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IKIGAI KARATÊ SYSTEM - Thiego Borges
IKIGAI KARATÊ SYSTEM - Thiego Borges
Tudo do nosso sistema de Karatê terá um propósito claro e definido, uma razão
de existir.
“Tradição não tem a ver com limites ou ficar repetindo o passado, mas com levar
adiante o mesmo ideal e buscar o que os antigos mestres buscavam”.
O princípio de Pareto (Regra 80x20) será a regra pela qual será definido o dia
a dia dos nossos treinos.
O princípio de Pareto diz que 80% dos nossos resultados vem de 20% das
nossas ações.
Analise você mesmo, reflita: você pratica, talvez já há alguns anos, dezenas
de bases, bloqueios, socos, chutes...sabe vários Kata diferentes, mas tente
lembrar das suas lutas, quantas técnicas de fato você consegue aplicar? Você
também já deve ter assistido alguns karatecas experientes em lutas profissionais
de MMA, onde está toda aquela variedade técnica? Até mesmo no Karatê
esportivo (SHIAI KUMITE) consegue perceber o meu ponto? Como disse
Leonardo Da Vince: “A simplicidade é o último grau da sofisticação”.
Luta no solo?
Talvez você tenha respondido: Boxe, Tae Kwon Do, Judô e Jiu Jitsu.
Por quê? Porque menos é mais! É o minimalismo marcial! É questão de lógica
e matemática, quanto menos técnicas a serem treinadas melhor elas tendem a
ser, quanto mais generalista, menos qualidade, menos especialistas nos
tornamos, fazer menos e melhor.
E nós karatecas? Será que não estamos passando a maior parte do tempo no
Dojô treinando e ensinando técnicas que talvez nunca conseguiremos usar em
um combate? Seja ele esportivo ou real?
Vamos dar nomes. Você já conseguiu aplicar ou viu alguém aplicar em combate
alguma dessas técnicas muito treinadas nos nossos Kihon e Kata (Soto Uke,
Shuto Uke, Age Uke, Morote Uke, Juji Uke, Haiwan Uke, Kokutsu Daski,
Nekoashi Dashi, etc)?
O que faremos?
Vamos focar no nosso tempo de treino (que já é pouco) nos 20%, das nossas
ações/técnicas que geram a maioria dos nossos resultados em combate.
Aproveitar cada treino focando realmente no que é importante. Exemplo: treinar
o Kihon e os Kata apenas com as técnicas que se mostrem eficientes em
combate esportivo ou real. Tudo com um Ikigai claro. Técnicas simples, eficazes
e realistas. Será um Karatê essencialista, livre de excessos!
Vamos antes disso fazer uma breve análise dos três pilares do Karatê, o tripé
Kihon, Kata e Kumite, com ênfase na cronologia histórica e no porquê cada um
foi criado.
O Karatê hoje é composto por esse tripé: Kihon, Kata e Kumite, mas nem
sempre foi assim, faremos uma breve exposição da criação de cada um desses
métodos de treinamento. Isso mesmo!
É importantíssimo você entender que o Karatê surgiu única e exclusivamente
para ser uma modalidade de combate, uma arte marcial para auto defesa e para
guerra. O Karatê no princípio era composto por apenas um desses três pilares:
A LUTA!!! Onde o objetivo era transformar o seu corpo em uma arma, lutando
com as mãos vazias, já que havia um decreto por parte do imperador que proibia
o uso de armas por parte do cidadão comum, sendo essas restritas apenas a
guarda imperial. Isso mesmo, nem sempre o Kata e o Kihon como conhecemos
hoje existiram.
Então quando foram criados? É amplamente conhecido hoje que houve um
segundo decreto por parte do imperador, dessa vez proibindo a prática da arte
marcial, agora uma vez sendo proibidos de serem vistos em público treinando
as técnicas de lutas com parceiros, cada um teve que treinar de forma secreta
nas suas casas, e aí surgem os Kata, como uma forma de treinar as técnicas
sem um parceiro de treino, com oponentes imaginários.
Sim! Até esse ponto não existia o treinamento do Kihon como conhecemos
hoje. Apenas décadas depois quando o Mestre Itosu introduziu o conceito de
Kihon, levaram o Karatê para as escolas, implementando no currículo escolar
para ser treinado por crianças, perceberam que precisavam de um método de
ensino mais simples para crianças. Então ele desenvolveu o Kihon com parte
das técnicas do Kata, retirando também o Embusem e mantendo o treinamento
em linha, avançando e recuando.
Uma vez compreendida essa cronologia, fica nítido que o Kihon e o Kata nunca
foram vistos como “dogmas” inquestionáveis e sagrados, mas eram apenas
parte de um processo de progressão pedagógica, onde o objetivo era ainda
aprender a lutar.
Então se o Kihon e o Kata não são “sagrados”, “imutáveis” e nem “dogmas” que
não podem ser questionados, como devemos compreendê-los?
O que é Kihon?
PERGUNTA: Se o Kata é imprescindível para a luta, por que nos Kata não
vemos de forma clara algumas das técnicas mais utilizadas no Kumite?
Exemplos:
Seguindo por essa lógica, como podem karatecas que treinam Kata e Kihon
desde criança, perderem na luta em pé para lutadores muito menos experientes?
Os karatecas deveriam ser imbatíveis!
Antes que eu explique como será o I.K.S na prática, eu preciso te fazer algumas
perguntas importantes, perguntas essas que eu acredito que você precisa
responder se quiser um Karatê que faça sentido para você, sem dogmas,
misticismos, sem religiosidades, um karatê simples, eficaz, onde tudo tenha o
seu Ikigai.
O Ikigai Karatê System terá como prioridade máxima o Todome Wasa o golpe
definitivo, termo que foi adaptado do Hiken Hisatsu (um golpe, uma morte) ou
simplesmente o Ippon. Tudo que treinaremos terá que ter essa visão onde com
apenas um golpe podemos definir o combate, sempre pensando também onde
o mais fraco poderá vencer o mais forte, com noção de distância, tempo de luta,
técnica, precisão e potência, um golpe e fim! Todome Wasa!!!
Já que falamos muito sobre o tripé Kihon, Kata e Kumite, você deve estar
pensando que não treinaremos mais os dois primeiros. Não, não é bem assim,
continuaremos treinando, mas sempre tendo em mente o objetivo no Todome
Wasa com Ikigai.
Cada técnica terá que passar antes pela pergunta: isso é realista e eficiente em
combate?
Kihon no I.K.S
Em resumo, cada técnica tem que passar pelo crivo do IKIGAI (propósito, razão
de ser) visando o Todome Wasa.
Kata:
que passem pelo crivo do IKIGAI. Isso tem aplicabilidade prática? É realista?
Tem um propósito?
Kumite
Cada técnica será praticada não visando marcar um ponto e nem vencer uma
competição, mas finalizar o combate sempre que possível com apenas 01 golpe
(Todome Wasa).
O Karatê esportivo (Shiai Kumite) foi talvez o principal responsável pelo avanço
dos lutadores de Karatê nos fundamentos de distância, timming, velocidade e
precisão. Fazendo com que os karatecas de alto nível sejam diferenciados pela
luta em pé.
Isso acredito que ninguém vai poder negar, o Karatê esportivo formulou os
pilares de tocar sem ser tocado.
Mas consigo enxergar pontos negativos que vieram juntos com o Shiai Kumite.
Com a esportivização do Karatê ele virou (como todos os esportes) um jogo,
onde existem árbitros, regras, proteção e uma grande limitação técnica onde
apenas poucos golpes são permitidos, retirando assim do dia a dia de muitos
lutadores a prática de golpes não permitidos em competição. Basicamente
treinasse apenas para se proteger das técnicas permitidas em competição,
treinasse apenas para lutar contra outro karateca. Qual é o problema disso?
O problema é que não nos preparamos para uma situação de defesa pessoal
ou de um combate real, onde o oponente não será um lutador de Karatê e
consequentemente não virá me agredir com técnicas de Karatê.
Ele pode vir com socos circulantes no meu rosto, chute nas minhas pernas, vir
me agarrar, etc. E como não treinamos isso não estamos preparados! Na rua o
oponente não irá respeitar a distância. O seu adversário não irá parar de lutar
quando acertar você ou você acertá-lo, não existe árbitro, os golpes que você
receberá dificilmente serão em linha. E ele não vai marcar ponto, vai buscar te
nocautear.
Então sim, sou a favor do Shiai Kumite com essas ressalvas que se treine a
parte defensiva contra técnicas que não são exclusivas do Karatê, e que
treinemos em busca do Todome Wasa, claro, mantendo o Maai (distância) no
momento do impacto.
A primeira é a parte técnica: Kihon, Kata, Shiai Kumie, Jiu Kumite sempre com
Ikigai e em busca do Todome Wasa.
- O senhor me ensinou a lutar, mas sempre fala sobre paz. Como o senhor
concilia essas duas coisas?
O mestre respondeu:
“Absorva o que for útil, respeite o que for inútil. Acrescente o que é
especificamente seu. O homem, criador individual, é sempre mais importante
que qualquer estilo ou sistema estabelecido.”
“O Karatê não é uma coisa, não é algo que se possa carregar debaixo do braço,
não é uma receita de bolo. É uma arte e como toda arte deve estar em constante
evolução. E cada um de nós, artistas marciais, temos que dar nossa parcela de
contribuição.”
Thiego Borges
Por fim, deixo claro que todos os professores e praticantes serão filiados a
FKCE, bem como todas as competições organizadas pela mesma.
OSS.