Você está na página 1de 24

Estudo Panorâmico da Bíblia

Apostila elaborada por Renato Nogueira Fontes (renfontes@hotmail.com)

Versão 1.0
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Introdução

Esta idéia surgiu a partir de uma série de estudos feitos com o grupo de estudantes da Aliança Bíblica
Universitária (ABU) de Belo Horizonte, de setembro a novembro de 1997, pelo missionário Seto Hann
Hoi, natural de Singapura. Por não querer perder de vista o objetivo do Seto, que era de passar os estudos
para as futuras gerações de estudantes, estou escrevendo algo semelhante ao material usado na época.
Sinta-se à vontade para copiá-lo e distribuí-lo, contanto que o mantenha na íntegra - inclusive os créditos
do autor! - e que me comunique sobre o uso do material. Se você está lendo este material em formato
eletrônico, só é permitida a impressão se for de todo o material.

Grande parte desta apostila se baseia não somente nos estudos ministrados pelo Seto, mas em inúmeros
livros que li e sermões que ouvi - muitas vezes você poderá encontrar a mesma informação em outras
fontes, notadamente a obra “The Unfolding Drama of Redemption”, do britânico William Scroggie (1877-
1958), cuja leitura eu recomendo fortemente a todos. Mas mesmo assim ela contém muita coisa que foi
fruto de muitos anos de reflexão e meditação da minha parte, algo que também encorajo a todos!

Meu desejo e oração é que esta apostila e os estudos a serem feitos com o auxílio dela o incentivem a
estudar a Bíblia de forma cada vez mais profunda e a conhecer o Senhor de todas as coisas, Aquele que
está por trás de cada palavra que nos foi revelada nas Escrituras Sagradas.

As referências bíblicas, quando citadas textualmente, são da Edição Revista e Atualizada no Brasil, da
Sociedade Bíblica do Brasil, baseada na tradução de João Ferreira de Almeida.

Agora, pois, mãos à obra!

Dedico a apostila ao Seto, que teve esta maravilhosa idéia.

Renato Nogueira Fontes, 17 de setembro de 2002


Contato: renfontes@hotmail.com

2
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

O que é o estudo panorâmico da Bíblia

Quem é de Belo Horizonte sabe bem o que é ter uma vista panorâmica da cidade, quando observada do
Mirante das Mangabeiras. Muitas grandes cidades possuem um lugar assim, do qual se pode ver a cidade
quase toda. O Rio tem o Corcovado, Chicago tem o Sears Tower, Paris tem a Torre Eiffel, isso sem falar
de quando se sobrevoa uma cidade. Só para citar um exemplo bíblico, Moisés teve uma experiência de
visão panorâmica quando viu a Terra de Canaã de cima de um monte.

Como todos sabem, ver as coisas de forma panorâmica é ver como um todo, sem se preocupar com os
detalhes. É ver a floresta sem se preocupar com as árvores. Só para citar um exemplo, a Estátua da
Liberdade, vista do alto do World Trade Center (é, eu estive lá antes da tragédia) parecia apenas um
pontinho azulado na água. Vista de perto, por outro lado, ela é bem grande! Estudar a Bíblia de forma
panorâmica é bem semelhante. O objetivo não é deter-se em pormenores, como por exemplo o
cumprimento de cada profecia de Daniel - muito embora possamos eventualmente falar sobre coisas assim
nos estudos - mas estudar a Bíblia como um todo, procurando assimilar a sua mensagem global, que é o
desdobrar do propósito eterno de Deus de estabelecer um Reino Eterno de filhos e filhas parecidos com
Jesus. Devido à queda do homem, o centro de tudo está em um episódio - a cruz!

Sendo assim, nosso estudo bíblico deverá seguir o método sintético, e não analítico - telescópico e não
microscópico, olhando para o infinito e não para o infinitesimal, olhando o todo e não as partes. Por outro
lado, todo estudante da Bíblia deve efetuar os dois tipos de estudo, de forma que todos são encorajados a
estudar as Escrituras também nos pormenores.

O seguinte esquema ilustra de forma bem sintética o propósito eterno de Deus:


(Conforme o livro “O Supremo Propósito”, de DeVern F. Fromke)

ETERNIDADE
PASSADA
Deus eterno: 3 pessoas
que se inter-
relacionam pelo amor

ETERNIDADE
FUTURA
QUEDA (1) Uma família para o
Criação do universo e (oops!) Pai (Rm 8:29)
do homem (2) Um corpo para o
Filho (I Co 12)
(3) Um templo para o
Espírito Santo (I Pe 2)

Estudo 1 - “No princípio criou Deus...” (Gn 1:1)

3
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Chegamos assim ao nosso primeiro estudo, o livro de Gênesis - onde tudo começou. O mais interessante é
que Gênesis não explica por que Deus criou todas as coisas, e nem muito menos como Ele o fez. E mais,
à pergunta quando é oferecida a resposta mais vaga possível - “no princípio”. A resposta ao “por que” é
oferecida apenas no Novo Testamento, conforme se vê no esquema acima. O Pai queria uma família de
filhos semelhantes ao Unigênito, o Filho um corpo formado por crentes (ou uma noiva, dependendo da
metáfora) e o Espírito Santo um templo. Admira-me como algumas seitas possam negar a doutrina da
Trindade! A pergunta “como” deve ser respondida adivinhe por quem? Acertou se disse “pela ciência”! E
mesmo esta não está lá tão confiante de muitas das teorias, afinal elas não podem ser reproduzidas (como
manda o Método Científico). Aliás, pelo menos uma coisa a ciência nos provou sem deixar margem a
dúvidas: os sete dias de Gênesis não são dias literais, de 24 horas (o hebraico “yom”, dia, não precisa ser
entendido assim, mas isso já foge ao nosso escopo!) Mas afinal por que o relato da criação de Gênesis foi
escrito?

O relato bíblico foi feito para nos dizer QUEM foi o Criador. Simples até demais a resposta. Porque dEle,
por Ele e pra Ele são todas as coisas. Nele foram criadas todas as coisas, nos céus e na terra. Todas as
coisas foram feitas por intermédio dEle, e sem Ele nada do que foi feito se fez (leia Rm 11:36, Cl 1:16 e
Jo 1:3). “No princípio criou Deus os céus e a terra...”

Segundo Scroggie, apenas o primeiro versículo da Bíblia nega pelo menos seis falsos ensinamentos: (1)
eternidade da matéria, (2) ateísmo, (3) politeísmo, (4) panteísmo, (5) agnosticismo e (6) fatalismo (que o
universo seria produto do acaso). Eu acrescentaria mais um, o animismo, que é a adoração à criatura e não
ao Criador.

É interessante notar o contexto no qual vivia Moisés, que é o provável autor de Gênesis segundo as
tradições rabínicas. Moisés foi instruído em toda a ciência do Egito (At 7:22), e o mais interessante de
tudo é que não se vê absolutamente nada de influência da “ciência” da civilização egípcia em Gênesis. Por
exemplo, eu li em algum lugar (e não sei até que ponto essa informação é confiável), que os egípcios
eram “evolucionistas”. Acreditavam que o homem teria vindo de um verme que habitava a região do Nilo.
Independentemente de essa informação ser correta, sabemos com certeza que os egípcios eram politeístas,
e que adoravam vários deuses em forma de animais e corpos celestes. No entanto, já no primeiro capítulo
de Gênesis fica bem claro quem é criatura e quem é o Criador. E a propósito, os egípcios adoravam seu
faraó também. E mais uma vez o relato bíblico vai deixar claro que o homem é apenas uma criatura.

Outro fato curioso sobre os primeiros capítulos de Gênesis é que já se delimita qual vai ser o assunto de
toda a Bíblia. Gasta-se uma linha para falar de todo o universo (pra ser mais preciso, apenas duas
palavras: “os céus”), cerca de 30 versículos para falar da criação de toda a terra, mais uns 20 para falar
especificamente da criação do homem (que é apenas um entre os zilhões de seres criados) e o resto da
Bíblia para falar sobre o drama da redenção! Agora leia o salmo 8, especialmente o verso 4 (“que é o
homem, para que dele te lembres?”), e medite no que acabou de ser dito - eu fico sem palavras!

Resumindo a questão da criação, o que podemos dizer é que, muito embora a Bíblia não nos conte como
Deus criou a vida, ela nos conta sim como surgiu o homem e deixa bem claro três coisas: (1) a origem da
vida não é de forma nenhuma produto de reações químicas feitas ao acaso, (2) o homem carrega a imagem
e semelhança de Deus, portanto é superior ao restante da criação (é por isso que a vida humana vale mais
que a de um mico leão, embora matar este último seja crime inafiançável pelas nossas leis) e (3) foi a
desobediência de apenas um casal, ancestral de toda a raça humana, que colocou a todos sob a condenação
de Deus.

Isto nos traz ao assunto da queda do homem. Dizem as más línguas que, para convencer a mulher a comer
a fruta, a serpente teve apenas que convencê-la que não engorda... Bem, brincadeiras à parte, o resto da

4
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

história nós já conhecemos. Deus disse “no dia em que comeres da fruta, certamente morrerás”. Nem
Adão nem Eva morreram fisicamente no dia em que comeram a fruta, o que nos deixa duas
possibilidades: (1) “dia” não é para ser interpretado literalmente ou (2) Deus poderia estar se referindo a
uma morte espiritual, na qual o ser humano perderia sua comunhão com Ele - eu acho essa possibilidade
mais plausível. Para entender melhor a questão da queda, leia Romanos 5:12-21. Está tudo explicadinho
lá...

Já em Gênesis 3:15 lemos o que os teólogos chamam de “proto-evangelho” - Deus anuncia ao diabo
(vocês não acham que Deus estava amaldiçoando as cobras, não é? Cobra sempre rastejou, provavelmente
mesmo antes da queda!) que um descendente da mulher esmagaria a sua cabeça. Foi a primeira profecia
da Bíblia sobre a vinda de Jesus, que na cruz cumpriu cabalmente essas palavras.

Mas afinal, quais foram os resultados da queda? Ih, não tenha pressa, nós ainda vamos estudar o Antigo
Testamento inteirinho e, mesmo estudando de forma panorâmica, está muito claro que ele foi escrito para
mostrar exatamente isto - os resultados da queda. O Antigo Testamento é um livro que mostra por toda
parte o fracasso do ser humano - é verdade que ele proclama os atributos de Deus o tempo todo, mas a
tônica é a incompetência do homem de andar conforme o padrão de Deus. O mais patético é que a última
palavra de Malaquias, o último livro pelo nosso cânon, é “maldição”!

De cara, já em Gênesis 4, temos um assassinato. No capítulo 6 (puxa, a Bíblia mal começou!) Deus já
perdeu a paciência e quer destruir tudo. Ainda bem que tinha Noé... Quando a humanidade recomeçou,
não deu tempo nem de ler dois capítulos de lá vem encrenca de novo com a torre de Babel, o ícone do
orgulho humano e símbolo do desejo deste de ser independente de Deus. O resto do Antigo Testamento
vai falar de Abraão enganando dois reis pagãos e tentando dar uma “ajudinha” a Deus com Hagar, de
Isaque preferindo abençoar Esaú quando Deus já havia escolhido Jacó, do enganador Jacó (e do ainda-
mais-enganador Labão), do arrogante José (que queria que seus irmãos se curvassem diante dele), do
esquentadinho Moisés, dos invejosos Arão e Miriã, do imoral Sansão, do pai relapso Eli (e possivelmente
Samuel também), de Saul (nem precisa falar nada dele), do adúltero Davi, do idólatra Salomão, etc. etc.
etc. Mas calma, não se desespere. Tente ver as coisas de outra perspectiva, leia Hebreus 11, que vai falar
de muitos desses que eu acabei de mencionar, mas vendo pelo lado bom!

Foi no contexto extremamente pessimista subseqüente a Caim, ao dilúvio e à torre de Babel que Deus
resolveu chamar um sujeito sobre o qual não se tem nenhuma informação prévia, e que, segundo Josué
24:2, provavelmente era idólatra! Puro mistério é a razão pela qual Deus escolheu logo ele. Isto se chama
soberania! Mas fato é que Deus tinha um plano, que era resgatar o homem para que, mesmo após a queda,
este cumprisse o Seu eterno propósito. Assim, para Jesus vir ao mundo, para o próprio Deus se encarnar,
uma família teria que ser escolhida, e esta família deveria pertencer a um povo. Foi assim que Deus
escolheu Abrão, um caldeu de Ur. Deus prometeu a ele que seus descendentes seriam numerosos como a
areia do mar e como as estrelas do céu - como disse o músico Rich Mullins, quando Abraão olhou para o
céu, uma das estrelas que ele viu foi “acesa” por minha causa! Isso mesmo, eu não sou descendente
genético de Abraão, mas, segundo a revelação dada já no Novo Testamento, a promessa se referia
principalmente aos descendentes espirituais!

Deus fez uma aliança eterna, irrevogável com Abrão (mudando assim seu nome para Abraão), descrita em
Gênesis 15 - era costume da época as duas partes que firmavam compromisso passarem pelo meio de um
animal morto e dividido em dois, deixando a entender que qualquer das partes que descumprisse o acordo
merecia o mesmo destino do animal. E imagine só, o próprio Deus passou entre as partes do animal, mas
não Abraão! Ainda no capítulo 15 é dito que Abraão creu em Deus, e isto lhe foi imputado por justiça -
veja só, o primeiro livro da Bíblia já deixa claro que a salvação é pela fé e não pelas obras!

5
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Bom, o restante de Gênesis é uma história que todos conhecem - a instituição da circuncisão como
símbolo da aliança (meninas, por favor, não perguntem o que é circuncisão, dói só de pensar, quanto mais
explicar! Ouch!!), o nascimento e quase morte prematura de Isaque, o casamento dele com Rebeca, Esaú e
Jacó, a fuga de Jacó, seus 12 filhos, sua mudança de nome para Israel, José e seus altos e baixos, e
finalmente a descida para o Egito de todos os descendentes de Israel. A biografia de Jacó, por exemplo, é
uma das mais emocionantes da Bíblia. Note que, antes de passar por Peniel, o famoso encontro com
Deus, sua vida teve que ser trabalhada durante pelo menos 20 anos na fogueira do sofrimento - o
crescimento espiritual, ao contrário do que muitos ensinam, é trabalhoso e leva tempo! Como o estudo é
panorâmico, não vamos entrar em detalhes aqui. Mas o espaço está aberto a perguntas...

Até nosso próximo estudo, espero que tenham gostado!

6
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Estudo 2 - “Deixa ir o meu povo!” (Ex 5:1)

Como já foi mencionado no estudo anterior, Jacó e seus descendentes migraram para o Egito devido à
grande fome que assolava a terra. Ao todo, eram cerca de 70 pessoas, que ao cabo de quatro séculos se
multiplicaram e se tornaram cerca de dois milhões - em Nm 1:46 é dito que os homens de 20 anos para
cima, aptos a servir no exército, eram 603.550. Muita coisa havia mudado desde o tempo de José. Os
israelitas agora eram mão-de-obra escrava, e clamavam a Deus para retornar a Canaã, a terra dos
patriarcas Abraão, Isaque e Jacó. Digamos que a essas alturas já eram uma colônia estrangeira em número
grande o suficiente para preocupar faraó, que já estava preocupado com quem construiria sua pirâmide se
os escravos hebreus se rebelassem. Foi quando, num delírio característico de todo governante com poder
absoluto - todo ditador tem delírios de vez em quando - veio a ordem para exterminar todos os meninos
israelitas que nascessem. Por isso o número de israelitas talvez fosse bem maior que os dois milhões
estimados acima, porque certamente o extermínio dos meninos produziu um desequilíbrio populacional,
causando um excesso de mulheres nos anos subseqüentes.

Cabe aqui uma pausa para pensar. Muito embora, naquela etapa da revelação, provavelmente ainda não se
soubesse quem era o diabo, percebe-se nitidamente a ação dele para impedir que Deus cumprisse a
promessa de Gênesis 3:15. Primeiro ele achou que o descendente da mulher fosse Abel, e incitou Caim a
matá-lo. Como não era, ele corrompeu a raça humana a ponto de Deus querer destruí-la pelo dilúvio.
Quando então ficou claro que Ele (o descendente da mulher que esmagaria a cabeça da serpente) viria da
descendência de Israel, o diabo quis destruir os israelitas primeiro por meio de faraó, depois por meio do
rei da Pérsia (leia em Ester). E quando Jesus finalmente nasceu, veio a última cartada através de Herodes.
Por aí dá pra ter uma idéia da batalha cósmica que se travou durante toda a História, a qual os “atores” e
“figurantes” nem imaginavam que existia, mas que nós hoje temos uma noção mais nítida.

Mas como ninguém pode frustrar os planos de Deus, nem faraó nem o diabo, surgiu um menino chamado
Moisés. Como o estudo é panorâmico, novamente não vamos entrar em detalhes sobre a vida dele. Cabe
ressaltar apenas que sua vida se dividiu em três períodos de 40 anos - no primeiro, ele achava que era
alguém; no segundo, Deus precisou mostrá-lo que ele não era ninguém e, no terceiro, ele descobriu o que
Deus pode fazer com um ninguém! Para entender melhor a história do ponto de vista de Deus, leia em
Hebreus 11 os versículos de 23 a 29, que falam sobre a fé de Moisés e de seus pais.

De qualquer forma, Moisés já estava gago de tanto ficar contando suas estorinhas para as ovelhinhas, e
um belo dia Deus o chamou. Esgotadas as desculpas apresentadas por Moisés, lá vai ele de novo negociar
com o novo faraó, que provavelmente tinha sido seu amigo de infância. Falando em egípcio com um
sotaque misturado de egípcio, hebreu e midianita, Moisés fala as célebres palavras: “Assim diz Yaweh, o
Deus de Israel, deixa ir o meu povo!” (Ex 5). Logicamente, faraó não estava disposto a perder aquela
mão-de-obra barata (fora o problema de construir sua pirâmide, lembram?), e o que se seguiu foi uma
demonstração de poder do Deus de Israel ante os “deuses” do Egito. A tabela abaixo, extraída do livro de
Scroggie, volume I, página 155, mostra o que cada praga representou, pois cada uma delas tinha como
alvo uma das divindades egípcias.

PRAGA REFERÊNCIA CONTRA


Águas tornadas em sangue 7:14-25 Rio Nilo
Rãs 8:1-15 Deusa Hect (cabeça de rã)
Piolhos 8:16-19 Seb, a deusa Terra
Insetos 8:20-32 Escaravelho sagrado
Mortandade do gado 9:1-7 Ápis, o touro sagrado

7
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Úlceras 9:8-12 Tífon, o gênio mal (os magos de faraó foram


derrotados)
Saraiva 9:13-35 Xu, a atmosfera
Gafanhotos 10:1-20 Serápia, protetor dos gafanhotos
Trevas 10:21-29 Rá, o deus sol
Morte dos primogênitos 11:1-12:36 Faraó

O mais interessante é que Deus, o tempo todo, mostra “sombras” do sacrifício de Cristo - quando vestiu
Adão e Eva com peles de animais (inocentes morrendo para cobrir a “nudez” do ser humano pecador),
quando aceitou o sacrifício de animais de Abel e de Noé, quando providenciou um carneiro para ser
sacrificado no lugar de Isaque, e de forma muito mais explícita agora, com o sacrifício do cordeiro cujo
sangue nas portas impedia que o anjo da morte ferisse o primogênito da casa onde se celebrara a Páscoa.
Se por um lado o Antigo Testamento inteiro procura mostrar o fracasso do homem, por outro Deus mostra
o tempo todo que existe uma esperança a ser revelada completamente na plenitude dos tempos!

Uma vez derrotado o temido faraó, resta aos israelitas seguirem viagem. Seu clamor finalmente havia sido
ouvido... Deus os fez passar pelo caminho mais longo, conforme Ex 13:17, mas eles não contavam com
uma coisa, no meio do caminho tinha um mar... Provavelmente o ponto em que eles se depararam com o
Mar Vermelho, cujo nome em hebraico significa “mar de juncos”, é o extremo norte deste, conhecido
como Golfo de Suez. Seja como for, é um corpo d’água fino o suficiente para o povo inteiro atravessar
em apenas uma noite mas volumoso o suficiente para afogar todo o exército egípcio. Ah, sim, tinha um
mar no meio do caminho? Sem problemas... Moisés, diga aos filhos de Israel que marchem! É importante
lembrar que I Co 10:2 nos diz que os israelitas foram “batizados” no Mar Vermelho - assim, a Páscoa
prefigurava a redenção pelo sangue de Jesus (I Co 5:7) e, a travessia do mar, o batismo. Assim como a
travessia representou uma ruptura para eles, o batismo também deve representar o mesmo para nós.

É muito curioso que no livro de Êxodo são narrados os dois mais importantes acontecimentos da história
dos israelitas, a saber, a saída do Egito (daí o nome do livro) e a entrega da Lei ao povo por intermédio de
Moisés. Foram dois eventos que nunca mais saíram da memória deles. Por todo o restante do Antigo
Testamento Deus vai repetir a frase “eu sou o Senhor teu Deus, que te tirou da terra do Egito”, e os
profetas vão exortar o povo a cumprir a Lei - e os livros da Lei falam o tempo todo sobre a importância de
se lembrar de Yaweh, o Deus que os havia tirado do Egito, nas gerações futuras. Como se não bastassem
esses dois eventos, Êxodo também vai nos contar como foi instituído o Tabernáculo, que naquele tempo
era como Deus “habitava” entre os homens. A palavra “tabernáculo” tem origem grega e significa
“habitação”. Hmm, isto lembra algo? Leia João 1:14 - “e o Verbo se fez carne e tabernaculou entre nós”.
Temos então mais uma “sombra”, “tipo” ou figura do Senhor Jesus!

Cabe aqui outra pausa, desta vez para esclarecimento. Embora eu tenha mencionado vários “tipos” ou
“sombras” de realidades do Novo Testamento, evite ao máximo a interpretação alegórica das Escrituras.
Isto é um vício de interpretação que pode levar a conclusões completamente imprevisíveis. Só interprete
algo como símbolo de uma realidade ainda não revelada quando a própria Bíblia o fizer - nos casos que
mencionei, os “tipos” passam no crivo. Caso contrário, sinal vermelho!

Pois é, já estava tudo pronto - o Tabernáculo, a Lei, os sacrifícios, o sistema sacerdotal e levítico, a
Páscoa e a travessia do mar, o líder Moisés, a Aliança, as promessas, a nuvem de dia e a coluna de fogo
de noite, o censo e o exército de mais de 600 mil homens. Tudo bem que até então o povo não parava de
murmurar - um ano já tinha se passado, conforme Nm 9:1. Já haviam murmurado contra tudo, desde o
maná até Moisés. Mas mesmo assim estava na hora de entrar na terra, e em Nm 13:1 nos é dito que Deus
ordena a Moisés enviar doze espias para conhecer a terra de Canaã, um para cada tribo. O desenrolar da
história, o que aconteceu após o retorno dos espias, todos já sabem. Deus havia tolerado todo tipo de

8
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

murmuração dos israelitas durante um ano, mas essa foi a gota d’água. Não só o povo organizou-se para
voltar ao Egito, como também quis apedrejar os espias Josué e Calebe, que foram os únicos que
mantiveram sua fé em Deus. De acordo com Nm 14:2, povo disse que preferia morrer no deserto - oração
respondida imediatamente... Cuidado, muitas vezes a forma de Deus nos disciplinar é nos dando aquilo
que pedimos!

O que se seguiu nos 39 anos seguintes foi uma avalanche de rebeliões e murmurações do povo. Para
entender melhor por que tudo isso foi narrado, leia I Co 10:1-13. Uma geração inteira morreu no deserto -
todos os israelitas de 20 anos para cima, o que seria aproximadamente 1,5 milhão de pessoas, durante
14.245 dias, produzindo uma média de mais de cem funerais por dia. E olhe que a maior parte deve ter
morrido ao final do período, então imagine só o que deve ter sido enterrar toda aquela gente!

As quatro décadas no deserto, além de disciplinar o povo (Dt 8:5), serviu para mais três propósitos: (1)
Criar no povo uma identidade nacional, (2) estabelecer a teocracia e (3) criar uma dependência da
providência e proteção de Deus. Afinal, imagine como foi alimentar dois milhões de pessoas durante 40
anos, fora os animais...

Para finalizar nosso segundo estudo, deixo com vocês um dever de casa, que é a leitura do livro de
Deuteronômio. “Deuteronômio” vem de duas palavras gregas - “deuterós”, segundo, e “nomós”, lei. O
livro nada mais é do que toda a história do Êxodo recontada na forma de flash-back, ou, se você preferir,
um livro de memórias de Moisés.

A gente se vê no próximo estudo!

9
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Estudo 3 - “À tua descendência dei esta terra” (Gn 15:18)

Com a morte de Moisés, restaram apenas dois representantes da geração dos que eram adultos na época
do Êxodo, Josué e Calebe. Exatamente os dois espias que não foram vítimas da “síndrome do gafanhoto”
(Nm 13:33). Dentre eles, Josué foi o escolhido por Deus para ser o novo líder de Israel. Pelo sim pelo
não, desta vez foram enviados apenas dois espias para observar a terra - a experiência de mandar um espia
de cada tribo não tinha dado bons resultados...

Bem, com o retorno dos dois espias, houve a travessia do Jordão, que aliás ocorreu durante a época da
cheia. Lembre-se que quase ninguém ali havia participado da travessia do Mar Vermelho, logo aquilo era
algo novo para eles. Josué recebeu ordens de Deus para fazer dois memoriais de 12 pedras cada um, um
deles no leito do Jordão e o outro como uma coluna que servisse de memorial para as gerações futuras.
Terminada a travessia, foram circuncidados todos os homens do povo em Gilgal, nas campinas de Jericó,
como sinal de renovação da Aliança. Por isso o lugar recebeu o nome de Gilgal, que tem a ver com
“rolar”, pois Deus fez “rolar” para longe naquele dia a vergonha da escravidão no Egito. Pouco tempo
depois houve a celebração da Páscoa, e, assim que os israelitas comeram do fruto da terra pela primeira
vez, o maná cessou para sempre. Aliás, por falar em maná, lembre-se do que disse Jesus, o verdadeiro pão
da vida, sobre o pão que desceu do céu!

Agora sim, tudo pronto. Resta a conquista da terra que Deus há tanto prometera ao ancestral Abraão.
Lembre-se que eram povos, militarmente falando, muito superiores a Israel. Não obstante, o que ocorrera
40 anos antes já era do conhecimento de todos e havia grande temor entre aqueles povos. Em Nm 33:51-
56, é relatada a ordem de Deus para exterminar completamente qualquer vestígio da população que
habitava aquela terra. Mas note que eles tinham a opção de se entregar pacificamente, se arrepender dos
seus pecados e da sua idolatria e se converterem ao Deus de Israel - Raabe e sua família assim o fizeram e
foram poupados, logo certamente todos que assim procedessem também o seriam. Os gibeonitas foram
até espertos, enganando Israel e fazendo Josué jurar que não os destruiria - mesmo assim, foram feitos
escravos dos israelitas. Mas o que se viu foi resistência militar da parte de todos eles (Js 11:19).

A primeira cidade a cair foi Jericó, mediante uma demonstração sobrenatural do poder de Deus. Restaram
apenas Raabe e sua família. Bem, quer dizer, restaram também alguns objetos que foram parar na tenda de
um tal de Acã, da tribo de Judá. Isto custou caro a Israel, que perdeu a batalha seguinte contra a cidade de
Ai. Cabe dizer aqui que esta é a definição de “anátema” - é um termo grego que designa algo que é
irrevogavelmente destinado à destruição, como eram no caso os habitantes de Jericó, seus animais e seus
pertences. A ganância e a rebelião de Acã custaram caro a Israel!

O que se seguiu foi a conquista parcial da terra. As tribos de Gade, Rúbem e metade da tribo de Manassés
já tinham seu pedaço de terra do outro lado do Jordão, mas foram convocadas desde o tempo de Moisés
para ajudar as outras tribos a conquistar a terra. E a conquista não foi fácil. A terra era montanhosa, as
cidades eram fortificadas, os cananeus eram muito melhor treinados para a guerra (possuíam até cavalos)
e podiam se unir contra Israel. Do ponto de vista humano, impossível conquistar. Mas o relato bíblico da
conquista está repleto de intervenções sobrenaturais, como a queda dos muros de Jericó, a chuva de
pedras e o dia prolongado. De forma bastante resumida, a conquista do sul da palestina está narrada em
Josué 10 e a conquista do norte em Josué 11 - note que primeiro foi conquistada Jericó, na região central,
para impedir que as cidades do sul e do norte se unissem contra Israel. Conforme Josué 13, ainda havia
muita terra para se conquistar, e os capítulos seguintes narram a divisão da terra entre as tribos de Israel.
Os levitas não tinham herança, e deviam habitar em cidades pré-determinadas que pertenciam às outras
tribos. É por isso, aliás, que Samuel é chamado de efraimita em I Sm 1 e de levita em I Cr 6. Sua família
descendia de Levi, mas habitava em território efraimita.

10
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Note que vários critérios foram usados para se dividir a terra entre as tribos de Israel, tais como tamanho
da população (Js 19:9), direito adquirido (caso das tribos do outro lado do Jordão), providência divina
disfarçada de sorteio (Js 14:2), privilégio (caso das cidades dos levitas), pedido e fidelidade (caso de
Calebe e sua família).

No tempo de Josué, Israel não eliminou todos os povos que habitavam a terra de Canaã, mas Deus
permitiu que alguns deles permanecessem para colocar os israelitas à prova, se guardariam os
mandamentos divinos. Segundo Tiago, “Deus não tenta a ninguém”, porém às vezes permite que outros
nos tentem. No caso, os deuses dos cananeus, como baal e astarote, associados à fertilidade da terra, eram
um engodo muito grande para um povo basicamente agrícola. Como se isso não bastasse, os israelitas
casaram-se e deram-se em casamento com os cananeus, algo que Deus os proibira terminantemente (Dt
7:3,4). Foi só Josué morrer e surgir uma nova geração que foi tudo por água abaixo - tudo que Deus
proibira o povo de fazer eles fizeram, atraindo sobre si as maldições descritas em Deuteronômio 28 e
Levítico 26. Além disso, por terem sido reprovados no teste, Juízes 2:21 nos diz que Deus nunca mais
expulsou os cananeus da terra.

Com a morte de Josué, iniciou-se o período dos juízes. Para uma descrição resumida do que foi aquela
época, leia Juízes 2:16-19. Nada mais era do que um ciclo: Israel pecava, era oprimido por um povo
vizinho, se arrependia, Deus levantava um juiz que libertava o povo e havia como resultado um período
de tranqüilidade. Mal começava o período de paz e o ciclo se reiniciava.

Algumas razões podem ser enumeradas para o fato de Israel se envolver tão facilmente com a idolatria
dos povos vizinhos, entre elas, a incapacidade de eliminá-los completamente, a localização do
Tabernáculo, que era o lugar central de culto, colocado em Siló, a corrupção das classes levítica e
sacerdotal (como se pode ler em Jz 17, por exemplo, ou no caso dos filhos do sacerdote Eli no começo de
I Sm) e a atração pelos ídolos agrícolas dos cananeus.

Lembra que eu disse o Antigo Testamento inteiro mostra o fracasso do homem em obedecer a Deus? Um
dos melhores livros para se entender isto é Juízes. Mesmo os personagens que libertaram o povo, que são
inclusive elogiados pela coragem e fé no capítulo 11 de Hebreus, tiveram falhas escandalosas que o livro
de Juízes não faz a menor questão de ocultar. É só ler as narrativas sobre Gideão, Sansão e Jefté. Ah, sim,
não me pergunte se Jefté queimou sua filha como holocausto, porque o texto é inconclusivo!

Voltando à questão do fracasso do ser humano, note bem como Israel tinha duas escolhas aparentemente
simples, ou seja, podiam seguir e obedecer a Deus, tendo todas as bem-aventuranças como recompensa,
ou rejeitá-lo e servir a outros deuses, atraindo maldição sobre si. Por incrível que pareça, eles optaram
pelo caminho da insensatez. E se isto tem algo a nos ensinar, e segundo Paulo tem sim (Rm 15:4 e II Tm
3:16 vêm imediatamente à memória!), é que o potencial do ser humano para pisar na bola é algo que
cientista algum jamais será capaz de medir! Desde que nossos antepassados Adão e Eva fizeram a escolha
errada, nossa natureza tem a tendência de tomar as decisões que desagradam a Deus. Não é de se admirar
que um capítulo como Romanos 3, acerca da culpabilidade total e universal do homem, esteja na Bíblia!
Mas mesmo em meio a um quadro tão pessimista, podemos ver alguns raios de luz. A obediência e
fidelidade de homens como Josué e Calebe renderam bênçãos a uma geração inteira, e a fé e coragem dos
juízes deve ser um exemplo para nós. Lição de Josué e Calebe: “Com Deus do seu lado, você é maioria”!

A tabela abaixo (página 210 do volume I do livro de Scroggie) mostra quais foram os juízes e os povos
opressores, quanto tempo houve de opressão e quanto tempo de paz subseqüente:

Referência (Jz) Povo opressor Tempo de Juiz libertador Tempo de

11
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Opressão paz
3:1-11 Arameus 8 anos Otoniel 40 anos
3:12-31 Moabitas 18 anos Eúde 80 anos
4:1-5:31 Cananeus 20 anos Débora 40 anos
6:1-8:31 Midianitas 7 anos Gideão 40 anos
8:33-10:5 (Guerra civil) 3 anos Tolá/Jair 45 anos
10:6-12:15 Amonitas 18 anos Jefté, Ibsã, Elom e Abdom 31 anos
13:1-16:31 Filisteus 40 anos Sansão 20 anos

Nos últimos quatro capítulos do livro de Juízes é narrada uma seqüência de eventos que mostram bem a
condição moral daquele período. Várias vezes é repetido o chavão “naquele tempo não havia rei em Israel
e cada um fazia o que lhe parecia mais certo” - não que Deus estivesse se contradizendo quando
repreendeu Israel por querer um rei, mas o fato é que o próprio Deus queria ser o Rei sobre o povo, o que
lamentavelmente não aconteceu durante o período dos juízes. A falta de absolutos, característica marcante
da sociedade pós-moderna dos nossos dias, leva a conseqüências desastrosas, como podemos ler em
Juízes.

Os últimos juízes de Israel foram Eli e Samuel, o que mostra que, àquelas alturas, os ofícios de sacerdote,
líder civil e profeta já se misturavam.

É interessante notar também que, durante o período da conquista da terra, aparecem na narrativa bíblica
duas mulheres, gentias, sendo uma delas prostituta e a outra moabita (povo amaldiçoado até a décima
geração), que viriam a ser ancestrais de Davi e, posteriormente, de Jesus! Era a bênção de Abraão se
estendendo a todas as nações, conforme Deus prometera.

Ficamos por aqui, até nosso próximo estudo!

Estudo 4 - “Estabelecerei sobre mim um rei, como todas as nações...” (Dt 17:14)

Como já foi dito, na época de Eli e Samuel os ofícios de sacerdote, profeta e autoridade civil se
misturavam. O sacerdote era o que intercedia pelo povo junto a Deus, o profeta o porta-voz de Deus junto
aos homens e a autoridade civil o que governava (a propósito, os três poderes, de governar, legislar e
julgar, também se misturavam). O fato de a autoridade civil evoluir para uma monarquia era até natural, e
por si só não era errado. Uma monarquia sob a autoridade de Deus não deixaria de ser uma teocracia. O
problema foi a motivação do povo ao pedir um rei - eles queriam ser como as outras nações, e não faziam
questão que Deus fosse o verdadeiro rei. Lembre-se que o Messias deveria ser também um rei, de acordo
com Gênesis 49:9,10. Jesus é o verdadeiro sacerdote, profeta (Dt 18:15) e rei. E vale um paralelo aqui -
da mesma forma, quando a Igreja quer fazer algo igual ao mundo (nas artes, por exemplo), isto não é um
problema por si só, mas passa a ser um perigo se a motivação for apenas essa, a de ser igual ao mundo, tal
qual a dos israelitas. Não há nada de errado em se fazer algo nos mesmos formatos do mundo (“nenhuma
coisa é de si mesma impura, exceto para o que assim a considera” - Rm 14:14), desde que sua mente e
sua motivação não estejam nos mesmos formatos do mundo e sejam renovadas (Rm 12:1,2). Esta é a
principal lição que aprendemos com o desejo dos israelitas por uma monarquia.

Infelizmente, a estréia da monarquia não poderia ter sido pior. Saul cometeu dois atos de rebelião contra
Deus, narrados em I Samuel 13 e 15. O que é mais interessante de se notar aqui é que, aparentemente, são
deslizes mais brandos que os de Davi - mas lembre-se que o Senhor vê o coração (I Sm 16:7). E aos
poucos o verdadeiro caráter de Saul foi se revelando - sua irritabilidade (I Sm 16:14, onde “espírito

12
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

maligno” também pode ser traduzido como “mau humor”), sua inveja (odiando Davi e tentando matá-lo
várias vezes), sua desumanidade (matando 85 sacerdotes em I Sm 22:6-19) e sua rebelião contra os
mandamentos de Deus (ao consultar uma médium).

Experimente agora contrastar o caráter de Saul com o de Davi. Este andou diante de Deus com
integridade de coração e com sinceridade (I Rs 9:4) e seu coração era de todo fiel ao Senhor seu Deus (I
Rs 11:4). Leia também I Rs 15:3 e At 13:22. É, meu irmão, quando der vontade de desistir da vida cristã,
dê mais uma lidinha nas histórias de Jacó, Moisés e Davi. Davi derramou muito sangue inocente, era
polígamo, matou um homem para ficar com sua mulher, e provavelmente não foi um bom pai (é só ver o
que seus filhos fizeram). Mas ele tinha uma coisa que o diferenciava de Saul de forma impressionante:
seu coração pertencia a Deus. Leia os salmos e comprove. Davi era amigo íntimo de Deus - compartilhava
com Ele suas frustrações, lamentos, anseios, alegria, tristezas, esperanças, louvor, perplexidades e, é
claro, seu arrependimento pelas vezes em que O entristeceu!

Ao contrário de Saul, Davi não procurava matar seus inimigos na primeira oportunidade - é só lembrar de
como ele se comportou quando teve a chance de dar cabo de Absalão e do próprio Saul. É verdade que há
vários salmos imprecatórios, nos quais Davi pede a Deus que exerça justiça contra seus inimigos. Mas
veja como foi a atitude de Davi - vários daqueles salmos foram escritos por causa de Saul e Absalão! E
mesmo quando Davi derramou sangue inocente, houve arrependimento sincero. Davi só deu cabo dos
seus inimigos quando entendeu que Deus os entregou nas suas mãos, no campo de batalha. É notável
também como Davi tratou com dignidade os descendentes de Saul (a única exceção foi o caso da
vingança dos gibeonitas, mas ali provavelmente as pessoas que foram mortas tinham alguma culpa, mas o
texto não nos diz explicitamente - confira em II Sm 21). A forma como ele reagiu ao saber da morte de
Saul e Jônatas mostra bem este traço do caráter de Davi.

Também não há qualquer relato que associe Davi à prática de sincretismo religioso, como aconteceu com
Saul (consultando a médium) e Salomão (que caiu em idolatria). Pelos salmos, vemos nitidamente que a
paixão de Davi era o seu Deus, o único e insubstituível. Por isso, numa época em que a idolatria era o
maior perigo para o povo, Deus usou Davi para unificar o reino, centralizar a adoração a Ele em
Jerusalém, que, segundo Deuteronômio 12, era o lugar escolhido por Deus, e expandir as fronteiras de
Israel mediante a vitória militar sobre vários dos povos vizinhos sobre os quais já pesava a sentença de
Deus (já falamos sobre isto).

O livro de II Samuel termina com um dos grandes pecados de Davi. Fazer o censo, por si só, não era
errado, pois Moisés o fizera duas vezes. A diferença era a motivação de Davi, que era apenas a de contar
seus soldados, por pura soberba, para conhecer seu poderio militar. Com certeza isto ensina uma valiosa
lição para nós, que muitas vezes estamos mais preocupados com os números e com o nosso ministério e
não com a obra de Deus. Cuidado! A propósito, apesar desse incidente, Davi era humilde, confira o salmo
131.

Chegamos assim a Salomão. Eu confesso que é o personagem da Bíblia que mais me intriga. É o caso
mais típico de alguém que tinha de tudo para dar certo mas não deu. Vamos começar pela literatura que
Salomão nos legou. Cantares fala sobre o verdadeiro amor entre homem e mulher - e vejam só quem
escreveu, um dos maiores polígamos da história! Provérbios fala tanto sobre o temor do Senhor, sobre os
perigos de ser um mulherengo, sobre como criar os filhos, sobre como governar com sabedoria, e
Salomão fracassou em todos esses quesitos! Para mim, o único livro que realmente reflete a realidade de
Salomão é Eclesiastes - esse sim é a cara do autor, e não me entra na cabeça como pode haver críticos que
negam a autoria Salomônica... Ninguém mais neste universo poderia falar sobre aquilo tudo com tanto
conhecimento de causa!!!!!!

13
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Imagine o velho Salomão se lamentando (segue-se a minha curta paráfrase desse livro fenomenal):

“É tudo perda de tempo, vaidade, correr atrás do vento, como um cachorro tentando morder o
próprio rabo! Você procura dinheiro, mulheres, comida, tudo do bom e do melhor? Eu tive isso
tudo, mais que qualquer outro, e nada disso me satisfez. Debaixo do sol não há nada de novo, os
governos passam, os reinos caem, a tecnologia evolui, mas o coração do homem e seus desígnios
continuam os mesmos! Não perca seu tempo trabalhando, mas aproveite seus poucos dias que
Deus concedeu... Mas lembre-se de um detalhe, de tudo você vai ter que dar conta!! Hoje eu sou
velho, e, ao contrário do meu pessimismo de quando comecei minhas reflexões, descobri que a
vida realmente tem um propósito, se você temer a Deus e guardar os seus mandamentos!”

Salomão é o mais paradoxal de todos os personagens da Bíblia. Tinha uma sabedoria como a de nenhum
outro homem, que fora dada pelo próprio Deus, mas falhou em um ponto crucial: seu coração não foi
perfeito para com Deus, como havia sido o de seu pai Davi. Durante o período do seu reinado Israel
atingiu seu ápice, do ponto de vista do poderio militar, territorial e econômico. Humanamente falando, foi
o rei mais poderoso de Israel, tanto que Jesus citou “Salomão em toda a sua glória”. A riqueza material do
reino de Salomão foi algo inigualável - o ouro era algo tão comum que a prata não valia nada! Mas note
uma coisa, Salomão levou 13 anos para construir o templo, a casa de Deus, e 20 anos para construir sua
própria casa. Seu poder político foi tal que o obrigou a consolidar suas alianças com outros povos através
de casamentos com princesas pagãs, e isto foi a causa de sua ruína espiritual. Salomão caiu em idolatria, o
que só vem a nos ensinar uma coisa: “aquele, pois, que pensa estar em pé, veja que não caia” (I Co
10:12). Se havia alguém que tinha de tudo para ser o maior rei de todos os tempos em Israel não no
aspecto material mas espiritual, levando o povo a ter uma verdadeira comunhão com o seu Deus, esse
alguém era Salomão. No entanto, as mesmas coisas que tentam a todos nós, a concupiscência da carne, a
concupiscência dos olhos e a soberba da vida (I Jo 2:16), fizeram Salomão fracassar.

Uma palavra de encorajamento - seja como Davi e não como Salomão. Ambos pecaram (embora Davi não
tenha sido idólatra), mas a atitude de Davi foi sempre de se arrepender e viver em comunhão com Deus.
Ele não estava satisfeito enquanto sua comunhão com Deus não fosse totalmente restabelecida. Na
ocasião em que ela foi mais ameaçada, por ocasião do seu adultério com Batseba, ele sofreu de uma
doença que quase lhe tirou a vida (Salmos 32 e 38).

Só para finalizar o assunto, Salomão também se arrependeu. Eclesiastes é uma prova irrefutável do seu
arrependimento, porém este foi tardio - é verdade que nunca é tarde para se reconciliar com Deus e
começar de novo, mas, encaremos os fatos, ele perdeu uma vida inteira de comunhão com Aquele que
tinha sido o melhor amigo de seu pai Davi. Pobre Salomão... Não se esqueça também que, embora o
perdão divino seja garantido, as conseqüências do pecado nem sempre se vão. O reino acabou sendo
dividido no reinado do filho de Salomão, por ter sido este um mau pai e um governante muitas vezes
cruel e opressor.

Mas isto já é assunto para o próximo estudo, até lá!

14
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Estudo 5 - “Às vossas tendas, ó Israel!” (I Rs 12:16)

Você se lembra que em Êxodo 20:5, no meio dos Dez Mandamentos, Deus faz aquele comentário sobre
“visitar a iniqüidade dos pais nos filhos (a NVI diz ‘punir os pecados dos pais nos filhos) até a terceira e
quarta geração dos que o aborrecem”? Em Ezequiel 18:20, por outro lado, Deus diz que o filho não levará
a iniqüidade do pai. Como ficamos então diante da aparente contradição? Na verdade a explicação é bem
simples. O Antigo Testamento, escrito por semitas, nasceu de uma cultura que, ao contrário da nossa,
ocidental e do século XXI, nunca teve por preocupação ser matematicamente precisa - daí a Bíblia dizer,
às vezes, algo que “é” e, às vezes, algo que “parece que é”. Quer um exemplo? Provérbios 15:3 fala sobre
“os olhos do Senhor” e João 4:24 diz que “Deus é espírito” - ora, espírito não tem olhos, mas Deus
“parece que tem” olhos. Se Pv 15:3 fosse algo escrito por um contemporâneo nosso, provavelmente diria
“os aparentes olhos do Senhor...” (Ainda bem que o Antigo Testamento não surgiu na nossa cultura!)

Mas por que afinal estamos falando disso? Simples, porque Roboão, filho de Salomão, teve que arcar com
as conseqüências dos pecados de seu pai. Ele não foi responsabilizado, mas sofreu as conseqüências. Uma
delas foi herdar o trono no meio de um povo que já estava cansado de ser oprimido por pesados impostos,
que estava pronto para se rebelar. Outra foi não ter sido instruído na mesma sabedoria que Salomão havia
recebido direto de Deus. E como essa sabedoria não foi transmitida geneticamente, os resultados foram
desastrosos. Roboão insistiu em oprimir o povo, como fizera seu pai, e o resultado foi que Jeroboão
organizou uma rebelião que culminou na separação das dez tribos do norte, as quais nunca mais voltaram
a se unir com as duas que restaram no reino do sul. O mais patético é que Salomão falou tanto em como
se deve criar os filhos...

Em I Reis 11:38, lemos que Jeroboão também tinha de tudo para dar certo. Eis o trato: ele seria fiel a
Deus e este o honraria, abençoando seu reino e sua descendência. Dito e fracassado. Ao invés de confiar
em Deus, temeu que o povo resolvesse reunificar o reino e construiu dois bezerros de ouro. Fato é que sua
dinastia foi até seu filho e acabou. Desta forma, várias dinastias reinaram sobre o reino do norte, e
nenhum dos reis que se seguiram a Jeroboão foi fiel a Deus. O resultado foi que, no ano 722 aC, o reino
do norte, que ficou conhecido como Israel, foi levado cativo para a Assíria, de onde nunca mais retornou.
Os que ficaram sofreram miscigenação, dando origem aos samaritanos. Foi assim que o reino de Israel
perdeu sua identidade nacional, para nunca mais recuperar. Os livros de Crônicas nem sequer mencionam
os reis do norte - aliás, naquele livro o reino do sul, Judá, é chamado de Israel!

Os dois reinos co-existiram por cerca de 250 anos, havendo um período de rivalidade entre eles nos
primeiros 60 anos, seguido de um período de paz trazido pela aliança entre Jeosafá e Acabe. A
amistosidade cessou nos reinos de Amazias, no sul, e Joás, no norte - em I Reis 14 podemos ler sobre a
discórdia entre os dois reis, que continuou nos reinados seguintes até a queda de Israel diante do império
assírio.

Os livros de Reis e Crônicas nos dão um retrato do que foi essa época, que não foi em nada melhor do
que havia sido a dos juízes. Os israelitas adoraram baal, astarote e todos os outros deuses dos povos à sua
volta. A lei de Deus foi totalmente negligenciada e, se no tempo dos juízes cada um fazia o que achava
mais certo, agora cada um fazia o que achava mais errado - com um agravante, se alguém fizesse o certo
seria perseguido, como foi o profeta Elias.

Aliás, por falar em Elias, ele e Eliseu representam os únicos raios de luz daquele período de trevas. Elias,
ousadamente, desafia os profetas de baal, prova que Yaweh é o único Deus e compra uma briga com
Acabe e Jezabel que o obriga a fugir com uma forte crise de depressão. Desesperado da própria vida, Elias
descobre que ainda existiam sete mil que não haviam dobrado os joelhos a baal - fica aqui a lição, sempre

15
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

que você achar que ninguém mais à sua volta teme a Deus, ou que você é o mártir da situação, o único
fiel que restou, lembre-se de Elias e dos sete mil!

Eliseu, discípulo de Elias, repetiu alguns de seus milagres e efetuou alguns que seriam feitos, séculos
mais tarde, por Jesus (por exemplo, II Rs 4:42-44 e II Rs 5). Convém notar que houve três épocas na
Bíblia em que os milagres foram abundantes: (1) No tempo de Moisés, (2) no tempo de Elias e Eliseu e
(3) no tempo de Jesus e dos apóstolos. Não é à toa que, no Monte da Transfiguração, apareceram Moisés
e Elias. Elias teve a preferência sobre figuras como Abraão e Davi!

Ah, eu já ia me esquecendo dos profetas. Os livros históricos nos mostram os fatos de um ângulo, e os
livros dos profetas nos mostram de outro. Além dos profetas orais, como Elias, Eliseu e outros, temos
profetas que escreveram livros, como Amós e Oséias (estamos falando do reino do norte). Amós, por
exemplo, diz que, embora as nações pagãs cometessem pecados aparentemente muito mais horrendos,
Israel seria julgado com muito mais severidade, uma vez que conhecia bem qual era a lei de Deus e o
castigo por ela decretado.

O reino do sul, por sua vez, durou um pouco mais, tendo sido destruído em 586 aC, quando sua
população foi levada cativa para a Babilônia, sucessora da Assíria como potência mundial. Também a seu
favor pode ser dito que houve apenas uma dinastia que reinou no período, a de Davi, e que muitos desses
reis foram fiéis aos mandamentos de Deus - Jeosafá, Ezequias e Josias, para citar alguns. Esses reis
organizaram reformas, com o propósito de levar o povo ao arrependimento e retorno à comunhão com
Yaweh, mas estas não duravam mais do que uma geração.

Os principais profetas do reino do sul, nessa época, foram Isaías, Miquéias, Jeremias e Habacuque. Todos
eles denunciaram a corrupção moral do reino de Judá e as inevitáveis conseqüências da falta de
arrependimento do povo e das autoridades, tanto civis quanto religiosas. Aliás, ao se ler Jeremias, é nítida
da idéia de que as autoridades religiosas eram os maiores responsáveis pela deterioração moral e apostasia
do povo. Os sacerdotes se ocultavam sob a promessa de Deus de habitar no templo de Jerusalém para
ridicularizar Jeremias e dizer que jamais qualquer inimigo poderia fazer qualquer mal a eles. Obedecer à
lei? Bem, isto é um mero detalhe...

O profeta Habacuque, contemporâneo de Jeremias, chega a ficar perplexo em como Deus não fazia nada e
aparentemente não se importava com os pecados do povo. Mal sabia ele, imagine a sua cara quando ficou
sabendo que o instrumento de Deus para puni-los seria justamente os babilônios, um povo que fazia os
israelitas parecerem santinhos...

Por outro lado, em meio ao estado moral deplorável da época, não se pode deixar de notar que, em
nenhum outro período da história de Israel, surgiram tantos heróis da fé. Já mencionamos Elias e Eliseu,
que realizaram muitos milagres e não se intimidaram diante dos reis perversos (quer dizer, Elias fraquejou
um pouco, mas nada fora do alcance da graça de Deus), a anônima viúva de Sarepta e a também anônima
sunamita, o rei Asa com suas reformas, o rei Jeosafá, que ganhou uma batalha apenas louvando a Deus, o
profeta Isaías que viu a glória de Deus, o rei Ezequias que se derramou diante de Deus por causa da
ameaça dos assírios e que pela fé ganhou mais quinze anos de vida, a conversão dramática do rei
Manassés, que havia sido o mais perverso de todos, a coragem do profeta Jeremias e do rei Josias, entre
tantos outros, muitos deles anônimos.

Mas mesmo assim, a monarquia que os israelitas haviam pedido a Samuel fracassou e definitivamente não
estava nos planos deles que Deus fosse o verdadeiro rei. O que eles queriam era ser iguais às nações
vizinhas, ainda que isto significasse sacrificar sua comunhão e sua aliança com Yaweh.

16
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Eu sei que já falei isso, corro o risco de me repetir demais, mas vale a pena reforçar que o ser humano é
um fracasso, pois não consegue andar no caminho de Deus. Observe o exemplo dos israelitas, que tiveram
tudo que era necessário para ganhar acesso às bênçãos descritas nos livros da Lei. Bastava obedecer...
Tinham reis, sacerdotes, profetas, mas que pena...

A propósito, com a divisão do reino, o povo do sul, constituído principalmente pela tribo de Judá, passou
a ser conhecido não mais como israelita, mas como judeu. O povo israelita perdeu totalmente sua
identidade nacional, mas não o povo judeu. Mas eles tiveram que sofrer as conseqüências da sua
desobediência.

Quer saber o que aconteceu com eles? Você saberá, no nosso próximo estudo! Hasta la vista, baby!

17
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Estudo 6 - “Não houve remédio algum” (II Cr 36:16)

Quem achava que o período dos juízes, com toda a opressão sofrida da parte de vários povos vizinhos,
tinha sido o fundo do poço, mal sabia o que estava por vir... Ou melhor, sabia sim. Leia Deuteronômio
28, do verso 63 em diante. Aquele capítulo, que trata das maldições decorrentes da desobediência,
deixava bem claro que uma das conseqüências seria o exílio em outras terras. Não é à toa que os céticos
querem nos convencer que Deuteronômio teria sido escrito em uma data muito posterior! Mas leia com
cuidado o trecho mencionado. Algumas coisas ali só se cumpriram quando Roma destruiu Jerusalém, isto
depois do tempo de Cristo. Cabe aqui uma explicação sobre como funcionam as profecias bíblicas.
Imagine-se vendo três montanhas de frente. Um objeto colocado sobre o cume da terceira montanha
parecerá estar sobre a primeira, não é? Afinal, você só conseguirá ver a que está na frente. Mas se você
olhar de lado, vai ver que são três montanhas. Assim é com muitas profecias bíblicas. O profeta está
limitado pelo tempo, logo ele só enxerga em uma direção. Nós, que vivemos séculos depois, podemos
olhar para o passado e “enxergar de lado” as três ou mais montanhas. Deixe-me ilustrar:

FUTURO

PROFETA

MUITO
AGORA MAIS TARDE MAIS
TARDE

Com o desenho acima em mente, fica fácil entender por que Isaías fala, no capítulo 13, sobre a queda do
império babilônico e sobre os acontecimentos do fim dos tempos (os mesmos descritos em Apocalipse)
no mesmo trecho. Em outras palavras, os profetas enxergavam acontecimentos do dia seguinte e de dias
distantes como sendo uma coisa só. Desta forma, muitas vezes não é fácil interpretar alguns textos dos
profetas da época pré-exílica - é difícil saber, algumas vezes, se eles se referem ao retorno da Babilônia ou
a algum acontecimento do futuro distante com a participação do Messias. E mesmo as profecias referentes
a este às vezes se referem à primeira vinda e às vezes à segunda - o exemplo mais claro é a primeira parte
do capítulo 61 de Isaías, que Jesus leu na sinagoga até o começo do verso 2 e parou ali, dizendo que a
profecia acabara de se cumprir. O resto do verso 2, ao que tudo indica, ainda não se cumpriu!

Voltando a falar do exílio, o acontecimento em questão deu-se no ano 586 aC, quando o exército do rei
Nabucodonosor, da Babilônia, destruiu Jerusalém e o templo, antigo símbolo da presença de Deus. Mas
antes disso, algumas levas de cativos já haviam sido levadas. A primeira foi em 605 aC, quando foram
levados Daniel e seus três famosos amigos, e a segunda em 596 aC, quando foi levado o profeta Ezequiel.
Para entender como foi trágico o acontecimento para os judeus, leia o livro de Lamentações de Jeremias.
Agora vamos à lição do exílio. Imagine um pai que deseja fazer seu filho parar de fumar, e para tanto o
obriga a fumar 10 maços de cigarro seguidos. Provavelmente o filho nunca mais vai querer ver cigarro...
Bom, eu não sei se esse é o melhor método para fazer alguém parar de fumar, mas eu sei que foi esse
método que Deus usou para livrar os judeus do vício da idolatria. Eles foram levados para uma terra
estranha, onde havia mais ídolos do que eles podiam contar. Fato é que, em 536 aC, ao retornarem para a

18
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

palestina, os judeus estavam totalmente curados da idolatria, tanto que este problema jamais é
mencionado outra vez, seja pelos profetas pós-exílicos seja por Jesus.

Espere um minuto, eu falei em 586 e 536 aC, e a essas alturas você já deve estar se perguntando onde
entra a profecia dos 70 anos, feita por Jeremias (Jr 29:10), não é? Bom, Jeremias falou que deveriam se
cumprir para a Babilônia setenta anos. Nabucodonosor começou a reinar em 605 aC, que foi também
quando foram levados os primeiros cativos judeus. O primeiro ano de Ciro, rei da Pérsia, como rei
também sobre a Babilônia, agora uma província persa, foi 536 aC. Logo, temos os 70 anos profetizados
por Jeremias. Ah, antes que eu me esqueça, os profetas falaram muito mais contra as injustiças e pecados
da nação do que sobre acontecimentos futuros!

Agora vamos gastar um tempinho para falar sobre os livros das Crônicas. O primeiro dado interessante é
que o livro de II Crônicas termina igualzinho ao começo de Esdras, o que dá a entender uma autoria
comum para os dois livros e, o principal, uma autoria pós-exílica. Quando você comparar Reis e
Crônicas, lembre-se que os aqueles são pré-exílicos ou talvez da época do exílio, e estes são pós-exílicos.
É por isso que em Crônicas não se faz referência ao reino do norte, a não ser quando tem alguma relação
com o reino do sul, pois naquela época aquele reino já não existia mais. Outra coisa que vale a pena ser
estudada são as genealogias. Que atire a primeira pedra quem nunca se questionou o que elas estão
fazendo na Bíblia... Pois bem, tente se colocar no lugar de um judeu, nascido na Babilônia, prestes a
retornar à terra dos seus antepassados. De que lhe valeria ir, se não tivesse certeza de quem foram seus
ancestrais? Era mais do que necessária uma conexão entre aqueles judeus e os patriarcas Abraão, Isaque e
Jacó, por isso I Crônicas começa com uma detalhada genealogia, algo de suprema importância para eles.
E o que nós podemos aprender com isso? Aprendemos que Deus preservou todo um povo, tendo o
cuidado de não deixar que os registros se perdessem, para que deles nascesse o Salvador do mundo.
Lembre-se de uma coisa, a lista telefônica é algo de suma importância, mesmo que ninguém se interesse
pelo enredo... Moral da história: as genealogias são para consulta, não para serem lidas como narrativa. Se
elas não tivessem sido preservadas, toda a História teria sido bem diferente!

De volta à Palestina, sob a liderança de Zorobabel, a primeira missão deveria ser reconstruir o templo em
Jerusalém. No entanto, lemos em Ageu que o povo tinha outras prioridades. E lemos também em Esdras
que havia inimigos para se opor. Mas graças aos profetas Ageu e Zacarias, a construção do templo foi
concluída no ano 516 aC, duas décadas após o retorno. Mas agora havia uma diferença: Israel não era
mais uma nação independente, mas fora reduzida a uma província do império persa. Foi isto que gerou a
expectativa de um Messias libertador, que restituísse aos judeus a soberania nacional. Neste caso vale
mencionar as profecias de Daniel, que profetizou com precisão sobre todos os reinos que sucederam à
Babilônia como potência mundial. Pérsia, Grécia e Roma, e finalmente o Reino Eterno do Messias. Além
de Deuteronômio, Daniel é o outro livro que sofre o descrédito dos teólogos liberais, que não acreditam
em profecias que se cumprem. Mas a verdade é que Daniel previu todos os acontecimentos principais da
História, desde o seu tempo até o fim dos tempos. Não só ele falou dos reinos e do Reino Eterno de Deus,
mas falou sobre o anticristo (que tinha uma sombra na figura do general grego Antíoco Epifânio),
mencionado por Jesus em Mateus 24 e sobre a ressurreição dos mortos. Se você tiver curiosidade, estude
o cumprimento do capítulo 11 de Daniel na história do período inter-bíblico, desde o general Alexandre
Magno até seus sucessores. A riqueza de detalhes e o cumprimento fiel das previsões é algo
impressionante!

Falando de novo sobre o retorno da Babilônia, convém ressaltar que não foram todos que voltaram com
Zorobabel, aliás foi uma minoria, de aproximadamente 50 mil pessoas. Outras levas voltaram com
Esdras, em 457 aC, e Neemias, em 445 aC. Esdras voltou com a finalidade de embelezar o templo e
instruir o povo, e Neemias para edificar os muros da cidade. Esdras era autoridade religiosa, e Neemias
era autoridade civil.

19
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Para ficar mais fácil de você se orientar historicamente, a tabela abaixo mostra os reis do período, com os
principais acontecimentos:

Rei Nabucodonos Ciro (*) Dario I (**) Xerxes Artaxerxes I


or (Assuero)
Época (aC) 605-562 558-528 521-486 486-465 465-424
Acontecimento Exílio e Retorno à Reconstruçã Hamã tenta Esdras e
principal destruição do Palestina o do templo destruir os Neemias vão
templo judeus, salvos para a Palestina
por Ester
(*) A partir de Ciro os reis são da Pérsia, não mais da Babilônia. Quando a Bíblia fala do primeiro ano do
rei Ciro, refere-se ao ano em que este conquistou a Babilônia.
(**) Não confundir com Dario, o Medo, mencionado em Daniel

Vale mencionar também a providência de Deus em salvar o povo judeu da astúcia do perverso Hamã, que
afinal de contas agia com procuração do próprio Satanás, que queria destruir o povo do qual nasceria
Jesus. A mesma tática de sempre, usada anteriormente através do faraó que tentou matar os meninos
israelitas.

Finalmente, observe como, mesmo depois de curado da idolatria, o povo de Deus continua fracassando.
Leia Neemias, que fala de como o povo quebrou a Lei, ou Malaquias, que inclusive fecha a cortina do
primeiro ato, o Antigo Testamento, falando justamente de João Batista, através do qual Deus falaria
novamente após quatro séculos sem voz profética. E não se esqueça, Malaquias (e por conseguinte o
Antigo Testamento, no formato como temos hoje) termina com a palavra “maldição”, deixando bem claro
que ainda havia muita água pra rolar debaixo da ponte...

No nosso próximo estudo, vamos falar sobre a consumação da revelação de Deus, a Nova Aliança,
também conhecida como Novo Testamento. Até breve...

20
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Estudo 7 - “É chegado o Reino de Deus sobre vós” (Mt 12:28)

Chegamos assim ao nosso último estudo, que vai falar sobre o cumprimento de tudo que foi falado até
aqui - o Antigo Testamento nada mais era do que uma sombra, uma preparação para a revelação do
mistério de Deus, que é Cristo (Cl 2:2 e Ef 3:4-6). O Antigo Testamento termina com uma profecia sobre
João Batista, e o Novo Testamento começa cronologicamente com a anunciação do cumprimento da
profecia em questão. O Antigo Testamento termina falando em maldição, e o Novo Testamento termina
com uma bênção. O Antigo Testamento termina falando sobre o “grande e terrível Dia do Senhor”, e o
Novo Testamento termina descrevendo o tal “Dia do Senhor”. O Antigo Testamento termina na
expectativa de que o Messias virá, e o Novo Testamento termina na expectativa de que Ele voltará. O
Antigo Testamento termina falando sobre a falibilidade humana, e o Novo Testamento termina
descrevendo o dia em que Deus habitará com os homens e o pecado e a morte serão derrotados e não mais
existirão.

Enfim, são inúmeros os paralelos e os contrastes que podem ser feitos. Mas o mais importante de tudo é
que, chegada a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido sob a Lei, nascido de mulher, como
simples ser humano, limitado pelo tempo, à semelhança de carne pecaminosa (porém sem pecado), para
cumprir tudo que a Lei tipificava e as profecias anunciavam. Deus o enviou para ser ao mesmo tempo
Rei, Sacerdote e Profeta. Aquele que governa sobre os homens, que representa os homens diante de Deus
e que representa Deus diante dos homens. O único mediador entre Deus e os homens, sendo Deus e
homem ao mesmo tempo. A segunda pessoa da Santíssima Trindade, o grande Eu Sou, o Verbo de Deus,
a Imagem do Deus invisível e expressão exata do Seu ser, o Primogênito de toda a criação, o herdeiro de
todas as coisas, nosso Apóstolo e Sumo-Sacerdote.

Era enfim chegada a hora pré-determinada por Deus desde a eternidade passada, em que o Seu supremo
propósito seria colocado de volta no rumo certo, corrigindo o desvio de rota provocado pela queda do
homem. Cabia a Jesus não somente cumprir a Lei e as profecias, mas levar sobre si todas as
conseqüências do pecado de toda a humanidade. Para entender como foi a encarnação e o sofrimento de
Cristo, leia Filipenses 2:5-11 e Isaías 52:13-53:12. Desta forma, o Verbo se fez carne e habitou (ou,
transliterando do grego, “tabernaculou”) entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos Sua glória como
do unigênito do Pai.

Para fins didáticos, podemos dividir o Novo Testamento em três partes, a saber, os evangelhos e Atos, as
epístolas e Apocalipse. Leia Tito 2:11-13 - nos evangelhos, a graça de Deus se manifestou salvadora a
todos os homens; nas epístolas, ela nos educa a vivermos de forma santa na presente era e, em
Apocalipse, somos ensinados a aguardar a bendita esperança e manifestação da glória do nosso grande
Deus e Salvador, Cristo Jesus.

De forma bem resumida, podemos dizer que, nos evangelhos, o Senhor Jesus veio anunciar que havia
chegado o tão aguardado Reino de Deus. Veio para os seus e os seus não o receberam. Ele pregou,
ensinou, confrontou os intérpretes da Lei, quebrou tradições humanas e extra-bíblicas, enfrentou
preconceitos, desafiou a hipocrisia de muitos, mas, ao mesmo tempo, curou enfermos, consolou a muitos,
ressuscitou mortos e enxugou muitas lágrimas. E, é claro, morreu numa cruz e ressuscitou! Mas não parou
aí. Ele também treinou os apóstolos para, sob o fundamento deles e dos profetas de outrora (e, é claro, do
próprio Jesus), edificar sua Igreja, cujo nascimento e primeiros passos são narrados no livro de Atos. O
que é narrado naquele livro nada mais é do que aquilo que Deus sempre desejou fazer, que são as obras de
Jesus, feitas através daqueles que permanecem nele. Como resultado há comunhão, embora a Igreja não
fosse isenta de problemas. Aliás, é desses problemas que muitas das epístolas que se seguem vão tratar.
Leia por exemplo as duas cartas aos coríntios, a carta aos gálatas, aos colossenses e as duas cartas aos

21
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

tessalonicenses. Romanos, por outro lado, é uma carta mais didática, assim como Hebreus e as cartas de
João. As cartas de Pedro são de encorajamento, e a de Tiago é bem semelhante ao estilo didático de Jesus.
As duas cartas a Timóteo e as cartas a Tito e Filemon foram escritas para indivíduos específicos, e a de
Judas foi escrita para alertar contra falsos mestres (assim como as de João, II Pedro, Gálatas e
Colossenses). Nas epístolas, a revelação de Deus é colocada de forma sistemática, de modo que se possa
entender melhor as doutrinas principais do Cristianismo. Romanos, por exemplo, é um manual de
teologia sistemática, no qual toda a mensagem de salvação é exposta em forma de “tese”.

Por fim temos o livro de Apocalipse, que trata dos eventos relativos aos últimos tempos. Os profetas se
referiram aos tais acontecimentos como “tempo do fim”, “últimos dias” ou “dia do Senhor”. Porém a
noção que eles tinham era, na melhor das hipóteses, vaga. Eles não sabiam nem quando nem como
exatamente tudo aconteceria, mas sabiam que aconteceria. E como vimos no estudo anterior, muitas vezes
eles tratavam de assuntos dos tempos do fim e de assuntos da sua própria época no mesmo parágrafo, pois
para eles não estava clara a diferença de tempo entre uma coisa e outra - apenas sabiam que eram
acontecimentos futuros.

Apocalipse é um livro difícil de entender, sem dúvida alguma. Mas não desanime, existe uma bênção logo
no começo do livro para aqueles que lêem, ouvem e praticam as palavras ali escritas. O que deve ser
entendido não é um cronograma antecipado dos eventos do tempo do fim, mas sim que, quando tudo
estiver acontecendo, vai ser da forma como foi ali descrito. Portanto, muitas coisas escritas em
Apocalipse serão entendidas apenas após se cumprirem - por exemplo, o significado do terceiro chifre na
segunda cabeça da primeira besta... O segredo é não especular muito em cima do que não foi plenamente
revelado, mas aceitar pela fé que tudo foi escrito para nossa advertência e para que temamos a Deus e
entendamos o que está acontecendo quando estiver acontecendo.

A lição mais importante de Apocalipse é que devemos ser fiéis a Deus, uma vez que, em algum tempo no
futuro, cumprir-se-á aquilo que foi predito por boa parte dos profetas: todo mal será destruído, o bem
reinará, a morte será vencida, todas as conseqüências do pecado e da queda do homem serão anuladas,
Deus habitará com os homens e estes verão a face de Deus, não haverá mais medo nem dor, nem muito
menos o inimigo, que será lançado no lago de fogo e enxofre juntamente com os que não temem a Deus.

Não só isso, mas Apocalipse também faz eco às palavras de Jesus de que a consumação de todas as coisas
pode acontecer a qualquer momento, portanto devemos estar alertas. Entenda que todas as profecias de
Apocalipse foram escritas transmitindo a idéia de que poderiam se cumprir até mesmo imediatamente - é
por isso que não se pode aceitar qualquer revelação adicional ao que já foi revelado na Bíblia, como
tentam fazer algumas religiões e seitas, as quais criam outros “livros sagrados”. A eles resta a maldição
descrita no verso 18 do capítulo 22!

A tabela abaixo, extraída da página 65 do volume I do livro de Scroggie, mostra os paralelos e os


contrastes entre Gênesis, o princípio, e Apocalipse, a consumação:

Gênesis Apocalipse
Paralelos
O primeiro descanso (2:2) O último descanso (22:21)
A árvore da vida (2:9) A árvore da vida (22:2)
O rio (2:10) O rio (22:1)
O marido (2:21-24) O cordeiro (21:9)
A esposa (2:21-24) A noiva (21:9)
Um jardim (2:8) Uma cidade (21:2)
Contrastes

22
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

O paraíso perdido (3:6,23) O paraíso recuperado (21:1)


Vitória de satanás (3:1-7) Derrota de satanás (12:10,11)
A face divina escondida (3:8) “Contemplarão a Sua face” (22:4)
A maldição pronunciada (3:17, 4:2) A maldição removida ((22:3)
Os portões fechados (3:24) Os portões abertos (21:25)
A morte entra em cena (2:17) A morte sai de cena (21:4)

Finalmente, chegamos ao fim. Eu não sei quanto a você, mas para mim valeu demais escrever este
material. Foi uma experiência e tanto ver cada palavra escrita por inspiração de Deus tomar vida e se
encaixar perfeitamente dentro do seu grandioso propósito. Não tenha dúvidas, o propósito eterno de Deus
vai ser cumprido cabalmente um dia. Aliás, ele já está sendo cumprido, e nós somos parte dele. Um dia
colheremos os frutos. Até lá, permaneça firme no Senhor e na força do Seu poder. A recompensa, como
dizia o velho cântico, é “certa e boa”!

Senhor, agradecemos a Ti por nos dar a Tua Palavra e por podermos estudá-la. Permita que ela
transforme nossas vidas e molde o Teu caráter em nós, nos lavando e removendo toda sorte de impureza.
Que ela nos fale o que o Senhor quer falar, não necessariamente o que nós queremos ouvir. Em nome do
precioso Senhor Jesus, AMÉM!

23
Estudo Panorâmico da Bíblia – Aliança Bíblica Universitária Renato Nogueira Fontes

Bibliografia recomendada

Encorajo fortemente a todos que leiam os seguintes livros, para aprofundamento no estudo panorâmico da
Bíblia:

Archer Jr., Gleason - “Merece Confiança o Antigo Testamento?” (A survey of Old Testament
Introduction). Edições Vida Nova.

Fee, Gordon & Stuart, Douglas - “Entendes o que lês?” (How to read the Bible for all its worth).

Scroggie, William - “The Unfolding Drama of Redemption” (3 volumes). Kregel Publications.

Yancey, Phillip – “A Bíblia que Jesus lia” (The Bible Jesus read”). Editora Vida.

24

Você também pode gostar