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QUESTÃO 4 – PROVA AMARELA

A questão acima traz intepretação de trecho textual, no qual coteja linguística


(glotologia). Linguística é a ciência que se ocupa em estudar as características da
linguagem humana. O linguista é responsável por analisar e investigar toda a evolução e
desdobramentos dos diferentes idiomas, bem como a estrutura das palavras, expressões
idiomáticas e aspectos fonéticos de cada língua.

Neste caso, a resposta indicada pela Banca é a letra “A”, como a menos incorreta
eis que, se analisarmos todas as afirmativas, nenhuma delas responde corretamente o
enunciado.
Explica-se. A afirmativa “A” traz que “a pergunta feita no texto não é
respondida”. Pela natureza da indagação, ou seja, por ser ela uma indagação retórica,
naturalmente não há resposta. Porém no texto, inicia-se a resposta da indagação quando
assim o autor escreve: “É consenso que as dificuldades principais são oferecidas pela
gramática, cujo conceito dominante é o de que seja um rol de regras...”. Veja-se que,
apesar de se iniciar uma resposta, ela não é completa, já que o texto está na prova somente
em trecho.

|Ainda que consideremos a resposta como a “A”, a matéria susodita ( linguística


e glotologia), faz parte da matriz curricular do ensino superior e não está apresentada no
edital como matéria a ser cobrada na prova desse certame, o que viola o princípio da
vinculação.

Portanto, não havendo compatibilidade com o edital, a questão demanda a


autotutela da Banca para que seja anulada.

QUESTÃO 8 – PROVA AMARELA


Como sabido e conceituado, o advérbio é a classe de palavras que acompanha
verbos, adjetivos ou outros advérbios, acrescentando-lhes características ou
intensificando o seu sentido1. Sendo, dessarte, o advérbio a palavra que modifica o
sentido do verbo, adjetivo ou outro advérbio, há diversas classificações.

Na questão, as assertivas buscam que o candidato analise o advérbio de lugar “lá”


e o seu uso escorreito, nos termos da gramática da língua portuguesa. O significado de
“lá” é, segundo o dicionário “advérbio Ali, naquele lugar, naquela situação; aponta um
lugar relativamente afastado da pessoa que fala; ali: sente-se lá. Em direção a um lugar;
naquele lugar: sempre morei lá”.

Em análise detida das assertivas não há diversas corretas. Explica-se.


Usualmente, em frases, busca-se a utilização do advérbio “lá” para designar lugar fora
do alcance da vista2. Já para a banca, a alternativa indicada como correta seria a letra

1
https://brasilescola.uol.com.br/gramatica/adverbio.htm
2
https://www.dicio.com.br/la-
2/#:~:text=Significado%20de%20L%C3%A1,naquele%20lugar%3A%20sempre%20morei%20l%C3%A1.
“d”, eis que o referencial se encontra na frase. Importante rememorar, porém, que não
há tal imposição, o que faz com que todas as alternativas sejam corretas.

QUESTÃO 10 – PROVA AMARELA

O candidato conseguiria alcançar a resposta dada como correta pela banca


realizando a troca de ser por estar, antes do adjetivo, v.g., “homem está resfriado- estado-
e homem está deitado – estado-“. A assertiva “A” é a assertiva correta indicada pela
banca. Podemos realizar tal manobra, para exemplificar, na alternativa “B”, o que
resultaria em “milagre é divino e educação é formal”, o verbo utilizado é o “ser” e, dessa
feita, não haveria adjetivo de estado.

Porém, na alternativa “C”, teríamos incongruência, eis que, fazendo a


substituição, poderíamos obter, uma mente está vazia e uma mente é aberta ou está aberta
e, dessa forma, teríamos, também, os adjetivos de estado.
Apesar do explanado, não há, em gramática da língua portuguesa a classificação
de adjetivos como sendo de “estado”. Dessarte, inovou a banca, o que viola o edital e as
normas gramaticais, merecendo ser a questão acima anulada, em sede de autotutela, pela
banca.
QUESTÃO 36 – PROVA AMARELA

A questão acima destacada da prova, traz que João, Policial Militar, notou em
evento realizado para a inauguração de uma obra no Município Alfa que não havia, no
local, qualquer promoção pessoal dos políticos presentes no evento. Ademais, todas as
informações atinentes à susodita obra, teriam caráter educativo e informativo. Com essas
informações, indaga a Banca do candidato, qual o princípio de direito administrativo,
manifestou-se na situação.
No contexto mencionado, o gabarito é o princípio da impessoalidade, trazido na
assertiva “B”. Porém, há que se destacar que, em razão da porosidade dos conceitos, é
cabível, também, o trazido na assertiva “E”, eis que, agiu o administrador público, dentro
do que exige o princípio da legalidade.

O princípio da impessoalidade ou finalidade, referido na constituição de 1988


(art. 37, caput), deve ser entendido como aquele que princípio que vem excluir a
promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos sobre as suas realizações
administrativas. Não é permitido que os agentes públicos tenham privilégios,
característica visível do princípio republicano (Art. 1º, caput da Constituição Federal).

Veja-se o conceito na preleção de Hely Lopes Meirelles:

“O princípio da impessoalidade, referido na Constituição de 1988 (art. 37,


caput), nada mais é que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao
administrador público que só pratique o ato para o seu fim legal”. E o fim legal é
unicamente aquele que a norma de direito indica expressa ou virtualmente como objetivo
do ato, de forma impessoal (Meirelles, Hely Lopes Direito Administrativo Brasileiro,
40ª Ed, 2013, pag.95).

Como se analisa acima, o administrador público que age com impessoalidade,


age também, dentro da legalidade estrita, determinada aos agentes públicos.
Dessarte, verifica-se que a questão oportuniza duas respostas como corretas, tanto
a que traz o princípio da impessoalidade quanto aquela que traz o princípio da legalidade
como correta, o que deixa o concorrente impossibilitado de responder.

Ante o explanado, a banca deve anular a questão em autotutela de seus atos, como
maneira de honrar o edital, o qual aponta haver, para cada questão, somente uma
alternativa correta.

QUESTÃO 45 – PROVA AMARELA

A questão de número 45 traz duas situações afetas ao Direito Penal. No primeiro


cenário, temos Tício, que ingressou no jardim de uma residência, escalando o muro
almejando adentrar ao local e proceder à subtração de diversos bens. Porém, ao avistar
uma criança com o pai, mudou de ideia e deixou o local.
Temos, in casu, clara desistência voluntária, a qual se dá quando o agente
abandona a execução do crime quando ainda lhe sobra, do ponto de vista objetivo, uma
margem de ação.

No cenário descrito, observando-se o dolo (animus furandi) que seria a


consciência e vontade dirigida ao fim de furtar e o iter criminis – cogitação, preparação,
execução e consumação- temos que o autor do fato, Tício, apesar do dolo explicitado e
de iniciar a execução de seu intento, abandonou-o após avistar pai e filha brincando. Há
clara expressão da desistência voluntária.

A consumação não é alcançada por razões diversas: na tentativa, por


circunstâncias alheias à vontade do agente; na desistência voluntária e no
arrependimento eficaz, por manifestação de vontade do agente. Essencial, no exemplo,
a análise do dolo do agente e do iter criminis, para que se chegue a tal conclusão.

Nesse sentido é a jurisprudência:

EMENTA
DIREITO PENAL. RECURSO ESPECIAL. TENTATIVA DE LATROCÍNIO.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA. REVOLVIMENTO PROBATÓRIO.
DESCLASSIFICAÇÃO. POSSIBILIDADE. DÍVIDA DE CORRIDA DE
TÁXI. COISA ALHEIA MÓVEL. NÃO CONFIGURAÇÃO. RECURSO
PARCIALMENTE CONHECIDO E PROVIDO.
1. Na linha da jurisprudência deste Tribunal, "para reconhecer a
desistência voluntária, exige-se examinar o iter criminis e o elemento
subjetivo da conduta, a fim de avaliar se os atos executórios foram iniciados
e se a consumação não ocorreu por circunstância inerente à vontade do
agente, tarefa indissociável do arcabouço probatório" (AgRg no AREsp n.
1.214.790/CE, relator Ministro RIBEIRO DANTAS, QUINTA TURMA,
julgado em 17/5/2018, DJe de 23/5/2018). Incidência da Súmula n. 7/STJ.2. A
dívida de serviço de transporte urbano por táxi não pode ser considerada "coisa
alheia móvel" para fins de configuração da tipicidade dos delitos patrimoniais,
sob pena de se fazer equiparação em prejuízo do acusado, violando o princípio
da legalidade estrita que rege o Direito Penal.
3. A dinâmica dos fatos narrada no acórdão descrevendo a conduta da ré, que
desferiu uma facada no pescoço do taxista, ao fim da corrida, por não possuir
dinheiro para o pagamento, não se amolda à figura do latrocínio.
4. Recurso especial parcialmente conhecido e provido. Ordem concedida, de
ofício, para que a recorrente seja posta em liberdade.

Dessarte, quanto ao cenário descrito no primeiro parágrafo, correta a aplicação


da desistência voluntária, eis que o crime não ocorreu por circunstância inerente à
vontade do agente.

O problema da questão, reside no cenário de número 2, o qual traz que Mévio


desferiu diversos socos em seu desafeto o qual pediu clemência e, em razão disso, houve,
por parte de Mévio, o cessar das agressões.

Em Análise detida do segundo cenário, não há menção acerca do dolo de Mévio,


se se tratava de dolo de lesionar (anius laedendi) ou de matar (animus necandi). Nessa
senda, resta impossibilitada a conclusão acerca de desistência voluntária eis que, se
inerente à vontade do agente, necessário saber qual o seu dolo e se, realmente, desistiu
no caminho da consecução do crime. Ademais, se o dolo for de lesionar, não há
desistência voluntária, mas crime consumado.

Pelo exposto, a análise do apresentado no cenário dois, é prejudicada e não oferta


ao concorrente dados necessários para concluir pela desistência voluntária, como
susodito. A questão, portanto, merece ser anulada, por falta de pressupostos essenciais
na análise do caso fático apresentado no cenário dois e ausência de resposta.

QUESTÃO 49 – PROVA AMARELA


A resposta correta considerada pela banca é a apresentada na assertiva “E”.
Porém, na questão susodita, há claro ferir do edital, eis que o assunto agravantes
não está relacionado no instrumento convocatório:
Veja-se que, em nenhum dos itens de penal demandou-se dosimetria de pena ou
o tema atenuantes e agravantes.

Dessarte, em honra ao instrumento convocatório e ao Princípio da Vinculação, a


questão acima deve ser anulada pela Banca.

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