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CONDICIONANTES DO PROJETO DE INTERIORES RESIDENCIAL

Ambiente — Levantamento métrico espacial


Para iniciarmos um projeto arquitetônico ou de design de interiores, é
importante, termos algumas informações técnicas.
É importante realizar uma visita técnica à obra de modo a realizar um
levantamento bem detalhado e encontrar meios de se identificar a exata
configuração do espaço existente. Essa etapa de estudo é chamada
Levantamento de Dados ou Levantamento Arquitetônico.
No Levantamento Arquitetônico, o responsável pela obra realiza a medição da
edificação como ela foi executada e construída, sem verificação de estruturas e
sistemas não aparentes. Toda essa anotação, realizada manualmente em um
papel com auxílio de trenas e prancheta para garantir uma correta medição,
após a computação das medidas, será convertida no projeto real.
Os dados coletados serão representados graficamente em plantas e elevações.
Tudo isso será usado em projetos arquitetônicos.
Os materiais necessários para a realização da medição da obra são: trenas
manuais, trenas eletrônicas a laser. Existem aplicativos de celular e softwares
de computador, porém, os instrumentos tradicionais ainda são insubstituíveis,
como o caso da trena, papel ou caderno, lapiseira, prancheta e máquina
fotográfica.
De modo a captar todos os detalhes da edificação e não deixar nada para
trás ̶ algo necessário para a realização de projetos futuros ̶ existem
diversas técnicas de levantamento que podem ajudar, como o laser scanning.
Entretanto, realizar desenhos rápidos, croquis, os esboços à mão,
complementa as informações.
O fato mais importante, no levantamento arquitetônico, é não deixar de anotar
o maior número de informações, como detalhes estruturais (vigas e pilares),
pontos elétricos (pontos de iluminação, tomadas e interruptores), hidráulicos
(ponto de água, esgoto) e outros detalhes construtivos relevantes.
No levantamento métrico arquitetônico, existem diversos itens que precisam
ser medidos. São eles:
• O perímetro da edificação;
• As paredes, ou seja, as alvenarias — incluindo suas espessuras;
• As esquadrias: janelas — comprimento, altura, distância do chão, e
posição do peitoril;
• As esquadrias: portas — comprimento e altura;
• Detalhes estruturais — como degraus, pilares, vigas e inclinações do
telhado;
• Peças sanitárias — seu distanciamento das paredes;
• Diferentes níveis — estabelecendo qual o nível zero, como ponto de
referência.

Projeto de interiores — Mobiliário e objetos

O projeto de interiores residencial é composto por diversos desenhos técnicos.


Um deles é o projeto de marcenaria. Ele deve conter todo o detalhamento
técnico de marcenaria e mobiliário que serão especificados na obra.
Segue abaixo um modelo de planta, vista e corte do projeto de marcenaria.
Projeto de marcenaria de um closet.

Setorização
Em um projeto arquitetônico, visa-se à parte funcional da residência, pensando
nos setores que compõem cada ambiente da casa e como eles se integram e
se relacionam.
Neste tópico, apresentaremos os setores de um projeto residencial. São eles:
setor social, setor íntimo e setor de serviço.

Setor Social
Ao projetarmos um ambiente residencial, é importante pensarmos na
setorização. Ao tratarmos da área social de uma residência, notamos que ela é
composta por vários ambientes como: sala de estar e sala de televisão (home
theather), sala de jantar, varanda gourmet.
É importante observar que, apesar da cozinha/copa, se encaixar como área de
serviço, o seu uso pode estar integrado à sala de jantar, o que a torna também
área social ou coletiva.
Exemplo de planta que integra as áreas sociais e de serviço, sala de estar,
cozinha e sala de jantar.

Fonte: disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/893432/plantas-de-


apartamentos-de-20-a- 50m2/5ae117cbf197ccfeda000085-plantas-de-
apartamentos-de-20-a-50m2->.

Setor íntimo
A área íntima de uma residência é composta pelos dormitórios, banheiros,
closets e escritórios.
Exemplo de planta que integra com a área intima delimitada em vermelho.
Fonte: Archdaily.

Setor de serviço
A área de serviços de uma residência é composta pela cozinha, área de
serviço, banheiro. Apesar da cozinha/copa se encaixar como área de serviço, o
seu uso pode estar integrado à sala de jantar, o que a torna também área
social ou coletiva, exigindo, além de organização e estética adequada, atender
ao propósito de receber visitas. Ao se pensar sua posição na planta e detalhes
funcionais, como iluminação e ventilação, pode-se aproveitar melhor o espaço,
além de trazer mais conforto e qualidade de vida a todos os moradores e
usuários do local.
Exemplo de planta com a área de serviço, delimitada em amarelo.
Fonte: Archdaily.

Nas cozinhas, deve-se considerar questões de praticidade, que englobam a


limpeza do local, manuseio e alcance de utensílios. Outro fator importante é a
interação entre o ambiente de convivência e a versatilidade.
As cozinhas são postos de trabalho, por isso necessitam de uma iluminação
eficiente. Outra questão é a facilidade dos fluxos e circulações na área de
cocção.
Os equipamentos e eletrodomésticos, como geladeira, fogão, lava-louças,
micro- ondas, forno, armários devem ser especificados para a correta
elaboração do projeto de marcenaria e de elétrica.
Reforçando: na cozinha, devem ser previstas diversas atividades. São elas:
• Preparo dos alimentos;
• limpeza;
• Cocção;
• Estoque;
• Refeições.

Existem diversos formatos de bancadas em uma cozinha: linear; paralela; de


ilha; em “L” ou “U”. Com relação aos materiais das bancadas, podem ser
pedras naturais (granitos, mármores) ou sintéticos (silestone, corian,
marmoglass); inox; vidro; porcelanato. As dimensões são em diferentes alturas
com distâncias mínimas, baseadas nas questões de ergonomia e
antropometria.

Foto de cozinha integrada à área de serviço.


Fonte: disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/936316/projetando-
cozinhas-residenciais- dicas-e-solucoes>.
As cozinhas se tornaram, nos tempos atuais, um local de convivência, de
encontro de família. Esse destaque se deve em parte pelo aumento do número
de pessoas que moram sozinhas e descobriram o prazer e a necessidade de
cozinhar. É na cozinha onde, muitas vezes, reunimos os amigos em casa.

Enfim, o fato é que as cozinhas ganharam um local de destaque nas plantas


habitacionais, especialmente, de apartamentos das grandes cidades.

Proposta de cozinha integrada à sala de estar.


Fonte: disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/936316/projetando-
cozinhas-residenciais- dicas-e-solucoes>.

Já o banheiro é um ambiente importante da casa, pois, além de atender a uma


estética agradável, deve ser funcional e confortável também. Em residências
onde moram com várias pessoas, por exemplo, uma boa organização dele
pode otimizar os fluxos.
Banheiros são alguns dos menores cômodos de uma residência, porém, dos
mais complexos, por conterem equipamentos e diversas instalações hidráulicas.
Para isso, é importante que o projeto seja muito bem elaborado.
Os banheiros devem possuir uma área mínima. A largura mínima confortável
de 1,0 m e área mínima de 1,50 m², no caso dos lavabos; com relação ao pé
direito, sendo a altura do piso ao teto, a medida mínima é de 2,30 m.
Os móveis ou gabinetes que serão projetados nos banheiros servirão para
guardar objetos ligados à higiene pessoal como: papel higiênico, toalhas,
cremes,
xampus e roupas sujas.

Layouts contendo as áreas mínimas para os banheiros de uma residência.


Fonte: disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/942277/dimensoes-
minimas-e-layouts-tipicos- para-banheiros-pequenos>.
A imagem mostra as dimensões ideais a serem deixadas para um adequado
uso de vasos sanitários, lavatórios e chuveiros, respectivamente.
Fonte: disponível em: <https://www.archdaily.com.br/br/942277/dimensoes-
minimas-e-layouts-tipicos- para-banheiros-pequenos>.

Área de Serviço/Lavanderia
No projeto de lavanderias, deve-se alocar os equipamentos e eletrodomésticos
que necessitem de pontos hidráulicos na mesma parede, por isso, o tanque, a
máquina de lavar e de secar devem ficar juntos. Não é recomendável encostar
lateralmente o tanque nas paredes. As lavanderias são espaços de trabalho
reduzido, que precisam ter boa iluminação e ventilação natural adequada.
Distancie a área de passar da zona de lavagem. A tábua de passar na maior
parte do tempo encontra-se desarmada, então, é interessante prever o local
para guardar quando fora de uso ou projetá-la integrada ao projeto de
marcenaria.

Ergonomia

Ergonomia é a ciência que estuda a relação entre o homem e o ambiente em


que vive. No ambiente de trabalho, é estudada a relação entre o homem e a
máquina, visando à segurança e eficiência no modo como um e outro
interagem. O objetivo da Ergonomia é a saúde, satisfação, segurança e bem-
estar dos usuários.
A Ergonomia objetiva sempre a melhor adequação ou adaptação possível do
objeto aos seres vivos em geral. Sobretudo no que diz respeito à segurança, ao
conforto e à eficácia de uso ou de operacionalidade dos objetos, mais
particularmente, nas atividades e tarefas humanas (GOMES, 2003).
O homem vitruviano de Leonardo da Vinci, criado no período do Renascimento.
Fonte: PANERO; ZELNIK (2000).

Segundo a ABERGO, intende-se por Ergonomia o estudo das interações das


pessoas com a tecnologia, a organização e o meio ambiente, objetivando
intervenções, projetos que visem melhorar, integradamente e não dissociadas
a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas
(ABERGO — Associação Brasileira de Ergonomia).

Objetivos básicos da Ergonomia no projeto de interiores:


• Segurança;
• Conforto;
• Eficácia no uso;
• Produtividade.

Conforto ambiental
O Conforto Ambiental é a adequação dos princípios físicos de um determinado
ambiente. Envolve iluminação, temperatura e acústica.
Conforto Luminotécnico — iluminação
O projeto de iluminação deve atender a uma distribuição equilibrada da luz
natural ou artificial, que deve ser racionalizada, para evitar desconfortos
relacionados à sensação de ofuscamento ou sombreamento excessivo.

Sala de jantar com iluminação por spot em trilho, presença de luz natural.
Projeto Butiá.
Fonte: disponível em: <https://manualdaobra.com.br/blog-inspire-se/sala-de-
jantar-com-ilumincao-por- spot-em-trilho>.

Conforto térmico
O conforto térmico das edificações está relacionado em duas reações do
organismo humano, quando submetido a ambientes quentes e frios. Ambas as
situações, em extremo, causam bastante desconforto, portanto, devem ser
evitadas ao máximo pelo profissional. Cores e aberturas mal utilizadas têm
correlação direta com esses efeitos.
Afirmamos haver uma reação ao frio quando as perdas de calor são maiores
que o necessário, expondo as pessoas a reações desconfortáveis de arrepio.
Já a reação ao calor ocorre quando as perdas de calor são menores
que deveriam ser, caracterizadas pelo desconforto do suor.
Conforto acústico
O desconforto acústico também é um elemento que deve ser evitado em todos
os casos. Esses problemas podem ser eliminados fazendo-se um tratamento
acústico adequado através de mantas isolantes acústicas. Essa
categoria de tratamento nas alvenarias e forros visa atenuar o nível de energia
sonora, promovendo o isolamento dos sons indesejáveis.
O conforto ambiental é composto por:
• Dimensionamento;
• Funcionalidade;
• Layout;
• Arranjo Físico.

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