segundo Washing-
ton estão inundando os mercados
globais e o americano.
As exportações chinesas de aço
cresceram 33% no último ano, com
os grandes produtores do país ten-
tando descarregar seus produtos
no exterior diante da recessão no
mercado da construção. Nos 12
meses até fevereiro, a China expor-
tou 95 milhões de toneladas de
aço, segundo dados da Alfândega
chinesa, soma que supera as esti-
mativas do consumo total de aço
pelos EUA em todo o ano de 2022.
O aumento das exportações chi-
nesas de aço é um exemplo da cres-
cente preocupação com a perspec-
tiva de um “novo choque chinês”
que abale o comércio mundial.
Pequim está canalizando in-
vestimentos para fábricas para
acelerar o crescimento de uma
economia sitiada pela queda dos
gastos do consumidor e pela cri-
se imobiliária. O resultado é uma
explosão das exportações que es-
tá trazendo de volta lembranças
do choque chinês do começo dos
anos 2000, quando uma torrente
de produtos baratos fez a festa
dos consumidores, mas levou à
quebra de setores expostos à no-
va concorrência.
Na quarta-feira, o presidente Bi-
den pediu a triplicação de uma ta-
rifa sobre o aço chinês para 25%,
um imposto que se soma a uma ta-
rifa de 25% aplicada ao aço chinês
pelo governo Trump em 2018, por
razões de segurança nacional.
Em um sinal de que a briga
comercial com os EUA pode es-
tar se intensificando, o Ministé-
rio do Comércio da China disse
na sexta-feira que vai impor
uma taxa de 43,5% às importa-
ções de um produto químico
importante dos EUA, depois que
uma investigação concluiu que
as empresas americanas fizeram
Equador decide sobre propostas de segurança de Noboa
VICENTE GAIBOR/BLOOMBERG
Trump gasta 26% do dinheiro da campanha com advogados
Agências internacionais
Os doadores de Donald Trump
já pagaram mais de US$ 76 mi-
lhões em despesas com advoga-
dos desde janeiro de 2023, cerca
de 26% do total arrecadado para
a campanha do ex-presidente, no
mais recente sinal de que as suas
várias batalhas judiciais estão
drenando os recursos para a elei-
“dumping” no mercado chinês.
A China iniciou no ano passado
a investigação sobre o ácido pro-
piônico — usado na produção
de alimentos, medicamentos e
pesticidas —, após reclamações
de produtores chineses.
Dados chineses mostram que as
exportações de aço para os EUA di-
minuíram desde que as tarifas da
era Trump entraram em vigor. A
China exportou 1,2 milhão de to-
neladas de aço para os EUA em
2018, segundo dados alfandegá-
rios chineses. Em 2023, elas caíram
para 815 mil toneladas. Assim, o
aço chinês está sendo despejado
em outros países como Brasil, Viet-
nã, Índia, Reino Unido, Filipinas e
Turquia, todos com investigações
“antidumping” em andamento.
As autoridades chinesas rejei-
tam as queixas de que o país esteja
subsidiando injustamente seus fa-
bricantes e exportando um exces-
so de produtos para os mercados
mundiais. Classificam as críticas
de uma cortina de fumaça à inca-
pacidade das empresas ocidentais
de concorrerem com as chinesas.
Na quinta-feira, a China alertou
os EUA a não repetirem o que des-
creveu como erros do governo
Trump ao aumentar as barreiras
comerciais. O Ministério do Co-
mércio classificou a tarifa propos-
ta de protecionismo: “Conclama-
mos os EUA a enfrentar seus pró-
prios problemas”, disse em nota.
O forte crescimento das expor-
tações chinesas de aço nos últimos
12 meses lembra uma inundação
parecida em 2015. As exportações
Chile sobretaxa aço chinês
Michael O'Boyle
Bloomberg
O Chile anunciou a imposição
de tarifas anti-dumping temporá-
rias sobre os produtos siderúrgi-
cos chineses utilizados pelo setor
de mineração do país, numa ten-
tativa de apoiar a indústria local.
As esferas de aço chinesas e as
barras utilizadas na sua fabricação
estarão sujeitas a tarifas de 33,5% e
24,9%, respectivamente, nos próxi-
mos seis meses, segundo decreto
publicado no fim de semana.
Um aumento nas importações
baratas devido à desaceleração da
economia da China está pressio-
nar os produtores de aço em toda
ção de novembro.
Ao mesmo tempo, os grupos po-
líticos, incluindo os super comitês
de ação política (PACs), que
apoiam o presidente democrata
Joe Biden, estão arrecadando mui-
to mais do que os grupos pró-
Trump – US$ 413 milhões contra
US$ 326 milhões — de acordo com
dados oficiais das campanhas di-
vulgados no fim de semana.
INÊS249
de aço atingiram o recorde de 112
milhões de toneladas naquele ano,
5,5 vezes as exportações registra-
das uma década antes.
Esse aumento foi impulsionado
por um colapso na demanda por
aço graças ao enfraquecimento do
mercado imobiliário chinês. Se-
gundo algumas estimativas, o se-
tor da construção chinês responde
em um ano normal por 25% da de-
manda global por aço, disse Frede-
ric Neumann, principal economis-
ta do HSBC para a Ásia.
O mercado imobiliário chinês
passa mais uma vez por uma crise
profunda. A maioria dos econo-
mistas acredita que a crise persisti-
rá enquanto Pequim elimina do
sistema o que vê como excessos es-
peculativos. Isso significa que os
produtores de aço poderão ficar
com metal encalhado durante
anos, a não ser que controlem a
produção. Mas a produção au-
mentou no ano passado, cerca de
3% em comparação ao 1,2 bilhão
de toneladas métricas.
“Qual é a saída? Isso precisa ser
exportado”, diz Neumann.
A Angang Steel, uma unidade
do Ansteel Group listada na Bolsa
de Hong Kong e o terceiro maior
produtor mundial de aço, disse no
mês passado que as vendas inter-
nas em 2023 caíram 15%, mas as
exportações cresceram 18% depois
que “ampliou ativamente seus ca-
nais de venda no exterior”. A com-
panhia teve um prejuízo de 3,25
bilhões de yuans no ano passado,
equivalente a cerca de US$ 449 mi-
lhões, atribuindo-o aos preços bai-
a América Latina. No início deste
mês, os legisladores chilenos apro-
varam oito resoluções para pres-
sionar o presidente Gabriel Boric a
defender a deficitária indústria lo-
cal e o seu ministro da Economia
disse que medidas anti-dumping
estavam em estudo.
A mineradora Cap SA registrou
uma forte valorização de suas
ações quando anunciou, em mar-
ço, o fim das operações de sua uni-
dade de siderurgia. Para proteger
20 mil empregos nesse setor, o
Chile coloca em xeque sua estraté-
gia de comércio livre e arrisca en-
furecer da China, seu maior com-
prador de cobre — principal pro-
duto de exportação chileno.
Os grupos de Biden têm US$ 188
milhões em dinheiro, enquanto os
grupos de Trump têm US$ 122 mi-
lhões — uma diferença próxima da
quantia que este último gastou em
aconselhamento jurídico.
Em março Trump gastou US$ 4,9
milhões com advogados e tem
apenas US$ 6,8 milhões nas contas
que usa para financiar suas despe-
sas legais, o que sugere que o ex-
Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
xos e à demanda interna fraca.
Dados chineses mostram que as
exportações de aço para a Índia
nos 12 meses até fevereiro foram
84% maiores do que no ano ante-
rior, somando cerca de 3 milhões
de toneladas. As exportações para
o Vietnã cresceram 78% para quase
10 milhões de toneladas.
No mesmo período, as exporta-
ções para o Brasil cresceram 55%,
para a Turquia 58% e para o México
14%. No Brasil, cerca de 2.000 tra-
balhadores siderúrgicos foram de-
mitidos ou colocados de licença
nos últimos seis meses em fábricas
da Gerdau e da ArcelorMittal de
Luxemburgo, enquanto os produ-
tores lutam para competir com as
importações chinesas. As siderúr-
gicas brasileiras vêm pedindo a
imposição de tarifas de 25% sobre
o aço importado, para proteger a
produção local.
“O Brasil exporta minério de fer-
ro para a China, que o transforma
em aço e vende de volta para nós a
um preço inferior ao que nossas
próprias siderúrgicas conseguem
estabelecer”, diz Weller Gonçalves,
presidente de um dos maiores sin-
dicatos dos trabalhadores siderúr-
gicos do país. “A concorrência da
China é hoje muito pior do que an-
tes”, afirma ele.
Em março, o Brasil iniciou inves-
tigações antidumping sobre certas
chapas de aço-carbono e aço pré-
pintado da China. Em setembro do
ano passado, o México iniciou in-
vestigação sobre os pregos de aço
da China usados em concreto. O
Vietnã está de olho nos fios de aço,
o Reino Unido em cabos de aço e as
Filipinas em cilindros de aço.
A Casa Branca disse que as auto-
ridades comerciais também estão
lançando investigações antidum-
ping sobre as indústrias da cons-
trução naval, marítima e de logísti-
ca da China. O ataque acontece an-
tes de uma eleição presidencial em
que o comércio com a China deve-
rá ser uma questão fundamental.
Em contraste com o começo
dos anos 2000, quando a China
fabricava principalmente produ-
tos de baixo custo, hoje a China
compete com indústrias do
mundo todo, seja aço, produtos
têxteis ou cerâmicos nos merca-
dos emergentes, ou semicondu-
tores, veículos elétricos e outros
equipamentos de alta tecnologia
nas economias avançadas. (Cola-
boraram Xiao Xiao de Pequim,
Samantha Pearson de São Paulo e
Clarence Leong de Cingapura)
Sob um forte esquema de segurança,
com veículos blindados nas ruas, os
equatorianos foram as urnas ontem
para dizer se concordam ou não com
as propostas do presidente Daniel
Noboa para enfrentar a crise de
segurança no país andino, que já foi
um dos mais pacatos da região.
Noboa, de 39 anos, foi eleito em
novembro por um período de 18
meses, para concluir o mandato de
Guillerme Lasso. A consulta popular
convocada por Noboa inclui cinco
mudanças na constituição, incluindo
uma que trata da presença do
Exército nas ruas. Entre as 11
perguntas também estão o aumento
da pena para crimes de terrorismo e
outros relacionados ao crime
organizado e narcotráfico, e a
extradição de líderes criminosos para
os EUA. Na foto, militares fazem a
segurança em posto de votação em
Olin, na província de Santa Elena.
presidente poderá ter um proble-
ma de caixa à medida que seus cus-
tos de julgamento aumentam.
Trump enfrenta quatro proces-
sos criminais e um caso de fraude
civil que ameaça o seu império em-
presarial. Hoje começa a fase de ar-
gumentação do julgamento em
um tribunal de Manhattan sobre
uso de verba em campanha para
pagar uma ex-atriz pornô.
Análise
Gideon Rachman
Financial Times
Depois de muitos meses de dis-
cussão e hesitação, a Câmara dos
Deputados dos EUA finalmente
agiu. A votação em Washington
para fornecer uma nova ajuda mi-
litar de US$ 61 bilhões à Ucrânia
poderá ser um ponto de inflexão
na guerra com a Rússia. No míni-
mo, manterá a Ucrânia na luta.
Os russos continuarão na expec-
tativa de que se Donald Trump for
eleito presidente em novembro,
este possa ser o último grande pa-
cote de ajuda militar americana.
Mas mesmo isso poderá não ser fa-
tal para a causa ucraniana. As in-
dústrias militares da Europa estão
entrando em ação tardiamente e
estarão numa posição melhor para
ajudar a Ucrânia em 2025.
A votação para o fornecimento
de dinheiro extra para a Ucrânia
passou pela Câmara, juntamente
com votações separadas que resul-
tarão em uma ajuda substancial
para Israel e Taiwan. Juntas, ofere-
cem uma noção clara de como os
EUA — e seus aliados na Europa e
Ásia — agora vêem o mundo.
Coletivamente, todo esse di-
nheiro destina-se a uma reação
contra países que o general Chris
Cavoli, o comandante das forças
dos EUA na Europa, descreve como
um “eixo de adversários”: Rússia,
China, Irã e Coreia do Norte.
A menção de um eixo traz de
volta lembranças infelizes de 2002
e do “eixo do mal” de George W
Bush, que exagerou nas ligações
entre Iraque, Irã e Coreia do Norte.
Mas, após 20 anos, há evidências
muito mais sólidas de uma coope-
ração militar séria entre Moscou,
Pequim, Teerã e Pyongyang.
Os EUA acusam a China de for-
necer à Rússia motores para dro-
nes, máquinas para mísseis de cru-
zeiro e outras formas de ajuda mi-
litar. Os regimes de Pyongyang e
Teerã tornaram-se fornecedores vi-
tais de armamentos para Moscou.
Recentemente, a China também
proclamou sua “grande amizade”
com a Coreia do Norte e enviou um
alto funcionário para conversar
com Pyongyang.
Com a aproximação dessas qua-
tro autocracias, as democracias
aliadas dos EUA também estão es-
treitando seus laços. Em Washing-
ton, EUA e Japão anunciaram re-
centemente novos acordos que le-
varão sua parceria de segurança a
um novo nível. A Coreia do Sul
também é um grande fornecedor
de armas para a Ucrânia.
Na verdade, a “aliança ociden-
tal” é agora uma rede global de
aliados que se vê envolvida em
uma série de conflitos regionais in-
terligados. A Rússia é o principal
adversário na Europa. O Irã é a po-
tência perturbadora do Oriente
Médio. A Coreia do Norte é um pe-
rigo constante na Ásia. O compor-
tamento e a retórica da China es-
tão mais agressivos e ela pode mo-
bilizar recursos que não estão dis-
poníveis para Moscou ou Teerã.
É claro que continuam existin-
do distinções importantes entre
esses países. Rússia, Irã e Coreia do
Norte são tratados como nações
párias pelos EUA e seus aliados. Já a
China continua sendo um grande
EUA preparam sanções contra
unidade militar de Israel
Agências internacionais
Espera-se que os EUA anunciem
nos próximos dias a inclusão de
uma controversa unidade militar
israelense em uma lista suja por
supostas violações dos direitos hu-
manos contra palestinos na Cisjor-
dânia ocupada. Esta seria a primei-
ra vez Washington aplica uma pu-
nição contra o Exército israelense.
O batalhão na mira de sanções
dos EUA é o Netzah Yehuda, uma
unidade de infantaria de judeus
ultraortodoxos e nacionalistas re-
ligiosos, segundo pessoas a par do
assunto. A inclusão na lista suja
| Valor | A13
parceiro comercial de todos os paí-
ses do “Ocidente global”.
Mas em Washington e Tóquio o
pressuposto atual é de que no lon-
go prazo Xi Jinping está tão deter-
minado quanto Vladimir Putin ou
o aiatolá Ali Khamenei a subverter
a ordem mundial. Os japoneses,
assim como os americanos, acredi-
tam que o que acontece na Ucrânia
terá uma influência vital sobre o
que acontece no Indo-Pacífico.
Desse modo, os EUA e seus alia-
dos acreditam que estão jogando
na defensiva ao apoiarem países
que estão na linha de fogo do eixo
de adversários — acima de tudo a
Ucrânia, Israel e Taiwan.
O reforço da ajuda militar a es-
ses países vem despertando críti-
cas em todo o espectro político. A
direita isolacionista dos EUA se
opõe com veemência à ajuda à
Ucrânia. A esquerda progressista
acusa os EUA de apoiarem o “geno-
cídio” de Israel em Gaza.
Mesmo os que apoiam a aspira-
ção de defender a atual estrutura
de poder global se preocupam
com a estratégia. O falecido Henry
Kissinger estava preocupado com
a possibilidade do apoio america-
no à Ucrânia jogar a Rússia nos
braços da China. Outros acreditam
que os EUA simplesmente carecem
de recursos militares e econômi-
cos para liderar a reação contra ad-
versários na Ásia, Europa e Oriente
Médio simultaneamente.
Pode haver alguma verdade
nisso. Um alto funcionário do
governo Biden admite que “esta-
mos no limite no momento”. Mas
os americanos e seus aliados
também sabem que seus adver-
sários têm dificuldades enormes.
A Rússia já sofreu centenas de
milhares de baixas em sua guerra
com a Ucrânia. A economia chi-
nesa está com problemas. O Irã
enfrenta turbulências internas e
a Coreia do Norte é um caso per-
dido com armas nucleares.
Washington também tenta en-
contrar uma maneira de reforçar a
dissuasão sem envolver direta-
mente os EUA em uma guerra com
qualquer um dos adversários do
eixo. Na prática, muitas vezes isso
já significou fornecer aos aliados
na linha de frente nova ajuda mili-
tar, ao mesmo tempo em que
Washington tentava limitar as
ações desses aliados.
Ao longo da guerra na Ucrâ-
nia, os EUA vêm tentando desen-
corajar os ucranianos de atacar
profundamente o território rus-
so. Depois que o Irã disparou
uma barragem de mísseis contra
Israel este mês, os EUA também
se movimentaram para impedir
uma escalada do conflito.
E mesmo fornecendo apoio po-
lítico e militar extra a Taiwan, os
EUA vêm insistindo que Taiwan
não deve provocar Pequim, ado-
tando medidas abertas no sentido
de buscar uma independência po-
lítica formal da China.
Os EUA estão envolvidos em
um jogo psicológico potencial-
mente mortal com seus adversá-
rios, empregando força militar
de forma seletiva, na esperança
de evitar a eclosão de uma guerra
mais ampla. A Ucrânia luta pela
sua liberdade e independência.
Mas também está na linha de
frente de um conflito potencial-
mente muito maior.
implica que o grupo não poderá
receber transferência de arma-
mento militar dos EUA ou qual-
quer outra forma de assistência.
Líderes israelenses de todo o es-
pectro político reagiram ontem
aos informes da mídia americana
sobre as sanções. O premiê Benja-
min Netanyahu descreveu a medi-
da como o “um golpe baixo”.
O Netzah Yehuda é acusado de
maltratar palestinos, inclusive
num incidente em janeiro de
2022, quando um idoso palestino-
americano foi encontrado morto
após sua detenção por membros
da unidade na Cisjordânia.
A14 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 INÊS249
Opinião

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PEC já aprovada pela Comissão de Constituição e Justiça. Coube ao Além disso, o Congresso quer mais rapidez na liberação de Editor de Brasil (cesar.felicio@valor.com.br)
relator Eduardo Gomes, do oposicionista PL, estender o direito emendas em ano eleitoral. O presidente da Câmara, Arthur Lira, Eduardo Belo Daniela Chiaretti
para bem além da magistratura, Ministério Público e Defensoria não recebe mais o ministro das Relações Institucionais, (eduardo.belo@valor.com.br)
Editor de Agronegócios
(daniela.chiaretti@valor.com.br)
Fernanda Guimarães
NOVA GLOBO RURAL
Editor-executivo:
Pública, ampliando-o para Tribunais de Contas federais e dos Alexandre Padilha, para discutir nenhum assunto. E um Patrick Cruz (fernanda.guimaraes@ Cassiano Ribeiro
Estados e Polícia Federal. decreto do Executivo determinou, como é próprio, que o patrick.cruz@valor.com.br valor.com.br) cassianor@edglobo.com.br

A fatura fiscal é pesada, estimada em R$ 40 bilhões, mas os
danos políticos são igualmente grandes. Servidores federais
realizam protestos há semanas por reajustes salariais, negados
pelo Executivo com a boa razão de que não há dinheiro
sobrando — ao contrário. As demandas salariais podem se
tornar incontornáveis se a elite no topo da hierarquia salarial
receber mais um entre seus inúmeros privilégios, que tornam o
Judiciário brasileiro um dos mais caros do mundo.
A justificativa de Pacheco para a PEC é ruim. A alegação de
que os salários iniciais da carreira já quase se igualam aos do
ministro receba os pedidos de recursos antes de que eles sejam
endereçados aos ministérios, o que hoje não está ocorrendo.
Lira não quer perder nenhum poder, para garantir que terá
peso na escolha de seu sucessor, e vê no governo, com ou sem
razão, tramoias para reduzir sua influência em fim de mandato.
A orientação do governo, de dar sinal verde ao aumento de
gastos, de obras e de crédito, estimulou o aumento de
reivindicações a serem satisfeitas pelos cofres públicos. Ao
aumentar a arrecadação e evitar cortar gastos, atraiu a cobiça de
parlamentares, Estados e municípios, criando a falsa impressão
Valor PRO / Diretor de Negócios Digitais Tarcísio J. Beceveli Jr. (tarcisio.junior@valor.com.br)
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topo de longevos funcionários é uma disfunção que permeia de que não há limitação de recursos. Partiu do governo, por Publicidade - Outros Estados

todo o serviço público, e um dos meios de combatê-la é a exemplo, a ideia de nova e nociva vinculação de despesas do BA/SE/PB/PE e Região Norte Canal
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reforma administrativa. A PEC vai a plenário em dois turnos e, Orçamento, para garantir os investimentos em Defesa. Tel./Fax: (71) 3043-2205 Tel./Fax: (41) 3019-3717 Tel./Fax: (48) 3333-8497 /
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se aprovada, segue para idêntico ritual na Câmara. Diante da piora evidente do cenário externo, com a Tel./Fax: (31) 3264-5463/3264-5441 Tel./Fax: (51) 3231-6287 / 3219-6613

Pacheco, em campanha pelo governo mineiro, entrou na
negociação de Minas, Rio Grande do Sul, Goiás e Rio de Janeiro, os
Estados mais endividados, fora São Paulo, para obter desconto nos
juros e abatimento no estoque dos débitos. A proposta, se aceita, é
quase um presente da União a esses Estados — redução dos juros
para IPCA mais 1% (hoje mais de 4%), federalização de estatais
insegurança no Oriente Médio e as dúvidas sobre quando o
Fed, o banco central americano, começaria a cortar juros, o
Executivo e o Congresso deveriam se unir em torno da
necessidade de conter as despesas, afiançar o compromisso
com o equilíbrio fiscal e recuperar expectativas de que as
contas públicas não corram risco de descontrole.
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.
Cibersegurança se tornou questão de geopolítica e de defesa nacional. Por Demetrio Carrión e Paulo Uebel

O governo precisa se proteger de ataques cibernéticos

N
ovos tempos trazem
novos desafios. Os ata-
ques cibernéticos con-
tra instituições públi-
cas estão crescendo em todo o
globo, inclusive no Brasil. Em ja-
neiro deste ano, o governo fede-
ral registrou o maior patamar
desses ataques para o mês em
quatro anos. Foram, em média,
32 ataques cibernéticos por dia
contra órgãos do Executivo no
primeiro mês de 2024, segundo
dados do Gabinete de Segurança
Institucional da Presidência da
República (GSI).
Os 989 casos registrados em
janeiro revelam a importância
de as instituições públicas faze-
rem uma lição de casa indispen-
sável: a análise do nível de matu-
ridade de suas plataformas em
resistir a invasões.
De acordo com o estudo da EY,
Global Cybersecurity Leadership
Insight, os executivos do setor
público entrevistados identifi-
cam como principais ameaças o
aumento da superfície de ata-
ques (52% dos entrevistados) e a
dificuldade de equilibrar inova-
ção com cibersegurança (50%
dos entrevistados). É notório que
não há mais um perímetro defi-
nido entre o que é dentro e fora
da organização em termos de
tecnologia e informação. Isso se
deve ao uso crescente de solu-
ções em nuvem, internet das coi-
sas e dispositivos móveis.
Os ataques cibernéticos contra
os órgãos públicos causam atra-
so na prestação de serviços e, in-
clusive, aumentam o risco de ci-
dadãos se tornarem vítimas de
golpes financeiros, que podem
ficar cada vez mais direcionados
com o vazamento de dados pes-
soais, sem falar na violação da
privacidade e da Lei Geral de Pro-
teção de Dados (LGPD).
Os impactos podem, inclusi-
ve, interromper a prestação de
serviços básicos, como saúde,
luz, água e internet. Em 2021,
por exemplo, um ataque ciber-
nético levou ao desligamento do
maior oleoduto dos Estados
Unidos, causando uma emer-
gência em 17 Estados. Em 2023,
a Irlanda passou por uma situa-
ção similar quando seu sistema
de saúde foi invadido por ran-
somware, levando a muitos
computadores dos seus hospi-
tais a serem bloqueados.
Mais da metade (55%) dos ata-
ques cibernéticos aos órgãos do
Executivo que ocorreram em ja-
neiro não havia sido resolvida
até 2 de fevereiro, quando o GSI
fez a última atualização sobre o
tema. Ao mesmo tempo, tam-
bém foi sinalizado que “as noti-
ficações de caráter preventivo,
com alertas sobre eventuais fra-
gilidades dos sistemas, haviam
levado à resolução do problema
em apenas 28% dos casos”.
Cidadãos, órgãos públicos e
governo não podem se tornar re-
féns daqueles que podem come-
ter crimes virtuais a qualquer
momento. Como parte indispen-
sável desta ação para garantir a
segurança cibernética, é necessá-
rio um treinamento rigoroso de
servidores públicos e funcioná-
rios de estatais, uma gestão efi-
caz de riscos, análises preventi-
vas para avaliar a maturidade dos
sistemas e o potencial de resis-
tência aos ataques. Além disso, o
investimento em novas tecno-
logias e o desenvolvimento de
planos sólidos de ação em res-
posta às invasões digitais são
igualmente importantes.
Um exemplo é a implementa-
ção de protocolos que ajudem a
detectar e combater os ataques
cibernéticos a partir do momen-
to em que os hackers invadem
um sistema. Um plano preventi-
vo robusto deve contar com ser-
viço de proteção, detecção e in-
terrupção de possíveis ataques,
sendo baseado no conceito de vi-
sibilidade de ponta a ponta do ci-
clo de vida do ataque cibernético
e redução do custo das opera-
ções. E, principalmente, na agili-
dade da retomada das operações
em caso de invasões.
O estudo da EY aponta que
49% das empresas do setor públi-
co investem mais de 40% do seu
orçamento de cibersegurança
em suas capacidades de detecção
e prevenção. Este número supera
a média das demais indústrias
em 22 pontos percentuais.
Cada órgão público deve ser
responsável por identificar as
vulnerabilidades de segurança
dos seus próprios sistemas. Sem
esse trabalho prévio, não conse-
guirão fechar as brechas antes
que os hackers consigam explo-
rá-las. A base deve ser a descober-
ta e o gerenciamento de exposi-
ção a ameaças nos processos, ao
invés do mero gerenciamento
tradicional de vulnerabilidades
que se baseia em ativos.
A importância da cibersegu-
rança para os governos está em
proteger os seus sistemas de
qualquer tipo de invasão ciber-
nética, manter a privacidade das
informações dos cidadãos e pro-
videnciar a continuidade dos
serviços essenciais. Além disso,
a cibersegurança tornou-se
também uma questão de geo-
política e defesa nacional, um
campo no qual a Inteligência
Artificial está desempenhando
um papel fundamental.
A IA traz consigo novas opor-
tunidades e riscos na luta contra
ameaças cibernéticas. O seu po-
PIXABAY
emergentes. A cibersegurança
deve ser estruturada como uma
estratégia de defesa nacional,
envolvendo todas as camadas do
governo e objetivando a segu-
rança do Estado e dos cidadãos.
Aliado a isso, é crucial adotar
iniciativas de educação em segu-
rança digital, tendo em vista que
muitos ataques se aproveitam
de falhas humanas.
A insatisfação com a falta de
adoção de boas práticas de ci-
bersegurança por profissionais
de fora da área de TI é um desa-
fio comum enfrentado pelo go-
verno e setor público. Cerca de
30% dos entrevistados deste se-
tor indicam que essa é a princi-
pal questão que afeta a aborda-
gem de suas organizações em
relação à cibersegurança.
No passado, a segurança na-
cional era sinônimo de Forças
Armadas e poderio militar, re-
presentado pelo número de fu-
der em lidar com big data de ma- zis, tanques de guerra, aviões de
neira eficiente e em detectar pa- combate, fragatas e semelhan-
drões incomuns com mais preci- tes. Hoje, além da segurança físi-
são do que um ser humano se ca e da integridade territorial, o
tornou de grande valia para apri- governo e as Forças Armadas
morar a detecção e prevenção de precisam garantir a segurança
possíveis ataques. No entanto, o digital de seus cidadãos e dos
seu uso também traz novos ris- sistemas estratégicos para o de-
cos. Os hackers podem utilizar a senvolvimento econômico e so-
mesma tecnologia para realizar cial do país. Desconsiderar a im-
ataques mais sofisticados, in- portância desses dois elementos
cluindo a elaboração de progra- na sociedade atual é colocar em
mas maliciosos que também risco o bem-estar dos cidadãos e
possuem capacidade de aprendi- a estabilidade do Estado. Por is-
zado e adaptação. so, é fundamental que haja in-
A constante evolução dos de- vestimentos contínuos e plane-
safios cibernéticos sinaliza que jados em tecnologia, inteligên-
devemos aprender e aprimorar cia e educação para proteger a
nossas defesas ao longo do tem- integridade e a segurança de
po. Isso implica uma adaptação nossa sociedade.
dinâmica, aprendizado contí-
nuo e desenvolvimento de polí- Demetrio Carrión é sócio-líder da EY
ticas de segurança flexíveis e re- Latam para Cibersegurança.
silientes capazes de enfrentar Paulo Spencer Uebel é sócio da EY
uma variedade de ameaças Brasil para Governo e Setor Público.

Opinião
Arcabouço fiscal de mentirinha
Gustavo Loyola
N mais”.
o projeto da Lei de Di-
retrizes Orçamentárias
(LDO) de 2025 que o
Executivo acaba de en-
viar ao Congresso Nacional, a
previsão do resultado primário
foi reduzida de um superávit de
0,5% do PIB para um resultado
zero no ano que vem, adiando a
previsão de superávit para so-
mente 2026, justamente o últi-
mo ano do atual mandato do
presidente Lula. Essa mudança
sinaliza inequivocamente para
os agentes econômicos que o ar-
cabouço fiscal em vigor é uma
daquelas leis que “não pegaram”,
quando muito servindo apenas
para “inglês ver”.
Lamentavelmente, no Brasil, a
ideia de que não existe restrição
orçamentária é disseminada en-
tre os políticos de todos os mati-
zes ideológicos, da esquerda à di-
reita, o que explica a trajetória
praticamente ininterrupta de de-
terioração fiscal presente desde a
promulgação da Constituição de
Economia global está muito frágil para enfrentar uma nova crise. Por Mohamed El-Erian
Mercados subestimam conflito Irã- Israel
E
specialistas em seguran-
ça nacional parecem es-
tar em discordância com
os operadores dos mer-
cados financeiros sobre o que vi-
rá a seguir da recente escalada de
tensões entre Irã e Israel. A ques-
tão de quem se revelará correto
terá consequências importantes
não apenas para um Oriente Mé-
dio já instável, mas também pa-
ra o bem-estar da economia
mundial e a estabilidade de seu
sistema financeiro.
A noção de um “novo Oriente
Médio” tem aparecido com fre-
quência nos comentários de es-
pecialistas do campo de segu-
rança nacional sobre o que veio
à tona após o ataque de Israel ao
consulado iraniano na Síria no
início de abril.
Mais especificamente, ambas
as partes ultrapassaram diversos
“limites”. Pela primeira vez na
história, os dois países atacaram
diretamente um ao outro, em
vez de recorrerem ao uso de alia-
dos ou de alvos em terceiros paí-
ses. O Irã disparou um número
até então inimaginável de mís-
seis e drones contra Israel, em
resposta ao ataque israelense
em Damasco que matou alguns
altos funcionários iranianos. Na
sexta-feira, a retaliação israe-
lense veio logo após um aviso
explícito do ministro das Rela-
ções Exteriores do Irã de que
responderia de imediato caso
fosse atacado diretamente.
Apesar de tudo isso, a reação
dos mercados tem sido relativa-
mente morna e contida. Em vez
de levar em conta no preço as
implicações de mercado de uma
escalada duradoura nas amea-
ças geopolíticas e do aumento
no risco de cauda de preços bem
mais altos do petróleo no longo
prazo, os operadores têm agido
rápido para atenuar as oscila-
ções iniciais das cotações de
muitos ativos.
Isso inclui o petróleo, de lon-
ge o preço internacional mais
sensível, que hoje está bem abai-
xo do patamar em que fechou
antes da retaliação iraniana ao
ataque de Israel ao consulado.
Esses preços também não conse-
guiram manter a valorização
inicial diante das novas notícias
sobre a resposta israelense.
Esse contraste entre o ponto
de vista dos mercados e o dos es-
pecialistas em segurança pode
ter consequências que vão bem
além da estabilidade regional. Is-
so tem relação direta com quatro
1988. Houve, obviamente, perío-
dos de boa gestão fiscal e de ino-
vações relevantes, como a Lei de
Responsabilidade Fiscal (LRF),
porém, ao fim e ao cabo, vem pre-
valecendo a tendência implacá-
vel de aumento do gasto público,
sob vários pretextos.
Ocorre que, com o passar dos
anos, o espaço para irresponsabi-
lidade fiscal mingua continuada-
mente e, por isso, ser grave a deci-
são de adiar o ajuste fiscal anun-
ciada agora pelo governo petista.
Vale ressaltar que, ainda que fos-
se cumprido à risca o arcabouço
fiscal, a estabilização da relação
dívida/PIB dificilmente ocorreria
antes de 2030, prognóstico que
certamente vai se tornando cada
vez mais inalcançável. É bom
lembrar que o Brasil já exibe hoje
um dos piores indicadores de en-
dividamento entre as principais
economias emergentes.
As consequências econômicas
da desídia com que, no Brasil, a
maioria dos políticos eleitos tra-
ta a questão do equilíbrio fiscal
já estão aqui entre nós e podem
piorar muito nos próximos
anos. Por exemplo, a perda do
grau de investimento da dívida
soberana brasileira, ocorrida no
final de 2015, representou um
retrocesso de graves proporções
para o Brasil, fazendo com que o
país voltasse para a categoria de
“investimento especulativo”,
desviando recursos que pode-
riam ter sido internalizados pa-
Nova rodada de escalada
militar entre Irã e Israel
corroeria um crescimento
internacional já baixo e
frágil e aumentaria a
inflação de bens em um
momento em que a
inflação de serviços
ainda está muito alta,
diante de autoridades
fiscais e BCs com pouca
margem de manobra
INÊS249
ra acelerar o crescimento econô-
mico na última década, além de
ter encarecido generalizada-
mente o custo de capital, tanto
para o setor público quanto pa-
ra o setor privado brasileiros.
Aliás, com a situação fiscal
que se projeta para os próximos
anos, são praticamente nulas as
chances de o Brasil recuperar o
grau de investimento ainda nes-
sa década.
Pergunta-se qual é o destino de
um país em que a dívida pública
aumenta de maneira contínua e
em maior velocidade do que o
crescimento do PIB? A “solução”
no longo prazo para essa situação
será sempre tenebrosa. Ou o país
entra numa espiral inflacionária
para reduzir o valor real da dívida
ou simplesmente há um calote,
parcial ou total, nos pagamentos
do principal e dos juros da dívida.
São dois cenários horrorosos do
ponto de vista econômico e do
bem-estar social.
A praga inflacionária nós já a
conhecemos bastante, sendo ela
a grande responsável pela cha-
mada “década perdida” da eco-
nomia brasileira nos anos 1980.
O aspecto maligno do calote na
dívida também já o conhecemos,
bastando para tanto lembrar os
efeitos negativos da suspensão
do pagamento da dívida externa
ou o choque recessivo que se se-
guiu ao congelamento dos ativos
durante o Plano Collor.
Além disso, ao lado das men-
temas que o Fundo Monetário In-
ternacional (FMI) identificou
nesta semana como importantes
para o bem-estar econômico e a
estabilidade financeira interna-
cional: o crescimento insuficien-
te, a inflação persistente, a falta
de flexibilidade nas políticas eco-
nômicas e as pressões associadas
à maior disparidade dos resulta-
dos econômicos internacionais e
das abordagens das políticas
econômicas pelo mundo.
Embora a economia mundial
seja capaz de lidar com um sola-
vanco transitório, ela já está frá-
gil demais para suportar um no-
vo grande choque econômico.
Especificamente, uma nova ro-
dada de escalada militar entre
Irã e Israel corroeria um cresci-
mento internacional já baixo e
frágil e aumentaria a inflação
de bens em um momento em
que a inflação de serviços ainda
está muito alta, além de impor
demandas a autoridades fiscais
e monetárias que já usaram
grande parte de sua flexibilida-
de política e têm pouco espaço
de manobra operacional.
Por sua vez, a distribuição des-
se choque de estagflação amplifi-
Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
cionadas consequências de lon-
go prazo, a conjuntura econômi-
ca doméstica é negativamente
afetada pelo incumprimento das
metas inicialmente fixadas no ar-
cabouço fiscal.
O momento atual é de grande
turbulência no cenário interna-
cional. Há, por um lado, ques-
tões geopolíticas sérias como a
prolongada guerra russo-ucra-
niana e o conflito no Oriente
Médio, este agravado pelo recen-
te ataque do Irã a Israel. Trata-se
de um contexto que tem trazido
volatilidade aos mercados de
moedas e de “commodities”, ele-
vando a aversão ao risco dos
agentes econômicos, com im-
pactos amplificados nas econo-
mias emergentes.
Falta de consistência na
política fiscal é um
verdadeiro tiro no pé de
um governo que se diz
“desenvolvimentista”
Por outro, as condições ma-
croeconômicas nas maiores eco-
nomias do mundo também sus-
citam cautela. A perspectiva de
manutenção dos “Fed funds” nos
patamares atuais por mais tem-
po do que inicialmente esperado
elevou os juros de longo prazo
nos EUA, o que contribui para a
apreciação do dólar que repercu-
te sobre a política monetária das
caria as disparidades econômi-
cas e financeiras entre os países,
algo que já vêm impondo certo
estresse à ordem global.
Em primeiro lugar, dois dos
possíveis motores de crescimen-
to mundial — as já assoladas
economias da China e Europa —
seriam impactados relativamen-
te com mais força por depende-
rem muito da importação de
fontes de energia.
Em segundo, a inflação nos Es-
tados Unidos teimaria ainda
mais em cair, em um momento
em que o progresso neste ano na
redução das pressões inflacioná-
rias já foi decepcionante, o que
agiria, portanto, como um freio
para os primeiros cortes de juros
pelo Federal Reserve (Fed, o ban-
co central dos Estados Unidos).
Em terceiro, um dólar já forte
receberia um impulso de valori-
zação adicional, enfraquecendo
o comércio internacional e a in-
termediação financeira.
E, por fim, com o agravamento
dos quadros econômicos e geopo-
líticos, os prêmios de risco aumen-
tariam. Isso resultaria em custos de
captação mais altos do que pode-
riam ter sido de outra maneira.
economias emergentes. Há tam-
bém sinais de desaquecimento
da demanda chinesa o que igual-
mente impõe um viés negativo
sobre as moedas das economias
exportadoras de “commodities”.
Tal cenário global seria sufi-
ciente para pressionar a moeda
brasileira e impor cautela ao
Banco Central (BC) no processo
de derrubada da taxa Selic. Adi-
cionando a isso — o malfadado
anúncio do abandono do objeti-
vo de atingimento de superávit
primário em 2025 —, surgem
fundadas dúvidas sobre a conti-
nuidade da queda dos juros do-
mésticos, havendo uma grande
possibilidade de a Selic não cair
abaixo dos 10% em 2024.
Com isso, no contexto de final
do mandato do atual presidente
do Banco Central, devem crescer
as pressões para sua substitui-
ção por um nome mais alinhado
ao Planalto, enfraquecendo a
autonomia da instituição, fato
que adicionaria ainda maior vo-
latilidade ao ambiente macroe-
conômico.
Em suma, a falta de consistên-
cia na política fiscal deve cobrar
um preço caro à economia brasi-
leira, sendo um verdadeiro tiro
no pé de um governo que se arvo-
ra “desenvolvimentista”.
Gustavo Loyola é doutor em Economia
pela EPGE/FGV. Ex-presidente do Banco
Central e sócio-diretor da Tendências
Consultoria Integrada, em São Paulo
Considerações como essas ga-
nham maior urgência, quando se
leva em conta o que não aconte-
ceu nesta troca de ataques mais
recente entre Irã e Israel.
Tenha sido de forma intencio-
nal ou não, nenhuma das partes
infligiu danos humanos e mate-
riais consideráveis à outra. Além
disso, o Irã não mobilizou mate-
rialmente seus aliados regionais
em um ataque mais abrangente
contra Israel. Por sua vez, em sua
resposta, Israel não atacou insta-
lações nucleares iranianas. Tam-
bém não cedeu à pressão de seus
aliados mais próximos, em parti-
cular os EUA e o Reino Unido, por
um maior grau de contenção e de
reversão da escalada.
Tudo isso aponta para uma
mudança significativa na dinâ-
mica entre esses dois países.
Mais importante ainda, isso fez
o quadro mudar, de um dese-
quilíbrio relativamente estável,
no qual cada parte se abstinha
de ataques diretos, para um de-
sequilíbrio mais imprevisível e
instável, no qual precedentes pe-
rigosos foram estabelecidos e
cada lado tem mais motivos pa-
ra seguir adiante com uma esca-
lada nas tensões.
Ao comparar a reação dos
mercados com os pontos de vis-
ta da maioria dos especialistas
em segurança nacional, isso me
faz lembrar da história do sapo
na panela de água quente que
não percebe a fervura subindo
aos poucos.
Não há dúvida de que a última
rodada de hostilidades entre Irã
e Israel ultrapassou muitos limi-
tes e aumentou a temperatura
geopolítica na região de forma
duradoura. No entanto, os mer-
cados parecem estar ansiosos
em deixar isso de lado, confor-
tados pelo fato de ainda não ter-
mos atingido o ponto de ebuli-
ção, de danos humanos e mate-
riais significativos, nessas roda-
das de retaliação — um ponto
que provocaria deslocamentos
econômicos e financeiros signi-
ficativos. Tendo em vista que es-
ta é uma região vulnerável a er-
ros de julgamento, falta de
compreensão dos adversários e
acidentes de implementação,
essa reação pode acabar se pro-
vando complacente demais.
(Tradução de Sabino Ahumada)
Mohamed El-Erian é presidente do
Queens College, em Cambridge, e
assessor da Allianz e da Gramercy.
Copyright: Financial Times
| Valor | A15
Frase do dia
“O ‘guidance’
do comunicado
e da ata
pós-Copom
fazia referência
a um mundo
que não existe
De Cristiano Oliveira, economia
chefe do Banco Pine
Cartas de
Leitores
PEC do Quinquênio
A PEC do Quinquênio, mais uma
atrocidade tipicamente brasileira,
tende a acabar com um belíssimo
trabalho iniciado pelo governo
Fernado Henrique Cardoso no
sentido de moralizar a folha de pa-
gamento do funcionalismo.
É impensável e inaceitável que
os profissionais mais bem pagos
pelo Estado brasileiro, que são os
integrantes do Judiciário, recebam
de bandeja um presente generoso,
que tende a eliminar todo o esfor-
ço da equipe econômica em tor-
nar as contas públicas nacionais
mais saudáveis e sustentáveis. Os
deputados e senadores deveriam
se envergonhar de defender e vo-
tar algo dessa natureza. Vamos
conceder um benefício imoral e fi-
nanceiramente insustentável sem
qualquer embasamento técnico,
contrapartida ou de duração ou
alcance limitado. Estão analisan-
do um texto que, na prática, abre
as portas para a gastança. Estamos,
literalmente, servindo de súditos
aos funcionários públicos que se
sentem, com razão, como reis, rai-
nhas e imperadores.
Willian Martins
martins.willian@yahoo.com.br
O Real e a ORTN
Nas narrativas correntes do Plano
Real faz falta enfatizar um longo
processo mantido pelo governo
durante mais de uma década, com
constância e rigor. Trata-se da cor-
reção monetária pela ORTN (Obri-
gação Reajustável do Tesouro Na-
cional), corriqueiramente utiliza-
da pela indústria e pelo comércio.
Nos negócios, bastava cotar ao
preço do dia e acrescentar ao con-
trato a cláusula “com correção pe-
las ORTN”. Os salários também
eram reajustados frequentemen-
te. Em 1984, foi criada a moeda
URV (Unidade Real de Valor), refe-
rida à ORTN, e logo depois o Real
valendo 2,7 URV. Em suma, o Real
foi uma ORTN rebatizada! A nova
moeda foi um sucesso da política
econômica, mas também da tradi-
ção da ORTN.
Plinio Castrucci
pcastruc@uol.com.br
“Pautas bomba”
A pressa dos presidentes da Câ-
mara e do Senado, respectiva-
mente, Arthur Lira (PP-AL) e Ro-
drigo Pacheco (PSD-MG), em lan-
çar “pautas bombas” com o obje-
tivo de atingir o governo Lula, na
verdade, acabam afetando o de-
senvolvimento futuro do país.
Um dia, Lula sai do governo, mas
os custos que eles provocaram se
perpetuam, comprometendo os
investimentos mais necessários.
Jorge de Jesus Longato
longatojorge@gmail.com
Correção
Na matéria "Às vésperas da assem-
bleia, clima é de tensão na Petrobras", pu-
blicada no dia 16 de abril, na página B6, o
conselheiro Marcelo Gasparino esclarece
que em sua resposta à reportagem de que
a "CVM é a senhora da razão" não houve
ironia, como assinalado, mas apenas a
constatação de que, uma vez acionada
pela Anapetro, é a autarquia quem deverá
opinar, e não o acusado.
Correspondências para
Av. 9 de Julho, 5229 - Jardim
Paulista - CEP 01407-907 - São
Paulo - SP, ou para
cartas@valor.com.br, com nome,
endereço e telefone. Os textos
poderão ser editados.
 A16 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 deINÊS249
Contas públicas Equipe jurídica vê potencial de perda em ação contra prejuízos do setor
sucroalcooleiro na década de 1980 decorrentes de intervenções do poder público
Governocorreparadesarmar‘bomba
fiscal’deatéR$120bicomprecatórios
Guilherme Pimenta e
Beatriz Olivon
De Brasília
A equipe jurídica do governo
do presidente Luiz Inácio Lula da
Silva (PT) vai montar uma força-
tarefa para desarmar uma “bom-
ba-fiscal” que pode resultar em
precatórios contra a União entre
R$ 80 bilhões e R$ 120 bilhões, o
que preocupa as secretarias do
Tesouro e do Orçamento, segun-
do apurou o Valor. Com a recen-
te vitória no Supremo Tribunal
Federal (STF) no caso da área pre-
videnciária conhecido como “re-
visão da vida toda”, a nova priori-
dade do governo são as ações bi-
lionárias envolvendo o setor su-
croalcooleiro, nas quais a União
já prevê uma “perda provável”
dos processos no Judiciário, mas
quer mitigar os impactos.
O tema hoje é o mais relevante
para o governo no Judiciário e pas-
sou a ser acompanhado com lupa
nas últimas semanas pela Advoca-
cia-Geral da União (AGU). A ideia é
separar um grupo de até dez advo-
gados que ficarão exclusivamente
focados neste tema, listado no ane-
xo de riscos fiscais da União na Lei
de Diretrizes Orçamentárias (LDO)
com impacto de R$ 79,6 bilhões às
contas públicas.
Além de evitar essa perda, a
AGU quer cancelar um precatório
já emitido pelo Tribunal Regional
Federal da 1 a Região (TRF-1) de
R$ 14 bilhões para “devolver” esse
valor para o Tesouro neste ano, o
que pode auxiliar a União na bus-
ca da meta de déficit zero.
O pano de fundo da disputa
são os prejuízos sofridos pelas
usinas com a intervenção do go-
verno nos preços da cana-de-açú-
car, do açúcar e do álcool nos
anos 1980. Em processos ajuiza-
dos uma década depois, usinas e
destilarias alegaram que os pre-
ços fixados pelo governo à época,
por meio do Instituto do Açúcar e
do Álcool (IAA), não cobriram os
custos médios apurados pela
Fundação Getulio Vargas (FGV).
Assim, portanto, essas empresas
teriam sofrido grandes prejuízos.
Hoje, as ações transitadas em
julgado contra a União totalizam
R$ 79,6 bilhões, se considerar o va-
lor das perícias realizadas nas fases
de mérito, sem apuração de even-
tual dano efetivo, mas a conta po-
de chegar a até R$ 120 bilhões. O
governo alega que os precatórios
não podem ser expedidos, já que
se faz necessária a liquidação para
avaliar se houve, de fato, prejuízo,
conforme entenderam os tribu-
nais superiores.
De um lado, a AGU quer mon-
tar a força-tarefa para enfrentar
as maiores bancas de advocacia
do país, que defendem as empre-
sas em mais de 300 processos por
todo o território nacional — a
maioria está concentrada no
TRF-1. Mesmo em casos já transi-
Ministérios divergem em concessão de ferrovias
Lu Aiko Otta e
Guilherme Pimenta
De Brasília
Documentos obtidos pelo Va-
lor por meio da Lei de Acesso à In-
formação mostram que houve di-
vergência entre os ministérios da
Fazenda e dos Transportes em tor-
no da estimativa de receitas com a
renovação de concessões ferroviá-
rias — um dado questionado por
especialistas desde o ano passado,
quando a proposta de Orçamento
foi enviada ao Congresso. O deba-
te se deu durante a elaboração do
Relatório de Avaliação de Receitas
e Despesas Primárias, divulgado
em 22 de março.
Finanças Na época, o Tesouro pediu ao Mi-
nistério dos Transportes uma atuali-
Novo marco zação das estimativas de receitas
que ingressariam no ano, decorren-
regulatório traz tes de concessões e permissões. Para
mais dinamismo as renovações de contratos em fer-
rovias, o valor que consta do Orça-
para mercado mento é R$ 34,5 bilhões. A pasta
manteve a cifra, alegando impossi-
de previdência bilidade de refazer a estimativa.
Diante das incertezas quanto ao
privada C6 ingresso dos recursos, a Fazenda op-
abril de 2024
O procurador Flávio Tenório: perícias realizadas na fase de conhecimento não apuram o efetivo prejuízo de cada usina, no máximo redução dos lucros
tados em julgado que estão em
fase de execução, a União vai en-
trar com as chamadas rescisórias
para tentar reverter o prejuízo.
Judicialmente, as usinas vence-
ram a disputa em 2013, quando o
Superior Tribunal de Justiça (STJ)
reconheceu que as medidas causa-
ram prejuízos. As correções foram
limitadas até 1991, quando o siste-
ma de preços foi alterado. O STJ,
porém, exigiu a comprovação de
danos sofridos, por meio de balan-
ços contábeis, o que abriu um no-
vo campo de batalha.
As usinas alegam que não têm
como comprovar e ter todos os do-
cumentos desde aquela época, já
que são mais de 30 anos de discus-
são na Justiça. Em 2020, o Supremo
Tribunal Federal confirmou a deci-
são, determinando que as usinas
comprovem o tamanho do rombo,
o que deu sobrevida à União.
O governo alega que, ainda as-
sim, algumas decisões de Tribunais
Regionais Federais têm ignorado
esse entendimento do STF e deter-
minado o pagamento de precató-
rios com base em perícias genéri-
cas. “As teses da União foram, em
grande parte, acolhidas pelo STJ e
pelo STF e ainda assim temos difi-
culdade em emplacar essas teses
na execução”, afirmou Alexandre
Dantas, advogado da União que
acompanha esses processos no
TRF-1 — as ações na corte proces-
sos somam mais de R$ 20 bilhões.
A sensação, segundo ele, é de ter
ganhado, mas não conseguir mui-
tas vezes efetivar as teses.
“A União quer que, antes de exe-
cutar, seja feita uma nova perícia
para apurar o verdadeiro valor de-
vido. Estamos falando de valores
astronômicos. É necessário verifi-
car o prejuízo real para não haver
enriquecimento sem causa de al-
guma usina”, afirmou.
tou por cortar o valor pela metade. A
medida foi tomada por prudência,
“até que tenhamos informações
mais assertivas sobre tais acordos e
cronograma de pagamento”, infor-
mou em despacho o secretário do
Tesouro Nacional, Rogério Ceron.
“Ponderando que estamos ao fi-
nal de março e que a materializa-
ção dos acordos pode levar algu-
mas semanas ou meses e, mesmo
sem alteração do valor global do
acordo, pode ocorrer reprograma-
ção do cronograma de pagamen-
tos que resulte em ingresso infe-
rior ao projetado na LOA [Lei Or-
çamentária Anual] 2024, parece-
nos razoável reduzir em 50% a pre-
visão de ingressos de receitas por
uma questão meramente pruden-
cial, reduzindo em R$ 17,2 bilhões
a projeção anteriormente infor-
mada”, diz o documento.
O secretário-executivo do Minis-
tério dos Transportes, George Santo-
ro, disse ao Valor que, na época, não
foi possível realizar nova estimativa
porque os contratos estavam — ain-
da estão — em negociação. Assim,
ele e o secretário de Transporte Fer-
roviário, Leonardo Ribeiro, reuni-
“A usina tem
que provar
que teve
prejuízo, não
que lucrou
menos do que
esperava
lucrar”
Flávio Tenório
ram-se com integrantes da Fazenda
para detalhar o andamento dos tra-
balhos. Após as explicações, o Te-
souro decidiu pelo corte de 50%.
“Eu teria feito o mesmo ou até
mais”, disse Santoro. Ele acrescentou
que o Ministério dos Transportes
apresentará à Fazenda estimativas
atualizadas das receitas no próximo
relatório de avaliação de receitas e
despesas, em maio.
Transportes trabalha na renova-
ção antecipada de quatro contratos
de concessões ferroviárias: Ferrovia
Centro-Atlântica (FCA), Rumo Ma-
lha Sul, Transnordestina Logística e
Ferrovia Tereza Cristina (FTC). Tam-
bém devem entrar na carteira as
concessões da Malha Oeste, que de-
verá ser otimizada, e a Malha Sul.
Além disso, o ministério revisa as
renovações de contrato assinadas
no governo de Jair Bolsonaro: Cara-
jás, Vitória-Minas e MRS Logística
(Malha Sudeste). O contrato da Ru-
mo Malha Paulista já foi revisto.
Para o economista Alexandre An-
drade, diretor da Instituição Fiscal
Independente (IFI), as expectativas
de receita com concessões se mos-
traram “otimistas” desde o início.
O procurador-regional da
União na 1 a Região, Flávio Tenório,
afirma que as perícias realizadas
na fase de conhecimento não apu-
ram o efetivo prejuízo de cada usi-
na, no máximo redução dos lucros,
o que seria inerente a uma política
de intervenção na economia, co-
mo decidido pelo Supremo. “Para
fim de indenização, o dano não é
mera redução de lucros. A usina
tem que provar que teve prejuízo,
não que lucrou menos do que es-
perava lucrar”, defendeu.
Ele destaca que existem realida-
des diferentes para cada fase pro-
cessual. Na fase de conhecimento
(quando é discutido o mérito), o
panorama no TRF-1 é favorável à
União, considerando que a decisão
do STF é de que o dano indenizável
seria só o prejuízo efetivo, apurado
por meio de perícia e que repre-
senta o que a usina perdeu de fato,
não o que deixou de lucrar.
Na fase de execução, quando é
analisado o valor a ser pago, mui-
tas decisões determinam a liqui-
dação para apuração do valor,
mas as perícias não são feitas. “A
União não tem problema em pa-
gar os valores efetivamente devi-
dos. Mas precisamos descobrir
quais valores são esses”, afirmou.
Nesse contexto, a ex-ministra do
STF Rosa Weber concedeu uma
medida cautelar em setembro de
2023 cancelando a emissão de pre-
catório de R$ 5 bilhões que teria si-
do expedido de forma irregular
pelo TRF-1, já que não houve trân-
sito em julgado da ação.
No TRF-1, 90% dos casos estão na
fase de execução, e não de conheci-
mento, o que torna o cenário em
Brasília mais complexo, segundo
Alessandra Lopes, advogada da
União que acompanha o tema no
STF. Nos casos que ainda estão tra-
mitando no Supremo, a discussão
“Nós sempre consideramos com
cautela a projeção constante da LOA
2024 porque nesse setor são poucas
empresas que atuam e a materiali-
zação dessa arrecadação depende-
ria de negociação com as concessio-
nárias”, analisou.
A consistência da LOA é questio-
nada por especialistas também em
outros pontos. O principal deles é a
despesa com benefícios previden-
ciários, que pode estar subestimada
em cerca de R$ 20 bilhões.
No relatório de março, as receitas
esperadas com concessões e permis-
sões em seu conjunto — incluindo
outras áreas, como energia, petróleo
e loterias — foram reduzidas em
R$ 12,8 bilhões em relação aos valo-
res incluídos no Orçamento. A redu-
ção foi verificada “principalmente
nas receitas de renegociação de con-
tratos do setor ferroviário”.
No global, o relatório reduziu as
receitas brutas em R$ 31,5 bilhões,
dos quais R$ 12,8 bilhões decorrem
de revisões na expectativa de recei-
tas com concessões e outorgas,
R$ 17,7 bilhões foram cortados da
projeção da arrecadação de impos-
tos e contribuições administrados
RENATO MENEZES/ASCOM AGU
também é sobre a realização da pe-
rícia na fase de execução. “Nessa fa-
se a gente precisa liquidar e saber
quanto é [o valor exato]”, afirmou.
Em junho, o STF retomará um
julgamento no qual será definido
se a perícia deve ser feita só na fase
de mérito ou na de execução. Caso
a corte entenda que deve se limitar
à primeira fase, será uma derrota
para a União — o ministro Edson
Fachin já votou nesse sentido. O
julgamento foi interrompido por
pedido de vista de Gilmar Mendes.
Daniel Corrêa Szelbracikowski,
sócio do Dias de Souza, escritório
que atua em muitas ações sobre o
tema, avalia que a litigiosidade de-
veria diminuir com os preceden-
tes, mas acabou aumentando por-
que a União não desiste das teses.
“E as usinas estão tentando fazer
novas perícias, segundo os novos
critérios”, afirmou, indicando que,
quando são usadas as perícias an-
tigas, os pedidos acabam sendo
negados já que elas não atendem
os critérios fixados em decisões re-
centes dos tribunais superiores.
Já nas ações que já transitaram
em julgado (não cabe recurso e
estão em fase de execução), o ad-
vogado defende que o governo
deve liquidar as ações decididas
ainda segundo o critério antigo,
antes das decisões superiores.
Ainda segundo o advogado, co-
mo a União continua litigando
mesmo nesses casos transitados
em julgado, os valores tendem a
aumentar em razão da incidência
de juros e correção monetária, que
beiram hoje 70% das indenizações.
“A AGU deveria considerar reduzir
os litígios ou mesmo realizar acor-
dos nesses casos transitados em
julgado para diminuir a conta pa-
ra o futuro”, afirma.
Procurado, o TRF1 não se ma-
nifestou.
pela Receita Federal, e R$ 14,5 bi-
lhões, da queda nas receitas de ex-
ploração de recursos naturais. A ex-
pectativa com receitas previdenciá-
rias foi elevada em R$ 8,6 bilhões.
No balanço entre novas projeções
de receitas e despesas, o relatório
determinou o bloqueio de R$ 3,9 bi-
lhões em despesas, para cumprir o
limite estabelecido pelo arcabouço
fiscal. Ao mesmo tempo, apontou
para o cumprimento da meta de dé-
ficit zero, com um resultado negati-
vo de R$ 9,3 bilhões — dentro da
margem de tolerância.
No dia 15, o governo divulgou o
Projeto de Lei de Diretrizes Orça-
mentárias (PLDO) de 2025. O docu-
mento traz novas projeções de recei-
tas com concessões e permissões pa-
ra os próximos anos: serão R$ 23,3
bilhões em 2025. Para os anos se-
guintes, os valores são menores:
R$ 6,2 bilhões para 2026, 6,4 bilhões
em 2027 e R$ 6,7 bilhões em 2028.
A redução reflete a decisão de
priorizar, como critério para definir
vencedores dos leilões de concessão,
os que cobrarem menores tarifas.
No governo anterior, o principal cri-
tério era o maior valor de outorga.

Fusão
O entendimento da
família mudou em
relação à união
entre Cobasi e Petz,
diz Paulo Nassar B3
Valor B
Sábado, domingo e segunda-feira,
20, 21 e 22 de abril de 2024
Balanço Despesa financeira atingiu R$ 306 bi em 2023, e capital
injetado somou R$ 298 bi; atraso em meta fiscal piora quadro
Empresas gastam mais com
juro do que com investimento
Adriana Mattos
De São Paulo
As companhias brasileiras gas-
taram mais com despesas finan-
ceiras, compostas principalmen-
te pelo pagamento de juros, do
que com as suas atividades de in-
vestimento em 2023, mostra le-
vantamento realizado a pedido
do Valor com todas as empresas
de capital aberto do país.
Foram R$ 306,8 bilhões com es-
sas despesas no ano passado, alta
de 8,2% frente a 2022, e ao mesmo
tempo, o caixa das atividades de
investimento alcançou R$ 298,7
bilhões, praticamente estável no
mesmo intervalo analisado.
Apesar da piora do ambiente
econômico e da escalada da taxa
básica de juros (Selic) após 2021,
não se viu esse mesmo cenário em
2022. Naquele ano, os investimen-
tos somaram R$ 299,2 bilhões, va-
lor acima dos gastos com juros e
encargos, em R$ 283,6 bilhões.
Os dados de balanços de 386
empresas abertas não financeiras
foram coletados pelo professor e
consultor André Freitas de Moura,
da FGV/EAESP, com PhD em conta-
bilidade e finanças na Universida-
de de Birmingham, na Inglaterra.
Embora o movimento de recuo
da Selic pelo Banco Central, após
2023, possa atenuar esse impacto
neste ano, com a decisão do gover-
no de adiar a meta fiscal, há con-
senso no mercado de um ritmo
mais lento de queda dos juros. De-
terioração do cenário global pela
piora do ambiente geopolítico em
2024 também pesa na balança.
Isso afeta diretamente planos de
investimento pela necessidade de
as empresas protegerem seu caixa.
“A mesma história que vimos em
2022 e 2023, tem cara que se repe-
tirá em 2024, com a pressão de ju-
ros ainda relevante e ‘spread’ ban-
cário resistindo a ceder”, disse Pe-
dro Magalhães, que por mais de
duas décadas esteve na diretoria fi-
nanceira de grandes grupos.
Horácio Piva volta à presidência do conselho da Klabin
Papel e celulose
Stella Fontes
De Telêmaco Borba (PR)
Acionista da Klabin e ex-presi-
dente da Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo (Fiesp), Ho-
rácio Lafer Piva deve voltar à presi-
dência do conselho de administra-
ção da companhia nesta semana.
Indicado como sucessor de Aman-
da Klabin Tkacz, primeira mulher
à frente do colegiado, o nome do
empresário deve ser validado para
a posição na quarta-feira (24). Ele
já tinha ocupado o posto de chair-
man em 2018.
Para Piva, a maior produtora de
embalagens de papelão ondulado,
exportadora de papéis para emba-
lagem e única produtora de três ti-
pos de celulose no país não precisa
ser “excessivamente criativa neste
momento”, no sentido de buscar
mais diversificação. “Há oportuni-
dades dentro do nosso mercado,
tanto na exportação quanto no
mercado interno”, afirmou.
Integração da produção de ce-
lulose, papéis e embalagens e di-
versificação de produtos, a partir
Moura aponta que o peso dos investimentos na receita entre 2022 e 2023 caiu
Segundo ele, cerca de 70% do
custo dos bancos, numa operação
de dívida junto às pequenas e mé-
dias empresas, é “spread”, e esse ín-
dice não vem caindo. “É algo que
afeta custo de capital, e portanto,
investimentos”, diz. Houve au-
mento de 0,5 ponto na taxa do
spread para empresas em 2024
(para 9,2% ao ano), informa o BC.
Em 2023, subiu 0,2 ponto.
O “spread” é a diferença entre ta-
xas cobradas pelos bancos e as que
eles pagam para captar recursos.
O recuo mais paulatino nas ta-
xas pode atrasar uma queda mais
forte das despesas das companhias
com dívidas atreladas à Selic —
bancos estimam que o estoque da
dívida corporativa no país gira em
torno de R$ 600 bilhões de empre-
sas abertas e fechadas.
Especialistas lembram que os
movimentos de investimento va-
riam segundo o setor — empresas
de consumo seguram gastos, mas
de áreas como telefonia e papel
têm anunciado desembolsos
maiores. Mas isso ocorria antes de
o risco fiscal subir dias atrás.
“Já podemos ver empresas que
planejavam gastos maiores fa-
da floresta e de diferentes tipos
de fibra — celulose de fibra longa,
curta, pasta mecânica — para os
derivados da madeira, e de geo-
grafias (via exportação), já são
fortalezas do negócio. Mas não
está nos planos da Klabin ampliar
operações industriais no exterior,
além da fábrica de sacos indus-
triais na Argentina, no curto ou
médio prazos. “A companhia está
condenada a crescer, assim como
as demais do setor. Mas aqui”, dis-
se, em entrevista ao Valor.
Fundada há 125 anos, a Klabin
é uma das poucas empresas bra-
sileiras a chegar e superar o pri-
meiro centenário. Para Piva, resi-
liência e obstinação levaram a
companhia a alcançar essa mar-
ca, em um país que não é visto co-
mo fácil para o empreendedoris-
mo. “A família sempre teve um
compromisso enorme com per-
petuidade. Além disso, há o fator
sorte, que é o cruzamento de
oportunidade com competên-
cia”, afirmou. Com 630 mil acio-
nistas atualmente, a companhia
é um dos expoentes em sócios
pessoa física no mercado brasi-
leiro, e teve de ajustar sua comu-
INÊS249
ROGERIO VIEIRA/VALOR
lando em refazer a rota, e uma
chiadeira maior de empresários
em jantares e conversas privadas
desde a semana passada. Dívida
pública maior só gera inflação e
afeta confiança”, disse um em-
presário do setor bens de capital,
nesse mercado desde 1972.
O levantamento de Moura ain-
da mostra que piorou o indicador
que mede a relação entre despesas
e caixa aplicado em investimentos.
Esse índice atingiu 0,84 em
2023 frente a 0,80 em 2022. Equi-
vale a dizer que, enquanto a em-
presa colocou R$ 100 em investi-
mentos, os gastos em juros para
financiar o crescimento passou
de R$ 80 para R$ 84.
O índice geral foi calculado
dentro de uma mediada dos in-
dicadores de cada empresa, de
forma a eliminar valores extre-
mos e distorções.
O estudo não considera institui-
ções financeiras e inclui Petrobras
e Vale, mas ao se desconsiderar as
duas empresas, foram R$ 272,3 bi-
lhões em despesas financeiras em
2023 — superior aos R$ 227,8 bi-
lhões em investimentos.
Na avaliação de Eliseu Martins,
nicação a esse público tão difuso.
Para Piva, isso trouxe ainda mais
responsabilidade. “Temos de bus-
car a melhor combinação de efi-
ciência operacional, agilidade nas
decisões e olhar no longo prazo”. O
empresário vê espaço para cresci-
mento orgânico da Klabin, tam-
bém por meio da aposta em inova-
Marketing
Agências de
publicidade
estão mais
atentas aos povos
indígenas B6
professor titular e emérito da
FEA/USP, e membro convidado
do Comitê de Procedimentos
Contábeis (CPC), as despesas fo-
ram pressionadas pela escalada
dos juros, e só não cresceram
mais porque, para escapar da al-
ta, as empresas reorganizaram as
dívidas, buscando financiamen-
tos atrelados a taxas pré-fixadas,
e até a índices como inflação.
“Quando a Selic estava a 2% ao
ano em 2020, os grupos cientes de
que isso não se sustentaria trataram
de fugir da Selic”, disse Martins.
“Mas tem muito empréstimo
ainda em moeda estrangeira, e
que agora, com o dólar em alta,
isso volta a preocupar caso câm-
bio se mantenha pressionado pe-
lo cenário de incerteza global”.
O impacto de dólar para as
empresas é contábil, e não caixa,
e sentido por empresas sem hed-
ge cambial. A divisa acumula va-
lorização de 3,67% em abril e de
7,13% em 2024.
Embora a Selic tenha caído
após agosto de 2023, as compa-
nhias “carregaram” no balanço o
pico da taxa, em 13,75%, em 2022
e boa parte do ano passado.
O efeito positivo do recuo dos
juros veio mesmo após o quarto
trimestre de 2023. Hoje, a Selic
está em 10,75% ao ano.
Pelos dados coletados, Moura
verificou que o peso dos investi-
mentos na receita total dos grupos
entre 2022 e 2023 caiu, mas a par-
ticipação das despesas na receita
manteve-se estável.
“As companhias abertas gasta-
ram soma maior com juros do
que com investimentos em 2023,
e foi algo causado mais pelo re-
cuo no investimento do que por
uma alta nos desembolsos com
juros e encargos, que já estava
elevado”, afirmou Moura.
Nas despesas estão juros, im-
postos e gastos na contratação de
linhas. Os investimentos incluem
pagamento de aquisições, apli-
cações financeiras, recursos de
ção, mas não descarta potenciais
aquisições. “Somos muito focados
em papel e embalagem. Há opor-
tunidades dentro do nosso merca-
do, tanto para exportação quanto
para mercado interno”, disse.
No caso de potenciais fusões e
aquisições, disse que não faz senti-
do trazer para o balanço margens
ANA PAULA PAIVA/VALOR
Sucessão
Acionistas
avaliam entrar
na Justiça contra
ex-conselheiro
da Vale B7
As empresas e o efeito dos juros
Despesa sobe e investimento não cresce, em empresas abertas*
Despesas financeiras
(R$ bilhões)
400
306,8
325 283,6
250
175
2022 2023
Desempenho operacional das companhias
Receita cresce, mas lucro sente piora, em empresas de capital aberto (**)
Receita líquida
(R$ trilhões)
4
3,47
3,32
3 12
2
1
2022 2023
Fonte: André Moura (FGV/EAESP) e Valor Data. (*) Considera apenas empresas não financeiras (**) Inclui as empresas
não financeiras(excluí Petrobras, Vale e algumas companhias em recuperação judicial ou que deixaram essa condição
recentemente)
venda de negócios, entre outros.
Outro levantamento, realiza-
do pela equipe do Valor Data
com as empresas abertas, mostra
o efeito da alta das despesas fi-
nanceiras líquidas no resultado
final das companhias.
Pelos números, que excluem
Petrobras, Vale e companhias em
recuperação judicial, essas despe-
sas subiram 25% no ano passado,
e ao mesmo tempo, o lucro líqui-
do caiu 12% — passou de R$ 213
bilhões para R$ 186 bilhões.
Houve recuo no resultado final
mesmo com as despesas operacio-
nais (que também afetam lucro)
subindo pouco, cerca de 5%, perto
da inflação do período. Foi apenas
no quarto trimestre que o gasto
com juros deu trégua, com queda
sobre o ano anterior.
As expectativas dos analistas de
bancos é que a hipótese de um re-
cuo mais lento da Selic, e a valori-
zação do dólar frente ao real volte
para a discussão nas teleconferên-
cias dos resultados do primeiro tri-
mestre das empresas, que começa-
ram na semana passada.
É uma forma de medir a tempe-
ratura dos grupos em relação aos
dois temas, e a questão já foi levan-
tada na primeira publicação de re-
sultados das empresas abertas, da
fabricante de máquinas Romi, na
quinta-feira (18).
menores do que as obtidas com as
operações atuais, o que acontece-
ria com a compra de ativos simila-
res no exterior. “Não há razão para
cedermos às tentações”.
Na última década, foram
R$ 34,67 bilhões investidos em
ampliação de capacidade, flores-
tas e manutenção, o maior ciclo de
investimentos da história. E uma
nova rodada de crescimento em
discussão. O foco está em cresci-
mento orgânico, mas fusões e
aquisições, se oportunas, não es-
tão descartadas. Ampliação da
produção de celulose, em particu-
lar fluff, usada em fraldas geriátri-
cas, e novas capacidades de papel
reciclado e sacos industriais estão
no plano estratégico até 2030.
Olhando mais à frente, para a
próxima década, a companhia já
“A companhia está
condenada a
crescer, como suas
pares. Mas aqui”
Horácio Lafer Piva
Sanidade
Gripe aviária
chega ao leite,
mas dúvidas
sobre riscos
permanecem B8
Caixa aplicado em investimentos
(R$ bilhões)
400
350
299,2 298,7
300
250
2022 2023
Margem operacional Lucro líquido
(ebit) (%) (R$ bilhões)
15 250
12,2 213,2
11,4 186,8
200
9 150
6 100
3 50
2022 2023 2022 2023
Perguntado sobre a mudança
no cenário de juros e dólar após o
adiamento na meta fiscal, o dire-
tor-presidente da companhia, Luiz
Cassiano Rosolen, afirmou que a
alta da Selic teria impacto direto
no humor de seus clientes.
O executivo ainda disse que,
num cenário de investimentos
contraídos no setor, o seu negócio
de aluguel de máquinas cresce —
operação foi lançada após a crise
da pandemia, em 2020. “Quando o
cliente não está confortável em fa-
zer um investimento na compra de
máquinas, tem a opção do alu-
guel”, disse. Os pedidos de locação
de máquinas subiram 129% de ja-
neiro a março, frente a 2023. No
ano passado, a alta foi de 34%.
Dá para esperar que esse debate
ganhe corpo maior, entre os ana-
listas e as companhias, nos seg-
mentos mais dependentes de cré-
ditos, e sensíveis às variações no
ambiente de confiança — como in-
dústrias de consumo e as varejistas
de eletrônicos e de tecnologia.
R$ 600
bilhões é o total da
dívida corporativa
no Brasil
começou a investir em base flores-
tal para garantir suprimento adi-
cional de fibra. Com 4,6 milhões de
toneladas anuais de capacidade
entre celulose, papéis e embala-
gens, a Klabin poderá dobrar de ta-
manho mais uma vez, nos próxi-
mos 10 ou 15 anos, com produtos
focados em mercados de nicho
mas de alto valor agregado. “É pos-
sível não só dobrar de tamanho,
mas acrescentar mais valor agre-
gado com base em múltiplos tipos
de fibra”, disse o diretor-geral Cris-
tiano Teixeira. Se o plano for cum-
prido, o grupo deve chegar a 5,98
milhões de toneladas anuais em
capacidade em 2028 e cerca de 6,1
milhões de toneladas em 2030.
Para a presidente do conselho
de administração, Amanda Kla-
bin Tkacz, coragem é a primeira
qualidade da companhia. “A Kla-
bin é uma empresa corajosa e
guarda isso de forma muito viva
em sua história. Depois vem resi-
liência: quantos ciclos macro e
microeconômicos, guerras e cri-
ses enfrentou”, disse. “Mas é tam-
bém uma empresa que tem o pla-
nejamento de longo prazo como
visão estratégica de negócio”.
B2 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Empresas Carreira
Entrevista O autor Charles Duhigg explica como
líderes podem criar melhores conexões prestando
atenção e fazendo perguntas mais profundas
‘Um supercomunicador
pode ser também uma
pessoa introvertida’
Stela Campos
De São Paulo
Gastamos muito tempo ten-
tando impressionar a outra pes-
soa sobre o quão inteligentes so-
mos, tentando fazer perguntas
eloquentes quando, na verdade,
perguntar algo simples, baseado
no que a outra pessoa está con-
tando, pode destravar uma con-
versa e promover uma conexão
muito mais interessante. Um “su-
percomunicador” é, acima de tu-
do, um bom ouvinte. E, para se
tornar um, não é preciso ter um
dom especial, mas desenvolver
algumas habilidades básicas, co-
mo entender que tipo de conver-
sa está acontecendo ou qual a que
a outra pessoa quer ter, se é mais
prática, emocional ou social.
É sobre como desenvolver essas
competências que o ex-jornalista
do “New York Times” Charles
Duhigg trata em seu novo livro
“Supercomunicadores” (editora
Objetiva). O autor do best-seller “O
poder do hábito” traz exemplos
práticos e científicos sobre as van-
tagens de ter uma comunicação
mais eficaz na vida e no trabalho.
Ele explica como as conexões neu-
rais se formam à medida que co-
meçamos um entendimento
maior com o outro. “Nosso cérebro
anseia por isso”, diz. Para o líder,
ele ressalta que a comunicação é a
parte mais importante do traba-
lho. A seguir, os principais trechos
de entrevista concedida ao Valor:
Valor: Qual é a principal habili-
dade que um supercomunicador
precisa desenvolver?
Charles Duhigg: Acho que há
algumas habilidades básicas, e
todas elas têm o mesmo objetivo,
que é ajudá-lo a pensar sobre co-
mo ter uma comunicação mais
profunda, mostrando para a ou-
tra pessoa que você quer se co-
nectar com ela. Acho que a coisa
mais importante é fazer mais
perguntas. E, como repórteres,
sabemos o quão valiosas e pode-
rosas as perguntas podem ser, es-
pecialmente quando as pessoas
aprendem a fazer perguntas
mais profundas, que exploram
valores, crenças ou experiências
de alguém. É uma forma de con-
vidá-las a compartilhar quem
são e como veem o mundo, e isso
pode ser realmente poderoso.
Valor: O senhor falou da impor-
tância de fazer boas perguntas e eu
estava pensando se é possível pres-
tar atenção na mensagem de quem
está falando e ir formulando uma
pergunta ao mesmo tempo.
Duhigg: Há uma boa técnica
para isso, que é a busca por en-
O bônus
individual e o
negacionismo
corporativo
Banda
Executiva
Marcelo Cardoso
tendimento em três etapas. A pri-
meira é fazer uma pergunta. En-
tão, quando alguém responde a
essa pergunta, você não precisa
fazer outra pergunta, você pode
apenas resumir o que ouviu em
suas próprias palavras, como “o
que eu entendi é...”. Essa é a se-
gunda etapa, e a terceira é per-
guntar “entendi certo?”. Isso é
tão fácil de fazer, não precisamos
pensar nisso enquanto a outra
pessoa está falando. É algo que,
apenas prestando muita aten-
ção, podemos descobrir, fazer es-
sa busca por entendimento. Eu
acho que às vezes pensamos em
boas perguntas como sendo per-
guntas eloquentes. Mas não são.
Uma boa pergunta é apenas uma
pergunta interessante. Assim,
gastamos menos tempo nos
concentrando em ser eloquen-
tes ou tentando impressionar a
outra pessoa com o quão inteli-
gentes somos. Se apenas ouvir-
mos atentamente e perguntar-
mos a coisa mais curiosa que nos
ocorrer, acho que a pessoa vai
gostar disso e você também.
Valor: A neurociência, como
mostra em seu livro, pode identi-
ficar as conexões que acontecem
durante uma conversa. Como isso
funciona?
Duhigg: Neste momento, nesta
conversa, mesmo que estejamos,
sei lá, a milhas de distância, se pu-
déssemos medir, veríamos que
nossos olhos estão começando a
dilatar na mesma taxa e nossos
padrões de respiração estão co-
meçando a se igualar. Isso é ape-
nas parte da comunicação, mas o
mais importante é que, dentro de
nossos cérebros, estamos come-
çando a pensar cada vez mais um
no outro. Se eu descrevo uma
emoção para você, ou te conto
uma ideia, você realmente expe-
rimenta essa emoção, essa ideia.
A comunicação, na verdade, é so-
bre isso. Sobre aproximar nossos
cérebros, o que os neurocientis-
tas chamam de “entendimento
neural”. É quando nos comunica-
mos uns com os outros, e real-
mente começamos a pensar co-
mo os outros. É aquela sensação
“Características de
personalidade
importam menos
do que aprender
algumas
habilidades
básicas”
M
esmo tendo
registros
confiáveis
sobre a
curvatura da
terra desde a Grécia Antiga,
inclusive com cálculos
bastante consistentes da sua
circunferência, passamos mais
de 2 mil anos e ainda
hoje, em plena era da
informação, nos deparando
com movimentos negacionistas
que insistem na tese da Terra
Plana, muitas vezes criando
um contorcionismo intelectual
enorme para sustentar
uma crença falsa arraigada.
O mundo corporativo
também tem o seu próprio
negacionismo, e de forma
ainda mais arraigado e
abrangente: a tese da
remuneração com bônus por
meta individual, meritocrático.
Acreditar que seja possível
alguém ter motivação
e produzir resultados
corporativos individualmente,
quando tudo o que acontece
INÊS249
de conexão, de entendimento.
É por isso que uma boa conver-
sa é tão satisfatória, porque
nosso cérebro anseia por isso.
Valor: No livro, o senhor descreve
três tipos de conversas. Poderia ex-
plicar como podemos reconhecer
ou descobrir qual tipo de conversa
está acontecendo?
Duhigg: Toda discussão que te-
mos é composta de vários tipos
de conversas e, em geral, esses ti-
pos de conversas tendem a se en-
caixar em um dos três grupos. Há
conversas práticas, onde estamos
falando sobre fazer planos ou re-
solver problemas juntos. Há con-
versas emocionais, quando digo
o que estou sentindo e não quero
que você resolva meus sentimen-
tos, só quero que você tenha em-
patia e entenda. E então, há con-
versas sociais, que são sobre co-
mo nos relacionamos uns com os
outros, é sobre a sociedade, as
identidades sociais que são im-
portantes para nós. Para ter uma
boa conversa, temos que estar
tendo o mesmo tipo de conversa
naquele momento. Temos que
mudar de uma conversa para ou-
tra juntos. Muitas vezes, a manei-
ra como reconhecemos que tipo
de conversa está ocorrendo é fa-
zendo perguntas profundas.
Imagine, por exemplo, que eu co-
nheça alguém que é médico. Em
vez de perguntar “onde você se
formou em medicina?”, eu per-
gunto: “o que fez você decidir se
tornar um médico?”. Essa é uma
pergunta profunda. Ela o convi-
da a me contar algo sobre sua ex-
periência. Essa mesma pessoa,
dependendo do estado de espíri-
to em que esteja, pode responder
de maneiras diferentes. Ela pode
dizer: “me tornei um médico
porque queria um emprego está-
vel e sabia que sempre haveria
trabalho para médicos”. OK, essa
é uma pessoa em um estado de
espírito prático. Ela quer ter uma
conversa prática. Mas essa mes-
ma pessoa, em outro momento,
poderia dizer: “me tornei um mé-
dico porque vi meu pai adoecer e
queria fazer parte das pessoas
que curam”. Isso é uma conversa
muito mais emocional, alguém
falando sobre um estado de espí-
rito diferente. Se apenas ouvir-
mos atentamente após fazer-
mos uma pergunta profunda,
muitas vezes as pessoas nos di-
rão que tipo de conversa que-
rem. Então, podemos combiná-
las ou convidá-las a combinar.
Valor: Você só precisa fazer as
perguntas certas e ouvir atenta-
mente para entender que tipo de
conversa a pessoa quer ter?
Duhigg: Sim, e perguntas pro-
na organização é fruto de
esforço coletivo. Não há nada
mais anacrônico e ainda tão
“na moda” nas empresas.
Temos ao menos duas grandes
distorções sobre esse tema.
Primeiro, é a tentativa de gerar
motivação a partir de objetivos
externos. Dave Snowden,
especialista em gestão na
complexidade diz que toda vez
que criamos metas extrínsecas
para as pessoas destruímos a
motivação intrínseca. Quando
trabalhamos em sistemas
adaptativos complexos, como as
nossas organizações, as metas
criam uma visão de túnel que
entorpece a capacidade do
sistema se adaptar conforme as
mudanças de contexto. O melhor
é definir metas vetoriais coletivas
que direcionam, em múltiplos
pequenos experimentos
em torno de hipóteses
coerentes, para descobrir o que
funciona e então ampliar.
A segunda é o que já foi dito
sobre a natureza colaborativa
do trabalho organizacional.
Duhigg diz que uma pergunta mais profunda é um convite para que as pessoas compartilhem quem são e seus valores
fundas. Especialmente para nós,
repórteres, que temos orgulho
de nossa capacidade de fazer per-
guntas, achamos que as pergun-
tas certas são perguntas muito
inteligentes. Mas, às vezes, as me-
lhores perguntas são perguntas
bobas. Sabemos disso, às vezes
você faz uma pergunta e pensa:
“eu nem sei qual é a pergunta
certa a fazer”, como “me conte so-
bre essa coisa interessante” e isso
pode levar a algo muito valioso.
Valor: Alguém que fala muito, é
extrovertido, tende a ser um melhor
comunicador?
Duhigg: Não. É interessante
que quando comecei a escrever
este livro, pensei a mesma coisa,
que supercomunicadores seriam
charmosos ou extrovertidos.
Mas, na verdade, os dados mos-
tram que há uma distribuição, al-
guns supercomunicadores são
extrovertidos e alguns são intro-
vertidos. Alguns são charmosos
e outros não. As características
de personalidade importam
muito menos do que aprender
algumas habilidades básicas.
Valor: Pensando no mundo cor-
porativo, a comunicação é conside-
rada uma competência essencial
hoje. O que o senhor acha que um lí-
der deve praticar em sua rotina pa-
ra se comunicar melhor?
Duhigg: Acho que, em primei-
ro lugar, os líderes devem reco-
nhecer que a comunicação é o
trabalho mais importante deles.
Acho que eles precisam fazer
mais perguntas. Como líder,
muitas vezes você está dando
conselhos e aconselhamentos,
mas às vezes o melhor que você
pode fazer é uma pergunta pro-
funda que permita às pessoas
pensarem sobre o problema de
uma nova maneira, ou fazer per-
guntas que permitam às pessoas
Insistir em premiar por meta
individual quando há uma
co-dependência essencial entre
indivíduos e times é a receita
da canibalização e da corrosão
da segurança psicológica,
que é a base da colaboração
e inteligência coletiva. As
dinâmicas de poder e a
competição predatória ganham
força e bombeiam o sistema com
ressentimento e desconfiança.
De Jeffrey Pfeffer a Daniel
Pink, de Martin Seligman a
John Vervaeke, muitos
especialistas estão dedicados
no entendimento de como
funcionamos como grupos,
como criamos significado
compartilhado e nos
engajamos em colaboração, e
os mecanismos pelos quais nos
motivamos. E as evidências
demonstram que existem
mecanismos de incentivo
muito mais intrínsecos e
fundamentais do que os
praticados normalmente,
são abundantes e taxativos.
E não é nem preciso acreditar
compartilharem suas preocupa-
ções, dúvidas ou medos. Isso po-
de ser muito poderoso. Acho
que a coisa mais importante é
começar a praticar essas habili-
dades básicas. Não são coisas so-
fisticadas. Se você praticar e trei-
nar, se torna muito mais fácil se
conectar com as outras pessoas.
Valor: Apenas praticando qual-
quer pessoa pode se tornar um su-
percomunicador?
Duhigg: Certamente. Como se-
res humanos, passamos muito
tempo em nossas vidas sendo en-
sinados a nos comunicar. Come-
çamos a aprender a falar desde a
tenra idade. Passamos o resto de
nossas vidas praticando. E sim, é
verdade que se você quiser
aprender a tocar piano, é uma
ótima ideia fazer algumas aulas
de piano. Mas a verdade é que a
coisa mais importante que você
pode fazer para aprender a tocar
piano é sentar e tocar piano. É a
mesma coisa com a comunica-
ção. Existem truques e dicas que
você pode aprender, mas no fim
do dia, se você quiser se tornar
um supercomunicador, o que
precisa fazer é praticar. Comece a
fazer perguntas profundas. Co-
mece a prestar atenção nas pes-
soas e mostre a elas que você se
importa com o que elas têm a di-
“A comunicação é
sobre aproximar
nossos cérebros, o
que neurologistas
chamam de
entendimento
neural”
no que esses especialistas dizem...
temos a experiência prática
dos próprios executivos seniores
do C-level e conselheiros, que
alcançaram o topo possível
de suas carreiras: quando
perguntados, dizem que seus
grandes momentos não foram
motivados pela perspectiva
da meta individual estabelecida,
mas quando o que
fizeram fazia sentido, tinha
significado intrínseco.
O curioso é que esses mesmos
líderes, ainda assim, recorrem
a essa mentira persistente
dos modelos de incentivo
tradicionais de bonificação
individual que não só são
contraproducentes, mas até
destrutivos. Nada mais
negacionista do que isso.
Movimentos atuais como
“desistência silenciosa” e outros
que ocorrem no trabalho
demonstram que aquilo que
parecia funcionar não está mais
parecendo, sobretudo para as
novas gerações de profissionais.
Então, até quando as corporações
DIVULGAÇÃO
zer. Se fizer isso, vai se surpreen-
der o quão rapidamente se tor-
nará um supercomunicador.
Valor: Você poderia dar um
exemplo de como alguém pode pra-
ticar isso em sua rotina?
Duhigg: Uma coisa que você
pode fazer é simplesmente co-
meçar a prestar mais atenção às
pessoas. Muitas vezes, nos encon-
tramos em situações onde as pes-
soas estão falando conosco e es-
tamos pensando em outra coisa.
Temos essas vozes em nossas ca-
beças. Estamos planejando o que
vamos dizer a seguir. Uma das
coisas que eu tento fazer é apenas
desligar essa voz na minha cabe-
ça. E quando estou conversando
com alguém, estou tentando ou-
vi-lo. Não estou planejando o
que vou dizer a seguir. Muitas ve-
zes, quando as pessoas terminam
de falar, você está surpreso com o
quão fácil é fazer uma pergunta
sobre algo que elas disseram. Ou-
tra coisa que você pode fazer é
simplesmente começar a fazer
mais perguntas profundas. Elas
são um pouco difíceis de fazer no
começo, mas uma vez que você
começa, é muito mais fácil. En-
tão, em vez de perguntar “como
foi seu dia?”, você pode pergun-
tar “qual foi o momento mais
emocionante do seu dia? O que
aconteceu de mais interessante?
O que você mais aprendeu ho-
je?”. Essas perguntas profundas
convidam as pessoas a comparti-
lharem algo sobre si mesmas e
sobre o que lhes é importante. E
você ficaria surpreso com o
quão rapidamente você pode se
conectar com as pessoas se co-
meçar a fazer essas perguntas
profundas. Começamos a prati-
car, cometemos erros e aprende-
mos com esses erros, e de repen-
te, ficamos muito bons nisso.
insistirão nessa lógica que mata o
melhor das pessoas e times?
Quando a força gravitacional
das organizações negacionistas
se esvair completamente,
restará em torno delas uma
espécie de apocalipse zumbi
desvitalizado e triste. Dos
seus escombros e fissuras,
poderemos ver que algo
novo está brotando: novos
arranjos coletivos orientados
por significado e colaboração
autêntica, onde pessoas
respiram aliviadas um novo
ar, pois não há mais
necessidade de “crachás” com
nomes bonitos de cargos,
nem privilégios para se
competir, nem egos feridos
para se contornar. Pois já não
compram mais a ideia de
uma terra plana corporativa, e
estão ávidos por trabalhar em
conjunto por algo que traga
benefícios reais para o todo.
Marcelo Cardoso é fundador da
consultoria Chie e presidente do Instituto
Integral Brasil

Empresas
Varejo Daqui para frente, atenção do mercado se
volta ao valor das sinergias, à sobreposição de
lojas em SP e à integração de culturas diferentes
Os ganhos e os desafios da
fusão entre Petz e Cobasi
Adriana Mattos
De São Paulo
A provável fusão entre Petz e Co-
basi, que assinaram memorando
de entendimento não vinculante
para evoluir nas negociações, tem
acertos óbvios, na visão do merca-
do, e com boas chances de funcio-
nar se as partes conseguirem avan-
çar em desafios que devem apare-
cer logo mais à frente.
Apesar da percepção positiva,
gestores e analistas ainda aguar-
dam definições fundamentais,
como total de sinergias e nível de
sobreposição de lojas, para ver o
tamanho do ganho — e do traba-
lho a ser feito.
O memorando foi anunciado
na sexta-feira (19), e se o acordo
evoluir, será criada a maior rede
de “pet” do país, com 483 lojas,
receita bruta de R$ 6,9 bilhões e
lucro antes de juros, impostos,
amortização e depreciação (Ebit-
da ajustado) de R$ 464 milhões,
pelos dados de 2023.
Em comunicado a empregados,
a Petz disse que espera concluir a
transação no prazo de 8 a 12 me-
ses. Para analistas, na sexta-feira, o
CEO da Petz, Sérgio Zimerman, fa-
lou em unir forças para estancar
uma “guerra” que “sangra” as em-
presas — trata-se da competição
com os sites chineses e com o mer-
cado informal de lojas físicas.
Daqui para frente, tem peso
grande nesse processo a definição
de um DNA único para duas em-
presas, hoje com culturas diferen-
tes, e capacidade de se entenderem
nas tomadas de decisões entre di-
retoria e conselho de administra-
ção — órgãos a serem liderados pe-
la atual presidência da Cobasi e da
Petz, respectivamente.
As redes gostam de se referir à
união de Raia Drogasil (RD), em
2011, como modelo a seguir — e
tem razão na citação, em conversas
com analistas — mas mesmo ali, foi
preciso uma dose de amadureci-
mento para que impasses em deci-
sões estratégicas (que vão surgir
com Petz e Cobasi), não atrapa-
lhassem os planos de crescimento.
“Quando o assunto vazou no
mercado um ano atrás, pelos cor-
redores da Cobasi, falavam que a
chance era quase zero. Que a famí-
lia [Nassar, com 89,5% da Cobasi]
só aceitaria se fossem ser controla-
dores. Poderia ser só para despis-
tar, mas quase ninguém acreditava
que isso sairia porque eles são
muito diferentes”, disse um execu-
tivo próximo da família.
O consultor Alberto Serrentino,
CEO da Varese Retail, lembra que a
Cobasi é um negócio dos irmãos
Paulo, Ricardo e João Nassar, com
um “vínculo emocional grande”
com a rede, criada em 1985, a par-
tir de uma loja agropecuária. “Esse
é o negócio da vida deles.”
Já Petz, fundada por Zimerman,
surgiu há apenas duas décadas e
dominou certas praças porque viu
uma oportunidade, e de forma
competente, disse o consultor, ga-
nhou mercado inclusive em cima
da Cobasi em certas regiões. Zi-
INÊS249
merman chegou a se oferecer para
abrir uma franquia da Cobasi
quando analisava a entrada no se-
tor, mas um gerente de loja disse à
época que não havia interesse.
“A tese da fusão é irretocável pe-
las inúmeras vantagens, como ga-
nhos logísticos e comerciais, na
compra da indústria, mas a har-
monização das culturas é desafia-
dora, e não a diferença nas perso-
nalidades entre Sérgio e Paulo”,
disse Serrentino. Zimerman é mais
arrojado e “vocal”, enquanto os
Nassar são “low profile” e adota-
ram gestão conservadora.
As redes entendem que não se
trata de debater estilos diferentes,
mas de ter capacidade de montar
uma proposta única de crescimen-
to — na imagem acima, inclusive,
pediram para tirar fotos com as ca-
misas invertidas para mostrar essa
“unidade”. “Teremos governança
estruturada, com os membros no
conselho e os comitês para que a
gente tenha capacidade de relacio-
namento e cabeça alinhada de ge-
“Houve um processo
de desprendimento,
de oxigenação com a
entrada da Kinea, em
2021. Isso mudou a
cabeça da família”
Paulo Nassar
Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Após quatro tentativas de acordo entre Paulo Nassar (à esq.) e Sérgio Zimerman, fusão põe fim à ‘guerra’ e sela paz
ração de valor”, disse Zimerman.
“Eu já dizia aos 48 anos que queria
sair ao 60 anos [do dia a dia]. Saio
um pouco antes, mas já tinha isso
dentro de mim bem resolvido. Eu e
os irmãos [Nassar] temos ótima re-
lação”, disse ao Valor.
Paulo Nassar, questionado so-
bre as resistências da família nas
conversas anteriores (foram pelo
menos quatro tentativas após
2019) disse que o entendimento
mudou. “A família passou por um
processo de desprendimento, de
oxigenação quando a Kinea en-
trou, em 2021, e isso mudou nossa
cabeça, junto com a fase da nossa
vida, já mais maduros hoje”.
Na fusão, cada rede terá 50% da
nova companhia, sendo que Zi-
merman terá 14,9% das ações, e no
mercado ficam 35,1%. Na família
Nassar, se a posição atual de cada
acionista na Cobasi for mantida, os
irmãos ficariam com 44,8%, a Ki-
nea, 3,9%, e os outros sócios, 1,3%.
A Cobasi vai pagar R$ 450 milhões
aos sócios da Petz como parte do
ajuste dos valores das cadeias, para
a combinação meio a meio.
O fundador da Petz poderá indi-
car quatro membros ao colegiado
e os Nassar e a Kinea, outros cinco,
num total de nove, já incluindo
nessa conta os membros indepen-
dentes. A empresa estará no seg-
mento de Novo Mercado da B3.
Segundo Nassar, a oferta públi-
ca inicial de ações (IPO, da sigla em
inglês) da Cobasi estava pronta pa-
ra quando a janela de mercado
surgisse, mas sem ambiente para a
volta dos IPOs, o caminho para o
plano de expansão veio pela fusão.
O Valor apurou que um dos en-
traves para o acordo era a defini-
ção do “valuation” da Petz, e com o
entendimento conjunto pelos
R$ 7,10 por ação (o dobro dos
R$ 3,50 fechados na quinta-feira,
antes do anúncio), as conversas
destravaram em 15 dias. Após o co-
municado, o papel subiu 37%, fe-
chando em R$ 4,80 na sexta-feira.
Até março, a fusão andava de la-
do, como o Valor noticiou no co-
meço deste mês. A última vez que
Nassar e Zimerman tinham se en-
contrado para tratar do assunto
havia sido em outubro de 2023.
Depois disso, Claudio Ely, mem-
bro do conselho da Petz (ex-Dro-
gasil), e Cristiano Lauretti, do pri-
vate equity da Kinea, passaram a se
encontrar sozinhos — Zimerman e
Nassar saíram das conversas, dei-
| Valor | B3
GABRIEL REIS/VALOR
xando na mesa um alinhamento,
que evoluiu para o desenho atual.
Outro ponto levantado por ana-
listastemrelaçãocomosdesafiosfu-
turos, caso a união avance. Em rela-
tório, a equipe do BTG disse que o se-
tor“pet”continuamuitofragmenta-
do.Eessacompetiçãoforte,inclusive
com informais, continuará a afetar
margens. Para a Cobasi, porém, os
ganhos de sinergia “enormes” se tra-
duzirão em maior rentabilidade.
Otemadasinergiaépontounâni-
me entre analistas, mas Nassar e Zi-
merman descartam aquisições de
negócios menores num setor pulve-
rizado, para ampliar ganhos no cur-
to prazo. “Há muita informalidade.
O caminho da consolidação será pe-
la abertura de lojas”, disse Nassar.
Analistas do Citi e XP ainda cha-
mam a atenção para eventuais exi-
gências do Cade, o órgão antitruste,
para venda de lojas em São Paulo, o
mais rentável — pouco menos de
50% das vendas de cada rede vem do
Estado. Apesar disso, as redes veem
“chance zero” de um “remédio
amargo”. “Raia e Drogasil tinham lo-
jas lado a lado e não tiveram muito
‘remédio’ [imposições]. Se tivermos,
serão de lojas que, se fechadas, não
afetam o negócio”, disse Zimerman.
B4 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Empresas
Alimentação fora do lar Marcas regionais e nacionais abrem novas
unidades; empresas do setor ainda enfrentam crise financeira
Redes de restaurantes voltam
a expandir, após pandemia
Helena Benfica
De São Paulo
Redes de bares e restaurantes
estão expandindo no país, en-
quanto empresas do setor ainda
enfrentam dificuldades na ope-
ração — incluindo importantes
marcas, como Subway e Starbu-
cks, da gestora SouthRock. O mo-
vimento, que contempla grupos
regionais e nacionais, soma in-
vestimentos da ordem de R$ 140
milhões, resultando em cerca de
80 novas unidades pelo país.
O grupo Alife Nino, por trás do
Nino Cucina, Boteco Boa Praça e
Tatu Bola, que tem a XP Investi-
mentos como investidor, planeja
20 aberturas, priorizando restau-
rantes em shoppings centers. Já a
Companhia Tradicional do Co-
mércio, dona da pizzaria Bráz, Pi-
rajá e outras dez marcas, preten-
de abrir cerca de 6 novas lojas, a
maioria na capital paulista.
A joint venture formada pelas
empresas Antaris Franchising e
Foods Brands, que opera 12 mar-
cas incluindo a hamburgueria
Johnny Rockets, prevê 25 novos
pontos até o fim do ano. Dos
“players” multinacionais, os pro-
jetos de expansão da Bloomin’
Brands Brasil, que controla o Out-
back, e da Taco Bell somam R$ 136
milhões para 55 novas unidades.
O segmento de cozinha autoral
terá uma nova marca, o “A Brasi-
leira”, empreitada de Janaína Tor-
res, eleita este ano a melhor chef
mulher do mundo pelo 50 Best,
prestigiado ranking da gastrono-
mia. Ela conta que o empreendi-
mento será focado na comida
brasileira com pratos inspirados
em todas as regiões do país. Fruto
de um investimento de R$ 5 mi-
lhões, a inauguração do novo es-
paço está prevista para 2025.
O local certo ainda não foi defi-
nido, mas a chef conta que será
no centro de São Paulo, onde es-
Movimento falimentar
Falências Decretadas
Empresa: Jhuly Empreendimentos e Participa-
ções Ltda. - CNPJ: 02.613.683/0001-88 - Endereço:
Rua José Dos Reis, 107, Sala 01, Bairro Parque da Vila
Prudente - Administrador Judicial: O Mesmo Dos Au-
tos Principais, Dr. Alder Macedo de Oliveira - Va-
ra/Comarca: 1a Vara de Falências e Recuperações Ju-
diciais de São Paulo/SP - Observação: Extensão dos
efeitos da falência da empresa MJK Empreendimen-
tos e Participações Ltda.
Processos de Falência Extintos
Requerido: Apetece Sistemas de Alimentação
S/A - CNPJ: 60.166.832/0001-04 - Endereço: Av.
Guido Aliberti, 4297, Sala 01, Bairro Mauá, São Cae-
tano do Sul/sp - Requerente: Atacadista Kingfood
Produtos Alimentícios Ltda. - Vara/Comarca: 1a Vara
Regional de Competência Empresarial e de Conflitos
Relacionados À Arbitragem da 1ª, 7ª e 9ª Rajs/SP -
Observação: Desistência homologada.
Requerido: Avel Apolinário Veículos S/A - CNPJ:
59.148.452/0001-68 - Endereço: Rua Campos Sales,
167, Sala 207, Bairro Vila Bocaina, Mauá/sp - Reque-
rente: Camila de Souza Campos - Vara/Comarca: 1a Va-
ra Regional de Competência Empresarial e de Conflitos
Relacionados À Arbitragem Das 1ª, 7ª e 9ª Rajs/SP -
Observação: Desistência homologada.
Leilão Judicial
13ª Vara C. do F. da Capital/SP – 1ª Praça
Fazenda Cravari e Medianeira
A.T.G. 370 Ha
Loc.: Campo Novo
do Parecis/MT
Encerramento:
26/abr a partir das 14h
www.superbid.net
(11) 4950−9672
judicial@sold.com.br
Objeto: Aquisição de licenças e serviços de produtos Trellix Endpoint Security para utilização na
infraestrutura do sistema integrado de redes industriais (SIRI) e nos demais sistemas industriais
da ITAIPU.
Condição de Participação: empresa legalmente estabelecida no Brasil ou no Paraguai.
Caderno de Bases e Condições: disponível nos sites https://compras.itaipu.gov.br ou https://
compras.itaipu.gov.py.
Recebimento das Propostas: até às 9h (horário de Brasília) de 07 de maio de 2024.
Daniele Tassi Simioni Gemael
Superintendente de Compras
tão localizados todos os outros
cinco estabelecimentos coman-
dados por ela, ao lado de seus
dois sócios, incluindo os renoma-
dos O Bar da Dona Onça e A Casa
do Porco. Apesar do sucesso, Tor-
res diz que ainda não tem planos
de expansão com os negócios
atuais. Sobre a possibilidade de
se juntar a um grande grupo, a
chef afirma que está aberta a ne-
gociações que possam agregar
ao negócio no futuro.
Quem já optou por esse cami-
nho foram os grupos Alife, do-
no dos bares Eu Tu Eles, Boa
Praça e Tatu Bola, e o Nino, res-
ponsável por restaurantes co-
mo o Nino Cucina, que em 2019
se juntaram para formar o Ali-
fe-Nino. Dois anos depois, no
auge da pandemia, o grupo re-
cebeu um aporte de R$ 100 mi-
lhões do private equity da XP
com o objetivo de acelerar a ex-
pansão do negócio.
“Quando entramos era uma
rede de São Paulo e Rio de Janei-
ro que tinha cerca de 25 unida-
des. Hoje em dia estamos com
60 casas em 10 Estados”, afirma
Fábio Khan, sócio e diretor dos
fundos de private equity da XP
Asset. Nessa conta também es-
tão incluídos os estabelecimen-
tos do Grupo Irajá, dono de ba-
res como Princesa e Rainha, ad-
quirido pela Alife Nino em
abril deste ano.
Para 2024, o grupo pretende
abrir 20 novas casas, com foco
em restaurantes localizados
dentro de shoppings centers, co-
mo o Nineto. O faturamento es-
perado no ano é de R$ 700 mi-
lhões, um crescimento de 40%
em relação ao ano passado. No
que diz respeito ao plano da Ali-
fe Nino de abrir capital na bolsa,
Khan afirma que continua ali-
nhado com o timing da saída
fundo, que pode acontecer em
um horizonte de dois anos.
Recuperação Judicial Deferida
Empresa:PauloHenriqueRibeiroAlvesLtda.-CNPJ:
51.852.651/0001-40 - Endereço: Fazenda São João
Batista e Engenho Velho, Zona Rural - Administrador
Judicial: Paoli Balbino & Barros Administração Judi-
cial Ltda., Representada Pelo Dr. Otavio de Paoli Bal-
bino - Vara/Comarca: Vara Única de Perdizes/MG
Empresa: Silvana Maria Polese Herter - CNPJ:
36.689.505/0001-52 - Endereço: Loteamento Santa
Rita, S/nº, Seção a do Projeto, Zona Rural, Santa Rita do
Trivelato/mt - Administrador Judicial: Dux Administra-
ção Judicial S/s Ltda., Representada Pelo Dr. Alexan-
dry Chekerdemian Túlio - Vara/Comarca: 1a Vara de
Falências e Recuperações Judiciais de Cuiabá/MT
Homologação de Desistência de
Recuperação Judicial
Empresa: Transportadora Sanches Ltda. - CNPJ:
34.100.620/0001-14 - Endereço: Rua Antonio Au-
gusto Alvarenga, 133, Bairro Dona Julieta, Lavras/mg
- Vara/Comarca: 2a Vara Regional de Competência
Empresarial e de Conflitos Relacionados À Arbitra-
gem da 1ª, 7ª e 9ª Rajs/SP
Empresa: Transportadora Sanches Ltda., Filial -
CNPJ: 34.100.620/0002-03 - Endereço: Rua Vas-
concelos Tavares, 19, Cjto. 84, Centro, Santos/sp - Va-
ra/Comarca: 2a Vara Regional de Competência Em-
presarial e de Conflitos Relacionados À Arbitragem
da 1ª, 7ª e 9ª Rajs/SP
ID:248920
saiba mais
PREGÃO ELETRÔNICO BINACIONAL
AF 0313-24
Bruno Arnaldo Hug de Belmont V.
Superintendente Adjunto de Compras
INÊS249
ANA PAULA PAIVA/VALOR
Outro grupo que pretende vol- petitivo, um portfólio robusto e
tar a expandir em um ritmo que diverso tende a ser um diferen-
considera “saudável” é a Compa- cial. Pensando nisso, e no ga-
nhia Tradicional do Comércio. nho de escala, as marcas Anta-
Com quase 30 anos de existência, ris Franchising e Foods Brands
a empresa opera 52 estabeleci- uniram forças e assinaram um
mentos das dez marcas próprias, contrato de joint venture. Jun-
incluindo Bar Original, Pirajá, As- tas, as empresas operam um
tor, Bráz, Ici Brasserie e Lanchone- portfólio de 12 marcas de culi-
te da Cidade. A maior parte das nárias diversas, incluindo a
casas está localizada em São Pau- hamburgueria Johnny Rockets.
lo, onde o grupo é sediado, mas Atualmente são 125 lojas fran-
há unidades em Campinas, inte- queadas e o objetivo é encerrar o
rior de São Paulo, e Rio de Janeiro. ano com 150 unidades em 11 Esta-
Além de duas casas que já foram dos, e faturamento de R$ 250 mi-
abertas no início do ano, estão pre- lhões anuais. Antônio Augusto, só-
vistas outras quatro inaugurações cio da Antaris Foods Brands Fran-
para os próximos meses, a maioria chising, afirma que, além da ex-
na capital paulista. Segundo João pansão das marcas atuais, faz parte
Adas, presidente da empresa, o da estratégia trazer novas marcas
plano é abrir algo entre 15 e 20 lo- com potencial de crescimento. Janaina Torres, eleita a melhor chef do mundo, vai abrir uma nova casa em SP
jas nos próximos três anos, totali- A expansão não é exclusiva de
zando 70 unidades até 2026. “players” nacionais. A Bloomin’ em fevereiro deste ano. dos estabelecimentos informam
Questionado sobre novos en- Brands Brasil vai investir R$ 100 O impacto é maior em empre- que conseguiram fazer o reajuste
dereços, o executivo diz que não milhões para abrir 18 novas uni- endimentos de pequeno e médio acima do índice. O acumulado
faz parte da estratégia pulverizar dades do Outback — conside- porte, mas grandes companhias do IPCA da alimentação fora do
em muitas cidades ou locais dis- rando 8 que já foram inaugura- não saíram ilesas — foi o caso de domicílio entre 2019 e 2023 foi
tantes, pois isso aumentaria a das. O foco é fortalecer a presen- Starbucks e Subway, controladas 31,87%, segundo levantamento
complexidade da gestão. Mas ça em cidades que a rede ainda pela gestora SouthRock Capital. feito pelo Valor Data.
não descarta a possibilidade de não está presente, principal- Ambas entraram com pedido de “O repasse aconteceu, mas
entrar em novos mercados futu- mente na Nordeste, explica o recuperação judicial para suas quando você puxa desde a pan-
ramente, como Belo Horizonte, presidente Mauro Guardanabas- operações no Brasil. Além da demia não foi possível efetuar o
Brasília e outros municípios do si. Também está previsto um no- baixa lucratividade decorrente reajuste total dentro dos cardá-
interior de São Paulo. “Posso me vo restaurante Abbraccio em So- do fechamento temporário na pios, então as margens foram
utilizar da vantagem de ter vá- rocaba, no interior de São Paulo. pandemia, as empresas citam a comprimidas”, diz João Adas.
rias marcar para quando esco- Já a Taco Bell, inspirada na culi- impossibilidade de obtenção de Segundo o executivo, este será
lher uma ou duas novas regiões nária mexicana, deve inaugurar 15 novas linhas de crédito e um um ano de repasses mais conti-
eu me aproveitar disso”, diz. lojas este ano com um investimen- “excesso de endividamento” co- dos, assim como em 2023, uma
Diante de um mercado com- to de R$ 36 milhões. A companhia mo justificativas do pedido. vez que o mercado ainda não es-
informou que pretende chegar em Para Angelo Guerra Netto, só- tá pujante.
2030 com 200 lojas no país. cio da EXM Partners, o agravante Do lado da demanda, Ingrid
“A recuperação do Esse movimento contrasta
com a realidade de outras empre-
nesse caso foi a demora da gestão
em buscar soluções de reestrutu-
Devisate, vice-presidente execu-
tiva do Instituto Foodservice Bra-
foodservice passa sas que ainda enfrentam dificul- ração para o negócio, como um sil (IFB), afirma que apesar da re-
tomada nos últimos anos o orça-
dade para recuperar o desempe- possível M&A (fusão e aquisição,
por crescimento nho da operação desde a pande- na sigla em inglês) de marcas ou mento apertado das famílias ain-
da é o principal entrave para o
consistente da mia. O endividamento resultante
do período continua sendo um
eventual alongamento de dívi-
da. “Poderiam ter desmobiliza- consumo fora do lar. “A recupe-
economia dos principais desafios para boa
parte do setor. Segundo dados da
do algum ativo antes”, avalia.
Além das dívidas, o reajuste
ração efetiva do ‘foodservice’
brasileiro passa por crescimento
brasileira” Associação Brasileira de Bares e dos cardápios pela inflação tam- consistente da economia brasi-
Restaurantes (Abrasel), 31% das bém é um gargalo do setor. De leira, permitindo ganhos reais na
Ingrid Devisate empresas operaram no vermelho acordo com a Abrasel, apenas 9% renda das famílias”, afirma.
Agenda Tributária
Mês de Abril de 2024
Data de vencimento: data em que se encerra o prazo legal para pagamento dos tributos administrados pela Secretaria Especial da Receita Federal do Brasil.
Data de Código Período de Apuração Data de Código Período de Apuração
Vencimento Tributos Darf*/GPS** do Fato Gerador (FG) Vencimento Tributos Darf*/GPS** do Fato Gerador (FG)
Diária Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)
Rendimentos do Trabalho
Pagamento Unificado - Ret Aplicável às Incorporações Imobiliárias (IRPJ, 4095* Março/2024
CSLL, PIS/Pasep, Cofins)
Tributação exclusiva sobre remuneração indireta 2063* FG ocorrido no mesmo dia Pagamento Unificado - Regime Especial Aplicável às Incorporações 1068* ”
Rendimentos de Residentes ou Domiciliados no Exterior Imobiliárias e às Construções, ambas no âmbito do PMCMV e à Construção
Royalties e Assistência Técnica - Residentes no Exterior 0422* FG ocorrido no mesmo dia ou Reforma de Creches e Pré-Escolas (IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins)
Renda e proventos de qualquer natureza 0473* ” Regime Especial de Tributação Aplicável às Incorporações Imobiliárias e 4112* ”
Juros e Comissões em Geral - Residentes no Exterior 0481* ” às Construções
Obras Audiovisuais, Cinematográficas e Videofônicas (L8685/93) - 5192* ” 22 Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL)
Residentes no Exterior Pagamento Unificado - Ret Aplicável às Incorporações Imobiliárias (IRPJ, 4095* Março/2024
Fretes internacionais - Residentes no Exterior 9412* ” CSLL, PIS/Pasep, Cofins)
Remuneração de direitos 9427* ”
Previdência privada e Fapi 9466* ”
Pagamento Unificado - Regime Especial Aplicável às Incorporações 1068* ”
Aluguel e arrendamento 9478* ”
Imobiliárias e às Construções, ambas no âmbito do PMCMV e à Construção
ou Reforma de Creches e Pré-Escolas (IRPJ, CSLL, PIS/Pasep, Cofins)
Outros Rendimentos Regime Especial de Tributação Aplicável às Incorporações Imobiliárias e 4153* ”
Pagamento a beneficiário não identificado 5217* FG ocorrido no mesmo dia às Construções
Diária Imposto sobre a Exportação (IE) 0107* Exportação, cujo registro da 22 Contribuição para o PIS/Pasep
declaração para despacho aduaneiro
tenha se verificado 15 dias antes.
Pagamento Unificado - Ret Aplicável às Incorporações Imobiliárias (IRPJ, 4095* Março/2024
CSLL, PIS/Pasep, Cofins)
Diária Cide - Combustíveis - Importação - Lei nº 10.336/01 Pagamento Unificado - Regime Especial Aplicável às Incorporações 1068* ”
Contribuição de Intervenção no Domínio Econômico incidente sobre a 9438* Importação, cujo registro da Imobiliárias e às Construções, ambas no âmbito do PMCMV e à
importação de petróleo e seus derivados, gás natural, exceto sob a forma declaração tenha se verificado no Construção ou Reforma de Creches e Pré-Escolas (IRPJ, CSLL,
liquefeita, e seus derivados, e álcool etílico combustível. mesmo dia. PIS/Pasep,Cofins)
Regime Especial de Tributação Aplicável às Incorporações Imobiliárias e 4138* ”
Diária Contribuição para o PIS/Pasep às Construções
Importação de serviços (Lei nº 10.865/04) 5434* FG ocorrido no mesmo dia
22 Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins)
Diária Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) Pagamento Unificado - Ret Aplicável às Incorporações Imobiliárias (IRPJ, 4095* Março/2024
Importação de serviços (Lei nº 10.865/04) 5442* FG ocorrido no mesmo dia CSLL, PIS/Pasep, Cofins)
Diário (até 2 dias úteisPagamento de parcelamento de clube de futebol - CNPJ - (5% da receita 4316** Data da realização do evento (2 dias Pagamento Unificado - Regime Especial Aplicável às Incorporações 1068* ”
após a realização do bruta destinada ao clube de futebol) úteis anteriores ao vencimento) Imobiliárias e às Construções, ambas no âmbito do PMCMV e à
evento) Construção ou Reforma de Creches e Pré-Escolas (IRPJ, CSLL,
PIS/Pasep,Cofins)
Até o 2º dia útil após a Contribuição do Plano de Seguridade Social Servidor Público (CPSS)
Regime Especial de Tributação Aplicável às Incorporações Imobiliárias e 4166* ”
data do pagamento das
remunerações dos às Construções
servidores públicos 22 Simples Nacional - Regime Especial Unificado de Arrecadação de Tributos DAS (Documento de Março/2024
CPSS - Servidor Civil Licenciado/Afastado, sem remuneração 1684* Março/2024 e Contribuições devidos pelas Microempresas e Empresas de Pequeno Arrecadação do
22 Pagamento de dívida ativa parcelamento - referência (preenchimento 6106** Diversos
Porte. Simples Nacional)
exclusivo pelo órgão emissor) 22 Pagamento Unificado - Regime de Tributação Específica do Futebol (TEF) 6177* Março/2024
Comprev - pagamento de dívida ativa - parcelamento de regime próprio de 6505** ” Fonte: Secretaria da Receita Federal
previdência social RPPS - órgão do poder público - referência
22 Imposto de Renda das Pessoas Jurídicas (IRPJ) Obs.: Em caso de feriados estaduais e municipais, os vencimentos deverão ser antecipados ou prorrogados de acordo com a legislação de regência
SÚMULA DE SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO FLORESTAL SÚMULA DE SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO FLORESTAL
A Copel Distribuição S.A, torna público que irá solicitar ao Instituto Água e A Copel Distribuição S.A, torna público que irá solicitar ao Instituto Água e
Terra IAT, autorização florestal para o corte de árvores nativas, no distrito Terra IAT, autorização florestal para o corte de árvores nativas e exóticas para
Graciosa no município de São João do Caiuá – Santo Antônio Caiuá. implantação da UFV Sion e distrito Graciosa, no município de Paranavaí.
SÚMULA DE SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO FLORESTAL MULTIPLAN EMPREENDIMENTOS IMOBILIÁRIOS S.A. CNPJ/MF nº 07.816.890/0001-53 - NIRE
33.3.0027840-1. Companhia Aberta. Resumo da Ata da Reunião do Conselho de Administração
A Copel Distribuição S.A, torna público que irá solicitar ao Instituto realizada em 21 de março de 2024. Foi realizada reunião do Conselho de Administração da Multiplan
Empreendimentos Imobiliários S.A. (“Companhia”) no dia 21 de março de 2024, às 11hs, na sede
Água e Terra IAT, autorização florestal para o corte de árvores nativas, da Companhia, com a presença da totalidade dos membros do Conselho de Administração, onde
foram deliberados os seguintes assuntos: (i) apresentação e atualização financeira de resultados
no município de Carlópolis. da Companhia; (ii) apresentação e atualização sobre os projetos da Companhia; e (iii) assuntos
gerais de interesse da Companhia. Assinaturas: Sr. José Isaac Peres - Presidente; e Marcelo Vianna
Soares Pinho - Secretário. Aviso: o presente resumo é feito nos termos da Lei nº 6.404/76, art. 289,
inciso I e não deve ser considerado isoladamente para a tomada de decisão (A íntegra da presente
SÚMULA DE SOLICITAÇÃO DE AUTORIZAÇÃO FLORESTAL ata está disponível nos endereços eletrônicos: https://valor.globo.com/valor-ri/atas-e-comunicados/,
https://www.gov.br/cvm/pt-br e https://www.b3.com.br/pt_br/ e foi arquivada na JUCERJA sob o nº
00006189073).
A Copel Distribuição S.A, torna público que irá solicitar ao Instituto Água e
Terra IAT, autorização florestal para o corte de árvores nativas, no distrito
Brasilândia do Sul na PR 486 no município de Umuarama.
GOVERNO DO ESTADO DO MARANHÃO
SECRETARIA DE ESTADO DA FAZENDA
CONVITE PARA APRESENTAR MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE SERVIÇOS DE CONSUL-
TOR INDIVIDUAL
PUBLICAÇÃO MANIFESTAÇÃO DE INTERESSE Nº 004/2024-PROFISCO II/SEFAZ-MA
Instituição: Secretaria de Estado da Fazenda do Maranhão
País: Brasil
Projeto: Projeto de Modernização da Gestão Fiscal do Estado do Maranhão-PROFISCO II-MA
Setor: Unidade de Coordenação do Projeto-UCP/Secretaria de Estado da Fazenda/SEFAZ-MA
Resumo: O Estado do Maranhão recebeu um financiamento do Banco Interamericano de Desenvolvi-
mento (BID) e se propõe à utilizar parte destes fundos para efetuar pagamentos de despesas elegíveis
em virtude do Projeto de Modernização da Gestão Fiscal do Estado do Maranhão – PROFISCO II para
“Contratação de consultor individual especializado para desenhar e estruturar os requisitos do novo
Sistema de Administração e Monitoramento (SAM) integrado ao Sistema Informatizado de Gestão de
Programas Especiais (SIGPE)”.
A Secretaria de Estado da Fazenda convida Consultores elegíveis a manifestar o interesse em prestar
os serviços solicitados. Para acesso ao Convite completo, acesse o link: https://encurtador.com.
br/qRWXY
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Acesse assinevalor.com.br
Ligue 0800 701 8888
 INÊS249 Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 | Valor | B5

SAVE THE DATE

O evento mais aguardado pelos amantes
dos vinhos já tem data marcada,
no Rio e em São Paulo.
O Vinhos de Portugal é uma experiência única. O evento
promove encontros do público com produtores
e especialistas de renome internacional. São mais de
790 rótulos, 32 provas guiadas, 47 sessões gratuitas
do Tomar um Copo – bate-papos com personalidades
e especialistas –, além de gastronomia e loja de vinhos.
Tudo em um espaço cheio de charme e bom gosto.
Siga nossas redes sociais e prepare-se, porque
as vendas começam em breve.
BEBA COM MODERAÇÃO

BEBA COM MODERAÇÃO

RIO SP
Jockey Club
Brasileiro 7a9 13 a 15 Pavilhão Ciccillo Matarazzo
(Pavilhão da Bienal)
Gávea JUNHO JUNHO Parque Ibirapuera

parceria

Início das vendas em maio.

Para mais informações:
/vinhosdeportugal
@vinhosdeportugalbr_

cidade anfitriã _________________________________________________________ realização ___________________________________________________________

participação ___________________________________________________________________________________________________________________ apoio ______________________________________________________________________________________________________________________

apoio institucional local oficial hotel oficial água oficial rádio oficial curadoria
B6 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Empresas
Marketing Agências usam jogos eletrônicos e
entretenimento para ajudar a combater o
garimpo ilegal e discutir as mudanças climáticas
Publicidade começa
a ficar mais atenta
aos povos indígenas
Andrea Assef
Para o Valor, de São Paulo
A propaganda brasileira está
mais atenta aos povos indígenas,
que somam 1,7 milhão de pes-
soas no país, e às mudanças cli-
máticas, tema a ser discutido na
COP30, em 2025 em Belém (PA).
A agência AlmapBBDO e o Gre-
enpeace Brasil lançaram este mês o
“Flying Guardians” (Guardiões
Voadores), uma modificação no
jogo on-line “Flight Simulator”, da
Microsoft, que permite sobrevoar
a floresta amazônica e encontrar
pontos de garimpo ilegal e desma-
tamento em tempo real, especial-
mente nas terras Yanomami, Kaya-
pó e Munduruku. A ideia é atrair o
público “gamer” e chamar a aten-
ção para áreas desmatadas nas ter-
ras indígenas.
Isso foi possível graças à utiliza-
ção das imagens de satélite da Pla-
net Labs PBC, líder mundial nesse
segmento. “Era importante que os
‘gamers’ não apenas ouvissem fa-
lar nos impactos da devastação na
Amazônia, que já estão no nosso
O desafio de furar a bolha do mercado de trabalho
De São Paulo
A presença de profissionais in-
dígenas na publicidade ainda é ra-
refeita, mas já é possível notar
uma movimentação que não exis-
tia há alguns anos.
Furar a bolha do mercado pu-
blicitário é o grande desafio do ci-
neasta Takumã Kuikuro, da aldeia
indígena Kuikuro, e que hoje vive
na aldeia Ipatse, no Território Indí-
gena do Xingu. O cineasta, que di-
Danone põe análise de dados no centro da operação O Dia das Mães foi
Estratégia
Claudia Penteado
Para o Valor, de São Paulo
Inventora do iogurte, há mais
de 100 anos, a empresa francesa
de produtos lácteos Danone quer
trazer, cada vez mais, os dados
para o coração da estratégia da
empresa. Quem participará mais
ativamente dessa missão a partir
de agora é Marina Fernie, vice-
presidente das áreas de marke-
ting, digital, estratégia e inova-
ção da companhia no Brasil.
Em entrevista ao Valor, Fernie
fala do plano de aumentar o in-
vestimento em marketing, de
olho no mercado adulto, de pro-
dutos lácteos reforçados com
proteínas e probióticos.
A meta é seguir investindo na
campanha institucional “Danone
Tudo de bom, tudo de bem”, que
associa a empresa a produtos de
qualidade e que causam impacto
positivo ao planeta.
O ano de 2023 foi de queda
global nos lucros (8,1%) e nas
vendas (0,2%) para a Danone.
Mas, na América Latina (Brasil,
México, Argentina e Uruguai)
houve crescimento de 8,1% em
vendas, em relação a 2022. No
primeiro trimestre deste ano, as
vendas líquidas cresceram 4,1%
globalmente, para 6,7 bilhões de
euros. A América Latina repetiu a
mesma taxa de expansão de 4,1%,
com as vendas somando 727 mi-
lhões de euros.
Uma das responsáveis pelo cres-
cimento é YoPro, a marca de pro-
dutos com alto teor de proteínas
que vem ganhando força no mix
de marcas da empresa no Brasil.
A seguir os principais trechos
da entrevista:
imaginário, mas que fossem teste-
munhas em tempo real”, afirma
Deborah Vasques, diretora de cria-
ção da AlmapBBDO.
O jogador pode emitir um alerta
e informar as coordenadas geográ-
ficas de alguma imagem suspeita
nas terras indígenas. Nos dez pri-
meiros dias após o lançamento do
jogo, que entrou no ar em 3 de
abril deste ano, 570 alertas foram
emitidos pelos jogadores que per-
correram um total de 31.786 km.
Os alertas são enviados ao Green-
peace e se somam aos dados levan-
tados pelos profissionais da ONG
que monitoram a região.
“A tecnologia usada na atualiza-
ção constante dos mapas mostra a
cada jogador a destruição causada
pelo garimpo ilegal na Amazônia.
Para ajudar a frear essa devastação,
todos podem contribuir assinando
nossa petição #AmazôniaLivreDe-
Garimpo”, diz Jorge Eduardo Dan-
tas, coordenador da Frente dos Po-
vos Indígenas do Greenpeace.
Um estudo do Greenpeace Bra-
sil revela que o garimpo ilegal de-
vastou uma área de 1.409,3 hecta-
rigiu o premiado filme “Queima-
da no Xingu” e integra o time de
diretores da Malala Filmes, visitou
seis agências no ano passado para
mostrar seu trabalho.
“Quero contar nossa própria
história a partir do nosso lugar
de protagonismo”, diz Kuikuro.
“Ele traz um repertório único e
capaz de enriquecer o trabalho
das marcas que cada vez mais
olham para o ESG e para as ques-
tões climáticas”, afirma Marta
Valor: Quanto representa o Bra-
sil para a Danone?
Marina Fernie: O Brasil é uma
unidade de negócios bem impor-
tante para a Danone como um
todo, enxergamos a região como
motor de crescimento. O consu-
mo per capita dos produtos que
temos no Brasil é bem menor do
que em países desenvolvidos. Por
isso, há oportunidade muito
grande de desenvolver o merca-
do e trazer valor para a categoria
através de novas ocasiões de con-
sumo, aumentando a penetração
e frequência da categoria.
Valor: A Danone lançou no ano
passado uma grande ação institu-
cional. Por que?
Fernie: Lançamos essa campa-
nha no ano passado, “Danone - Tu-
do de bom, tudo de bem”. Tudo de
bom se refere aos produtos que
são superiores, saudáveis e saboro-
sos. Os três “S” que são nossa bíblia.
E, ao mesmo tempo, tem o segun-
do componente, que é o Tudo de
Bem, que representa nosso cuida-
do com o planeta, com a saúde do
planeta, das pessoas, do desenvol-
vimento das comunidades.
Desde que a Danone existe,
sempre teve esse projeto duplo,
de acreditar que a gestão não aca-
ba na porta da fábrica, existe uma
responsabilidade além da fábri-
ca, no mundo. A gente acredita
que o alimento é um agente cata-
lisador das mudanças que a gente
quer ver no mundo. Então, cada
marca tem seu próprio posicio-
namento de ser fiel a esse duplo
projeto. Isso contribuiu para que
ganhássemos nossa Certificação
B, em 2021. Fomos a primeira
grande indústria do Brasil a con-
quistar o selo. Até 2025, 100% da
Danone vai estar certificada.
Valor: Qual a importância dos
INÊS249
res em 2023 nas terras indígenas
Yanomami, Kayapó e Munduruku,
o equivalente ao desmate de qua-
tro campos de futebol por dia.
Outra agência que fez a conexão
entre o mundo dos “games” e a te-
mática da proteção dos povos in-
dígenas e da floresta amazônica
foi a Leo Burnett TM. Em agosto de
2023, a agência lançou o primeiro
mapa de terras indígenas no “Fort-
nite”, um dos jogos on-line mais
populares do mundo. O Mapa Ori-
ginário no Fortnite foi criado para
a SOS Amazônia, com consultoria
da Federação do Povo Huni Kui do
Acre e desenvolvimento da Hero
Base, parceira da Epic Games.
Os jogadores precisam apagar o
fogo das matas, eliminar as máqui-
nas de madeireiros ilegais, expul-
sar garimpeiros, replantar árvores
nativas e limpar rios. “Através do
entretenimento estamos trazendo
um tema de extrema importância
e levando essa mensagem para as
novas gerações através de uma
ação de comunicação”, diz Vini-
cius Stanzione, vice-presidente de
criação da Leo Burnett TM.
Rocha, CEO da Malala Filmes.
“Percebemos uma preocupa-
ção em termos de representativi-
dade indígena nas campanhas,
mas precisamos ver também
atrás das câmeras onde traba-
lham diretores, produtores, ci-
neastas”, afirma Catalina Arica,
estrategista digital da FSB Comu-
nicação, cuja origem indígena
vem do povo andino Quéchua,
do Peru. Em 2023, Arica partici-
pou do Fill the Gap, curso criado
DIVULGAÇÃO
“Consumo per capita
no Brasil é menor do
que em países
desenvolvidos”
Marina Fernie
dados na estratégia da Danone?
Fernie: Assumi em 1º de abril
[as áreas digital e estratégia e
inovação]. É uma decisão estraté-
gica de trazer dados para dentro
do negócio, e não como uma área
separada. Eram áreas meio isola-
das, o que acho que fazia sentido
no começo, porque estávamos
colocando a casa em ordem. A in-
tenção agora é trazer a área mais
para perto do negócio, justa-
mente com o intuito de começar
a usar essa informação que a gen-
te tem de uma forma ainda mais
poderosa, para trazer “insights”
mais úteis e agir. Estamos focan-
do cada vez mais em dados, pes-
quisas e “insights”.
Queremos otimizar as campa-
nhas de marketing, ser mais per-
sonalizados na criação de con-
O fotógrafo Isaka
Huni Kui deu
consultoria para a
campanha da Leo
Burnett TM
Segundo Stanzione, a consulto-
ria dos membros da Federação do
Povo Huni Kui, do Acre, foi funda-
mental na elaboração final do Ma-
pa Originário. “Pedimos algumas
alterações no mapa para que ele fi-
casse exatamente como o nosso
território”, disse o fotógrafo Isaka
Huni Kui, coordenador da juven-
tude da federação e um dos con-
sultores da Leo Burnett TM. Entre
as mudanças pedidas havia a colo-
cação de uma mata ciliar, o escure-
cimento da cor dos rios e a remo-
ção de uma montanha vulcânica.
pela AlmapBBDO, Soko e Grupo
Dreamers, em parceria com a
ESPM, para a formação de líderes
de grupos sub-representados da
indústria da comunicação.
“A maior inovação é a humana e
isso os povos indígenas podem
nos lembrar como ninguém”, afir-
ma Gabriela Rodrigues, vice-presi-
dente de Impacto da Soko e funda-
dora da Walk, consultoria recém-
criada pela Soko para ajudar as
marcas a gerar impacto social.
teúdo, testando para entender
que peças funcionam melhor e
onde colocar o investimento,
medindo sua efetividade e realo-
cá-lo entre campanhas, entre
marcas, entre peças.
Então, o “data marketing” é
chave para entendimento do
consumidor, fazemos todo tipo
de pesquisa, desde “social liste-
ning” [monitoramento de redes
sociais] até pesquisas específicas
de produto, de conceito, dados de
compra via Nielsen, dados de pe-
netração e frequência via Kantar.
Temos uma área de “strategy
and insights” (estratégia e per-
cepções) que junta todas as infor-
mações, digere e nos ajuda a agir
a partir dos dados. E temos uma
área de dados mesmo, que faz
com que eles sejam democratiza-
dos dentro da companhia, para
termos os “dashboards” [painéis
de controle] certos, olhar a infor-
mação de uma forma amigável e
fácil de entender no mundo intei-
ro. Essa área também fica comigo
a partir de agora. Nossa intenção
é trazer cada vez mais dados para
o coração do negócio.
Valor: Você pode detalhar me-
lhor a estrutura de dados que vocês
têm hoje?
Fernie: Temos uma estrutura
interna com 20 pessoas especifi-
camente cuidando de dados,
usamos Power BI (ferramenta de
análise de negócios desenvolvida
pela Microsoft), estamos real-
mente investindo nessa capaci-
dade dentro de casa. Também es-
tamos indo para a fase de Predic-
tive (preditivo), alavancando da-
dos históricos para começar a
predizer o futuro.
Ver a entrevista na íntegra no site do
Valor
Huni Kui também ajudou na se-
gunda etapa da campanha, divul-
gada em março deste ano, com o
lançamento de pôsteres na língua
originária do povo Huni Kui, a Hãt-
xa Kui, que pertence ao tronco lin-
guístico pano. A ideia é chamar as
pessoas para jogar com frases co-
mo Txi Nukawa (Apague o fogo) e
Nukú mae mekesukawê (Proteja as
terras indígenas). Desde o lança-
mento, mais de 5 mil pessoas joga-
ram o Mapa Originário e foram fei-
tas seis “lives” com 16 horas de
transmissão, o que gerou 1,2 mi-
lhão de visualizações.
Davi Kopenawa, líder Yanoma-
mi, disse em entrevista ao pro-
grama Roda Viva, da TV Cultura,
na segunda-feira (15) que “o ou-
ro é o sangue do meu povo”. A ex-
ploração ilegal do ouro, uma das
principais questões que amea-
çam o povo Yanomami levou a
agência DM9 a utilizar o entrete-
Aru Macedo, indígena de con-
texto urbano (ou seja, que não
vive em aldeia) nascido em Bra-
sília, que trabalha na Soko como
“community manager”, diz acre-
ditar que a inclusão das pessoas
indígenas está crescendo na
área da informação onde já há
veículos como o Mídia Ninja In-
dígena, mas ainda falta o movi-
mento nas agências de propa-
ganda. “Conviver é a melhor for-
ma de aprender com o outro, e a
criado por Ann Reeves
História
Natália Flach
De São Paulo
Ao contrário do que muitos
imaginam, o Dia das Mães não
foi criado para ser uma data co-
mercial. Surgiu como uma ho-
menagem à ativista Ann Reeves,
que lutou pelos direitos das mu-
lheres no século XIX. A pedido da
filha dela, Anna Jarvis, o Congres-
so dos Estados Unidos eternizou
os feitos dessa pioneira e insti-
tuiu a comemoração em 9 de
maio, data em que ela morreu.
No Brasil, a efeméride foi cele-
brada pela primeira vez em 1918
pelos membros da Associação
Cristã dos Moços de Porto Alegre.
Segundo Ulysses Reis, professor
de MBAs da Fundação Getulio
Vargas (FGV), foi apenas em 1932
que o dia entrou para o calendá-
rio nacional, passando a ser co-
Curta
TikTok nos EUA
O TikTok levantou neste do-
mingo preocupações com a li-
berdade de expressão sobre um
projeto de lei aprovado pela Câ-
mara dos Deputados dos Estados
Unidos que proibiria o popular
aplicativo de mídia social nos
EUA se seu proprietário chinês,
DIVULGAÇÃO
nimento e o digital para criar a
campanha O Custo do Ouro para
a Urihi Associação Yanomami.
A ação mostra um depoimento
em vídeo do líder Júnior Hekurari
Yanomami convocando os indica-
dos ao Oscar 2023 a trocarem a es-
tatueta de ouro por uma versão fei-
ta em argila com a imagem de
Omama, o Deus criador dos Yano-
mami. Os indicados ao Oscar 2023
foram marcados no vídeo lançado
nas redes sociais às vésperas da pre-
miação de Hollywood. A campa-
nha gerou 560 reportagens, 14 mil
posts e um Leão na categoria “De-
sign” do Festival de Cannes 2023.
“Além de conseguir a atenção
da grande imprensa brasileira e
internacional, a ação ganhou o
engajamento de figuras públicas,
como as ministras Marina Silva e
Sonia Guajajara, e o DJ Alok”, afir-
mou Icaro Doria, copresidente da
DM9 e chefe da criação.
publicidade precisa ser mais
plural”, afirma Macedo.
Para Isaka Huni Kui, o cami-
nho para aproximar o povo
branco dos povos indígenas é a
comunicação. Ele acaba de criar
o coletivo Tetepawa Comunica,
que reúne 33 jovens de 18 povos
indígenas, no Acre. “Queremos
mostrar a nossa realidade atra-
vés das nossas lentes, sermos
contadores da nossa história”,
afirma Huni Kui. (AA)
memorado todos os anos no se-
gundo domingo de maio.
O varejo viu então uma opor-
tunidade de usar a efeméride co-
mo uma catalisadora de vendas.
“A data se tornou o segundo prin-
cipal momento de vendas para o
comércio, perdendo apenas para
o Natal”, explica o professor. No
caso do varejo on-line, a Black
Friday superou o giro financeiro
do Dia das Mães.
No ano passado, as vendas rela-
cionadas à data caíram 4,2% em re-
lação ao período comparável de
2022, de acordo com o Índice Cielo
do Varejo Ampliado (ICVA). Esse
recuo também foi constatado pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE). Entre abril e
maio de 2023, o varejo caiu 1%,
queda mais intensa desde 2018
(quando diminuiu 1,8%).
4,2%
Foi a queda de vendas
desta data em 2023
ByteDance, não vendesse sua
participação dentro de um ano.
A Câmara aprovou a norma no
sábado. Ela agora segue para o
Senado, onde poderá ser subme-
tida a votação nos próximos dias.
O presidente Joe Biden já disse
que assinará o projeto de lei, in-
formou a agência “Reuters”.
 INÊS249 Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 | Valor | B7

Empresas

Sucessão José Penido informou à CVM não ter provas de que a troca de CEO estava sendo manipulada

Acionistas da Vale avaliam processar ex-conselheiro

Francisco Góes, Juliana CVM sobre as declarações que fez
Schincariol e Rafael Rosas na carta-renúncia de 11 de março.
Do Rio Procurado, Penido não quis se ma-
nifestar sobre o assunto.
O ex-conselheiro da Vale José As respostas do executivo fo-
Luciano Duarte Penido voltou ram dadas depois de uma de-
atrás nas declarações de que o pro- manda da autarquia à Vale, que
cesso sucessório na mineradora es- fez o pedido ao ex-conselheiro.
tava sendo manipulado. O recuo O episódio remete a 11 de mar-
nas críticas ocorreu em esclareci- ço deste ano, quando tornou-se
mentos feitos a pedido da Comis- pública a carta de renúncia de Pe-
são de Valores Mobiliários (CVM) nido ao conselho da Vale, na qual
sobre o caso. Duarte negou ter pro- ele afirmou que a sucessão na em-
vas que comprovem o conteúdo da presa vinha sendo conduzida de
carta de renúncia que apresentou forma “manipulada”. Na carta, Pe-
em março deste ano. Acionistas de nido fez uma série de críticas ao
referência avaliam acionar o ex- processo sucessório. O documento
conselheiro na Justiça comum por caiu como uma bomba à época
considerar que o posicionamento pois expôs as dificuldades em tor-
dele à época foi prejudicial à com- no da troca do CEO da Vale, marca-
panhia, segundo fontes. do por tentativas de intervenção
O Valor também apurou que do governo na companhia, que é
existem três processos administrati- privada, e por movimentos empre-
vos sobre a sucessão na Vale, incluin- sariais nos bastidores.
do a renúncia de Penido, na CVM. Agora, passado mais de um mês
Um eventual processo contra daquele episódio, surgem os escla-
Penido vem sendo estudado, mas recimentos de Penido em atendi-
não há decisão tomada até o mo-
mento. Na sexta-feira (19), a Vale
mento a ofício da CVM, os quais
marcam um recuo do ex-conse-
divulgou comunicado ao mercado lheiro em relação às declarações
no qual revelou que o ex-conse- que fez no ato da renúncia.
lheiro prestou esclarecimentos à Disse a Vale no comunicado de
DANIEL WAINSTEIN/VALOR
“Na reunião, sexta-feira: “O Sr. Penido esclare-
ceu que em sua carta não tinha por
discordei da decisão objetivo apontar irregularidades
da maioria para no processo de definição do presi-
dente da companhia, o qual, vem
abrir processo” sendo conduzido pelo Conselho
de Administração em conformida-
José Duarte Penido de com a lei, o estatuto social, o re-
gime interno e as políticas corpo-
rativas da companhia. A intenção
era expor as razões pessoais que
motivaram a minha renúncia.”
Ainda no documento tornado
público pela Vale, surgem mais
detalhes sobre os motivos que le-
varam Penido a renunciar, segun-
do palavras do próprio executivo:
“[...] “Na reunião do Conselho de
Administração de 8 de março,
discordei da decisão da maioria
de abrir o processo de sucessão
do presidente da companhia.
Apesar de respeitar as decisões
colegiadas do Conselho, em mi-
nha opinião, a melhor decisão, do
ponto de vista do interesse social,
teria sido a recondução do atual
presidente [Eduardo Bartolo-
meo] para um novo mandato, de
maneira a preservar a continui-
dade da gestão e dos projetos em
curso. Mas a maioria escolheu ou-
tro rumo e, diante da minha pro-
funda divergência e insatisfação
com a decisão tomada, apresen-
tei minha renúncia.”
O comunicado evidencia um re-
cuo de Penido quando instado a
apresentar provas sobre as críticas
e denúncias que fez ao renunciar:
“Ao mencionar, em minha carta, a
existência de vazamentos, mani-
pulações, influências políticas e
conflitos, estava me referindo ao
que tomei conhecimento por
meio das notícias veiculadas nos
principais meios de comunicação
do país a respeito do processo de
definição do presidente da com-
panhia. Não disponho de elemen-
tos comprobatórios do que a im-
prensa vem publicando.”
A Vale disse no comunicado
que as declarações de Penido es-
tão sendo examinadas no âmbi-
to da apuração que segue sendo
conduzida pelo “Chief Com-
pliance Officer” da companhia.
Ao Valor, a CVM informou que
o tema é tratado em três proces-
sos administrativos, mas não for-
neceu mais dados, uma vez que a
autarquia não comenta casos es-
pecíficos. Somente um desses
processos, identificado pelo nú-
mero 19957.000887/2024-41,
está disponível com informações
públicas no site da CVM. Esse
processo foi aberto em 5 de feve-
reiro e o único dado disponível é
que se refere a notícias, fatos rele-
vantes e comunicados.

Metais e Petróleo
Comparativos de preços Curtas
Cotações Var. até a última data indicada - em % Cotação em 12 meses
Metais não-ferrosos - US$/ton. (1) 19/04/24 Há uma semana Fim de março 2023 Há um ano Semana Mês Ano 12 meses Menor Maior
Alumínio high grade
Disponível
Três meses
2.645,5
2.655,0
2.443,0
2.496,0
2.270,0
2.311,0
2.335,5
2.382,0
2.382,0
2.402,0
8,29
6,37
16,54
14,89
13,27
11,46
11,06
10,53
2.068,5
2.123,0
2.645,5
2.655,0 Ex-XP na Biomm Acordo da Bayer e Biolab Seminovo pressiona
Alumínio secundário (liga)
Disponível 1.820,0 1.820,0 1.820,0 1.550,0 1.947,0 0,00 0,00 17,42 -6,52 1.450,0 2.035,0 O banqueiro Daniel Vorcaro, Com o foco em medicamentos A queda do preço do carro se-
Três meses 1.820,0 1.820,0 1.820,0 1.550,0 2.007,0 0,00 0,00 17,42 -9,32 1.503,0 2.035,0
Chumbo
do Master, indicou Pedro Mes- de alto custo, a alemã Bayer está minovo somada a um juro ainda
Disponível
Três meses
2.160,0
2.188,0
2.140,5
2.176,0
1.965,0
2.005,5
2.031,0
2.068,0
2.156,0
2.134,0
0,91
0,55
9,92
9,10
6,35
5,80
0,19
2,53
1.965,0
1.991,0
2.314,0
2.284,5
quita, ex-chefe do banco de in- repassando a gestão e comerciali- elevado e crédito restrito ao con-
Cobre grade A
Disponível 9.749,0 9.402,0 8.729,0 8.476,0 8.875,0 3,69 11,69 15,02 9,85 7.812,5 9.749,0
vestimento da XP, para o conse- zação do seu contraceptivo Qlaira, sumidor devem continuar pres-
Três meses 9.834,0 9.535,0 8.835,0 8.580,0 8.888,0 3,14 11,31 14,62 10,64 7.890,0 9.834,0 lho da farmacêutica Biomm, que líder desse segmento com 10% de sionando os balanços das loca-
Estanho high grade
Disponível 35.685,0 32.975,0 27.650,0 25.175,0 26.750,0 8,22 29,06 41,75 33,40 22.910,0 35.685,0 distribuirá o similar do Ozempic fatia de mercado, à brasileira Bio- doras nos próximos trimestres de
Três meses 35.325,0 32.800,0 27.600,0 25.500,0 26.450,0 7,70 27,99 38,53 33,55 23.275,0 35.325,0
Níquel no Brasil a partir de 2026, infor- lab. Essa é a primeira parceria da 2024, diz Filipe Nielsen, analista
Disponível 19.045,0 17.780,0 16.530,0 16.300,0 24.465,0 7,11 15,21 16,84 -22,15 15.620,0 25.540,0
Três meses 19.260,0 18.020,0 16.740,0 16.570,0 24.700,0 6,88 15,05 16,23 -22,02 15.880,0 25.775,0 mou o Pipeline, site de negócios Bayer e já há negociações em an- do Citi. Juntas, Localiza, Movida e
Zinco special high grade
Disponível 2.833,0 2.848,0 2.391,0 2.640,5 2.767,0 -0,53 18,49 7,29 2,39 2.224,0 2.848,0 do Valor. A WNT, gestora de in- damento com a própria Biolab e Unidas tiveram R$ 1,2 bilhão em
Três meses
Petróleo - US/barril (2)
2.843,0
19/04/24 Há uma semana
2.837,0 2.434,0
Fim de março
2.654,0
2023
2.766,0
Há um ano
0,21
Semana
16,80
Mês
7,12
Ano
2,78
12 meses
2.236,5
Menor
2.843,0
Maior
vestimento de Vorcaro e Nelson outras farmacêuticas para os de- perdas nos últimos 12 meses de-
WTI - mercado futuro
Brent - mercado futuro
82,22
86,51
85,08
89,53
82,42
87,00
71,84
76,91
79,24
82,79
-3,36
-3,37
-0,24
-0,56
14,45
12,48
3,76
4,49
67,29
71,82
91,30
94,36
Tanure, tem maior posição na mais medicamentos da casa que correntes da forte depreciação
Fontes: LME e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. (1) Métrica. (2) Segunda posição empresa, com 20,3%. deixaram de ser prioritários. dos veículos.

EDITAL DE LEILÃO ON-LINE

DATA 1º LEILÃO 29/04/24 ÀS 11H - DATA 2º LEILÃO 30/04/24 ÀS 11H
Vicente de Paulo Albuquerque Costa Filho, Leiloeiro Oficial inscrito na JUCEMA sob nº 12/96, faz saber, através do presente Edital, que devidamente
autorizado pela atual Credora Fiduciária BRAZILIAN SECURITIES COMPANHIA DE SECURITIZAÇÃO, inscrita no CNPJ n° 03.767.538/0001-14, detentora
dos direitos do crédito objeto da escritura de 29.11.2013, conforme R-7 e AV-12 da matrícula abaixo mencionada, firmada entre Credora e Fiduciante JEAN
RICARD PADILHA RODRIGUES, inscrito no CPF nº 025.993.957-98, residente e domiciliado no município do Rio de Janeiro-RJ, já qualificados no citado
Instrumento, promoverá a venda em 1º ou 2º leilão fiduciário, de modo somente On-line, do imóvel abaixo descrito, nas datas, hora e local infracitados,
na forma da lei 9.514/97. 1. Local da realização do leilão: Os leilões serão realizados exclusivamente pela Internet, através do site www.leilaovip.com.
br. 2. Descrição do imóvel: Rio de Janeiro-RJ. Bairro Freguesia de Jacarepaguá. Rua Queiróz Júnior, nº 201, Apartamento nº 909, do Bloco 01,
com direito a 1 vaga de garagem descoberta, situada indistintamente no pavimento de acesso e correspondente fração ideal de 0,004567 do respectivo
terreno designado por lote 1 do PAL 47611. Imóvel objeto da matrícula 371.849 do 9º Ofício de Registro de Imóveis do Rio de Janeiro-RJ. Observação:
Imóvel Ocupado. Desocupação por conta do adquirente, nos termos do art. 30 e parágrafo único da lei 9.514/97. 3. Datas e valores dos leilões: 1°Leilão:
29/04/2024, às 11:00h LANCE MÍNIMO: R$ 1.044.081,77. 2°Leilão: 30/04/2024, às 11:00h LANCE MÍNIMO: R$ 522.040,89 (caso não seja arrematado
no 1º leilão). 4. Condições de pagamento: À vista, mais a comissão de 5% ao leiloeiro. 5. Condições gerais e de venda: 5.1. Interessados em participar
do leilão de modo on-line, cadastrar-se-ão no site www.leilaovip.com e se habilitarão, com antecedência de até 1 hora, sendo que os lances on-line se
darão exclusivamente através do site, respeitado o lance mínimo e o incremento estabelecido. 5.2. O(s) fiduciante(s) será(ão) comunicado(s) na forma do
parágrafo 2º-A do artigo 27 da lei 9.514/97, das datas, horários e locais da realização dos leilões fiduciários, para no caso de interesse, exercer o direito
de preferência na aquisição, na forma estabelecida no parágrafo 2ºB do mesmo artigo, devendo apresentar manifestação formal do interesse. Para mais
informações - tel.: 0800 717 8888 ou 11-3093-5252. Vicente de Paulo Albuquerque Costa Filho - Leiloeiro Oficial JUCEMA nº 12/96
FUNDO DE INVESTIMENTO EM
DIREITOS CREDITÓRIOS CREDZ
CNPJ nº 24.761.946/0001-39
FATO RELEVANTE
OLIVEIRA TRUST DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS S.A., instituição financeira devidamente
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Rio de Janeiro, 22 de abril de 2024
OLIVEIRA TRUST DISTRIBUIDORA DE TÍTULOS E VALORES MOBILIÁRIOS S.A.

MINISTÉRIO DA
INSTITUTO DE BIOLOGIA DO EXÉRCITO
DEFESA

AVISO DE LICITAÇÃO
Pregão Eletrônico nº 90003/2024
Objeto: Aquisição de materiais específicos para o Laboratório de
Cromatografia e Seção de Diagnóstico Molecular conforme condições,
quantidades e exigências estabelecidas neste Edital e seus anexos.

Notícias em tempo Total de itens 00051. Edital: 22/004/2024 de 08:00h às 12:00h e de 13:00h
às 15:00h. Endereço: Rua Francisco Manual n° 102, Benfica - Rio de
Janeiro - RJ. Entrega das propostas: a partir de 22/04/2024 às 08:00h no

real para quem não

site: https://www.gov.br/compras/pt-br. Abertura das propostas: a partir de
03/05/2024 às 09:00h site: https://www.gov.br/compras/pt-br. Informações
gerais: O edital se encontra a disposição dos interessados na Seção de
Aquisições, Licitações e Contratos do Instituto de Biologia do Exército, de

desconecta dos negócios. segunda a quinta-feira, das 08:00 às 12:00h e 13:00 às 15:00h e as sextas-
feiras das 08:00h às 12:00h ou no site: https://www.gov.br/compras/pt-br.
ANDRÉ LUIS MERIANO FIGUEIREDO - CEL
Ordenador de Despesas do IBEx

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 B8 | Valor | INÊS249
Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Usinas Maior empresa sucroalcooleira do Paraná aposta em renovação de canaviais e
em novos maquinários para voltar a moer 16 milhões de toneladas de cana por safra
Após deixar recuperação judicial, Santa
Terezinha quer reforçar produtividade
Camila Souza Ramos
De São Paulo
Depois de sair de um processo
recuperação judicial que se esten-
deu por cinco anos, a Usina Santa
Terezinha, a maior empresa su-
croalcooleira do Paraná, espera ter
condições melhores para acessar
financiamentos. A companhia pla-
neja investir na renovação de seus
canaviais e maquinários, além de
melhorar sua estratégia comercial.
A empresa entrou em recupera-
ção judicial em 2019 com uma dí-
vida de R$ 4,6 bilhões. Na negocia-
ção com os credores, a Santa Tere-
zinha conseguiu um deságio — ela
não revelou o montante — sobre o
total de seus passivos e manteve a
participação majoritária nas em-
presas CPA Trading, de comerciali-
zação de etanol, e no terminal da
Paraná Operações Portuárias (Pa-
sa) no porto de Paranaguá.
Agora, a companhia tem uma
dívida de US$ 390 milhões (o equi-
valente a R$ 2,8 bilhões) e um índi-
ce de alavancagem (relação entre
dívida líquida e lucro antes de ju-
ros, impostos, depreciação e amor-
tização, o Ebitda) de 1,4 vez, se-
gundo Orlando Mansur Pereira,
diretor financeiro e comercial da
Por companhia. Ele citou os dados do
Gripe aviária já está até no leite cru, mas
ainda há dúvida sobre risco para o gado
Sanidade
Raphael Salomão, Daniela
Walzburiech* e Patrick Cruz
De São Paulo e Florianópolis
A Organização Mundial de
Saúde (OMS) informou na sexta-
feira que pesquisadores detecta-
ram “concentrações muito eleva-
das” do vírus da gripe aviária
H5N1, de alto potencial transmis-
sivo, em leite cru. O alerta aumen-
ta a preocupação de que a doença
chegue também aos humanos.
Ao menos oito Estados america-
nos registraram casos de gripe
aviária em rebanhos leiteiros nas
últimas semanas, de acordo com o
Departamento de Agricultura dos
Estados Unidos (USDA). No Texas,
um trabalhador de um laticínio te-
Gado leiteiro nos Estados Unidos: com a descoberta de altas concentrações do vírus em amostras de leite cru, cotação da matéria-prima fechou em alta em Chicago
Peste suína no Piauí preocupa associação
De São Paulo
Infraestrutura A Associação Catarinense de
Ministérios da Criadores de Suínos (ACCS) divul-
gou nota na sexta-feira (19/4) em
Fazenda e dos que o presidente da entidade, Lo-
Transportes sivanio Luiz de Lorenzi, “expres-
sou preocupação” com os novos
divergem sobre casos de peste suína clássica no
Piauí. A Organização Mundial de
concessão de Saúde Animal (OMSA) revelou na
semana passada que identificou
ferrovias 60 animais suscetíveis à doença
em propriedades piauienses, dos
A16 quais 24 tiveram diagnóstico po-
encerramento da safra 2023/24,
que ainda não foram auditados.
Colaborou para a recuperação
financeira da Usina Santa Terezi-
nha a excepcional safra de cana
que todo o segmento teve na últi-
ma temporada. Graças ao bom
desempenho no campo, a em-
presa moeu 11,5 milhões de to-
neladas de cana e faturou
US$ 550 milhões, afirma Pereira.
Na safra anterior (2022/23), a
moagem foi de 9,5 milhões de to-
neladas. O volume, o menor da
história da empresa, refletiu, em
grande medida, os problemas
climáticos dos anos anteriores,
como a seca e as geadas de 2021.
Mas a direção da companhia
ainda vê espaço para melhorar a
produtividade. O rendimento da
cana nas lavouras na última sa-
fra foi de 54 toneladas por hec-
tare, mas Paulo Meneghetti, pre-
sidente da empresa, acredita
que é possível que a Santa Tere-
zinha volte a processar 70 tone-
ladas por hectare e mais de 16
milhões de toneladas por safra.
Para isso, a companhia quer
reforçar seus investimentos em
renovação dos canaviais para re-
duzir a idade média das plantas
e, com isso, elevar a produtivida-
de. Se o plano correr bem, Me-
ve diagnóstico positivo após o con-
tato com uma vaca infectada.
Mas, na pecuária bovina, a des-
peito dos alertas, ainda há mais
dúvidas do que certezas sobre o
risco efetivo da doença para os
rebanhos. O governo dos EUA
não impôs quarentena na pecuá-
ria. Em vez disso, ele recomen-
dou a adoção de medidas para
evitar a propagação do vírus, co-
mo protocolos de higiene e redu-
ção de movimento de rebanhos.
A incerteza teve reflexos sobre
os preços do leite no mercado
futuro. Na sexta-feira, quando a
OMS distribuiu o comunicado,
as cotações do leite classe 3 —
usado como matéria-prima para
a fabricação de queijo, e, assim,
considerado uma referência pa-
ra a indústria — subiram 2,5% na
sitivo. Ao todo, 14 porcos morre-
ram e três foram abatidos.
Para o dirigente, o episódio
serve de alerta para que os cria-
dores de Santa Catarina, Estado
que lidera a produção nacional
de suínos, intensifiquem os cui-
24
animais tiveram
diagnóstico positivo
Raio-X
Infraestrutura da companhia
Usinas em operação Usinas hibernadas
Centro de logística Terminal portuário
MS
Cidade
Gaúcha Paranacity
Ivaté Rondon SP
Maringá
Eldorado
São Tomé
Umuarama Tapejara
Moreira PARANÁ
Sales
Paranaguá
SC
18 milhões
de toneladas é a capacidade de
moagem de cana por safra
11,5 milhões
de toneladas foi o volume de
processamento de cana em 2023/24
8 mil
é o número de funcionários da
empresa, que atuam em mais de 35
municípios
Fonte: empresa
“Temos que ampliar
a frota e reduzir sua
idade média”
Paulo Meneghetti
bolsa de Chicago e encerraram o
pregão em seu maior patamar
em quase dois meses.
Preocupados com a ameaça,
pecuaristas estão redobrando a
atenção. Segundo autoridades
sanitárias, a doença não compro-
mete o consumo de alimentos.
Comer ovos e carne de aves cozi-
dos é seguro. Assim como consu-
mir leite pasteurizado. No caso
do leite, os cientistas querem
agora entender por quanto tem-
po o vírus sobrevive no alimento.
A gripe aviária é altamente in-
fecciosa e tem as aves migrató-
rias como principais transmisso-
res. A doença pode atingir cria-
ções de pequena e larga escala,
além de mamíferos e humanos.
“A transmissão de ave para va-
ca, de vaca para vaca e de vaca
dados contra a doença. Lorenzi
destacou que o Piauí registrou
vários casos de peste suína clássi-
ca nos últimos anos, que exigi-
ram o abate de 4,3 mil porcos.
No Brasil, 95% da produção de
suínos ocorre em área reconheci-
da internacionalmente como livre
da doença, da qual Santa Catarina
faz parte. O Piauí e outros nove
Estados — Amapá, Amazonas,
Ceará, Maranhão, Pará, Paraíba,
Pernambuco, Rio Grande do Nor-
te e Roraima — não integram esse
grupo, e há restrições de circula-
neghetti acredita que haverá ca-
na suficiente para reativar as usi-
nas de Moreira Sales e Umuara-
ma, ambas no Paraná, que estão
fora de operação há anos.
Nas últimas quatro tempora-
das, mesmo em recuperação judi-
cial, a companhia investiu R$ 500
milhões por safra para fazer o
plantio de renovação de seus cana-
viais. A meta é renovar 46 mil hec-
tares todo ano — a área total de co-
lheita é de 200 mil hectares.
A companhia também tem
agora um laboratório de produ-
ção de mudas de cana pré-brota-
das, onde o controle sanitário das
mudas é maior, o que está evitan-
do doenças nas lavouras, segundo
Meneghetti. “As canas de primeiro
e segundo cortes têm tido produ-
tividade maior ano a ano”, disse.
Em 2024, o laboratório deverá
produzir 14 milhões de mudas.
O executivo acredita que, a de-
pender do resultado do plantio
deste ano, já será possível reati-
var a unidade de Moreira Sales
em 2025. Já a retomada das ope-
rações na usina de Umuarama
deverá ficar para 2028 ou 2029.
Fora da recuperação judicial, a
usina espera acessar linhas de fi-
nanciamento mais favoráveis, que
permitam a ela fazer também ou-
para ave também foi registrada
durante os surtos atuais, o que
sugere que o vírus pode ter en-
contrado outras rotas de transi-
ção além daquelas que compre-
endemos anteriormente”, disse
o chefe do programa global de
gripe da OMS, Wenqing Zhang,
ao jornal britânico “Daily Mail”.
O comércio internacional tam-
bém sofrer com a doença. No ano
passado, o Brasil sofreu embargos
à carne de frango, mesmo sem re-
gistros de gripe aviária em granjas
comerciais. Até sexta-feira, o Mi-
nistério da Agricultura havia regis-
trado 162 casos, dos quais 159 em
animais silvestres e três em aves de
subsistência. A recomendação é de
vigilância constante e contato com
o serviço veterinário oficial surgir
um caso suspeito. (*para o Valor)
PAUL FRANGIPANE/BLOOMBERG
ção de animais e produtos entre
as duas zonas. Para a área que não
é considerada livre da peste suína
clássica, o plano estratégico para
erradicar a doença inclui medidas
como vacinação e intensificação
de vigilância e fiscalização.
A peste suína clássica é menos
agressiva do que a peste suína
africana, que, entre 2018 e 2019,
dizimou cerca de 40% dos por-
cos na China, o maior produtor
de suínos do mundo. Não há
tratamento ou vacina contra a
variante africana. (RS e PC)
tros investimentos, como renova-
ção de maquinário e frota. “Preci-
samos ampliar a frota, aumentar a
disponibilidade e diminuir sua
idade média”, afirma Pereira.
Segundo ele, também devem
melhorar as condições para opera-
ções de hedge de câmbio para as
exportações de açúcar. Nos últi-
mos anos, a companhia vinha fa-
zendo apenas o hedge das expor-
tações de açúcar em reais e direta-
mente com tradings, sem opera-
ções bancárias de hedge cambial.
Hoje, 70% da produção de açúcar
da companhia prevista para esta
safra está com preço fixado de
R$ 2.600 a tonelada, em média.
Como os preços do mercado de
etanol ainda estão baixos, a usina
deverá aumentar sua produção de
açúcar nesta safra, que pode che-
gar a 76% do total de sacarose que a
empresa vai obter da moagem da
cana. Segundo Meneghetti, a forte
capacidade da Santa Terezinha de
virar as usinas para a produção de
açúcar vem oferecendo vantagem
à companhia, já que os preços da
commodity estão em alta há pelo
menos três anos. A usina espera re-
petir na safra 2024/25 a moagem
que registrou no ciclo passado —
na média do Centro-Sul as usinas
projetam diminuição da colheita.
Rabobank
vê portos de
grãos perto
do limite
Logística
Paulo Santos
De São Paulo
O volume das exportações bra-
sileiras de soja e milho deverá ul-
trapassar a capacidade dos portos
do país até 2027, segundo avalia-
ção que o Rabobank apresenta no
relatório “A infraestrutura do Bra-
sil pode lidar com a produção cres-
cente de grãos e oleaginosas?”
Atualmente, a capacidade de
embarque dos portos brasileiros
é de 178 milhões de toneladas.
Mas, de acordo com a instituição,
os investimentos que estão pre-
vistos para os próximos dois anos
deverão adicionar apenas 15 mi-
lhões de toneladas ao potencial
de escoamento dos terminais.
Para o banco holandês, essa ex-
pansão será insuficiente para dar
conta do aumento da oferta de so-
ja e milho no Brasil. O Rabobank
calcula que, entre 2023 e 2030, a
área de soja no país deverá crescer
3,5% ao ano. Com isso, projeta o
banco, a produção da oleaginosa
subirá de 159 milhões para 206
milhões até o fim da década.
No caso do milho, a colheita
subirá de 123 milhões de tonela-
das para 180 milhões até a safra
2029/30, estima o Rabobank. A
expansão da safrinha puxará o
aumento da produção do cereal.
Com o crescimento da colheita
de grãos e as limitações da in-
fraestrutura portuária, o país te-
rá que investir no aumento de ca-
pacidade de processamento de
milho e soja, avalia o banco. “O
Brasil pode não ser capaz de ex-
portar toda a crescente produção
de grãos e oleaginosas devido à
falta de investimento em infraes-
trutura e ainda a restrições (...)
como o nova lei antidesmata-
mento da União Europeia”, des-
taca o Rabobank no relatório.
O banco holandês avalia que
uma das consequências do bai-
xo investimento em estrutura lo-
gística, em um cenário de au-
mento da produção nacional de
grãos, será a contínua elevação
dos custos de frete. O relatório
diz ainda que cada vez mais os
recursos para investimento em
armazenagem sairão do bolso
dos produtores. Historicamente,
indústrias e cooperativas têm
concentrado os aportes em ar-
mazéns de grãos no país.
 INÊS249
Investimentos Renda variável Ativos digitais
Revisão de regras da Suécia vira caso de Após ‘halving’
previdência aberta sucesso para do bitcoin,
pavimenta novos captação na bolsa mercado cripto
caminhos para o setor, e popularização se volta a IA e
afirma Diniz, da Icatu C6 do varejo C2 ‘tokenização’ C4
Valor C
Sábado, domingo e segunda-feira,
20, 21 e 22 de abril de 2024

Política monetária Agentes se dividem em Mercado dividido

relação ao próximo passo do Copom; projeções Projeções* para Selic no fim de 2024 têm alta forte (em % a.a.)

para o dólar saltam de R$ 5 para R$ 5,10 Instituições financeiras Selic

Mai/24
Selic
Dez/24
Dólar
2024
Instituições financeiras Selic
Mai/24
Selic
Dez/24
Dólar
2024
4intelligence 10,25 9,75 5,00 Versa Asset 10,25 9,25 5,10

Mercado agora vê Selic

ABBC 10,25 9,25 5,00 Way Investimentos 10,25 9,50 5,10
Análise Econômica 10,25 9,50 4,80 Wells Fargo 10,25 9,00 5,10
Armor Capital 10,25 9,25 5,10 A.C. Pastore & Associados 10,50 10,00 N/D
Ativa Investimentos 10,25 10,00 5,10 ABC Brasil 10,50 9,75 5,05
Austin Rating 10,25 9,50 5,05 Ace Capital 10,50 10,25 5,05

a 9,75% no fim de 2024

Banco Bmg 10,25 9,50 5,00 Acrefi 10,50 9,75 5,20
Banco BV 10,25 9,00 5,30 Ágora Investimentos 10,50 9,75 5,10
Banco Master 10,25 9,50 5,00 Alphatree Capital 10,50 10,00 5,30
Banrisul 10,25 9,00 5,04 ASA Investments 10,50 9,75 5,25
BB Asset Management 10,25 9,50 4,95 AZ Quest 10,50 9,50 5,00

com piora no cenário

BGC Liquidez 10,25 10,00 5,30 Azimut Brasil 10,50 10,00 5,00
BNP Paribas 10,25 9,50 4,95 Banco do Brasil 10,50 9,75 5,00
BRP 10,25 9,75 5,10 Banco Pine 10,50 9,75 4,85
Buysidebrazil 10,25 9,25 5,10 Barra Peixe Investimentos 10,50 10,00 5,20
C6 Bank 10,25 9,25 5,30 Berkana Patrimônio 10,50 9,50 5,10
Capital Economics 10,25 9,50 5,20 BOCOM BBM 10,50 10,00 N/D
Gabriel Roca e Arthur Cagliari um ‘forward guidance’ [indicação tencial de reação. Vimos a notícia Citi 10,25 10,00 5,06 Bradesco Asset Management 10,50 9,5* 4,95
De São Paulo futura] muito atualizado e que le- da distribuição dos dividendos ex- Coface 10,25 9,75 5,00 Brasilprev 10,50 9,50 5,05
ve em conta a realidade dos fatos. traordinários da Petrobras, na dire- Daycoval Asset 10,25 9,75 5,05 BRCG 10,50 9,50 5,20
O aumento das incertezas locais O ‘guidance’ [projeção] do comu- ção correta. Pode haver discursos EQI Asset 10,25 9,50 5,00 Citrino Gestão de Recursos 10,50 9,75 5,10
e externas desencadeou uma onda nicado e da ata pós-Copom fazia mais firmes em relação à credibili- Exploritas 10,25 9,50 4,80 Fator 10,50 10,00 5,20
de revisões para a trajetória da Se- referência a um mundo que não dade fiscal, esse seria também um FGV/Ibre 10,25 10,00 5,20 Fibra 10,50 10,00 5,15
lic nas últimas semanas. Embora o existe mais”, afirma. bom momento para algum anún- G5 Partners 10,25 9,00 5,20 Gap Asset 10,50 9,75 5,10
mercado se encontre muito dividi- Para ele, outro fator que sinali- cio de projetos de ‘spending re- Genial Investimentos 10,25 9,50 5,15 JF Trust 10,50 9,75 5,13
do sobre o tamanho do corte de ju- za que há um reconhecimento, view’ [revisão de gastos]. Não volta- Guide Investimentos 10,25 9,25 5,35 JGP 10,50 10,00 5,10
ros que virá na próxima reunião do por parte dos economistas de ríamos para o cenário de um mês HSBC 10,25 8,50 4,75 Kinea Investimentos 10,50 9,75 5,00
Comitê de Política Monetária (Co- que o espaço para os cortes de ju- atrás, mas alguma capacidade de Inter 10,25 9,25 5,00 Kínitro Capital 10,50 9,75 5,00
pom) do Banco Central, a mediana ros diminuiu é o recente movi- reação existe, e poderíamos ver al- Itaú Unibanco 10,25 9,75 5,00 Meraki Capital 10,50 10,00 5,30
das previsões para a taxa básica ao mento de elevação nas projeções guma melhora na margem, como Kairós Capital 10,25 10,00 5,00 Neo Investimentos 10,50 9,75 5,00
fim de 2024 teve um salto expressi- de inflação para 2025 no Focus. ocorreu na quinta e na sexta-feira.” LCA Consultores 10,25 9,50 5,10 Nova Futura Investimentos 10,50 10,00 5,11
vo. Ao mesmo tempo, as perspecti- “Acredito que uma parcela dos Na pesquisa realizada pelo Va- MB Associados 10,25 9,75 5,10 Novus Capital 10,50 10,00 N/D
vas para o câmbio também piora- economistas vai continuar revi- lor, a mediana das 90 casas que Medley Advisors 10,25 9,50 5,15 Oby Capital 10,50 10,00 5,20
ram, subindo de R$ 5 para R$ 5,10 sando para cima as projeções de responderam sobre o câmbio indi- Morgan Stanley 10,25 9,50 5,30 Occam 10,50 10,00 5,15
no término do ano. inflação para 2025. O hiato [do cou uma projeção de dólar em R$ MUFG 10,25 9,00 4,95 Oriz Partners 10,50 9,75 5,00
Em levantamento feito pelo produto, medida de ociosidade da 5,10 no fim de 2024. O estrategista Persevera 10,25 8,50 4,50 Panamby Capital 10,50 9,75 5,00
Valor com 93 instituições finan- economia] está fechando mais rá- do BBVA para América Latina, Ale- Petros 10,25 N/D N/D Parcitas Investimentos 10,50 9,50 5,15
ceiras, 50 disseram esperar que o pido do que se previa. Existe uma jandro Cuadrado, diz ter posição Pezco 10,25 10,25 5,05 Principal Claritas 10,50 9,75 5,10
Copom mantenha a orientação discussão sobre o processo de de- em real contra o dólar porque Planner 10,25 9,50 5,15 Quantitas 10,50 10,00 5,10
fornecida em sua última decisão sinflação no Brasil ter menos im- acredita que a moeda brasileira Porto Asset Management 10,25 9,75 5,10 Reach Capital 10,50 9,75 5,25
e corte as taxas de juros em 0,5 pulso atualmente. Isso mostra que pode se valorizar. “Em algum mo- RB Investimentos 10,25 9,75 4,90 Reag Investimentos 10,50 10,00 5,50
ponto percentual em maio. As o espaço para cortes de juros é me- mento, as coisas nos EUA devem Rio Bravo Investimentos 10,25 9,75 5,10 RPS Capital 10,50 9,50 5,10
outras 43 já apostam em uma re- nor do que se supunha há meses. esfriar e a indicação de corte nas Suno Research 10,25 9,50 4,88 Travelex Bank 10,50 10,50 5,00
dução no ritmo de afrouxamen- Eu também achava que podia cor- taxas americanas pode ajudar tan- TAG Investimentos 10,25 9,75 5,20 Troster & Associados 10,50 9,50 5,00
to para 0,25 ponto. A taxa está tar mais, mas a realidade mudou. to o mercado de juros brasileiro Terra Investimentos 10,25 10,00 5,10 Wealth High Governance (WHG) 10,50 10,00 5,20
atualmente em 10,75% ao ano. Além disso, a trajetória fiscal, gera quanto o de ações”, afirma. UBS BB 10,25 8,50 5,00 XP 10,50 10,00 5,00
Mais notável ainda é a mudança mais preocupação”, diz. O estrategista diz ter entrado na Veedha Investimentos 10,25 9,50 4,95 Bradesco N/D 9,25 4,70
na percepção dos agentes sobre o posiçãocompradaemrealquandoo
espaço que o Banco Central (BC) câmbio bateu em R$ 5,18, com obje- Mediana das projeções

R$ 5,10
tem para seguir reduzindo a Selic tivo de R$ 5,05. “Olhando para os Selic dez/2024 Selic dez/025 Dólar dez/2024
em 2024 e em 2025. Se, na pesquisa gráficos, você percebe que pode ter Em 18/03/2024: 9% Em 18/03/2024: 8,5% Em 29/12/2023: R$ 5
anterior, feita pelo Valor em mar- ummovimentobomparaorealpela Em 22/04/2024: 9,75% Em 22/04/2024: 9% Em 22/04/2024: R$ 5,10
ço, a mediana das estimativas para é a nova mediana frente, exceto se houver correções Fonte: Instituições financeiras e consultorias. Elaboração: Valor. **Projeções coletadas entre 18 e 19 de abril de 2024

a taxa de juros no fim do ciclo se en-
contrava em 9%, agora a indicação
é de 9,75%. O patamar é superior
também ao observado no Boletim
Focus, atualmente em 9,13%. A tra-
jetória para os juros básicos no fim
do ano que vem seguiu a mesma
direção e avançou de 8,5% para 9%.
A onda de revisões ocorreu em
um intervalo de pouco mais de dez
dias. A surpresa de alta com o índi-
ce de preços ao consumidor ameri-
cano se juntou a novas evidências
de que a economia americana se-
gue forte, empurrando cada vez
mais para frente as apostas sobre o
início dos cortes de juros nos EUA.
Simultaneamente, a escalada nas
tensões no Oriente Médio susten-
tou os preços do petróleo. E, no
ambiente doméstico, a revisão da
meta fiscal levou a uma piora na
percepção de risco sobre a susten-
tabilidade das contas públicas.
Com a deterioração do cenário de
riscos em múltiplas frentes, o presi-
dente do BC, Roberto Campos Neto,
veio a público, na semana passada,
desenhar um mapa com quatro ce-
nários possíveis para os próximos
passos da política monetária no Bra-
sil. Na prática, na avaliação dos
agentes, o dirigente buscou se desfa-
zer da orientação de política mone-
tária indicada no comunicado da úl-
tima decisão, de que o comitê via co-
mo apropriado mais um corte de 0,5
ponto percentual na taxa Selic.
Segundo o economista-chefe do
Banco Pine, Cristiano Oliveira, a fa-
la de Campos Neto será bastante
útil para guiar os agentes no curto
prazo. “Se as incertezas do merca-
do não diminuírem, tudo indica
que haverá uma redução no ritmo
dos cortes de juros aqui no Brasil.
Vi a fala como muito importante
porque em um regime de metas de
inflação, é fundamental que a au-
toridade monetária tenha sempre
das projeções
para o dólar
Segundo Oliveira, desde o início
do ciclo de cortes o BC apontou que
o juro permaneceria em território
contracionista. “Acredito que ago-
ra deve ser mais contracionista ain-
da. Nunca houve plena convergên-
cia das expectativas. O que o BC fez
foi um ajuste inicial, cortou o juro
em 3 pontos, e agora deve começar
um ajuste fino. Acredito que esse
ajuste será de mais 1 ponto, dividi-
do em quatro reuniões”, projeta.
Para a economista-chefe da Ar-
mor Capital, Andrea Damico, s a
decisão do Copom fosse hoje, o
mais provável seria uma redução
no ritmo dos cortes. No entanto,
caso o câmbio voltasse a um pata-
mar mais próximo dos R$ 5,10, o
cenário permitiria que o BC cum-
prisse sua orientação reduzisse a
Selic em 0,5 ponto percentual.
“Não revisamos [a projeção para a
Selic] para um corte de 0,25 ponto
percentual porque entendemos que
estamos em um momento de muita
volatilidade no mercado. Não consi-
go imaginar que o câmbio irá se es-
tabilizar na faixa dos R$ 5,30. Temos
elementos para que retorne aos
R$ 5,10 e precisamos esperar o de-
senrolar desses eventos para ter uma
convicção maior”, afirma Damico.
Na visão da economista, no ve-
tor externo, há pouca margem de
melhora, já que os sinais dos EUA
são de economia ainda resiliente e
menos cortes de juros pelo Federal
Reserve, o banco central do país.
No entanto, há fatores locais que
poderiam contribuir para uma
distensão dos ativos e retomar a
possibilidade de um corte de 0,5
ponto percentual em maio.
“Aqui dentro, existe algum po-
globais de risco. E como não espero
que algo assim se materialize, vi es-
CLAUDIO BELLI/VALOR
“O risco é se o BC cortar 0,25
paço para ficar comprado em real.” ponto percentual já na próxima
Ele diz que a recente alta dos ju- reunião e reforçar a preocupação
ros de mercado no Brasil jogou com o fiscal, voltando a fazer pon-
contra o desempenho da moeda. tuações duras sobre esse tema, co-
“O real tinha, assim, um apelo fal- mo fez no começo do governo Lu-
so, porque [a alta dos juros] não es- la. Nesse caso, poderemos voltar a
tava a favor de quem estava aplica- ter ruídos entre o governo e o BC.”
do [apostando na queda] em juros A recente depreciação do real,
e também jogava contra quem es- na avaliação de Luca Mercadante,
tava comprando ações.” economista da Rio Bravo Investi-
Para Cuadrado, é preciso lem- mentos, está atrelada mais ao
brar a importância desse mercado maior prêmio de risco embutido
de ações para o desempenho do na moeda, seja por incertezas em
real. “Desde a crise que houve nos torno dos cortes de juros nos EUA,
anos de 2015 e 2016, os investido- seja pelas tensões geopolíticas ou
res estrangeiros abandonaram a pelas dúvidas em torno da susten-
renda fixa brasileira e nunca volta- tabilidade da dívida pública brasi-
ram ao tamanho que já tiveram. leira. “Neste último caso, o arca-
Por outro lado, o mercado de ações bouço já não era muito crível. Se
se desenvolveu bastante”, diz. observar o que era colocado como
Essa visão mais construtiva meta do governo e o que o relató-
com o real, porém, só vale em um rio Focus tinha como expectativa,
ambiente em que a crise geopolí- havia uma discrepância”, diz. “O
tica não ganhe proporções maio- mercado não comprava completa-
res e o BC não se torna mais caute- mente a trajetória que o governo
loso pela questão fiscal. “Se as coi- queria impor para as contas públi-
sas esfriarem até a reunião do Co- cas, mas esse arcabouço funciona-
pom, acho que o BC vai manter o va como uma espécie de âncora, e
que prometeu e cortar 0,5 ponto agora ela foi prejudicada.”
percentual. Depois, na reunião Ainda que seja recente o au-
seguinte, deve passar a cortar mento de prêmio de risco no
0,25 p.p”, diz, complementando câmbio, Mercadante não descar-
que nesse cenário estima uma Se- ta a chance de o movimento se es-
lic a 9,5% no fim deste ano. tender e ofuscar o fluxo comer-
cial mais positivo neste período
do ano com exportações de grãos.
“Não consigo “Não estamos tendo um proble-
ma com a balança comercial, mas
imaginar que o com um maior prêmio de risco.
Esses eventos que mencionei não
câmbio irá se são estáticos. Pode ter uma piora
estabilizar na guerra, que afete a produção
de petróleo; o Fed pode indicar
na faixa que cortes de juros neste ano não
vão ocorrer; da mesma forma,
dos R$ 5,30” mudanças adicionais no arca-
bouço fiscal podem piorar a pers-
Andrea Damico pectiva da evolução da dívida.”
C2 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 INÊS249
Finanças

Ibovespa Bolsas internacionais Juros Dólar comercial Índice de Renda Fixa Valor
Em pontos Variações no dia 19/abr/24 - em % DI-Over futuro - em % ao ano Cotação de venda - em R$/US$ Base = 100 em 31/12/99
Jan/2025 Jan/2026
Dow Jones 0,56 10,54
queda de
S&P 500 -0,88 2.103,01
129

128
alta de

0,75%
Euronext 100
DAX
-0,33
-0,56 10,16
5,1994
0,96% 2.100,13
2.096,90
126.990 10,35 em relação
127

5,0591
125.124 CAC-40 -0,01 ao real
9,93
126

10,03
125

Nikkei-225 -2,66 9,92

124

1/abr/24 19/abr/24
SSE Composite -0,29 1/abr/24 10/abr 19/abr/24 1/abr/24 19/abr/24 1/abr/24 10/abr 19/abr/24

Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data

Mercados Grande volume de investidores institucionais e de varejo

viabiliza captações de startups e pequenas e médias empresas Credenciadoras de
cartões se aproximam
Bolsa da Suécia se destaca como da oferta bancária
modelo para ações na Europa Álvaro Campos
De São Paulo

As mudanças tecnológicas e de
outras; no segundo pilar, de ges-
tão, há instrumentos clássicos de
crédito e débito, conciliação, e no-
vidades como o “Pix em lote”, que
ERIK FLYG/BLOOMBERG
competição no mercado de cre- permite criar grupos fixos e reali-
Nikou Asgari denciadoras de cartões nos últi- zar uma série de transferências
Financial Times, de Londres mos anos têm levado as empresas de uma vez; e no terceiro o princi-
alterar suas estratégias em respos- pal produto é o capital de giro.
Em abril de 2023, um grupo de ta às margens cada vez mais aper- “Nossa missão é ajudar os em-
quase 60 executivos da União Eu- tadas na adquirência. De um lado, preendedores. E nem todo empre-
ropeia viajou à Suécia para uma os grandes conglomerados estão endedor usa maquininha. Com es-
reunião com a Nasdaq Estocol- aproximando suas empresas dos sa posição da ‘conta first’, teremos
mo, em missão para averiguar bancos, como fez Santander ao ti- uma oferta 100% digital, com uma
mais sobre o enorme sucesso da rar a Getnet da bolsa e como Bra- jornada diferente, focada nas do-
operadora de bolsa de valores do desco e Banco Brasil pretendem fa- res desses clientes”, afirmou a dire-
país. Durante uma sessão de duas zer com a Cielo. De outro, PagSe- tora de estratégia, Lia Matos. Para
horas sobre “ecossistemas de guro reforçou a oferta bancária e clientes um pouco maiores, será
mercados de capitais”, os execu- virou PagBank, e agora a Stone possível integrar a conta com os
tivos da bolsa explicaram por vai por um caminho semelhante. softwares de gestão (ERP) da Linx,
que tantas pequenas e médias Na sexta-feira, a Stone anunciou adquirida pela Stone em 2020.
empresas vêm optando por o relançamento de sua conta para Ela afirmou que o relançamen-
abrir o capital em Estocolmo. pessoa jurídica (PJ), que com quase to da conta não altera a projeção
Em tempos em que o Reino três anos de vida ganhou “maturi- da companhia de atingir mais de
Unido e muitos outros países dade” e pode ser mais anunciada R$ 7 bilhões em depósitos de
europeus encontram dificulda- ao grande público. Com a licença clientes neste ano e chegar a 2027
de para atrair ofertas públicas de financeira obtida em janeiro, a com R$ 14 bilhões. Para a carteira
iniciais de ações (IPOs na sigla credenciadora deve em breve co- de crédito, as metas são de R$ 800
em inglês) e sofrem com o de- meçar a emitir certificados de de- milhões e R$ 5,5 bilhões, respecti-
clínio dos volumes negociados, pósitos bancários (CDBs), bara- vamente. Segundo a executiva, a
a Suécia se sobressai, relativa- teando seu funding. A empresa Stone está satisfeita com a oferta
mente para seu tamanho, por prevê que, no futuro, a maquini- de crédito, relançada no ano pas-
ter mercados de capital em óti- nha de cartão não será mais a prin- sado após tropeços iniciais. “Sa-
ma fase, sustentados por le- cipal porta de entrada de clientes. bemos que há uma grande de-
giões de investidores e que são “O lançamento desse produto manda dos clientes por crédito,
tentadores até para empresas serve como uma nova maneira de mas temos uma visão de cresci-
estrangeiras lançarem ações. trazer gente para a Stone, a possi- mento conservadora. O crédito
“A Suécia agora tem os merca- bilidade de explorar outros merca- vem escalando e estamos super-
dos de capital com mais profun- dos. Seremos ‘conta first’, e não felizes com os resultados, mas
didade da Europa”, disse William mais ‘maquininha first’. Estamos ainda precisa maturar.”
Wright, cofundador do centro de evoluindo o posicionamento para Em encontro com investidores
estudos New Financial, especiali- trazer a conta como o centro da em novembro, o CEO, Pedro Zin-
zado em mercados financeiros. oferta”, disse o diretor que cuida ner, já havia deixado claro que a
“O que eles perceberam é que da divisão de pequenas e médias Stone não é mais apenas uma em-
você, de fato, precisa desse ecos- Bolsa sueca Nasdaq Estocolmo atrai empresas estrangeiras para abrir capital no país atrás de melhor precificação empresas (PME), Mateus Biselli. presa de pagamentos e que terá ca-
sistema e precisa incentivá-lo Se o PagBank foi para o mi- da vez mais produtos bancários, de
em cada passo do caminho.” sas”, referindo-se à comunidade par, um produto que permite ao ou indireta do [investidor de] croempreendedor individual crédito e software como diferen-
Autoridades econômicas pela de investidores institucionais. sueco comum investir em bol- varejo, e em investimentos de (MEI) e a pessoa física, a conta PJ da ciais. Na ocasião, ele disse que só a
Europa tentam urgentemente Entre os grandes investidores, sas de valores. Em 1990, já ha- longo prazo”, disse Sandro Pier- Stone é focada em pequenas e mé- “ponta do iceberg” desse processo
revitalizar seus próprios merca- os fundos de pensão suecos há via 1,7 milhão dessas contas, o ri, presidente da Associação Eu- dias empresas. “A conta PJ é um podia ser vista até então. “Nos pró-
dos, alterando as regras de aber- muito aplicam em ações locais. que impulsionou o lançamento ropeia de Fundos e Gestão de centro de gravidade para a jornada ximos anos, isso ficará mais claro.”
tura de capital e de incentivo pa- Nos últimos anos, os quatro de fundos com foco em peque- Ativos (Efama, na sigla em in- do empreendedor. Nós queremos As mudanças vêm acompanha-
ra os fundadores de empresas, e maiores fundos de aposentadoria nas e médias empresas locais. glês). “A Suécia, com certeza, é ser o ‘sistema operacional’ do ne- das de alterações na estrutura or-
tentando encorajar fundos de do país, em termos gerais, manti- Esse tipo de produto financei- um modelo nesse sentido.” gócio dele”, afirmou o diretor Lu- ganizacional. Em setembro, Zin-
pensão e de varejo a investir em veram ou aumentaram suas parti- ro chegou “10 a 20 anos antes de A Nasdaq Estocolmo tem tenta- cas Pérez, de serviços bancários. ner reestruturou o comitê executi-
ações das empresas locais. cipações em ações locais. Em con- qualquer outro país fazer algo se- do até atrair nomes estrangeiros, Segundo Biselli, a conta é basea- vo e, no mês passado, a companhia
A Suécia, porém, já leva uma traste, no Reino Unido, as partici- melhante, pelo menos na Euro- como empresas de pequeno e mé- da em três pilares: ajudar o cliente anunciou que seu fundador, An-
vantagem considerável sobre pações dos fundos de pensão em pa”, disse Carl Rosenius, chefe de dio porte na Alemanha, que, segun- a vender, gerir o negócio e girar es- dré Street, deixaria o conselho de
outros países, por ter adotado ações locais caíram para cerca mercado de capitais de renda va- do Kostyál, estão “mal servidas em toques. Para o primeiro, de vendas, administração, apesar de perma-
muitas dessas medidas há de 4%. Além disso, as firmas de riável no banco sueco SEB. “Essa, termos do mercado local de IPOs”. são oferecidas ferramentas de co- necer como acionista de referên-
anos, ou mesmo décadas. seguros suecas têm as maiores sem dúvida, tem sido a história “Está claro que a Alemanha brança, como Pix, boleto, link de cia. Entre os novos nomes indica-
Nos últimos dez anos, 501 em- participações em ações na UE. de sucesso na Suécia, ter gran- tem um problema de infraestru- pagamento, maquininha, entre dos ao colegiado está o do econo-
presas fizeram IPOs na Suécia, Investidores de grande porte des fundos olhando ativamente tura, pois é muito difícil para em- mista José Alexandre Scheinkman.
mais do que o número total da costumam desempenhar o papel para oportunidades em peque- presas menores abrirem o capital “A Stone evoluiu para se tornar
França, Alemanha, Holanda e Es- dos chamados “investidores-ânco- nas e médias empresas locais.” lá”, disse Joakim Falkner, sócio de uma empresa incrivelmente bem es-
panha, somadas, de acordo com
dados da Dealogic. O Reino Uni-
do lidera a conta, com 765 IPOs.
ra” em IPOs, segundo John Thi-
man, sócio da banca de advocacia
White and Case, em Estocolmo, o
Mudanças nas regras de inves-
timentos nos anos 1990 permiti-
ram que as pessoas investissem
outra banca de advocacia, a Ba-
ker McKenzie, em Estocolmo.
Historicamente, o investidor ale-
2,1 mi truturada, contando com um conse-
lho tecnicamente proficiente e ma-
joritariamente independente”, disse
Embora os volumes totais de que dá confiança às empresas em 2,5% do valor destinado às apo- mão prefere títulos a ações, o que Número de contas Street em nota na ocasião. “Meu
captação de recursos por meio fase de preparação para abrir ca- sentadorias em fundos de sua torna mais difícil levantar di- de pessoa jurídica compromisso como acionista de
de IPOs na Suécia estejam bem pital e aos demais investidores. escolha, apoiados por uma cam- nheiro no mercado acionário. longo prazo, juntamente com meus
abaixo dos observados nos Esta- “Cada IPO bem-sucedido envol- panha pública de informações. No início do ano, Myles Mur- na Stone sócios, permanece inabalável.”
dos Unidos — onde algumas das ve algum nível de investidores-ân- E, em 2012, o Estado introdu- ray, fundador da fabricante ir- CLAUDIO BELLI/VALOR
maiores empresas suecas, como cora”, disse. “Há um sentimento ziu contas de investimento cha- landesa de equipamentos médi-
o serviço de música Spotify e a muito forte dos investidores de al- madas ISKs que permitem às pes- cos PMD Solutions, optou por
fabricante de bebidas Oatly, lan- ta solidez em relação às ações.” soas físicas investirem sem preci- abrir capital em Estocolmo. Disse
çaram ações — o país nórdico Os investidores de varejo tam- sar informar suas participações que o grande número de empre-
tem sido muito bem-sucedido bém são grandes compradores ou se preocupar com imposto so- sas de saúde comparáveis à sua e
em incentivar empresas nacio- de ações, beneficiados por uma bre ganhos de capital ou divi- com ações negociadas no país
nais menores a permanecer em série de reformas nas últimas dé- dendos. Em vez disso, o valor to- permite aos analistas avaliar sua
casa, encorajadas pela profundi- cadas. Comparados ao restante tal da conta é taxado. Em 2024, a empresa com mais facilidade, em
dade de seu mercado de ações. da Europa, os suecos detêm uma alíquota estava em cerca de 1%. comparação à Euronext Dublin.
“Comparado ao tamanho do das maiores proporções de seus Algumas instituições beneficen- O acesso a investidores maiores
país e também ao tamanho da investimentos em empresas de tes vão às escolas para ensinar jo- foi de grande ajuda. “Éramos uma
bolsa de valores, o mercado de capital aberto e uma das meno- vens de 16 a 18 anos sobre finanças empresa estrangeira, ainda sem
IPOs [sueco], definitivamente, res em depósitos bancários, ao pessoais, por exemplo, sobre a dife- lucro, e a menor das corretoras
tem sido mais vibrante do que mesmo tempo em que a educa- rença entre ações e fundos mútuos, era capaz de conseguir [agendar]
outros em permitir IPOs de em- ção financeira é maior do que na de acordo com Joacim Olsson, exe- uma reunião [com os grandes
presas menores”, disse Tony Elofs- Alemanha, França ou Espanha. cutivo-chefe da organização sue- fundos de pensão], e isso foi mui-
son, executivo-chefe do Carnegie Em 1984, o governo lançou ca de acionistas Aktiespararna. to surpreendente”, disse Murray.
Group, um banco e gestor de ati- uma conta chamada Allemanss- Outros países europeus correm O sistema da Suécia parece ter
vos nórdico. Cerca de 90% dos para encorajar suas populações a se traduzido em bons retornos
IPOs têm valor inferior a US$ 1 bi- investir em ações. Em março, o para o mercado de ações. Nos
lhão, segundo Adam Kostyál, pre-
sidente da Nasdaq Estocolmo.
“A verdadeira Reino Unido lançou uma isenção
fiscal de 5 mil libras esterlinas
últimos dez anos, seu principal
índice subiu 85%, enquanto o
Um dos principais propulsores chave está em (US$ 6,36 mil) para aqueles que índice Euro Stoxx 600 teve alta
disso é a cultura de investimento investem em empresas britânicas, de 49% e o FTSE 100, da bolsa
do país, que, segundo Elofsson, mobilizar a enquanto o ministro das Finanças de Londres, de apenas 17%.
do Carnegie Group, tem atraído
“todo mundo, desde a pessoa co- participação da França, frustrado com o rit-
mo das reformas da UE, defen-
Isso, também, tem ajudado a
persuadir empresas suecas de
mum até investidores de private
banking e empreendedores de al-
direta ou indireta deu que um grupo pequeno de
países tome a dianteira e crie um
pequeno e médio porte a per-
manecer em casa.
to engajamento, mas também a do varejo” novo produto de investimento. “Como dizemos na Suécia, para
comunidade de investimentos “A verdadeira chave está em que atravessar o rio para pegar
em pequenas e médias empre- Sandro Pierri mobilizar a participação direta água” disse Elofsson, da Carnegie. Street, da Stone: compromisso como acionista de longo prazo
INÊS249 Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 | Valor | C3
C4 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 INÊS249
Finanças

Ativos digitais Tecnologias são apontadas como mais promissoras para atrair recursos e investimentos

Após ‘halving’, cripto se volta a IA e ‘tokenização’

Ricardo Bomfim pois do lançamento de ferra- lo, chefe de ativos digitais da Em- real. Para Rebelo, o fato de uma conhecido para construção de que vai ditar a valorização é a sina-
De São Paulo mentas como o ChatGPT, a inteli- piricus, defende que a narrativa plataforma assim existir no mun- contratos inteligentes. lização de corte de juros.”
gência artificial generativa é tida de IA é a mais forte do setor crip- do das finanças descentralizadas “Há redes que podem perfor- Portilho também acredita que o
Passado o “halving” do bitcoin, como uma tecnologia promisso- to atualmente, e admite que pos- (DeFi) já serve para que os investi- mar melhor, mas não só por terem cenário macro terá mais impacto
que na última sexta-feira cortou ra em termos de intersecção com sui três tokens ligados à tecnolo- dores decidam usá-la, embora desempenho melhor serão vence- para cripto do que alguns dos
pela metade a remuneração dos as soluções criadas no mundo gia na sua carteira recomendada. também não signifique que o pro- doras. O Ethereum tem um efeito eventos mais específicos do setor,
mineradores da criptomoeda, o dos criptoativos pela automação A tokenização de ativos reais, jeto vá se consolidar como princi- de rede muito grande com todas as como é o caso do halving.
mercado de ativos digitais agora da busca de dados e originação por sua vez, é uma perspectiva que pal player do setor. “Se a BlackRock suas segundas camadas. Precisa ter “O halving é um fetiche do
busca em protocolos de inteligên- de conteúdos e serviços. atrai os bancos e investidores insti- vai usar Pendle são outros 500, uma desculpa muito boa para de- mundo cripto. Hoje, se você com-
cia artificial (IA) e na digitalização Um dos projetos que chamam tucionais pois fala diretamente mas o mercado olha para a pro- senvolver em algo que não seja para a quantidade de novos bit-
de ativos das finanças tradicionais atenção dos analistas é o da Ren- com as ineficiências e custos eleva- posta e pensa em comprar pela te- Ethereum ou Solana.” coins sendo emitidos com o volu-
— a chamada “tokenização” — no- der, dona do token RNDR, cuja dos do sistema financeiro omo es- se de tokenização de ativos reais.” Para o setor cripto como um to- me do mercado à vista e como era
vas narrativas para atrair recursos proposta é funcionar como uma tá organizado hoje. “É algo que in- Já André Portilho, chefe de ati- do, a expectativa principal é pelo esta relação em outros halvings,
e viabilizar investimentos. rede distribuída de GPUs (unida- teressa muito ao mercado tradi- vos digitais do BTG Pactual, afirma início do ciclo de corte de juros nos percebe que é uma realidade
Longamente esperado como des de processamento gráfico) cional. Vamos ver cada vez mais que uma das principais narrativas EUA, visto como um gatilho para o completamente diferente.”
presságio de forte valorização das que conecta quem precisa de po- nomes como [o CEO da BlackRock] para se atentar no pós-halving é a fluxo de capital para ativos de ren- O executivo do BTG avalia que o
criptomoedas, o halving de 2024 der computacional com quem Larry Fink falando de tokenização de construção de infraestrutura da variável em geral. Rebelo desta- impacto da demanda causado pelo
finalmente se concretizou às possui este tipo de recurso. na televisão”, argumenta Souto. blockchain para viabilizar a cria- ca que os grandes investidores ain- lançamento dos ETFs de bitcoin é
21h09 (horário de Brasília) da sex- Jorge Souto, gestor do TC Digital Um dos exemplos neste cenário ção de aplicações descentralizadas da não entraram em peso nos fun- muito mais relevante em termos de
ta, com a “mineração” do bloco de Assets, diz que inteligência artifi- é a Pendle, uma plataforma que como a dos dois setores citados. dos negociados em bolsa (ETFs) de preço do que a diminuição da ofer-
número 840 mil. O evento, progra- cial deve ser o setor que mais vai oferece rendimentos em tokens “Nós ainda temos muita coisa a ser bitcoin das bolsas americanas, ta futura provocada pelo halving.
mado para ocorrer a cada 210 mil ganhar em termos de valor de mer- baseados em ativos do mundo desenvolvida”, afirma. apesar de toda a valorização da Fábio Plein, diretor regional
blocos emitidos (o que leva aproxi- cado em cripto, mas alerta que co- Portilho acredita que apesar principal das criptomoedas desde para as Américas da Coinbase,
madamente quatro anos), além de mo esse é o primeiro ciclo no qual de o Ethereum, maior rede cripto que estes produtos foram aprova- diz que o halving é importante
reduzir a remuneração e forçar a a narrativa ganha força é difícil sa- em aplicação comercial no mun- dos pela SEC (comissão de valores para toda a indústria de cripto-
eficiência dos mineradores, dimi-
nui a “produção” de novas moe-
das, numa política monetária anti-
ber quais projetos irão sobreviver e
quais se tornarão inviáveis. “Muita
coisa é criada e pouca sobrevive”,
3,125 do, ter saído de moda nas reco-
mendações dos analistas, ainda é
um ecossistema com diversas
mobiliários dos EUA).
“O capital institucional não pe-
netrou direito. O tíquete médio do
moedas por reforçar a escassez
da moeda digital. Contudo, ele
também vê fatores externos, tais
inflacionária pensada com o obje- afirma. Ele cita, no entanto, a Ren- são os bitcoins possibilidades a serem explora- investimento nos ETFs está por vol- quais a política monetária ameri-
tivo de trazer escassez e de valori- der como uma das apostas mais recebidos agora por das. E um dos motivos para apos- ta de US$ 13 mil a US$ 18 mil. Não é cana como algo que possui
zar cada vez mais o bitcoin. consolidadas dentro do setor. tar no protocolo é o efeito que ele institucional de peso”, afirma. maior potencial de efeito nas co-
Tornada foco das atenções de- Na mesma linha, Valter Rebe- bloco minerado possui por ser o mais testado e “Continuamos otimistas, mas o tações dos ativos digitais.

Finanças Indicadores

IMA - Índices de Mercado Anbima Custo do dinheiro TR, Poupança e TBF Índice de Renda Fixa Valor
Em 19/04/24 Em % no período Variações % no período Base = 100 em 31/12/99
Valor Var. no Var. no Var. no Há No fim de Há Há Período TR Poupança * Poupança ** TBF 19/04/24 18/04/24 17/04/24 16/04/24 15/04/24 12/04/24
Índice Referência do índice dia % mês % ano % Taxas referenciais 19/04/24 18/04/24 1 semana março 1 mês 12 meses 02/04 a 02/05 0,0857 0,5861 0,5861 0,7563 Índice 2.096,90 2.090,60 2.088,19 2.086,90 2.094,65 2.099,77
IRF-M 1* 15.624,7574260 0,09 0,29 2,76 Selic - meta ao ano 10,75 10,75 10,75 10,75 11,25 13,75 03/04 a 03/05 0,0850 0,5854 0,5854 0,7556 Var. no dia 0,30% 0,12% 0,06% -0,37% -0,24% 0,00%
IRF-M 1+** 20.059,2260390 0,44 -0,77 0,59 Selic - taxa over ao ano 10,65 10,65 10,65 10,65 11,15 13,65 04/04 a 04/05 0,0807 0,5811 0,5811 0,7512 Var. no mês -0,34% -0,64% -0,76% -0,82% -0,45% -0,21%
IRF-M Total 18.163,5956210 0,33 -0,44 1,23 Selic - taxa over ao mês 1,2050 1,2050 1,2050 1,2050 1,2587 1,5236 05/04 a 05/05 0,0462 0,5464 0,5464 0,7065 Var. no ano 1,53% 1,23% 1,11% 1,05% 1,43% 1,67%
IMA-B 5*** 9.132,3304350 0,15 -0,32 1,73 Selic - taxa efetiva ao ano 10,65 10,65 10,65 11,00 11,15 13,65 06/04 a 06/05 0,0227 0,5228 0,5228 0,6829 Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data
IMA-B 5+**** 11.242,9676550 0,17 -1,63 -3,12 Selic - taxa efetiva ao mês 0,8874 0,8874 0,8874 0,8317 0,8425 0,9181 07/04 a 07/05 0,0486 0,5488 0,5488 0,7189
IMA-B Total 9.824,9778960 0,16 -1,00 -0,83 CDI - taxa over ao ano 10,65 10,65 10,65 10,65 11,15 13,65 08/04 a 08/05 0,0843 0,5847 0,5847 0,7549
IMA-S Total 6.602,5016850 0,04 0,61 3,32 CDI - taxa over ao mês 1,2050 1,2050 1,2050 1,2050 1,2587 1,5236 09/04 a 09/05 0,0840 0,5844 0,5844 0,7546
IMA-Geral Total 8.068,1832770 0,13 -0,14 1,49
Fonte: Anbima. Elaboração: Valor Data. * Prazo menor ou igual a 1 ano ** Prazo maior que 1 ano *** Prazo menor ou igual a 5 anos **** Prazo
CDI - taxa efetiva ao ano 10,65 10,65 10,65 11,00 11,15 13,65 10/04 a 10/05
11/04 a 11/05
0,0836
0,0808
0,5840
0,5812
0,5840
0,5812
0,7542
0,7513
Câmbio
CDI - taxa efetiva ao mês 0,8874 0,8874 0,8874 0,8317 0,8425 0,9181
maior que 5 anos 12/04 a 12/05 0,0569 0,5572 0,5572 0,7173
CDB Pré - taxa bruta ao ano - - - - - 12,57
13/04 a 13/05 0,0211 0,5212 0,5212 0,6812 Em 19/04/24
CDB Pré - taxa bruta ao mês - - - - - 0,9917 Em US$ * Em R$ **
14/04 a 14/05 0,0567 0,5570 0,5570 0,7171
CDB Pós - taxa bruta ao ano - - - - - 12,97 Moeda Compra Venda Compra Venda
Crédito CDB Pós - taxa bruta ao mês - - - - - 1,0213
15/04 a 15/05
16/04 a 16/05
0,0824
0,0844
0,5828
0,5848
0,5828
0,5848
0,7530
0,7550 Baht (Tailândia) 36,8200 36,8500 0,14180 0,14200
Taxa de juros de referência - B3 17/04 a 17/05 0,0599 0,5602 0,5602 0,7603 Balboa (Panamá) 1,0000 1,0000 5,2263 5,2269
Taxas - em % no período TJ3 - 3 meses (em % ao ano) 10,43 10,44 10,28 10,36 10,44 13,62 18/04 a 18/05 0,0672 0,5675 0,5675 0,7677 Bolívar Soberano (Venezuela) 36,2512 36,3421 0,1438000 0,1442000
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 TJ6 - 6 meses (em % ao ano) 10,37 10,42 10,11 10,05 10,09 13,49 Boliviano (Bolívia) 6,8500 6,9900 0,7477 0,7631
Fonte:BancoCentral.Elaboração:ValorData.*Depósitosaté03/05/12**Depósitos
Linhas - pessoa jurídica 05/04 04/04 semana março mês meses Taxas referenciais de Swap - B3 Colon (Costa Rica) 498,0000 503,0000 0,010390 0,010500
a partir de 04/05/12; Lei nº 12.703/2012
Capital de giro pré até 365 dias - a.a. 31,69 27,76 28,05 28,05 34,33 33,72 DI x Pré-30 - taxa efetiva ao ano 10,54 10,54 10,54 10,66 10,68 13,65 Coroa (Dinamarca) 7,0029 7,0033 0,7463 0,7464
Capital de giro pré sup. 365 dias - a.a. 27,17 26,03 23,95 23,95 24,04 26,24 DI x Pré-60 - taxa efetiva ao ano 10,48 10,48 10,40 10,50 10,56 13,64 Coroa (Islândia) 141,0700 141,4000 0,03696 0,03705
Conta garantida pré - a.a.
Desconto de duplicata pré - a.a.
42,96
24,60
46,37
25,60
44,57
23,97
44,57
23,97
49,73
23,82
49,42
27,68
DI x Pré-90 - taxa efetiva ao ano 10,43 10,44 10,29 10,37 10,43 13,62 B3 - Brasil, Bolsa, Balcão Coroa (Noruega)
Coroa (Rep. Tcheca)
11,0200
23,7050
11,0230
23,7150
0,4741
0,2204
0,4743
0,2205
DI x Pré-120 - taxa efetiva ao ano 10,40 10,41 10,20 10,25 10,29 13,59
Vendor pré - a.a. 15,61 15,34 15,36 15,36 15,99 19,38 Coroa (Suécia) 10,9206 10,9236 0,4784 0,4786
Capital de giro flut. até 365 dias - a.a. 16,28 16,88 15,40 15,40 19,23 22,72
DI x Pré-180 - taxa efetiva ao ano 10,38 10,42 10,12 10,06 10,10 13,50 Índices de ações em 19/04/24 Dinar (Argélia) 133,9360 135,2760 0,03863 0,03903
Capital de giro flut. sup. 365 dias - a.a. 17,96 16,92 16,99 16,99 17,37 17,73 DI x Pré-360 - taxa efetiva ao ano 10,38 10,48 10,06 9,85 9,84 12,90
No No No Em 12 Dinar (Kuwait) 0,3083 0,3084 16,9465 16,9539
Conta garantida pós - a.a. 23,74 23,81 24,49 24,49 24,57 27,50 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
Índice dia mês ano meses Dinar (Líbia) 4,8682 4,8905 1,0687 1,0737
ACC pós - a.a. 8,10 8,00 9,04 9,04 8,78 8,40 Direitos Especiais de Saque *** 1,3154 1,3154 6,8747 6,8755
Factoring - a.m. 3,33 3,29 3,30 3,30 3,33 3,65 Variação % em reais
Dirham (Emirados Árabes Unidos) 3,6721 3,6731 1,4229 1,4234
Fontes: Banco Central, Anfac e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Mercado futuro Ibovespa 125.124 0,75 -2,33 -6,75 20,41 Dirham (Marrocos) 10,1430 10,1480 0,5150 0,5153
IBrX 52.904 0,84 -2,08 -6,28 20,60 Dólar (Austrália)*** 0,6421 0,6423 3,3558 3,3572
Em 19/04/24 IBrX 50 20.991 0,83 -1,52 -5,52 21,00 Dólar (Bahamas) 1,0000 1,0000 5,2263 5,2269
Juros externos PU de Taxa efetiva - Contratos Cotação - em % ao ano
IEE
SMLL
86.154
2.087
0,21
1,48
-2,82
-7,54
-9,27
-11,32
12,52
15,97
Dólar (Belize) 1,9982 2,0332 2,5705 2,6158
DI de 1 dia ajuste em % ao ano negociados Mínimo Máximo Último Dólar (Canadá) 1,3742 1,3746 3,8021 3,8036
ISE 3.487 0,70 -5,57 -7,36 17,98 Dólar (Cayman) 0,8250 0,8350 6,2590 6,3356
Empréstimos - em % ao ano Vencimento em mai/24 99.679,04 10,657 166.807 10,652 10,660 10,656 IMOB 846 0,88 -10,70 -16,30 23,04 Dólar (Cingapura) 1,3609 1,3618 3,8378 3,8408
Há 1 No fim de Há 1 Há 12 Vencimento em jun/24 98.856,12 10,514 24.895 10,510 10,518 10,518 IDIV 8.734 1,03 0,07 -3,74 23,17 Dólar (EUA) 1,0000 1,0000 5,2263 5,2269
19/04/24 18/04/24 semana março mês meses Vencimento em jul/24 98.084,19 10,460 527.947 10,454 10,480 10,460 Dólar (Hong Kong) 7,8333 7,8335 0,6672 0,6673
IFIX 3.391 0,13 -0,50 2,41 20,72
SOFR - empréstimos interbancários em dólar * Vencimento em ago/24 97.209,20 10,414 6.489 10,405 10,440 10,420 Dólar (Nova Zelândia)*** 0,5892 0,5896 3,0793 3,0818
Atual - 5,3000 5,3100 5,3400 5,3100 4,8000 Vencimento em set/24 96.381,22 10,386 2.688 10,380 10,420 10,385 Variação % em dólares Dólar (Trinidad e Tobago) 6,7311 6,8260 0,7656 0,7765
1 mês - 5,3304 5,3300 5,3224 5,3204 4,7986 Vencimento em out/24 95.594,39 10,377 511.438 10,365 10,435 10,385 Ibovespa 23.939 1,22 -6,64 -13,63 16,26 Euro (Comunidade Européia)*** 1,0654 1,0658 5,5681 5,5708
3 meses - 5,3480 5,3481 5,3506 5,3530 4,6180 Vencimento em nov/24 94.740,59 10,369 2.450 10,360 10,410 10,360 IBrX 10.121 1,31 -6,40 -13,19 16,45 Florim (Antilhas Holandesas) 1,7845 1,8200 2,8716 2,9291
6 meses - 5,3901 5,3898 5,3888 5,3885 4,2833
Vencimento em dez/24 94.039,00 10,368 2.596 10,350 10,420 10,365 IBrX 50 4.016 1,30 -5,87 -12,49 16,83 Franco (Suíça) 0,9090 0,9094 5,7470 5,7502
€STR - empréstimos interbancários em euro **
Vencimento em jan/25 93.278,05 10,353 1.440.851 10,340 10,455 10,355 IEE 16.483 0,67 -7,11 -15,96 8,64 Guarani (Paraguai) 7406,2500 7413,7900 0,0007049 0,0007057
Atual - 3,9090 3,9100 3,8990 3,9080 2,9020
Vencimento em fev/25 92.471,28 10,365 2.926 10,355 10,405 10,370 SMLL 399 1,95 -11,63 -17,87 11,97 Hryvnia (Ucrânia) 39,8250 39,9250 0,1309 0,1312
1 mês - 3,9129 3,9127 3,9121 3,9120 2,8253
Vencimento em mar/25 91.745,95 10,371 2.005 10,355 10,405 10,355 ISE 667 1,16 -9,74 -14,19 13,91 Iene (Japão) 154,5300 154,5600 0,03381 0,03382
3 meses - 3,9254 3,9250 3,9239 3,9231 2,4512
IMOB 162 1,35 -14,64 -22,48 18,80 Lev (Bulgária) 1,8350 1,8359 2,8467 2,8484
6 meses - 3,9426 3,9424 3,9414 3,9413 1,9487 Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/US$ 1.000,00
1 ano - 3,7339 3,7167 3,6738 3,6481 0,8642 IDIV 1.671 1,50 -4,35 -10,84 18,92 Libra (Egito) 48,2800 48,3800 0,1080 0,1083
Dólar comercial do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último
Euribor *** IFIX 649 0,60 -4,89 -5,15 16,56 Libra (Líbano) 89500,0000 89600,0000 0,000058 0,000058
Vencimento em mai/24 5.199,28 -1,19 323.900 5.191,00 5.283,50 5.210,50 Libra (Síria) 13000,0000 13003,0000 0,00040 0,00040
1 mês - 3,855 3,836 3,855 3,862 2,987 Vencimento em jun/24 5.212,82 -1,19 30 5.225,00 5.270,00 5.225,00 Fontes: B3, Banco Central e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
3 meses - 3,897 3,923 3,892 3,922 3,205 Libra Esterlina (Grã Bretanha)*** 1,2396 1,2400 6,4785 6,4814
Vencimento em jul/24 5.227,54 - 0 0,00 0,00 0,00 Naira (Nigéria) 1002,0000 1004,0000 0,00521 0,00522
6 meses - 3,843 3,865 3,851 3,906 3,587
Vencimento em ago/24 5.244,81 - 0 0,00 0,00 0,00 Lira (Turquia) 32,5801 32,5931 0,1603 0,1604
1 ano -
Taxas referenciais no mercado norte-americano
3,731 3,748 3,669 3,755 3,825
Vencimento em set/24 5.260,52 - 0 0,00 0,00 0,00 Prêmio de risco do EMBI+* Novo Dólar (Taiwan) 32,5180 32,5480 0,16060 0,16070
Prime Rate 8,50 8,50 8,50 8,50 8,50 8,00 Ajuste Var. no Contratos Cotação - R$/€ 1.000,00 Novo Sol (Peru) 3,6919 3,6920 1,4156 1,4158
Federal Funds 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50 5,00 Euro do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Spread em pontos base ** Peso (Argentina) 870,5000 871,0000 0,00600 0,00601
Taxa de Desconto 5,50 5,50 5,50 5,50 5,50 5,00 País Spread Variação - em pontos Peso (Chile) 952,7900 953,2500 0,005483 0,005486
Vencimento em mai/24 5.539,81 -1,14 5 5.543,50 5.543,50 5.543,50 Peso (Colômbia) 3917,9300 3919,4300 0,001333 0,001334
T-Bill (1 mês) 5,40 5,40 5,37 5,38 5,36 3,72 Vencimento em jun/24 5.562,15 - 0 0,00 0,00 0,00 19/04/24 18/04/24 No dia No mês No ano
T-Bill (3 meses) 5,40 5,39 5,38 5,36 5,37 5,13 Geral 288 288 0,0 -6,0 -57,0 Peso (Cuba) 24,0000 24,0000 0,2178 0,2178
Vencimento em jul/24 5.585,34 - 0 0,00 0,00 0,00 Peso (Filipinas) 57,5030 57,5230 0,09086 0,09090
T-Bill (6 meses) 5,37 5,37 5,34 5,31 5,30 5,08 África do Sul 365 365 0,0 -14,0 39,0
T-Note (2 anos) 5,00 4,99 4,90 4,63 4,59 4,25 Ajuste Var. no Contratos Cotação - pontos do índice Argentina 1.214 1.242 -28,0 -238,0 -693,0 Peso (México) 17,2041 17,2146 0,3036 0,3038
T-Note (5 anos) 4,68 4,68 4,56 4,22 4,24 3,71 Ibovespa do dia dia em % negociados Mínimo Máximo Último Brasil 217 218 -1,0 7,0 22,0 Peso (Rep. Dominicana) 59,0300 59,5900 0,08770 0,08855
T-Note (10 anos) 4,63 4,63 4,52 4,20 4,27 3,59 Vencimento em jun/24 126.824 0,81 89.080 125.235 127.160 126.810 Colômbia 285 283 2,0 16,0 20,0 Peso (Uruguai) 38,3800 38,4100 0,13610 0,13620
T-Bond (30 anos) 4,71 4,73 4,63 4,35 4,46 3,79 Vencimento em ago/24 128.832 - 0 0 0 0 Filipinas 78 74 4,0 -2,0 20,0 Rande (África do Sul) 19,1136 19,1162 0,2734 0,2735
Fontes: ECB, EMMI, FRBNY e Valor PRO. Elaboração: Valor Data * Taxa baseada em transações de empréstimos overnight garantidos por títulos do México 169 171 -2,0 1,0 2,0 Rial (Arábia Saudita) 3,7512 3,7514 1,3932 1,3934
Vencimento em out/24 130.870 - 0 0 0 0 Peru 111 113 -2,0 5,0 9,0
Tesouro EUA. ** A taxa reflete os custos de empréstimos overnight sem garantia. ***Taxas da BBA e da Federação Bancária da União Europeia Rial (Irã) 42000,0000 42005,0000 0,0001244 0,0001245
Fontes: B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data Turquia 251 251 0,0 -16,0 -25,0 Ringgit (Malásia) 4,7810 4,7860 1,0920 1,0933
Venezuela 15.292 15.346 -54,0 -2.831,0 -8.800,0 Rublo (Rússia) 93,0205 93,0295 0,05618 0,05619
Fonte:JPMorgan.Elaboração:ValorData.*CalculadopeloJPMorgan.**Sobreotítulo Rúpia (Índia) 83,3580 83,4130 0,06266 0,06270
Evolução das aplicações financeiras Indicadores do mercado do tesouro americano Rúpia (Indonésia) 16250,0000 16260,0000 0,0003214 0,0003217
Rúpia (Paquistão) 278,2000 278,4000 0,01877 0,01879
Rentabilidade no período em % Shekel (Israel) 3,7521 3,7721 1,3855 1,3931
Mês Acumulado Em 19/04/24 Reservas internacionais Won (Coréia do Sul) 1376,7300 1377,1400 0,003795 0,003797
Renda Fixa abr/24* mar/24 fev/24 jan/24 dez/23 nov/23 Ano* 12 meses** Variações % Yuan Renminbi (China) 7,2403 7,2404 0,7218 0,7219
Selic 0,60 0,83 0,80 0,97 0,89 0,92 3,24 12,35 Indicador Compra Venda No dia No mês No ano 12 meses Zloty (Polônia) 4,0488 4,0504 1,2903 1,2910
CDI 0,60 0,83 0,80 0,97 0,89 0,92 3,24 12,35 Dólar (Ptax - BC) - (R$/US$) 5,2263 5,2269 -0,46 4,62 7,96 3,57
Liquidez Internacional *, em US$ milhões
Fim de período Diário Cotações Em R$(1)
CDB (1) 0,73 0,75 0,75 0,78 0,85 0,98 3,04 10,72 Dólar Comercial (mercado) - (R$/US$) 5,1988 5,1994 -0,96 3,67 7,15 2,23 Ouro Spot (2) Paridade (3) Compra Venda
Poupança (2) 0,60 0,53 0,51 0,59 0,57 0,58 2,25 7,60 Dólar Turismo (R$/US$) 5,2338 5,4138 -1,20 3,95 7,26 2,85 ago/23 344.177 09/04/24 354.798
Poupança (3) 0,60 0,53 0,51 0,59 0,57 0,58 2,25 7,60 Euro (BC) - (R$/€) 5,5681 5,5708 -0,49 3,20 4,10 0,76 Dólar Ouro 2395,19 0,01299 402,3326 402,3788
set/23 340.324 10/04/24 352.975
IRF-M -0,44 0,54 0,46 0,67 1,48 2,47 1,23 14,03 Euro Comercial (mercado) - (R$/€) 5,5388 5,5394 -0,86 2,39 3,16 -0,58 Fonte: Banco Central do Brasil. Elaboração: Valor Data
IMA-B -1,00 0,08 0,55 -0,45 2,75 2,62 -0,83 11,81 Euro Turismo (R$/€) 5,6038 5,7838 -1,11 2,54 3,15 -0,05 out/23 340.247 11/04/24 352.230 * Cotações em unidades monetárias por dólar. ** Cotações em reais por unidade monetária. *** Moedas do tipo
IMA-S 0,61 0,86 0,82 0,99 0,92 0,91 3,32 12,58 Euro (BC) - (US$/€) 1,0654 1,0658 -0,03 -1,35 -3,58 -2,71 nov/23 348.406 12/04/24 352.839 B (cotadas em dólar por unidade monetária). (1) Por grama. (2) US$ por onça. (3) Grama por US$. Observações:
Renda Variável Ouro* dez/23 355.034 15/04/24 351.796 As taxas acima deverão ser utilizadas somente para coberturas específicas de acordo com a legislação vigente.
Ibovespa -2,33 -0,71 0,99 -4,79 5,38 12,54 -6,75 25,74 jan/24 353.563 16/04/24 351.557 As contratações acima referidas devem ser realizadas junto às regionais de câmbio do Rio e de São Paulo. O lote
Índice Small Cap -7,54 2,15 0,47 -6,55 7,05 12,46 -11,32 24,13 B3 (R$/g)¹ ² - - - - 20,77 5,57 fev/24 352.705 17/04/24 351.850 mínimo operacional, exclusivamente para efeito das operações contratadas junto à mesa de operações do Banco
IBrX 50 -1,52 -0,81 0,91 -4,15 5,31 12,01 -5,52 24,88 Nova York (US$/onça troy)¹ - 2.390,01 0,42 6,40 15,73 19,88 mar/24 355.008 18/04/24 351.813 Central em Brasília, foi fixado para hoje em US$ 1.000.000. Nota: em 29/03/10, o Banco Central do Brasil
ISE -5,57 1,21 1,99 -4,96 6,04 15,06 -7,36 26,03 Londres (US$/onça troy)¹ - 2.381,80 0,08 7,92 15,49 20,53
Fonte: Banco Central. Elaboração: Valor Data. *Agrega, aos valores do conceito Caixa, passou a divulgar, para a maior parte das moedas presentes na tabela, as cotações com até quatro casas
IMOB -10,70 1,10 1,27 -8,46 8,69 14,85 -16,30 41,74 Fontes: Banco Central, B3 e Valor PRO. Elaboração: Valor Data. ¹ Última cotação. ² Contrato = 250g haveres como títulos de exportação e outros de médio e longo prazos decimais, padronizando-as aos parâmetros internacionais
IDIV 0,07 -1,20 0,91 -3,51 6,90 10,70 -3,74 27,20
IFIX -0,50 1,43 0,79 0,67 4,25 0,66 2,41 23,44
Dólar Ptax (BC) 4,62 0,26 0,60 2,32 -1,91 -2,41 7,96 -1,66
Dólar Comercial (mercado) 3,67 0,86 0,71 1,75 -1,28 -2,49 7,15 -1,06 Índices de ações Valor-Coppead Bolsas de valores internacionais
Euro (BC) (4) 3,20 0,07 0,25 0,54 -0,63 0,75 4,10 -2,29
Euro Comercial (mercado) (4) 2,39 0,71 0,38 -0,34 0,32 0,36 3,16 -1,60 Em 12 meses
Ouro B3 - 10,65 1,64 7,39 -0,98 -2,85 20,77 8,20 Em pontos Variações % Menor Maior
Inflação No fim de Variação - em % País Cidade Índice 19/04/24 18/04/24 No dia No mês No ano Em 12 meses índice índice
IPCA - 0,16 0,83 0,42 0,56 0,28 1,42 3,93 Índice 19/04/24 18/04/24 mar/24 dez/23 dia mês Ano Américas
IGP-M - -0,47 -0,52 0,74 0,59 0,50 -0,91 -4,26
Valor-Coppead Performance 157.622,45 156.525,64 171.154,28 173.997,89 0,70 -7,91 -9,41 EUA Nova York Dow Jones 37.986,40 37.775,38 0,56 -4,57 0,79 12,06 32.417,59 39.807,37
Fontes: Anbima, Bacen, B3, Focus, FGV, IBGE e Valor PRO. Elaboração: Valor Data
* Rendimento até o dia 19/abr/24. ** Até mar/24. (1) rendimento bruto do 1º dia útil do mês (2) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos Valor-Coppead Mínima Variância 94.938,98 94.874,48 96.143,88 93.533,91 0,07 -1,25 1,50 EUA Nova York Nasdaq-100 17.037,65 17.394,31 -2,05 -6,67 1,26 30,17 12.725,11 18.339,44
até 03/05/12. (3) rentabilidade do 1º dia do mês - depósitos a partir de 04/05/12. (4) Variação sobre o Real Fonte: Valor PRO. Elaboração: Valor Data EUA Nova York Nasdaq Composite 15.282,01 15.601,50 -2,05 -6,70 1,80 25,70 11.799,16 16.442,20
EUA Nova York S&P 500 4.967,23 5.011,12 -0,88 -5,46 4,14 19,56 4.055,99 5.254,35
Canadá Toronto S&P/TSX 21.807,38 21.708,44 0,46 -1,62 4,05 5,45 18.737,39 22.361,78
Fundos de Investimento Captações de recursos no exterior
México
Colômbia
Cidade do México
Bogotá
IPC
COLCAP
55.862,85
1.332,13
55.739,43
1.321,06
0,22
0,84
-2,63
-0,06
-2,65
11,46
2,86
6,74
48.197,88
1.046,70
58.711,87
1.415,24
Venezuela Caracas IBVC Feriado 64.513,20 - 15,99 11,55 127,34 28.508,77 66.016,25
Análise diária da indústria - em 16/04/24 Últimas operações realizadas no mercado internacional * Chile Santiago IPSA 6.365,09 6.451,30 -1,34 -4,19 2,70 17,36 5.226,93 6.726,52
Patrimônio Rentabilidade nominal - % Estimativa da captação líquida - R$ milhões Peru Lima S&P/BVL General 27.599,14 27.685,83 -0,31 -2,71 6,31 22,66 21.161,78 29.727,98
Data Data Valor Cupom/ Spread
líquido em em 12 em 12 Argentina Buenos Aires Merval 1.189.209,84 1.172.829,56 1,40 -2,00 27,91 331,80 275.405,88 1.316.204,44
de do Prazo US$ Custo Retorno pontos-
Categorias R$ milhões (1) no dia no mês 2024 meses no dia no mês no ano meses Europa, Oriente Médio e África
Renda Fixa 3.426.650,46 12.824,09 58.578,76 191.686,23 127.937,60 Emissor/Tomador liquidação vencimento meses milhões em % em % base **
RF Indexados (2) 152.532,35 -0,31 -0,57 1,03 9,24 -203,56 -1.031,35 197,28 -4.695,07 Raízen (1) mar/24 mar/34 120 1.000 6,45 - - Euro - Euronext 100 1.495,88 1.500,80 -0,33 -2,00 7,19 8,15 3.425,66 4.057,14
RF Duração Baixa Soberano (2) 685.085,47 0,04 0,44 2,88 11,51 7.588,23 34.657,09 58.929,77 35.075,27 Raízen (1) mar/24 mar/54 360 500 6,95 - - Alemanha Frankfurt DAX-30 17.737,36 17.837,40 -0,56 -4,08 5,88 11,59 14.687,41 18.492,49
RF Duração Baixa Grau de Invest. (2) 804.923,88 0,04 0,49 3,30 13,03 4.426,63 9.230,32 26.408,80 15.495,74 Banco do Brasil (1) mar/24 mar/31 84 750 6,3 - - França Paris CAC-40 8.022,41 8.023,26 -0,01 -2,24 6,35 6,26 6.795,38 8.205,81
RF Duração Média Grau de Invest. (2) 128.071,69 0,03 0,05 3,32 12,62 680,83 4.822,07 25.275,50 31.642,19 Votorantim Cimentos (2) 02/04/24 02/04/34 120 500 5,75 5,896 - Itália Milão FTSE MIB 33.922,16 33.881,50 0,12 -2,38 11,76 21,44 26.051,33 34.759,69
RF Duração Alta Grau de Invest. (2) 168.297,60 -0,05 0,11 2,53 8,77 -27,85 675,71 -1.022,57 -5.424,79 BTG Pactual 08/04/24 08/04/29 60 500 6,25 - - Bélgica Bruxelas BEL-20 3.827,75 3.826,58 0,03 -0,46 3,24 -0,28 3.290,68 3.872,45
RF Duração Livre Soberano (2) 230.576,33 -0,05 0,20 2,46 10,94 -29,93 -631,44 7.557,18 -8.343,20 Nexa 09/04/24 09/04/34 120 600 6,75 - - Dinamarca Copenhague OMX 20 2.607,91 2.595,73 0,47 -2,31 14,21 26,25 1.962,58 2.751,08
RF Duração Livre Grau de Invest. (2) 676.532,20 -0,01 0,30 2,80 11,75 1.196,61 409,29 14.918,55 -15.532,54 Movida 11/04/24 11/04/29 60 500 - 7,85 - Espanha Madri IBEX-35 10.729,50 10.765,00 -0,33 -3,12 6,21 13,00 8.918,30 11.111,30
RF Duração Livre Crédito Livre (2) 317.252,00 -0,11 0,02 2,82 13,57 -386,37 8.143,94 39.611,94 92.501,58 Grécia Atenas ASE General 1.392,62 1.381,07 0,84 -2,09 7,69 25,34 1.085,11 1.434,87
Fontes: Instituições e agências internacionais. Elaboração: Valor Data. * Atualizada em 19/04/24. ** Sobre o título do Tesouro americano de Holanda Amsterdã AEX 860,01 865,36 -0,62 -2,47 9,30 13,13 714,05 886,67
Ações 601.817,93 97,37 -1.230,91 -1.255,74 26.474,09 mesmo prazo. (1) Títulos sustentáveis (green bonds). (2) Desenvolvimento sustentável (sustainabillity linked bond)
Ações Indexados (2) 11.059,14 -0,73 -2,99 -7,27 16,74 56,36 406,02 1.333,60 -647,50 Hungria Budapeste BUX 65.045,06 65.674,41 -0,96 -0,52 7,30 50,35 43.263,82 67.407,86
Ações Índice Ativo (2) 34.138,42 -0,73 -4,06 -7,08 15,97 2,56 -66,03 -1.303,81 -3.444,95 Polônia Varsóvia WIG 83.206,02 83.189,46 0,02 0,56 6,05 33,27 61.875,44 84.664,91
Ações Livre 218.052,47 -0,74 -4,60 -5,04 20,00 41,29 -985,46 -766,33 -12.861,84 Portugal Lisboa PSI-20 6.295,12 6.327,70 -0,51 0,23 -1,58 1,17 5.729,40 6.609,90
Fechados de Ações 124.125,96 -0,31 -1,93 -4,36 3,64 3,77 -200,60 -1.129,85 28.508,75 ADR - Índices Rússia Moscou RTS* 1.173,68 1.160,60 1,13 3,23 8,33 16,83 969,33 1.173,68
Multimercados 1.652.557,55 -291,78 -9.762,51 -39.138,35 -178.126,91 Suécia Estocolmo OMX 2.502,07 2.517,69 -0,62 -0,64 4,33 11,22 2.049,65 2.550,50
Multimercados Macro 161.149,20 -0,32 -1,24 -0,07 7,06 -182,28 -3.550,10 -13.406,67 -45.388,58 Em 19/04/24 Suíça Zurique SMI 11.296,40 11.230,43 0,59 -3,70 1,42 -0,61 10.323,71 11.790,46
Multimercados Livre 621.873,78 -0,09 -0,27 1,34 10,32 -235,26 -39,19 4.292,85 -47.114,32 Turquia Istambul BIST 100 9.693,46 9.524,59 1,77 6,03 29,76 91,52 4.400,76 9.814,19
Multimercados Juros e Moedas 53.462,33 -0,12 0,15 2,77 12,05 -3,94 -1.065,10 -3.213,12 -12.958,29 Em Variação - em % Israel Tel Aviv TA-125 - 1.933,98 - -4,89 3,10 12,81 1.608,42 2.040,82
Multimercados Invest. no Exterior (2) 736.039,04 -0,06 0,14 2,22 12,16 89,26 -5.525,82 -27.926,15 -65.970,89 Índice 19/04/24 18/04/24 28/03/24 29/12/23 19/04/23 dia mês ano 12 meses África do Sul Joanesburgo All Share 73.363,56 73.271,44 0,13 -1,57 -4,59 -6,90 69.451,97 78.977,88
Cambial 6.219,78 1,38 5,06 9,99 13,15 -33,24 -103,53 -277,34 -1.618,40 S&P BNY 170,38 170,78 177,78 165,54 153,32 -0,23 -4,16 2,92 11,13 Ásia e Pacífico
Previdência 1.403.622,99 255,25 2.471,22 13.671,81 39.418,68 S&P BNY Emergentes 311,73 314,32 327,04 312,75 284,76 -0,82 -4,68 -0,33 9,47 Japão Tóquio Nikkei-225 37.068,35 38.079,70 -2,66 -8,18 10,77 29,58 28.416,47 40.888,43
ETF 39.884,33 246,23 -1.311,30 -3.669,88 -1.026,08 S&P BNY América Latina 206,80 203,38 215,02 225,28 188,33 1,69 -3,82 -8,20 9,81 Austrália Sidney All Ordinaries 7.817,40 7.898,90 -1,03 -4,12 -0,15 3,39 6.960,20 8.153,70
Demais Tipos 1.961.477,07 -131,43 4.807,21 35.206,97 34.861,91 S&P BNY Brasil 206,86 202,34 214,40 232,95 185,91 2,23 -3,52 -11,20 11,27 China Shenzhen SZSE Composite 1.686,56 1.698,92 -0,73 -3,49 -8,23 -20,69 1.433,10 2.126,51
Total Fundos de Investimentos 7.130.753,05 13.097,91 48.641,73 161.016,72 13.058,98 S&P BNY México 323,21 320,92 342,11 331,67 305,68 0,71 -5,53 -2,55 5,73 China Xangai SSE Composite 3.065,26 3.074,22 -0,29 0,79 3,04 -9,05 2.702,19 3.395,00
Total Fundos Estruturados (3) 1.577.349,26 1.303,76 12.061,97 8.527,85 72.768,69
S&P BNY Argentina 216,19 211,47 211,50 178,27 119,35 2,24 2,22 21,28 81,14 Coréia do Sul Seul KOSPI 2.591,86 2.634,70 -1,63 -5,63 -2,39 0,65 2.277,99 2.757,09
Total Fundos Off Shore (4) 47.439,24 - - - -
S&P BNY Chile 140,20 141,17 147,40 162,12 177,21 -0,69 -4,88 -13,52 -20,89 Hong Kong Hong Kong Hang Seng 16.224,14 16.385,87 -0,99 -1,92 -4,83 -20,34 14.961,18 20.396,97
Total Geral 8.755.541,55 14.401,67 60.703,70 169.544,57 85.827,67
Fonte: ANBIMA. (1) PL e captação líquida de cada tipo exclui os Fundos em Cotas, evitando dupla contagem. (2) Para os tipos que iniciaram em S&P BNY Índia 2.743,74 2.689,56 2.755,62 2.923,01 2.742,03 2,01 -0,43 -6,13 0,06 Índia Bombaim S&P BSE Sensex 73.088,33 72.488,99 0,83 -0,76 1,17 22,70 59.567,80 75.038,15
01/10/2015, as rentabilidades do ano e 12 meses foram estimadas com base na amostra atual de fundos. (3) FIDC, FII, FIP e FMIEE. (4) PL dos S&P BNY Ásia 195,86 197,94 206,96 189,60 171,42 -1,05 -5,36 3,30 14,26 Indonésia Jacarta JCI 7.087,32 7.166,81 -1,11 -2,76 -2,55 3,89 6.618,92 7.433,32
tipos imobiliários e Off-Shore referentes ao mês de fevereiro de 2024 * Rentabilidade sem período completo.Obs.: Fundos de Investimentos S&P BNY China 291,13 293,21 306,36 336,11 339,43 -0,71 -4,97 -13,38 -14,23 Tailândia Bangcoc SET 1.332,08 1.361,02 -2,13 -3,33 -5,92 -15,73 1.332,08 1.580,73
regidos pela ICVM 555/14, ICVM 522/12, ICVM 409/04, ICVM 359/02 e ICVM 141/91. Dados sujeitos a retificação em razão da re- S&P BNY África do Sul 226,56 228,09 205,76 199,87 244,31 -0,67 10,11 13,35 -7,27 Taiwan Taipé TAIEX 19.527,12 20.301,20 -3,81 -3,78 8,90 23,82 15.370,73 20.796,20
presentatividade da amostra ou cadastramento de novos fundos. PL de cada tipo considera, adicionalmente, a estimativa dos fundos que não S&P BNY Turquia 25,34 24,99 23,46 22,45 21,00 1,40 8,01 12,84 20,64 Fontes: Valor PRO, Bolsas de Bangcoc, Bogotá, Bombaim, Budapeste, Istambul, Jacarta, Joanesburgo, Lima, Madrid, Moscou e Zurique. Elaboração: Valor Data
informaram o PL na data de emissão do relatório Fonte: S&P BNY Mellon. Elaboração: Valor Data * Índice expresso em dólares

Finanças
Gestão Se medida for aprovada, Tarciana Medeiros
passará a receber R$ 117,4 mil por mês; montante
ainda será muito inferior a de pares privados
Banco do Brasil
propõe aumento de
57% no salário de CEO
Marcelo Ribeiro e Raphael Di Cunto
De Brasília
O Banco do Brasil (BB) decidirá
na sexta-feira, em assembleia ge-
ral de acionistas, o aumento dos
salários de seus principais execu-
tivos. A reunião ocorre dias após a
estatal definir novas regras para
indenização que eles recebem em
caso de saída. Caso a mudança se
confirme, o salário da presidente
Tarciana Medeiros passará dos
atuais R$ 74,9 mil mensais para
R$ 117,4 mil, uma alta de 56,7%.
Vice-presidentes teriam um au-
mento de R$ 67,1 mil para R$ 90,1
mil, enquanto os salários de dire-
tores passariam de R$ 56,8 mil pa-
ra R$ 69,2 mil. Os salários de geren-
tes gerais, gerentes executivos e ge-
rentes de soluções permaneceriam
inalterados. O banco argumenta
que os valores ficaram congelados
de 2016 a 2022 e o aumento visa
reequilibrar os salários internos.
Apesar de ser um reajuste rele-
vante, Medeiros continuará rece-
bendo muito menos que os CEOs
de bancos privados — que ga-
nham entre R$ 2,2 milhões e R$ 6
milhões por mês entre salário fi-
xo e remuneração variável.
A discussão salarial ocorre um
mês depois de o BB atualizar o Pro-
grama de Alternativas para Execu-
tivos em Transição (Paet), com a
política de verbas indenizatórias
para ocupantes de cargos de chefia
que deixem seus postos. As princi-
pais alterações foram a aplicação
de bônus para funcionários demi-
tidos (até então recebido apenas
nos casos de aposentadoria).
O mecanismo que define as in-
denizações prevê pisos e tetos,
equivalentes a um múltiplo so-
bre o valor da remuneração. Para
os vice-presidentes e presidente
da estatal, por exemplo, o piso se-
rá de 32 vezes a remuneração, en-
quanto o teto é de 40 vezes.
As alterações não passaram pelo
crivo da Secretaria de Coordena-
ção e Governança das Empresas Es-
tatais (Sest), do Ministério da Ges-
tão — que, questionado pelo Va-
lor, não se manifestou sobre isso.
De acordo com fontes do banco,
esse aval não é necessário quando
não há mudanças na estrutura do
programa. Mas integrantes do
A discussão salarial
ocorre depois de o
BB atualizar
política de verbas
indenizatórias
INÊS249 Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 | Valor | C5
WENDERSON ARAUJO/VALOR
Centrão viram a medida como
uma forma de a cúpula do BB se
precaver contra eventuais mudan-
ças na atual gestão por decisão po-
lítica do governo, alguns meses
após a troca de quase toda a direto-
ria da Caixa Econômica Federal.
O acesso ao Paet é restrito a cele-
tistas do banco, que tenham in-
gressado por concurso e somem
pelo menos 20 anos de casa. Uma
pessoa que peça para sair da do BB
para ingressar na iniciativa priva-
da não pode aderir ao plano. Um
integrante da direção que seja des-
tituído e opte por deixar o banco
terá legitimidade para pedir a in-
denização caso cumpra os requisi-
tos. No caso da presidente, a verba
indenizatória poderia chegar a
R$ 4,8 milhões.
Por meio de nota, o BB diz que
o Paet está alinhado às melhores
práticas do mercado e pretende
reter talentos e estimular o encar- Tarciana Medeiros: remuneração da executiva e da diretoria do BB será discutida em assembleia na sexta-feira
reiramento. “É importante pon-
derar que, em recente pesquisa A mudança nos salários será de- “Cabe constar que a remunera- rio de desequilíbrio remunerató-
realizada por consultoria espe- cidida em assembleia. A proposta ção fixa dos diretores não foi rea- rio”, diz o banco no documento de
cializada no tema, os parâmetros é passar o salário dos diretores de justada entre 2016 e 2022, en- convocação da assembleia.
das indenizações praticadas pelo R$ 56,9 mil para R$ 69,2 mil; o dos quanto a remuneração fixa de to- O BB aponta que o objetivo é
BB são consideravelmente infe- vice-presidentes, de R$ 67,1 mil pa- do o funcionalismo do BB, inclusi- restabelecer o equilíbrio salarial
riores aos demais componentes
do mercado financeiro”, afirma.
ra R$ 90,2 mil; e o da presidente de
R$ 74,9 mil para R$ 117,5 mil. O
ve dos gerentes gerais em unida-
des estratégicas, foi atualizada
interno, com diferença de 30,25%
entre cada faixa. Também há a
De acordo com o banco, não há gasto total com a remuneração da conforme estabelecido nos acor- preocupação em reter talentos
impacto financeiro adicional em diretoria, incluindo bônus, será de dos coletivos de trabalho para a ca- que possam ser procurados por
relação às versões anteriores. até R$ 94,5 milhões. tegoria, ocasionando em um cená- bancos privados.
C6 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Investimentos Revisão casa com avanços anteriores e tira o foco só
da fase de acumulação, criando novos usos com ciclos de renda
Previdência aberta redesenha
a sua oferta sob novas regras
Adriana Cotias
De São Paulo
Com o novo marco regulatório
da previdência complementar, as
empresas que integram essa ca-
deia começam a se mobilizar para
uma fase que tende a ser uma das
mais dinâmicas para a indústria. A
confluência de reformas legislati-
vas com a modernização das re-
gras pelo Conselho Nacional de Se-
guros Privados (CNSP), em feverei-
ro, são um divisor de águas para o
setor, que pode ampliar o conceito
de acumulação, como o produto é
encarado hoje, para o de geração
de renda em diferentes ciclos da vi-
da do participante. O uso das re-
servas como garantia de crédito, a
escolha do regime tributário só na
hora de usufruir dos benefícios
das reservas construídas e a adesão
automática em planos empresa-
riais completam o combo legal.
Dentro da Lei de Garantias, o
Congresso disciplinou o uso do
instrumento de previdência co-
mo colateral para operações de
crédito. Isso pode tirar a pressão
para resgates fora do prazo de
dez anos, quando a alíquota de
Imposto de Renda (IR) cai a 10%
na tabela regressiva, com um pe-
dágio fiscal alto, que começa
com 35% em até dois anos para o
saque prematuro, detratando o
retorno. O presidente Luiz Inácio
Lula da Silva também sancionou
no começo do ano o projeto que
permite que o participante opte
pelo IR progressivo, de acordo
com as faixas de rendimento, que
vão da isenção até 27,5%, ou o re-
gressivo — de 35% a 10%, confor-
me o tempo decorrido para o
usufruto do valor poupado.
Já as resoluções do CNSP, norma-
tizadas pela Superintendência de
Seguros Privados (Susep” na sema-
na passada, instituem, entre outras
coisas, o conceito de ciclo de vida
na previdência, em que o cliente
passa a ter diferentes alternativas
para receber o dinheiro acumula-
do, fazendo conversões parciais de
renda. Hoje, o índice de compra de
renda é bastante restrito no Brasil
porque quem opta pelo benefício
vitalício joga com a sorte contra a
seguradora. Se falecer logo, os re-
cursos não são transmitidos aos
herdeiros, então a tendência tem
sido resgatar o dinheiro acumula-
do na hora da aposentadoria.
Outra inovação é a que permi-
te o fechamento para captação
dos fundos atrelados aos planos
de previdência aberta, o que po-
de colocar no sistema estraté-
gias mais arriscadas, como as de
crédito estruturado. O veículo
de previdência aberta não podia
rejeitar novos aportes, mas os
gestores de produtos alternati-
vos enfrentariam problemas de
capacidade e liquidez para
manter a eficiência de carteiras.
Esse conjunto casa com refor-
mas anteriores que deixaram os
fundos de previdência mais pare-
cidos com os tradicionais em ter-
O que
são ganhos
de capital?
Consultório
financeiro
“[Ter multifundos]
é uma posição boa
para que os
gestores venham
abrir produtos na
nossa prateleira”
Gabriel Escabin
mos de exposição a ações, ativos
no exterior e também permitindo
a cobrança de taxa de performan-
ce pelos gestores de recursos.
“Vivemos um momento em
que diversas legislações trouxe-
ram novidades positivas para os
produtos das seguradoras e para
o cliente final”, diz Henrique Di-
niz, diretor de previdência da Ica-
tu. Ele diz que as revisões regula-
tórias feitas desde 2005 permiti-
ram que a previdência saltasse da
casa dos R$ 50 bilhões em 2005
para o R$ 1,4 trilhão atual, com
crescimento contínuo, sem
nunca ter havido um decrésci-
mo das reservas previdenciárias.
“Algumas medidas ainda vão ter
um prazo de maturidade para
criar valor para o cliente, mas é
um arcabouço muito favorável
para este e os próximos anos.”
O fluxo positivo para os portfó-
lios de previdência neste primeiro
trimestre e também no ano passa-
do, na contramão da indústria de
O
que são os ganhos
de capital? Quando
ele ocorre e qual
o impacto na renda
e nos impostos?
Regilaine Specia de
Arruda, CFP, responde:
Os ganhos de capital estão
relacionados ao quanto se pode
lucrar com a venda de um ativo.
Suponha adquirir um imóvel por
R$ 500 mil e, após determinado
período, vendê-lo por R$ 650 mil.
A diferença positiva entre o preço
de compra e o preço de venda
(R$ 150 mil) é o ganho de capital.
Assim, esse valor é utilizado para
calcular o lucro e determinar
o montante de impostos
a ser recolhido na transação.
Essa dinâmica não se limita à
compra e venda de imóveis.
Qualquer ativo que permita
apurar a diferença entre um
preço inicial (de compra) e um
preço final (de venda) é um ativo
suscetível a gerar esses ganhos.
Dentre tais ativos, podemos
INÊS249
DIVULGAÇÃO
fundos de maneira geral, é um si-
nal — entre outros fatores estrutu-
rais — de que o mercado consumi-
dor vem assimilando as inovações.
De acordo com a Anbima, que re-
presenta o mercado de investi-
mentos, entraram quase R$ 20 bi-
lhões líquidos nas carteiras atrela-
das aos planos em 2023, e outros
R$ 11,1 bilhões de janeiro a março.
“As várias discussões em torno
das novas legislações eventual-
mente fizeram com que as pes-
soas despertassem para os pro-
dutos, tem mais gente olhando
para o VGBL [Vida Gerador de
Benefício Livre] e o PGBL [Plano
Gerador de Benefício Livre], há
um melhor entendimento sobre
os benefícios da acumulação de
longo prazo”, diz Diniz. “A evo-
lução do mercado e das segura-
doras vai levar a uma maior
captação no segmento como
um todo, vai ser consistente.”
Embora as regras valham para
planos já existentes, a tendência
é o setor de previdência criar pro-
dutos mais completos para os
participantes para que deixem
de olhar só para a fase de acumu-
lação, prossegue o executivo da
Icatu. “O que a gente tem feito é
buscar eficiência para compor
um portfólio mais adequado ao
ciclo de vida do cliente. Se ele não
acumulou reservas suficientes
para converter em renda vitalí-
cia, podemos pensar num plane-
jamento de proteção financeira
de fato”, diz Diniz. “Não é só ren-
destacar os imóveis, como
citado no exemplo, veículos,
embarcações, obras de arte,
joias, cotas de sociedades de
empresas, vendas de patentes
e direitos autorais e, ainda,
os ativos negociados no
mercado financeiro, como
ações e fundos imobiliários.
Os ganhos de capital não
se restringem a investimentos.
Mesmo alguém que possua
uma casa para residência e,
posteriormente, decida vendê-la
para adquirir uma nova
propriedade estará sujeito à
apuração do ganho de capital
para fins fiscais. A legislação
oferece benefícios nesses casos,
como a isenção do Imposto
de Renda (IR) sobre o ganho
de capital quando o valor
da venda é reinvestido em
outra propriedade dentro de
180 dias, sendo possível utilizar
esse benefício a cada cinco
anos por pessoa física.
A apuração do ganho de
tabilizar melhor o recurso, mas
eventualmente proteger de uma
morte prematura com um segu-
ro de vida, utilizar o fator de ren-
da, o crédito como colateral.”
Na Icatu, a taxa de conversão em
renda vitalícia ou por prazo certo
equivale a 1,5%, acima da média
do mercado. A casa reúne reser-
vas da ordem de R$ 54 bilhões.
Se no passado os produtos
eram considerados caros, com
pedágio na entrada, com taxas de
carregamento, e até na saída,
além de taxas de administração
altas que corroíam o desempe-
nho dos fundos, o desenho atual
aproximou os portfólios de previ-
dência das carteiras tradicionais.
Com a modernização, a partir
de 2015, a Icatu passou a selar
acordos com gestoras de recursos
independentes para que crias-
sem suas versões de previdência,
quebrando uma oferta antes
muito restrita à dobradinha de
seguradoras ligadas a grandes
bancos e suas respectivas assets.
Na grade atual, a seguradora
tem uma centena de gestoras.
A Bradesco Vida e Previdência
observa gradualmente o aumen-
to da participação de fundos de
terceiros atrelados aos seus pla-
nos e, segundo Estevão Scripilliti,
diretor da companhia, hoje a
oferta é muito semelhante na in-
dústria. Essa é uma forma de re-
ter o cliente dentro de casa, já
que a portabilidade externa é um
dos escapes dos recursos da pre-
vidência, principalmente dentro
dos grandes grupos, donos dos
maiores volumes de reserva e de
patrimônio nas respectivas segu-
radoras e assets. “Hoje, a briga es-
tá mais equilibrada, dá mais tra-
balho tirar recursos de empresas
congêneres, não há mais tanta
assimetria de produtos”, diz.
Portfólios multigestores tam-
bém cumprem esse papel, com
mais de um fundo alocado no
mesmo produto, em multimer-
cados ou carteiras de crédito, a
coqueluche da temporada.
O executivo afirma estar cons-
trutivo com o novo marco regu-
latório e que a indústria vai co-
meçar a colher os resultados já
em 2024. “Vai ser melhor do que
nos últimos anos e talvez o setor
revisite a captação líquida no ní-
vel mais alto pré-pandemia. A re-
forma da Previdência [pública]
em 2016 e 2017 foi muito favorá-
vel”, lembra Scripilliti. Com
maior foco no período de desa-
cumulação, ele vê toda uma ar-
quitetura de produtos sendo re-
desenhada para explorar as pos-
sibilidades das novas regras.
A atualização normativa é
muito bem-vinda num momen-
to em que o tema da longevidade
é um fator crítico para o sistema
público de aposentadoria e de-
mandava também a moderniza-
ção da previdência complemen-
tar, diz Sandro Bonfim da Costa,
superintendente de produtos da
Brasilprev, que detém cerca de
capital pode ser simples,
considerando apenas a diferença
entre os preços de compra e de
venda, ou mais complexa,
envolvendo cálculos precisos
que contemplam benefícios
fiscais e custos operacionais.
Essa abordagem visa
determinar o ganho de capital
líquido, reduzindo o valor
dos impostos a recolher,
especialmente quando envolvem
bens ou direitos sujeitos à
tributação sobre os ganhos.
No contexto tributário
brasileiro, os ganhos de capital
apresentam implicações fiscais
significativas. O país possui
diversas regras tributárias para
pessoas físicas e jurídicas,
englobando tributos federais e
estaduais, contemplando
isenções e cálculos variados.
A alíquota incidente sobre o
ganho de capital é progressiva e
varia conforme o valor da venda:
até R$ 5 milhões, 15%; a partir de
R$ 5 milhões até R$ 10 milhões,
Sob os holofotes
A captação dos fundos de previdência no 1º trimestre
Gestor
BB Asset Management
Itaú Unibanco Asset Management
Bradesco
Caixa Asset
BTG Pactual
Banco Santander Brasil
XP Asset Management -1,030
Kinea Investimento
Safra
Opportunity Asset Adm -0,011
Sicredi
Credit Suisse -0,117
BNP Paribas 0,006
Plural
Sul América Investimentos
Icatu Vanguarda
SPX -0,486
Western Asset 0,000
Absolute
Evolução histórica do patrimônio líquido dos fundos
Em R$ bilhões
1.500
1.200
900
600
300 74,5
2006
Fonte: Anbima * março/2024
R$ 380 bilhões em provisões téc-
nicas. “É importante para a esta-
bilidade do sistema, senão ele
não entrega o compromisso final
com o cliente no pós-carreira.”
Com a flexibilidade para con-
versão de renda em diferentes ci-
clos, o executivo acredita em usos
mais frequentes para essa pou-
pança de longo prazo, como a
contratação de planos para um
curso no exterior ou para recém-
nascidos com os pais já planejan-
do a faculdade. “No fim do dia, o
setor vai conseguir entregar pro-
jetos de médio prazo de maneira
mais assertiva”, diz Bonfim. “Com
o conceito de renda financeira e
de renda em cotas, o participan-
te não corre o risco de deixar o
dinheiro com a seguradora.”
Rudolf Gschliffner, chefe de
produtos da gestora de recursos
do Santander, diz que o grupo
tem discutido com a seguradora
Zurich Santander a calibragem
sistêmica para carregar o histó-
rico dos planos e fundos existen-
tes. Um benefício imediato da
nova legislação é o participante
que ainda não fez conversão
das reservas acumuladas em
renda poder escolher o regime
tributário mais conveniente.
“Não acho que o produto pre-
vidência faça parte da recomen-
dação de portfólio com outros
produtos de investimentos, essa
é uma caixa separada por causa
dos aspectos tributários e suces-
sórios. E agora passa a ter uma
situação de percepção de renda
simultânea à fase de acumula-
ção e com a possibilidade de
portar”, diz Gschliffner. O siste-
ma vai ficar mais competitivo.
A possibilidade de fechar os
fundos de previdência para cap-
tação deve atrair novas gestoras
R$ 1,4 tri
é o volume em
fundos de
previdência
17,5%; a partir de R$ 10 milhões
até R$ 30 milhões, 20%; de R$ 30
milhões em diante, 22,5%.
Além disso, existem alíquotas
fixas de 15% ou 20%, como
ocorre nas negociações de
ativos via mercado de capitais:
ações podem pagar 15% de IR,
ou 20% em caso de operações
de “day trade”, e no caso de
venda de fundos imobiliários
a alíquota é de 20%.
É essencial compreender os
detalhes e as regras de isenção,
benefícios, prazos de apuração,
cálculos e recolhimento de
impostos para evitar multas e
irregularidades com a Receita
Federal. Os ganhos de capital
são sujeitos a fiscalização,
exigindo documentação precisa
mesmo após a declaração
de Imposto de Renda.
Calcular esses ganhos é
crucial para gerenciar o
crescimento patrimonial
resultante de vendas de
bens e direitos, assim como
Valor (em R$ bilhões)
4,373
0,177
1,790
0,661
1,028
1,427
3,181
0,857
0,213
0,061
0,121
0,303
1,013
1.400,4
622,1
2016 2024*
para os planos individuais, diz
Gabriel Escabin, diretor executi-
vo da BTG Pactual Vida e Previ-
dência. Até aqui, algumas assets
estavam fora desse jogo porque
não tinham estratégias escalá-
veis. Se o cliente aporta ele era
obrigado a aceitar, não poderia
limitar, acrescenta Marcelo Flora,
sócio do grupo responsável pelo
canal digital e pela seguradora.
Como a companhia de seguros
é relativamente nova no setor,
tem a tecnologia a seu favor e pô-
de trabalhar nos últimos anos em
planos atrelados a multifundos.
“É uma posição boa para que os
gestores venham abrir produtos
na nossa prateleira”, diz Escabin.
Nesse formato, o plano de previ-
dência não precisa fazer a aplicação
das reservas técnicas num fundo em
particular. “A maior parte das segu-
radoras tem um plano para cada
fundo. Pode até abrir em baixo um
novo, mas os sistemas não estão pre-
parados para isso”, diz Flora. “Quan-
dovocêabreumplanoenocertifica-
do é multifundos é mais fluido, a
realocação do portfólio do cliente
pode ser feita automaticamente,
sem entrar em regras de carência
da portabilidade convencional.”
Esse é um modelo útil para aco-
modar grandes patrimônios no
VGBL de prateleira, já que resolu-
ção do CNSP barrou a constituição
de novos planos atrelados a fun-
dos exclusivos de previdência com
valor individual de R$ 5 milhões.
Foi uma forma de evitar uma corri-
da das famílias superricas para es-
capar da taxação do imposto se-
mestral nos exclusivos e restritos
tradicionais a partir deste ano.
Num único certificado, o partici-
pante poderá transitar entre vários
fundos e compensar perdas e ga-
nhos na hora do resgate total. “Fa-
zer isso acontecer sitematicamente
é difícil e já está operacional, não
precisa apertar 18 botões”, diz Flo-
ra. O executivo se queixa, contudo,
da restrição à portabilidade nos
exclusivos de previdência criados
antes da resolução do CNSP, que
podem receber novos aportes,
mas perdem o benefício se trans-
feridos para outra seguradora.
compreender seus impactos na
estrutura fiscal, especialmente
no que diz respeito à apuração
do Imposto de Renda.
Manter atualização sobre
as normas é importante, e
buscar orientação profissional,
como advogados, contadores
ou planejadores financeiros
pode ser benéfico diante
da complexidade do tema.
Regilaine Specia de Arruda é planejadora
financeira pessoal e possui a certificação
CFP® (Certified Financial Planner),
concedida pela Planejar - Associação
Brasileira de Planejamento Financeiro.
E-mail: regilaine.arruda@unimoinvesti
mentos.com.br
As respostas refletem as opiniões do autor,
e não do jornal Valor Econômico ou da
Planejar. O jornal e a Planejar não se
responsabilizam pelas informações acima
ou por prejuízos de qualquer natureza em
decorrência do uso destas informações.
Perguntas devem ser encaminhadas para:
consultoriofinanceiro@planejar.org.br

FGV Justiça
Estudo mostra que
mais da metade das
sentenças arbitrais
são mantidas
valor.globo.com/legislacao
Valor E
Sábado, domingo e segunda-feira,20, 21
e 22 de abril de 2024
Tributário Decisão beneficia as chamadas
sociedades uniprofissionais, formadas por
advogados, contadores, engenheiros ou médicos
Órgão Especial do
TJSP derruba alíquota
progressiva de ISS
Adriana Aguiar
De São Paulo
O Tribunal de Justiça de São
Paulo (TJSP) declarou inconstitu-
cional lei da Prefeitura de São
Paulo que instituiu alíquota pro-
gressiva de ISS para as sociedades
uniprofissionais — formadas por
colegas de uma mesma profis-
são, como advogados, contado-
res, engenheiros, médicos ou ar-
quitetos. A decisão é do Órgão
Especial, instância máxima que
reúne 25 desembargadores.
As sociedades uniprofissio-
nais têm direito ao recolhimen-
to de ISS diferenciado e os valo-
res são geralmente mais baixos
que os cobrados das empresas
comuns, que recolhem um per-
centual sobre o faturamento. As
regras estão no Decreto-Lei nº
406, de 1968.
Na semana passada, os de-
sembargadores do Órgão Espe-
cial, de forma unânime, derru-
baram o artigo 13 da Lei nº
17.719, de novembro de 2021,
que instituiu a progressividade
(Incidente de Arguição de In-
constitucionalidade nº
0003242-64.2023.8.26.0000).
Pelo dispositivo, deve-se ob-
servar a faixa de receita bruta
mensal e multiplicar pelo núme-
ro de profissionais habilitados
na sociedade. A primeira faixa é
de R$ 1.995,26, para até cinco
profissionais habilitados. A últi-
Destaques
Isenção de IPI
A 13ª Vara Federal de Porto Ale-
gre determinou que a União ga-
ranta a uma moradora da cidade
a isenção do Imposto sobre Pro-
dutos Industrializados (IPI) so-
bre a compra de um automóvel.
A mulher, que é pessoa com defi-
ciência (PCD), alegou que possui
direito ao benefício fiscal, o que
não foi observado pela Receita
Federal. A sentença é do juiz Ch-
ristian Lucas Del Cantoni. A au-
tora ingressou com ação narran-
do ser pessoa com deficiência, e,
portanto, atender aos requisitos
para a isenção do IPI sobre a
compra de um automóvel. Ale-
gou que teve o pedido de benefí-
cio fiscal negado pela Receita,
sob a justificativa de que não
possuía CNH com anotação de
restrição. Em sua defesa, a União
afirmou que a mulher não aten-
de os requisitos legais para o en-
quadramento de isenção do IPI.
Pontuou que existe uma contra-
dição flagrante no fato de a de-
mandante requerer a isenção
sob fundamento de ser portado-
ra de deficiência física e possuir
uma CNH sem restrições. Na sen-
tença, porém, o juiz observou
que, apesar de a CNH da mulher
não conter as informações sobre
a sua condição (monoparesia em
membro interior), a isenção do
IPI não exige que a informação
esteja presente no documento.
Cabe recurso às Turmas Recur-
sais (com informações do TRF-4).
ma é de R$ 60 mil, para casos que
superarem cem profissionais.
Antes, vigorava a Lei nº 13.701,
de 2003. A norma estabelece que o
pagamento de ISS deve ser feito pe-
la multiplicação de um valor fixo
pelo número de profissionais.
Com a nova lei, as sociedades re-
solveram ir à Justiça. Elas alegam
que essas faixas progressivas com
base na receita bruta mensal con-
trariam os parâmetros de tributa-
ção fixa estabelecidos pelo artigo
9º, parágrafos 1º e 3º, do Decreto-
Lei nº 406, de 1968. E representam
aumento de carga tributária.
O caso analisado pelos desem-
bargadores do TJSP envolve a
LCR Contadores Associados. A
empresa havia, inicialmente, ob-
tido liminar para suspender o
recolhimento de ISS por meio de
alíquota progressiva.
Em sentença, o juiz entendeu
que se aplicaria ao tema o julga-
mento do Supremo Tribunal Fe-
deral (STF), de 2016, em repercus-
são geral (RE 940.769/Tema 918).
“Prefeituras tentam
desclassificar
contribuintes
ou alterar o
cálculo do ISS”
Denis A. Ferreira
Supremo julga disputa sobre execução fiscal
Marcela Villar
De São Paulo
O placar começou desfavorável
para o contribuinte com o voto
do relator, ministro Dias Toffoli,
no julgamento do Supremo Tri-
bunal Federal (STF) sobre a possi-
bilidade de se discutir compensa-
ção — uso de crédito para pagar
tributo — em embargos a execu-
ção fiscal. É a última cartada das
empresas para ganhar a tese. Ho-
je, a jurisprudência é contrária.
Os embargos são um meio de de-
fesa do contribuinte contra a co-
brança de dívida tributária, previsto
na Lei de Execução Fiscal (nº 6.830,
de 1980). O pleito das empresas é
poder se defender nos autos da ação
judicial com o argumento de que já
pagaram o imposto cobrado por
meio de compensação tributária, na
via administrativa, mesmo que ain-
da não validada pela Receita Federal
— que pode levar cinco anos para
analisar o encontro de contas.
O julgamento começou na sex-
ta-feira passada, no Plenário Vir-
tual. A ação foi levada ao STF em
outubro de 2022, pelo Conselho
Federal da Ordem dos Advogados
do Brasil (CFOAB). Os ministros
têm até a próxima sexta-feira para
apresentar os votos, pedir vista ou
destaque — o que transfere a dis-
cussão para o plenário físico.
A entidade afirma ser preciso
INÊS249
Nele o entendimento adotado foi
o de que é inconstitucional lei
municipal que estabelece impedi-
tivos à submissão de sociedades
profissionais de advogados ao re-
gime de tributação fixa ou per ca-
pita em bases anuais, na forma es-
tabelecida pelo Decreto-Lei nº
406/1968 — recepcionado pela
Constituição com status de lei
complementar nacional. O muni-
cípio, então, recorreu.
No TJSP, a 15ª Câmara de Direi-
to Público concluiu pela incons-
titucionalidade do artigo 13 da
Lei 17.719/2021, mas divergiu da
sentença de que se aplicaria ao
caso o julgamento do Supremo.
Por isso, decidiu levar a questão
para o Órgão Especial.
Na sessão, o relator, desembar-
gador Figueiredo Gonçalves, des-
tacou que essa questão sobre tri-
butação escalonada de ISS já ha-
via sido levada ao Órgão Especial.
Para ele, a lei está em flagrante
violação dos princípios constitu-
cionais da isonomia e da capaci-
dade contributiva e contraria as
regras estabelecidas no Decreto-
Lei nº 406/1968. A norma, no ar-
tigo 9º, parágrafos 1º e 3º, esta-
belece que o imposto tem que ser
recolhido sob alíquota fixa que
deverá ser multiplicada pelo nú-
mero de profissionais.
O relator lembrou, em seu vo-
to, que essa é a jurisprudência do
Supremo Tribunal Federal e ci-
tou, como exemplo, um caso jul-
dar a interpretação correta, da
Constituição Federal, para o artigo
16, parágrafo 3º, da lei e permitir,
em embargos, a discussão sobre
compensação em análise adminis-
trativa. Já a Fazenda Pública enten-
de que, nas execuções, deve-se ape-
nas discutir a dívida — tese atual-
mente aceita pelo Judiciário.
Para o CFOAB, essa interpretação
mais restritiva viola, ao menos, seis
princípios constitucionais, como o
da isonomia, do contraditório, da
ampla defesa, da economia proces-
sual, da celeridade processual e da
proibição de denegação de justiça.
Segundo advogados tributa-
ristas, pode permitir que o mes-
mo débito seja cobrado — e pago
— duas vezes, já que a dívida co-
brada na execução fiscal já teria
sido paga administrativamente
através de compensação.
Toffoli, porém, foi pela tese da Ad-
vocacia-Geral da União (AGU) e da
Procuradoria-Geral da República
(PGR) de que os argumentos da OAB
“não são suficientes” para acatar a
ADPF, pois “sobressai da demanda
seu caráter infraconstitucional”. Ou
seja, a última palavra é do Superior
Tribunal de Justiça (STJ), que já defi-
niu a questão contra o contribuinte.
“Resta evidente, portanto, que
a suposta ofensa à Constituição
Federal, caso configurada, seria
meramente reflexa ou indireta,
cuja análise não é cabível em se-
Juizados Especiais
Claro deve
indenizar por
cobrança indevida
valor.globo.com/
legislacao
Advogado Gustavo Brigagão: julgamento é muito importante e afeta todas as sociedades uniprofissionais
gado sob relatoria do ministro
Carlos Veloso, em 2001 (RE
220323). Ele foi seguido pelos
demais desembargadores.
De acordo com o advogado e
presidente do Centro de Estudos
das Sociedades de Advogados
(Cesa), Gustavo Brigagão, do es-
critório Brigagão Duque Estrada
Advogados, que atuou no caso
como amicus curiae (parte inte-
ressada), o julgamento é muito
importante e afeta todas as socie-
dades uniprofissionais. “Agora
temos a manifestação do órgão
máximo do TJSP no sentido de
LEO PINHEIRO/VALOR
“Quando a lei foi
editada não estava
nem regulamentada
a compensação”
Luiz G. Bichara
de de controle abstrato de cons-
titucionalidade”, afirma o relator
no voto (ADPF 1023).
Segundo Toffoli, não cabe usar es-
se tipo de ação para reverter prece-
dente do STJ, “o qual, respeitando
sua competência constitucional,
uniformizou a interpretação da le-
Opinião Jurídica
Fim da
celeuma
sobre o seguro
garantia
E2
& Tributos SP
que essa norma não tem valida-
de. E é mais um passo em direção
à vitória dos contribuintes”, diz.
O advogado que assessora a
LCR Contadores Associados, De-
nis Aranha Ferreira, do escritó-
rio ASA Advogados, destaca que
muitas prefeituras tentam des-
classificar contribuintes para
que não entrem na tributação
para sociedades uniprofissionais
ou apostam em outra via, que é
tentar alterar o cálculo do im-
posto, como foi feito pelo muni-
cípio de São Paulo. Para ele, po-
rém, o Decreto-Lei nº 406, de
gislação infraconstitucional” (EREsp
1795347). Por isso, negou o agravo
regimental. Em fevereiro, ele já havia
dado decisão semelhante.
Para o CFOAB, a compensação
deve ser usada como meio de defe-
sa “no próprio instrumento judi-
cial eleito pelo legislador para a co-
brança da dívida ativa”. Senão, pre-
cisaria discutir a questão em outra
ação judicial (anulatória ou de re-
petição de indébito), o que além
de aumentar a judicialização, já
poderia estar prescrita, “resultan-
do em cerceamento de defesa e pu-
ra denegação de justiça”.
Luiz Gustavo Bichara, procura-
dor tributário do CFOAB e sócio-
fundador do Bichara Advogados,
lembra que quando a LEF foi pu-
blicada, em 1980, vedando a com-
pensação, não estava regulamen-
tada a possibilidade de pagar tri-
butos com créditos, que só veio em
1996. “A literalidade desse artigo
[nº 16 da LEF] se prende a um mo-
mento histórico onde não existia
nem compensação”, afirma Bicha-
ra, que representa a OAB no caso.
A restrição impede o contribuin-
te de produzir defesa. “Se o contri-
buinte tiver quitado o tributo via
compensação, ele já gastou o crédi-
to para compensar o tributo, mas
vai ter que pagar de novo a mesma
dívida”, diz Bichara. “O contribuin-
te fica em um beco sem saída, por-
que se na execução ele não puder
Entenda
Veja como
provar alienação
parental
valor.globo.com/
legislacao
LEO PINHEIRO/VALOR
1968, tem que ser observado.
Ainda cabe recurso aos tribu-
nais superiores, contudo, segun-
do Ferreira, as chances de rever-
são são muito pequenas. “Essa já
tem sido a jurisprudência não só
do Tribunal de Justiça de São
Paulo, como do Superior Tribu-
nal de Justiça e do Supremo Tri-
bunal Federal”, diz.
Procurada pelo Valor, a Prefei-
tura de São Paulo informou, por
meio de nota que “não foi comu-
nicada da decisão e vai analisar
as medidas cabíveis quando for
acionada”.
falar o que aconteceu, vai ter que
pagar a dívida de novo.”
Ele defende que a tese “é tão ra-
zoável” que já está inserida no Proje-
to de Lei nº 2488/2022, em trâmite
no Senado Federal. O texto atual, fei-
to por uma comissão de juristas da
qual ele participou com integrantes
do próprio STJ e do governo, prevê
essa possibilidade. “A tendência é
que a legislação evolua se despren-
dendo da interpretação literal”, diz
Bichara. Se o projeto for aprovado,
valerá como nova lei, portanto, aci-
ma do que for decidido pelo STF.
O tributarista Eduardo Suess-
mann, sócio do Suessmann Advoga-
dos, afirma que o STJ mudou a juris-
prudência sobre o tema entre 2021 e
2022 — antes, prevalecia decisão a
favor (Tema 294, julgado em 2010)
— e não modulou para restringir os
efeitos. “Foi uma surpresa, porque
reverteram a posição”, diz. “Os mi-
nistros disseram que só poderia dis-
cutir compensação homologada,
mas se ela foi homologada, não vai
ter execução fiscal”, completa.
Para a advogada Luísa Macária,
tributarista do Grupo Nimbus, se a
tese dos contribuintes não for acata-
da, será “bem prejudicial”. “O Fisco
pode não avaliar a compensação na
esfera administrativa e o contribuin-
te não vai ter direito ou a chance de
discutir a questão em embargos de
execução, ou seja, não há ampla de-
fesa ou contraditório.”
E2 | Valor | São Paulo | Sábado, domingo e segunda-feira,20, 21 e 22 de abril de 2024 INÊS249
Legislação&Tributos SP

Fimda
C
omo é sabido, em o artigo 1.012, parágrafo 1º, Econômica Federal, mas esta os Na esfera judicial, por sua vez, identificação de tais peças
nosso país exige-se o inciso III, do mesmo código, repassará à Conta Única do o Superior Tribunal de Justiça como representativos da
prévio oferecimento dispõe sobre a apelação não ter Tesouro Nacional. E, uma vez (STJ) possuía entendimento no controvérsia e o tribunal, por
celeuma de garantia de
pagamento para
efeito suspensivo, no caso de
sentença de extinção do
assim alocados, é certo que não
ficam os recursos imobilizados.
sentido de que a liquidação do
seguro garantia (assim como da
intermédio de sua 1ª Turma, já
teve a oportunidade, em face da

sobreoseguro
que o contribuinte possa processo sem resolução do Não se quer dizer com isso, é fiança bancária) somente nova legislação, de fixar a
apresentar sua defesa, quando é mérito ou de improcedência claro, que esse é o único poderia ocorrer após o trânsito impossibilidade de intimação
judicialmente demandado por aos embargos. objetivo da União quando em julgado, pelo fato de os dois da seguradora para depósito do

garantia supostos débitos já inscritos em

dívida ativa dos entes
federativos. E entre as
Com base na interpretação
desses artigos, a União vinha
alegando que o seguro garantia e
defende a necessidade de
liquidação antecipada. Afinal, a
garantia em pecúnia (ou que
institutos serem equiparados ao
depósito judicial.
Posteriormente, contudo, tal
valor do seguro garantia antes
do trânsito em julgado da
execução fiscal.
Opinião Jurídica possibilidades dispostas na
legislação, temos o seguro
a fiança bancária não teriam o
condão de suspender a
assim se converte) traz
indiscutível segurança, e nada
Corte chegou a exarar decisões
pela possibilidade da liquidação
A derrubada do veto
presidencial, portanto, ao menos
garantia, disciplinado no artigo exigibilidade do crédito há de ilegítimo em almejá-la. antecipada da garantia, quando momentaneamente (quiçá, em
Ricardo Soriano 16, II da Lei de Execuções Fiscais
(Lei nº 6.830/1980).
tributário, uma vez que sua
aceitação não impediria o
Sem prejuízo, se outras formas
de garantia são admissíveis pela
ausente a concessão de efeito
suspensivo.
definitivo) resolve a questão até
então controvertida e objeto de
e Alexandra No âmbito federal, tal prosseguimento da execução. lei, cabe a reflexão sobre as Em face do quadro e pela tantos debates, normatizando o
modalidade de garantia é regulada Defendia mais: que, diante da razões que as tornam menos relevância da matéria, em entendimento de que a
Trentini pela Portaria PGFN n°164/2014, a ausência de efeito suspensivo atrativas, para, a partir daí, se outubro de 2023, o referido liquidação do seguro garantia só
qual estabelece os requisitos para automático ao recurso de buscar os necessários tribunal analisou processos para acontecerá após trânsito em
assegurar que o pagamento do apelação, a execução deveria aprimoramentos nos afetação ao rito de recursos julgado de decisão de mérito em
crédito seja satisfeito, na hipótese prosseguir com a intimação do respectivos institutos. repetitivos, sobre essa temática, desfavor do contribuinte. Essa
de o entendimento final do Poder terceiro — seguradora — que O Projeto de Lei nº 2.384/2023, identificando RESPs para matéria, tão polêmica e sensível
Judiciário sobre a existência de prestou a garantia, para que aprovado pelo Congresso representar a controvérsia de de lado a lado, parece finalmente
débito for desfavorável ao depositasse o valor da dívida Nacional ainda no ano passado, Tema n° 559/STJ. No entanto, haver encontrado um desfecho.
contribuinte. Significa dizer: caso o executada. O referido depósito, buscava dirimir a controvérsia apenas dois meses após, em mais
contribuinte não pague o débito, a por sua vez, suspenderia a sobre o cabimento ou não da um capítulo em torno dessa Ricardo Soriano e Alexandra Trentini
seguradora será, naturalmente, exigibilidade do crédito e apenas liquidação antecipada, ao incluir celeuma, o Congresso Nacional são, respectivamente, sócio responsável
demandada a fazê-lo. seria levantado ou convertido em o parágrafo 7º no artigo 9º da Lei derrubou o veto presidencial ao pelas áreas de Direito Público e
O Código de Processo Civil renda após o trânsito em julgado. de Execuções Fiscais (que vedava dispositivo da Lei nº 14.689/2023 Tributário do Figueiredo & Velloso
(CPC), em seu artigo 919, A busca pela liquidação expressamente tal antecipação). (lei decorrente do referido PL nº Advogados e ex-procurador-geral da
estabelece que, em regra, os [antecipada] do seguro A princípio, a disposição foi 2.384/2023) e, ao fazê-lo, incluiu Fazenda Nacional; e advogada do
embargos à execução não terão garantia, convertendo-o em vetada pelo Chefe do Executivo, o já mencionado parágrafo 7º no Figueiredo & Velloso Advogados
efeito suspensivo, ficando a depósito judicial, beneficia a sob o argumento de que artigo 9º da Lei de Execuções
critério do magistrado a União sob o aspecto financeiro. contrariaria o interesse público. Fiscais, para expressamente Este artigo reflete as opiniões do autor,
concessão de tal efeito quando Explica-se: a Lei nº 9.703/98, em Entre outras razões, proibir a satisfação prévia do e não do jornal Valor Econômico.
verificados os requisitos da seu artigo 1º, parágrafo 2º, argumentou-se que a seguro garantia. O jornal não se responsabiliza e nem
tutela provisória e desde que a dispõe que os depósitos impossibilidade de execução Em consequência, a ministra pode ser responsabilizado pelas
execução já esteja garantida judiciais referentes aos tributos imediata dessa espécie de Regina Helena Costa, relatora informações acima ou por prejuízos
por penhora, depósito ou e às contribuições federais garantia fragilizaria o processo de ambos os recursos afetados, de qualquer natureza em decorrência
caução suficientes. Por sua vez, serão efetuados na Caixa de cobrança. decidiu por retirar a do uso dessas informações

CIAVAL Administradora de Bens UHE São Simão Energia S.A.

VERDE E MEIO
e Direitos SPE S.A. - Em Liquidação CNPJ/MF nº 27.352.303/0001-20 - NIRE nº 35.300.502.329
Edital de Convocação - Assembleia Geral Ordinária
CNPJ/MF nº 29.270.070/0001-41 - NIRE 35.3.0051139-5
Ficam os Acionistas da UHE São Simão Energia S.A. (“Companhia”) convocados para a Assembleia Geral
AMBIENTE Edital de Convocação - 01ª Chamada - Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária
Convocamos os acionistas da CIAVAL Administradora de Bens e Direitos SPE S.A. - Em Liquidação (“Companhia”), para Ordinária a ser realizada no dia 30 de abril de 2024, em primeira convocação às 8h30min, e em segunda
participarem, no dia 30 de abril de 2024, às 10 horas, da Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária da Companhia a convocação às 9h, exclusivamente de forma digital, por meio de plataforma a ser disponibilizada pela Companhia,
ser realizada de forma exclusivamente digital, sendo, considerada, nos moldes do artigo 5º, §3º da Resolução CVM para deliberar sobre as seguintes matérias: (1) tomar as contas dos administradores, examinar, discutir e
COMUNICADO DE LICITAÇÃO nº 81/22, realizada a Assembleia em sua sede social, localizada à Avenida São Luís, 50, conjunto 32-E, República, votar as Demonstrações Financeiras referentes ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2023,
Concorrência eletrônica n º 005/SVMA/2024 - Processo SEI nº 6027.2023/0003729-8 no Município de São Paulo, Estado de São Paulo, CEP 01046-926, para deliberarem sobre a seguinte ordem do dia: acompanhadas do relatório dos auditores independentes; (2) deliberar sobre a destinação dos resultados do
UASG nº: 925020 - Critério de julgamento: MENOR PREÇO GLOBAL Em Assembleia Geral Ordinária: a) Examinar, discutir e votar as contas do liquidante e as demonstrações financeiras referido exercício social, cujos documentos relacionados encontram-se à disposição dos Acionistas, na sede
Objeto: Contratação de Obras, Serviços e Projeto Executivo para Administração e Drenagem para a relativas ao exercício social encerrado em 31 de dezembro de 2023; e b) Examinar, discutir e votar as contas dos atos social da Companhia. São Paulo, 19 de abril de 2024. A Administração. (19, 20 e 23/04/2024)
Administração e para o acesso da Av. Dr. Candido Motta Filho. Readequação das Edificações existentes e e operações praticados no âmbito da liquidação da Companhia, bem como sobre o relatório e o balanço do estado da
liquidação, na forma do artigo 213 da Lei 6.404/76. Em Assembleia Geral Extraordinária: a) Homologar o aumento
demais serviços no Parque Colinas de São Francisco, localizado na Subprefeitura do Butantã, Cidade São do capital social da Companhia, com admissão de novos acionistas. Informações Gerais: Nos termos do artigo 126 da
Francisco, São Paulo - SP - Data/hora da sessão pública: 28 de maio de 2024, às 10:00 horas - Documentação/ Lei 6.404/76, para participar da Assembleia Geral, os acionistas ou seus representantes, deverão apresentar à
Retirada do edital: https://diariooficial.prefeitura.sp.gov.br/ ou www.comprasnet.gov.br, ou por meio de Companhia: (i) quando se tratar de pessoa física: (a) original, cópia simples ou autenticada do documento de
identidade (RG ou RNE e CPF) do acionista; (b) original, cópia simples ou autenticada (mecânica ou digitalmente por
Brasiliana Participações S.A.
agendamento via svmalicitacao@prefeitura.sp.gov.br na Divisão de Licitações e Contratos - DLC da Secretaria CNPJ/MF nº 08.773.191/0001-36 - NIRE 35.3.0034042-6
Municipal do Verde e do Meio Ambiente, na Rua do Paraíso, 387 - 9º andar - Paraíso - São Paulo/SP - CEP 04103-000, meio de certificado digital emitido por autoridade certificadora vinculada ao ICP-Brasil) do instrumento de outorga de
poderes de representação com reconhecimento de firma do outorgante ou com assinatura digital por meio de certificado Extrato da Ata de Reunião do Conselho de Administração
mediante a entrega de 01 (um) pen-drive.
digital emitido por autoridade certificadora vinculada ao ICP-Brasil, como alternativa ao reconhecimento de firma; Realizada em 27 de Março de 2024
(ii) quando se tratar de pessoa jurídica: (a) original, cópia simples ou autenticada (mecânica ou digitalmente por meio Data, Hora e Local: 27/03/24, às 16h00, na Cia. Mesa: Presidente - Sr. Francisco J. M. Lopez -
de certificado digital emitido por autoridade certificadora vinculada ao ICP-Brasil) dos atos societários que comprovem Secretaria - Sra. Sabrina C. A. da Silva. Deliberações: Aprovaram, por unanimidade de votos, as
Banco MUFG Brasil S.A. a representação legal do acionista; (b) original, cópia simples ou autenticada (mecânica ou digitalmente por meio de
certificado digital emitido por autoridade certificadora vinculada ao ICP-Brasil) da última consolidação do Contrato/
demonstrações financeiras e correspondentes notas explicativas, o relatório da administração e
CNPJ/MF nº 60.498.557/0001-26 - NIRE nº 35300012143 parecer dos auditores independentes, todos relativos ao exercício social findo em 31/12/23, bem
Convocação Estatuto Social do acionista; (c) original, cópia simples ou autenticada do documento de identidade (RG ou RNE e CPF) como a submissão desses documentos à aprovação da AGO da Cia. a ser convocada. Registra-se
São convocados os senhores acionistas do Banco MUFG Brasil S.A., a se reunirem em Assembleia dos representantes legais do acionista; (d) original, cópia simples ou autenticada (mecânica ou digitalmente por meio que a aprovação em referência fica condicionada à aprovação pela BNDES Participações S.A. -
Geral Ordinária a ser realizada na sede social na Av. Paulista, nº 1274, nesta Cidade e Estado de de certificado digital emitido por autoridade certificadora vinculada ao ICP-Brasil) da certidão simplificada da Junta BNDESPAR e AES Holdings Brasil Ltda. em sede de Reunião Prévia, nos termos do Acordo de
São Paulo, no dia 30/04/2024, às 09:30 horas, a fim de deliberarem sobre a seguinte ordem do dia: Comercial do Estado sede do acionista; e (e) original, cópia simples ou autenticada (mecânica ou digitalmente por meio Acionistas da Brasiliana Participações S.A., celebrado em 30/12/16. Aprovaram, por unanimidade de
a) Tomar as contas da Diretoria, examinar, discutir e votar as demonstrações financeiras relativas ao de certificado digital emitido por autoridade certificadora vinculada ao ICP-Brasil) do instrumento de outorga de votos, a proposta de destinação do resultado do exercício findo em 31/12/23, face à apuração de
exercício de 2023; b) Deliberar sobre a destinação do lucro líquido do exercício e a distribuição de poderes de representação com reconhecimento de firma do outorgante ou com assinatura digital por meio de certificado lucro líquido no exercício no valor de R$2.483.575,77, ante um prejuízo consolidado no valor de
dividendos; e c) Outros assuntos de interesse social. digital emitido por autoridade certificadora vinculada ao ICP-Brasil, como alternativa ao reconhecimento de firma; R$21.556.060,07 em 31/12/22, para a conta de prejuízos acumulados no patrimônio líquido, bem
São Paulo, 18 de abril de 2024. (iii) em qualquer caso, quando representado por procurador: (i) apresentar, além dos documentos acima (a) original, como a submissão dessa proposta à aprovação da AGO da Cia., a ser convocada. Registra-se que
Banco MUFG Brasil S.A. cópia simples ou autenticada do documento de identidade (RG ou RNE e CPF) do procurador; e (ii) observar que (a) a a aprovação em referência fica condicionada à aprovação pela BNDES Participações S.A. -
Akihiko Kisaka - Diretor-Presidente outorga de poderes de representação deverá ter sido realizada há menos de 01 (um) ano, nos termos do artigo 126, BNDESPAR e AES Holdings Brasil Ltda. em sede de Reunião Prévia, nos termos do Acordo de
§1º, da Lei 6.404/76; (b) a procuração deverá conter a indicação do lugar onde foi passada, a qualificação completa
Acionistas da Brasiliana Participações S.A., celebrado em 30/12/16. Consignaram a participação
do outorgante e do outorgado, a data e o objetivo da outorga com a designação e a extensão dos poderes conferidos,
nos termos do artigo 654, §1º e §2º da Lei 10.406/2002; (b) as pessoas naturais acionistas da Companhia somente dos Srs. Marcos A. P. Motta, presidente do Conselho Fiscal da Cia. e do Sr. Raimundo C. Batista,
poderão ser representadas por procurador que seja acionista, administrador da Companhia, advogado ou instituição membro do Conselho Fiscal, durante a discussão dos itens 5.1. e 5.2. acima, e a manifestação
financeira, conforme previsto no artigo 126, §1º, da Lei 6.404/76; (c) as pessoas jurídicas acionistas da Companhia favorável do Conselho Fiscal acerca de tais matérias, formalizada em ata de reunião própria e em
BBD Participações S.A. poderão se fazer representar por procurador constituído na forma dos seus documentos societários, conforme definido
no processo CVM RJ2014/3578, julgado em 2014.11.04; (iv) quando se tratar de acionista estrangeiro: (a) tradução
parecer. Aprovaram, por unanimidade de votos, a contratação da Grant Thornton Auditores
Independentes para auditar as demonstrações financeiras da Cia. e de sua controlada AES Elpa
CNPJ no 07.838.611/0001-52 – NIRE 35.300.335.295 juramentada para português dos documentos tratados acima, sendo dispensado o reconhecimento de firma dos S.A., relativas ao exercício social de 2024 da Cia. reconhecendo a independência de tais auditores
signatários por Tabelião Público, o apostilamento ou a legalização em Consulado Brasileiro caso o país de emissão do para a prestação dos serviços contratados. Registra-se que a aprovação em referência fica
Assembleias Gerais Extraordinária e Ordinária documento não seja signatário da Convenção de Haia (Convenção da Apostila); e (v) em todos os casos, seja informado condicionada à aprovação pela BNDES Participações S.A. - BNDESPAR e AES Holdings Brasil Ltda.
Edital de Convocação e-mail do acionista para recebimento do link para participação da Assembleia Geral. A Companhia solicita que os em sede de Reunião Prévia, nos termos do Acordo de Acionistas da Brasiliana Participações S.A.,
documentos tratados acima lhe sejam direcionados com até 48 (quarenta e oito) horas de antecedência da realização celebrado em 30/12/16. Aprovaram, por unanimidade de votos, a proposta de remuneração global
Convidamos os acionistas desta Sociedade a reunirem-se em Assembleias Gerais Extraordinária da Assembleia Geral, aos cuidados do Sr. Liquidante - Lucas Saulo Pinheiro França, com cópia obrigatória para o anual dos Administradores para o exercício social de 2024, no montante global anual de até
e Ordinária a serem realizadas cumulativamente no dia 30 de abril de 2024, às 11h30, na sede advogado da Companhia, Dr. Leonardo Luiz de Campos Machado Filho, com escritório profissional sito à Rua Correia de R$2.400,00 a título de remuneração fixa e variável, incluindo os benefícios de qualquer natureza e
social, Núcleo Cidade de Deus, Prédio Prata, 4o andar, Vila Yara, Osasco, SP, a fim de: Assembleia Melo, 92, sala 809-A, Chácara Santo Antônio, no Município de São Paulo, Estado de São Paulo, CEP 04726-220 e os encargos sociais reconhecidos no resultado da Cia. excetuados os encargos sociais que sejam
endereço eletrônico leonardo.machado@camposmachado.adv.br, a fim de serem conferidos e, estando em ônus do empregador, bem como a submissão dessa proposta à aprovação da AGO da Cia. a ser
Geral Extraordinária: Examinar, discutir e votar proposta do Conselho de Administração para
conformidade, haja a habilitação do acionista na Assembleia Geral, ou, conforme o caso, seja solicitada a convocada. Registra-se que a aprovação em referência fica condicionada à aprovação pela BNDES
alterar parcialmente o Estatuto Social, no “caput” do Artigo 22, alterando a quantidade mínima complementariedade dos documentos apresentados. A Companhia, tendo em vista a adoção da Assembleia Geral na Participações S.A. - BNDESPAR e AES Holdings Brasil Ltda. em sede de Reunião Prévia, nos
de 10 (dez) para 5 (cinco) membros naquele Órgão. Assembleia Geral Ordinária: 1. tomar as modalidade exclusivamente eletrônica, encaminhará para todos os acionistas devidamente habilitados, link para termos do Acordo de Acionistas da Brasiliana Participações S.A., celebrado em 30/12/16. Aprovaram,
contas dos administradores e examinar, discutir e votar as Demonstrações Contábeis relativas ao acessar acompanhamento da Assembleia Geral com antecedência de 02 (duas) horas à 01 (uma) hora da realização da por unanimidade de votos, a convocação da AGO da Cia. a ser realizada no dia 30/04/24, para
Assembleia. Sem prejuízo do disposto nesse Edital, os Acionistas ainda poderão se fazer presente mediante exercício deliberar acerca das seguintes matérias: Em AGO: (a) a tomada de contas dos administradores,
exercício social findo em 31.12.2023; 2. deliberar sobre proposta do Conselho de Administração
de voto por Boletim de Voto a Distância, que o pode ser obtido diretamente no site da Companhia (www.ciaval.com.br) exame, discussão e votação do Relatório Anual da Administração relativos ao exercício social findo
para destinação do lucro líquido do exercício de 2023; 3. eleger os membros do Conselho de ou com os advogados da Companhia, por meio do endereço de e-mail leonardo.machado@camposmachado.adv.br. Os em 31/12/23, (b) as Demonstrações Financeiras da Cia. acompanhadas do relatório e parecer
Administração; e 4. fixar a remuneração dos Administradores. Osasco, SP, 19 de abril de 2024. Boletins de Voto a Distância, para sua validade em Assembleia Geral, devem ser encaminhados diretamente à emitidos pelo Auditor Independente, relativas ao exercício social findo em 31/12/23, (c) a destinação
Luiz Carlos Trabuco Cappi - Presidente do Conselho de Administração. Companhia aos cuidados do Sr. Liquidante - Lucas Saulo Pinheiro França, com cópia obrigatória para o advogado da dos resultados da Cia. relativos ao exercício social findo em 31/12/23, (d) a fixação da remuneração
Companhia, Dr. Leonardo Luiz de Campos Machado Filho, com escritório profissional sito à Rua Correia de Melo, 92, sala global e anual dos administradores da Cia. referente ao exercício social a encerrar-se em 31/12/24,
809-A, Chácara Santo Antônio, no Município de São Paulo, Estado de São Paulo, CEP 04726-220 e endereço eletrônico
e (e) a eleição dos membros efetivos e suplentes do Conselho de Administração da Cia. Aprovaram,
leonardo.machado@camposmachado.adv.br até 24 (vinte e quatro) horas antes da realização da Assembleia Geral.
por unanimidade de votos, a aprovação do Plano de Negócios da Cia. referente aos exercícios
ORE SECURITIZADORA S.A. Os documentos e informações relativos às matérias a serem deliberadas na Assembleia Geral encontram-se à disposição
dos acionistas na sede e no site da Companhia. Lucas Saulo Pinheiro França - Liquidante. sociais de 2024 a 2028, nos termos apresentados. Registra-se que a aprovação em referência fica
condicionada à aprovação pela BNDES Participações S.A. - BNDESPAR e AES Holdings Brasil Ltda.
Companhia Aberta - CNPJ/MF nº 12.320.349/0001-90
OITAVA ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA DOS TITULARES DE CERTIFICADOS DE em sede de Reunião Prévia, nos termos do Acordo de Acionistas da Brasiliana Participações S.A.,
RECEBÍVEIS IMOBILIÁRIOS DA 46ª SÉRIE DA 1ª EMISSÃO DA ORE SECURITIZADORA S.A. Anaconda Industrial e Agrícola de Cereais S.A. celebrado em 30/12/16. Aprovaram, por unanimidade de votos, a proposta de renovação da apólice
do seguro de responsabilidade civil - D&O da Cia. e de sua controlada AES Elpa S.A., para o período
EDITAL DE SEGUNDA CONVOCAÇÃO CNPJ n.º 60.728.029/0001-16 - NIRE n.º 35.300.047.184
de 1/04/24 a 1/04/25, pela seguradora Zurich Brasil Seguros S.A., ao custo de R$ 757, já acrescido
Os senhores Titulares de Certificados de Recebíveis Imobiliários da 46ª Série da 1ª Emissão da ORE Securitizadora S.A. Edital de Convocação Assembleia Geral Ordinária
Ficam convocados os Srs. Acionistas a comparecerem à Assembleia Geral Ordinária e Extraordinária o IOF de 7,38%. Registra-se que a aprovação em referência fica condicionada à aprovação pela
(respectivamente “Investidores” ou “Titulares”, “CRI” e “Securitizadora”), e a FRAM Capital Distribuidora de Títulos BNDES Participações S.A. - BNDESPAR e AES Holdings Brasil Ltda. em sede de Reunião Prévia,
e Valores Mobiliários S.A. (“Agente Fiduciário”), diante do não atingimento do quórum para instalação em primeira da Sociedade, a ser realizada na sede social localizada na Avenida Venceslau de Queiros, nº 44,
São Paulo, Capital, no dia 30 de abril de 2024, às 9:00 horas, a fim de deliberarem sobre: (i) Tomar nos termos do Acordo de Acionistas da Brasiliana Participações S.A., celebrado em 30/12/16.
convocação ocorrida em 15 de abril de 2024, e consequente não instalação, conforme termo de não instalação Encerramento: Registrada na JUCESP sob o nº 153.124/24-6 em 15/04/24, por Maria Cristina Frei
elaborado, estão convocados a se reunirem, em segunda convocação à Oitava Assembleia Geral Extraordinária dos conhecimento do Relatório da Administração, examinar e deliberar sobre as contas da Diretoria, o ba-
lanço patrimonial e demais demonstrações financeiras relativas ao exercício social encerrado em 31 - Secretária Geral. A íntegra da ata será publicada no endereço eletrônico do jornal Valor Econômico
Titulares dos CRI (“8ª AGT”), no dia 09 de maio de 2024, às 16:00 horas, de modo exclusivamente digital, (https://valor.globo.com/valor-ri/atas-e-comunicados/).
de dezembro de 2023; (ii) Deliberar sobre a distribuição trimestral de Juros sobre Capital Próprio; (iii)
inclusive para fins de voto, por meio da plataforma “Microsoft Teams”. O acesso à plataforma eletrônica será deliberar sobre a distribuição e pagamento de juros sobre capital próprio e dividendos; e (iv) Fixar a
disponibilizado pela Securitizadora aos Titulares de CRI que enviarem solicitação para operacaofatorore@fator. remuneração global anual da Administração e Conselho de Administração. São Paulo, 19 de abril de
com.br, sendo que, haverá a possibilidade de participação a distância, por meio do preenchimento da instrução de 2024. Angela Martins Guido Rios - Presidente do Conselho de Administração. (19, 20 e 23/04/2024)
voto, conforme instruções enviadas pelo Agente Fiduciário a todos os Investidores. Os Titulares dos CRI que fizerem
o envio da instrução de voto até o início da 8ª AGT, e esta for considerada válida, não precisarão acessar o link para
participação digital da 8ª AGT, sendo sua participação e voto computados de forma automática. Ordem do Dia: A 8ª FUNDAÇÃO AGÊNCIA DAS BACIAS PCJ SUBPREFEITURA
AGT tem como objetivo deliberar sobre: (i) a prorrogação do prazo para apresentação das demonstrações financeiras CNPJ nº 11.513.961/0001-16
consolidadas e auditadas pela Devedora, referentes ao ano contábil de 2022, onde o prazo deliberado na 6ª Assembleia MOOCA
AVISO DE LICITAÇÃO
Geral, realizada em 27 de outubro de 2023, encerrou em 30 de novembro de 2023 (ii) as demonstrações financeiras
auditadas do Patrimônio Separado apresentadas pela Securitizadora, referentes ao exercício social encerrado em 30 de COLETA DE PREÇOS Nº 004/2024 AVISO DE ABERTURA DE LICITAÇÃO
setembro de 2023. Os termos iniciados por letras maiúsculas não definidos nesta convocação terão os significados a A Fundação Agência das Bacias Hidrográficas dos Rios Piracicaba, Capivari e Jundiaí - Agência das Bacias PCJ torna público, para Pregão Eletrônico nº 003/SUB-MO/2024 - Processo SEI n° 6046.2024/0003083-3
eles atribuídos nos Documentos da Operação. As procurações e/ou instrução de voto, se aplicável, deverão ser enviados conhecimento dos interessados, que se acha aberta, por meio de seleção de propostas na modalidade de Coleta de Preços do tipo menor Tipo: MENOR PREÇO - Critério de Julgamento: MENOR PREÇO MENSAL - Objeto: prestação de serviços de apoio
acompanhados de cópia: (i) da totalidade dos documentos que comprovem a representação do titular, incluindo preço, a contratação de empresa para prestação de serviços visando a produção de plataforma web para Revista Gestão das Bacias PCJ à fiscalização, visando ao combate do comércio irregular e do comércio ambulante irregular, à remoção de
mas não se limitando a, contratos e/ou estatutos sociais, regulamentos, atas e procurações; e (ii) do documento de 2024, subordinando-se às disposições da Resolução ANA nº 122/2019. Os envelopes com a documentação e as propostas deverão ser propaganda irregular e à remoção de materiais e estruturas em áreas públicas, que caracterizem o uso e
identificação dos signatários, e encaminhada até 02 (dois) dias úteis antes da realização da 8ª AGT, para os e-mails entregues na sede da Agência das Bacias PCJ, localizada à Rua Alfredo Guedes, nº 1949, sala 604, Edifício Rácz Center, Bairro Higienópolis, ocupação irregular do espaço público municipal, através de equipes - Data e Hora da Abertura da Sessão Pública:
operacaofatorore@fator.com.br e agentefiduciario@framcapital.com. A 8ª AGT será instalada em primeira convocação CEP 13.416-901, Piracicaba, SP, até as 09h00 do dia 08 de maio de 2024. O início da abertura dos envelopes será às 09h30 do dia 08 de 08/05/2024 - 10:00 - Local: https://www.gov.br/compras - UASG nº 925082 - O Edital, seus anexos, o resultado do
com a presença dos Investidores que representem, pelo menos 50% mais um dos CRI em Circulação, nos termos da Pregão e os demais atos pertinentes também constarão do site http://diariooficial.prefeitura.sp.gov.br/ (Painel de
maio de 2024 na Sala 803, situada à Rua Alfredo Guedes, nº 1949, Edifício Rácz Center, Bairro Higienópolis, CEP 13.416-901, Piracicaba,
cláusula 15.3.1. do Termo de Securitização, sendo válidas as deliberações tomadas pelos Investidores que representem Negócios) - Subprefeitura Mooca.
SP. O Ato convocatório completo encontra-se à disposição na sede da Fundação Agência das Bacias PCJ, na Rua Alfredo Guedes, 1949,
a maioria dos CRI em Circulação presentes à 8ª AGT, conforme cláusula 15.8. do Termo de Securitização. A 8ª AGT será Edifício Rácz Center, sala 604, Higienópolis, Piracicaba, SP, no site www.agencia.baciaspcj.org.br e no site www.comitespcj.org.br.
instalada em segunda convocação com a presença dos Investidores que representem qualquer número dos CRI em Eduardo Massuh Cury - Presidente da Comissão de Licitações. Sergio Razera - Diretor-Presidente.
Circulação, nos termos da cláusula 15.3.1 do Termo de Securitização, sendo válidas as deliberações tomadas pelos
votos favoráveis dos Investidores que representem a maioria de votos dos presentes, de acordo com a cláusula 15.8 do
Termo de Securitização e o art. 30, da Resolução CVM nº 60. RV AGRO S/A
São Paulo/SP, 17 de abril de 2024. Diretora de Securitização C.N.P.J. 00.771.965/0001-88
BALANÇOS PATRIMONIAIS EM 31 DE DEZEMBRO DE 2023 E 2022 - (VALORES EXPRESSOS EM REAIS)
Balanço Patrimonial Demonstração dos fluxos de caixa
Ativo 2023 2022 Passivo 2023 2022 Fluxo de caixa de atividade operacionais 2023 2022
Circulante Circulante Lucro/prejuizo do exercício (154.663,41) 8.119.417,82
Impostos e contribuições a recolher 12.682,57 8.940,08 Variações nos ativos e passivos operacionais:
Caixa e equivalentes de caixa 4.939,34 888,01 Titulos a pagar 6.682.289,09 - Baixa do imobilizado 626.218,33 55.345,50
Outras contas a receber 332.120,88 85.257,12 Emprestimos e financiamentos 1.403.353,26 - Depreciação 300.555,74 408.902,87
Total do Salários a pagar 5.692,10 5.407,02 Outras contas a receber (246.863,76) (85.257,12)
Total do passivo circulante 8.104.017,02 14.347,10 Distribuição de lucro - (7.713.446,93)
ativo circulante 337.060,22 86.145,13 Patrimônio líquido
Impostos a recolher 3.742,49 3.108,94
Não circulante Capital social: Salários a pagar 285,08 418,52
Investimentos 42.369,00 42.369,00 Residentes no país 3.960.112,00 3.960.112,00 Titulos a pagar 8.085.642,35 (2.589,12)
Capital realizado 3.960.112,00 3.960.112,00 Caixa oriundo das atividades operacionais 8.614.916,82 785.900,48
Imobilizado 14.406.158,84 6.722.067,42 Reservas de capital 201.429,39 201.429,39
Total do ativo Reserva de lucros 2.674.693,06 2.674.693,06 Fluxo de caixa de operações de investimentos
não circulante 14.448.527,84 6.764.436,42 Prejuizos acumulados (154.663,41) - Investimentos - -
Total do patrimônio líquido 6.681.571,04 6.836.234,45 Adições de imobilizado (8.610.865,49) (785.793,00)
Total do ativo 14.785.588,06 6.850.581,55 Total do passivo 14.785.588,06 6.850.581,55 Caixa aplicado nas
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido atividades de investimentos (8.610.865,49) (785.793,00)
Aumento (redução) de caixa e
Capital Reserva Reserva de Lucro (prejuizo) bancos e aplicações financeiras 4.051,33 107,48
social de Capital lucros acumulados Total Composição da variação do caixa
Saldos em 1º/01/2022 3.960.112,00 534.451,34 1.935.700,22 - 6.430.263,56 Disponibilidades inicio do exercício 888,01 780,53
Transferência (333.021,95) 738.992,84 (405.970,89) - Disponibilidades fim do exercício 4.939,34 888,01
Redução de capital - - - - - Variação no exercício 4.051,33 107,48
Reserva de capital - - - - - Notas Explicativas
Dividendos - - (7.713.446,93) (7.713.446,93)
Lucro do exercicio (prejuizo) - - - 8.119.417,82 8.119.417,82 As demonstrações contábeis foram elaboradas em consonância com os
Saldos em 31/12/2022 3.960.112,00 201.429,39 1.935.700,22 - 6.836.234,45 Princípios Fundamentais de Contabilidade e demais práticas da legislação
Transferencia - - - - societária brasileira. Os direitos e obrigações estão registrados pelos va-
Reserva de capital - - - - - lores históricos e os encargos financeiros reconhecidos de acordo com a
Dividendos - - - legislação, pelo regime de competência. O imobilizado está demonstrado
Lucro (prejuizo) do exercicio - - - (154.663,41) (154.663,41)
Saldos em 31/12/2023 3.960.112,00 201.429,39 1.935.700,22 (154.663,41) 6.681.571,04 pelo custo de aquisição, deduzido da depreciação acumulada calculada
pelo método linear. O regime tributário da empresa é o Lucro Presumido e
Demonstração dos Resultados
contabiliza os encargos tributários pelo regime de competência. A principal
2023 2022 Resultado operacional antes atividade é a exploração agrícola de cana-de-açúcar. As obrigações finan-
Receita operacional bruta dos efeitos financeiros 261.963,76 8.423.208,03 ceiras são compostas de empréstimos para utilização na atividade produtiva
Venda liquida de produtos 1.903.036,83 9.248.313,10 Resultado não operacional liquido (296.218,33) (15.345,50) e de financiamentos do ativo imobilizado. O capital social da sociedade,
Outras receitas operacionais 380,74 258,04 Resultado financeiro líquido (70.556,03) (458,70)
Receita operacional líquida 1.903.417,57 9.248.571,14 integralizado, é de R$ 3.960.112,00. Pontal, 04/04/2024.
Custo dos produtos vendidos (437.619,70) (707.933,21) (366.774,36) (15.804,20)
Seja um assinante: Diretoria
Acesse assinevalor.com.br Lucro bruto 1.465.797,87 8.540.637,93 Lucro antes do IR e da contribuição social (104.810,60) 8.407.403,83
Despesas operacionais Imposto de renda e contribuição social (49.852,81) (287.986,01) Eduardo Carolo - Diretor
Ligue 0800 701 8888 Gerais e administrativas (1.203.834,11) (117.429,90) Lucro líquido (prejuïzo) do exercício (154.663,41) 8.119.417,82 Contador
(1.203.834,11) (117.429,90) Lucro (prejuízo) por ações (0,04) 1,94 Júlio Rosa - CRC 1SP083488/O-8
 INÊS249 São Paulo | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 | Valor | E3

ALFA HOLDINGS S.A.

Sociedade Anônima de Capital Aberto - CNPJ/MF nº 17.167.396/0001-69 - NIRE 35 3 0002375 7
ATA DAS ASSEMBLEIAS GERAIS ORDINÁRIA E EXTRAORDINÁRIA
SAÚDE DATA: 28 de março de 2024. HORÁRIO: 10h50min, Assembleia Geral Ordinária e, em seguida, Assembleia Geral instalada e presidida pelo Presidente do Conselho de Administração ou, na sua ausência, pelo Diretor-Presidente, se
Extraordinária. LOCAL: Sede social, Alameda Santos, n° 466, 14º andar, São Paulo - SP. PRESENÇA: 1) acionistas não houver a designação de que trata o item 9.2. O presidente da Assembleia Geral convidará até 2 (dois) dos presentes
titulares de ações ordinárias representando mais de dois terços do capital social com direito de voto; 2) administradores para secretariar os trabalhos. 7.4 - A Assembleia Geral Ordinária, anualmente, por proposta do Conselho de
da Alfa Holdings S.A. (“Sociedade”); e o Sr. Rafael Dominguez Barros, representante da Grant Thornton Auditores Administração, fixará a verba máxima para a remuneração global do Conselho de Administração e da Diretoria, bem
AVISO DE ABERTURA DE LICITAÇÃO Independentes. MESA: Alberto Monteiro de Queiroz Netto - Presidente. Felipe Barbosa da Silveira e Silva - Secretário. como poderá determinar, de forma eventual, mas não obrigatória, participação nos lucros nos casos, formas e limites
Pregão eletrônico Nº 90001/2024 - Processo SEI - 6018.2023/0080597-0 - Objeto: CONTRATAÇÃO DE EMPRESA ORDEM DO DIA (A) EM ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA: (i) Tomar as contas dos Administradores, examinar, discutir legais. O Conselho de Administração deliberará sobre a remuneração dos administradores na forma do item 9.9,
PARA FORNECIMENTO DE GASES - Abertura para lances/início da sessão: 08/05/2024 às 10:00h - Local: e votar o Relatório da Administração, as Demonstrações Financeiras, o Relatório dos Auditores Independentes e o VIII. IV. ÓRGÃOS DA ADMINISTRAÇÃO - Art. 8 - São órgãos de administração da sociedade: a) o Conselho de
https://www.gov.br/compras - UASG 925208. Os documentos referentes às propostas comerciais e anexos, das Parecer do Conselho Fiscal, todos relativos ao exercício social encerrado em 31.12.2023; (ii) deliberar sobre a Administração; b) a Diretoria. 8.1 - O Conselho de Administração é órgão de deliberação colegiada. A representação da
empresas interessadas, deverão ser encaminhados a partir da disponibilização do sistema, https://www.gov.br/ destinação do lucro líquido do exercício social encerrado em 31.12.2023 e ratificar as distribuições de dividendos sociedade é privativa dos Diretores, observado o item 10.12. 8.2 - O prazo do mandato dos membros do Conselho de
compras, até a data de abertura, conforme especificado no Edital - Informações e anexos poderão ser obtidos em: relativas ao 1º e 2º semestres de 2023; (iii) eleger os membros do Conselho de Administração, efetivos e suplentes, Administração é de 3 (três) anos e o da Diretoria é de 1 (um) ano, sendo admitida em ambos os casos a reeleição de
https://diariooficial.prefeitura.sp.gov.br/md_epubli_controlador.php?acao=inicio nos termos do Artigo 8º, item 8.2 do Estatuto Social; (iv) fixar a verba máxima destinada à remuneração dos seus membros. Os membros do Conselho de Administração e da Diretoria poderão permanecer em seus cargos até a
https://diariooficial.prefeitura.sp.gov.br/md_epubli_controlador.php?acao=negocios_pesquisar administradores para o período de maio/2024 a abril/2025; e (v) se assim deliberado, instalar o Conselho Fiscal, eleger posse dos novos membros eleitos. Art. 9 - CONSELHO DE ADMINISTRAÇÃO - O Conselho de Administração é composto
seus membros efetivos e suplentes e fixar suas respectivas remunerações; e (B) EM ASSEMBLEIA GERAL por 3 (três) membros e respectivos suplentes em igual número, eleitos e destituíveis, a qualquer tempo, por Assembleia
EXTRAORDINÁRIA: (i) tomar conhecimento e deliberar sobre o aumento do capital social em R$6.311.000,00 (seis Geral, a qual designará também o Presidente desse órgão. Quando for o caso, em tais eleições será obedecido o
milhões, trezentos e onze mil reais), sem emissão de ações, mediante a capitalização de igual valor a ser retirado da disposto no artigo 141 da Lei de Sociedades por Ações. 9.1 - Caberá ao Presidente do Conselho de Administração:
ESTADO DE MATO GROSSO conta “Reservas de Lucros - Reserva para Aumento de Capital”, para eliminar seu excesso e aprovar a correspondente a) representar o Conselho de Administração perante terceiros; b) convocar, instalar e presidir as Assembleias Gerais;
reforma estatutária; e (ii) deliberar sobre a Consolidação do Estatuto Social em razão de alterações aprovadas em c) sugerir aos demais membros do Conselho de Administração a orientação geral dos negócios sociais a ser transmitida
SECRETÁRIA ADJUNTA DE ADMINISTRAÇÃO FAZENDÁRIA Assembleias Gerais anteriores. PUBLICAÇÕES: demonstrações Financeiras, Notas Explicativas, Relatórios da à Diretoria; e d) fornecer ao Conselho de Administração os elementos, dados e informações úteis à prática dos atos de
Administração e dos Auditores Independentes e Parecer do Conselho Fiscal relativos ao exercício social encerrado em sua competência, inclusive aqueles sobre a gestão da Diretoria. 9.2 - O Presidente do Conselho de Administração terá
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA 31.12.2023: Valor Econômico, edição de 09 de fevereiro de 2024; e editais de Convocação: Valor Econômico, edição de a faculdade de designar um dos membros deste órgão para representar o Conselho de Administração perante terceiros,
TERMO DE HOMOLOGAÇÃO E ADJUDICAÇÃO edição de 27 de fevereiro de 2024, página E20; edição de 28 de fevereiro de 2024, página E2; e edição de 29 de bem como para convocar, instalar e presidir as Assembleias Gerais. 9.3 - Os membros do Conselho de Administração
fevereiro de 2024, página E2, bem como no site do mesmo jornal. LEITURA DE DOCUMENTOS: todos os documentos serão substituídos, nos seus eventuais impedimentos ou faltas, pelos respectivos suplentes, que estarão também
PREGÃO ELETRÔNICO N° 003/2024/SAAF/SEFAZ citados acima, incluindo as Publicações, a Proposta da Diretoria e os pareceres favoráveis do Conselho de Administração investidos do direito de voto, inclusive o de qualidade, quando houver empate nas deliberações do Conselho. Os
PROCESSO SEFAZ-PRO-2023/03936 (SIAG 0003936/2023) e do Conselho Fiscal foram colocados à disposição dos acionistas. Destacou-se ainda que, além das publicações nos honorários e demais vantagens do substituto serão definidos pelo Conselho de Administração, observado o limite da
jornais antes referidas, foi efetuada a publicação tempestiva, por meio dos sítios da Comissão de Valores Mobiliários e verba aprovado pela Assembleia Geral. 9.4 - Em caso de vaga do cargo de membro do Conselho de Administração, e
do Conglomerado Alfa na Internet, das informações sobre a Sociedade e dos mapas sintéticos de votação à distância, sempre antes do início de qualquer reunião do Conselho, o suplente do conselheiro a ser substituído assumirá e
A Secretária Adjunta de Administração Fazendária da Secretaria de Estado de exigidos pelas Resoluções CVM nºs 80 e 81, conforme alteradas. O Presidente da Mesa leu o mapa sintético de votação exercerá suas funções até o término do mandato do sucedido. Se a vacância ocorrida for do cargo de Presidente do
à distância consolidado, deixando-o à disposição para análise dos presentes. DELIBERAÇÕES TOMADAS EM Conselho de Administração, seu suplente assumirá a presidência temporariamente e deverá ser convocada Assembleia
Fazenda de Mato Grosso, nos termos do art. 145 do Decreto Estadual n. ASSEMBLEIA GERAL ORDINÁRIA: após análise e discussão das matérias constantes da Ordem do Dia, os acionistas, e Geral no prazo máximo de 15 (quinze) dias úteis para escolher o novo Presidente dentre os 3 (três) conselheiros.
1.525/2022, HOMOLOGA E ADJUDICA o resultado do PREGÃO ELETRÔNICO após concordarem com a dispensa do comparecimento dos membros do Conselho Fiscal à Assembleia, deliberaram por 9.5 - Considerar-se-á vago o cargo de membro do Conselho de Administração que, sem causa justificada, deixar de
N° 003/2024/SAAF/SEFAZ, PROCESSO SEFAZ-PRO-2023/03936 (SIAG unanimidade e sem ressalvas: (i) aprovar as contas dos administradores e aprovar as Demonstrações Financeiras da participar, consecutivamente, de mais de 2 (duas) reuniões do Conselho. 9.6 - O Conselho de Administração reunir-se-á
Sociedade, incluindo o Relatório da Administração, o Parecer do Conselho Fiscal e o Relatório dos Auditores por convocação de seu Presidente ou da Diretoria, com 5 (cinco) dias corridos de antecedência dispensando-se esse
0003936/2023), o qual tem por objeto a “Registro de Preços para futura e eventual Independentes relativos ao exercício social encerrado em 31.12.2023; (ii) aprovar a destinação do lucro líquido do prazo quando comparecer à reunião a totalidade de seus membros. Se assim convocado pelo Presidente do Conselho e
contratação de subscrição de solução e serviços técnicos especializados para exercício, no valor de R$16.554.420,33 (dezesseis milhões, quinhentos e cinquenta e quatro mil, quatrocentos e vinte quando presente a totalidade de seus membros, o Conselho de Administração poderá, ainda, se reunir por meio de
reais e trinta e três centavos), já refletida nas demonstrações financeiras, sendo (i) R$827.721,02 (oitocentos e vinte teleconferência, vídeo conferência ou outros meios similares de comunicação, realizados em tempo real, sendo a
processamento de grandes volumes de dados (Big Data) para implementação, e sete mil, setecentos e vinte e um reais e dois centavos) para “Reserva Legal”; R$3.931.674,83 (três milhões, reunião assim realizada considerada como ato uno. 9.7 - As deliberações do Conselho de Administração serão tomadas
operacionalização e gestão no âmbito da Secretaria de Estado de Fazenda de Mato novecentos e trinta e um mil, seiscentos e setenta e quatro reais e oitenta e três centavos) para “Reserva de Lucros a por maioria de votos, cabendo ao Presidente do referido Conselho o voto de qualidade em caso de empate. 9.8 -
Realizar”; e (ii) o saldo remanescente do lucro líquido, de R$11.795.024,48 (onze milhões, setecentos e noventa e Qualquer membro do Conselho de Administração terá o direito de indicar um de seus pares por carta, e-mail ou
Grosso, de acordo com as especificações técnicas e quantitativas constantes no cinco mil, vinte e quatro reais, quarenta e oito centavos), para “Reservas Estatutárias”, a saber: R$10.615.522,03 (dez telegrama, a fim de que o represente nas reuniões do Conselho de Administração seja para a formação de “quórum”,
Termo de Referência” em conformidade com o resultado de licitação informado pela milhões, seiscentos e quinze mil, quinhentos e vinte e dois reais e três centavos) para “Reserva para Aumento de seja para a votação. Igualmente, são admitidos votos por carta, e-mail ou telegrama, quando recebidos, na sede social,
Pregoeira Oficial. Capital” e R$1.179.502,45 (um milhão, cento e setenta e nove mil, quinhentos e dois reais e quarenta e cinco até o horário de início da reunião. 9.9 - Compete ao Conselho de Administração: I - fixar a orientação geral dos
centavos) para “Reserva Especial para Dividendos”; bem como ratificar os pagamentos de dividendos, realizados com negócios da sociedade; II - eleger e destituir os Diretores, podendo determinar que um dos Diretores eleitos seja o
base em lucros de exercícios anteriores, no montante de R$8.726.940,12 (oito milhões, setecentos e vinte e seis mil, Diretor Vice-Presidente da sociedade, se assim julgar necessário; III - fiscalizar a gestão dos Diretores, examinar e
Cuiabá-MT, 18 de Abril de 2024. novecentos e quarenta reais e doze centavos), já distribuídos e imputados ao valor do dividendo mínimo obrigatório, solicitar informações sobre contratos e quaisquer outros documentos e assuntos; IV - manifestar-se sobre o relatório
em cumprimento ao disposto no Estatuto Social; (iii) aprovar a eleição do Sr. ISAAC SELIM SUTTON, brasileiro, da Administração e as contas da Diretoria; V - escolher e destituir os auditores independentes, bem como receber e
RADIANA KÁSSIA E SILVA CLEMENTE casado, empresário, inscrito no CPF nº 047.010.738-30, portador do RG nº 7.386.118-2, com endereço comercial na analisar os relatórios, pareceres e quaisquer outros documentos por estes emitidos, determinando as providências
Secretária Adjunta de Administração Fazendária Alameda Santos, nº 466, Cerqueira Cesar, São Paulo - SP, CEP 01418-000 para o cargo de membro Efetivo do Conselho cabíveis à Diretoria; VI - emitir parecer sobre quaisquer propostas ou recomendações da Diretoria à Assembleia Geral;
de Administração e do Sr. EDSON MARINELLI, brasileiro, casado, bancário, inscrito no CPF nº 098.303.407-91, VII - propor à Assembleia Geral a verba máxima para a remuneração global dos membros do Conselho de Administração
portador do RG nº 2.024.411-7, com endereço comercial na Alameda Santos, nº 466, Cerqueira Cesar, São Paulo - SP, e da Diretoria; VIII - distribuir, total ou parcialmente, a verba aprovada em Assembleia Geral entre seus membros e os
CEP 01418-000, para o cargo de membro Suplente do Conselho de Administração. (iii).1 em consequência das membros da Diretoria, individualmente, observado o item 7.4; IX - autorizar a aquisição de ações da sociedade, para
deliberações acima, o Conselho de Administração ficará assim constituído, a partir desta data: o Sr. ALBERTO efeito de cancelamento ou permanência em tesouraria e, se for o caso, posterior alienação; X - no interesse da
ESTADO DE MATO GROSSO MONTEIRO DE QUEIROZ NETTO, brasileiro, casado, administrador de empresas, inscrito no CPF nº 843.603.807-04, sociedade, alterar a instituição depositária das ações de sua emissão, ad referendum da Assembleia Geral que se realizar
portador do RG nº 075785808 IFP/RJ, com endereço comercial na Av. Paulista, nº 2.100, Bela Vista, São Paulo - SP, posteriormente; XI - autorizar a Diretoria, quando aplicável, a praticar os atos relacionados no item 10.9, letras “a” e
SECRETARIA DE ESTADO DE FAZENDA CEP 01310-930, como Presidente do Conselho de Administração; e os Srs. MARCOS LIMA MONTEIRO, brasileiro, “b”; XII - avocar, a qualquer tempo e a seu exclusivo critério, o exame de qualquer assunto ou negócio que possa ser
AVISO DE RESULTADO DE LICITAÇÃO - PREGÃO ELETRÔNICO N° 003/2024/SAAF/SEFAZ divorciado, economista, inscrito no CPF nº 105.109.428-30, portador do RG nº 19.897.606-9-SSP-SP, com endereço de interesse da sociedade. Art. 10 - DIRETORIA - A sociedade será administrada por uma Diretoria constituída por 3
PROCESSO SEFAZ-PRO-2023/03936 (SIAG 0003936/2023) comercial na Av. Paulista, nº 2.100, Bela Vista, São Paulo - SP, CEP 01310-930; e ISAAC SELIM SUTTON, brasileiro, (três) membros, sendo um Diretor Presidente e dois Diretores, eleitos e destituíveis, a qualquer tempo, pelo Conselho
A Pregoeira Oficial da Secretaria de Estado de Fazenda, nomeada pela Portaria n. casado, empresário, inscrito no CPF nº 047.010.738-30, portador do RG nº 7.386.118-2, com endereço comercial na de Administração. A critério do Conselho de Administração, um dos Diretores poderá ter o cargo de Diretor Vice-
Alameda Santos, nº 466, Cerqueira Cesar, São Paulo - SP, CEP 01418-000, como membros Efetivos do Conselho de Presidente. 10.1 - Caberá ao Diretor Presidente designar seu substituto ou o de qualquer outro Diretor nos casos de
033/2024/SAAF-SEFAZ, publicada no Diário Oficial de 21/03/2024, vem a Público divulgar o
Administração; e os Srs. ANTONIO CÉSAR SANTOS COSTA, brasileiro, casado, engenheiro civil, inscrito no CPF ausência ou impedimento eventual ou temporário. Não o fazendo, caberá à Diretoria tal designação. 10.2 - No caso de
Resultado da Licitação na Modalidade PREGÃO ELETRÔNICO N° 003/2024/SAAF/SEFAZ, o qual
nº 269.855.436-34 e portador do RG nº 39.076.051-1-SSP-SP, com endereço comercial na Alameda Santos, nº 466; não designação do Diretor substituto, na forma do item 10.1, ou em caso de vacância de cargo da Diretoria, caberá ao
tem por objeto “Registro de Preços para futura e eventual contratação de subscrição de solução CARLOS DOS SANTOS, brasileiro, casado, economista, inscrito no CPF nº 221.432.897-15, portador do RG Conselho de Administração definir a substituição. 10.3 - Considerar-se-á também vago o cargo de Diretor que, sem
e serviços técnicos especializados para processamento de grandes volumes de dados (Big Data) nº 25.308.088-5-SSP-SP, com endereço comercial na Alameda Santos, n° 466; e EDSON MARINELLI, brasileiro, casado, causa justificada, deixar de exercer as suas funções por mais de 15 (quinze) dias consecutivos. 10.4 - As substituições
para implementação, operacionalização e gestão no âmbito da Secretaria de Estado de Fazenda bancário, portador da Cédula de Identidade, RG nº 2.024.411-7, inscrito no CPF nº 098.303.407-91, com endereço previstas nos itens 10.1 e 10.2 ocorrerão em estrita consonância com o instrumento que as formalizar, o qual poderá
de Mato Grosso, de acordo com as especificações técnicas e quantitativas constantes no Termo comercial na Alameda Santos, nº 466, Cerqueira Cesar, São Paulo - SP, CEP 01418-000 como membros Suplentes do prever a acumulação do direto de voto, inclusive o de qualidade, quando houver empate nas deliberações da Diretoria,
de Referência”. - Empresa classificada e habilitada: COMPWIRE INFORMÁTICA LTDA - CNPJ: Conselho de Administração. (iii). 2 os membros do Conselho de Administração ora eleitos preenchem as condições e que fixará os honorários e demais vantagens do substituto. 10.5 - A Diretoria reunir-se-á por convocação do Diretor-
01.181.242/0002-72 - Lote: Único prévias de elegibilidade previstas nos artigos 146 e 147 da Lei nº 6.404/76l e na Resolução CVM nº 80/2022, e não Presidente, com 5 (cinco) dias corridos de antecedência, dispensando-se esse prazo quando participar da reunião a
UNIDADE DE VALOR VALOR TOTAL estão incursos em crime algum que vede a exploração de atividade empresarial, conforme Declaração de Desimpedimento totalidade de seus membros. Se assim convocada pelo Diretor Presidente e quando presente a totalidade de seus
ITEM DESCRIÇÃO/ESPECIFICAÇÃO QTD arquivada na sede da Sociedade; (iv) fixar em até R$194.955,20 (cento e noventa e quatro mil, novecentos e cinquenta membros, a Diretoria poderá, ainda, se reunir por meio de teleconferência, vídeo conferência ou outros meios similares
MEDIDA UNITÁRIO R$
Licença/Subscrição - Cloudera Data e cinco reais e vinte centavos), livre do imposto de renda na fonte, a média mensal da verba máxima para remuneração de comunicação realizados em tempo real, sendo a reunião assim realizada considerada como ato uno. 10.6 - As
global do Conselho de Administração e da Diretoria, nos termos do Estatuto Social, cabendo ao Conselho de deliberações da Diretoria serão tomadas pela maioria dos membros desse órgão, cabendo ao Diretor Presidente o voto
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subscrição por Administração deliberar sobre a forma de distribuição dessa verba entre os seus membros e os da Diretoria, podendo de qualidade, em caso de empate. 10.7 - Qualquer membro da Diretoria terá o direito de indicar um de seus pares por
1 uso na implantação de processamento, 12 R$ 184.144,05 R$ 2.209.728,60
node ainda a Sociedade proporcionar aos seus administradores os benefícios aprovados pelo Conselho de Administração. Essa carta, e-mail ou telegrama, a fim de representá-lo nas reuniões da Diretoria, seja para a formação de “quórum”, seja
armazenamento e análise de dados (big data) verba vigorará a partir de maio de 2024, inclusive, e poderá ser reajustada com base na combinação dos índices IPC-A/ para a votação. Igualmente, são admitidos votos por carta, e-mail ou telegrama, quando recebidos na sede social, até
- 36 meses. subscrição. IBGE e IGP-M/FGV ou de outros que venham a substituí-los; e (v) deliberaram pela não instalação do Conselho Fiscal. o horário de início da reunião. 10.8 - Cada Diretor e a Diretoria são investidos de poderes para praticar os atos
Serviço Especializado em Ambiente Hadoop DELIBERAÇÃO TOMADA EM ASSEMBLEIA GERAL EXTRAORDINÁRIA: após análise e discussão das matérias constantes necessários ao funcionamento regular da sociedade, competindo-lhes ainda: a) dirigir a Sociedade de forma diligente,
Contemplando, Instalação, Extração, da Ordem do Dia, os acionistas deliberaram por unanimidade, aprovar: (i) o aumento do capital social da Sociedade no em consonância com a legislação aplicável e o presente estatuto; b) estabelecer as normas de condução dos negócios
Transformação, Análise e Carga de Dados, valor de R$6.311.000,00 (seis milhões, trezentos e onze mil reais), mediante incorporação de parte do saldo da conta sociais, conforme a orientação do Conselho de Administração; c) elaborar e apresentar o relatório da administração e
2 Horas 200 R$ 476,36 R$ 95.272,00 “Reservas de Lucros - Reserva para Aumento de Capital”, sem emissão de ações, de modo que o capital social da passará as demonstrações contábeis/ financeiras de cada exercício à Assembleia Geral, depois de submetidos ao Conselho de
nos Componentes do Ecossistema Hadoop a ser de R$436.556.000 (quatrocentos e trinta e seis milhões, quinhentos e cinquenta e seis mil reais), dividido em Administração e ao Conselho Fiscal, se em funcionamento; d) transigir, desistir, renunciar a direitos e firmar
e Demais Atividades Constantes no Catálogo 84.682.269 (oitenta e quatro milhões, seiscentas e oitenta e duas mil, duzentas e sessenta e nove) ações escriturais, compromissos, no âmbito do art. 851 do Código Civil, em atividades correntes da sociedade; e) cumprir e fazer cumprir
de Serviços. Horas. sem valor nominal, das quais 46.011.632 (quarenta e seis milhões, onze mil, seiscentas e trinta e duas) ordinárias, o estatuto social, assim como as resoluções das Assembleias Gerais e do Conselho de Administração; f) observar as
TOTAL R$ 2.305.000,00 14.313.881 (quatorze milhões, trezentas e treze mil, oitocentas e oitenta e uma) preferenciais classe “A” e 24.356.756 diretrizes sobre a administração de Recursos Humanos da sociedade, inclusive sobre nomeação, demissão, promoção,
Cuiabá-MT, 18 de abril de 2024. - Paloma Lafoz Pinto Coelho - Pregoeira Oficial (vinte e quatro milhões, trezentas e cinquenta e seis mil, setecentas e cinquenta e seis) preferenciais classe “B”; contratação, suspensão e licenciamento de funcionários, em geral; g) acompanhar a situação e o desempenho dos
e (ii) a consolidação do Estatuto Social, em razão da aprovação do aumento do capital social, acima, e para refletir as investimentos, os dividendos recebidos e pagos e manter o relacionamento com os seus acionistas e das empresas
alterações aprovadas em assembleias gerais anteriores. ENCERRAMENTO: Nada mais havendo a tratar, esta ata foi investidas; h) acompanhar a observância das empresas investidas às regras estabelecidas pelas autoridades
lavrada, lida e achada conforme, e assinada por todos os presentes. MESA: Alberto Monteiro de Queiroz Netto - competentes, especialmente pelo Banco Central do Brasil e Comissão de Valores Mobiliários. 10.9 - Além dos poderes
Presidente da Mesa. Felipe Barbosa da Silveira e Silva - Secretário. ACIONISTA: BANCO SAFRA S.A. Alberto Monteiro de descritos no item 10.8, a Diretoria também é investida dos poderes abaixo, desde que prévia e devidamente autorizada
Queiroz Netto - Diretor Presidente. Marcos Lima Monteiro - Diretor Executivo. Esta ata é cópia fiel da original lavrada pelo Conselho de Administração na forma do item 9.9, XI: a) adquirir, onerar e alienar bens imóveis e participações
em livro próprio. Alberto Monteiro de Queiroz Netto - Presidente da Mesa. Felipe Barbosa da Silveira e Silva - societárias, bem como quaisquer outros itens do ativo permanente; b) em operações que não sejam compatíveis com
Secretário. CERTIDÃO: Junta Comercial do Estado de São Paulo. Certifico o registro sob o n° 143.845/24-0 em 11 de as atividades da sociedade, contrair empréstimos, outorgar avais e outras garantias, bem como transigir, desistir,
SAÚDE abril de 2024. Maria Cristina Frei - Secretária Geral. ANEXO I - ESTATUTO SOCIAL DA ALFA HOLDINGS S.A. - renunciar a direitos e firmar compromissos no âmbito do art. 851 do Código Civil. 10.10 - Compete privativamente ao
I. DENOMINAÇÃO, SEDE, PRAZO E OBJETO SOCIAL - Art. 1 - A ALFA HOLDINGS S.A. é uma sociedade anônima, regida Diretor Presidente: a) representar a sociedade, ativa e passivamente, em juízo ou fora dele, especialmente para receber
pelo presente estatuto e pelas disposições legais aplicáveis. Art. 2 - A sociedade tem sede e foro no Estado e cidade citação inicial e prestar depoimento pessoal, sendo a ele facultado designar e constituir procurador especial para estas
de São Paulo. Art. 3 - O prazo de duração da sociedade é indeterminado. Art. 4 - A sociedade tem por objeto a duas últimas hipóteses; b) instalar e presidir as Assembleias Gerais dos acionistas, se ausente o Presidente do Conselho
AVISO DE ABERTURA DE LICITAÇÕES exploração de qualquer gênero de comércio e indústria, especialmente os seguintes: a) atuar como representante, de Administração e se não houver a designação de que trata o item 9.2; c) presidir as reuniões da Diretoria, cabendo
A SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE torna público as licitações abaixo. Os pregões serão realizados administradora ou procuradora de pessoas jurídicas ou físicas; b) assistência técnica e prestação de serviços a a ele o voto de qualidade quando houver empate nas deliberações; d) dirigir e coordenar todos os negócios e operações
pela plataforma COMPRAS.GOV. Os editais poderão ser consultados e/ou obtidos pelo WWW.COMPRAS.GOV.BR quaisquer empresas comerciais e industriais; c) quaisquer atividades conexas, acessórias ou necessárias para a da sociedade realizados tanto pela Diretoria quanto pelas áreas comerciais, operacionais e administrativas; e) atribuir
ou pelo Painel de Negócios da PMSP, endereço https://diariooficial.prefeitura.sp.gov.br/md_epubli_controlador. consecução dos fins sociais. 4.1 - A sociedade poderá também participar como sócia de outras sociedades, na qualidade atividade ou função específica a qualquer dos membros da Diretoria; f) estabelecer as diretrizes sobre a administração
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de cotista, acionista ou de qualquer outra forma legalmente admissível. II. CAPITAL SOCIAL, AÇÕES E DIVIDENDOS de Recursos Humanos da sociedade, inclusive sobre nomeação, demissão, promoção, contratação, suspensão e
PROCESSO: 6018.2024/0015741-5 - PREGÃO ELETRÔNICO Nº 90268/2024-SMS.G
Tipo menor preço - Objeto: REGISTRO DE PREÇOS PARA FORMALIZAÇÃO DE ATA DE REGISTRO DE SACO - Art. 5 - O capital social é de R$436.556.000 (quatrocentos e trinta e seis milhões, quinhentos e cinquenta e seis mil licenciamento de funcionários, em geral, fixando-lhes os vencimentos. 10.11 - Compete ao Diretor Vice-Presidente,
COLETOR PARA PEÇAS ANATOMOPATOLÓGICAS 30 CM X 40 CM X 0,15 MM/ SACO COLETOR PARA PEÇAS reais), dividido em 84.682.269 (oitenta e quatro milhões, seiscentas e oitenta e duas mil, duzentas e sessenta e nove) caso haja tal designação, todas as atividades de competência de Diretor, bem como quaisquer outras que lhe forem
ANATOMOPATOLÓGICAS 45 CM X 60 CM X 0,15 MM/ SACO PLÁSTICO P/ACONDICIONAMENTO DE RESÍDUOS ações escriturais, sem valor nominal, das quais 46.011.632 (quarenta e seis milhões, onze mil, seiscentas e trinta e designadas pelo Diretor-Presidente. 10.12 - Observado o disposto no item 10.13, a sociedade considerar-se-á obrigada
QUÍMICOS - LARANJA, 100 LITROS A abertura/realização da sessão pública do pregão ocorrerá a partir das 10h00, duas) ordinárias, 14.313.881 (quatorze milhões, trezentas e treze mil, oitocentas e oitenta e uma) preferenciais classe quando representada: a) conjuntamente, por 2 (dois) Diretores; b) conjuntamente, por um Diretor e um procurador,
do dia 30 de ABRIL de 2024, a cargo da 18ª CPL/SMS. “A” e 24.356.756 (vinte e quatro milhões, trezentas e cinquenta e seis mil, setecentas e cinquenta e seis) preferenciais quando assim for designado no respectivo instrumento de mandato e de acordo com a extensão dos poderes que nele
PROCESSO: 6018.2024/0024357-5 - PREGÃO ELETRÔNICO Nº 90277/2024-SMS.G classe “B”. 5.1 - Os aumentos de capital mediante emissão de novas ações serão propostos à Assembleia Geral pelo se contiverem; c) conjuntamente, por 2 (dois) procuradores, quando assim for designado no respectivo instrumento de
Tipo menor preço - Objeto: REGISTRO DE PREÇOS PARA O FORNECIMENTO DE MÁSCARA PARA ANESTESIA Conselho de Administração. 5.2 - A Assembleia Geral que deliberar sobre o aumento de capital fixará o preço de mandato e de acordo com a extensão dos poderes que nele se contiverem; d) singularmente, por um procurador, quando
DE USO PEDIÁTRICO TAMANHO 02 e MÁSCARA PARA ANESTESIA DE USO ADOLESCENTE TAMANHO 04. emissão das respectivas ações, assim como as demais condições da emissão e de realização. 5.3 - Em nenhum caso assim for designado no respectivo instrumento de mandato e de acordo com a extensão dos poderes que nele se
A abertura/realização da sessão pública do pregão ocorrerá a partir das 09h00min, do dia 03 de maio de 2024, poderão ser emitidas ações preferenciais em número tal que, adicionado às ações preferenciais existentes, seja superior contiverem. 10.13 - Nos atos de constituição de procuradores, a sociedade somente poderá ser representada: a) pelo
a cargo da 11ª CPL/SMS. ao das ações ordinárias então existentes. 5.4 - Os acionistas já titulares de ações terão preferência para subscrição ao Diretor Presidente, conjuntamente com outro Diretor, quando o mandato for outorgado para a prática de qualquer dos
PROCESSO: 6018.2024/0007104-9 - PREGÃO ELETRÔNICO Nº 90280/2024-SMS.G aumento de capital, na proporção do número e da natureza das ações que possuírem, observadas as prescrições legais. atos a que se refere o item 10.9; b) conjuntamente, por 2 (dois) Diretores, quando o mandato for outorgado para a
Tipo menor preço - Objeto: REGISTRO DE PREÇOS PARA O FORNECIMENTO DE TIRA TESTE DE CREATININA 5.5 - A sociedade requererá ao Registro do Comércio o arquivamento da correspondente Ata de Assembleia no prazo de prática de atos ordinários de representação da sociedade. V. CONSELHO FISCAL - Art. 11 - O Conselho Fiscal é órgão
STATSENSOR®-I COMPATÍVEL COM FAMÍLIA DE MEDIDORES NOVA STATSENSOR®-I (MEDIDOR 30 (trinta) dias após a efetivação do aumento de capital. 5.6 - Todas as ações serão escriturais, permanecendo em não permanente, com as atribuições e poderes que a lei lhe confere, e só será instalado pela Assembleia Geral Ordinária
CREATININA). A abertura/realização da sessão pública do pregão ocorrerá a partir das 09h00min do dia 03 de maio conta de depósito em nome de seus titulares, sem emissão de certificado, em uma instituição depositária, nos termos a pedido dos acionistas na forma do artigo 161, parágrafo 2º, da Lei das Sociedades por Ações. 11.1 - Quando
de 2024, a cargo da 5ª CPL/SMS. dos artigos 34 e 35 da Lei de Sociedades por Ações. 5.6.1 - A instituição depositária das ações da sociedade é o Banco instalado, o Conselho Fiscal será composto de no mínimo 3 (três) e no máximo 5 (cinco) membros, e igual número de
PROCESSO: 6018.2024/0031100-7 - PREGÃO ELETRÔNICO Nº 90279/2024-SMS.G Santander (Brasil) S.A. (observado o disposto no item 9.9, X). Referida instituição poderá cobrar do acionista o custo suplentes respectivos. A remuneração dos membros do Conselho Fiscal será fixada pela Assembleia Geral que os eleger.
Tipo menor preço - Objeto: REGISTRO DE PREÇOS PARA O FORNECIMENTO DE AGULHA, PARA CANETA do serviço de transferência de ações escriturais, observados os limites máximos fixados pela Comissão de Valores 11.2 - Os membros do Conselho Fiscal serão substituídos, nos seus impedimentos ou faltas, pelos respectivos
INSULINA (ULTRAFINE III) - AÇÃO JUDICIAL. A abertura/realização da sessão pública do pregão ocorrerá a partir Mobiliários. 5.7 - A sociedade poderá, mediante comunicação às bolsas de valores em que suas ações forem negociadas suplentes. 11.3 - Em caso de vaga do cargo de membro do Conselho Fiscal, e sempre antes do início de qualquer
das 09h30min do dia 03 de maio de 2024, a cargo da 5ª CPL/SMS.
e publicação de anúncio, suspender, por períodos que não ultrapassem, cada um, 15 (quinze) dias, nem o total de 90 reunião do Conselho, o suplente do conselheiro a ser substituído assumirá e exercerá suas funções até o término do
PROCESSO: 6018.2024/0018549-4 - PREGÃO ELETRÔNICO Nº 90281/2024-SMS.G
Tipo menor preço - Objeto: REGISTRO DE PREÇOS PARA O FORNECIMENTO DE ESCOVA PARA LAVAR (noventa) dias durante o ano, os serviços de transferência, conversão e desdobramento de ações. O disposto neste item mandato do sucedido. 11.4 - Considerar-se-á vago o cargo de membro do Conselho Fiscal que, sem causa justificada,
INSTRUMENTAL E ESCOVA PARA LIMPEZA DE CANULADO 5 MM. A abertura/realização da sessão pública do não prejudicará o registro da transferência das ações negociadas em bolsa anteriormente ao início do período de deixar de participar, consecutivamente, de mais de 2 (duas) reuniões do Conselho. VI - BALANÇO, LUCROS E SUA
pregão ocorrerá a partir das 09h00min do dia 06 de maio de 2024, a cargo da 5ª CPL/SMS. suspensão. 5.8 - As ações preferenciais não gozam do direito de voto e a elas são atribuídos os seguintes direitos e/ou APLICAÇÃO - Art.12 - O exercício social terá início em 01 de janeiro e encerrar-se-á em 31 de dezembro de cada ano,
PROCESSO: 6018.2023/0053833-6 - PREGÃO ELETRÔNICO Nº 90217/2024-SMS.G vantagens: a) recebimento de dividendo por ação, pelo menos igual ao atribuído a cada ação ordinária multiplicado quando serão preparadas as demonstrações contábeis/ financeiras, com observância das determinações legais,
Tipo menor preço - Objeto: AQUISIÇÃO DE BISTURÍ ELÉTRICO, INCLUINDO ENTREGA, INSTALAÇÃO, TESTE DE por 1,10 (um inteiro e um décimo) (artigo 17, parágrafo 1º, inciso II, da Lei de Sociedades por Ações), observado o regulamentares e estatutárias. 12.1 - Do resultado do exercício social e antes de qualquer participação, serão deduzidos
FUNCIONAMENTO, MANUTENÇÃO E TREINAMENTO OPERACIONAL DURANTE A GARANTIA, PARA O item 5.9; b) reembolso do capital, nos casos de amortização de ações ou de liquidação da sociedade. 5.9 - Apenas as os prejuízos acumulados registrados no Patrimônio Líquido e a provisão para o Imposto sobre a Renda. 12.2 - O lucro
HOSPITAL MUNICIPAL MENINO JESUS E HOSPITAL MUNICIPAL MATERNIDADE DR. MÁRIO DE MORAES ações preferenciais classe “A” terão direito a um dividendo anual por ação que tenha o maior valor entre: (i) o líquido do exercício a ser apresentado para a Assembleia Geral Ordinária conforme item 12.4 será o que remanescer do
ALTENFELDER SILVA, TODAS UNIDADES VINCULADAS A ESSA SECRETARIA MUNICIPAL DA SAÚDE DE SÃO dividendo previsto na alínea a) do item 5.8; ou (ii) 12% (doze por cento) do valor da parte do capital que estas ações resultado do exercício depois de deduzidos os prejuízos acumulados, a provisão para o Imposto sobre a Renda e as
PAULO. A abertura/realização da sessão pública do pregão ocorrerá a partir das 09h00min do dia 06 de maio de representem dividido pelo número de ações desta classe. Referido dividendo será pago com preferência sobre quaisquer participações de que trata o art. 190 da Lei das Sociedades por Ações, deduzindo-se ainda a Contribuição Social (CSLL).
2024, a cargo da 17ª CPL/SMS. dividendos das ações ordinárias, observado o art. 6. Art. 6. Dividendos declarados são aqueles que, propostos pela 12.3 - Será levantado balanço semestral em 30 de junho de cada ano. 12.4 - Anualmente, junto às demonstrações
Diretoria e aprovados pelo Conselho de Administração, são ratificados pela Assembleia Geral Ordinária. 6.1 - A contábeis/ financeiras do exercício, os órgãos da administração apresentarão à Assembleia Geral Ordinária proposta de
sociedade pagará os seguintes dividendos: a) Dividendos atribuídos às ações preferenciais conforme itens 5.8 e 5.9, destinação do lucro líquido apurado no respectivo exercício, calculado na forma do item 12.2, obedecendo a seguinte
incluídos nos dividendos obrigatórios constantes do item (b) a seguir; b) Dividendos obrigatórios em importância não ordem: a) 5% (cinco por cento) para a Reserva Legal, até atingir 20% (vinte por cento) do capital social; b) valores
inferior a 25% (vinte e cinco por cento) do lucro líquido apurado no respectivo exercício, limitados ao valor realizado que puderem ser destinados às Reservas para Contingências, quando os órgãos de administração assim entenderem
deste lucro líquido, conforme artigos 197 e 202, inciso II, da Lei de Sociedades por Ações. 6.2 - Poderão ser declarados apropriado; c) valor necessário ao pagamento de dividendos e/ou juros sobre o capital próprio na forma disposta no
dividendos intermediários semestrais a título de antecipação do dividendo anual nos termos do art. 204 da Lei das art. 6; d) valor para constituição de Reserva de Lucros a Realizar igual ao excesso, se houver, do dividendo obrigatório
Sociedades por Ações. Neste caso, não será necessária a ratificação pela Assembleia Geral Ordinária mencionada no sobre o lucro líquido realizado, nos termos dos artigos 197 e 202 da Lei das Sociedades por Ações. 12.5 - Após a
caput do art. 6. 6.3 - Salvo deliberação em contrário de Assembleia Geral, os dividendos serão pagos no prazo máximo destinação e/ ou o pagamento dos dividendos e juros sobre o capital próprio previstos no art. 6, o saldo do lucro
de 60 (sessenta) dias da data em que forem declarados e dentro do exercício social. 6.4 - A sociedade poderá pagar líquido, se houver, terá o destino que, por proposta da Diretoria, com parecer favorável do Conselho de Administração,
Análises, opiniões e informação juros aos acionistas, a título de remuneração sobre o capital próprio, até o limite estabelecido pelo artigo 9º da Lei nº for deliberado pela Assembleia Geral Ordinária, conforme a seguir: a) até 90% (noventa por cento) à Reserva para
9.249, de 26 de dezembro de 1995, podendo imputar as eventuais importâncias assim desembolsadas ao valor dos Aumento de Capital, com a finalidade de manter adequadas condições operacionais, observado o limite de 80%
sobre o cenário econômico com dividendos previstos em lei e neste estatuto, observando-se o caput deste artigo e item 6.2. 6.5 - Os dividendos serão (oitenta por cento) do capital social; b) o remanescente à Reserva Especial para Dividendos, observado o limite de 20%
o time de especialistas do Valor. declarados com integral respeito aos direitos, preferências, vantagens e prioridades das ações então existentes, (vinte por cento) do capital social. 12.6 - A soma das reservas provenientes de lucros auferidos e lucros suspensos,
segundo os termos da lei e deste estatuto e, quando for o caso, as resoluções de Assembleia Geral. III. ASSEMBLEIA inclusive a reserva legal, exceto as reservas para contingência de incentivos fiscais e de lucros a realizar, não poderá
GERAL - Art. 7 - A Assembleia Geral reunir-se-á, ordinariamente, em um dos 4 (quatro) meses seguintes ao término ultrapassar o capital social; atingido esse limite, a Assembleia Geral deliberará sobre a aplicação do excesso na
Seja um assinante: do exercício social; e, extraordinariamente, quando convocada pelo Presidente do Conselho de Administração, ou na integralização ou no aumento do capital social, ou na distribuição de dividendos. 12.7 - Os balanços serão auditados
Acesse assinevalor.com.br sua ausência, pelo Diretor Presidente, se não houver a designação de que trata o item 9.2. 7.1 - Para participar de por auditores independentes registrados na Comissão de Valores Mobiliários. Tais auditores serão escolhidos e/ou
Ligue 0800 701 8888 Assembleia Geral é necessário ser acionista até 8 (oito) dias antes da data de realização de referida Assembleia. destituídos pelo Conselho de Administração, observado, quando for o caso, o disposto no parágrafo 2º do artigo 142
7.2 - Caso o acionista seja representado por procurador, o depósito do instrumento de procuração na sede social deverá da Lei de Sociedades por Ações. VII. LIQUIDAÇÃO - Art. 13 - A sociedade entrará em liquidação nos casos legais,
ocorrer até 5 (cinco) dias antes da Assembleia Geral. 7.3 - A Assembleia Geral, Ordinária ou Extraordinária, será cabendo à Assembleia Geral determinar o modo de liquidação e nomear o liquidante.

LEILÃO 26/04/2024
Presencial e Online 6ª feira – às 11h00
O leilão já está aberto na internet para receber lances.
Condomínio e IPTU quitados pelo ITAÚ até o dia do leilão. IPTU de 2024 quitado.

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Janeiro/RJ * Casa - Parque Estrela D'Alva X - Luziânia/GO * Casa - Paraíso - Irecê/BA * Casa - Ponte
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* Casa - Comercial Norte - Bayeux/PB * Casa – Tangarás - Bauru/SP * Apartamento - Medianeira - LEILÃO DE IMÓVEIS 25/04/2024
Porto Alegre/RS * Casa - Praia da Enseada - Guarujá/SP * Casa - Loteamento Brasilinha Leste - Presencial e Online Quinta-feira
Planaltina/GO * Casa - Jardim da Barragem VI - Águas Lindas de Goiás/GO * Casa - Chácaras O leilão já está aberto na internet para receber lances.
Coimbra - Águas Lindas de Goiás/GO * Casa - Brasilinha Sudoeste - Planaltina/GO * Apartamento
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Janeiro/RJ * Casa - Vila Centenário - Duque de Caxias/RJ * Terrenos DESOCUPADOS - Jardim Bela
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Quilombo - Apiaí/SP * Casa térrea - Brasilinha Sudoeste - Planaltina/GO * Apartamento - Nonoai - Às 11h30: Terreno Industrial em SH Boa Vista, Sobradinho/DF
Porto Alegre/RS * Casa - Boa Vista - Maracanaú/CE * Apartamento - Vila Tupi - Praia Grande/SP
À vista ou através de financiamento imobiliário conforme descrito no Edital do Leilão. Eventuais débitos dos imóveis
Veja as condições de pagamento no site da leiloeira. correrão por conta do vendedor até a data da arrematação. Lance condicionado a aprovação do vendedor.
Leia o Edital, veja as fotos dos imóveis e receba mais informações no site. Cadastre-se antecipadamente Leia o Edital no site da leiloeira. Cadastre-se antecipadamente para participar do leilão online.
para participar do leilão online. Rua Hipódromo, 1141 – sala 66 – Mooca - São Paulo/SP. Rua Hipódromo, 1141, sala 66 - Mooca – São Paulo/SP.
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E4 | Valor | São Paulo | Sábado, domingo e segunda-feira,20, 21 e 22 de abril de 2024 INÊS249

SÃO SÃO SÃO

PAULO PAULO PAULO
GOVERNO GOVERNO GOVERNO
DO ESTADO DO ESTADO DO ESTADO

COMUNICADO COMUNICADO COMUNICADO

DESPACHO DE AUTORIZAÇÃO DE INEXIGIBILIDADE 19/04/2024
Nº do Processo: 024.00054986/2024-36
Interessado: COORDENAÇÃO DAS DEMANDAS ESTRATÉGICAS DO SUS - CODES
Assunto: Aquisição de item de nutrição em atendimento à demanda judicial.
Trata-se da aquisição de COMPOSTO NUTRICIONAL AMIDO DE MILHO MODIFICADO
COM ALTO TEOR DE AMILOPECTINA, em atendimento à demanda judicial, conforme
solicitação da COORDENADORIA DE ASSISTÊNCIA FARMACÊUTICA, constante do
Documento de Formalização de Demanda (0023852485).
À vista das manifestações constantes dos autos, destacada a Informação 0025427680,
cujos termos acolho, AUTORIZO a INEXIGIBILIDADE, com fundamento no disposto no
inciso I do artigo 74, da Lei federal nº 14.133/2021, bem como a aquisição do item através
da empresa INNOVATIVE MEDICINES BRASIL LTDA., no valor total de R$ 35.640,00
(trinta e cinco mil seiscentos e quarenta reais).
Acha-se aberta na Secretaria de Estado da Saúde a licitação na modalidade Pregão
Eletrônico nº 90030/2024, referente ao processo nº 024.00002589/2024-89, objetivando a
AQUISIÇÃO DE ITENS DE ENFERMAGEM EM ATENDIMENTO ÀS DEMANDAS
JUDICIAIS a ser realizado por intermédio do “Portal de Compras do Governo Federal”,
cuja abertura está marcada para o dia 06/05/2024 às 10:00 horas.
Os interessados em participar do certame deverão acessar a partir de 22/04/2024 o site
www.compras.gov.br, mediante a obtenção de senha de acesso ao sistema e
credenciamento de seus representantes.
O Edital da presente licitação encontra-se disponível no Portal Nacional de Compras
Públicas https://www.gov.br/pncp/pt-br e no site www.e-negociospublicos.com.br.
Acha-se aberta na Secretaria de Estado da Saúde a licitação na modalidade Pregão
Eletrônico nº 90028/2024, referente ao processo nº 024.00023000/2024-86, objetivando a
AQUISIÇÃO DE ITENS DE ENFERMAGEM EM ATENDIMENTO ÀS DEMANDAS
JUDICIAIS a ser realizado por intermédio do “Portal de Compras do Governo Federal”,
cuja abertura está marcada para o dia 03/05/2024 às 10:00 horas.
Os interessados em participar do certame deverão acessar a partir de 22/04/2024 o site
www.compras.gov.br, mediante a obtenção de senha de acesso ao sistema e
credenciamento de seus representantes.
O Edital da presente licitação encontra-se disponível no Portal Nacional de Compras
Públicas https://www.gov.br/pncp/pt-br e no site www.e-negociospublicos.com.br.

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Agricultura
Produtor precisa
de acesso a
tecnologias, afirma
João Adrien, da
Coalizão Brasil F6
Valor F
Sábado, domingo e segunda-feira,
20, 21 e 22 de abril de 2024
Reserva de
contingência
Financiamento Recursos disponíveis em bancos
de fomento do mundo todo para mitigação dos
efeitos do aquecimento global batem recorde,
mas analistas alertam que é fazer preciso mais
Mônica Magnavita
Para o Valor, do Rio
Os recursos públicos e privados para fi-
nanciar projetos de combate às mudan-
ças climáticas mais que triplicaram na úl-
tima década e as cifras anunciadas recen-
temente por instituições multilaterais,
agências de fomento e bancos de desen-
volvimento apontam para a continuida-
de do crescimento. Em 2021 e 2022, últi-
mo dado consolidado, os valores aporta-
dos em projetos de contenção do aqueci-
mento global atingiram a média anual de
US$ 1,3 trilhão, o dobro da obtida nos
dois anos anteriores, segundo a consul-
toria Climate Policy Iniciative (CPI).
Embora ainda não chegue perto do vo-
lume necessário para combater as mu-
danças climáticas, a cifra é um marco, de
acordo com Priscilla Negreiros, gerente
sênior do CPI, em Londres. “A presença do
sistema financeiro [no combate a mudan-
ças climáticas] vem evoluindo e a tendên-
cia é de aumento. Paramos de falar em bi-
lhões e passamos a falar em trilhões”, afir-
ma. Vários fatores contri-
“Não é só ter buíram para os resultados.
O tema perpassa toda a
mais recursos, atuação do Banco Intera-
mericano de Desenvolvi-
mas a forma mento (BID), que faz re-
formas para aumentar o
como se está impacto de seus financia-
mentos. O BNDES passou
oferecendo a administrar um dos
maiores fundos de adap-
[o crédito]”
tação e mitigação do
mundo, o Fundo Clima,
Maria Netto que recebeu em abril R$
10,4 bilhões, com o aval
do governo brasileiro pa-
ra captação internacional com títulos
soberanos sustentáveis pelo Tesouro.
O Fundo Financeiro para Desenvolvi-
mento da Bacia do Prata (Fonplata), que
atua na Argentina, Bolívia, Brasil, Para-
guai e Uruguai, firmou contrato com o
Banco Europeu de Investimentos para
obter consultoria voltada para a inclu-
são da abordagem climática na avalia-
ção de seus projetos. Com isso, segundo
Marina Dockweiler, chefe de gestão am-
biental do banco de desenvolvimento,
32 novos financiamentos na região pas-
saram a contar com avaliação de vulne-
rabilidade e riscos climáticos. No Banco
de Desenvolvimento da América Latina
(CAF), a adaptação às mudanças climá-
ticas ganhou destaque e o objetivo é am-
pliar em 40% as aprovações até 2026.
Já o Banco Mundial lançará pelo me-
nos 15 programas nos próximos 18 me-
ses para diminuir a emissão de metano
no planeta, e o portfólio do alemão KfW
está em fase de expansão e aprimora-
mento — em 2023, foram € 165 bilhões.
Por sua vez, o Banco Asiático de Inves-
timento em Infraestrutura (Aiib) tem
como um dos focos o fomento à econo-
mia verde. “Nossa meta para 2030 era
PARCEIROS
INÊS249
Entrevista Indústria Transportes
Falta de lei deixa Siderúrgicas Substituição
os migrantes querem zerar do combustível
do clima mais suas emissões fóssil depende
vulneráveis, diz de carbono da garantia de
especialista F3 até 2050 F4 autonomia F7
Mudanças climáticas
Dinheiro verde
Bancos de desenvolvimento e multilaterais ampliam recursos
para projetos de combate às mudanças climáticas
Banco Mundial BNDES
US$ 40 US$ 5 bilhões R$ 10,4
bilhões em apoio ao acesso a energia bilhões
que 50% dos investimentos tivessem re- até 2025 limpa para 100 milhões de pessoas
no Fundo
lação com o combate às mudanças cli- na África nos próximos sete anos
Clima
máticas, mas ela vem sendo superada.
Agora, estamos tentando transformar a
meta em piso”, diz Alberto Ninio, con- Banco de
sultor jurídico do Aiib. Em 2023, os fi- Desenvolvimento Banco Interamericano de
da Bacia do Prata Desenvolvimento (BID)
nanciamentos para o clima já eram 60%
(Fonplata)
do crédito total do banco. Boa parte dos US$ 150 US$ 1 bilhão
recursos vai para transição energética, Emissão equivalente a bilhões para projetos com
mas Ninio ressalta que o apoio à adapta- US$ 54 milhões para a próxima incentivos para
ção climática vem crescendo. A propos- no mercado japonês de década países cumprirem
ta é investir em projetos com maior re- papéis de dívida metas climáticas
siliência. O banco não financia proje- sustentável
tos de carvão nem de petróleo. US$ 469 US$ 5
Apesar da melhora de cenário, os re- Acordo com KfW* de milhões bilhões
cursos não chegam perto da necessida- € 37 milhões em garantias para adicionais para
de estimada para combater as mudan- para mitigação dos expansão de projetos na
ças climáticas. Os cálculos mais recentes efeitos da mudança empréstimos para a Amazônia
vão de aportes anuais de US$ 2,4 trilhões climática região amazônica
para países emergentes e em desenvol-
vimento, conforme um grupo de espe-
cialistas que inclui Nicholas Stern, da Banco Africano de Agência Francesa de
London School of Economics, a US$ 8 Desenvolvimento (AfDB) Desenvolvimento (AFD)
trilhões/ano até 2030, de acordo com
o CPI. Obter recursos para fechar essa US$ 175 US$ 1 bilhão US$ 1 bilhão R$ 5,4 bilhões
conta é um dos principais desafios. milhões para fornecer seguros para Bangladesh para projetos na
para infraestruturas contra os impactos até 2030 Amazônia e na Guiana
Questões como a capitalização de insti-
climáticos a mais de 40
tuições multilaterais e maiores aportes de
bancos de desenvolvimento e do setor pri-
verdes no continente
milhões de agricultores US$ 1 bilhão
para o Mediterrâneo
Francesa
vadoentraramempauta.Sãotemasdiscu-
tidosatualmentenoG20.Éverdadequeos
recursosclimáticosbateramem2022ore-
corde de cerca de US$ 100 bilhões, supe- Banco de Desenvolvimento da
Banco Europeu de
Desenvolvimento (BEI)
rando a meta anual de US$ 65 bilhões até
2025. Mas é preciso mais, dizem especia-
América Latina e do Caribe (CAF)
US$ 400 milhões
listas. Rogério Studart, senior fellow do
Centro Brasileiro de Relações Internacio-
US$ 15
bilhões
Parceria com a
Agência Francesa de
em projetos de infraestrutura no
Brasil em setores de energia
Desenvolvimento renovável, água e saneamento e
nais (Cebri) e consultor das Nações Uni- até 2030
(AFD) para outros soluções para redução das
das, e Maria Netto, diretora executiva do
€ 200 milhões emissões de carbono
Instituto Clima e Sociedade (ICS), enfati-
zamarelevânciadacapitalizaçãodosban-
cos multilaterais, além de instrumentos fi- Banco Asiático de
nanceiros mais flexíveis e inovadores. Desenvolvimento (ADB) Banco Islâmico de
Studart, que já representou o Brasil US$ 10 bilhões Desenvolvimento (Bisd)
no Banco Internacional para Reconstru- em financiamento
ção e Desenvolvimento (Bird) e no BID, climático para as
US$ 1 bilhão
observa que o momento exige uma para apoiar a adaptação
Filipinas até 2029
climática em países
atuação capaz de alavancar recursos pri-
afetados por conflitos
vados. A seu ver, a nova arquitetura fi-
nanceira precisa definir instrumentos
adequados já na origem dos projetos e Orçamentos públicos
incentivar a criação de ativos lastreados
por investimentos rentáveis, transpa- Estados Unidos União Europeia
rentes e com impactos expressivos. Inflation Reduction Act - European Green Deal -
Netto aponta que no G20 a discussão Prevê US$ 394 bilhões para Prevê € 350 bilhões (2% do PIB) para
gira em torno da sigla BBB, de “bigger, energias limpas, indústria e veículos incentivo à inovação e ao desenvolvimento
bolder e better” (mais, mais ousado e elétricos e para contribuir para tecnológico e sustentável, com foco em transição
melhor, em inglês). “O ‘bolder’ é tão im- redução da emissão de gases do digital, crescimento verde e inclusivo, saúde e
efeito estufa em 50% até 2030 políticas educacionais/treinamento
portante quanto o ‘bigger’, porque ape-
nas o aumento do capital dos bancos Fontes: Instituições *banco de desenvolvimento alemão
multilaterais não será suficiente se eles
não puderem usar esse capital para to- tório para criar soluções contra barrei- Para os especialistas, os avanços são
mar risco que o setor privado não toma- ras ao investimento privado nos merca- relevantes, mas a assimetria persiste.
ria. Não é só ter mais recursos, mas a for- dos emergentes e uma plataforma que Europa, Ásia/Pacífico, Estados Unidos
ma como se está oferecendo instrumen- oferecerá opções de garantia, triplican- e Canadá receberam 84% do financia-
tos financeiros”, afirma a diretora. “Eles do o volume anual para US$ 20 bilhões mento global, diz Studart. Para as de-
continuam emprestando em condições até 2030. O BID diversifica instrumen- mais regiões falta capital. Dinheiro
tradicionais. Muitos investimentos as- tos, como o hedge lançado com o gover- existe; no mundo, os ativos superam
sociados ao clima têm risco que o setor no brasileiro que ampliará investimen- US$ 470 trilhões. A questão, afirma
privado não está disposto a tomar”. tos sustentáveis verdes ao reduzir o risco Netto, está em direcioná-los para a
O Banco Mundial montou um labora- cambial, com aporte de US$ 5,4 bilhões. contenção do aquecimento global.
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F2 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Especial Mudanças climáticas
Fomento Instituições reformulam planejamento estratégico para ampliar metas e mobilizar capital
Bancos regionais têm aumento de demanda
Mônica Magnavita
Para o Valor, do Rio
Os bancos de desenvolvimento
brasileiros vêm ampliando seus fi-
nanciamentos a projetos de com-
bate às mudanças climáticas. Prin-
cipais fontes de recursos para ini-
ciativas de mitigação e adaptação,
várias dessas instituições reformu-
laram, nos últimos anos, seus pla-
nejamentos estratégicos de modo
a ampliar metas e mobilização de
capital para fomento à economia
de baixo carbono. O resultado foi
o aumento do funding destinado
a projetos climáticos e diversifi-
cação das fontes de captação.
Exemplos não faltam. O mais re-
cente, e emblemático, foi a criação
inédita no fim de 2023, durante a
COP27, da Coalizão Verde, aliança
de 20 bancos de fomento voltada
para crescimento sustentável na
Amazônia. O objetivo é mobili-
zar entre US$ 10 bilhões e US$ 20
bilhões para o desenvolvimento
sustentável na região até 2030.
A coalizão é presidida pelo BN-
DES, que ganhou destaque no últi-
mo ano, passando a contar com re-
cursos de vulto. Em abril, o banco
recebeu R$ 10,4 bilhões de uma só
tacada para seu Fundo Clima (FC),
maior iniciativa de redução de
emissões provenientes de desma-
tamento e degradação florestal do
mundo (REDD+). O valor é recorde
Eventos extremos podem
custar US$ 2,6 bi ao país
Andrea Vialli
Para o Valor, de Salvador
As mudanças climáticas já figu-
ram entre os dez principais riscos
aos negócios no mundo. No Brasil,
já são consideradas o principal ris-
co para a economia, segundo a
pesquisa Allianz Risk Barometer
2024, realizada com 3.069 especia-
listas de 24 setores econômicos em
92 países. A preocupação galgou
sete posições em relação ao levan-
tamento de 2023, sinalizando
que as empresas sentem o impac-
to de eventos climáticos extre-
mos e seus efeitos na economia.
O ano passado quebrou recor-
des em vários aspectos: foi o mais
quente desde o início dos registros
da Organização Meteorológica
Mundial (OMM), com elevação da
temperatura terrestre e na superfí-
cie do mar, o que potencializou fe-
nômenos climáticos como o El Ni-
ño. O setor de seguros, do qual faz
parte o grupo Allianz, mentor do
estudo, registrou perdas segura-
das de catástrofes naturais aci-
ma de US$ 100 bilhões pelo
quarto ano consecutivo; apenas
os prejuízos por tempestades se-
veras atingiram US$ 60 bilhões.
De acordo com a pesquisa, a
agricultura é o setor da economia
mais vulnerável às mudanças cli-
máticas, seguido da indústria pe-
sada e mídia (segundo maior ris-
co). Bens de consumo, petróleo e
Pouco explorado, mercado de carbono atrai projetos
Cecília França
Para o Valor, de Londrina
Enquanto o mercado de carbo-
no não é regulado no Brasil, inicia-
tivas voluntárias aproveitam o fi-
lão de compensação da emissão de
gases de efeito estufa. O país está
em quarto lugar nos rankings do
mercado voluntário, cujo volume
equivale a cerca de 25% do que é
comercializado nos Estados Uni-
dos, primeiro lugar, segundo o
Berkeley Carbon Trading Project.
O professor do Departamento
de Ciências Florestais da Universi-
dade Federal do Paraná (UFPR) e
especialista em crédito de carbono
Carlos Sanquetta estima que o
mercado brasileiro deve gravitar
entre 100 e 200 milhões de tonela-
das de carbono. “Se estimarmos
preço médio de US$ 10 por tonela-
na história do fundo, gerido pelo
banco. Entre 2011 e 2022 o FC rece-
beu R$ 2,5 bilhões. “É um salto,
uma mudança qualitativa e, junto,
houve atualização de suas aplica-
ções. Outra grande inovação é o
hedge cambial do Tesouro [que
permitirá redução de taxas de ju-
ros nas operações]. O grande desa-
fio das captações internacionais
é o risco cambial, que torna as
operações muito caras”, afirma
Gabriel Aidar, superintendente
de planejamento do BNDES.
Os novos recursos permitirão
que o fundo se torne uma espécie
de “FAT verde”, já que a receita ob-
tida com os pagamentos dos em-
préstimos voltará para sua cartei-
ra, gerando fluxo contínuo. Segun-
do Aidar, há previsão de novas cap-
tações em 2025, provavelmente
nesse mesmo valor. “Temos pers-
pectivas de demanda forte para in-
vestimentos verdes. Estamos crian-
do um mecanismo que pode trazer
muitos recursos para uma transi-
ção climática justa no Brasil”, diz.
O Fundo Amazônia, outro ad-
ministrado pelo BNDES, atingiu
R$ 1,3 bilhão em aprovações em
2023, depois de quatro anos
sem aprovar nada ou receber
doações. O volume é recorde.
O ritmo acelerado e as proje-
ções positivas para os próximos
anos entraram na agenda de ins-
tituições regionais. O Banco do
gás, alimentos e bebidas têm nas
mudanças climáticas seu terceiro
maior risco. “O fato de o Brasil ser
um país rico em recursos naturais,
como florestas, e ao mesmo tempo
ter uma economia dependente da
exportação de commodities agrí-
colas e minerais eleva a percepção
de risco em relação à questão cli-
mática”, afirma David Colmena-
res, diretor-geral da Allianz Com-
mercial para a América Latina.
Para empresas brasileiras o risco
climático é triplo, aponta o execu-
tivo, pois envolve riscos físicos
(perda ou dano de ativos, interrup-
ção de negócios), de transição
(evolução para uma economia
mais sustentável, com pressões re-
gulatórias e de mercado) e de res-
ponsabilidade, por litígios climáti-
cos que possam causar danos fi-
nanceiros e de reputação. Ao mes-
mo tempo, o país tem oportunida-
des com a transição energética,
por ser competitivo na geração de
fontes renováveis, biocombustí-
veis e hidrogênio verde, funda-
mentais para o cumprimento
do Acordo de Paris, que busca
evitar a elevação da temperatu-
ra média global acima de 1,5ºC.
O custo das mudanças climáti-
cas para a economia global pode
chegar a US$ 22 bilhões por ano,
afetando de maneira desigual os
países, segundo o Banco Interame-
ricano de Desenvolvimento (BID).
Para o Brasil, foram calculadas per-
da, esse mercado tem potencial de
gerar R$ 1 bilhão por ano de movi-
mentação financeira”, calcula.
Uma das empresas que atuam
no mercado voluntário no Brasil
é a Carrot.eco. O projeto da star-
tup consiste em implementar a
economia circular no manejo de
resíduos orgânicos, destinando à
compostagem o que iria para os
aterros sanitários e fazendo o
controle por meio da tecnologia
blockchain. “Estamos fechando o
ciclo da matéria orgânica. O setor
público vai ser um dos grandes
beneficiados”, afirma o fundador
e CEO da empresa, Ian McKee.
Após a mensuração do carbono
emitido pela matéria orgânica, a
venda desses créditos financia a
mudança de sistema. “Quando vo-
cê começa a destinar corretamente
[os resíduos], acaba minimizando
INÊS249
“Estamos criando
um mecanismo que
pode trazer recursos
para uma transição
climática justa”
Gabriel Aidar
das de US$ 2,6 bilhões. Mas as esti-
mativas ainda não captam perdas
nas finanças públicas, avalia Maria
Netto, diretora executiva do Insti-
tuto Clima e Sociedade (ICS). “Ain-
da não temos a quantificação da
perda real e sistêmica para a eco-
nomia brasileira, levando em con-
ta perdas fiscais de Estados e muni-
cípios quando é necessário recons-
truir infraestrutura ou auxiliar po-
pulações afetadas”, afirma. Segun-
do ela, o país está começando a in-
cluir a resiliência climática no pla-
nejamento de ações governamen-
tais, mas ainda faltam políticas
transversais, que envolvem mais
de uma área do conhecimento.
Um passo nessa direção foi dado
com o Plano de Transformação Eco-
lógica do governo federal, lançado
durante a COP28, em Dubai, em
2023. Capitaneado pelo Ministério
da Fazenda, com colaboração de vá-
rias pastas e do setor empresarial, é a
grande aposta do governo Lula para
atrair investimentos alinhados à
“Um dos desafios é
estimular atividades
com baixa emissão
que valorizem os
ativos ambientais”
Viviane Romeiro
custos. Isso está totalmente ligado
à redução de gastos com trata-
mento de doenças e à geração de
empregos verdes”, diz Marcelo Do-
ria, cofundador da companhia.
Outra empresa que trabalha
com crédito de carbono é a a Bio-
fix, que alia proteção ambiental à
redução de vulnerabilidades so-
ciais de comunidades indígenas.
Com décadas de atuação na Co-
lômbia, a empresa agora colabo-
ra com povos indígenas da ilha
do Bananal (TO), onde já estão
certificados 3,4 milhões de crédi-
tos cuja venda deve financiar
ações na comunidade. “Nos pro-
jetos da Colômbia que já estão
em segunda ou terceira rodada
de venda de crédito, já há proje-
tos executados, como encana-
mento, caixa d’água, compra de
barcos para monitoramento. O
DIVULGAÇÃO
A conta da instituição mineira
inclui recursos dos bancos de in-
vestimento Aiib, da Ásia, CAF
(América Latina e Caribe) e o euro-
peu BEI, este último em negocia-
ção avançada. Além disso, está em
análise pelo Tesouro Nacional a
primeira operação do BDMG com
o NDB — o Novo Banco de Desen-
volvimento, também chamado de
“banco dos Brics”—, que receberá
aval da União de US$ 200 milhões.
A expectativa é que o contrato seja
assinado ainda neste ano. Os re-
cursos farão parte do programa de
infraestrutura e desenvolvimen-
to sustentável de Minas Gerais.
“Desde 2019 [o financiamento
climático] tomou dimensão de
extrema importância. A partir de
então, fomos buscar recursos
adequados, que permitem ofere-
cer crédito mais barato e com
prazos mais longos. Temos cres-
cido ano a ano nos projetos de
sustentabilidade”, afirma o presi-
dente do BDMG, Gabriel Viegas.
O Banco Nordeste, principal fi-
Nordeste (BNB) e o Banco de De-
senvolvimento de Minas Gerais
nanciador de energia renovável da
região, também ampliou suas cap-
(BDMG), além de ampliarem a tações externas — do alemão KfW,
participação desses desembolsos, do CAF e do africano AfDB — para
diversificaram fontes de recursos fazer frente ao aumento da de-
para fazer frente ao aumento da
demanda. O BDMG planeja al-
manda. “A sustentabilidade está
ganhando cada vez mais relevân-
cançar US$ 100 milhões este ano
em crédito para projetos de im-
cia na instituição. Se tivéssemos
mais recursos, financiaríamos
pacto socioambiental. mais. Há muita demanda”, diz o di-
Mundo ameaçado
Os maiores riscos aos negócios apontados por especialistas
Globalmente
1º - Incidentes cibernéticos
2º - Interrupções dos negócios devido a problemas nas cadeias de fornecimento
3º - Catástrofes naturais* (8ª posição anteriormente)
4º - Mudanças regulatórias
5º - Questões macroeconômicas**
6º - Fogo, explosão
7º - Mudanças climáticas*** (6ª posição anteriormente)
8º - Riscos políticos e de violência civil
9º - Riscos mercadológicos****
10º - Escassez de mão de obra qualificada
No Brasil
1º - Mudanças climáticas*** (11ª posição anteriormente)
2º - Interrupções dos negócios devido a problemas nas cadeias de fornecimento
3º - Incidentes cibernéticos
4º - Catástrofes naturais* (6ª posição anteriormente)
5º - Roubo, fraude, corrupção
6º - Fogo, explosão
7º - Mudanças regulatórias
8º - Questões macroeconômicas**
9º - Perdas de reputação ou valor de marca
10º - Riscos políticos e de violência civil
Fonte: Allianz Risk Barometer 2024, pesquisa realizada com 3.069 especialistas de 24 setores da economia em 92 países. *Eventos climáticos extremos. **Inflação, deflação, políticas
monetárias, medidas de austeridade. ***Riscos físicos, operacionais e financeiros do aquecimento global. ****Aumento da concorrência, fusões e aquisições
economia verde: finanças sustentá- As questões regulatórias, con-
veis, adensamento tecnológico, tudo, precisam caminhar mais
bioeconomia, transição energética, rápido. Embora publicada há 15
economia circular e nova infraestru- anos, a Política Nacional de Mu-
tura e adaptação às mudanças cli- dança Climáticas não avançou na
máticas. “Um dos maiores desafios é implementação de seus princi-
reverter o processo de desindustria- pais instrumentos, como o mer-
lização e, ao mesmo tempo, estimu- cado de carbono. Ao mesmo
lar atividades com baixa emissão de tempo, a União Europeia, que já
carbonoquevalorizemosativosam- conta com um sistema de comér-
bientais do país. O plano sinaliza
nessa direção”, diz Viviane Romeiro,
cio de emissões desde 2005,
aprovou um mecanismo para
diretora de clima, energia e finan- evitar o dumping ambiental — a
ças sustentáveis do Conselho Em- realocação de negócios para paí-
presarial Brasileiro para o Desen- ses sem precificação de carbono,
volvimento Sustentável (CEBDS), de modo a baratear a produção.
que colaborou na sua elaboração. Na prática, esse mecanismo de-
valor é revertido em benefício da ágil e o monitoramento contínuo
comunidade”, diz o diretor jurí- da área comercializada — o que
dico da Biofix, Jeronimo Roveda. deve garantir a sua preservação.
“Existe um entendimento de A falta de um mercado regula-
que a questão ambiental é essen- do, com um sistema de registro e
cial para garantir uma sustenta- regras para a contabilização e co-
bilidade da economia, da agricul- mercialização, entretanto, é ge-
tura, da condição de alimentos ralmente apontada como um
no mundo”, afirma Iara Musse Fe- dos aspectos que podem gerar
lix, CEO da SCCON Geospatial, insegurança jurídica para a ven-
que trouxe ao Brasil uma tecnolo- da do crédito futuro. “O país tem
gia capaz de quantificar a reserva um excelente potencial que care-
de carbono de uma área com base ce de uma regulação adequada
em imagens de satélites. A em- para se impulsionar nesse mer-
presa já fornece imagens em tem- cado”, afirma Márcio Pereira, só-
po real para o programa Brasil cio da área de direito do ambien-
Mais, do Ministério da Justiça, e te e clima do BMA Advogados.
inicia agora testes com a tecnolo- O projeto de lei que estabele-
gia de mensuração de carbono. ce a regulamentação para o mer-
Segundo Felix, o sistema vai cado de crédito de carbono está
permitir a quantificação, pré-re- atualmente em discussão no Se-
quisito para a colocação do crédi- nado e conta com o apoio do
to no mercado, de forma mais Ministério da Fazenda, entusias-
retor de planejamento, Aldemir
Freire, observando que o governo,
para expandir a atuação do ban-
co, fez aporte recente de R$ 1,4 bi-
lhão, capaz de alavancar cerca de
R$ 14 bilhões de financiamento.
Nos quatro últimos anos, o BNB
desembolsou R$ 60 bilhões em in-
fraestrutura verde, dos quais R$
35 bilhões para energia eólica e
solar. A ideia agora é ampliar re-
cursos para outros projetos, como
saneamento básico e investimen-
tos em aterro sanitário para gera-
ção de biogás. Nos próximos qua-
tro anos, entrarão na instituição
mais R$ 6,7 bilhões, resultado de
captações. “O banco estava fora
dessa atividade nos últimos anos
e retomamos em 2023”, diz Freire.
A agenda de financiamento cli-
mático também inclui o modo co-
mo o sistema financeiro começa a
integrar critérios de mudança de
clima em suas operações. A fatia de
instituições financeiras brasileiras
que calculam indicadores sobre
riscos climáticos e criaram metas
para reduzir suas exposições pas-
sou de 11% para 30% em 2024. O
Itaú Unibanco é um dos bancos
privados que expandiram a oferta
de créditos verdes. Firmou com-
promisso de contribuir com R$
400 bilhões para promover uma
economia sustentável até 2025, e
em setembro do ano passado já
havia alcançado 82% da meta.
Respondentes, em % Tendência
36 Estável
31 Estável
26 Alta
19 Alta
19 Baixa
19 Alta
18 Estabilidade
14 Alta
13 Alta
12 Baixa
0 20 40
Respondentes, em % Tendência
35 Alta
31 Queda
31 Estável
28 Alta
18 Alta
18 Queda
16 Queda
13 Queda
12 Alta
10 Queda
0 20 40
ve afetar exportações de países
sem mercado de carbono regula-
do. “Se persistir a falta de política
de Estado, produtos brasileiros es-
tarão sujeitos ao ajuste de paga-
mento de preço do carbono equi-
valente ao que teria sido pago se a
produção ocorresse na União Eu-
ropeia”, diz Márcio Pereira, sócio
de direito do ambiente e clima do
BMA Advogados. Em sua primeira
fase, a partir de 2026, o mecanismo
europeu será aplicável a ferro, aço,
cimento, fertilizantes, alumínio e
hidrogênio, mas essa lista poderá
ser ampliada no futuro, incluin-
do produtos do agronegócio.
DIVULGAÇÃO
Integrante de projeto na ilha do Bananal
ta da proposta. A expectativa da
pasta é que o texto seja aprova-
do ainda neste semestre.

Especial Mudanças climáticas
Migração Direito internacional
não reconhece deslocamento em
função do clima, diz especialista
Sem respaldo
legal, migrante
climático está
cada vez mais
vulnerável
Mario Camera
Para o Valor, de São Paulo
O Banco Mundial calcula que o
número total dos chamados refu-
giados climáticos deve chegar a
216 milhões até 2050. Entre 32
milhões e 34 milhões de pessoas
migraram devido a desastres cli-
máticos ou eventos ambientais
extremos apenas em 2022 — mais
do que o número daquelas que
deixaram suas casas por causa de
conflitos armados ou violência,
segundo o último Relatório Mun-
dial Sobre Deslocamento, elabo-
rado pelo Internal Displacement
Monitoring Center (IDMC).
As regiões mais afetadas por
esses movimentos migratórios,
em sua grande maioria internos,
foram o Sul Asiático, a Ásia
Oriental e a África Subsaariana,
com quase 30 milhões de mi-
grantes no total, de acordo com
o IDMC. O relatório aponta co-
mo causa principal dos desloca-
mentos em 2022 o fenômeno La
Niña, que pele terceiro ano con-
secutivo diminuiu a temperatu-
ra das águas do oceano Pacífico.
O La Niña também foi responsá-
vel pelas maiores migrações regis-
tradas no Brasil em 2022. A princi-
pal delas ocorreu em Pernambuco,
onde 131 mil pessoas tiveram de
deixar o local onde moravam devi-
do às fortes chuvas registradas no
Estado, em maio, aponta o IDMC.
Minas Gerais registrou a segunda
maior onda de deslocamentos:
foram 107 mil causados também
por chuvas, entre o fim de 2021 e
o início de 2022. No total, 708 mil
brasileiros migraram por catás-
trofes naturais naquele ano.
Não existem números oficiais
Helio Santos, do Cedra: “É clara a interseção de questões raciais e ambientais”
sobre o impacto das migrações cli-
máticas na economia global. Mas
Serge Rabier, sociodemógrafo que
coordena programas de investiga-
ção sobre questões populacionais
e de gênero na Agência Francesa
de Desenvolvimento, calcula que
somente para a região Ásia-Pacífi-
co, nos últimos dez anos, o custo
foi de US$ 800 bilhões. Em entre-
vista ao Valor, Rabier destacou a
incapacidade da comunidade in-
ternacional em resolver a situação
do chamados refugiados climáti-
cos. Ao contrário de outros tipos
de imigrantes, os que se deslo-
cam através de fronteiras devido
às mudanças no clima não são re-
conhecidos pelo direito interna-
cional, o que aumenta a vulnera-
bilidade dessas populações.
Movimentos migratórios por
mudanças climáticas não são
uma novidade. Pelo contrário,
estão no cerne mesmo da coloni-
zação do nosso planeta. A dife-
rença é que agora são os seres hu-
manos que estão causando esses
fenômenos. Veja a seguir os prin-
cipais trechos da entrevista:
Valor: As migrações relaciona-
das às mudanças climáticas fazem
parte da história da humanidade.
Qual é a diferença entre o que está
acontecendo agora e o que viven-
ciamos em períodos anteriores?
Serge Rabier: Para citar alguns
períodos marcantes da história
da humanidade, o que foi cha-
mado de segunda saída da África
para a região do Oriente Médio,
há 70 mil anos, pode ser explica-
do pela seca que afetava o leste
do continente. Grandes mudan-
ças climáticas como secas, escas-
sez de pastagens e grandes varia-
DIVULGAÇÃO
INÊS249
Somalis fugindo da seca chegam aos arredores de Mogadíscio; até 34 milhões de pessoas migraram devido a eventos climáticos extremos apenas em 2022
ções de temperatura seriam o
motivo das “grandes invasões” e
dos movimentos populacionais
entre a Ásia e a Europa Ocidental,
desde a Antiguidade até a Idade
Média. A era contemporânea, a
partir dos séculos XIX e XX, viu o
desenvolvimento de um modelo
de economia política capitalista
que é cada vez mais questionado,
à medida que desafia os funda-
mentos materiais do desenvolvi-
mento. De fato, agora é claro que
a relação entre degradação cli-
mática e ambiental de um lado, e
movimentos migratórios de ou-
tro, é um desafio cada vez mais
inevitável no curto e médio pra-
zo para toda a humanidade.
Valor: Em relação a migrações
transfronteiriças, apesar da urgên-
cia das mudanças climáticas, ain-
da não existe um status internacio-
nal que garanta proteção aos refu-
giados climáticos. O que falta para
que isso aconteça?
Rabier: Não há um status jurídi-
co específico para refugiados cli-
máticos, como existe para refugia-
216 mi
é a estimativa
de refugiados
climáticos em 2050
Evento extremo pode levar mais de
3 milhões de brasileiros à pobreza
Andrea Vialli
Para o Valor, de Salvador
Os eventos de clima extremo
podem colocar de 800 mil a 3
milhões de brasileiros na pobre-
za, segundo o Relatório sobre
Clima e Desenvolvimento para o
Brasil, divulgado em maio de
2023 pelo Banco Mundial — glo-
balmente, esse número pode
chegar a 3 bilhões de pessoas.
Os mais vulneráveis tendem a
empobrecer em razão da perda
da produtividade do trabalho, es-
pecialmente braçal, devido ao ca-
lor, e da pressão inflacionária que
deverá recair sobre itens essen-
ciais, como alimentos e energia.
Segundo estimativa do Banco
Central Europeu com a Universi-
dade de Potsdam, na Alemanha,
as mudanças climáticas podem
elevar a inflação global de alimen-
tos em até 3,2% ao ano; o impacto
projetado para o Brasil é de 1,9%
ao ano dentro de uma década.
“O que está em discussão é que
os mais ricos, além de contribuí-
rem mais para o aquecimento glo-
bal em razão do seu estilo de vida,
também têm maior resiliência aos
desastres naturais e à inflação cau-
sada por alterações climáticas”, diz
Maitê Gauto, gerente de progra-
mas da Oxfam Brasil. Estudo da or-
ganização, presente em 81 países,
Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
dos políticos na Convenção de Ge-
nebra de 1951. É difícil diferenciar
esse conceito de outros similares,
como “migrante”, “imigrante”,
“deslocado”, “clandestino”, “sem
documentos”, “apátrida”. No en-
tanto, os refugiados climáticos re-
presentam uma categoria cada vez
mais identificável, cujas causas de
mobilidade são mais especifica-
mente atribuídas às consequên-
cias do modo de desenvolvimento
do Antropoceno [nova época geo-
lógica caracterizada pelo impacto
do homem na Terra, ainda em de-
bate entre especialistas]. De um la-
do, há a realidade crescente dessa
causalidade clima/migrações e,
portanto, a legitimidade de trans-
crevê-la em tratados jurídicos.
De outro, a extrema dificuldade
em identificar um local de elabo-
ração do direito nessa matéria e
mobilizar uma comunidade dita
internacional, dividida e inca-
paz de abraçar esses desafios.
Valor: O crescimento da extrema
direita no mundo, especialmente na
Europa, não contribui para resolver
o problema. Como vê a evolução das
políticas de acolhimento desses re-
fugiados de maneira global?
Rabier: Esta categorização ain-
da não concretizada no direito —
de migrações ditas climáticas —
vem reforçar a oposição, muito
frequentemente instrumentali-
zada pela extrema direita, entre
os refugiados políticos, que se-
aponta que o 1% mais rico da po-
pulação é responsável por 16% das
emissões de CO2, o equivalente às
emissões de 5 bilhões de pessoas.
Exemplos da vulnerabilidade
aos eventos climáticos não faltam
no Brasil. No início de janeiro, for-
tes chuvas atingiram a zona norte
do Rio e a Baixada Fluminense,
deixando 11 mortos e centenas de
desalojados e desabrigados.
Anielle Franco, ministra da Igual-
dade Racial, creditou parte da tra-
gédia ao “racismo ambiental e cli-
mático”. Não por acaso, os muni-
cípios afetados pelas inundações
na baixada estão entre as regiões
mais pobres do Brasil, de acordo
com o estudo Mapa da Nova Po-
breza, da Fundação Getulio Var-
gas (FGV). O entorno de Nova
Iguaçu e Duque de Caxias, no Rio,
está entre as cem regiões mais po-
“Os mais ricos têm
maior resiliência a
desastres naturais
e inflação causada
por alterações
climáticas”
Maitê Gauto
riam legítimos, identificáveis e,
portanto, aceitáveis, e os migran-
tes econômicos que deveriam, se-
gundo eles, em sua grande maio-
ria, ser enviados de volta aos paí-
ses de origem. A falta de clareza
sobre a multicausalidade, a defi-
nição precisa das mobilidades
climáticas e a inexistência de sua
qualificação jurídica permitem
aos partidos xenófobos de extre-
ma direita desenvolver narrativas
misturando fantasias e estereóti-
pos de todo tipo. Esses discursos,
especialmente na Europa, tentam
credenciar a ideia de que seria ne-
cessário aceitar uma forma de se-
paração entre uma humanidade
reconhecida como parte de nossa
comunidade política e uma hu-
manidade “menos humana”,
que não deveria fazer parte dela.
Valor: A ONU afirma que não se
pode falar de migrações climáti-
cas sem falar de gênero. Qual é o
papel das mulheres nesses movi-
mentos migratórios?
Rabier: Em todos os países do
mundo, as mulheres vivem situa-
ções de maior ou menor vulnera-
bilidade, maior ou menor desi-
gualdade e discriminação de gêne-
ro. Todas essas situações são agra-
vadas pelos distúrbios climáticos e
ambientais. Como mulheres e me-
ninas geralmente têm menos aces-
so a informações e recursos de to-
dos os tipos do que os homens,
quando esses distúrbios aconte-
bres do país. Nessas duas cidades,
33,2% e 30,4% dos moradores,
respectivamente, têm renda do-
miciliar per capita de até R$ 497.
Em um país com 11,4 mil fa-
velas, onde 16,6 milhões (8% da
população brasileira) estão em
condições precárias de habita-
ção e saneamento, o avanço ace-
lerado das mudanças climáticas
pode agravar ainda mais as con-
dições de vida dessas pessoas.
“As 11 mil favelas significam a
ausência completa de planeja-
mento urbano. Além disso, é cla-
ra a interseção de questões ra-
ciais e ambientais, visto que essa
população é majoritariamente
negra”, afirma Helio Santos,
presidente do Conselho do Cen-
tro de Estudos e Dados sobre
Desigualdades Raciais (Cedra).
Segundo especialistas, o com-
bate o racismo ambiental de-
manda que políticas públicas de
adaptação e mitigação das mu-
danças climáticas sejam aliadas
das políticas de desenvolvimen-
to. Santos propõe a criação de um
fundo com recursos do financia-
mento climático internacional
para “invadir” as favelas — mas de
um jeito diferente. “Proponho in-
vadir as comunidades com políti-
cas habitacionais, educacionais,
de geração de renda, esporte, la-
zer e cultura, porque a degrada-
| Valor | F3
FARAH ABDI WARSAMEH/AP
cem, são principalmente os ho-
mens que são levados a migrar,
deixando para as mulheres as tare-
fas domésticas e de subsistência.
Essas tarefas são ainda mais difí-
ceis de assumir à medida que de-
vem ser realizadas em ambientes
de vida cada vez mais degradados.
Diante dessa imobilidade involun-
tária de mulheres e meninas pre-
sas na armadilha climática, há
aquelas que se envolvem na migra-
ção, apesar de tudo, e que devem
enfrentar, seja no trajeto ou nos
campos de trânsito e refugiados
temporários, todas as formas de
assédio, violência de gênero, até
mesmo coações sexuais e mer-
cantilização de seus corpos.
Valor: O que deve ser feito para
protegê-las?
Rabier: Do meu ponto de vista,
não se trata tanto de “protegê-las”,
mas, sim, de conceber e imple-
mentar políticas de desenvolvi-
mento para prevenir e combater
situações de vulnerabilidade. Ga-
rantir a mulheres e meninas, mas
também a meninos e homens,
condições aceitáveis e duradouras
de acolhimento, acompanhamen-
to, integração para aqueles que de-
sejam permanecer nos locais de
chegada, e retorno para aqueles
que desejam regressar à localidade
ou ao país de origem. Isso implica
garantir a essas pessoas uma assis-
tência sanitária, alimentar, mas
também educativa e jurídica.
ção ambiental e a social andam
juntas. Então, precisam ser com-
batidas de forma conjunta.”
Em março, 19 organizações e
movimentos sociais lançaram
um documento com sete princí-
pios e 14 diretrizes para apoiar
gestores públicos na elaboração
de planos de ação climática que
levem em consideração o comba-
te às desigualdades. Os “Princí-
pios e Diretrizes para o Enfrenta-
mento ao Racismo Ambiental no
Brasil” apontam que os eventos
climáticos extremos têm atingi-
do de forma mais aguda as po-
pulações negras, periféricas, ter-
ritórios tradicionais, indígenas,
quilombolas e camponeses.
A iniciativa, liderada pelo Ins-
tituto de Estudos Socioeconômi-
cos (Inesc), visa contribuir com a
revisão do Plano Nacional de
Adaptação à Mudança do Clima,
que está em andamento. “Enten-
demos como uma oportunidade
para os gestores pensarem nas
questões raciais diante da crise
climática flagrante”, diz Cristia-
ne Ribeiro, membro do colegia-
do de gestão do Inesc. As organi-
zações envolvidas levaram o pla-
no para a Secretaria-Geral da
Presidência da República, o Mi-
nistério da Saúde e o Conselho
Nacional de Segurança Alimen-
tar e Nutricional (Consea).
F4 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Especial Mudanças climáticas
Indústria Metade dos gases de efeito estufa do setor no país é
proveniente das usinas de aço, que querem ser limpas até 2050
Empresa muda de energia a
transporte contra emissões
Carin Petti
Para o Valor, de São Paulo
As siderúrgicas ArcelorMittal
e Gerdau, a fabricante de mate-
rial de construção Saint-Gobain
e a gigante da química Basf têm
em comum a atuação em setores
responsáveis por grande parte
da emissão de gases de efeito es-
tufa da indústria e um objetivo
ambicioso: zerar a emissão líqui-
da de carbono até 2050. Para
chegar lá, traçaram metas inter-
mediárias, de cortes para 2030
ou 2031. Os planos incluem, en-
tre outras medidas, utilização de
biomassa, eletrificação de pro-
cessos, reciclagem, mudanças
no transporte, ajustes para re-
duzir o consumo de energia e
utilização de energia renovável.
O aço é responsável por cerca de
metade das emissões de gases de
efeito estufa da indústria. “Como
no Brasil cerca de 6% das emissões
vêm das indústrias, algo em torno
de 3% vem do aço”, diz Guilherme
Abreu, gerente-geral de sustenta-
bilidade da ArcelorMittal Brasil. O
setor está entre aqueles que o jar-
gão chama de “hard-to-abate” —
ou seja, de difícil redução, por mo-
tivos econômicos ou falta de solu-
Ferramentas fazem o cálculo de pegadas de carbono
De São Paulo
Processos efetivos de descar-
bonização começam com a apu-
ração das emissões. A avaliação é
de Guarany Osório, professor e
pesquisador do Centro de Estu-
dos em Sustentabilidade da Fun-
dação Getulio Vargas (FGV). “Pri-
meiro é preciso ter um belo in-
ventário para fazer o diagnóstico
e, com base nessas informações,
fazer a gestão das emissões”, diz.
Uma dessas ferramentas é o
Startups criam
soluções para
mitigar impacto
Martha Funke
Para o Valor, de São Paulo
De florestas a bioprodutos,
energia limpa e saneamento,
startups estão entre os atores
que desenvolvem soluções para
mitigar os efeitos das mudanças
climáticas, e o Brasil ganha des-
taque com empresas nativas,
atração de estrangeiras e presen-
ça no mercado internacional.
Entre as energytechs (startups
de energia), um exemplo é a Nex-
tron, que criou um marketplace
para conectar geradores de ener-
gia renovável com consumidores.
A empresa atraiu mais de cem usi-
nas, com simplificações como o
modelo de conta única, diz o CEO
Ivo Pitanguy. A companhia captou
R$ 11 milhões em 2022, outros R$
26 milhões em 2023 e mais igual
valor em 2024, com meta de alcan-
çar 50 mil clientes até dezembro.
No ramo de florestas, a Um-
grauemeio nasceu em 2017 para
detectar incêndios florestais por
meio de câmeras inteligentes em
torres de monitoramento. A em-
presa é capaz de localizar um sinal
de fumaça em um raio de 20 km
em 3 segundos. Hoje sua platafor-
ma Pantera atua desde a preven-
ção de focos até a gestão de briga-
das e mensuração dos resultados,
descreve o cofundador Rogério
Cavalcanti. O sistema conta com
cerca de 140 câmeras, monitora
17,5 milhões de hectares em 20
Estados e tem clientes como Su-
zano e Bunge. Em março, come-
ções tecnológicas. A categoria,
que também inclui segmentos
como cimento, vidro, produtos
químicos e transportes pesados,
é fundamental para o cumpri-
mento das metas do Acordo de
Paris, por ser responsável por cer-
ca de 20% das emissões globais.
No caso do aço, a dificuldade
vem da química. É que sua pro-
dução exige a retirada do oxigê-
nio do minério de ferro. “Na
grande maioria dos processos
utilizados globalmente, o carvão
mineral é utilizado para isso, e a
junção desse carbono com oxigê-
nio vira CO2”, afirma Abreu. “En-
tão, o grande desafio em se tor-
nar carbono neutro até 2050 é
que é preciso descobrir uma no-
va forma de fazer aço”, conclui.
”São tecnologias disruptivas, que
ainda não existem”, acrescenta
Cenira Nunes, gerente-geral de
meio ambiente na Gerdau.
Por enquanto, para reduzir as
emissões nos próximos anos, as
duas siderúrgicas apostam em
processos como substituição par-
cial do carvão mineral pelo vege-
tal, utilização de sucata na produ-
ção e uso de gás natural, menos
intensivo em carbono. As em-
presas participam do programa
GHG Protocol, adaptado no Bra-
sil pela FGV e atualmente ado-
tado por cerca de 400 empresas
do país. O sistema permite apu-
rar emissões dos três escopos: o
escopo 1, que mede as emissões
resultantes de operações pró-
prias; o 2, aquelas originárias
do uso de eletricidade; e o 3, da
cadeia de atuação.
“O maior desafio para a indús-
tria vem da medição do escopo 3,
com resultados de fornecedores
e fornecedores de fornecedores,
morou sua primeira captação, R$
18,7 milhões de investidores co-
mo a Baraúna Investimentos.
Já a Agroforestry, fundada em
2021, atua com agroflorestas e
mercado de carbono. “A meta é
conectar empresas que desejam
compensar emissões com pe-
quenos agricultores”, afirma o
fundador Gabriel Neto. Em 2021
a Regenera investiu R$ 300 mil
na iniciativa, em troca de 15%
de participação na startup, que
só no ano passado plantou
mais de 350 mil árvores — a
maior parte delas na Amazônia.
A francesa Morfo trouxe ao
Brasil em 2023 sua tecnologia de
restauração de florestas tropicais
baseada em uso de drones, inteli-
gência artificial e encapsulamen-
to de sementes, capaz de distri-
buir até 180 sementes por minu-
to e plantar até 50 hectares por
dia, inclusive em áreas de difícil
acesso, explica o CEO, Adrian Pa-
ges. As iniciativas incluem res-
tauro de terras esgotadas em
propriedades privadas visando
a entrada no mercado de crédito
de carbono e reabilitação am-
biental em mineração no Pará.
Outra francesa em atuação no
país, a NetZero produz o condi-
cionador de solo Biochar deriva-
do de resíduos da cafeicultura.
A startup chegou aqui em 2023,
tem uma planta em operação,
inaugura a segunda em maio e
iniciou a terceira em parceria
com a Eisa, empresa do grupo
global de trading Ecom, conta
INÊS249
Aliança, da Confederação Nacio-
nal da Indústria (CNI), que visa à
redução do consumo de energia
com ajustes de processos.
Com medidas assim, a Arce-
lorMittal pretende alcançar a
meta de redução de 25% nas
emissões de carbono até 2030.
Já a Gerdau tem como objetivo
diminuir as emissões para 0,82
tonelada de CO2 por tonelada
de aço até 2031, queda de 11,8%
sobre as emissões de 2020.
A descarbonização também po-
de exigir a busca de novas formas
de transporte. A Gerdau anunciou
no ano passado um investimento
de R$ 3,2 bilhões na construção de
um mineroduto em Minas Gerais,
que transportará, com água, o mi-
“O desafio em se
tornar carbono
neutro até 2050
é que é preciso
descobrir uma nova
forma de fazer aço”
Guilherme Abreu
entre outros”, afirma o enge-
nheiro Felipe Barcellos, pesqui-
sador do Instituto de Energia e
Meio Ambiente (Iema).
45 mil
itens da Basf têm
mensuradas as suas
pegadas de carbono
A Biolements
tem parceria
com laboratório
da UFRJ para o
desenvolvimento
de bioprodutos, diz
Adriana Giacomin
o cofundador e diretor geral da
NetZero, Olivier Reinaud. Em
2021 a NetZero recebeu € 12
milhões de empresas como
Stellantis e L’Oreal e, este ano,
captou € 18 milhões com o fun-
do francês de impacto STOA.
A substituição do plástico tam-
bém atrai startups de fora. Uma
nério de ferro da mina em Ouro
Preto até a usina em Ouro Bran-
co, a 23 km dali. A previsão é que
o sistema comece a funcionar em
2026 e evite a emissão anual de 8
mil toneladas de CO2 ao substi-
tuir os caminhões, conta Nunes.
Em relação às tecnologias dis-
ruptivas para 2050, ela e Abreu
mencionam o uso do hidrogênio
verde para substituição do carvão
ou gás natural. O setor também
prevê a implementação da captura
e estoque de carbono. O processo
ocorre em fase experimental na
planta de Dunquerque, na França,
da ArcelorMittal, com a extração
do carbono e seu transporte, na
forma de gás, por dutos para arma-
zenamento em poços offshore. A
empresa também pesquisa na
Europa formas de tornar viável —
tanto do ponto de vista tecnoló-
gico como econômico — a utili-
zação do carbono liberado para a
produção de plástico ou etanol.
Mas tudo isso terá um preço. “O
que se diz é que a produção de aço
no mundo ficará, de forma geral,
30% mais cara quando a indústria
estiver descarbonizada, em 2050”,
afirma Abreu. Mas ele pondera:
“Eu particularmente não gosto
dessas estimativas, porque daqui a
Com meta de reduzir em 15%
as emissões de seus fornecedores
até 2030 em comparação com
2018, a Basf disponibiliza a eles
sua própria ferramenta, que
apura a pegada de carbono dos
cerca de 45 mil itens produzidos
para a multinacional. “Se as em-
presas oferecerem para nós os
produtos já calculados por nos-
sos critérios, conseguimos ofere-
cer uma pegada de carbono exa-
ta do nosso produto”, diz Cris-
tiana Xavier de Brito, diretora
delas é a argentina GrowPack, cu-
ja tecnologia baseada nos políme-
ros naturais lignina e celulose
permite que agricultores transfor-
mem biomassa (casca de milho)
excedente em embalagens susten-
táveis, explica o CEO e cofunda-
dor, Exequiel Bunge. A empresa,
criada em 2018, chegou ao Brasil
em 2021, atende marcas como
IFood e Ambev e recebeu este ano
aporte de US$ 2,2 milhões de fun-
dos como os corporativos Oxygea
(Braskem) e Irani Ventures (Irani).
A chilena Bioelements, por sua
vez, produz bioprodutos biode-
gradáveis e no Brasil, segundo a
country manager, Adriana Giaco-
min, mantém parceria com o La-
boratório BioInovar, da Universi-
dade Federal do Rio de Janeiro,
para teste, aprimoramento e de-
senvolvimento de soluções. A em-
Emissões da indústria no Brasil
Em milhões de CO2e*
180 168,8
150
140
100
72,6
60
33,5
1970 1983 2014 2022
Fonte: Instituto de Energia e Meio Ambiente, com dados do Seeg Brasil. *Exclui emissões indiretas referentes ao
uso de eletricidade
cinco anos a estimativa pode ser com energia limpa todos os pro-
outra.” Mesmo tecnologias já utili- cessos que forem possíveis e usa
zadas são mais caras. O executivo gás natural naqueles em que a
diz que a maior parte das unidades eletrificação não é possível.
da ArcelorMittal já tem instalações Mas a companhia também
para utilização do gás natural. adotou a estratégia de substituir
“Mas o custo atual inviabiliza a o gás natural por outros menos
produção do aço”, diz. Ele conta poluentes ou nada contaminan-
que no Brasil o preço está em torno tes. A troca começou no ano pas-
de US$ 16 por milhão de BTU (uni- sado com a utilização do biome-
dade de medida usada para definir tano na planta da Quartzolit em
a quantidade de calor necessária Queimados, no Rio de Janeiro. O
para alteração térmica). “Para se gás, originado do lixo urbano, é
tornar viável, o valor deveria cair utilizado na fabricação de placas
pelo menos pela metade.” de drywall e reduz, na fábrica, a
Para atingir o objetivo de 2050, emissão de CO2 em 870 tonela-
a Saint-Gobain tem como meta a das anuais. Segundo o executivo,
redução de 33% das emissões di- a multinacional também pesqui-
retas e do uso de energia elétrica sa a geração de energia a partir
em comparação com 2017 para da biomassa originária de pro-
todas as regiões de atuação. Para
o escopo 3, que inclui emissões da
dutos agrícolas. “Procuramos
opções disponíveis a baixo cus-
cadeia produtiva, o corte previsto to em todo o Brasil”, afirma.
é de 16%. “As projeções indicam Novas biomassas também es-
que o Brasil, mesmo com previ- tão na mira da Basf. “Estamos
são de crescimento de produção
acima da média global da em-
pesquisando diferentes alterna-
tivas para ver que fonte de ener-
presa, deve atingir os objetivos
antes do prazo”, afirma Javier Gi-
gia é mais adequada para cada
forma de produção”, diz Cristia-
meno, vice-presidente sênior do na Xavier de Brito, diretora de
grupo e CEO para a América Lati- relações institucionais e susten-
na. A empresa quer eletrificar tabilidade da companhia.
de relações institucionais e sus- nomia circular. Em São Bernardo
tentabilidade da companhia. do Campo, na região metropoli-
A distribuição também é alvo tana de São Paulo, a fábrica de
no combate às emissões. Em plásticos de engenharia, usados
2023, a multinacional lançou em setores como automotivo e
uma embalagem de papel para a eletroeletrônico, compra a sobra
Suvinil, o que reduz o número de de material do processo fabril
viagens de caminhões necessá-
rias para transportar o produto.
Também foi cortada a quantida-
dos seus clientes e a utiliza na
produção. A empresa tem meta
global de neutralidade líquida de
de de matérias-primas das tintas, emissões até 2050, com redução
para redução de 65% da pegada de 25% de emissões equivalentes
de carbono da cadeia produtiva. de CO2 dos escopos 1 e 2 até
Outra estratégia vem da eco- 2030, sobre 2018. (CP)
DIVULGAÇÃO
presa recebeu em 2023 investi-
mento de private equity do BTG
ra valorizar a capacidade de se-
questro de carbono pelo capim.
Pactual de US$ 30 milhões. “Das 150 mil fazendas ativas, 27%
A pecuária também está em fo- já estão envolvidas em serviços
co. A Danone do Brasil criou o pro- ambientais, com receita extra de
grama de inovação aberta Fermen-
ta Impacto+ e selecionou cinco
até 30%”, diz o CEO, Danilo Leão.
A iniciativa gerou a empresa irmã
startups, entre elas a HY Sustentá-
vel, cujo biodigestor baseado em
BovChain, com plataforma ba-
seada em tecnologia blockchain.
esterco pode ajudar a companhia a A americana Brimstone, sele-
atingir meta de reduzir em 30% as cionada em março para receber
emissões de metano do leite fres- US$ 189 milhões do Departa-
co até 2030, segundo a gerente mento de Energia do governo
de sustentabilidade, Taísa Costa. dos Estados Unidos para seu sis-
É do setor que vem a startup tema de descarbonização de ci-
brasileira mais globalizada, a mento, colocou indiretamente o
BovControl, com sede nos Esta- Brasil em destaque global graças
dos Unidos. Seu primeiro produ- a seu vice-presidente de ciência
to para o agro foi o monitora- de materiais e tecnologia, o bra-
mento de gado para pecuaristas. sileiro Marcelo de Olliveira,
Depois do monitoramento de ca- apontado como um dos cem lí-
deia de suprimentos para gran- deres mais influentes do clima
des indústrias, criou um meio pa- em empresas pela revista “Time”.
INÊS249 Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 | Valor | F5
F6 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Especial Mudanças climáticas
Agricultura Novas ferramentas tornam produção mais sustentável e reduzem emissões da atividade
Desafio do campo é disseminar tecnologia
Lauro Veiga Filho
Para o Valor, de Cuiabá
A agricultura brasileira dispõe
de tecnologias para liderar o pro-
cesso de transição para sistemas
mais sustentáveis, reduzindo
emissões por meio de recupera-
ção de áreas degradadas, fixação
biológica de nitrogênio no solo,
plantio direto na palha, maior
uso de insumos biológicos e re-
dução da idade de abate de bo-
vinos, entre outras práticas. Os
principais desafios estão na re-
dução do desmatamento ilegal
e na ampliação e disseminação
daquelas tecnologias, disponí-
veis principalmente no Plano
de Agricultura de Baixa Emissão
de Carbono (Plano ABC+).
“Será preciso garantir que to-
dos os produtores tenham acesso
e condição de adotar tais tecno-
logias, já que um número enor-
me deles está à margem desse
processo”, afirma João Adrien,
membro do grupo executivo da
Coalizão Brasil Clima, Florestas e
Agricultura e head de ESG agro
do Itaú BBA, lembrando que o úl-
timo Censo Agropecuário indi-
cou que 70% do valor bruto da
produção no setor são gerados
por apenas 2% dos produtores.
Em um experimento conduzi-
do a campo entre outubro de
2022 e julho de 2023, em parce-
ria com a Associação Brasileira
de Criadores de Zebu (ABCZ),
com 147 bovinos de alta linha-
gem genética, a Embrapa Cerra-
dos demonstrou a possibilidade
de redução de emissões de meta-
no entre 16% e 22% com a aplica-
ção de protocolos já desenhados
pela própria empresa desde
2020. “Sem qualquer investi-
mento extravagante, se o produ-
Projetos de hidrogênio
verde se espalham no país
Erivelto Tadeu
Para o Valor, de São Paulo
O Brasil é um dos países que
reúnem as condições mais favorá-
veis para produzir em larga escala
o chamado hidrogênio verde
(H2V) e alcançar o protagonismo
global na condução da transição
das tecnologias energéticas ba-
seadas em combustíveis fósseis
para as renováveis. Além de pri-
vilegiado por ter fontes limpas
de geração de energia, como
água, vento e incidência solar, o
país é rico na produção de bio-
massa, o que pode diferenciá-lo
na produção do combustível.
Dados da Empresa de Pesquisa
Energética (EPE), vinculada ao
Ministério de Minas e Energia, in-
dicam que o Brasil tem potencial
para produzir até 1,8 gigatonela-
da de hidrogênio por ano. Se for
considerado apenas o potencial
de produção a partir de fontes re-
nováveis onshore, esse potencial
cai para 18 megatoneladas/ano.
Mesmo assim, esse volume já re-
presenta aproximadamente 20%
da produção global atual de H2V,
diz Felipe Gonçalves, superinten-
dente de pesquisa da FGV Ener-
gia, centro de estudos mantido
pela Fundação Getulio Vargas.
Atualmente, existem ao menos
15 plantas-piloto de hidrogênio
verde no país ou em processo de
implantação, a maioria delas volta-
da à produção a partir da eletrólise
da água, que utiliza eletricidade de
fontes renováveis, como solar, eóli-
ca e hidrelétrica. A região Nordeste
é a que concentra o maior número
de projetos para produção de hi-
drogênio de baixo carbono. O Cea-
rá, por exemplo, congrega cerca de
seis projetos relacionados ao de-
senvolvimento do H2V. O de
maior destaque é o Hub de Hi-
drogênio Verde do Complexo do
Pecém, criado em 2021 por meio
de uma joint venture entre gover-
no do Ceará e o porto de Roterdã,
o maior e principal da Europa.
Outro Estado da região que
tem concentrado projetos de de-
senvolvimento de hidrogênio
verde é Pernambuco, que já conta
tor fizer tudo bem feito, seria
possível reduzir emissões de CH4
[metano] pelo rebanho naquelas
mesmas proporções, com ga-
nhos de rentabilidade”, sustenta
a pesquisadora Giovana Maciel,
da Embrapa Cerrados, sediada
em Brasília. O trabalho indicou
ainda um potencial de ganho de
peso entre 27,4% e 36,1% em re-
lação ao grupo de controle.
A Agência Paulista de Tecno-
logia dos Agronegócios (Apta
SP), por meio do recém-instala-
do Centro de Ciência para o De-
senvolvimento da Neutralidade
Climática da Pecuária de Corte
em Regiões Tropicais (NeuTro-
Pec), desenvolve pesquisas sobre
técnicas para otimizar a fer-
mentação entérica de bovinos e
reduzir emissões. “O objetivo
principal é que essas tecnolo-
gias possam ser aplicadas em
uma ampla gama de escalas de
produção, desde pequenos
criadores e produtores de leite
até grandes fazendas de pecuá-
ria”, afirma Carlos Nabil Gho-
bril, coordenador da agência.
Primeiro do gênero na Améri-
ca Latina, o NeuTroPec desenvol-
ve plataformas baseadas em
mensuração de emissões de me-
tano e de outros gases do efeito
estufa, balanço de carbono em
sistemas de produção a pasto,
desenvolvimento de tecnologias
de nutrição, entre outros, de
acordo com Renata Helena
Branco Arnandes, doutora em
zootecnia e coordenadora do
centro, que iniciou seus traba-
lhos em setembro de 2023.
Na agricultura, novos equipa-
mentos são mais sustentáveis. O
número de drones utilizados na
pulverização de lavouras já se
aproxima de 10 mil, ou mais de
com quatro plantas-piloto. Uma
delas é o centro de testagem Te-
chHub, do Complexo Industrial
Portuário do Suape, que vai de-
senvolver tecnologias destinadas
à produção de H2V. Inicialmente,
o TechHub vai selecionar projetos
de empresas instaladas no com-
plexo industrial interessadas em
criar tecnologias para geração de
hidrogênio de baixo carbono.
Numa segunda etapa, também
serão aceitas propostas externas.
“O conceito do TechHub não é a
produção em larga escala de hi-
drogênio verde. O centro vai atuar
com plantas-piloto que possam
ser desenvolvidas e que, após atin-
girem a maturidade e passarem
por análise de viabilidade técnica,
poderão ser aplicadas em grande
escala”, explica o diretor-presi-
dente de Suape, Marcio Guiot.
O potencial e as oportunida-
des que poderão ser abertas pelo
hidrogênio verde têm atraído
também o interesse de outras re-
giões, com usinas que usam uma
variedade de processos que não
apenas a eletrólise da água. Em
Toledo, no Paraná, a Me Le Biogás
Brasil desenvolve o projeto de
uma usina de biometano para
produzir hidrogênio de baixo
carbono usando resíduos da ca-
deia de produção e industrializa-
ção de proteína animal — suínos,
aves, gado leiteiro e piscicultura.
De acordo com Neudi Mosco-
ni, sócio administrador da com-
panhia, a expectativa é que a pri-
meira fase do programa possa al-
cançar uma produção local de
aproximadamente 55 mil metros
cúbicos de biometano por hora,
que serão transportados por ga-
sodutos até uma central com
potencial de produzir mais de
3,3 toneladas por hora de H2V.
A primeira fábrica do combus-
tível a entrar em operação no país
15
é a quantidade de
plantas-piloto de H2V
INÊS249
Biodigestor da Tupy, cujo projeto no Paraná deve gerar biogás equivalente ao diesel utilizado por 33 caminhões
quatro vezes o total de 2,3 mil
aviões agrícolas em operação,
segundo Rafael Moreira Soares,
pesquisador da Embrapa Soja.
A unidade, sediada em Londri-
na (PR), já realizou quatro sa-
fras testes com a aplicação de
fungicidas, inseticidas e herbi-
cidas por meio de drones.
Além de evitar o contato dire-
10 litros
de água são gastos
na pulverização com
drones por hectare
fica na divisa dos Estados de Mi-
nas Gerais e Goiás, instalada na
usina hidrelétrica de Itumbiara,
da Eletrobras. Construída em
2021, em parceria com a startup
BGEnergy, a planta atingiu a pro-
dução acumulada de 2 toneladas
de H2V no ano passado, o maior
volume já atingido por uma in-
dústria dessa natureza no Brasil.
Recentemente, a Eletrobras as-
sinou um memorando de enten-
dimento com o braço no Brasil
da Paul Wurth, de Luxemburgo,
para colaboração no mercado de
produção e utilização de hidro-
gênio renovável em processos in-
dustriais. “O hidrogênio verde
desempenha um papel impor-
tante que vem se somar à geração
hidrelétrica no fornecimento de
energia limpa, sendo uma fonte
com potencial de uso diverso pa-
ra uma significativa redução das
emissões de carbono e o desen-
volvimento de uma economia
mais sustentável”, defende o vi-
ce-presidente de comercializa-
ção e soluções em energia da
companhia, Ítalo de Freitas.
A Engie ainda não tem plantas
de H2V, mas planeja desenvolver
4 GW de capacidade instalada
até 2030, sendo 1 GW no país. “O
Brasil terá disponibilidade de
recursos renováveis 17 vezes
maior que sua demanda em
2050 e aqui podemos aproveitar
as infraestruturas já existentes
nos polos industriais [portos,
dutos de transporte de gás, ter-
minais etc]”, diz Maurício Bähr,
CEO da companhia no Brasil.
A empresa firmou memorando
de entendimento com o governo
cearense para estudar projetos em
Pecém com foco na exportação de
hidrogênio e amônia verdes, mas
também avalia o uso para a indús-
tria local, como de químicos, aço e
mineração, e oportunidades na
Bahia, em Minas Gerais e no Para-
ná. “É muito mais vantajoso usar a
sua [do Brasil] abundância de
energias renováveis não para ex-
portar um insumo, mas, sim, pro-
duzi-lo e usá-lo localmente,
atraindo unidades industriais de
setores intensivos”, afirma Bähr.
to de aplicadores com o agrotó-
xico, o equipamento consume
10 litros de água por hectare.
Aviões consomem 15 vezes mais.
Os drones também evitam o
amassamento da lavoura — co-
mo ocorre com tratores, que
provocam perdas de 4% no volu-
me colhido, acrescenta Soares.
Numa parceria com a Primato
Cooperativa Agroindustrial, do Pa-
raná, a Tupy investe na instalação
de uma bioplanta em Ouro Verde
do Oeste (PR). Com construção re-
vista em duas etapas, com a pri-
meira já em implantação, a planta
vai processar diariamente perto
de 1 milhão de toneladas de de-
jetos gerados por 67 mil suínos
de 27 propriedades próximas a
Marcos Andrade, da Mercedes-Benz: processo de criogenia para manter hidrogênio nos tanques sem vazamento
Montadoras ampliam testes com H2V
De São Paulo
Apontado como a alternativa
mais sustentável e eficaz para a
descarbonização do transporte, o
hidrogênio verde (H2V) já come-
ça a ser testado como combustí-
vel para veículos. O foco inicial
das montadoras tem se concen-
trado no transporte rodoviário
de cargas, hoje responsável por
grande parte das emissões veicu-
lares dos gases de efeito estufa.
A Volvo e a Mercedes-Benz,
duas das maiores fabricantes
globais de caminhões, já vêm
realizando testes com células de
combustível alimentadas por hi-
drogênio em operações reais há
pelo menos um ano, e a expecta-
tiva das montadoras é que os pri-
meiros veículos estejam trafe-
gando por ruas e estradas do
mundo até o fim da década.
A Volvo já fornece caminhões
elétricos na Europa e Estados Uni-
dos, porém do tipo convencional a
bateria. A ideia com os testes foi
avaliar o uso das células de com-
bustível alimentadas por hidrogê-
nio para gerar energia e alimentar
motores elétricos dos caminhões.
DIVULGAÇÃO
Toledo, na região oeste do Para-
ná, gerando energia elétrica, bio-
fertilizantes e biocombustíveis.
De acordo com Fernando Ces-
tari de Rizzo, CEO da Tupy, deve-
rão ser produzidos em torno de
12 mil metros cúbicos por dia
de biogás, o que deve ser sufi-
ciente para substituir o consu-
mo de diesel de 33 caminhões.
“Além do biogás e seus deriva-
dos, como biometano e dióxido
de carbono (CO2) renovável, essa
operação produzirá mais de 10
mil toneladas de fertilizante or-
ganomineral”, acrescenta o exe-
cutivo. Em sua estimativa, quan-
do incluída uma outra bioplanta,
em Minas Gerais, para tratamen-
to de dejetos de aves poedeiras,
“Além de não emitir poluentes du-
rante a operação, já que o único
‘resíduo’ gerado no processo é va-
por de água, os veículos apresen-
taram autonomia comparável à de
muitos caminhões a diesel, que é
de até 1.000 km”, diz Alan Holz-
mann, diretor de estratégia de
produto - caminhões da Volvo.
As células de hidrogênio em ca-
minhões elétricos também foram
a aposta da Mercedes-Benz em tra-
jetos de longa distância. Para os
testes, a montadora instalou em
um caminhão GenH12 duas célu-
las de combustível de hidrogênio
líquido de 40 kg cada uma, com
capacidade de gerar 300 kW de
eletricidade. Segundo a empresa,
por utilizar hidrogênio líquido
feito a partir de biometano, é pre-
ciso que ele seja mantido a uma
temperatura de 253°C negativos.
Para isso, utilizou dois tanques
com capacidade de 40 kg.
“Manter o hidrogênio líquido
dentro de um tanque é um desa-
fio tecnológico muito grande
porque há o risco de vazar por
dentro das moléculas. Foi feito
um tratamento especial nas pa-
redes dos tanques e um processo
será possível reduzir emissões
num volume aproximado de 63
mil toneladas de CO2-equivalen-
te ao ano, comparável, segundo
o executivo, ao plantio anual de
mais de 500 mil árvores.
A aplicação de sistemas de bio-
digestão em granjas, aponta Yuri
Schmitke, presidente da Associa-
ção Brasileira de Recuperação
Energética de Resíduos (Abren),
está cada vez mais integrada ao
negócio de grandes produtores.
“A biodigestão de resíduos agrí-
colas e pecuários teria potencial
para até 160 terawatts/hora, re-
presentando 25% da demanda
elétrica do país, ou 145% da de-
manda de combustível”, afirma,
citando projeções da Empresa
de Pesquisa Energética (EPE).
Grandes empresas de consu-
mo também buscam mitigar as
emissões de seus produtos, co-
mo a Nestlé, que lançou em
2003, em parceria com a Rainfo-
rest Alliance, o Programa Nes-
presso AAA de Qualidade Sus-
tentável. O projeto inclui cerca
de mil fazendas de café em Mi-
nas Gerais, de acordo com Da-
niel Motyl, gerente regional do
programa. “Até 2030, nosso ob-
jetivo é obter pelo menos 95%
de café regenerativo”, afirma.
A primeira etapa do progra-
ma envolve a promoção de prá-
ticas e soluções naturais, com
uso de compostagem, cobertu-
ra do solo, insumos biológicos
e fertilizantes orgânicos, com
assistência de agrônomos da
Nespresso. O segundo passo
envolve o plantio de árvores
nativas dentro e no entorno
das fazendas para sequestro de
carbono, seguido pelo estímu-
lo à proteção de ecossistemas
naturais ao redor dos cafezais.
DIVULGAÇÃO
de criogenia muito cuidadoso”,
explica Marcos Andrade, gerente
sênior de marketing de produto
da Mercedes-Benz do Brasil.
No Brasil, os testes com hidro-
gênio renovável como combustí-
vel para veículos ainda estão em
estágio preliminar. Na verdade,
existe apenas um projeto, que
vem sendo desenvolvido por
meio de uma parceria entre Shell
Brasil, Raízen, Neuman & Esser
Hytron, Universidade de São Pau-
lo e Cetiqt, braço em inovação em
biossintéticos e fibras do Senai.
A planta-piloto, que estava pre-
vista para começar a funcionar no
ano passado, só deve entrar em
operação no segundo semestre. Os
ensaios para avaliar o biocombus-
tível a partir do etanol serão reali-
zados em um carro elétrico movi-
do a hidrogênio da Toyota e em
três ônibus do transporte público
de São Paulo, que vão circular ape-
nas na USP. Eles serão adaptados
com motores equipados com célu-
las de combustível para operar
com hidrogênio. A tecnologia pa-
ra conversão do etanol em hidro-
gênio vem sendo desenvolvida pe-
la Neuman & Esser Hytron. (ET)

Especial Mudanças climáticas
Transportes Da eletrificação ao HVO, alternativas
testadas para substituir combustíveis fósseis
precisam manter o desempenho dos veículos
Descarbonização de
veículo pesado requer
conjunto de soluções
Cláudio Marques
Para o Valor, de São Paulo
Os segmentos de transporte
comercial de carga e de passagei-
ros atuam para encontrar as rotas
de descarbonização mais ade-
quadas para cada um de seus mo-
dais. “Não há apenas uma tecno-
logia. Existem diferentes solu-
ções possíveis”, diz Carlos Líbera,
especialista em transportes pesa-
dos da consultoria Bain. Para
equalizar custo e desempenho,
esses caminhos podem levar à
eletrificação ou uso de biocom-
bustíveis, HVO, biogás, biometa-
no, metanol e hidrogênio verde ,
dependendo do tipo de veículo.
O setor de transportes, incluin-
do automóveis, responde por 15%
das emissões globais de CO2, de
acordo com dados do Painel Inter-
governamental sobre Mudanças
do Clima (IPCC). Desses, 10 pontos
percentuais vêm do transporte ter-
restre. No Brasil, dados do Sistema
de Estimativas de Emissões e Re-
moções de Gases de Efeito Estufa
(SEEG) apontam que, em 2022, os
transportes emitiram 216,9 mi-
lhões de toneladas de CO2 equiva-
lente, menos de 10% das 2,3 bilhões
Cenário põe carro
híbrido flex no
radar das fábricas
De São Paulo
A Associação Brasileira de Veí-
culos Elétricos (ABVE) estima
que as vendas dos eletrificados
(elétricos e híbridos) vão aumen-
tar neste ano. “Devem chegar a
150 mil unidades, ante 94 mil co-
mercializadas em 2023”, diz o
presidente da entidade, Ricardo
Barros. Confirmada a estimati-
va, a participação de mercado
desses veículos subiria de 6% no
ano passado para 8% em 2024.
Os números sinalizam o avanço
comercial desse tipo de automó-
vel, em um movimento passível de
ganhar mais tração em razão de
investimentos bilionários anun-
ciados pelas montadoras, que pas-
sam a mirar no híbrido flex, sem
abandonar o elétrico, refletindo
razões econômicas e estratégicas e
também para cumprir exigências
de descarbonização e de redução
da emissão de poluentes do setor.
A oitava fase do Programa de
Poluição atmosférica mata 7 milhões de pessoas por ano
De carro velho
Idade média da frota, em %*
Caminhões Ônibus
56,2
48,4
22,9 20,9
Até 5 anos Mais de 5 até
15 anos
Fonte: Sindipeças. *2022
de toneladas de CO2 lançadas na at-
mosfera pelo país ao longo do ano.
O professor Marcio D’Agosto, do
Programa de Engenharia de Trans-
portes da Coppe, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
diz que o uso de motores elétricos
se presta melhor para o transporte
de entregas “last mile” (última mi-
lha, ou a entrega final das merca-
dorias) em grandes centros urba-
nos. “Ele funciona como gerador e
realimenta as baterias. Quanto
mais ‘anda e para’ houver, melhor
para recarregá-las”, explica. Nor-
malmente, acrescenta, nesse tipo
de entrega se roda cerca de 100
km/dia, uma distância possível pa-
ra os limites atuais de autonomia
das baterias. E o recarregamento
total pode ser feito à noite.
“Precisamos buscar
soluções mais
acessíveis e fáceis. E
a adição do biodiesel
é uma delas”
Flavio Ribeiro
Controle de Emissões Veiculares
(Proconve) vai entrar em vigor no
próximo ano e passará a exigir me-
tas corporativas das montadoras, a
fim de reduzir progressivamente a
produção de gases poluentes até
2029. Isso significa que, se a com-
panhia vender um carro com emis-
sões acima da média, terá que ven-
der outro que esteja abaixo para se
manter dentro dos parâmetros.
Marcelo Bales, gerente de ava-
liações de emissões veiculares da
Companhia Ambiental do Estado
de São Paulo (Cetesb), diz que
apesar do aumento da frota — são
mais de 32 milhões de veículos no
Estado, segundo o IBGE — as
emissões totais vêm caindo, por-
que o Proconve estabelece limi-
tes cada vez mais restritivos e a
indústria vem adotando tecno-
logias para reduzir os índices.
Já o Programa Mover visa au-
mentar a descarbonização da frota
e estimular a produção de novas
tecnologias. Lançado no fim de
28,7
2,16
22,9 milhões
de caminhões e
387 mil ônibus
circulam* no
Mais de 15 anos Brasil
Edilson Dantas
Para os grandes caminhões, há
necessidade de baterias maiores
e mais potentes para percorrer
grandes distâncias e transportar
cargas pesadas e de uma grande
infraestrutura de carregamento.
Marcel Martin, diretor-geral no
Conselho Internacional sobre
Transporte Limpo (ICCT), afirma
que o grande desafio dos pesa-
dos é a recarga. “O carregador
tem que ser muito mais tecnoló-
gico, para prover mais energia
em um tempo de recarga mais
otimizado”, diz. Ônibus de lon-
ga distância têm os mesmos de-
safios dos caminhões, mas os
elétricos são viáveis no trans-
porte urbano de passageiros.
Segundo Martin, outras opções
são biogás, biometano, biodiesel e
HVO, o óleo vegetal hidrotratado.
Este, além de reduzir as emissões, é
“drop in”, ou seja, não requer alte-
rações nos motores — justamente
o tipo de solução mais almejado
pela aviação e navegação, segmen-
tos que têm mais dificuldades para
substituir os combustíveis atuais,
por precisarem de grandes quanti-
dades de energia. “O que se imagi-
na é que vão absorver combustí-
veis renováveis, permitindo que
Carro novo
Emissões médias dos principais poluentes caem em 20 anos
Emissões médias em g/km. Medições de gasolina, etanol e flex realizadas em veículos leves; de diesel, em caminhões
semileves, leves, médios, semipesados e pesados e em ônibus urbanos e rodoviários e em micro-ônibus
Ano Combustível
2003 Diesel
Etanol
Flex-etanol
Flex-gasolina
Gasolina
2022 Diesel
Flex-etanol
Flex-gasolina
Gasolina
0,08 g/km
é o limite atual de emissões atuais
para carros de passeio
Fontes: Cetesb, Proconve e Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços. *Não divulgado
2023, prevê incentivos fiscais para
empresas do ramo automotivo
que investirem em sustentabilida-
de e cumprirem obrigações a fim
“Se continuarem
com modelos
desatualizados, vão
perder espaço”
Henry Joseph Jr.
Erikson Resende
Para o Valor, de Bela Vista
do Paraíso (PR)
Todos os anos, o equivalente a
quase a população da cidade do
Rio Janeiro morre em decorrên-
cia da poluição atmosférica. São 7
milhões de mortes no mundo
que poderiam ser evitadas, se-
gundo a Organização Pan-Ameri-
cana da Saúde (Opas) se o ar não
estivesse contaminado. E uma
das principais causas dessa polui-
ção são as emissões provenien-
tes de motores a diesel que equi-
pam os ônibus e caminhões que
circulam nas grandes cidades.
“Os caminhões, carretas e ôni-
bus são responsáveis por 80% das
emissões atmosféricas na região
metropolitana de São Paulo. Além
do CO 2 [dióxido de carbono], esses
INÊS249
Efeito estufa
Emissões globais* de gases responsáveis pelo aquecimento por setor da economia
4,7 Outros
1,1 Refino de petróleo
2,2 Emissões fugitivas de carvão
4,4 Emissões fugitivas de petróleo e gás
0,9 Outros
0,3 Navegação
doméstica
0,4 Trens
0,7 Aviação
doméstica
Transporte
1,1 Aviação
14,7%
internacional
1,3 Navegação
internacional
10 Transporte
terrestre
0,1 Outras
5,9 Não residenciais
11 Residenciais
0,1 Queima de biomassa
0,7 Gestão de estrume
0,75 Fertilizante sintético
Fonte: IPCC. *Soma não dá 100% por arredondamentos
aviões e navios continuem usan-
do as mesmas turbinas e os mes-
mos motores”, diz D’Agosto.
A Bunker One, comercializado-
ra de bunker, o combustível marí-
timo, e a Universidade Federal do
Rio Grande do Norte (UFRN) se
uniram para testar a viabilidade
do uso de biodiesel em embarca-
ções. O produto era composto
por 50% de resíduos animais (se-
bo suíno ou gordura de porco) e
50% de óleo de cozinha usado. A
embarcação, um rebocador, foi
abastecida com uma mistura que
adicionou 7% de biodiesel ao
CO - monóxido de carbono HC - hidrocarbonetos
0,881
0,77
0,51
0,5
0,3
0,16
0,15
0,05
0,4 0,11
0,217 0,018
0,164 0,037
0,156 0,016
0,079 0,011
0,03 g/km
é para quanto as emissões devem cair
até 2029, para carros de passeio, e até
2031, para comerciais leves
de diminuir seu impacto ambien-
tal. Desde então, as montadoras
anunciaram investimentos bilio-
nários no país — o valor divulgado
pelo Ministério do Desenvolvi-
mento supera os R$ 107 bilhões.
“As empresas sabem que têm de
fazer os investimentos até para
manter a visibilidade do produto
delas no mercado. Se continuarem
com modelos desatualizados ou
que não tenham atratividade, vão
perder espaço”, afirma Henry Jose-
ph Jr., diretor-executivo da Asso-
veículos pesados também podem
emitir gases tóxicos, como os óxi-
dos de nitrogênio”, diz Carlos Laca-
va, gerente do Departamento de
Emissões Veiculares da Compa-
nhia Ambiental do Estado de São
Paulo (Cetesb). O último relatório
do grupo científico Global Carbon
Budget, divulgado pelo Global
Carbon Project há cinco meses, es-
tima que as emissões de CO2 pro-
venientes de combustíveis fós-
seis ultrapassaram 36,8 bilhões
de toneladas em 2023, uma alta
de 1,1% sobre o ano anterior.
No caso brasileiro, um agra-
vante é a idade da frota. Em 2022,
apenas 22,9% dos 2,16 milhões de
caminhões em circulação no país
e 20,9% dos 387 mil ônibus ti-
nham até cinco anos de idade, se-
gundo relatório do Sindicato Na-
cional da Indústria de Compo-
Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Energia
12,4%
Indústria
33,6%
Edificações
17%
Agricultura e
uso da terra
21,75%
bunker. O resultado mostrou que
o motor funcionou normalmente
e o consumo foi o mesmo. E hou-
ve redução de 2% nas emissões.
“No processo de transição
energética, precisamos, primei-
ramente, buscar as soluções mais
acessíveis e mais fáceis. E a adição
do biodiesel é uma delas. Não há
perda de eficiência”, diz Flavio Ri-
beiro, CEO da Bunker One. Aman-
da Gondim, professora de quími-
ca do petróleo da UFRN, explica
que, quanto maior for a adição de
biodiesel, maior será a redução
das emissões. Além do “drop in”,
NOx - óxidos nitrosos MP
6,387
0,09
0,14
0,04
0,12
n/d*
n/d*
0,001
0,12 0,001
1,447 0,012
0,007 0,002
0,007 0,003
0,007 0,001
R$ 107 bilhões
é o investimento para os próximos anos anunciado
pelas montadoras após o lançamento do Mover,
programa federal de estímulo à descarbonização
ciação Nacional de Fabricantes de
Veículos Automotores (Anfavea).
Apesar de não emitirem CO2 e
poluentes, os veículos elétricos,
vistos como parte da solução para
combater as emissões, enfrentam
dificuldades como falta de infraes-
trutura para recarga e custos mais
elevados. Em consequência, o hí-
brido flex ganha espaço. “É uma
solução positiva para o mercado
brasileiro, porque não tem o mes-
mo preço de um elétrico puro e
permite redução do nível de
nentes para Veículos Automoto-
res (Sindipeças). No caso dos ca-
minhões, 48,4% tinham de 6 anos
a 15 anos de uso, enquanto 28,7%
tinham acima disso. Para os ôni-
bus, os percentuais eram de
56,2% e 22,9%, respectivamente.
O problema é que veículos anti-
gos são menos eficientes e conso-
mem mais combustível, com efei-
to direto sobre as emissões e sobre
a saúde da população. “Um estudo
americano de 2014 demonstrou
que a mortalidade por infarto agu-
do do miocárdio, acidente vascu-
lar cerebral (AVC) e doenças respi-
ratórias aumenta quando a con-
centração de poluentes é maior”,
aponta o médico pneumologista
Felipe Souza, preceptor de pneu-
mologia do curso de medicina
da PUC em Londrina (PR).
Para especialistas, a renovação
| Valor | F7
Cimento 2,6
Resíduos 3,9
Química 6,3
Metais 7,8
Outras indústrias 13
Desmatamento e mudanças 11
de usos de terras e florestas
Fermentação entérica 5
Solos e pastagens 2,5
manejados
Cultivo de arroz 1,7
o setor de navegação também tes-
ta o uso de hidrogênio verde.
No transporte aéreo, o com-
bustível de aviação sustentável
(SAF) pode ser gerado a partir do
HVO, que pode ser utilizado para
fazer diesel verde e querosene
verde. A KLM informa em seu site
que cada voo de Amsterdã é abas-
tecido com uma mistura de com-
bustível que tem 1% de SAF. O ob-
jetivo é chegar a 10% até 2030. Se-
gundo a empresa, o SAF é de três a
quatro vezes mais caro que o que-
rosene de aviação, por não estar
disponível em grande escala.
RCHO - aldeídos
-
0,019
0,02
0,04
0,004
-
0,004
0,0009
n/d*
emissões”, afirma Joseph. Ainda
assim, as chinesas BYD e GWM se-
guem apostando nos elétricos.
Segundo o diretor de comunica-
ção da Toyota, Roberto Braun, o fato
deoBrasilteramplaestruturaparao
etanol, com 42 mil postos espalha-
dos pelo país que vendem o com-
bustível, é outro ponto positivo para
essa tecnologia. “Ela é sustentável,
pois combina a alta eficiência do
motor elétrico com as baixas
emissões do motor flex abasteci-
do com etanol”, afirma. (CM)
da frota é fundamental para a re-
dução das emissões. Algumas em-
presas já fazem testes com veículos
urbanos de carga elétrica em gran-
des cidades. A Kibon, por exemplo,
colocou, nos últimos dez meses, 25
veículos elétricos, entre cami-
nhões pequenos e vans, para fazer
a entrega dos produtos. Com a ini-
ciativa, a empresa reduziu em 5,6%
as emissões de CO2 de transporte.
A meta da empresa é alcançar
uma redução de 30% até 2026.
A adoção desses modelos por
empresas de logística e de trans-
porte urbano coletivo, porém, ain-
da é lenta. Em 2023, foram empla-
cados no Brasil 465 caminhões e
ônibus com motores elétricos,
apenas 0,5% do total de vendas de
veículos pesados, segundo a Asso-
ciação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores (Anfavea).
F8 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
Especial Mudanças climáticas
Energia Mercado livre, que estimula geração limpa, e autoprodução diminuem o peso da conta da luz
Renováveis reduzem emissões e custos
Roberto Rockmann
Para o Valor, de São Paulo
Com uma matriz elétrica basea-
da em hidrelétricas, eólicas e usi-
nas solares, que respondem por
cerca de 80% da geração de eletrici-
dade, o Brasil tem atraído investi-
mentos em fontes renováveis com
empresas buscando reduzir sua
pegada ambiental. Esse movimen-
to tem sido impulsionado pelo
avanço do mercado livre de ener-
gia elétrica, em que há incentivos
para a compra de energia limpa, e
da autoprodução, duas formas de
reduzir o peso da conta da luz. A
eletrificação da frota, tendência
que ganha espaço na Europa e Es-
tados Unidos, percorre caminho
diferente em razão do espaço que
o etanol e o biodiesel ocupam no
abastecimento de veículos no país.
Em 2016, após países terem fir-
mado no Acordo de Paris o com-
promisso de adotar ações para li-
mitar o aumento global de tempe-
ratura em 1,5°C, a Vivo divulgou
metas para reduzir suas emissões
até 2030. Em 2019, a operadora se
tornou a primeira empresa da
América Latina a ter uma operação
direta 100% neutra em carbono,
além de utilizar energia elétrica
100% proveniente de fontes reno-
váveis. “Agora estamos fortalecen-
do as ações com fornecedores que
são os principais emissores na ca-
deia”, afirma Joanes Ribas, dire-
tora de sustentabilidade da Vivo.
As soluções englobaram contra-
tos no mercado livre e aquisição de
certificados internacionais de
energia renovável, investimentos
em geração distribuída em usinas
solares, biogás e hídricas e auto-
produção, o passo mais recente.
“Em geração distribuída, temos 67
usinas conectadas e até o fim de
2024 devemos ter 90% do consu-
mo da baixa tensão atendido as-
sim”, diz Caio Guimarães, diretor
de patrimônio da operadora.
Em 2023, a empresa fez parceria
com a Elera, que a partir do Com-
H2V pode eliminar
carvão da siderurgia
De São Paulo
Uma iniciativa para descarboni-
zar a indústria siderúrgica, que
responde por cerca de 5% das
emissões de poluentes globais, de-
verá começar a funcionar em 2025
na Suécia. A startup H2 Green Ste-
el prevê produzir aço utilizando
hidrogênio verde (H2V) em seu
processo, o que representaria re-
dução de 95% nas emissões de CO2
em relação aos altos-fornos que
queimam carvão. Com financia-
mento de € 6 bilhões, o projeto é
considerado o de maior escala no
segmento de H2V no mundo.
Na sua primeira fase, produzirá
2,5 milhões de toneladas de aço
verde. A segunda fase produzirá 5
milhões de toneladas por ano. Até
2040, a expectativa é de redução
de 300 milhões de toneladas de
CO2. A siderúrgica tem contratos
de venda com duração de cinco a
sete anos com clientes do setor au-
tomobilístico e agrícola.
O hidrogênio verde desponta
como promissor combustível da
transição energética, mas enfren-
Lentidão de mudanças incomoda executivos das empresas
Análise
António Farinha e Diego Garcia
De São Paulo
Os eventos climáticos dos últi-
mos anos são prova de que a popu-
lação global terá de se adaptar a
novas realidades ambientais. Para
isso, a transição energética é uma
das principais alavancas para re-
duzir o impacto das ações huma-
nas, e o papel das corporações é
particularmente importante nesse
esforço. Não só pelo investimento
a ser feito, mas principalmente pa-
ra manter o equilíbrio entre garan-
tir o futuro para as próximas gera-
ções e proteger o bem-estar das
plexo Solar Janaúba, em Minas Ge-
rais, destinará quatro parques so-
lares que somam 237 MWp para
atender mais de 75% do consumo
no mercado livre da Vivo, que se
torna autoprodutora de energia.
“A estratégia de ter energia renová-
vel é ter custo competitivo e menor
impacto ambiental. Além disso,
temos várias iniciativas para me-
lhorar a eficiência energética
dos processos”, diz Guimarães.
Contando com pouco mais de
5.000 veículos, a empresa tem ele-
trificado parte da frota: 200 carros,
a partir de uma parceria com a Re-
nault. O custo dos elétricos ainda
não é competitivo, e a infraestrutu-
ra é uma barreira; faltam estações
de recarga pelo país. Outro ponto é
a matriz energética brasileira: boa
parte da frota do país é abastecida
por etanol. “Estamos fazendo tes-
tes com os elétricos, mas o etanol
torna isso diferente por exemplo
da Europa”, afirma Guimarães.
O mercado livre e a autoprodu-
ção têm menos encargos setoriais,
que podem responder por mais de
20% da conta de luz. Desde janeiro,
todas as empresas ligadas a baixa e
alta tensão ganharam a possibili-
dade de migrar para o ambiente li-
vre. Um dos destaques tem sido o
setor de saneamento, cujo consu-
mo de energia nesse mercado au-
mentou 23,5% nos 12 meses en-
cerrados em março, segundo a
Associação Brasileira das Comer-
cializadoras de Energia Elétrica.
Maior concessionária privada de
saneamento do país, a Aegea possui
cerca de 72% de seu consumo ener-
Eólicas, parques
centralizados e
usinas de geração
solar distribuída
somam 30% da
eletricidade do país
ta barreiras. Hoje dois grandes
desafios são custo e pegada hídri-
ca. O processo, a partir da eletró-
lise de água com o uso de energia
gerada por fontes renováveis, é
considerado caro, estimado em
US$ 6 por kg — mas segundo es-
tudo da Agência Internacional de
Energias Renováveis (Irena), es-
se valor pode cair para US$ 1 a
US$ 2 por kg na década de 2030.
Outro entrave é seu transporte,
que pode ser feito de três princi-
pais formas: como gás (compri-
mido), liquefeito ou através de
um outro produto químico, co-
mo amônia ou metanol.
No Brasil, a indústria siderúrgi-
ca começa a analisar oportunida-
des. Um exemplo está na Arcelor
Mittal, que anunciou em 2022 a
compra da Companhia Siderúrgi-
ca do Pecém por US$ 2,2 bilhões.
Além de ampliar sua produção no
Brasil, a aquisição teve na energia
um de seus pilares, com a intenção
de capitalizar investimentos de
terceiros para formar um hub de
eletricidade limpa e de hidrogênio
verde em Pecém (CE). (RR)
atuais. Para atingir o “net zero” até
2050, a Agência Internacional de
Energia (IEA) estima investimento
de US$ 4,6 trilhões por ano até
2030 por parte das companhias.
O avanço na descarbonização
acontece de forma distinta em ca-
da região. A Europa segue uma po-
lítica ambiental ambiciosa, sem
deixar de questionar sua competi-
tividade em relação a outras eco-
nomias. O Brasil, com sua matriz
energética que é uma das mais
limpas do mundo, está posiciona-
do à frente da maioria dos países.
Segundo a IEA, as emissões brasi-
leiras associadas à energia são de 2
toneladas de CO2 per capita e de 35
tCO2/TJ de energia consumida,
INÊS249
gético negociado no mercado livre,
com planejamento de atingir 81%
até 2025, além de 13% já alocados
em contratos de geração distribuída
(GD). A empresa investe ainda em
geraçãoprópria,comfontessolarfo-
tovoltaica e eólica, e GD solar. “As
usinas dos atuais 32 projetos de ge-
ração distribuída somam capacida-
de de geração de aproximadamente
14milWh/mês,equivalenteaoaten-
dimento de cerca de 90 mil residên-
Vasta dependência
Produtos derivados de petróleo são parte do dia a dia
Tipo de uso do petróleo
Resultado de óleo cru e petroquímicos, é
usada em veículos
Caminhões, máquinas agrícolas e geradores
de energia
Abastece pequenas e grandes aeronaves
Usado em navios. Mais denso e menos refinado
que outros combustíveis, emite mais CO2e
Pavimento de ruas, avenidas, estradas etc.
Calor para residências e pequenos comércios
Propano e butano usados em sistemas de
aquecimento ou fogão
Petroquímicos usados para embalagens,
tecidos, pneu, tinta, plástico etc.
Demanda mundial por setor, em %
50
49,24
40
30
20
12,12
10
Transporte Petroquímicos
indústrias
Uso do petróleo como fonte primária de energia no mundo, em %
93,4
1965
74% é quanto os dez maiores produtores de petróleo do mundo, entre eles o Brasil, detêm da produção mundial
Maiores consumidores de petróleo do mundo, em %
Canadá
2
EUA
20
Brasil
Fontes: U.S. Energy Information Administration, International Energy Statistics, Canadian Association of Petroleum Producers, Visual Capitalist, Opep e Statista
bem abaixo da média global de,
respectivamente, 4,3 tCO2 per ca-
pita e 54 tCO2/TJ. O país tem ainda
um enorme potencial como su-
pridor global de energias limpas,
como biocombustíveis, geração
elétrica renovável e hidrogênio.
Uma das principais dificuldades
para a transição energética é bus-
car soluções para que todos os paí-
ses possam crescer a partir de fon-
tes confiáveis, sustentáveis e com
custo competitivo. Em nossa expe-
riência, testemunhamos a preocu-
pação das empresas diante da
complexidade do desafio. Levan-
tamento recente da Bain mostra
que mais de 80% dos executivos
brasileiros reconhecem os avan-
cias, e estão em operação ou em
implementação em 11 Estados do
Brasil”, diz Fernando Humphreys,
diretor de engenharia da Aegea.
“Há uma obsessão por descar-
bonização”, afirma o presidente da
Associação Brasileira da Indústria
do Vidro (Abividro), Lucien Bel-
monte. A Cebrace, joint venture
entre a francesa Saint-Gobain e a
japonesa NSG/Pilkington para
produção de vidros planos, vai
Derivado
Gasolina
Diesel
Combustível de aviação
Combustível pesado
Asfalto
Combustível leve
Gás líquido
Outros
10,89
8,5
Outras
Residencial/
comercial/
Aviação
agricultura
87,7
1985
Alemanha
2 tar, o que trará impacto sobre o
Arábia
Saudita
3
3
ços de suas organizações em ESG,
mas estão insatisfeitos com sua
velocidade de transformação.
Para mudar essa situação, é ne-
cessária uma mistura de visão e
pragmatismo. Identificamos três
perguntas que podem ajudar as
organizações a determinar seu
propósito e lidar com barreiras:
1) Que bem trazemos ao mun-
do e qual nosso propósito como
empresa? É importante ancorar
planos de longo prazo no impac-
to único sobre consumidores, co-
laboradores e comunidades. O
debate sobre iniciativas de sus-
tentabilidade deve abordar o
orgulho de trazer resultados e
gerar impacto na sociedade.
substituir parte do consumo de sua história, as duas fontes mal
gás natural dos fornos da fábrica chegavam a responder por 0,5%.
de Jacareí (SP) por biometano, um Já a produção de biogás mais
gás natural renovável obtido atra- que duplicou nos últimos anos.
vés da purificação do biogás. Ao todo, foram produzidos 2,88
Esse movimento tem contri- bilhões de metros cúbicos/ano
buído para a diversificação da para aproveitamento energético
matriz. Eólicas, parques centrali- em 2022, alta de 110% em rela-
zados e GD solar respondem por ção a 2018, de acordo com le-
30% da geração de eletricidade no vantamento de mercado do Cen-
Brasil — em 2001, quando o país tro Internacional de Energias
viveu o maior racionamento de Renováveis e Biogás (CIBiogás).
Fósseis
Participação, em % geram 80%
da energia
42,7
do mundo
27,4
5,8
De São Paulo
5
A transição energética implica a
redução do uso do petróleo em
4
um mundo cuja dinâmica se alte-
rou nas últimas duas décadas,
3
com o avanço de nações emergen-
tes cuja renda per capita e padrão
2 de consumo ainda estão abaixo
das economias desenvolvidas. Re-
10,1 duzir a dependência de combustí-
veis fósseis, hoje responsáveis por
80% da energia primária no mun-
do, não será tarefa fácil. Aviões, na-
vios, carros, caminhões, máquinas
agrícolas, geradores de eletrici-
dade são fortemente dependen-
tes de óleo ou seus derivados.
Produção industrial, agronegó-
cio e transportes têm dependência
de petróleo. Mas seu uso vai além.
É praticamente impossível imagi-
7,41
nar a vida sem derivados do óleo.
3,27 3,05 O plástico — usado em embala-
1,53
gens, computadores, carros e ôni-
bus, entre outros manufaturados
— é produzido a partir de petro-
Combustível
marítimo
Geração de
eletricidade
Ferrovia
químicos, que também estão
presentes em vestuário, celula-
res, pneus e que respondem por
12% da demanda global mundial
de petróleo, segundo a Agência
Internacional de Energia.
Os petroquímicos básicos são
eteno, propeno, butadieno, aro-
máticos, amônia e metanol. A par-
tir deles, é produzida uma grande
86,5 diversidade de intermediários. Por
81,8
exemplo, a amônia é uma das ma-
térias-primas para a indústria de
fertilizantes, sendo usada na pro-
2005 2022
dução de ureia e de fertilizantes
nitrogenados utilizados nas cultu-
ras de milho, cana-de-açúcar, café,
algodão, laranja, soja etc. Um dos
desafios das próximas décadas
que o mundo terá é conciliar o
Rússia crescimento da população com o
aumento da produção alimen-
4
consumo de petroquímicos.
Japão Em 2050, o planeta terá 9,7 bi-
lhões de habitantes, de acordo
4
com a projeção da Conferência
Coréia das Nações Unidas sobre Comér-
do Sul cio e Desenvolvimento (Unctad).
Índia China 3 Hoje, três em cada dez pessoas no
mundo vivem em insegurança ali-
5
16 mentar moderada ou grave, se-
gundo estimativa da FAO, a agên-
cia das Nações Unidas para a ali-
Resto do Mundo mentação e a agricultura. O mun-
do ainda consome outro combus-
tível fóssil: carvão mineral. Mais de
38 um terço da energia elétrica mun-
dial é produzido em termelétricas
através da queima desse combus-
tível, sendo China e Índia gran-
des consumidores. (RR)
2) Que custo a humanidade terá ra ajustar seu negócio às mudanças
de pagar para crescermos? É cada climáticas é redescobrir como apli-
vez maior a mensuração das exter- car novas tecnologias a seu favor. In-
nalidades — custos não precifica- divíduos, organizações e sociedade
dos das atividades comerciais — e é devem combinar inovações, políti-
bem provável que sejam precifica- casemudançasdecomportamentos
das no futuro. Precisamos enten- para lidar com as consequências ne-
der quais são esses custos e como gativas que têm interferido no meio
mitigá-los ou compensá-los. ambiente. As empresas têm a opor-
3) Onde vamos enfrentar mais tunidade de se adequar às novas rea-
risco e escassez? Devemos identi- lidades e ampliar seu valor, mas es-
ficar os impactos que as mudan- sas ações também podem permitir
ças climáticas podem trazer ao progressos reais e moldar um futuro
negócio, como materiais e capa- mais sustentável para todos.
cidades que talvez se tornem es-
cassos, desde água até cobalto, António Farinha e Diego Garcia são
de enfermeiros a programado- sócios da Bain & Company e líderes de
res, de navios a energia acessível. utilities e renováveis na América do Sul
Uma das opções das empresas pa- e de oil & gas, respectivamente

Especial Mudanças climáticas
Petróleo Petrobras planeja novos poços em 2025 e investimento de US$ 960 milhões;
governo estadual defende compensação para eliminar passivos ambientais e sociais
Bahia retoma produção em terra
com o desafio da justiça climática
Sérgio Adeodato
Para o Valor, de Salvador
O bairro do Lobato, subúrbio
de Salvador, está dominado pelo
tráfico de drogas. No “Beco do In-
ferno”, como é conhecida a rua de
acesso ao local do primeiro poço
de petróleo do Brasil, perfurado
há 85 anos, impera a lei do silên-
cio. A antiga estrutura de extra-
ção do óleo, sonho de riqueza no
passado, está abandonada. Ao la-
do, o monumento a Getúlio Var-
gas, ícone desse marco histórico
do ano em que começava a Se-
gunda Guerra Mundial, foi van-
dalizado e acumula lixo e entu-
lho. Esquecida, a área a beira-mar
já não é frequentada. A quadra es-
portiva construída há duas déca-
das em uma tentativa de revitali-
zação está tomada pelo mangue-
zal da baía de Todos os Santos.
O cenário reflete o desafio da
justiça climática diante dos im-
pactos do aquecimento do plane-
ta, que têm o petróleo como vilão
e atingem principalmente as po-
pulações mais pobres. “Morar no
bairro do ‘ouro negro’ sempre foi
motivo de visibilidade e orgulho
nas escolas, mas hoje vemos que a
vida local não melhorou”, afirma
o professor de educação física Jo-
sé André Barbosa Junior, ao lado
do velho equipamento de sucção
que poucos arriscam acessar.
A descoberta do óleo no Loba-
to foi o ponto de partida para o
atual momento do país como
player mundial do petróleo, com
produção no pré-sal e perspecti-
va de exploração na foz do rio
Amazonas. Em Salvador, o fun-
cionário público Evangivaldo
de Araújo, 71 anos, relata que a
atividade atraiu muita gente pa-
Refinaria de Mataripe (ex-Landulpho Alves), localizada na baía de Todos os Santos; a Acelen, que assumiu as operações há pouco mais de dois anos, quer reduzir as emissões em 80% em 2024
Polo de Camaçari planeja
descarbonizar indústrias
De Salvador e Camaçari (BA)
Com 83 empresas, 10 mil traba-
lhadores e faturamento de R$ 15
bilhões em 2023, o Polo Industrial
de Camaçari (BA), um dos maiores
complexos petroquímicos da
América Latina, a 50 km de Salva-
dor, busca caminhos para descar-
bonização, com fontes renováveis
de energia e insumos capazes de
reduzir a dependência do petróleo
e do gás. “Iniciamos o mapeamen-
to para definir ações; sem transi-
ção para o baixo carbono, morre-
remos em pouco tempo”, afirma
Mauro Pereira, superintendente-
geral do Comitê de Fomento In-
dustrial de Camaçari (Cofic), que
representa as empresas do polo.
Uma comissão reúne 20 inte-
grantes de empresas e academia
para integrar processos, estabele-
cer metas de mitigação climática e
identificar fontes de financiamen-
to. No curto prazo, o destaque é
uma tecnologia do hidrogênio
verde validada pela Unigel que
busca investidores para produzir
100 mil toneladas ao ano em Ca-
maçari com uso de energia eólica.
ra a cidade, mas logo veio a frus-
tração, com ocupações irregula-
res e esgoto lançado no oceano.
“Peixes, agora, só bem longe em
alto-mar”, lamenta o pescador
Carlos Martins, 70 anos.
“É inacreditável que os primei-
ros poços de petróleo do país, ca-
vados pelo trabalho de homens
negros, tenham como passivo
uma região de extrema pobreza”,
lamenta Diosmar Marcelino de
Santana Filho, professor da Uni-
versidade Federal da Bahia (UF-
BA) e membro da Associação de
Pesquisa Iyaleta, entidade de fo-
mento às ciências e inovações.
Após o ciclo do cacau, o petró-
leo reinseriu a Bahia no desen-
volvimento do país, na década
de 1940, com a primeira refina-
ria brasileira, a Landulpho Alves,
privatizada em 2021. Com o pas-
sar do tempo e descobertas de
áreas mais promissoras, porém,
os investimentos em exploração
e produção acabaram desloca-
dos para outras regiões, redu-
zindo os projetos na Bahia, onde
os poços antigos começaram a
se exaurir. A produção estadual,
que já atingiu 70% da nacional
nas décadas de 1960 e 1970,
caiu para menos de 1% no ano
passado. O último poço perfu-
rado pela Petrobras no Estado
foi em 2019. Nos próximos cin-
co anos, a estatal planeja inves-
50%
do ICMS baiano vêm
da cadeia industrial
petroquímica
Além de reduzir a pegada de car-
bono, o hidrogênio — hoje obtido
do gás natural — é insumo da pro-
dução de ureia e amônia, maté-
rias-primas de fertilizantes.
Da química-petroquímica aos
setores de pneus, metalurgia, têx-
til, bebidas, celulose, fármacos,
energia eólica e logística, o com-
plexo representa 22% no PIB da in-
dústria de transformação da Ba-
hia, com repasse de R$ 3 bilhões ao
ano em ICMS. “A mudança da ma-
triz energética é fundamental na
descarbonização”, diz Pereira, na
expectativa de avanços com a che-
gada da BYD a Camaçari.
A estratégia da chinesa é inves-
tir R$ 5,5 bilhões, prevendo obras
civis até dezembro e produção dos
primeiros carros elétricos e híbri-
dos plug-in no primeiro semestre
de 2025. O projeto deve gerar 10
mil empregos diretos, com pro-
messa de capacitação de mão de
obra e salários acima da média. “A
ideia é que seja uma história dife-
rente em relação aos legados que
se teve até agora”, diz Alexandre
Baldy, conselheiro especial da
BYD. A interação com o poder pú-
INÊS249
O professor Barbosa Jr. ao lado do primeiro extrator de petróleo do Brasil
tir US$ 960 milhões na região,
com novos poços em 2025.
“A retomada precisa compen-
sar passivos ambientais e sociais
deixados ao longo da história”,
defende André Ferraro, chefe de
gabinete da Secretaria do Meio
Ambiente da Bahia. O plano esta-
dual é estabelecer metas de miti-
gação climática ainda neste ano,
como forma de gerar negócios e
inserção na nova economia.
A principal estratégia está no
hidrogênio verde, favorecido pe-
lo potencial eólico da região, em
substituição a fontes fósseis — a
cadeia petroquímica representa
50% do ICMS baiano. “Precisa-
mos repensar a rota tecnológica
do setor”, defende Eduardo Fon-
toura, consultor da Federação
blico favorecerá ações socioam-
bientais mais efetivas, completa.
“Buscamos oportunidades si-
nérgicas que viabilizem a redução
de gases de efeito estufa e, ao mes-
mo tempo, tragam competitivida-
de para os negócios e para o Esta-
do”, diz Gustavo Checcucci, diretor
de energia e descarbonização in-
dustrial da Braskem, maior em-
presa do complexo. A companhia
tem capacidade para 5 milhões de
toneladas de petroquímicos bási-
cos e resinas termoplásticas ao
ano. A meta global é atingir a neu-
tralidade de carbono até 2050.
O polo arrecada mais de 90% da
receita tributária de Camaçari e
Dias D’Ávila (BA), municípios de
baixos indicadores sociais. “É pre-
ciso olhar para o entorno”, afirma
Miguel Silveira, criador do Institu-
to Comvida, que desenvolve ações
sobre garantia de direitos, igual-
dade de gênero, enfrentamento ao
racismo e questões ambientais
junto a comunidades de baixa
renda. No projeto Trampo, o ob-
jetivo da ONG é preparar jovens
para o mercado de trabalho e o
empreendedorismo. (SA)
Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024
SÉRGIO ADEODATO
das Indústrias do Estado da Ba-
hia (Fieb). A expectativa é que in-
vestimentos na descarbonização
possam gerar empregos que o
petróleo já não oferece e, assim,
melhorar indicadores sociais.
“No caminho do hidrogênio
verde, é urgente mobilizar re-
cursos para a adaptação de po-
pulações expostas a impactos
climáticos — não só mitigação
de carbono”, completa o profes-
sor Santana Filho, nas instala-
ções do Hub Salvador. O espaço
que reúne empreendedores e
coletivos urbanos tem vista para
a orla da baía de Todos os San-
tos, onde se originou o ciclo es-
cravagista e, também, a indús-
tria do petróleo brasileira.
Em nota, a Petrobras informa
Pesca foi prejudicada,
afirmam quilombolas
De São Francisco do Conde (BA)
O quilombo Dom João, em São
Francisco do Conde, no Recônca-
vo Baiano, resiste em meio aos
primeiros campos de petróleo
explorados comercialmente no
Brasil. A pobreza e a degradação
locais contrastam com os royal-
ties recebidos pelo município,
no distante 2.573º lugar do ran-
king nacional do Índice de De-
senvolvimento Humano.
“Quem trabalha no mar e cuida
dele deveria se beneficiar”, afirma
Joselita Santos, a Dona Joca, lide-
rança de uma comunidade qui-
lombola. As cerca de 60 famílias
da comunidade precisam ir cada
vez mais longe em busca dos pei-
xes, mariscos e caranguejos guaia-
mum que garantem o sustento.
São constantes os conflitos com
proprietários rurais remunerados
pelos poços em suas fazendas. “O
petróleo para nós só dá prejuízo.”
Segundo pesquisadores, espe-
culação imobiliária, racismo am-
biental e impactos aos recursos
pesqueiros coexistem desde a dé-
cada de 1950 na área, hoje vulne-
rável às mudanças climáticas.
Além dos aterros que assorearam
que está dando prosseguimento
às discussões com o Mubadala
Capital em relação à formação de
parceria de downstream no Bra-
sil, cujo escopo envolve a partici-
pação na refinaria de Mataripe
(antiga Landulpho Alves) e no
projeto de uma biorrefinaria in-
tegrada para produção de diesel
e querosene de aviação renová-
veis a partir de óleos vegetais.
A Bahia representa 80% dos ati-
vos onshore da companhia, com
4.300 empregados. São 20 con-
cessões de produção em terra e
uma no mar. Em 2023, o ICMS re-
colhido pela empresa ao Estado
foi de R$ 600 milhões. A volta dos
investimentos na região deve in-
cluir recursos do Fundo de Des-
carbonização, estimados em US$
1 bilhão em cinco anos, no país.
O compromisso é reduzir emis-
sões operacionais em 30% até
2030, em comparação a 2015.
“É inegável que o petróleo
trouxe avanços no cenário eco-
nômico, mas o modelo já exau-
riu há algum tempo”, aponta o
vereador soteropolitano André
Fraga (PV-BA). “Os royalties re-
cebidos pelos municípios não
condizem com os baixos indi-
cadores sociais e a falta de in-
fraestrutura urbana”, completa.
Engenheiro ambiental, Fraga
idealizou uma exposição com
imagens que simulam a elevação
do mar na capital em 2100, con-
forme projeções científicas das
mudanças climáticas. O bairro
da Ribeira, palco da tradicional
festa do Senhor do Bonfim, de-
verá ser inundado. Segundo ele,
houve avanços na mobilidade
urbana, mas o plano de ação cli-
mática do município, finalizado
em 2020, ainda está lento.
AGÊNCIA PETROBRAS
mangues para dar lugar às estru-
turas de extração e transporte do
óleo, há riscos de vazamentos, co-
mo o ocorrido em 2018, com po-
luição de fontes hídricas.
A prefeitura de São Francisco do
Conde não respondeu aos pedidos
de entrevista, mas gestores do go-
verno local defendem a necessida-
de de desenvolver alternativas e
reduzir a dependência do petró-
leo. Em 2023, o município arreca-
dou R$ 9,7 milhões em royalties,
pouco mais de um terço do regis-
trado no ano anterior, segundo a
Agência Nacional do Petróleo, Gás
Natural e Biocombustíveis (ANP).
A 3R Petroleum, operadora de
poços no entorno da comunida-
de Dom João, informa que assu-
miu os ativos do Complexo Re-
côncavo em maio de 2022, com
aumento de 88,7% na produção
até fevereiro de 2024. No trimes-
tre passado, investiu cerca de US$
20 milhões no complexo, preven-
do o início de uma nova campa-
nha de perfuração neste semes-
tre. Além de ações sociais, em
2023 a companhia pagou R$ 55,2
milhões em royalties e R$ 5,2 mi-
lhões para proprietários de terra
onde se localizam os poços. (SA)
| Valor | F9
Projetos
recuperam
recifes de
corais
De Salvador
A baía de Todos os Santos, em
Salvador, é cenário de projeto iné-
dito que capacita jovens e maris-
queiras na restauração ecológica
de recifes de corais degradados no
fundo do mar. A iniciativa busca
recuperar estoques pesqueiros
que sustentam populações locais e
aumentar a resiliência do ecossis-
tema. “Além de consertar o que foi
destruído, precisamos de soluções
para evitar e retirar poluentes no
ambiente marinho”, diz José Ro-
berto Caldas, o Zé Pescador, CEO
da startup Carbono 14, à frente do
trabalho em parceria com a Uni-
versidade Federal da Bahia (Ufba).
A inovação surgiu junto ao con-
trole do coral-sol, espécie invasora
que causa danos à biodiversidade
nativa e se espalhou no país in-
crustrada em plataformas de pe-
tróleo e navios. O coral indesejável
é extraído por mergulhadores e
seu esqueleto calcário é usado na
construção de sementeiras para fi-
xação de mudas de corais nativos
que são implantados nos recifes. O
projeto, apoiado pela Braskem, já
criou mais de mil berçários na re-
gião da ilha de Maré, habitada por
populações tradicionais.
“A ideia é o método ganhar es-
cala e se transformar em política
pública na Década da Restauração
de Ecossistemas da ONU”, diz Zé
Pescador. O branqueamento de
corais em função do aquecimento
global já ocorre na região. Na ilha
de Itaparica, outras 1.600 semen-
teiras são construídas pela ONG
Pró-mar, com patrocínio da Petro-
bras, junto a ações de educação
ambiental e limpeza submarina.
Projeções indicam que as mu-
danças climáticas devem provocar
aumento do nível do mar, erosão
costeira e salinização de aquíferos
e recursos hídricos. A poluição por
efluentes industriais e de cidades
agrava os impactos. “Nossa mo-
queca tem gosto de produtos quí-
micos e os principais prejudicados
são os pescadores e suas famílias”,
aponta Milton Sales de Santana,
84 anos, liderança no Instituto de
Pesca Artesanal da Ilha de Maré, na
rota de navios petroleiros.
No trajeto de barco entre o po-
voado do Caboto, no continente, e
a comunidade Bananeiras, onde
vive o pescador, avista-se a refina-
ria de Mataripe (ex-Landulpho Al-
ves), controlada pela Acelen. A
companhia diz que assumiu as
operações há pouco mais de dois
anos e investiu mais de R$ 2 bi-
lhões para colocar os ativos nos
padrões globais de segurança, efi-
ciência e confiabilidade. As emis-
sões foram reduzidas em 7.500 to-
neladas no período, e o plano é di-
minuir em mais 80% em 2024.
Na transição energética, a em-
presa planeja investir R$ 2,5 bi-
lhões em dez anos na construção
de biorrefinaria, anexa às atuais
instalações, para disponibilizar
combustíveis de fonte renovável,
com oportunidades de emprego
na região. Em dois anos, foram in-
jetados R$ 25 milhões em projetos
sociais, ambientais e culturais pela
empresa na Bahia. Os investimen-
tos são definidos a partir de conse-
lhos comunitários da região. (SA)
SERGIO ADEODATO
“Nossa moqueca
tem gosto de
químicos; principais
prejudicados são
os pescadores”
Milton Santana
F10 | Valor | Sábado, domingo e segunda-feira, 20, 21 e 22 de abril de 2024 INÊS249