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Prefeitura Municipal de Trindade - GO

Fiscal de Vigilância Sanitária

Conhecimentos Específicos

Conhecimentos Específicos
Constituição da República Federativa do Brasil, Título VIII, Capítulo II, Seção II “Da Saúde”
Artigos 196 a 200; ...........................................................................................................................1
Lei Federal nº 8.080 de 19 de setembro de 1990; ..........................................................................3
Lei Federal nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990; .......................................................................18
Norma Operacional Básica - NOB/96 publicada no Diário Oficial da União de 06 de novembro
de 1996 (em especial os itens referentes à Vigilância Sanitária); ................................................20
Lei Orgânica do Município; ............................................................................................................43
Doutrinas e Princípios do SUS; .....................................................................................................43
Controle Higiênico-Sanitário em Alimentos; ..................................................................................54
Saneamento; .................................................................................................................................71
Saúde e Nutrição; ..........................................................................................................................75
Vigilância Sanitária e Saúde do Consumidor. Cuidados Sanitário à População; ..........................78
Tipos de Poços Aquíferos; Fossa Seca; Águas pluviais; Esgoto Sanitário; Aterro Sanitário; .......79
Água Potável; Sistema de Tratamento d’água. Fluoretação da Água; .........................................90
Sistemas de disposição e de tratamento de lixo. ..........................................................................95
Métodos de controle e prevenção de zoonoses. .........................................................................102
Organização Sanitária nos órgãos e empresas. .........................................................................105
Lei Federal 6437/77.....................................................................................................................108
Exercícios.....................................................................................................................................117
Gabarito........................................................................................................................................121

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Constituição da República Federativa do Brasil, Título VIII, Capítulo II, Seção II “Da
Saúde” - Artigos 196 a 200

Saúde
A saúde é direito de todos e dever do Estado. Segundo o artigo 197, da Constituição, as ações e os serviços
de saúde devem ser executados diretamente pelo poder público ou por meio de terceiros, tanto por pessoas
físicas quanto jurídicas.
A responsabilidade em matéria de saúde é solidária entre os entes federados.
Diretrizes da Saúde
De acordo com o Art. 198, da CF, as ações e os serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada
e hierarquizada e constituem um sistema único – o SUS –, organizado de acordo com as seguintes diretrizes:
I – descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II – atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assis-
tenciais;
III – participação da comunidade.
A Saúde e a Iniciativa Privada
Referente ao Artigo 199, da CF, a assistência à saúde é livre à iniciativa privada e instituições privadas po-
derão participar de forma complementar do SUS, segundo diretrizes deste, mediante contrato de direito público
ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos.
Atribuições Constitucionais do SUS
Por fim, o Artigo 200 da CF, elenca quais atribuições são de competência do SUS.
SEÇÃO II
DA SAÚDE
Como o Estado atua para garantir que a saúde seja um direito de todos?
Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas
que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e
serviços para sua promoção, proteção e recuperação.
Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde, cabendo ao Poder Público dispor, nos
termos da lei, sobre sua regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita diretamente
ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou jurídica de direito privado.
Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e consti-
tuem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: Diretrizes do SUS
I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;
II - atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assisten-
ciais;
III - participação da comunidade.
§ 1º O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art. 195, com recursos do orçamento da segu-
ridade social, da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
§ 2º A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão, anualmente, em ações e serviços
públicos de saúde recursos mínimos derivados da aplicação de percentuais calculados sobre:
I - no caso da União, a receita corrente líquida do respectivo exercício financeiro, não podendo ser inferior a
15% (quinze por cento); (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86, de 2015)
Estados: 12% - DF: 12% e 15% Municipios 15% e DF: 12 e 15% conforme situação enuqadrada
II – no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o art.
155 e dos recursos de que tratam os arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que
forem transferidas aos respectivos Municípios;

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III – no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da arrecadação dos impostos a que se refere o
art. 156 e dos recursos de que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3º.
§ 3º Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco anos, estabelecerá:
I - os percentuais de que tratam os incisos II e III do § 2º; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 86,
de 2015)
II – os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde destinados aos Estados, ao Distrito
Federal e aos Municípios, e dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando a progressiva
redução das disparidades regionais;
III – as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com saúde nas esferas federal, estadual,
distrital e municipal;
IV - (revogado).
§ 4º Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir agentes comunitários de saúde e agentes
de combate às endemias por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e complexidade de
suas atribuições e requisitos específicos para sua atuação.
§ 5º Lei federal disporá sobre o regime jurídico, o piso salarial profissional nacional, as diretrizes para os
Planos de Carreira e a regulamentação das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate
às endemias, competindo à União, nos termos da lei, prestar assistência financeira complementar aos Estados,
ao Distrito Federal e aos Municípios, para o cumprimento do referido piso salarial.
§ 6º Além das hipóteses previstas no § 1º do art. 41 e no § 4º do art. 169 da Constituição Federal, o servidor
que exerça funções equivalentes às de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias
poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos específicos, fixados em lei, para o seu exer-
cício. Requisitos especificos agente comunitario de saúde e agente de combate as endemias, segundo a CF/88
Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
§ 1º As instituições privadas poderão participar de forma complementar do sistema único de saúde, segundo
diretrizes deste, mediante contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas
e as sem fins lucrativos.
§ 2º É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou subvenções às instituições privadas com
fins lucrativos.
§ 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saúde
no País, salvo nos casos previstos em lei.
§ 4º A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem a remoção de órgãos, tecidos e substân-
cias humanas para fins de transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e transfusão
de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de comercialização.
Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras atribuições, nos termos da lei:
I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde e participar da
produção de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;
II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem como as de saúde do trabalhador;
III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;
IV - participar da formulação da política e da execução das ações de saneamento básico;
V - incrementar, em sua área de atuação, o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação; (Redação
dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu teor nutricional, bem como bebidas e
águas para consumo humano;
VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias e pro-
dutos psicoativos, tóxicos e radioativos;
VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho.

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Lei Federal nº 8.080 de 19 de setembro de 1990

LEI Nº 8.080, DE 19 DE SETEMBRO DE 1990


Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcio-
namento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
lei:
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 1º Esta lei regula, em todo o território nacional, as ações e serviços de saúde, executados isolada ou
conjuntamente, em caráter permanente ou eventual, por pessoas naturais ou jurídicas de direito Público ou
privado.
TÍTULO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 2º A saúde é um direito fundamental do ser humano, devendo o Estado prover as condições indispen-
sáveis ao seu pleno exercício.
§ 1º O dever do Estado de garantir a saúde consiste na formulação e execução de políticas econômicas e so-
ciais que visem à redução de riscos de doenças e de outros agravos e no estabelecimento de condições que as-
segurem acesso universal e igualitário às ações e aos serviços para a sua promoção, proteção e recuperação.
§ 2º O dever do Estado não exclui o das pessoas, da família, das empresas e da sociedade.
Art. 3o Os níveis de saúde expressam a organização social e econômica do País, tendo a saúde como de-
terminantes e condicionantes, entre outros, a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente,
o trabalho, a renda, a educação, a atividade física, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essen-
ciais. (Redação dada pela Lei nº 12.864, de 2013)
Parágrafo único. Dizem respeito também à saúde as ações que, por força do disposto no artigo anterior, se
destinam a garantir às pessoas e à coletividade condições de bem-estar físico, mental e social.
TÍTULO II
DO SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
DISPOSIÇÃO PRELIMINAR
Art. 4º O conjunto de ações e serviços de saúde, prestados por órgãos e instituições públicas federais, esta-
duais e municipais, da Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui o
Sistema Único de Saúde (SUS).
são órgãos constituintes do SUS
§ 1º Estão incluídas no disposto neste artigo as instituições públicas federais, estaduais e municipais de
controle de qualidade, pesquisa e produção de insumos, medicamentos, inclusive de sangue e hemoderivados,
e de equipamentos para saúde.
§ 2º A iniciativa privada poderá participar do Sistema Único de Saúde (SUS), em caráter complementar.
suplementar?
CAPÍTULO I
DOS OBJETIVOS E ATRIBUIÇÕES
Art. 5º São objetivos do Sistema Único de Saúde SUS:
I - a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde;
II - a formulação de política de saúde destinada a promover, nos campos econômico e social, a observância
do disposto no § 1º do art. 2º desta lei;
III - a assistência às pessoas por intermédio de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, com
a realização integrada das ações assistenciais e das atividades preventivas.

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Art. 6º Estão incluídas ainda no campo de atuação do Sistema Único de Saúde (SUS):
I - a execução de ações:
a) de vigilância sanitária;
b) de vigilância epidemiológica;
c) de saúde do trabalhador; e
d) de assistência terapêutica integral, inclusive farmacêutica;
II - a participação na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico;
III - a ordenação da formação de recursos humanos na área de saúde;
IV - a vigilância nutricional e a orientação alimentar;
V - a colaboração na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho;
VI - a formulação da política de medicamentos, equipamentos, imunobiológicos e outros insumos de interes-
se para a saúde e a participação na sua produção;
VII - o controle e a fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse para a saúde;
VIII - a fiscalização e a inspeção de alimentos, água e bebidas para consumo humano;
IX - a participação no controle e na fiscalização da produção, transporte, guarda e utilização de substâncias
e produtos psicoativos, tóxicos e radioativos;
X - o incremento, em sua área de atuação, do desenvolvimento científico e tecnológico;
XI - a formulação e execução da política de sangue e seus derivados.
§ 1º Entende-se por vigilância sanitária um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir riscos à
saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação de bens
e da prestação de serviços de interesse da saúde, abrangendo:
I - o controle de bens de consumo que, direta ou indiretamente, se relacionem com a saúde, compreendidas
todas as etapas e processos, da produção ao consumo; e
II - o controle da prestação de serviços que se relacionam direta ou indiretamente com a saúde.
§ 2º Entende-se por vigilância epidemiológica um conjunto de ações que proporcionam o conhecimento, a
detecção ou prevenção de qualquer mudança nos fatores determinantes e condicionantes de saúde individual
ou coletiva, com a finalidade de recomendar e adotar as medidas de prevenção e controle das doenças ou
agravos.
§ 3º Entende-se por saúde do trabalhador, para fins desta lei, um conjunto de atividades que se destina,
através das ações de vigilância epidemiológica e vigilância sanitária, à promoção e proteção da saúde dos tra-
balhadores, assim como visa à recuperação e reabilitação da saúde dos trabalhadores submetidos aos riscos
e agravos advindos das condições de trabalho, abrangendo:
I - assistência ao trabalhador vítima de acidentes de trabalho ou portador de doença profissional e do traba-
lho;
II - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), em estudos, pesquisas, ava-
liação e controle dos riscos e agravos potenciais à saúde existentes no processo de trabalho;
III - participação, no âmbito de competência do Sistema Único de Saúde (SUS), da normatização, fiscaliza-
ção e controle das condições de produção, extração, armazenamento, transporte, distribuição e manuseio de
substâncias, de produtos, de máquinas e de equipamentos que apresentam riscos à saúde do trabalhador;
IV - avaliação do impacto que as tecnologias provocam à saúde;
V - informação ao trabalhador e à sua respectiva entidade sindical e às empresas sobre os riscos de aci-
dentes de trabalho, doença profissional e do trabalho, bem como os resultados de fiscalizações, avaliações
ambientais e exames de saúde, de admissão, periódicos e de demissão, respeitados os preceitos da ética
profissional;

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VI - participação na normatização, fiscalização e controle dos serviços de saúde do trabalhador nas institui-
ções e empresas públicas e privadas;
VII - revisão periódica da listagem oficial de doenças originadas no processo de trabalho, tendo na sua ela-
boração a colaboração das entidades sindicais; e
VIII - a garantia ao sindicato dos trabalhadores de requerer ao órgão competente a interdição de máquina,
de setor de serviço ou de todo ambiente de trabalho, quando houver exposição a risco iminente para a vida ou
saúde dos trabalhadores.
CAPÍTULO II
DOS PRINCÍPIOS E DIRETRIZES
Art. 7º As ações e serviços públicos de saúde e os serviços privados contratados ou conveniados que inte-
gram o Sistema Único de Saúde (SUS), são desenvolvidos de acordo com as diretrizes previstas no art. 198 da
Constituição Federal, obedecendo ainda aos seguintes princípios:
I - universalidade de acesso aos serviços de saúde em todos os níveis de assistência;
II - integralidade de assistência, entendida como conjunto articulado e contínuo das ações e serviços pre-
ventivos e curativos, individuais e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do
sistema;
III - preservação da autonomia das pessoas na defesa de sua integridade física e moral;
IV - igualdade da assistência à saúde, sem preconceitos ou privilégios de qualquer espécie;
V - direito à informação, às pessoas assistidas, sobre sua saúde;
VI - divulgação de informações quanto ao potencial dos serviços de saúde e a sua utilização pelo usuário;
VII - utilização da epidemiologia para o estabelecimento de prioridades, a alocação de recursos e a orienta-
ção programática;
VIII - participação da comunidade;
IX - descentralização político-administrativa, com direção única em cada esfera de governo:
a) ênfase na descentralização dos serviços para os municípios;
b) regionalização e hierarquização da rede de serviços de saúde;
X - integração em nível executivo das ações de saúde, meio ambiente e saneamento básico;
XI - conjugação dos recursos financeiros, tecnológicos, materiais e humanos da União, dos Estados, do Dis-
trito Federal e dos Municípios na prestação de serviços de assistência à saúde da população;
XII - capacidade de resolução dos serviços em todos os níveis de assistência; e
XIII - organização dos serviços públicos de modo a evitar duplicidade de meios para fins idênticos.
XIV – organização de atendimento público específico e especializado para mulheres e vítimas de violência
doméstica em geral, que garanta, entre outros, atendimento, acompanhamento psicológico e cirurgias plásti-
cas reparadoras, em conformidade com a Lei nº 12.845, de 1º de agosto de 2013. (Redação dada pela Lei nº
13.427, de 2017)
CAPÍTULO III
DA ORGANIZAÇÃO, DA DIREÇÃO E DA GESTÃO
Art. 8º As ações e serviços de saúde, executados pelo Sistema Único de Saúde (SUS), seja diretamente ou
mediante participação complementar da iniciativa privada, serão organizados de forma regionalizada e hierar-
quizada em níveis de complexidade crescente.
Art. 9º A direção do Sistema Único de Saúde (SUS) é única, de acordo com o inciso I do art. 198 da Consti-
tuição Federal, sendo exercida em cada esfera de governo pelos seguintes órgãos:
I - no âmbito da União, pelo Ministério da Saúde;
II - no âmbito dos Estados e do Distrito Federal, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente; e

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III - no âmbito dos Municípios, pela respectiva Secretaria de Saúde ou órgão equivalente.
Art. 10. Os municípios poderão constituir consórcios para desenvolver em conjunto as ações e os serviços
de saúde que lhes correspondam.
§ 1º Aplica-se aos consórcios administrativos intermunicipais o princípio da direção única, e os respectivos
atos constitutivos disporão sobre sua observância.
§ 2º No nível municipal, o Sistema Único de Saúde (SUS), poderá organizar-se em distritos de forma a inte-
grar e articular recursos, técnicas e práticas voltadas para a cobertura total das ações de saúde.
Art. 11. (Vetado).
Art. 12. Serão criadas comissões intersetoriais de âmbito nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de
Saúde, integradas pelos Ministérios e órgãos competentes e por entidades representativas da sociedade civil.
Parágrafo único. As comissões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas de interesse
para a saúde, cuja execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 13. A articulação das políticas e programas, a cargo das comissões intersetoriais, abrangerá, em espe-
cial, as seguintes atividades:
I - alimentação e nutrição;
II - saneamento e meio ambiente;
III - vigilância sanitária e farmacoepidemiologia;
IV - recursos humanos;
V - ciência e tecnologia; e
VI - saúde do trabalhador.
Art. 14. Deverão ser criadas Comissões Permanentes de integração entre os serviços de saúde e as institui-
ções de ensino profissional e superior.
Parágrafo único. Cada uma dessas comissões terá por finalidade propor prioridades, métodos e estratégias
para a formação e educação continuada dos recursos humanos do Sistema Único de Saúde (SUS), na esfera
correspondente, assim como em relação à pesquisa e à cooperação técnica entre essas instituições.
Art. 14-A. As Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite são reconhecidas como foros de negociação e
pactuação entre gestores, quanto aos aspectos operacionais do Sistema Único de Saúde (SUS). (Incluído pela
Lei nº 12.466, de 2011).
Parágrafo único. A atuação das Comissões Intergestores Bipartite e Tripartite terá por objetivo: (Incluído pela
Lei nº 12.466, de 2011).
I - decidir sobre os aspectos operacionais, financeiros e administrativos da gestão compartilhada do SUS,
em conformidade com a definição da política consubstanciada em planos de saúde, aprovados pelos conselhos
de saúde; (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
II - definir diretrizes, de âmbito nacional, regional e intermunicipal, a respeito da organização das redes de
ações e serviços de saúde, principalmente no tocante à sua governança institucional e à integração das ações
e serviços dos entes federados; (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
III - fixar diretrizes sobre as regiões de saúde, distrito sanitário, integração de territórios, referência e contrar-
referência e demais aspectos vinculados à integração das ações e serviços de saúde entre os entes federados.
(Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
Art. 14-B. O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretarias
Municipais de Saúde (Conasems) são reconhecidos como entidades representativas dos entes estaduais e
municipais para tratar de matérias referentes à saúde e declarados de utilidade pública e de relevante função
social, na forma do regulamento. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).
§ 1o O Conass e o Conasems receberão recursos do orçamento geral da União por meio do Fundo Nacional
de Saúde, para auxiliar no custeio de suas despesas institucionais, podendo ainda celebrar convênios com a
União. (Incluído pela Lei nº 12.466, de 2011).

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§ 2o Os Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems) são reconhecidos como entidades que
representam os entes municipais, no âmbito estadual, para tratar de matérias referentes à saúde, desde que
vinculados institucionalmente ao Conasems, na forma que dispuserem seus estatutos. (Incluído pela Lei nº
12.466, de 2011).
CAPÍTULO IV
DA COMPETÊNCIA E DAS ATRIBUIÇÕES
SEÇÃO I
DAS ATRIBUIÇÕES COMUNS
Art. 15. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios exercerão, em seu âmbito administrativo, as
seguintes atribuições:
I - definição das instâncias e mecanismos de controle, avaliação e de fiscalização das ações e serviços de
saúde;
II - administração dos recursos orçamentários e financeiros destinados, em cada ano, à saúde;
III - acompanhamento, avaliação e divulgação do nível de saúde da população e das condições ambientais;
IV - organização e coordenação do sistema de informação de saúde;
V - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade e parâmetros de custos que
caracterizam a assistência à saúde;
VI - elaboração de normas técnicas e estabelecimento de padrões de qualidade para promoção da saúde
do trabalhador;
VII - participação de formulação da política e da execução das ações de saneamento básico e colaboração
na proteção e recuperação do meio ambiente;
VIII - elaboração e atualização periódica do plano de saúde;
IX - participação na formulação e na execução da política de formação e desenvolvimento de recursos hu-
manos para a saúde;
X - elaboração da proposta orçamentária do Sistema Único de Saúde (SUS), de conformidade com o plano
de saúde;
XI - elaboração de normas para regular as atividades de serviços privados de saúde, tendo em vista a sua
relevância pública;
XII - realização de operações externas de natureza financeira de interesse da saúde, autorizadas pelo Se-
nado Federal;
XIII - para atendimento de necessidades coletivas, urgentes e transitórias, decorrentes de situações de
perigo iminente, de calamidade pública ou de irrupção de epidemias, a autoridade competente da esfera ad-
ministrativa correspondente poderá requisitar bens e serviços, tanto de pessoas naturais como de jurídicas,
sendo-lhes assegurada justa indenização;
XIV - implementar o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados;
XV - propor a celebração de convênios, acordos e protocolos internacionais relativos à saúde, saneamento
e meio ambiente;
XVI - elaborar normas técnico-científicas de promoção, proteção e recuperação da saúde;
XVII - promover articulação com os órgãos de fiscalização do exercício profissional e outras entidades re-
presentativas da sociedade civil para a definição e controle dos padrões éticos para pesquisa, ações e serviços
de saúde;
XVIII - promover a articulação da política e dos planos de saúde;
XIX - realizar pesquisas e estudos na área de saúde;
XX - definir as instâncias e mecanismos de controle e fiscalização inerentes ao poder de polícia sanitária;

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XXI - fomentar, coordenar e executar programas e projetos estratégicos e de atendimento emergencial.
SEÇÃO II
DA COMPETÊNCIA
Art. 16. A direção nacional do Sistema Único da Saúde (SUS) compete:
I - formular, avaliar e apoiar políticas de alimentação e nutrição;
II - participar na formulação e na implementação das políticas:
a) de controle das agressões ao meio ambiente;
b) de saneamento básico; e
c) relativas às condições e aos ambientes de trabalho;
III - definir e coordenar os sistemas:
a) de redes integradas de assistência de alta complexidade;
b) de rede de laboratórios de saúde pública;
c) de vigilância epidemiológica; e
d) vigilância sanitária;
IV - participar da definição de normas e mecanismos de controle, com órgão afins, de agravo sobre o meio
ambiente ou dele decorrentes, que tenham repercussão na saúde humana;
V - participar da definição de normas, critérios e padrões para o controle das condições e dos ambientes de
trabalho e coordenar a política de saúde do trabalhador;
VI - coordenar e participar na execução das ações de vigilância epidemiológica;
VII - estabelecer normas e executar a vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras, podendo a exe-
cução ser complementada pelos Estados, Distrito Federal e Municípios;
VIII - estabelecer critérios, parâmetros e métodos para o controle da qualidade sanitária de produtos, subs-
tâncias e serviços de consumo e uso humano;
IX - promover articulação com os órgãos educacionais e de fiscalização do exercício profissional, bem como
com entidades representativas de formação de recursos humanos na área de saúde;
X - formular, avaliar, elaborar normas e participar na execução da política nacional e produção de insumos e
equipamentos para a saúde, em articulação com os demais órgãos governamentais;
XI - identificar os serviços estaduais e municipais de referência nacional para o estabelecimento de padrões
técnicos de assistência à saúde;
XII - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de interesse para a saúde;
XIII - prestar cooperação técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o aper-
feiçoamento da sua atuação institucional;
XIV - elaborar normas para regular as relações entre o Sistema Único de Saúde (SUS) e os serviços priva-
dos contratados de assistência à saúde;
XV - promover a descentralização para as Unidades Federadas e para os Municípios, dos serviços e ações
de saúde, respectivamente, de abrangência estadual e municipal;
XVI - normatizar e coordenar nacionalmente o Sistema Nacional de Sangue, Componentes e Derivados;
XVII - acompanhar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde, respeitadas as competências esta-
duais e municipais;
XVIII - elaborar o Planejamento Estratégico Nacional no âmbito do SUS, em cooperação técnica com os
Estados, Municípios e Distrito Federal;
XIX - estabelecer o Sistema Nacional de Auditoria e coordenar a avaliação técnica e financeira do SUS em
todo o Território Nacional em cooperação técnica com os Estados, Municípios e Distrito Federal. (Vide Decreto

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nº 1.651, de 1995)
§ 1º A União poderá executar ações de vigilância epidemiológica e sanitária em circunstâncias especiais,
como na ocorrência de agravos inusitados à saúde, que possam escapar do controle da direção estadual do
Sistema Único de Saúde (SUS) ou que representem risco de disseminação nacional. (Renumerado do parágra-
fo único pela Lei nº 14.141, de 2021)
§ 2º Em situações epidemiológicas que caracterizem emergência em saúde pública, poderá ser adotado pro-
cedimento simplificado para a remessa de patrimônio genético ao exterior, na forma do regulamento. (Incluído
pela Lei nº 14.141, de 2021)
§ 3º Os benefícios resultantes da exploração econômica de produto acabado ou material reprodutivo oriundo
de acesso ao patrimônio genético de que trata o § 2º deste artigo serão repartidos nos termos da Lei nº 13.123,
de 20 de maio de 2015. (Incluído pela Lei nº 14.141, de 2021)
Art. 17. À direção estadual do Sistema Único de Saúde (SUS) compete:
I - promover a descentralização para os Municípios dos serviços e das ações de saúde;
II - acompanhar, controlar e avaliar as redes hierarquizadas do Sistema Único de Saúde (SUS);
III - prestar apoio técnico e financeiro aos Municípios e executar supletivamente ações e serviços de saúde;
IV - coordenar e, em caráter complementar, executar ações e serviços:
a) de vigilância epidemiológica;
b) de vigilância sanitária;
c) de alimentação e nutrição; e
d) de saúde do trabalhador;
V - participar, junto com os órgãos afins, do controle dos agravos do meio ambiente que tenham repercussão
na saúde humana;
VI - participar da formulação da política e da execução de ações de saneamento básico;
VII - participar das ações de controle e avaliação das condições e dos ambientes de trabalho;
VIII - em caráter suplementar, formular, executar, acompanhar e avaliar a política de insumos e equipamen-
tos para a saúde;
IX - identificar estabelecimentos hospitalares de referência e gerir sistemas públicos de alta complexidade,
de referência estadual e regional;
X - coordenar a rede estadual de laboratórios de saúde pública e hemocentros, e gerir as unidades que per-
maneçam em sua organização administrativa;
XI - estabelecer normas, em caráter suplementar, para o controle e avaliação das ações e serviços de saúde;
XII - formular normas e estabelecer padrões, em caráter suplementar, de procedimentos de controle de qua-
lidade para produtos e substâncias de consumo humano;
XIII - colaborar com a União na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
XIV - o acompanhamento, a avaliação e divulgação dos indicadores de morbidade e mortalidade no âmbito
da unidade federada.
Art. 18. À direção municipal do Sistema de Saúde (SUS) compete:
I - planejar, organizar, controlar e avaliar as ações e os serviços de saúde e gerir e executar os serviços
públicos de saúde;
II - participar do planejamento, programação e organização da rede regionalizada e hierarquizada do Siste-
ma Único de Saúde (SUS), em articulação com sua direção estadual;
III - participar da execução, controle e avaliação das ações referentes às condições e aos ambientes de
trabalho;
IV - executar serviços:

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a) de vigilância epidemiológica;
b) vigilância sanitária;
c) de alimentação e nutrição;
d) de saneamento básico; e
e) de saúde do trabalhador;
V - dar execução, no âmbito municipal, à política de insumos e equipamentos para a saúde;
VI - colaborar na fiscalização das agressões ao meio ambiente que tenham repercussão sobre a saúde hu-
mana e atuar, junto aos órgãos municipais, estaduais e federais competentes, para controlá-las;
VII - formar consórcios administrativos intermunicipais;
VIII - gerir laboratórios públicos de saúde e hemocentros;
IX - colaborar com a União e os Estados na execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e frontei-
ras;
X - observado o disposto no art. 26 desta Lei, celebrar contratos e convênios com entidades prestadoras de
serviços privados de saúde, bem como controlar e avaliar sua execução;
XI - controlar e fiscalizar os procedimentos dos serviços privados de saúde;
XII - normatizar complementarmente as ações e serviços públicos de saúde no seu âmbito de atuação.
Art. 19. Ao Distrito Federal competem as atribuições reservadas aos Estados e aos Municípios.
CAPÍTULO V
DO SUBSISTEMA DE ATENÇÃO À SAÚDE INDÍGENA
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 9.836, DE 1999)
Art. 19-A. As ações e serviços de saúde voltados para o atendimento das populações indígenas, em todo o
território nacional, coletiva ou individualmente, obedecerão ao disposto nesta Lei. (Incluído pela Lei nº 9.836,
de 1999)
Art. 19-B. É instituído um Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, componente do Sistema Único de Saú-
de – SUS, criado e definido por esta Lei, e pela Lei no 8.142, de 28 de dezembro de 1990, com o qual funcionará
em perfeita integração. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
Art. 19-C. Caberá à União, com seus recursos próprios, financiar o Subsistema de Atenção à Saúde Indíge-
na. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
Art. 19-D. O SUS promoverá a articulação do Subsistema instituído por esta Lei com os órgãos responsáveis
pela Política Indígena do País. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
Art. 19-E. Os Estados, Municípios, outras instituições governamentais e não-governamentais poderão atuar
complementarmente no custeio e execução das ações. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
§ 1º A União instituirá mecanismo de financiamento específico para os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios, sempre que houver necessidade de atenção secundária e terciária fora dos territórios indígenas.
(Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
§ 2º Em situações emergenciais e de calamidade pública:(Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
I - a União deverá assegurar aporte adicional de recursos não previstos nos planos de saúde dos Distritos
Sanitários Especiais Indígenas (Dseis) ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena; (Incluído pela Lei nº
14.021, de 2020)
II - deverá ser garantida a inclusão dos povos indígenas nos planos emergenciais para atendimento dos pa-
cientes graves das Secretarias Municipais e Estaduais de Saúde, explicitados os fluxos e as referências para o
atendimento em tempo oportuno.(Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
Art. 19-F. Dever-se-á obrigatoriamente levar em consideração a realidade local e as especificidades da cul-
tura dos povos indígenas e o modelo a ser adotado para a atenção à saúde indígena, que se deve pautar por

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uma abordagem diferenciada e global, contemplando os aspectos de assistência à saúde, saneamento básico,
nutrição, habitação, meio ambiente, demarcação de terras, educação sanitária e integração institucional.(Inclu-
ído pela Lei nº 9.836, de 1999)
Art. 19-G. O Subsistema de Atenção à Saúde Indígena deverá ser, como o SUS, descentralizado, hierarqui-
zado e regionalizado. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
§ 1o O Subsistema de que trata o caput deste artigo terá como base os Distritos Sanitários Especiais Indí-
genas.(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
§ 1º-A. A rede do SUS deverá obrigatoriamente fazer o registro e a notificação da declaração de raça ou cor,
garantindo a identificação de todos os indígenas atendidos nos sistemas públicos de saúde. § 1º-B. A União
deverá integrar os sistemas de informação da rede do SUS com os dados do Subsistema de Atenção à Saúde
Indígena. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
§ 1º-B. A União deverá integrar os sistemas de informação da rede do SUS com os dados do Subsistema de
Atenção à Saúde Indígena. (Incluído pela Lei nº 14.021, de 2020)
§ 2o O SUS servirá de retaguarda e referência ao Subsistema de Atenção à Saúde Indígena, devendo,
para isso, ocorrer adaptações na estrutura e organização do SUS nas regiões onde residem as populações
indígenas, para propiciar essa integração e o atendimento necessário em todos os níveis, sem discriminações.
(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
§ 3o As populações indígenas devem ter acesso garantido ao SUS, em âmbito local, regional e de centros
especializados, de acordo com suas necessidades, compreendendo a atenção primária, secundária e terciária
à saúde.(Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
Art. 19-H. As populações indígenas terão direito a participar dos organismos colegiados de formulação,
acompanhamento e avaliação das políticas de saúde, tais como o Conselho Nacional de Saúde e os Conselhos
Estaduais e Municipais de Saúde, quando for o caso. (Incluído pela Lei nº 9.836, de 1999)
CAPÍTULO VI
DO SUBSISTEMA DE ATENDIMENTO E INTERNAÇÃO DOMICILIAR
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 10.424, DE 2002)
Art. 19-I. São estabelecidos, no âmbito do Sistema Único de Saúde, o atendimento domiciliar e a internação
domiciliar. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
§ 1o Na modalidade de assistência de atendimento e internação domiciliares incluem-se, principalmente, os
procedimentos médicos, de enfermagem, fisioterapêuticos, psicológicos e de assistência social, entre outros
necessários ao cuidado integral dos pacientes em seu domicílio. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
§ 2o O atendimento e a internação domiciliares serão realizados por equipes multidisciplinares que atuarão
nos níveis da medicina preventiva, terapêutica e reabilitadora. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
§ 3o O atendimento e a internação domiciliares só poderão ser realizados por indicação médica, com expres-
sa concordância do paciente e de sua família. (Incluído pela Lei nº 10.424, de 2002)
CAPÍTULO VII
DO SUBSISTEMA DE ACOMPANHAMENTO DURANTE O TRABALHO DE PARTO, PARTO E PÓS-
-PARTO IMEDIATO
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 11.108, DE 2005)
Art. 19-J. Os serviços de saúde do Sistema Único de Saúde - SUS, da rede própria ou conveniada, ficam
obrigados a permitir a presença, junto à parturiente, de 1 (um) acompanhante durante todo o período de traba-
lho de parto, parto e pós-parto imediato. (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)
§ 1o O acompanhante de que trata o caput deste artigo será indicado pela parturiente. (Incluído pela Lei nº
11.108, de 2005)
§ 2o As ações destinadas a viabilizar o pleno exercício dos direitos de que trata este artigo constarão do
regulamento da lei, a ser elaborado pelo órgão competente do Poder Executivo. (Incluído pela Lei nº 11.108,
de 2005)

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§ 3o Ficam os hospitais de todo o País obrigados a manter, em local visível de suas dependências, aviso
informando sobre o direito estabelecido no caput deste artigo. (Incluído pela Lei nº 12.895, de 2013)
Art. 19-L. (VETADO) (Incluído pela Lei nº 11.108, de 2005)
CAPÍTULO VIII
(INCLUÍDO PELA LEI Nº 12.401, DE 2011)
DA ASSISTÊNCIA TERAPÊUTICA E DA
INCORPORAÇÃO DE TECNOLOGIA EM SAÚDE”
Art. 19-M. A assistência terapêutica integral a que se refere a alínea d do inciso I do art. 6o consiste em:
(Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
I - dispensação de medicamentos e produtos de interesse para a saúde, cuja prescrição esteja em confor-
midade com as diretrizes terapêuticas definidas em protocolo clínico para a doença ou o agravo à saúde a ser
tratado ou, na falta do protocolo, em conformidade com o disposto no art. 19-P; (Incluído pela Lei nº 12.401, de
2011)
II - oferta de procedimentos terapêuticos, em regime domiciliar, ambulatorial e hospitalar, constantes de
tabelas elaboradas pelo gestor federal do Sistema Único de Saúde - SUS, realizados no território nacional por
serviço próprio, conveniado ou contratado.
Art. 19-N. Para os efeitos do disposto no art. 19-M, são adotadas as seguintes definições:
I - produtos de interesse para a saúde: órteses, próteses, bolsas coletoras e equipamentos médicos;
II - protocolo clínico e diretriz terapêutica: documento que estabelece critérios para o diagnóstico da doen-
ça ou do agravo à saúde; o tratamento preconizado, com os medicamentos e demais produtos apropriados,
quando couber; as posologias recomendadas; os mecanismos de controle clínico; e o acompanhamento e a
verificação dos resultados terapêuticos, a serem seguidos pelos gestores do SUS. (Incluído pela Lei nº 12.401,
de 2011)
Art. 19-O. Os protocolos clínicos e as diretrizes terapêuticas deverão estabelecer os medicamentos ou pro-
dutos necessários nas diferentes fases evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que tratam, bem como
aqueles indicados em casos de perda de eficácia e de surgimento de intolerância ou reação adversa relevante,
provocadas pelo medicamento, produto ou procedimento de primeira escolha. (Incluído pela Lei nº 12.401, de
2011)
Parágrafo único. Em qualquer caso, os medicamentos ou produtos de que trata o caput deste artigo serão
aqueles avaliados quanto à sua eficácia, segurança, efetividade e custo-efetividade para as diferentes fases
evolutivas da doença ou do agravo à saúde de que trata o protocolo. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-P. Na falta de protocolo clínico ou de diretriz terapêutica, a dispensação será realizada: (Incluído pela
Lei nº 12.401, de 2011)
I - com base nas relações de medicamentos instituídas pelo gestor federal do SUS, observadas as compe-
tências estabelecidas nesta Lei, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada na Comissão Interges-
tores Tripartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
II - no âmbito de cada Estado e do Distrito Federal, de forma suplementar, com base nas relações de medi-
camentos instituídas pelos gestores estaduais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada
na Comissão Intergestores Bipartite; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
III - no âmbito de cada Município, de forma suplementar, com base nas relações de medicamentos instituídas
pelos gestores municipais do SUS, e a responsabilidade pelo fornecimento será pactuada no Conselho Munici-
pal de Saúde. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-Q. A incorporação, a exclusão ou a alteração pelo SUS de novos medicamentos, produtos e procedi-
mentos, bem como a constituição ou a alteração de protocolo clínico ou de diretriz terapêutica, são atribuições
do Ministério da Saúde, assessorado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. (Inclu-
ído pela Lei nº 12.401, de 2011)
§ 1o A Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS, cuja composição e regimento são defini-

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dos em regulamento, contará com a participação de 1 (um) representante indicado pelo Conselho Nacional de
Saúde e de 1 (um) representante, especialista na área, indicado pelo Conselho Federal de Medicina. (Incluído
pela Lei nº 12.401, de 2011)
§ 2o O relatório da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS levará em consideração,
necessariamente: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
I - as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade e a segurança do medicamento, pro-
duto ou procedimento objeto do processo, acatadas pelo órgão competente para o registro ou a autorização de
uso; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
II - a avaliação econômica comparativa dos benefícios e dos custos em relação às tecnologias já incorpora-
das, inclusive no que se refere aos atendimentos domiciliar, ambulatorial ou hospitalar, quando cabível. (Incluí-
do pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-R. A incorporação, a exclusão e a alteração a que se refere o art. 19-Q serão efetuadas mediante
a instauração de processo administrativo, a ser concluído em prazo não superior a 180 (cento e oitenta) dias,
contado da data em que foi protocolado o pedido, admitida a sua prorrogação por 90 (noventa) dias corridos,
quando as circunstâncias exigirem. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
§ 1o O processo de que trata o caput deste artigo observará, no que couber, o disposto na Lei no 9.784, de
29 de janeiro de 1999, e as seguintes determinações especiais: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
I - apresentação pelo interessado dos documentos e, se cabível, das amostras de produtos, na forma do
regulamento, com informações necessárias para o atendimento do disposto no § 2o do art. 19-Q; (Incluído pela
Lei nº 12.401, de 2011)
II - (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
III - realização de consulta pública que inclua a divulgação do parecer emitido pela Comissão Nacional de
Incorporação de Tecnologias no SUS; (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
IV - realização de audiência pública, antes da tomada de decisão, se a relevância da matéria justificar o
evento. (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
V - distribuição aleatória, respeitadas a especialização e a competência técnica requeridas para a análise da
matéria; (Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022)
VI - publicidade dos atos processuais. (Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022)
§ 2o (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-S. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
Art. 19-T. São vedados, em todas as esferas de gestão do SUS: (Incluído pela Lei nº 12.401, de 2011)
I - o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medicamento, produto e procedimento clínico ou cirúr-
gico experimental, ou de uso não autorizado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária - ANVISA; (Incluído
pela Lei nº 12.401, de 2011)
II - a dispensação, o pagamento, o ressarcimento ou o reembolso de medicamento e produto, nacional ou
importado, sem registro na Anvisa.”
Parágrafo único. Excetuam-se do disposto neste artigo: (Incluído pela Lei nº 14.312, de 2022)
I - medicamento e produto em que a indicação de uso seja distinta daquela aprovada no registro na Anvisa,
desde que seu uso tenha sido recomendado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Siste-
ma Único de Saúde (Conitec), demonstradas as evidências científicas sobre a eficácia, a acurácia, a efetividade
e a segurança, e esteja padronizado em protocolo estabelecido pelo Ministério da Saúde; (Incluído pela Lei nº
14.312, de 2022)
II - medicamento e produto recomendados pela Conitec e adquiridos por intermédio de organismos multila-
terais internacionais, para uso em programas de saúde pública do Ministério da Saúde e suas entidades vincu-
ladas, nos termos do § 5º do art. 8º da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro de 1999. (Incluído pela Lei nº 14.312, de
2022)

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Art. 19-U. A responsabilidade financeira pelo fornecimento de medicamentos, produtos de interesse para a
saúde ou procedimentos de que trata este Capítulo será pactuada na Comissão Intergestores Tripartite. (Inclu-
ído pela Lei nº 12.401, de 2011)
TÍTULO III
DOS SERVIÇOS PRIVADOS DE ASSISTÊNCIA À SAÙDE
CAPÍTULO I
DO FUNCIONAMENTO
Art. 20. Os serviços privados de assistência à saúde caracterizam-se pela atuação, por iniciativa própria, de
profissionais liberais, legalmente habilitados, e de pessoas jurídicas de direito privado na promoção, proteção
e recuperação da saúde.
Art. 21. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.
Art. 22. Na prestação de serviços privados de assistência à saúde, serão observados os princípios éticos e
as normas expedidas pelo órgão de direção do Sistema Único de Saúde (SUS) quanto às condições para seu
funcionamento.
Art. 23. É permitida a participação direta ou indireta, inclusive controle, de empresas ou de capital estrangei-
ro na assistência à saúde nos seguintes casos: (Redação dada pela Lei nº 13.097, de 2015)
I - doações de organismos internacionais vinculados à Organização das Nações Unidas, de entidades de
cooperação técnica e de financiamento e empréstimos; (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
II - pessoas jurídicas destinadas a instalar, operacionalizar ou explorar: (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
a) hospital geral, inclusive filantrópico, hospital especializado, policlínica, clínica geral e clínica especializa-
da; e (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
b) ações e pesquisas de planejamento familiar; (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
III - serviços de saúde mantidos, sem finalidade lucrativa, por empresas, para atendimento de seus empre-
gados e dependentes, sem qualquer ônus para a seguridade social; e (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
IV - demais casos previstos em legislação específica. (Incluído pela Lei nº 13.097, de 2015)
CAPÍTULO II
DA PARTICIPAÇÃO COMPLEMENTAR
Art. 24. Quando as suas disponibilidades forem insuficientes para garantir a cobertura assistencial à popu-
lação de uma determinada área, o Sistema Único de Saúde (SUS) poderá recorrer aos serviços ofertados pela
iniciativa privada.
Parágrafo único. A participação complementar dos serviços privados será formalizada mediante contrato ou
convênio, observadas, a respeito, as normas de direito público.
Art. 25. Na hipótese do artigo anterior, as entidades filantrópicas e as sem fins lucrativos terão preferência
para participar do Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 26. Os critérios e valores para a remuneração de serviços e os parâmetros de cobertura assistencial
serão estabelecidos pela direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), aprovados no Conselho Nacional
de Saúde.
§ 1° Na fixação dos critérios, valores, formas de reajuste e de pagamento da remuneração aludida neste
artigo, a direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS) deverá fundamentar seu ato em demonstrativo
econômico-financeiro que garanta a efetiva qualidade de execução dos serviços contratados.
§ 2° Os serviços contratados submeter-se-ão às normas técnicas e administrativas e aos princípios e diretri-
zes do Sistema Único de Saúde (SUS), mantido o equilíbrio econômico e financeiro do contrato.
§ 3° (Vetado).
§ 4° Aos proprietários, administradores e dirigentes de entidades ou serviços contratados é vedado exercer
cargo de chefia ou função de confiança no Sistema Único de Saúde (SUS).

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TÍTULO IV
DOS RECURSOS HUMANOS
Art. 27. A política de recursos humanos na área da saúde será formalizada e executada, articuladamente,
pelas diferentes esferas de governo, em cumprimento dos seguintes objetivos:
I - organização de um sistema de formação de recursos humanos em todos os níveis de ensino, inclusive de
pós-graduação, além da elaboração de programas de permanente aperfeiçoamento de pessoal;
II - (Vetado)
III - (Vetado)
IV - valorização da dedicação exclusiva aos serviços do Sistema Único de Saúde (SUS).
Parágrafo único. Os serviços públicos que integram o Sistema Único de Saúde (SUS) constituem campo
de prática para ensino e pesquisa, mediante normas específicas, elaboradas conjuntamente com o sistema
educacional.
Art. 28. Os cargos e funções de chefia, direção e assessoramento, no âmbito do Sistema Único de Saúde
(SUS), só poderão ser exercidas em regime de tempo integral.
§ 1° Os servidores que legalmente acumulam dois cargos ou empregos poderão exercer suas atividades em
mais de um estabelecimento do Sistema Único de Saúde (SUS).
§ 2° O disposto no parágrafo anterior aplica-se também aos servidores em regime de tempo integral, com
exceção dos ocupantes de cargos ou função de chefia, direção ou assessoramento.
Art. 29. (Vetado).
Art. 30. As especializações na forma de treinamento em serviço sob supervisão serão regulamentadas por
Comissão Nacional, instituída de acordo com o art. 12 desta Lei, garantida a participação das entidades profis-
sionais correspondentes
TÍTULO V
DO FINANCIAMENTO
CAPÍTULO I
DOS RECURSOS
Art. 31. O orçamento da seguridade social destinará ao Sistema Único de Saúde (SUS) de acordo com a
receita estimada, os recursos necessários à realização de suas finalidades, previstos em proposta elaborada
pela sua direção nacional, com a participação dos órgãos da Previdência Social e da Assistência Social, tendo
em vista as metas e prioridades estabelecidas na Lei de Diretrizes Orçamentárias.
Art. 32. São considerados de outras fontes os recursos provenientes de:
I - (Vetado)
II - Serviços que possam ser prestados sem prejuízo da assistência à saúde;
III - ajuda, contribuições, doações e donativos;
IV - alienações patrimoniais e rendimentos de capital;
V - taxas, multas, emolumentos e preços públicos arrecadados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS);
e
VI - rendas eventuais, inclusive comerciais e industriais.
§ 1° Ao Sistema Único de Saúde (SUS) caberá metade da receita de que trata o inciso I deste artigo, apurada
mensalmente, a qual será destinada à recuperação de viciados.
§ 2° As receitas geradas no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) serão creditadas diretamente em
contas especiais, movimentadas pela sua direção, na esfera de poder onde forem arrecadadas.
§ 3º As ações de saneamento que venham a ser executadas supletivamente pelo Sistema Único de Saúde
(SUS), serão financiadas por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, Distrito Federal, Muni-

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cípios e, em particular, do Sistema Financeiro da Habitação (SFH).
§ 4º (Vetado).
§ 5º As atividades de pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico em saúde serão co-financiadas
pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pelas universidades e pelo orçamento fiscal, além de recursos de institui-
ções de fomento e financiamento ou de origem externa e receita própria das instituições executoras.
§ 6º (Vetado).
CAPÍTULO II
DA GESTÃO FINANCEIRA
Art. 33. Os recursos financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) serão depositados em conta especial, em
cada esfera de sua atuação, e movimentados sob fiscalização dos respectivos Conselhos de Saúde.
§ 1º Na esfera federal, os recursos financeiros, originários do Orçamento da Seguridade Social, de outros
Orçamentos da União, além de outras fontes, serão administrados pelo Ministério da Saúde, através do Fundo
Nacional de Saúde.
§ 2º (Vetado).
§ 3º (Vetado).
§ 4º O Ministério da Saúde acompanhará, através de seu sistema de auditoria, a conformidade à progra-
mação aprovada da aplicação dos recursos repassados a Estados e Municípios. Constatada a malversação,
desvio ou não aplicação dos recursos, caberá ao Ministério da Saúde aplicar as medidas previstas em lei.
Art. 34. As autoridades responsáveis pela distribuição da receita efetivamente arrecadada transferirão au-
tomaticamente ao Fundo Nacional de Saúde (FNS), observado o critério do parágrafo único deste artigo, os
recursos financeiros correspondentes às dotações consignadas no Orçamento da Seguridade Social, a projetos
e atividades a serem executados no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
Parágrafo único. Na distribuição dos recursos financeiros da Seguridade Social será observada a mesma
proporção da despesa prevista de cada área, no Orçamento da Seguridade Social.
Art. 35. Para o estabelecimento de valores a serem transferidos a Estados, Distrito Federal e Municípios,
será utilizada a combinação dos seguintes critérios, segundo análise técnica de programas e projetos:
I - perfil demográfico da região;
II - perfil epidemiológico da população a ser coberta;
III - características quantitativas e qualitativas da rede de saúde na área;
IV - desempenho técnico, econômico e financeiro no período anterior;
V - níveis de participação do setor saúde nos orçamentos estaduais e municipais;
VI - previsão do plano quinquenal de investimentos da rede;
VII - ressarcimento do atendimento a serviços prestados para outras esferas de governo.
§ 2º Nos casos de Estados e Municípios sujeitos a notório processo de migração, os critérios demográficos
mencionados nesta lei serão ponderados por outros indicadores de crescimento populacional, em especial o
número de eleitores registrados.
§ 3º (Vetado).
§ 4º (Vetado).
§ 5º (Vetado).
§ 6º O disposto no parágrafo anterior não prejudica a atuação dos órgãos de controle interno e externo e nem
a aplicação de penalidades previstas em lei, em caso de irregularidades verificadas na gestão dos recursos
transferidos.

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CAPÍTULO III
DO PLANEJAMENTO E DO ORÇAMENTO
Art. 36. O processo de planejamento e orçamento do Sistema Único de Saúde (SUS) será ascendente, do
nível local até o federal, ouvidos seus órgãos deliberativos, compatibilizando-se as necessidades da política de
saúde com a disponibilidade de recursos em planos de saúde dos Municípios, dos Estados, do Distrito Federal
e da União.
§ 1º Os planos de saúde serão a base das atividades e programações de cada nível de direção do Sistema
Único de Saúde (SUS), e seu financiamento será previsto na respectiva proposta orçamentária.
§ 2º É vedada a transferência de recursos para o financiamento de ações não previstas nos planos de saúde,
exceto em situações emergenciais ou de calamidade pública, na área de saúde.
Art. 37. O Conselho Nacional de Saúde estabelecerá as diretrizes a serem observadas na elaboração dos
planos de saúde, em função das características epidemiológicas e da organização dos serviços em cada juris-
dição administrativa.
Art. 38. Não será permitida a destinação de subvenções e auxílios a instituições prestadoras de serviços de
saúde com finalidade lucrativa.
DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS
Art. 39. (Vetado).
§ 1º (Vetado).
§ 2º (Vetado).
§ 3º (Vetado).
§ 4º (Vetado).
§ 5º A cessão de uso dos imóveis de propriedade do Inamps para órgãos integrantes do Sistema Único de
Saúde (SUS) será feita de modo a preservá-los como patrimônio da Seguridade Social.
§ 6º Os imóveis de que trata o parágrafo anterior serão inventariados com todos os seus acessórios, equipa-
mentos e outros bens móveis e ficarão disponíveis para utilização pelo órgão de direção municipal do Sistema
Único de Saúde - SUS ou, eventualmente, pelo estadual, em cuja circunscrição administrativa se encontrem,
mediante simples termo de recebimento.
§ 7º (Vetado).
§ 8º O acesso aos serviços de informática e bases de dados, mantidos pelo Ministério da Saúde e pelo Mi-
nistério do Trabalho e da Previdência Social, será assegurado às Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde
ou órgãos congêneres, como suporte ao processo de gestão, de forma a permitir a gerencia informatizada das
contas e a disseminação de estatísticas sanitárias e epidemiológicas médico-hospitalares.
Art. 40. (Vetado)
Art. 41. As ações desenvolvidas pela Fundação das Pioneiras Sociais e pelo Instituto Nacional do Câncer,
supervisionadas pela direção nacional do Sistema Único de Saúde (SUS), permanecerão como referencial de
prestação de serviços, formação de recursos humanos e para transferência de tecnologia.
Art. 42. (Vetado).
Art. 43. A gratuidade das ações e serviços de saúde fica preservada nos serviços públicos contratados, res-
salvando-se as cláusulas dos contratos ou convênios estabelecidos com as entidades privadas.
Art. 44. (Vetado).
Art. 45. Os serviços de saúde dos hospitais universitários e de ensino integram-se ao Sistema Único de
Saúde (SUS), mediante convênio, preservada a sua autonomia administrativa, em relação ao patrimônio, aos
recursos humanos e financeiros, ensino, pesquisa e extensão nos limites conferidos pelas instituições a que
estejam vinculados.

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§ 1º Os serviços de saúde de sistemas estaduais e municipais de previdência social deverão integrar-se à
direção correspondente do Sistema Único de Saúde (SUS), conforme seu âmbito de atuação, bem como quais-
quer outros órgãos e serviços de saúde.
§ 2º Em tempo de paz e havendo interesse recíproco, os serviços de saúde das Forças Armadas poderão in-
tegrar-se ao Sistema Único de Saúde (SUS), conforme se dispuser em convênio que, para esse fim, for firmado.
Art. 46. o Sistema Único de Saúde (SUS), estabelecerá mecanismos de incentivos à participação do setor
privado no investimento em ciência e tecnologia e estimulará a transferência de tecnologia das universidades
e institutos de pesquisa aos serviços de saúde nos Estados, Distrito Federal e Municípios, e às empresas na-
cionais.
Art. 47. O Ministério da Saúde, em articulação com os níveis estaduais e municipais do Sistema Único de
Saúde (SUS), organizará, no prazo de dois anos, um sistema nacional de informações em saúde, integrado em
todo o território nacional, abrangendo questões epidemiológicas e de prestação de serviços.
Art. 48. (Vetado).
Art. 49. (Vetado).
Art. 50. Os convênios entre a União, os Estados e os Municípios, celebrados para implantação dos Sistemas
Unificados e Descentralizados de Saúde, ficarão rescindidos à proporção que seu objeto for sendo absorvido
pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Art. 51. (Vetado).
Art. 52. Sem prejuízo de outras sanções cabíveis, constitui crime de emprego irregular de verbas ou rendas
públicas (Código Penal, art. 315) a utilização de recursos financeiros do Sistema Único de Saúde (SUS) em
finalidades diversas das previstas nesta lei.
Art. 53. (Vetado).
Art. 53-A. Na qualidade de ações e serviços de saúde, as atividades de apoio à assistência à saúde são
aquelas desenvolvidas pelos laboratórios de genética humana, produção e fornecimento de medicamentos e
produtos para saúde, laboratórios de analises clínicas, anatomia patológica e de diagnóstico por imagem e são
livres à participação direta ou indireta de empresas ou de capitais estrangeiros. (Incluído pela Lei nº 13.097, de
2015)
Art. 54. Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 55. São revogadas a Lei nº. 2.312, de 3 de setembro de 1954, a Lei nº. 6.229, de 17 de julho de 1975, e
demais disposições em contrário.

Lei Federal nº 8.142 de 28 de dezembro de 1990

LEI Nº 8.142, DE 28 DE DEZEMBRO DE 1990


Dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do Sistema Único de Saúde (SUS) e sobre as trans-
ferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da saúde e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte
lei:
Art. 1° O Sistema Único de Saúde (SUS), de que trata a Lei n° 8.080, de 19 de setembro de 1990, contará,
em cada esfera de governo, sem prejuízo das funções do Poder Legislativo, com as seguintes instâncias cole-
giadas:
I - a Conferência de Saúde; e
II - o Conselho de Saúde.
§ 1° A Conferência de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos
sociais, para avaliar a situação de saúde e propor as diretrizes para a formulação da política de saúde nos ní-

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veis correspondentes, convocada pelo Poder Executivo ou, extraordinariamente, por esta ou pelo Conselho de
Saúde.
§ 2° O Conselho de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, órgão colegiado composto por represen-
tantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de saúde e usuários, atua na formulação de estratégias
e no controle da execução da política de saúde na instância correspondente, inclusive nos aspectos econô-
micos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo chefe do poder legalmente constituído em cada
esfera do governo.
§ 3° O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Munici-
pais de Saúde (Conasems) terão representação no Conselho Nacional de Saúde.
§ 4° A representação dos usuários nos Conselhos de Saúde e Conferências será paritária em relação ao
conjunto dos demais segmentos.
§ 5° As Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde terão sua organização e normas de funcionamento
definidas em regimento próprio, aprovadas pelo respectivo conselho.
Art. 2° Os recursos do Fundo Nacional de Saúde (FNS) serão alocados como:
I - despesas de custeio e de capital do Ministério da Saúde, seus órgãos e entidades, da administração direta
e indireta;
II - investimentos previstos em lei orçamentária, de iniciativa do Poder Legislativo e aprovados pelo Congres-
so Nacional;
III - investimentos previstos no Plano Qüinqüenal do Ministério da Saúde;
IV - cobertura das ações e serviços de saúde a serem implementados pelos Municípios, Estados e Distrito
Federal.
Parágrafo único. Os recursos referidos no inciso IV deste artigo destinar-se-ão a investimentos na rede de
serviços, à cobertura assistencial ambulatorial e hospitalar e às demais ações de saúde.
Art. 3° Os recursos referidos no inciso IV do art. 2° desta lei serão repassados de forma regular e automática
para os Municípios, Estados e Distrito Federal, de acordo com os critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080,
de 19 de setembro de 1990.
§ 1° Enquanto não for regulamentada a aplicação dos critérios previstos no art. 35 da Lei n° 8.080, de 19 de
setembro de 1990, será utilizado, para o repasse de recursos, exclusivamente o critério estabelecido no § 1° do
mesmo artigo. (Vide Lei nº 8.080, de 1990)
§ 2° Os recursos referidos neste artigo serão destinados, pelo menos setenta por cento, aos Municípios,
afetando-se o restante aos Estados.
§ 3° Os Municípios poderão estabelecer consórcio para execução de ações e serviços de saúde, remanejan-
do, entre si, parcelas de recursos previstos no inciso IV do art. 2° desta lei.
Art. 4° Para receberem os recursos, de que trata o art. 3° desta lei, os Municípios, os Estados e o Distrito
Federal deverão contar com:
I - Fundo de Saúde;
II - Conselho de Saúde, com composição paritária de acordo com o Decreto n° 99.438, de 7 de agosto de
1990;
III - plano de saúde;
IV - relatórios de gestão que permitam o controle de que trata o § 4° do art. 33 da Lei n° 8.080, de 19 de
setembro de 1990;
V - contrapartida de recursos para a saúde no respectivo orçamento;
VI - Comissão de elaboração do Plano de Carreira, Cargos e Salários (PCCS), previsto o prazo de dois anos
para sua implantação.
Parágrafo único. O não atendimento pelos Municípios, ou pelos Estados, ou pelo Distrito Federal, dos requi-
sitos estabelecidos neste artigo, implicará em que os recursos concernentes sejam administrados, respectiva-

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mente, pelos Estados ou pela União.
Art. 5° É o Ministério da Saúde, mediante portaria do Ministro de Estado, autorizado a estabelecer condições
para aplicação desta lei.
Art. 6° Esta lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 7° Revogam-se as disposições em contrário.

Norma Operacional Básica - NOB/96 publicada no Diário Oficial da União de 06 de no-


vembro de 1996 (em especial os itens referentes à Vigilância Sanitária)

APRESENTAÇÃO
É com grande satisfação que apresento esta edição da Norma Operacional Básica do Sistema Único de
Saúde, a NOB-SUS/96, resultado de amplo e participativo processo de discussão, que culminou com a assina-
tura da Portaria No. 2.203, publicada no Diário Oficial da União de 6 de novembro de 1996.
Não poderia deixar, neste momento, de fazer referência ao ex-Ministro Adib Jatene que, ao definir um pro-
cesso democrático de construção desta Norma, possibilitou a participação de diferentes segmentos da so-
ciedade, desde os gestores do Sistema nas três esferas de governo, até usuários, prestadores de serviços e
profissionais de saúde em vários fóruns e especialmente no Conselho Nacional de Saúde.
A NOB 96 é decorrente, sobretudo, da experiência ditada pela prática dos instrumentos operacionais anterio-
res - em especial da NOB 1993 - o que possibilitou o fortalecimento da crença na viabilidade e na importância
do SUS para a saúde de cada um e de todos os brasileiros.
Como instrumento de regulação do SUS, esta NOB, além de incluir as orientações operacionais propriamen-
te ditas, explicita e dá consequência prática, em sua totalidade, aos princípios e às diretrizes do Sistema, con-
substanciados na Constituição Federal e nas Leis No. 8.080/90 e No. 8.142/90, favorecendo, ainda, mudanças
essenciais no modelo de atenção à saúde no Brasil.
Espero que esta edição seja mais um mecanismo de divulgação e disseminação de informações importantes
para o Setor Saúde, possibilitando o engajamento de todos no sentido da sua implementação e, também, na
definição de medidas de ajuste e aperfeiçoamento deste instrumento.
CARLOS CÉSAR DE ALBUQUERQUE
Ministro da Saúde
1. INTRODUÇÃO
Os ideais históricos de civilidade, no âmbito da saúde, consolidados na Constituição de 1988, concretizam-
-se, na vivência cotidiana do povo brasileiro, por intermédio de um crescente entendimento e incorporação de
seus princípios ideológicos e doutrinários, como, também, pelo exercício de seus princípios organizacionais.
Esses ideais foram transformados, na Carta Magna, em direito à saúde, o que significa que cada um e to-
dos os brasileiros devem construir e usufruir de políticas públicas - econômicas e sociais - que reduzam riscos
e agravos à saúde. Esse direito significa, igualmente, o acesso universal (para todos) e equânime (com justa
igualdade) a serviços e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde (atendimento integral).
A partir da nova Constituição da República, várias iniciativas institucionais, legais e comunitárias foram
criando as condições de viabilização plena do direito à saúde. Destacam-se, neste sentido, no âmbito jurídico
institucional, as chamadas Leis Orgânicas da Saúde (Nº. 8.080/90 e 8.142/90), o Decreto Nº.99.438/90 e as
Normas Operacionais Básicas (NOB), editadas em 1991 e 1993.
Com a Lei Nº 8.080/90, fica regulamentado o Sistema Único de Saúde - SUS, estabelecido pela Constituição
Federal de 1988, que agrega todos os serviços estatais - das esferas federal, estadual e municipal - e os servi-
ços privados (desde que contratados ou conveniados) e que é responsabilizado, ainda que sem exclusividade,
pela concretização dos princípios constitucionais.
As Normas Operacionais Básicas, por sua vez, a partir da avaliação do estágio de implantação e desempe-
nho do SUS, se voltam, mais direta e imediatamente, para a definição de estratégias e movimentos táticos, que

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orientam a operacionalidade deste Sistema.
2. FINALIDADE
A presente Norma Operacional Básica tem por finalidade primordial promover e consolidar o pleno exercício,
por parte do poder público municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da atenção à saúde dos seus
munícipes (Artigo 30, incisos V e VII, e Artigo 32, Parágrafo 1º, da Constituição Federal), com a conseqüente
redefinição das responsabilidades dos Estados, do Distrito Federal e da União, avançando na consolidação dos
princípios do SUS.
Esse exercício, viabilizado com a imprescindível cooperação técnica e financeira dos poderes públicos es-
tadual e federal, compreende, portanto, não só a responsabilidade por algum tipo de prestação de serviços de
saúde (Artigo 30, inciso VII), como, da mesma forma, a responsabilidade pela gestão de um sistema que aten-
da, com integralidade, à demanda das pessoas pela assistência à saúde e às exigências sanitárias ambientais
(Artigo 30, inciso V).
Busca-se, dessa forma, a plena responsabilidade do poder público municipal. Assim, esse poder se respon-
sabiliza como também pode ser responsabilizado, ainda que não isoladamente. Os poderes públicos estadual
e federal são sempre co-responsáveis, na respectiva competência ou na ausência da função municipal (inciso
II do Artigo 23, da Constituição Federal). Essa responsabilidade, no entanto, não exclui o papel da família, da
comunidade e dos próprios indivíduos, na promoção, proteção e recuperação da saúde.
Isso implica aperfeiçoar a gestão dos serviços de saúde no país e a própria organização do Sistema, visto
que o município passa a ser, de fato, o responsável imediato pelo atendimento das necessidades e demandas
de saúde do seu povo e das exigências de intervenções saneadoras em seu território.
Ao tempo em que aperfeiçoa a gestão do SUS, esta NOB aponta para uma reordenação do modelo de aten-
ção à saúde, na medida em que redefine:
a. os papéis de cada esfera de governo e, em especial, no tocante à direção única;
b. os instrumentos gerenciais para que municípios e estados superem o papel exclusivo de prestadores de
serviços e assumam seus respectivos papéis de gestores do SUS;
c. os mecanismos e fluxos de financiamento, reduzindo progressiva e continuamente a remuneração por
produção de serviços e ampliando as transferências de caráter global, fundo a fundo, com base em programa-
ções ascendentes, pactuadas e integradas;
d. a prática do acompanhamento, controle e avaliação no SUS, superando os mecanismos tradicionais,
centrados no faturamento de serviços produzidos, e valorizando os resultados advindos de programações com
critérios epidemiológicos e desempenho com qualidade;
e. os vínculos dos serviços com os seus usuários, privilegiando os núcleos familiares e comunitários, crian-
do, assim, condições para uma efetiva participação e controle social.
3. CAMPOS DA ATENÇÃO À SAÚDE
A atenção à saúde, que encerra todo o conjunto de ações levadas a efeito pelo SUS, em todos os níveis de
governo, para o atendimento das demandas pessoais e das exigências ambientais, compreende três grandes
campos, a saber:
a. o da assistência, em que as atividades são dirigidas às pessoas, individual ou coletivamente, e que é pres-
tada no âmbito ambulatorial e hospitalar, bem como em outros espaços, especialmente no domiciliar;
b. o das intervenções ambientais, no seu sentido mais amplo, incluindo as relações e as condições sanitárias
nos ambientes de vida e de trabalho, o controle de vetores e hospedeiros e a operação de sistemas de sanea-
mento ambiental (mediante o pacto de interesses, as normalizações, as fiscalizações e outros); e
c. o das políticas externas ao setor saúde, que interferem nos determinantes sociais do processo saúde-do-
ença das coletividades, de que são partes importantes questões relativas às políticas macroeconômicas, ao
emprego, à habitação, à educação, ao lazer e à disponibilidade e qualidade dos alimentos.
Convém ressaltar que as ações de política setorial em saúde, bem como as administrativas - planejamento,
comando e controle - são inerentes e integrantes do contexto daquelas envolvidas na assistência e nas inter-
venções ambientais. Ações de comunicação e de educação também compõem, obrigatória e permanentemen-

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te, a atenção à saúde.
Nos três campos referidos, enquadra-se, então, todo o espectro de ações compreendidas nos chamados
níveis de atenção à saúde, representados pela promoção, pela proteção e pela recuperação, nos quais deve
ser sempre priorizado o caráter preventivo.
É importante assinalar que existem, da mesma forma, conjuntos de ações que configuram campos clássicos
de atividades na área da saúde pública, constituídos por uma agregação simultânea de ações próprias do cam-
po da assistência e de algumas próprias do campo das intervenções ambientais, de que são partes importantes
as atividades de vigilância epidemiológica e de vigilância sanitária.
4. SISTEMA DE SAÚDE MUNICIPAL
A totalidade das ações e de serviços de atenção à saúde, no âmbito do SUS, deve ser desenvolvida em um
conjunto de estabelecimentos, organizados em rede regionalizada e hierarquizada, e disciplinados segundo
subsistemas, um para cada município Ä o SUS-Municipal Ä voltado ao atendimento integral de sua própria po-
pulação e inserido de forma indissociável no SUS, em suas abrangências estadual e nacional.
Os estabelecimentos desse subsistema municipal, do SUS-Municipal, não precisam ser, obrigatoriamen-
te, de propriedade da prefeitura, nem precisam ter sede no território do município. Suas ações, desenvolvi-
das pelas unidades estatais (próprias, estaduais ou federais) ou privadas (contratadas ou conveniadas, com
prioridade para as entidades filantrópicas), têm que estar organizadas e coordenadas, de modo que o gestor
municipal possa garantir à população o acesso aos serviços e a disponibilidade das ações e dos meios para o
atendimento integral.
Isso significa dizer que, independentemente da gerência dos estabelecimentos prestadores de serviços ser
estatal ou privada, a gestão de todo o sistema municipal é, necessariamente, da competência do poder público
e exclusiva desta esfera de governo, respeitadas as atribuições do respectivo Conselho e de outras diferentes
instâncias de poder. Assim, nesta NOB gerência é conceituada como sendo a administração de uma unidade ou
órgão de saúde (ambulatório, hospital, instituto, fundação etc.), que se caracteriza como prestador de serviços
ao Sistema. Por sua vez, gestão é a atividade e a responsabilidade de dirigir um sistema de saúde (municipal,
estadual ou nacional), mediante o exercício de funções de coordenação, articulação, negociação, planejamen-
to, acompanhamento, controle, avaliação e auditoria. São, portanto, gestores do SUS os Secretários Municipais
e Estaduais de Saúde e o Ministro da Saúde, que representam, respectivamente, os governos municipais, es-
taduais e federal.
A criação e o funcionamento desse sistema municipal possibilitam uma grande responsabilização dos mu-
nicípios, no que se refere à saúde de todos os residentes em seu território. No entanto, possibilitam, também,
um elevado risco de atomização desordenada dessas partes do SUS, permitindo que um sistema municipal se
desenvolva em detrimento de outro, ameaçando, até mesmo, a unicidade do SUS. Há que se integrar, harmo-
nizar e modernizar, com eqüidade, os sistemas municipais.
A realidade objetiva do poder público, nos municípios brasileiros, é muito diferenciada, caracterizando dife-
rentes modelos de organização, de diversificação de atividades, de disponibilidade de recursos e de capacita-
ção gerencial, o que, necessariamente, configura modelos distintos de gestão.
O caráter diferenciado do modelo de gestão é transitório, vez que todo e qualquer município pode ter uma
gestão plenamente desenvolvida, levando em conta que o poder constituído, neste nível, tem uma capacidade
de gestão intrinsecamente igual e os seus segmentos populacionais dispõem dos mesmos direitos.
A operacionalização das condições de gestão, propostas por esta NOB, considera e valoriza os vários está-
gios já alcançados pelos estados e pelos municípios, na construção de uma gestão plena.
Já a redefinição dos papéis dos gestores estadual e federal, consoante a finalidade desta Norma Operacio-
nal, é, portanto, fundamental para que possam exercer as suas competências específicas de gestão e prestar
a devida cooperação técnica e financeira aos municípios.
O poder público estadual tem, então, como uma de suas responsabilidades nucleares, mediar a relação en-
tre os sistemas municipais; o federal de mediar entre os sistemas estaduais. Entretanto, quando ou enquanto
um município não assumir a gestão do sistema municipal, é o Estado que responde, provisoriamente, pela ges-
tão de um conjunto de serviços capaz de dar atenção integral àquela população que necessita de um sistema
que lhe é próprio.

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As instâncias básicas para a viabilização desses propósitos integradores e harmonizadores são os fóruns de
negociação, integrados pelos gestores municipal, estadual e federal - a Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
- e pelos gestores estadual e municipal - a Comissão Intergestores Bipartite (CIB). Por meio dessas instâncias
e dos Conselhos de Saúde, são viabilizados os princípios de unicidade e de eqüidade.
Nas CIB e CIT são apreciadas as composições dos sistemas municipais de saúde, bem assim pactuadas
as programações entre gestores e integradas entre as esferas de governo. Da mesma forma, são pactuados
os tetos financeiros possíveis - dentro das disponibilidades orçamentárias conjunturais - oriundos dos recursos
das três esferas de governo, capazes de viabilizar a atenção às necessidades assistenciais e às exigências
ambientais. O pacto e a integração das programações constituem, fundamentalmente, a conseqüência prática
da relação entre os gestores do SUS.
A composição dos sistemas municipais e a ratificação dessas programações, nos Conselhos de Saúde res-
pectivos, permitem a construção de redes regionais que, certamente, ampliam o acesso, com qualidade e me-
nor custo. Essa dinâmica contribui para que seja evitado um processo acumulativo injusto, por parte de alguns
municípios (quer por maior disponibilidade tecnológica, quer por mais recursos financeiros ou de informação),
com a consequente espoliação crescente de outros.
As tarefas de harmonização, de integração e de modernização dos sistemas municipais, realizadas com
a devida eqüidade (admitido o princípio da discriminação positiva, no sentido da busca da justiça, quando do
exercício do papel redistributivo), competem, portanto, por especial, ao poder público estadual. Ao federal, in-
cumbe promovê-las entre as Unidades da Federação.
O desempenho de todos esses papéis é condição para a consolidação da direção única do SUS, em cada
esfera de governo, para a efetivação e a permanente revisão do processo de descentralização e para a organi-
zação de redes regionais de serviços hierarquizados.
5. RELAÇÕES ENTRE OS SISTEMAS MUNICIPAIS
Os sistemas municipais de saúde apresentam níveis diferentes de complexidade, sendo comum estabele-
cimentos ou órgãos de saúde de um município atenderem usuários encaminhados por outro. Em vista disso,
quando o serviço requerido para o atendimento da população estiver localizado em outro município, as nego-
ciações para tanto devem ser efetivadas exclusivamente entre os gestores municipais.
Essa relação, mediada pelo estado, tem como instrumento de garantia a programação pactuada e integrada
na CIB regional ou estadual e submetida ao Conselho de Saúde correspondente. A discussão de eventuais im-
passes, relativos à sua operacionalização, deve ser realizada também no âmbito dessa Comissão, cabendo, ao
gestor estadual, a decisão sobre problemas surgidos na execução das políticas aprovadas. No caso de recurso,
este deve ser apresentado ao Conselho Estadual de Saúde (CES).
Outro aspecto importante a ser ressaltado é que a gerência (comando) dos estabelecimentos ou órgãos de
saúde de um município é da pessoa jurídica que opera o serviço, sejam estes estatais (federal, estadual ou
municipal) ou privados. Assim, a relação desse gerente deve ocorrer somente com o gestor do município onde
o seu estabelecimento está sediado, seja para atender a população local, seja para atender a referenciada de
outros municípios.
O gestor do sistema municipal é responsável pelo controle, pela avaliação e pela auditoria dos prestadores
de serviços de saúde (estatais ou privados) situados em seu município. No entanto, quando um gestor munici-
pal julgar necessário uma avaliação específica ou auditagem de uma entidade que lhe presta serviços, locali-
zada em outro município, recorre ao gestor estadual.
Em função dessas peculiaridades, o pagamento final a um estabelecimento pela prestação de serviços
requeridos na localidade ou encaminhados de outro município é sempre feito pelo poder público do município
sede do estabelecimento.
Os recursos destinados ao pagamento das diversas ações de atenção à saúde prestadas entre municípios
são alocados, previamente, pelo gestor que demanda esses serviços, ao município sede do prestador. Este
município incorpora os recursos ao seu teto financeiro. A orçamentação é feita com base na programação pac-
tuada e integrada entre gestores, que, conforme já referido, é mediada pelo estado e aprovada na CIB regional
e estadual e no respectivo Conselho de Saúde.

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Quando um município, que demanda serviços a outro, ampliar a sua própria capacidade resolutiva, pode
requerer, ao gestor estadual, que a parte de recursos alocados no município vizinho seja realocada para o seu
município.
Esses mecanismos conferem um caráter dinâmico e permanente ao processo de negociação da programa-
ção integrada, em particular quanto à referência intermunicipal.
6. PAPEL DO GESTOR ESTADUAL
São identificados quatro papéis básicos para o estado, os quais não são, necessariamente, exclusivos e se-
qüenciais. A explicitação a seguir apresentada tem por finalidade permitir o entendimento da função estratégica
perseguida para a gestão neste nível de Governo.
O primeiro desses papéis é exercer a gestão do SUS, no âmbito estadual.
O segundo papel é promover as condições e incentivar o poder municipal para que assuma a gestão da
atenção a saúde de seus munícipes, sempre na perspectiva da atenção integral.
O terceiro é assumir, em caráter transitório (o que não significa caráter complementar ou concorrente), a
gestão da atenção à saúde daquelas populações pertencentes a municípios que ainda não tomaram para si
esta responsabilidade.
As necessidades reais não atendidas são sempre a força motriz para exercer esse papel, no entanto, é ne-
cessário um esforço do gestor estadual para superar tendências históricas de complementar a responsabilida-
de do município ou concorrer com esta função, o que exige o pleno exercício do segundo papel.
Finalmente, o quarto, o mais importante e permanente papel do estado é ser o promotor da harmonização,
da integração e da modernização dos sistemas municipais, compondo, assim, o SUS-Estadual.
O exercício desse papel pelo gestor requer a configuração de sistemas de apoio logístico e de atuação
estratégica que envolvem responsabilidades nas três esferas de governo e são sumariamente caracterizados
como de:
a. informação informatizada;
b. financiamento;
c. programação, acompanhamento, controle e avaliação;
d. apropriação de custos e avaliação econômica;
e. desenvolvimento de recursos humanos;
f. desenvolvimento e apropriação de ciência e tecnologias; e
g. comunicação social e educação em saúde.
O desenvolvimento desses sistemas, no âmbito estadual, depende do pleno funcionamento do CES e da
CIB, nos quais se viabilizam a negociação e o pacto com os diversos atores envolvidos. Depende, igualmente,
da ratificação das programações e decisões relativas aos tópicos a seguir especificados:
a. plano estadual de saúde, contendo as estratégias, as prioridades e as respectivas metas de ações e ser-
viços resultantes, sobretudo, da integração das programações dos sistemas municipais;
b. estruturação e operacionalização do componente estadual do Sistema Nacional de Auditoria;
c. estruturação e operacionalização dos sistemas de processamento de dados, de informação epidemiológi-
ca, de produção de serviços e de insumos críticos;
d. estruturação e operacionalização dos sistemas de vigilância epidemiológica, de vigilância sanitária e de
vigilância alimentar e nutricional;
e. estruturação e operacionalização dos sistemas de recursos humanos e de ciência e tecnologia;
f. elaboração do componente estadual de programações de abrangência nacional, relativas a agravos que
constituam riscos de disseminação para além do seu limite territorial;
g. elaboração do componente estadual da rede de laboratórios de saúde pública;
h. estruturação e operacionalização do componente estadual de assistência farmacêutica;

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i. responsabilidade estadual no tocante à prestação de serviços ambulatoriais e hospitalares de alto custo,
ao tratamento fora do domicílio e à disponibilidade de medicamentos e insumos especiais, sem prejuízo das
competências dos sistemas municipais;
j. definição e operação das políticas de sangue e hemoderivados; e
k. manutenção de quadros técnicos permanentes e compatíveis com o exercício do papel de gestor estadual;
l. implementação de mecanismos visando a integração das políticas e das ações de relevância para a saú-
de da população, de que são exemplos aquelas relativas a saneamento, recursos hídricos, habitação e meio
ambiente.
7. PAPEL DO GESTOR FEDERAL
No que respeita ao gestor federal, são identificados quatro papéis básicos, quais sejam:
a. exercer a gestão do SUS, no âmbito nacional;
b. promover as condições e incentivar o gestor estadual com vistas ao desenvolvimento dos sistemas muni-
cipais, de modo a conformar o SUS-Estadual;
c. fomentar a harmonização, a integração e a modernização dos sistemas estaduais compondo, assim, o
SUS-Nacional; e
d. exercer as funções de normalização e de coordenação no que se refere à gestão nacional do SUS.
Da mesma forma que no âmbito estadual, o exercício dos papéis do gestor federal requer a configuração de
sistemas de apoio logístico e de atuação estratégica, que consolidam os sistemas estaduais e propiciam, ao
SUS, maior eficiência com qualidade, quais sejam:
a. informação informatizada;
b. financiamento;
c. programação, acompanhamento, controle e avaliação;
d. apropriação de custos e avaliação econômica;
e. desenvolvimento de recursos humanos;
f. desenvolvimento e apropriação de ciência e tecnologias; e
g. comunicação social e educação em saúde.
O desenvolvimento desses sistemas depende, igualmente, da viabilização de negociações com os diversos
atores envolvidos e da ratificação das programações e decisões, o que ocorre mediante o pleno funcionamento
do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da CIT.
Depende, além disso, do redimensionamento da direção nacional do Sistema, tanto em termos da estrutura,
quanto de agilidade e de integração, como no que se refere às estratégias, aos mecanismos e aos instrumentos
de articulação com os demais níveis de gestão, destacando-se:
a. a elaboração do Plano Nacional de Saúde, contendo as estratégias, as prioridades nacionais e as metas
da programação integrada nacional, resultante, sobretudo, das programações estaduais e dos demais órgãos
governamentais, que atuam na prestação de serviços, no setor saúde;
b. a viabilização de processo permanente de articulação das políticas externas ao setor, em especial com os
órgãos que detém, no seu conjunto de atribuições, a responsabilidade por ações atinentes aos determinantes
sociais do processo saúde-doença das coletividades;
c. o aperfeiçoamento das normas consubstanciadas em diferentes instrumentos legais, que regulamentam,
atualmente, as transferências automáticas de recursos financeiros, bem como as modalidades de prestação de
contas;
d. a definição e a explicitação dos fluxos financeiros próprios do SUS, frente aos órgãos governamentais
de controle interno e externo e aos Conselhos de Saúde, com ênfase na diferenciação entre as transferências
automáticas a estados e municípios com função gestora;
e. a criação e a consolidação de critérios e mecanismos de alocação de recursos federais e estaduais para

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investimento, fundados em prioridades definidas pelas programações e pelas estratégias das políticas de reo-
rientação do Sistema;
f. a transformação nos mecanismos de financiamento federal das ações, com o respectivo desenvolvimento
de novas formas de informatização, compatíveis à natureza dos grupos de ações, especialmente as básicas, de
serviços complementares e de procedimentos de alta e média complexidade, estimulando o uso dos mesmos
pelos gestores estaduais e municipais;
g. o desenvolvimento de sistemáticas de transferência de recursos vinculada ao fornecimento regular, opor-
tuno e suficiente de informações específicas, e que agreguem o conjunto de ações e serviços de atenção à
saúde, relativo a grupos prioritários de eventos vitais ou nosológicos;
h. a adoção, como referência mínima, das tabelas nacionais de valores do SUS, bem assim a flexibilização
do seu uso diferenciado pelos gestores estaduais e municipais, segundo prioridades locais e ou regionais;
i. o incentivo aos gestores estadual e municipal ao pleno exercício das funções de controle, avaliação e au-
ditoria, mediante o desenvolvimento e a implementação de instrumentos operacionais, para o uso das esferas
gestoras e para a construção efetiva do Sistema Nacional de Auditoria;
j. o desenvolvimento de atividades de educação e de comunicação social;
k. o incremento da capacidade reguladora da direção nacional do SUS, em relação aos sistemas comple-
mentares de prestação de serviços ambulatoriais e hospitalares de alto custo, de tratamento fora do domicílio,
bem assim de disponibilidade de medicamentos e insumos especiais;
l. a reorientação e a implementação dos sistemas de vigilância epidemiológica, de vigilância sanitária, de
vigilância alimentar e nutricional, bem como o redimensionamento das atividades relativas à saúde do trabalha-
dor e às de execução da vigilância sanitária de portos, aeroportos e fronteiras;
m. a reorientação e a implementação dos diversos sistemas de informações epidemiológicas, bem assim de
produção de serviços e de insumos críticos;
n. a reorientação e a implementação do sistema de redes de laboratórios de referência para o controle da
qualidade, para a vigilância sanitária e para a vigilância epidemiológica;
o. a reorientação e a implementação da política nacional de assistência farmacêutica;
p. o apoio e a cooperação a estados e municípios para a implementação de ações voltadas ao controle de
agravos, que constituam risco de disseminação nacional;
q. a promoção da atenção à saúde das populações indígenas, realizando, para tanto, as articulações neces-
sárias, intra e intersetorial;
r. a elaboração de programação nacional, pactuada com os estados, relativa à execução de ações espe-
cíficas voltadas ao controle de vetores responsáveis pela transmissão de doenças, que constituem risco de
disseminação regional ou nacional, e que exijam a eventual intervenção do poder federal;
s. a identificação dos serviços estaduais e municipais de referência nacional, com vistas ao estabelecimento
dos padrões técnicos da assistência à saúde;
t. a estimulação, a indução e a coordenação do desenvolvimento científico e tecnológico no campo da saúde,
mediante interlocução crítica das inovações científicas e tecnológicas, por meio da articulação intra e interse-
torial;
u. a participação na formulação da política e na execução das ações de saneamento básico.
8. DIREÇÃO E ARTICULAÇÃO
A direção do Sistema Único de Saúde (SUS), em cada esfera de governo, é composta pelo órgão setorial
do poder executivo e pelo respectivo Conselho de Saúde, nos termos das Leis Nº 8.080/90 e Nº 8.142/1990.
O processo de articulação entre os gestores, nos diferentes níveis do Sistema, ocorre, preferencialmente,
em dois colegiados de negociação: a Comissão Intergestores Tripartite (CIT) e a Comissão Intergestores Bi-
partite (CIB).
A CIT é composta, paritariamente, por representação do Ministério da Saúde (MS), do Conselho Nacional
de Secretários Estaduais de Saúde (CONASS) e do Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde

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(CONASEMS).
A CIB, composta igualmente de forma paritária, é integrada por representação da Secretaria Estadual de
Saúde (SES) e do Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde (COSEMS) ou órgão equivalente.
Um dos representantes dos municípios é o Secretário de Saúde da Capital. A Bipartite pode operar com sub-
comissões regionais.
As conclusões das negociações pactuadas na CIT e na CIB são formalizadas em ato próprio do gestor res-
pectivo. Aquelas referentes a matérias de competência dos Conselhos de Saúde, definidas por força da Lei Or-
gânica, desta NOB ou de resolução específica dos respectivos Conselhos são submetidas previamente a estes
para aprovação. As demais resoluções devem ser encaminhadas, no prazo máximo de 15 dias decorridos de
sua publicação, para conhecimento, avaliação e eventual recurso da parte que se julgar prejudicada, inclusive
no que se refere à habilitação dos estados e municípios às condições de gestão desta Norma.
9. BASES PARA UM NOVO MODELO DE ATENÇÃO À SAÚDE
A composição harmônica, integrada e modernizada do SUS visa, fundamentalmente, atingir a dois propósi-
tos essenciais à concretização dos ideais constitucionais e, portanto, do direito à saúde, que são:
a. a consolidação de vínculos entre diferentes segmentos sociais e o SUS; e
b a criação de condições elementares e fundamentais para a eficiência e a eficácia gerenciais, com quali-
dade.
O primeiro propósito é possível porque, com a nova formulação dos sistemas municipais, tanto os segmen-
tos sociais, minimamente agregados entre si com sentimento comunitário - os munícipes - , quanto a instância
de poder político-administrativo, historicamente reconhecida e legitimada - o poder municipal - apropriam-se
de um conjunto de serviços bem definido, capaz de desenvolver uma programação de atividades publicamente
pactuada. Com isso, fica bem caracterizado o gestor responsável; as atividades são gerenciadas por pessoas
perfeitamente identificáveis; e os resultados mais facilmente usufruídos pela população.
O conjunto desses elementos propicia uma nova condição de participação com vínculo, mais criativa e re-
alizadora para as pessoas, e que acontece não-somente nas instâncias colegiadas formais - conferências e
conselhos - mas em outros espaços constituídos por atividades sistemáticas e permanentes, inclusive dentro
dos próprios serviços de atendimento.
Cada sistema municipal deve materializar, de forma efetiva, a vinculação aqui explicitada. Um dos meios,
certamente, é a instituição do cartão SUS-MUNICIPAL, com numeração nacional, de modo a identificar o ci-
dadão com o seu sistema e agregá-lo ao sistema nacional. Essa numeração possibilita uma melhor referência
intermunicipal e garante o atendimento de urgência por qualquer serviço de saúde, estatal ou privado, em todo
o País. A regulamentação desse mecanismo de vinculação será objeto de discussão e aprovação pelas instân-
cias colegiadas competentes, com conseqüente formalização por ato do MS.
O segundo propósito é factível, na medida em que estão perfeitamente identificados os elementos críticos
essenciais a uma gestão eficiente e a uma produção eficaz, a saber:
a. a clientela que, direta e imediatamente, usufrui dos serviços;
b. o conjunto organizado dos estabelecimentos produtores desses serviços; e
c. a programação pactuada, com a correspondente orçamentação participativa.
Os elementos, acima apresentados, contribuem para um gerenciamento que conduz à obtenção de resulta-
dos efetivos, a despeito da indisponibilidade de estímulos de um mercado consumidor espontâneo.
Conta, no entanto, com estímulos agregados, decorrentes de um processo de gerenciamento participativo
e, sobretudo, da concreta possibilidade de comparação com realidades muito próximas, representadas pelos
resultados obtidos nos sistemas vizinhos.
A ameaça da ocorrência de gastos exagerados, em decorrência de um processo de incorporação tecnológi-
ca acrítico e desregulado, é um risco que pode ser minimizado pela radicalização na reorganização do SUS: um
Sistema regido pelo interesse público e balizado, por um lado, pela exigência da universalização e integralidade
com eqüidade e, por outro, pela própria limitação de recursos, que deve ser programaticamente respeitada.
Esses dois balizamentos são objeto da programação elaborada no âmbito municipal, e sujeita à ratificação

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que, negociada e pactuada nas instâncias estadual e federal, adquire a devida racionalidade na alocação de
recursos em face às necessidades.
Assim, tendo como referência os propósitos anteriormente explicitados, a presente Norma Operacional Bá-
sica constitui um importante mecanismo indutor da conformação de um novo modelo de atenção à saúde, na
medida em que disciplina o processo de organização da gestão desta atenção, com ênfase na consolidação da
direção única em cada esfera de governo e na construção da rede regionalizada e hierarquizada de serviços.
Essencialmente, o novo modelo de atenção deve resultar na ampliação do enfoque do modelo atual, al-
cançando-se, assim, a efetiva integralidade das ações. Essa ampliação é representada pela incorporação, ao
modelo clínico dominante (centrado na doença), do modelo epidemiológico, o qual requer o estabelecimento de
vínculos e processos mais abrangentes.
O modelo vigente, que concentra sua atenção no caso clínico, na relação individualizada entre o profissional
e o paciente, na intervenção terapêutica armada (cirúrgica ou medicamentosa) específica, deve ser associado,
enriquecido, transformado em um modelo de atenção centrado na qualidade de vida das pessoas e do seu
meio ambiente, bem como na relação da equipe de saúde com a comunidade, especialmente, com os seus
núcleos sociais primários – as famílias. Essa prática, inclusive, favorece e impulsiona as mudanças globais,
intersetoriais.
O enfoque epidemiológico atende ao compromisso da integralidade da atenção, ao incorporar, como objeto
das ações, a pessoa, o meio ambiente e os comportamentos interpessoais. Nessa circunstância, o método para
conhecimento da realidade complexa e para a realização da intervenção necessária fundamenta-se mais na
síntese do que nas análises, agregando, mais do que isolando, diferentes fatores e variáveis.
Os conhecimentos - resultantes de identificações e compreensões - que se faziam cada vez mais particu-
larizados e isolados (com grande sofisticação e detalhamento analítico) devem possibilitar, igualmente, um
grande esforço de visibilidade e entendimento integrador e globalizante, com o aprimoramento dos processos
de síntese, sejam lineares, sistêmicos ou dialéticos.
Além da ampliação do objeto e da mudança no método, o modelo adota novas tecnologias, em que os pro-
cessos de educação e de comunicação social constituem parte essencial em qualquer nível ou ação, na medida
em que permitem a compreensão globalizadora a ser perseguida, e fundamentam a negociação necessária à
mudança e à associação de interesses conscientes. É importante, nesse âmbito, a valorização da informação
informatizada.
Além da ampliação do objeto, da mudança do método e da tecnologia predominantes, enfoque central deve
ser dado à questão da ética. O modelo vigente – assentado na lógica da clínica – baseia-se, principalmente, na
ética do médico, na qual a pessoa (o seu objeto) constitui o foco nuclear da atenção.
O novo modelo de atenção deve perseguir a construção da ética do coletivo que incorpora e transcende a
ética do individual. Dessa forma é incentivada a associação dos enfoques clínico e epidemiológico. Isso exige,
seguramente, de um lado, a transformação na relação entre o usuário e os agentes do sistema de saúde (res-
tabelecendo o vínculo entre quem presta o serviço e quem o recebe) e, de outro, a intervenção ambiental, para
que sejam modificados fatores determinantes da situação de saúde.
Nessa nova relação, a pessoa é estimulada a ser agente da sua própria saúde e da saúde da comunida-
de que integra. Na intervenção ambiental, o SUS assume algumas ações específicas e busca a articulação
necessária com outros setores, visando a criação das condições indispensáveis à promoção, à proteção e à
recuperação da saúde.
10.FINANCIAMENTO DAS AÇÕES E SERVIÇOS DE SAÚDE
10.1.Responsabilidades
O financiamento do SUS é de responsabilidade das três esferas de governo e cada uma deve assegurar o
aporte regular de recursos, ao respectivo fundo de saúde.
Conforme determina o Artigo 194 da Constituição Federal, a Saúde integra a Seguridade Social, juntamente
com a Previdência e a Assistência Social. No inciso VI do parágrafo único desse mesmo Artigo, está determi-
nado que a Seguridade Social será organizada pelo poder público, observada a “diversidade da base de finan-
ciamento”.

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Já o Artigo 195 determina que a Seguridade Social será financiada com recursos provenientes dos orçamen-
tos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e de Contribuições Sociais.
10.2. Fontes
As principais fontes específicas da Seguridade Social incidem sobre a Folha de Salários (Fonte 154), o Fa-
turamento (Fonte 153 - COFINS) e o Lucro (Fonte 151 - Lucro Líquido).
Até 1992, todas essas fontes integravam o orçamento do Ministério da Saúde e ainda havia aporte signifi-
cativo de fontes fiscais (Fonte 100 - Recursos Ordinários, provenientes principalmente da receita de impostos
e taxas). A partir de 1993, deixou de ser repassada ao MS a parcela da Contribuição sobre a Folha de Salários
(Fonte 154, arrecadada pelo Instituto Nacional de Seguridade Social - INSS).
Atualmente, as fontes que asseguram o maior aporte de recursos ao MS são a Contribuição sobre o Fa-
turamento (Fonte 153 - COFINS) e a Contribuição sobre o Lucro Líquido (Fonte 151), sendo que os aportes
provenientes de Fontes Fiscais são destinados praticamente à cobertura de despesas com Pessoal e Encargos
Sociais.
Dentro da previsibilidade de Contribuições Sociais na esfera federal, no âmbito da Seguridade Social, uma
fonte específica para financiamento do SUS - a Contribuição Provisória sobre Movimentações Financeiras -
está criada, ainda que em caráter provisório. A solução definitiva depende de uma reforma tributária que reveja
esta e todas as demais bases tributárias e financeiras do Governo, da Seguridade e, portanto, da Saúde.
Nas esferas estadual e municipal, além dos recursos oriundos do respectivo Tesouro, o financiamento do
SUS conta com recursos transferidos pela União aos Estados e pela União e Estados aos Municípios. Esses
recursos devem ser previstos no orçamento e identificados nos fundos de saúde estadual e municipal como
receita operacional proveniente da esfera federal e ou estadual e utilizados na execução de ações previstas nos
respectivos planos de saúde e na PPI.
10.3.Transferências Intergovernamentais e Contrapartidas
As transferências, regulares ou eventuais, da União para estados, municípios e Distrito Federal estão con-
dicionadas à contrapartida destes níveis de governo, em conformidade com as normas legais vigentes (Lei de
Diretrizes Orçamentárias e outras).
O reembolso das despesas, realizadas em função de atendimentos prestados por unidades públicas a bene-
ficiários de planos privados de saúde, constitui fonte adicional de recursos. Por isso, e consoante à legislação
federal específica, estados e municípios devem viabilizar estrutura e mecanismos operacionais para a arreca-
dação desses recursos e a sua destinação exclusiva aos respectivos fundos de saúde.
Os recursos de investimento são alocados pelo MS, mediante a apresentação pela SES da programação de
prioridades de investimentos, devidamente negociada na CIB e aprovada pelo CES, até o valor estabelecido no
orçamento do Ministério, e executados de acordo com a legislação pertinente.
10.4.Tetos financeiros dos Recursos Federais
Os recursos de custeio da esfera federal, destinados às ações e serviços de saúde, configuram o Teto Finan-
ceiro Global (TFG), cujo valor, para cada estado e cada município, é definido com base na PPI. O teto financeiro
do estado contém os tetos de todos os municípios, habilitados ou não a qualquer uma das condições de gestão.
O Teto Financeiro Global do Estado (TFGE) é constituído, para efeito desta NOB, pela soma dos Tetos
Financeiros da Assistência (TFA), da Vigilância Sanitária (TFVS) e da Epidemiologia e Controle de Doenças
(TFECD).
O TFGE, definido com base na PPI, é submetido pela SES ao MS, após negociação na CIB e aprovação
pelo CES. O valor final do teto e suas revisões são fixados com base nas negociações realizadas no âmbito da
CIT - observadas as reais disponibilidades financeiras do MS - e formalizado em ato do Ministério.
O Teto Financeiro Global do Município (TFGM), também definido consoante à programação integrada, é
submetido pela SMS à SES, após aprovação pelo CMS. O valor final desse Teto e suas revisões são fixados
com base nas negociações realizadas no âmbito da CIB - observados os limites do TFGE - e formalizado em
ato próprio do Secretário Estadual de Saúde.
Todos os valores referentes a pisos, tetos, frações, índices, bem como suas revisões, são definidos com

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base na PPI, negociados nas Comissões Intergestores (CIB e CIT), formalizados em atos dos gestores estadu-
al e federal e aprovados previamente nos respectivos Conselhos (CES e CNS).
As obrigações que vierem a ser assumidas pelo Ministério da Saúde, decorrentes da implantação desta NOB
e que gerem aumento de despesa, serão previamente discutidas com o Ministério do Planejamento e Orçamen-
to e o Ministério da Fazenda.
11. PROGRAMAÇÃO, CONTROLE, AVALIAÇÃO E AUDITORIA
11.1. Programação Pactuada e Integrada - PPI
11.1.1. A PPI envolve as atividades de assistência ambulatorial e hospitalar, de vigilância sanitária e de
epidemiologia e controle de doenças, constituindo um instrumento essencial de reorganização do modelo de
atenção e da gestão do SUS, de alocação dos recursos e de explicitação do pacto estabelecido entre as três
esferas de governo. Essa Programação traduz as responsabilidades de cada município com a garantia de
acesso da população aos serviços de saúde, quer pela oferta existente no próprio município, quer pelo enca-
minhamento a outros municípios, sempre por intermédio de relações entre gestores municipais, mediadas pelo
gestor estadual.
11.1.2. O processo de elaboração da Programação Pactuada entre gestores e Integrada entre esferas de
governo deve respeitar a autonomia de cada gestor: o município elabora sua própria programação, aprovando-
-a no CMS; o estado harmoniza e compatibiliza as programações municipais, incorporando as ações sob sua
responsabilidade direta, mediante negociação na CIB, cujo resultado é deliberado pelo CES.
11.1.3. A elaboração da PPI deve se dar num processo ascendente, de base municipal, configurando, tam-
bém, as responsabilidades do estado na busca crescente da eqüidade, da qualidade da atenção e na confor-
mação da rede regionalizada e hierarquizada de serviços.
11.1.4. A Programação observa os princípios da integralidade das ações de saúde e da direção única em
cada nível de governo, traduzindo todo o conjunto de atividades relacionadas a uma população específica e
desenvolvidas num território determinado, independente da vinculação institucional do órgão responsável pela
execução destas atividades. Os órgãos federais, estaduais e municipais, bem como os prestadores conve-
niados e contratados têm suas ações expressas na programação do município em que estão localizados, na
medida em que estão subordinados ao gestor municipal.
11.1.5. A União define normas, critérios, instrumentos e prazos, aprova a programação de ações sob seu
controle - inscritas na programação pelo estado e seus municípios - incorpora as ações sob sua responsabilida-
de direta e aloca os recursos disponíveis, segundo os valores apurados na programação e negociados na CIT,
cujo resultado é deliberado pelo CNS.
11.1.6.A elaboração da programação observa critérios e parâmetros definidos pelas Comissões Intergesto-
res e aprovados pelos respectivos Conselhos. No tocante aos recursos de origem federal, os critérios, prazos
e fluxos de elaboração da programação integrada e de suas reprogramações periódicas ou extraordinárias são
fixados em ato normativo do MS e traduzem as negociações efetuadas na CIT e as deliberações do CNS.
11.2. Controle, Avaliação e Auditoria
11.2.1. O cadastro de unidades prestadoras de serviços de saúde (UPS), completo e atualizado, é requisito
básico para programar a contratação de serviços assistenciais e para realizar o controle da regularidade dos
faturamentos. Compete ao órgão gestor do SUS responsável pelo relacionamento com cada UPS, seja própria,
contratada ou conveniada, a garantia da atualização permanente dos dados cadastrais, no banco de dados
nacional.
11.2.2. Os bancos de dados nacionais, cujas normas são definidas pelos órgãos do MS, constituem instru-
mentos essenciais ao exercício das funções de controle, avaliação e auditoria. Por conseguinte, os gestores
municipais e estaduais do SUS devem garantir a alimentação permanente e regular desses bancos, de acordo
com a relação de dados, informações e cronogramas previamente estabelecidos pelo MS e pelo CNS.
11.2.3. As ações de auditoria analítica e operacional constituem responsabilidades das três esferas gestoras
do SUS, o que exige a estruturação do respectivo órgão de controle, avaliação e auditoria, incluindo a definição
dos recursos e da metodologia adequada de trabalho. É função desse órgão definir, também, instrumentos para
a realização das atividades, consolidar as informações necessárias, analisar os resultados obtidos em decor-
rência de suas ações, propor medidas corretivas e interagir com outras áreas da administração, visando o pleno

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exercício, pelo gestor, de suas atribuições, de acordo com a legislação que regulamenta o Sistema Nacional
de Auditoria no âmbito do SUS.
11.2.4. As ações de controle devem priorizar os procedimentos técnicos e administrativos prévios à realiza-
ção de serviços e à ordenação dos respectivos pagamentos, com ênfase na garantia da autorização de inter-
nações e procedimentos ambulatoriais - tendo como critério fundamental a necessidade dos usuários - e o rigo-
roso monitoramento da regularidade e da fidedignidade dos registros de produção e faturamento de serviços.
11.2.5. O exercício da função gestora no SUS, em todos os níveis de governo, exige a articulação perma-
nente das ações de programação, controle, avaliação e auditoria; a integração operacional das unidades orga-
nizacionais, que desempenham estas atividades, no âmbito de cada órgão gestor do Sistema; e a apropriação
dos seus resultados e a identificação de prioridades, no processo de decisão política da alocação dos recursos.
11.2.6. O processo de reorientação do modelo de atenção e de consolidação do SUS requer o aperfeiçoa-
mento e a disseminação dos instrumentos e técnicas de avaliação de resultados e do impacto das ações do
Sistema sobre as condições de saúde da população, priorizando o enfoque epidemiológico e propiciando a per-
manente seleção de prioridade de intervenção e a reprogramação contínua da alocação de recursos. O acom-
panhamento da execução das ações programadas é feito permanentemente pelos gestores e periodicamente
pelos respectivos Conselhos de Saúde, com base em informações sistematizadas, que devem possibilitar a
avaliação qualitativa e quantitativa destas ações. A avaliação do cumprimento das ações programadas em cada
nível de governo deve ser feita em Relatório de Gestão Anual, cujo roteiro de elaboração será apresentado pelo
MS e apreciado pela CIT e pelo CNS.
12.CUSTEIO DA ASSISTÊNCIA HOSPITALAR E AMBULATORIAL
Os recursos de custeio da esfera federal destinados à assistência hospitalar e ambulatorial, conforme men-
cionado anteriormente, configuram o TFA, e os seus valores podem ser executados segundo duas modalida-
des: Transferência Regular e Automática (Fundo a Fundo) e Remuneração por Serviços Produzidos.
12.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo
Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Nacional de Saúde aos fundos estaduais e mu-
nicipais, independente de convênio ou instrumento congênere, segundo as condições de gestão estabelecidas
nesta NOB. Esses recursos podem corresponder a uma ou mais de uma das situações descritas a seguir.
12.1.1. Piso Assistencial Básico (PAB)
O PAB consiste em um montante de recursos financeiros destinado ao custeio de procedimentos e ações
de assistência básica, de responsabilidade tipicamente municipal. Esse Piso é definido pela multiplicação de
um valor per capita nacional pela população de cada município (fornecida pelo IBGE), e transferido regular e
automaticamente ao fundo de saúde ou conta especial dos municípios e, transitoriamente, ao fundo estadual,
conforme condiçõesestipuladas nesta NOB. As transferências do PAB aos estados correspondem, exclusiva-
mente, ao valor para cobertura da população residente em municípios ainda não habilitados na forma desta
Norma Operacional.
O elenco de procedimentos custeados pelo PAB, assim como o valor per capitanacional único - base de cál-
culo deste Piso - são propostos pela CIT e votados no CNS. Nessas definições deve ser observado o perfil de
serviços disponíveis na maioria dos municípios, objetivando o progressivo incremento desses serviços, até que
a atenção integral à saúde esteja plenamente organizada, em todo o País. O valor per capita nacional único é
reajustado com a mesma periodicidade, tendo por base, no mínimo, o incremento médio da tabela de procedi-
mentos do Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS (SIA/SUS).
A transferência total do PAB será suspensa no caso da não-alimentação, pela SMS junto à SES, dos bancos
de dados de interesse nacional, por mais de dois meses consecutivos.
12.1.2. Incentivo aos Programas de Saúde da Família (PSF) e de Agentes Comunitários de Saúde
(PACS)
Fica estabelecido um acréscimo percentual ao montante do PAB, de acordo com os critérios a seguir relacio-
nados, sempre que estiverem atuando integradamente à rede municipal, equipes de saúde da família, agentes
comunitários de saúde, ou estratégias similares de garantia da integralidade da assistência, avaliadas pelo
órgão do MS (SAS/MS) com base em normas da direção nacional do SUS.

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a) Programa de Saúde da Família (PSF):
- acréscimo de 3% sobre o valor do PAB para cada 5% da população coberta, até atingir 60% da população
total do município;
- acréscimo de 5% para cada 5% da população coberta entre 60% e 90% da população total do município; e
- acréscimo de 7% para cada 5% da população coberta entre 90% e 100% da população total do município.
Esses acréscimos têm, como limite, 80% do valor do PAB original do município.
b. Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS):
- acréscimo de 1% sobre o valor do PAB para cada 5% da população coberta até atingir 60% da população
total do município;
- acréscimo de 2% para cada 5% da população coberta entre 60% e 90% da população total do município; e
- acréscimo de 3% para cada 5% da população coberta entre 90% e 100% da população total do município.
Esses acréscimos têm, como limite, 30% do valor do PAB original do município.
c) Os percentuais não são cumulativos quando a população coberta pelo PSF e pelo PACS ou por estraté-
gias similares for a mesma.
Os percentuais acima referidos são revistos quando do incremento do valor per capita nacional único, utili-
zado para o cálculo do PAB e do elenco de procedimentos relacionados a este Piso. Essa revisão é proposta
na CIT e votada no CNS. Por ocasião da incorporação desses acréscimos, o teto financeiro da assistência do
estado é renegociado na CIT e apreciado pelo CNS.
A ausência de informações que comprovem a produção mensal das equipes, durante dois meses consecu-
tivos ou quatro alternados em um ano, acarreta a suspensão da transferência deste acréscimo.
12.1.3. Fração Assistencial Especializada (FAE)
É um montante que corresponde a procedimentos ambulatoriais de média complexidade, medicamentos e
insumos excepcionais, órteses e próteses ambulatoriais e Tratamento Fora do Domicílio (TFD), sob gestão do
estado.
O órgão competente do MS formaliza, por portaria, esse elenco a partir de negociação na CIT e que deve
ser objeto da programação integrada quanto a sua oferta global no estado.
A CIB explicita os quantitativos e respectivos valores desses procedimentos, que integram os tetos financei-
ros da assistência dos municípios em gestão plena do sistema de saúde e os que permanecem sob gestão es-
tadual. Neste último, o valor programado da FAE é transferido, regular e automaticamente, do Fundo Nacional
ao Fundo Estadual de Saúde, conforme as condições de gestão das SES definidas nesta NOB. Não integram
o elenco de procedimentos cobertos pela FAE aqueles relativos ao PAB e os definidos como de alto custo/com-
plexidade por portaria do órgão competente do Ministério (SAS/MS).
12.1.4. Teto Financeiro da Assistência do Município (TFAM)
É um montante que corresponde ao financiamento do conjunto das ações assistenciais assumidas pela
SMS. O TFAM é transferido, regular e automaticamente, do Fundo Nacional ao Fundo Municipal de Saúde,
de acordo com as condições de gestão estabelecidas por esta NOB e destina-se ao custeio dos serviços lo-
calizados no território do município (exceção feita àqueles eventualmente excluídos da gestão municipal por
negociação na CIB).
12.1.5. Teto Financeiro da Assistência do Estado (TFAE)
É um montante que corresponde ao financiamento do conjunto das ações assistenciais sob a responsabi-
lidade da SES. O TFAE corresponde ao TFA fixado na CIT e formalizado em portaria do órgão competente do
Ministério (SAS/MS).
Esses valores são transferidos, regular e automaticamente, do Fundo Nacional ao Fundo Estadual de Saú-
de, de acordo com as condições de gestão estabelecidas por esta NOB, deduzidos os valores comprometidos
com as transferências regulares e automáticas ao conjunto de municípios do estado (PAB e TFAM).

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12.1.6. Índice de Valorização de Resultados (IVR)
Consiste na atribuição de valores adicionais equivalentes a até 2% do teto financeiro da assistência do esta-
do, transferidos, regular e automaticamente, do Fundo Nacional ao Fundo Estadual de Saúde, como incentivo à
obtenção de resultados de impacto positivo sobre as condições de saúde da população, segundo critérios defi-
nidos pela CIT e fixados em portaria do órgão competente do Ministério (SAS/MS). Os recursos do IVR podem
ser transferidos pela SES às SMS, conforme definição da CIB.
12.2. Remuneração por Serviços Produzidos
Consiste no pagamento direto aos prestadores estatais ou privados contratados e conveniados, contra apre-
sentação de faturas, referente a serviços realizados conforme programação e mediante prévia autorização do
gestor, segundo valores fixados em tabelas editadas pelo órgão competente do Ministério (SAS/MS).
Esses valores estão incluídos no TFA do estado e do município e são executados mediante ordenação de
pagamento por parte do gestor. Para municípios e estados que recebem transferências de tetos da assistência
(TFAM e TFAE, respectivamente), conforme as condições de gestão estabelecidas nesta NOB, os valores rela-
tivos à remuneração por serviços produzidos estão incluídos nos tetos da assistência, definidos na CIB.
A modalidade de pagamento direto, pelo gestor federal, a prestadores de serviços ocorre apenas nas situ-
ações em que não fazem parte das transferências regulares e automáticas fundo a fundo, conforme itens a
seguir especificados.
12.2.1. Remuneração de Internações Hospitalares
Consiste no pagamento dos valores apurados por intermédio do Sistema de Informações Hospitalares do
SUS (SIH/SUS), englobando o conjunto de procedimentos realizados em regime de internação, com base na
Autorização de Internação Hospitalar (AIH), documento este de autorização e fatura de serviços.
12.2.2. Remuneração de Procedimentos Ambulatoriais de Alto Custo/ Complexidade
Consiste no pagamento dos valores apurados por intermédio do SIA/SUS, com base na Autorização de
Procedimentos de Alto Custo (APAC), documento este que identifica cada paciente e assegura a prévia autori-
zação e o registro adequado dos serviços que lhe foram prestados. Compreende procedimentos ambulatoriais
integrantes do SIA/SUS definidos na CIT e formalizados por portaria do órgão competente do Ministério (SAS/
MS).
12.2.3. Remuneração Transitória por Serviços Produzidos
O MS é responsável pela remuneração direta, por serviços produzidos, dos procedimentos relacionados ao
PAB e à FAE, enquanto houver municípios que não estejam na condição de gestão semiplena da NOB 01/93
ou nas condições de gestão municipal definidas nesta NOB naqueles estados em condição de gestão conven-
cional.
12.2.4. Fatores de Incentivo e Índices de Valorização
O Fator de Incentivo ao Desenvolvimento do Ensino e da Pesquisa em Saúde (FIDEPS) e o Índice de Va-
lorização Hospitalar de Emergência (IVH-E), bem como outros fatores e ou índices que incidam sobre a remu-
neração por produção de serviços, eventualmente estabelecidos, estão condicionados aos critérios definidos
em nível federal e à avaliação da CIB em cada Estado. Esses fatores e índices integram o teto financeiro da
assistência do município e do respectivo estado.
13. CUSTEIO DAS AÇÕES DE VIGILÂNCIA SANITÁRIA
Os recursos da esfera federal destinados à vigilância sanitária configuram o Teto Financeiro da Vigilância
Sanitária (TFVS) e os seus valores podem ser executados segundo duas modalidades: Transferência Regular
e Automática Fundo a Fundo e Remuneração de Serviços Produzidos.
13.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo
Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Nacional de Saúde aos fundos estaduais e mu-
nicipais, independente de convênio ou instrumento congênere, segundo as condições de gestão estabelecidas
nesta NOB. Esses recursos podem corresponder a uma ou mais de uma das situações descritas a seguir.

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13.1.1. Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS)
Consiste em um montante de recursos financeiros destinado ao custeio de procedimentos e ações básicas
da vigilância sanitária, de responsabilidade tipicamente municipal. Esse Piso é definido pela multiplicação de
um valor per capita nacional pela população de cada município (fornecida pelo IBGE), transferido, regular e au-
tomaticamente, ao fundo de saúde ou conta especial dos municípios e, transitoriamente, dos estados, conforme
condições estipuladas nesta NOB. O PBVS somente será transferido a estados para cobertura da população
residente em municípios ainda não habilitados na forma desta Norma Operacional.
O elenco de procedimentos custeados pelo PBVS, assim como o valor per capita nacional único - base de
cálculo deste Piso - , são definidos em negociação na CIT e formalizados por portaria do órgão competente do
Ministério (Secretaria de Vigilância Sanitária - SVS/MS), previamente aprovados no CNS. Nessa definição deve
ser observado o perfil de serviços disponíveis na maioria dos municípios, objetivando o progressivo incremento
das ações básicas de vigilância sanitária em todo o País. Esses procedimentos integram o Sistema de Informa-
ção de Vigilância Sanitária do SUS (SIVS/SUS).
13.1.2. Índice de Valorização do Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA)
Consiste na atribuição de valores adicionais equivalentes a até 2% do teto financeiro da vigilância sanitária
do estado, a serem transferidos, regular e automaticamente, do Fundo Nacional ao Fundo Estadual de Saúde,
como incentivo à obtenção de resultados de impacto significativo sobre as condições de vida da população,
segundo critérios definidos na CIT, e fixados em portaria do órgão competente do Ministério (SVS/MS), previa-
mente aprovados no CNS. Os recursos do IVISA podem ser transferidos pela SES às SMS, conforme definição
da CIB.
13.2. Remuneração Transitória por Serviços Produzidos
13.2.1. Programa Desconcentrado de Ações de Vigilância Sanitária (PDAVS)
Consiste no pagamento direto às SES e SMS, pela prestação de serviços relacionados às ações de com-
petência exclusiva da SVS/MS, contra a apresentação de demonstrativo de atividades realizadas pela SES ao
Ministério. Após negociação e aprovação na CIT e prévia aprovação no CNS, e observadas as condições esta-
belecidas nesta NOB, a SVS/MS publica a tabela de procedimentos do PDAVS e o valor de sua remuneração.
13.2.2. Ações de Média e Alta Complexidade em Vigilância Sanitária
Consiste no pagamento direto às SES e às SMS, pela execução de ações de média e alta complexidade
de competência estadual e municipal contra a apresentação de demonstrativo de atividades realizadas ao MS.
Essas ações e o valor de sua remuneração são definidos em negociação na CIT e formalizados em portaria do
órgão competente do Ministério (SVS/MS), previamente aprovadas no CNS.
14. CUSTEIO DAS AÇÕES DE EPIDEMIOLOGIA E DE CONTROLE DE DOENÇAS
Os recursos da esfera federal destinados às ações de epidemiologia e controle de doenças não contidas no
elenco de procedimentos do SIA/SUS e SIH/SUS configuram o Teto Financeiro de Epidemiologia e Controle de
Doenças (TFECD).
O elenco de procedimentos a serem custeados com o TFECD é definido em negociação na CIT, aprovado
pelo CNS e formalizado em ato próprio do órgão específico do MS (Fundação Nacional de Saúde - FNS/MS). As
informações referentes ao desenvolvimento dessas ações integram sistemas próprios de informação definidos
pelo Ministério da Saúde.
O valor desse Teto para cada estado é definido em negociação na CIT, com base na PPI, a partir das in-
formações fornecidas pelo Comitê Interinstitucional de Epidemiologia e formalizado em ato próprio do órgão
específico do MS (FNS/MS).
Esse Comitê, vinculado ao Secretário Estadual de Saúde, articulando os órgãos de epidemiologia da SES,
do MS no estado e de outras entidades que atuam no campo da epidemiologia e controle de doenças, é uma
instância permanente de estudos, pesquisas, análises de informações e de integração de instituições afins.
Os valores do TFECD podem ser executados por ordenação do órgão específico do MS, conforme as moda-
lidades apresentadas a seguir.

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14.1. Transferência Regular e Automática Fundo a Fundo
Consiste na transferência de valores diretamente do Fundo Nacional de Saúde aos Fundos Estaduais e
Municipais, independentemente de convênio ou instrumento congênere, segundo as condições de gestão esta-
belecidas nesta NOB e na PPI, aprovada na CIT e no CNS.
14.2. Remuneração por Serviços Produzidos
Consiste no pagamento direto às SES e SMS, pelas ações de epidemiologia e controle de doenças, confor-
me tabela de procedimentos discutida na CIT e aprovada no CNS, editada pelo MS, observadas as condições
de gestão estabelecidas nesta NOB, contra apresentação de demonstrativo de atividades realizadas, encami-
nhado pela SES ou SMS ao MS.
14.3. Transferência por Convênio
Consiste na transferência de recursos oriundos do órgão específico do MS (FNS/MS), por intermédio do
Fundo Nacional de Saúde, mediante programação e critérios discutidos na CIT e aprovados pelo CNS, para:
a. estímulo às atividades de epidemiologia e controle de doenças;
b. custeio de operações especiais em epidemiologia e controle de doenças;
c. financiamento de projetos de cooperação técnico-científica na área de epidemiologia e controle de doen-
ças, quando encaminhados pela CIB.
15. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO MUNICÍPIO
As condições de gestão, estabelecidas nesta NOB, explicitam as responsabilidades do gestor municipal, os
requisitos relativos às modalidades de gestão e as prerrogativas que favorecem o seu desempenho.
A habilitação dos municípios às diferentes condições de gestão significa a declaração dos compromissos
assumidos por parte do gestor perante os outros gestores e perante a população sob sua responsabilidade.
A partir desta NOB, os municípios podem habilitar-se em duas condições:
a. GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA; e
b. GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL.
Os municípios que não aderirem ao processo de habilitação permanecem, para efeito desta Norma Ope-
racional, na condição de prestadores de serviços ao Sistema, cabendo ao estado a gestão do SUS naquele
território municipal, enquanto for mantida a situação de não-habilitado.
15.1. GESTÃO PLENA DA ATENÇÃO BÁSICA
15.1.1. Responsabilidades
a. Elaboração de programação municipal dos serviços básicos, inclusive domiciliares e comunitários, e da
proposta de referência ambulatorial especializada e hospitalar para seus munícipes, com incorporação nego-
ciada à programação estadual.
b. Gerência de unidades ambulatoriais próprias.
c. Gerência de unidades ambulatoriais do estado ou da União, salvo se a CIB ou a CIT definir outra divisão
de responsabilidades.
d. Reorganização das unidades sob gestão pública (estatais, conveniadas e contratadas), introduzindo a
prática do cadastramento nacional dos usuários do SUS, com vistas à vinculação de clientela e à sistematiza-
ção da oferta dos serviços.
e. Prestação dos serviços relacionados aos procedimentos cobertos pelo PAB e acompanhamento, no caso
de referência interna ou externa ao município, dos demais serviços prestados aos seus munícipes, conforme a
PPI, mediado pela relação gestor-gestor com a SES e as demais SMS.
f. Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestadores dos serviços contidos no PAB.
g. Operação do SIA/SUS quanto a serviços cobertos pelo PAB, conforme normas do MS, e alimentação,
junto à SES, dos bancos de dados de interesse nacional.
h. Autorização, desde que não haja definição em contrário da CIB, das internações hospitalares e dos pro-

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cedimentos ambulatoriais especializados, realizados no município, que continuam sendo pagos por produção
de serviços.
i. Manutenção do cadastro atualizado das unidades assistenciais sob sua gestão, segundo normas do MS.
j. Avaliação permanente do impacto das ações do Sistema sobre as condições de saúde dos seus munícipes
e sobre o seu meio ambiente.
k. Execução das ações básicas de vigilância sanitária, incluídas no PBVS.
l. Execução das ações básicas de epidemiologia, de controle de doenças e de ocorrências mórbidas, decor-
rentes de causas externas, como acidentes, violências e outras, incluídas no TFECD.
m.Elaboração do relatório anual de gestão e aprovação pelo CMS.
15.1.2. Requisitos
a. Comprovar o funcionamento do CMS.
b. Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde.
c. Apresentar o Plano Municipal de Saúde e comprometer-se a participar da elaboração e da implementação
da PPI do estado, bem assim da alocação de recursos expressa na programação.
d. Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições materiais para o exercício de suas responsa-
bilidades e prerrogativas quanto à contratação, ao pagamento, ao controle e à auditoria dos serviços sob sua
gestão.
e. Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio rea
lizado no ano anterior, correspondente à contrapartida de recursos financeiros próprios do Tesouro Munici-
pal, de acordo com a legislação em vigor.
f. Formalizar junto ao gestor estadual, com vistas à CIB, após aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação,
atestando o cumprimento dos requisitos relativos à condição de gestão pleiteada.
g. Dispor de médico formalmente designado como responsável pela autorização prévia, controle e auditoria
dos procedimentos e serviços realizados.
h. Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações de vigilância sanitária.
i. Comprovar a capacidade para o desenvolvimento de ações de vigilância epidemiológica.
j. Comprovar a disponibilidade de estrutura de recursos humanos para supervisão e auditoria da rede de
unidades, dos profissionais e dos serviços realizados.
15.1.3. Prerrogativas
a. Transferência, regular e automática, dos recursos correspondentes ao Piso da Atenção Básica (PAB).
b. Transferência, regular e automática, dos recursos correspondentes ao Piso Básico de Vigilância Sanitária
(PBVS).
c. Transferência, regular e automática, dos recursos correspondentes às ações de epidemiologia e de con-
trole de doenças.
d. Subordinação, à gestão municipal, de todas as unidades básicas de saúde, estatais ou privadas (lucrati-
vas e filantrópicas), estabelecidas no território municipal.
15.2. GESTÃO PLENA DO SISTEMA MUNICIPAL
15.2.1. Responsabilidades
a. Elaboração de toda a programação municipal, contendo, inclusive, a referência ambulatorial especializada
e hospitalar, com incorporação negociada à programação estadual.
b. Gerência de unidades próprias, ambulatoriais e hospitalares, inclusive as de referência.
c. Gerência de unidades ambulatoriais e hospitalares do estado e da União, salvo se a CIB ou a CIT definir
outra divisão de responsabilidades.

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d. Reorganização das unidades sob gestão pública (estatais, conveniadas e contratadas), introduzindo a
prática do cadastramento nacional dos usuários do SUS, com vistas à vinculação da clientela e sistematização
da oferta dos serviços.
e. Garantia da prestação de serviços em seu território, inclusive os serviços de referência aos não-residen-
tes, no caso de referência interna ou externa ao município, dos demais serviços prestados aos seus munícipes,
conforme a PPI, mediado pela relação gestor-gestor com a SES e as demais SMS.
f. Normalização e operação de centrais de controle de procedimentos ambulatoriais e hospitalares relativos
à assistência aos seus munícipes e à referência intermunicipal.
g. Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestadores de serviços ambulatoriais e hospitalares,
cobertos pelo TFGM.
h. Administração da oferta de procedimentos ambulatoriais de alto custo e procedimentos hospitalares de
alta complexidade conforme a PPI e segundo normas federais e estaduais.
i. Operação do SIH e do SIA/SUS, conforme normas do MS, e alimentação, junto às SES, dos bancos de
dados de interesse nacional.
j. Manutenção do cadastro atualizado de unidades assistenciais sob sua gestão, segundo normas do MS.
k. Avaliação permanente do impacto das ações do Sistema sobre as condições de saúde dos seus muníci-
pes e sobre o meio ambiente.
l. Execução das ações básicas, de média e alta complexidade em vigilância sanitária, bem como, opcional-
mente, as ações do PDAVS.
m. Execução de ações de epidemiologia, de controle de doenças e de ocorrências mórbidas, decorrentes de
causas externas, como acidentes, violências e outras incluídas no TFECD.
15.2.2. Requisitos
a. Comprovar o funcionamento do CMS.
b. Comprovar a operação do Fundo Municipal de Saúde.
c. Participar da elaboração e da implementação da PPI do estado, bem assim da alocação de recursos ex-
pressa na programação.
d. Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições materiais para o exercício de suas responsa-
bilidades e prerrogativas quanto à contratação, ao pagamento, ao controle e à auditoria dos serviços sob sua
gestão, bem como avaliar o impacto das ações do Sistema sobre a saúde dos seus munícipes.
e. Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio no ano anterior correspondente à contrapartida
de recursos financeiros próprios do Tesouro Municipal, de acordo com a legislação em vigor.
f. Formalizar, junto ao gestor estadual com vistas à CIB, após aprovação pelo CMS, o pleito de habilitação,
atestando o cumprimento dos requisitos específicos relativos à condição de gestão pleiteada.
g. Dispor de médico formalmente designado pelo gestor como responsável pela autorização prévia, controle
e auditoria dos procedimentos e serviços realizados.
h. Apresentar o Plano Municipal de Saúde, aprovado pelo CMS, que deve conter as metas estabelecidas,
a integração e articulação do município na rede estadual e respectivas responsabilidades na programação
integrada do estado, incluindo detalhamento da programação de ações e serviços que compõem o sistema
municipal, bem como os indicadores mediante dos quais será efetuado o acompanhamento.
i. Comprovar o funcionamento de serviço estruturado de vigilância sanitária e capacidade para o desenvol-
vimento de ações de vigilância sanitária.
j. Comprovar a estruturação de serviços e atividades de vigilância epidemiológica e de controle de zoonoses.
k. Apresentar o Relatório de Gestão do ano anterior à solicitação do pleito, devidamente aprovado pelo CMS.
l. Assegurar a oferta, em seu território, de todo o elenco de procedimentos cobertos pelo PAB e, adicional-
mente, de serviços de apoio diagnóstico em patologia clínica e radiologia básicas.

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m. Comprovar a estruturação do componente municipal do Sistema Nacional de Auditoria (SNA).
n. Comprovar a disponibilidade de estrutura de recursos humanos para supervisão e auditoria da rede de
unidades, dos profissionais e dos serviços realizados.
15.2.3. Prerrogativas
a. Transferência, regular e automática, dos recursos referentes ao Teto Financeiro da Assistência (TFA).
b. Normalização complementar relativa ao pagamento de prestadores de serviços assistenciais em seu
território, inclusive quanto a alteração de valores de procedimentos, tendo a tabela nacional como referência
mínima, desde que aprovada pelo CMS e pela CIB.
c. Transferência regular e automática fundo a fundo dos recursos correspondentes ao Piso Básico de Vigi-
lância Sanitária (PBVS).
d. Remuneração por serviços de vigilância sanitária de média e alta complexidade e, remuneração pela
execução do Programa Desconcentrado de Ações de Vigilância Sanitária (PDAVS), quando assumido pelo
município.
e. Subordinação, à gestão municipal, do conjunto de todas as unidades ambulatoriais especializadas e hos-
pitalares, estatais ou privadas (lucrativas e filantrópicas), estabelecidas no território municipal.
f. Transferência de recursos referentes às ações de epidemiologia e controle de doenças, conforme definição
da CIT.
16. CONDIÇÕES DE GESTÃO DO ESTADO
As condições de gestão, estabelecidas nesta NOB, explicitam as responsabilidades do gestor estadual, os
requisitos relativos às modalidades de gestão e as prerrogativas que favorecem o seu desempenho.
A habilitação dos estados às diferentes condições de gestão significa a declaração dos compromissos assu-
midos por parte do gestor perante os outros gestores e perante a população sob sua responsabilidade.
A partir desta NOB, os estados poderão habilitar-se em duas condições de gestão:
a. GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL; e
b. GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL.
Os estados que não aderirem ao processo de habilitação, permanecem na condição de gestão convencio-
nal, desempenhando as funções anteriormente assumidas ao longo do processo de implantação do SUS, não
fazendo jus às novas prerrogativas introduzidas por esta NOB, exceto ao PDAVS nos termos definidos pela
SVS/MS. Essa condição corresponde ao exercício de funções mínimas de gestão do Sistema, que foram pro-
gressivamente incorporadas pelas SES, não estando sujeita a procedimento específico de habilitação nesta
NOB.
16.1. Responsabilidades comuns às duas condições de gestão estadual
a. Elaboração da PPI do estado, contendo a referência intermunicipal e coordenação da negociação na CIB
para alocação dos recursos, conforme expresso na programação.
b. Elaboração e execução do Plano Estadual de Prioridades de Investimentos, negociado na CIB e aprovado
pelo CES.
c. Gerência de unidades estatais da hemorrede e de laboratórios de referência para controle de qualidade,
para vigilância sanitária e para a vigilância epidemiológica.
d. Formulação e execução da política de sangue e hemoterapia.
e. Organização de sistemas de referência, bem como a normalização e operação de câmara de compensa-
ção de AIH, procedimentos especializados e de alto custo e ou alta complexidade.
f. Formulação e execução da política estadual de assistência farmacêutica, em articulação com o MS.
g. Normalização complementar de mecanismos e instrumentos de administração da oferta e controle da
prestação de serviços ambulatoriais, hospitalares, de alto custo, do tratamento fora do domicílio e dos medica-
mentos e insumos especiais.

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h. Manutenção do cadastro atualizado de unidades assistenciais sob sua gestão, segundo normas do MS.
i. Cooperação técnica e financeira com o conjunto de municípios, objetivando a consolidação do processo
de descentralização, a organização da rede regionalizada e hierarquizada de serviços, a realização de ações
de epidemiologia, de controle de doenças, de vigilância sanitária, bem assim o pleno exercício das funções
gestoras de planejamento, controle, avaliação e auditoria.
j. Implementação de políticas de integração das ações de saneamento às de saúde.
k. Coordenação das atividades de vigilância epidemiológica e de controle de doenças e execução comple-
mentar conforme previsto na Lei nº 8.080/90.
l. Execução de operações complexas voltadas ao controle de doenças que possam se beneficiar da econo-
mia de escala.
m. Coordenação das atividades de vigilância sanitária e execução complementar conforme previsto na Lei
nº 8.080/90.
n. Execução das ações básicas de vigilância sanitária referente aos municípios não habilitados nesta NOB.
o. Execução das ações de média e alta complexidade de vigilância sanitária, exceto as realizadas pelos
municípios habilitados na condição de gestão plena de sistema municipal.
p. Execução do PDAVS nos termos definidos pela SVS/MS.
q. Apoio logístico e estratégico às atividades à atenção à saúde das populações indígenas, na conformidade
de critérios estabelecidos pela CIT.
16.2. Requisitos comuns às duas condições de gestão estadual
a. Comprovar o funcionamento do CES.
b. Comprovar o funcionamento da CIB.
c.Comprovar a operação do Fundo Estadual de Saúde.
d. Apresentar o Plano Estadual de Saúde, aprovado pelo CES, que deve conter:
as metas pactuadas;
a programação integrada das ações ambulatoriais, hospitalares e de alto custo, de epidemiologia e de con-
trole de doenças – incluindo, entre outras, as atividades de vacinação, de controle de vetores e de reservatórios
– de saneamento, de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, de educação e de comunicação em saúde, bem
como as relativas às ocorrências mórbidas decorrentes de causas externas;
as estratégias de descentralização das ações de saúde para municípios;
as estratégias de reorganização do modelo de atenção; e
os critérios utilizados e os indicadores por meio dos quais é efetuado o acompanhamento das ações.
e. Apresentar relatório de gestão aprovado pelo CES, relativo ao ano anterior à solicitação do pleito.
f. Comprovar a transferência da gestão da atenção hospitalar e ambulatorial aos municípios habilitados,
conforme a respectiva condição de gestão.
g. Comprovar a estruturação do componente estadual do SNA.
h. Comprovar capacidade técnica e administrativa e condições materiais para o exercício de suas responsa-
bilidades e prerrogativas, quanto a contratação, pagamento, controle e auditoria dos serviços sob sua gestão
e quanto à avaliação do impacto das ações do Sistema sobre as condições de saúde da população do estado.
i. Comprovar a dotação orçamentária do ano e o dispêndio no ano anterior, correspondente à contrapartida
de recursos financeiros próprios do Tesouro Estadual, de acordo com a legislação em vigor.
j. Apresentar à CIT a formalização do pleito, devidamente aprovado pelo CES e pela CIB, atestando o cum-
primento dos requisitos gerais e específicos relativos à condição de gestão pleiteada.
k. Comprovar a criação do Comitê Interinstitucional de Epidemiologia, vinculado ao Secretário Estadual de
Saúde.

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l. Comprovar o funcionamento de serviço de vigilância sanitária no estado, organizado segundo a legislação
e capacidade de desenvolvimento de ações de vigilância sanitária.
m. Comprovar o funcionamento de serviço de vigilância epidemiológica no estado.

16.3. GESTÃO AVANÇADA DO SISTEMA ESTADUAL


16.3.1. Responsabilidades Específicas
a. Contratação, controle, auditoria e pagamento do conjunto dos serviços, sob gestão estadual, contidos na
FAE;
b. Contratação, controle, auditoria e pagamento dos prestadores de serviços incluídos no PAB dos municí-
pios não habilitados;
c. Ordenação do pagamento dos demais serviços hospitalares e ambulatoriais, sob gestão estadual;
d. Operação do SIA/SUS, conforme normas do MS, e alimentação dos bancos de dados de interesse nacio-
nal.
16.3.2. Requisitos Específicos
a. Apresentar a programação pactuada e integrada ambulatorial, hospitalar e de alto custo, contendo a refe-
rência intermunicipal e os critérios para a sua elaboração.
b. Dispor de 60% dos municípios do estado habilitados nas condições de gestão estabelecidas nesta NOB,
independente do seu contingente populacional; ou 40% dos municípios habilitados, desde que, nestes, residam
60% da população.
c. Dispor de 30% do valor do TFA comprometido com transferências regulares e automáticas aos municípios.
16.3.3. Prerrogativas
a. Transferência regular e automática dos recursos correspondentes à Fração Assistencial Especializada
(FAE) e ao Piso Assistencial Básico (PAB) relativos aos municípios não-habilitados.
b. Transferência regular e automática do Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS) referente aos municí-
pios não habilitados nesta NOB.
c. Transferência regular e automática do Índice de Valorização do Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA).
d. Remuneração por serviços produzidos na área da vigilância sanitária.
e. Transferência de recursos referentes às ações de epidemiologia e controle de doenças.
16.4. GESTÃO PLENA DO SISTEMA ESTADUAL
16.4.1. Responsabilidades Específicas
a. Contratação, controle, auditoria e pagamento aos prestadores do conjunto dos serviços sob gestão esta-
dual, conforme definição da CIB.
b. Operação do SIA/SUS e do SIH/SUS, conforme normas do MS, e alimentação dos bancos de dados de
interesse nacional.
16.4.2. Requisitos Específicos
a. Comprovar a implementação da programação integrada das ações ambulatoriais, hospitalares e de alto
custo, contendo a referência intermunicipal e os critérios para a sua elaboração.
b. Comprovar a operacionalização de mecanismos de controle da prestação de serviços ambulatoriais e hos-
pitalares, tais como: centrais de controle de leitos e internações, de procedimentos ambulatoriais e hospitalares
de alto/custo e ou complexidade e de marcação de consultas especializadas.
c. Dispor de 80% dos municípios habilitados nas condições de gestão estabelecidas nesta NOB, indepen-
dente do seu contingente populacional; ou 50% dos municípios, desde que, nestes, residam 80% da população.

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d. Dispor de 50% do valor do TFA do estado comprometido com transferências regulares e automáticas aos
municípios.
16.4.3. Prerrogativas
a. Transferência regular e automática dos recursos correspondentes ao valor do Teto Financeiro da Assistên-
cia (TFA), deduzidas as transferências fundo a fundo realizadas a municípios habilitados.
b. Transferência regular e automática dos recursos correspondentes ao Índice de Valorização de Resultados
(IVR).
c. Transferência regular e automática do Piso Básico de Vigilância Sanitária (PBVS) referente aos municípios
não habilitados nesta NOB.
d. Transferência regular e automática do Índice de valorização do Impacto em Vigilância Sanitária (IVISA).
e. Remuneração por serviços produzidos na área da vigilância sanitária.
f. Normalização complementar, pactuada na CIB e aprovada pelo CES, relativa ao pagamento de presta-
dores de serviços assistenciais sob sua contratação, inclusive alteração de valores de procedimentos, tendo a
tabela nacional como referência mínima.
g. Transferência de recursos referentes às ações de epidemiologia e de controle de doenças.
17. DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS
17. 1. As responsabilidades que caracterizam cada uma das condições de gestão definidas nesta NOB cons-
tituem um elenco mínimo e não impedem a incorporação de outras pactuadas na CIB e aprovadas pelo CES,
em especial aquelas já assumidas em decorrência da NOB-SUS Nº 01/93.
17.2. No processo de habilitação às condições de gestão estabelecidas nesta NOB, são considerados os
requisitos já cumpridos para habilitação nos termos da NOB-SUS Nº 01/93, cabendo ao município ou ao estado
pleiteante a comprovação exclusiva do cumprimento dos requisitos introduzidos ou alterados pela presente
Norma Operacional, observando os seguintes procedimentos:
17.2.1.para que os municípios habilitados atualmente nas condições de gestão incipiente e parcial possam
assumir a condição plena da atenção básica definida nesta NOB, devem apresentar à CIB os seguintes docu-
mentos, que completam os requisitos para habilitação:
17.2.1.1. ofício do gestor municipal pleiteando a alteração na condição de gestão;
17.2.1.2. ata do CMS aprovando o pleito de mudança de habilitação;
17.2.1.3. ata das três últimas reuniões do CMS;
17.2.1.4. extrato de movimentação bancária do Fundo Municipal de Saúde relativo ao trimestre anterior à
apresentação do pleito;
17.2.1.5. comprovação, pelo gestor municipal, de condições técnicas para processar o SIA/SUS;
17.2.1.6. declaração do gestor municipal comprometendo-se a alimentar, junto à SES, o banco de dados
nacional do SIA/SUS;
17.2.1.7. proposta aprazada de estruturação do serviço de controle e avaliação municipal;
17.2.1.8. comprovação da garantia de oferta do conjunto de procedimentos coberto pelo PAB; e
17.2.1.9. ata de aprovação do relatório de gestão no CMS;
17.2.2. para que os municípios habilitados atualmente na condição de gestão semiplena possam assumir a
condição de gestão plena do sistema municipal definida nesta NOB, devem comprovar à CIB:
17.2.2.1. a aprovação do relatório de gestão pelo CMS, mediante apresentação da ata correspondente;
17.2.2.2. a existência de serviços que executem os procedimentos cobertos pelo PAB no seu território, e de
serviços de apoio diagnóstico em patologia clínica e radiologia básica simples, oferecidos no próprio município
ou contratados de outro gestor municipal;
17.2.2.3.a estruturação do componente municipal do SNA; e

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1756044 E-book gerado especialmente para CLARINDA MARQUES DE ANDRADE
17.2.2.4.a integração e articulação do município na rede estadual e respectivas responsabilidades na PPI.
Caso o município não atenda a esse requisito, pode ser enquadrado na condição de gestão plena da atenção
básica até que disponha de tais condições, submetendo-se, neste caso, aos mesmos procedimentos referidos
no item 17.2.1;
17.2.3. os estados habilitados atualmente nas condições de gestão parcial e semiplena devem apresentar a
comprovação dos requisitos adicionais relativos à nova condição pleiteada na presente NOB.
17.3. A habilitação de municípios à condição de gestão plena da atenção básica é decidida na CIB dos es-
tados habilitados às condições de gestão avançada e plena do sistema estadual, cabendo recurso ao CES. A
SES respectiva deve informar ao MS a habilitação procedida, para fins de formalização por portaria, observan-
do as disponibilidades financeiras para a efetivação das transferências regulares e automáticas pertinentes. No
que se refere à gestão plena do sistema municipal, a habilitação dos municípios é decidida na CIT, com base
em relatório da CIB e formalizada em ato da SAS/MS. No caso dos estados categorizados na condição de ges-
tão convencional, a habilitação dos municípios a qualquer das condições de gestão será decidida na CIT, com
base no processo de avaliação elaborado e encaminhado pela CIB, e formalizada em ato do MS.
17.4. A habilitação de estados a qualquer das condições de gestão é decidida na CIT e formalizada em ato
do MS, cabendo recurso ao CNS.
17.5. Os instrumentos para a comprovação do cumprimento dos requisitos para habilitação ao conjunto das
condições de gestão de estados e municípios, previsto nesta NOB, estão sistematizados no ANEXO I.
17.6. Os municípios e estados habilitados na forma da NOB-SUS Nº 01/93 permanecem nas respectivas
condições de gestão até sua habilitação em uma das condições estabelecidas por esta NOB, ou até a data
limite a ser fixada pela CIT.
17.7. A partir da data da publicação desta NOB, não serão procedidas novas habilitações ou alterações de
condição de gestão na forma da NOB-SUS Nº 01/93. Ficam excetuados os casos já aprovados nas CIB, que
devem ser protocolados na CIT, no prazo máximo de 30 dias.
17.8. A partir da publicação desta NOB, ficam extintos o Fator de Apoio ao Estado, o Fator de Apoio ao Mu-
nicípio e as transferências dos saldos de teto financeiro relativos às condições de gestão municipal e estadual
parciais, previstos, respectivamente, nos itens 3.1.4; 3.2; 4.1.2 e 4.2.1 da NOB-SUS Nº 01/93.
17.9. A permanência do município na condição de gestão a que for habilitado, na forma desta NOB, está
sujeita a processo permanente de acompanhamento e avaliação, realizado pela SES e submetido à apreciação
da CIB, tendo por base critérios estabelecidos pela CIB e pela CIT, aprovados pelos respectivos Conselhos de
Saúde.
17.10. De maneira idêntica, a permanência do estado na condição de gestão a que for habilitado, na forma
desta NOB, está sujeita a processo permanente de acompanhamento e avaliação, realizado pelo MS e sub-
metido à apreciação da CIT, tendo por base critérios estabelecidos por esta Comissão e aprovados pelo CNS.
17.11. O gestor do município habilitado na condição de Gestão Plena da Atenção Básica que ainda não dis-
põe de serviços suficientes para garantir, à sua população, a totalidade de procedimentos cobertos pelo PAB,
pode negociar, diretamente, com outro gestor municipal, a compra dos serviços não disponíveis, até que essa
oferta seja garantida no próprio município.
17.12. Para implantação do PAB, ficam as CIB autorizadas a estabelecer fatores diferenciados de ajuste até
um valor máximo fixado pela CIT e formalizado por portaria do Ministério (SAS/MS). Esses fatores são desti-
nados aos municípios habilitados, que apresentam gastos per capita em ações de atenção básica superiores
ao valor per capita nacional único (base de cálculo do PAB), em decorrência de avanços na organização do
sistema. O valor adicional atribuído a cada município é formalizado em ato próprio da SES.
17.13. O valor per capita nacional único, base de cálculo do PAB, é aplicado a todos os municípios, habilita-
dos ou não nos termos desta NOB. Aos municípios não habilitados, o valor do PAB é limitado ao montante do
valor per capita nacional multiplicado pela população e pago por produção de serviço.
17.14. Num primeiro momento, em face da inadequação dos sistemas de informação de abrangência nacio-
nal para aferição de resultados, o IVR é atribuído aos estados a título de valorização de desempenho na gestão
do Sistema, conforme critérios estabelecidos pela CIT e formalizados por portaria do Ministério (SAS/MS).

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1756044 E-book gerado especialmente para CLARINDA MARQUES DE ANDRADE
17.15. O MS continua efetuando pagamento por produção de serviços (relativos aos procedimentos cobertos
pelo PAB) diretamente aos prestadores, somente no caso daqueles municípios não-habilitados na forma desta
NOB, situados em estados em gestão convencional.
17.16. Também em relação aos procedimentos cobertos pela FAE, o MS continua efetuando o pagamento
por produção de serviços diretamente a prestadores, somente no caso daqueles municípios habilitados em
gestão plena da atenção básica e os não habilitados, na forma desta NOB, situados em estados em gestão
convencional.
17.17. As regulamentações complementares necessárias à operacionalização desta NOB são objeto de
discussão e negociação na CIT, observadas as diretrizes estabelecidas pelo CNS, com posterior formalização,
mediante portaria do MS.

Lei Orgânica do Município

Prezado(a),
A fim de atender na íntegra o conteúdo do edital, este tópico será disponibilizado na Área do Aluno em nosso
site. Essa área é reservada para a inclusão de materiais que complementam a apostila, sejam esses, legisla-
ções, documentos oficiais ou textos relacionados a este material, e que, devido a seu formato ou tamanho, não
cabem na estrutura de nossas apostilas.
Por isso, para atender você da melhor forma, os materiais são organizados de acordo com o título do tópico
a que se referem e podem ser acessados seguindo os passos indicados na página 2 deste material, ou por meio
de seu login e senha na Área do Aluno.
Visto a importância das leis indicadas, lá você acompanha melhor quaisquer atualizações que surgirem de-
pois da publicação da apostila.
Se preferir, indicamos também acesso direto ao arquivo pelo link a seguir: https://acessoainformacao.trinda-
de.go.gov.br/legislacao/lei/id=40

Doutrinas e Princípios do SUS

O que é o Sistema Único de Saúde (SUS)?


O Sistema Único de Saúde (SUS) é um dos maiores e mais complexos sistemas de saúde pública do mundo,
abrangendo desde o simples atendimento para avaliação da pressão arterial, por meio da Atenção Primária,
até o transplante de órgãos, garantindo acesso integral, universal e gratuito para toda a população do país.
Com a sua criação, o SUS proporcionou o acesso universal ao sistema público de saúde, sem discriminação.
A atenção integral à saúde, e não somente aos cuidados assistenciais, passou a ser um direito de todos os
brasileiros, desde a gestação e por toda a vida, com foco na saúde com qualidade de vida, visando a prevenção
e a promoção da saúde.
A gestão das ações e dos serviços de saúde deve ser solidária e participativa entre os três entes da Federa-
ção: a União, os Estados e os municípios. A rede que compõe o SUS é ampla e abrange tanto ações quanto os
serviços de saúde. Engloba a atenção primária, média e alta complexidades, os serviços urgência e emergên-
cia, a atenção hospitalar, as ações e serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental e assistência
farmacêutica.
AVANÇO: Conforme a Constituição Federal de 1988 (CF-88), a “Saúde é direito de todos e dever do Estado”.
No período anterior a CF-88, o sistema público de saúde prestava assistência apenas aos trabalhadores vin-
culados à Previdência Social, aproximadamente 30 milhões de pessoas com acesso aos serviços hospitalares,
cabendo o atendimento aos demais cidadãos às entidades filantrópicas.

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Estrutura do Sistema Único de Saúde (SUS)
O Sistema Único de Saúde (SUS) é composto pelo Ministério da Saúde, Estados e Municípios, conforme
determina a Constituição Federal. Cada ente tem suas co-responsabilidades.
Ministério da Saúde
Gestor nacional do SUS, formula, normatiza, fiscaliza, monitora e avalia políticas e ações, em articulação
com o Conselho Nacional de Saúde. Atua no âmbito da Comissão Intergestores Tripartite (CIT) para pactuar o
Plano Nacional de Saúde. Integram sua estrutura: Fiocruz, Funasa, Anvisa, ANS, Hemobrás, Inca, Into e oito
hospitais federais.
Secretaria Estadual de Saúde (SES)
Participa da formulação das políticas e ações de saúde, presta apoio aos municípios em articulação com o
conselho estadual e participa da Comissão Intergestores Bipartite (CIB) para aprovar e implementar o plano
estadual de saúde.
Secretaria Municipal de Saúde (SMS)
Planeja, organiza, controla, avalia e executa as ações e serviços de saúde em articulação com o conselho
municipal e a esfera estadual para aprovar e implantar o plano municipal de saúde.
Conselhos de Saúde
O Conselho de Saúde, no âmbito de atuação (Nacional, Estadual ou Municipal), em caráter permanente e
deliberativo, órgão colegiado composto por representantes do governo, prestadores de serviço, profissionais de
saúde e usuários, atua na formulação de estratégias e no controle da execução da política de saúde na instân-
cia correspondente, inclusive nos aspectos econômicos e financeiros, cujas decisões serão homologadas pelo
chefe do poder legalmente constituído em cada esfera do governo.
Cabe a cada Conselho de Saúde definir o número de membros, que obedecerá a seguinte composição: 50%
de entidades e movimentos representativos de usuários; 25% de entidades representativas dos trabalhadores
da área de saúde e 25% de representação de governo e prestadores de serviços privados conveniados, ou sem
fins lucrativos.
Comissão Intergestores Tripartite (CIT)
Foro de negociação e pactuação entre gestores federal, estadual e municipal, quanto aos aspectos opera-
cionais do SUS
Comissão Intergestores Bipartite (CIB)
Foro de negociação e pactuação entre gestores estadual e municipais, quanto aos aspectos operacionais
do SUS
Conselho Nacional de Secretário da Saúde (Conass)
Entidade representativa dos entes estaduais e do Distrito Federal na CIT para tratar de matérias referentes
à saúde
Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems)
Entidade representativa dos entes municipais na CIT para tratar de matérias referentes à saúde
Conselhos de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems)
São reconhecidos como entidades que representam os entes municipais, no âmbito estadual, para tratar de
matérias referentes à saúde, desde que vinculados institucionalmente ao Conasems, na forma que dispuserem
seus estatutos.
Responsabilidades dos entes que compõem o SUS
União
A gestão federal da saúde é realizada por meio do Ministério da Saúde. O governo federal é o principal fi-
nanciador da rede pública de saúde. Historicamente, o Ministério da Saúde aplica metade de todos os recursos
gastos no país em saúde pública em todo o Brasil, e estados e municípios, em geral, contribuem com a outra

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metade dos recursos. O Ministério da Saúde formula políticas nacionais de saúde, mas não realiza as ações.
Para a realização dos projetos, depende de seus parceiros (estados, municípios, ONGs, fundações, empresas,
etc.). Também tem a função de planejar, elabirar normas, avaliar e utilizar instrumentos para o controle do SUS.
Estados e Distrito Federal
Os estados possuem secretarias específicas para a gestão de saúde. O gestor estadual deve aplicar re-
cursos próprios, inclusive nos municípios, e os repassados pela União. Além de ser um dos parceiros para a
aplicação de políticas nacionais de saúde, o estado formula suas próprias políticas de saúde. Ele coordena e
planeja o SUS em nível estadual, respeitando a normatização federal. Os gestores estaduais são responsáveis
pela organização do atendimento à saúde em seu território.
Municípios
São responsáveis pela execução das ações e serviços de saúde no âmbito do seu território. O gestor munici-
pal deve aplicar recursos próprios e os repassados pela União e pelo estado. O município formula suas próprias
políticas de saúde e também é um dos parceiros para a aplicação de políticas nacionais e estaduais de saú-
de. Ele coordena e planeja o SUS em nível municipal, respeitando a normatização federal. Pode estabelecer
parcerias com outros municípios para garantir o atendimento pleno de sua população, para procedimentos de
complexidade que estejam acima daqueles que pode oferecer.
História do sistema único de saúde (SUS)
As duas últimas décadas foram marcadas por intensas transformações no sistema de saúde brasileiro, inti-
mamente relacionadas com as mudanças ocorridas no âmbito político-institucional. Simultaneamente ao pro-
cesso de redemocratização iniciado nos anos 80, o país passou por grave crise na área econômico-financeira.
No início da década de 80, procurou-se consolidar o processo de expansão da cobertura assistencial ini-
ciado na segunda metade dos anos 70, em atendimento às proposições formuladas pela OMS na Conferência
de Alma-Ata (1978), que preconizava “Saúde para Todos no Ano 2000”, principalmente por meio da Atenção
Primária à Saúde.
Nessa mesma época, começa o Movimento da Reforma Sanitária Brasileira, constituído inicialmente por
uma parcela da intelectualidade universitária e dos profissionais da área da saúde. Posteriormente, incorpo-
raram-se ao movimento outros segmentos da sociedade, como centrais sindicais, movimentos populares de
saúde e alguns parlamentares.
As proposições desse movimento, iniciado em pleno regime autoritário da ditadura militar, eram dirigidas
basicamente à construção de uma nova política de saúde efetivamente democrática, considerando a descen-
tralização, universalização e unificação como elementos essenciais para a reforma do setor.
Várias foram às propostas de implantação de uma rede de serviços voltada para a atenção primária à saúde,
com hierarquização, descentralização e universalização, iniciando-se já a partir do Programa de Interiorização
das Ações de Saúde e Saneamento (PIASS), em 1976.
Em 1980, foi criado o Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (PREV-SAÚDE) - que, na realidade,
nunca saiu do papel -, logo seguida pelo plano do Conselho Nacional de Administração da Saúde Previdenciária
(CONASP), em 1982 a partir do qual foi implementada a política de Ações Integradas de Saúde (AIS), em 1983.
Essas constituíram uma estratégia de extrema importância para o processo de descentralização da saúde.
A 8ª Conferência Nacional da Saúde, realizada em março de 1986, considerada um marco histórico, consa-
gra os princípios preconizados pelo Movimento da Reforma Sanitária.
Em 1987 é implementado o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), como uma consolida-
ção das Ações Integradas de Saúde (AIS), que adota como diretrizes a universalização e a equidade no acesso
aos serviços, à integralidade dos cuidados, a regionalização dos serviços de saúde e implementação de distri-
tos sanitários, a descentralização das ações de saúde, o desenvolvimento de instituições colegiadas gestoras
e o desenvolvimento de uma política de recursos humanos.
O capítulo dedicado à saúde na nova Constituição Federal, promulgada em outubro de 1988, retrata o resul-
tado de todo o processo desenvolvido ao longo dessas duas décadas, criando o Sistema Único de Saúde (SUS)
e determinando que “a saúde é direito de todos e dever do Estado” (art. 196).
Entre outros, a Constituição prevê o acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde, com regio-

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nalização e hierarquização, descentralização com direção única em cada esfera de governo, participação da
comunidade e atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços
assistenciais.
A Lei nº 8.080, promulgada em 1990, operacionaliza as disposições constitucionais. São atribuições do SUS
em seus três níveis de governo, além de outras, “ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde”
(CF, art. 200, inciso III).
Princípios do SUS
São conceitos que orientam o SUS, previstos no artigo 198 da Constituição Federal de 1988 e no artigo 7º
do Capítulo II da Lei n.º 8.080/1990. Os principais são:
Universalidade: significa que o SUS deve atender a todos, sem distinções ou restrições, oferecendo toda a
atenção necessária, sem qualquer custo;
Integralidade: o SUS deve oferecer a atenção necessária à saúde da população, promovendo ações con-
tínuas de prevenção e tratamento aos indivíduos e às comunidades, em quaisquer níveis de complexidade;
Equidade: o SUS deve disponibilizar recursos e serviços com justiça, de acordo com as necessidades de
cada um, canalizando maior atenção aos que mais necessitam;
Participação social: é um direito e um dever da sociedade participar das gestões públicas em geral e da
saúde pública em particular; é dever do Poder Público garantir as condições para essa participação, assegu-
rando a gestão comunitária do SUS; e
Descentralização: é o processo de transferência de responsabilidades de gestão para os municípios, aten-
dendo às determinações constitucionais e legais que embasam o SUS, definidor de atribuições comuns e com-
petências específicas à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios.
Responsabilização Sanitária
Desenvolver responsabilização sanitária é estabelecer claramente as atribuições de cada uma das esferas
de gestão da saúde pública, assim como dos serviços e das equipes que compõem o SUS, possibilitando me-
lhor planejamento, acompanhamento e complementaridade das ações e dos serviços. Os prefeitos, ao assumir
suas responsabilidades, devem estimular a responsabilização junto aos gerentes e equipes, no âmbito munici-
pal, e participar do processo de pactuação, no âmbito regional.
Responsabilização Macrossanitária
O gestor municipal, para assegurar o direito à saúde de seus munícipes, deve assumir a responsabilidade
pelos resultados, buscando reduzir os riscos, a mortalidade e as doenças evitáveis, a exemplo da mortalidade
materna e infantil, da hanseníase e da tuberculose. Para isso, tem de se responsabilizar pela oferta de ações
e serviços que promovam e protejam a saúde das pessoas, previnam as doenças e os agravos e recuperem
os doentes. A atenção básica à saúde, por reunir esses três componentes, coloca-se como responsabilidade
primeira e intransferível a todos os gestores. O cumprimento dessas responsabilidades exige que assumam as
atribuições de gestão, incluindo:
- execução dos serviços públicos de responsabilidade municipal;
- destinação de recursos do orçamento municipal e utilização do conjunto de recursos da saúde, com base
em prioridades definidas no Plano Municipal de Saúde;
- planejamento, organização, coordenação, controle e avaliação das ações e dos serviços de saúde sob
gestão municipal; e
- participação no processo de integração ao SUS, em âmbito regional e estadual, para assegurar a seus
cidadãos o acesso a serviços de maior complexidade, não disponíveis no município.
Responsabilização Microssanitária
É determinante que cada serviço de saúde conheça o território sob sua responsabilidade. Para isso, as uni-
dades da rede básica devem estabelecer uma relação de compromisso com a população a ela adstrita e cada
equipe de referência deve ter sólidos vínculos terapêuticos com os pacientes e seus familiares, proporcionan-
do-lhes abordagem integral e mobilização dos recursos e apoios necessários à recuperação de cada pessoa.
A alta só deve ocorrer quando da transferência do paciente a outra equipe (da rede básica ou de outra área

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especializada) e o tempo de espera para essa transferência não pode representar uma interrupção do atendi-
mento: a equipe de referência deve prosseguir com o projeto terapêutico, interferindo, inclusive, nos critérios
de acesso.
Instâncias de Pactuação
São espaços intergovernamentais, políticos e técnicos onde ocorrem o planejamento, a negociação e a im-
plementação das políticas de saúde pública. As decisões se dão por consenso (e não por votação), estimulando
o debate e a negociação entre as partes.
Comissão Intergestores Tripartite (CIT): Atua na direção nacional do SUS, formada por composição pa-
ritária de 15 membros, sendo cinco indicados pelo Ministério da Saúde, cinco pelo Conselho Nacional de Se-
cretários Estaduais de Saúde (Conass) e cinco pelo Conselho Nacional de Secretários Municipais de Saúde
(Conasems). A representação de estados e municípios nessa Comissão é, portanto regional: um representante
para cada uma das cinco regiões existentes no País.
Comissões Intergestores Bipartites (CIB): São constituídas paritariamente por representantes do governo
estadual, indicados pelo Secretário de Estado da Saúde, e dos secretários municipais de saúde, indicados pelo
órgão de representação do conjunto dos municípios do Estado, em geral denominado Conselho de Secretá-
rios Municipais de Saúde (Cosems). Os secretários municipais de Saúde costumam debater entre si os temas
estratégicos antes de apresentarem suas posições na CIB. Os Cosems são também instâncias de articulação
política entre gestores municipais de saúde, sendo de extrema importância a participação dos gestores locais
nesse espaço.
Espaços regionais: A implementação de espaços regionais de pactuação, envolvendo os gestores munici-
pais e estaduais, é uma necessidade para o aperfeiçoamento do SUS. Os espaços regionais devem-se organi-
zar a partir das necessidades e das afinidades específicas em saúde existentes nas regiões.
Descentralização
O princípio de descentralização que norteia o SUS se dá, especialmente, pela transferência de responsa-
bilidades e recursos para a esfera municipal, estimulando novas competências e capacidades político-institu-
cionais dos gestores locais, além de meios adequados à gestão de redes assistenciais de caráter regional e
macrorregional, permitindo o acesso, a integralidade da atenção e a racionalização de recursos. Os estados e
a União devem contribuir para a descentralização do SUS, fornecendo cooperação técnica e financeira para o
processo de municipalização.
Regionalização: consensos e estratégias - As ações e os serviços de saúde não podem ser estruturados
apenas na escala dos municípios. Existem no Brasil milhares de pequenas municipalidades que não possuem
em seus territórios condições de oferecer serviços de alta e média complexidade; por outro lado, existem mu-
nicípios que apresentam serviços de referência, tornando-se polos regionais que garantem o atendimento da
sua população e de municípios vizinhos. Em áreas de divisas interestaduais, são frequentes os intercâmbios
de serviços entre cidades próximas, mas de estados diferentes. Por isso mesmo, a construção de consensos
e estratégias regionais é uma solução fundamental, que permitirá ao SUS superar as restrições de acesso,
ampliando a capacidade de atendimento e o processo de descentralização.
O Sistema Hierarquizado e Descentralizado: As ações e serviços de saúde de menor grau de comple-
xidade são colocadas à disposição do usuário em unidades de saúde localizadas próximas de seu domicílio.
As ações especializadas ou de maior grau de complexidade são alcançadas por meio de mecanismos de refe-
rência, organizados pelos gestores nas três esferas de governo. Por exemplo: O usuário é atendido de forma
descentralizada, no âmbito do município ou bairro em que reside. Na hipótese de precisar ser atendido com
um problema de saúde mais complexo, ele é referenciado, isto é, encaminhado para o atendimento em uma
instância do SUS mais elevada, especializada. Quando o problema é mais simples, o cidadão pode ser contrar-
referenciado, isto é, conduzido para um atendimento em um nível mais primário.
Plano de saúde fixa diretriz e metas à saúde municipal
É responsabilidade do gestor municipal desenvolver o processo de planejamento, programação e avaliação
da saúde local, de modo a atender as necessidades da população de seu município com eficiência e efetivi-
dade. O Plano Municipal de Saúde (PMS) deve orientar as ações na área, incluindo o orçamento para a sua
execução. Um instrumento fundamental para nortear a elaboração do PMS é o Plano Nacional de Saúde. Cabe
ao Conselho Municipal de Saúde estabelecer as diretrizes para a formulação do PMS, em função da análise da

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realidade e dos problemas de saúde locais, assim como dos recursos disponíveis. No PMS, devem ser descri-
tos os principais problemas da saúde pública local, suas causas, consequências e pontos críticos. Além disso,
devem ser definidos os objetivos e metas a serem atingidos, as atividades a serem executadas, os cronogra-
mas, as sistemáticas de acompanhamento e de avaliação dos resultados.
Sistemas de informações ajudam a planejar a saúde: O SUS opera e/ou disponibiliza um conjunto de
sistemas de informações estratégicas para que os gestores avaliem e fundamentem o planejamento e a tomada
de decisões, abrangendo: indicadores de saúde; informações de assistência à saúde no SUS (internações hos-
pitalares, produção ambulatorial, imunização e atenção básica); rede assistencial (hospitalar e ambulatorial);
morbidade por local de internação e residência dos atendidos pelo SUS; estatísticas vitais (mortalidade e nasci-
dos vivos); recursos financeiros, informações demográficas, epidemiológicas e socioeconômicas. Caminha-se
rumo à integração dos diversos sistemas informatizados de base nacional, que podem ser acessados no site do
Datasus. Nesse processo, a implantação do Cartão Nacional de Saúde tem papel central. Cabe aos prefeitos
conhecer e monitorar esse conjunto de informações essenciais à gestão da saúde do seu município.
Níveis de atenção à saúde: O SUS ordena o cuidado com a saúde em níveis de atenção, que são de bási-
ca, média e alta complexidade. Essa estruturação visa à melhor programação e planejamento das ações e dos
serviços do sistema de saúde. Não se deve, porém, desconsiderar algum desses níveis de atenção, porque a
atenção à saúde deve ser integral.
A atenção básica em saúde constitui o primeiro nível de atenção à saúde adotada pelo SUS. É um conjunto
de ações que engloba promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. Desenvolve-se por meio
de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas
a populações de territórios delimitados, pelos quais assumem responsabilidade.
Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, objetivando solucionar os problemas de
saúde de maior frequência e relevância das populações. É o contato preferencial dos usuários com o sistema
de saúde. Deve considerar o sujeito em sua singularidade, complexidade, inteireza e inserção sociocultural,
além de buscar a promoção de sua saúde, a prevenção e tratamento de doenças e a redução de danos ou de
sofrimentos que possam comprometer suas possibilidades de viver de modo saudável.
As Unidades Básicas são prioridades porque, quando as Unidades Básicas de Saúde funcionam adequada-
mente, a comunidade consegue resolver com qualidade a maioria dos seus problemas de saúde. É comum que
a primeira preocupação de muitos prefeitos se volte para a reforma ou mesmo a construção de hospitais. Para
o SUS, todos os níveis de atenção são igualmente importantes, mas a prática comprova que a atenção básica
deve ser sempre prioritária, porque possibilita melhor organização e funcionamento também dos serviços de
média e alta complexidade.
Estando bem estruturada, ela reduzirá as filas nos prontos socorros e hospitais, o consumo abusivo de medi-
camentos e o uso indiscriminado de equipamentos de alta tecnologia. Isso porque os problemas de saúde mais
comuns passam a ser resolvidos nas Unidades Básicas de Saúde, deixando os ambulatórios de especialidades
e hospitais cumprirem seus verdadeiros papéis, o que resulta em maior satisfação dos usuários e utilização
mais racional dos recursos existentes.
Saúde da Família: é a saúde mais perto do cidadão. É parte da estratégia de estruturação eleita pelo Mi-
nistério da Saúde para reorganização da atenção básica no País, com recursos financeiros específicos para
o seu custeio. Cada equipe é composta por um conjunto de profissionais (médico, enfermeiro, auxiliares de
enfermagem e agentes comunitários de saúde, podendo agora contar com profissional de saúde bucal) que se
responsabiliza pela situação de saúde de determinada área, cuja população deve ser de no mínimo 2.400 e no
máximo 4.500 pessoas. Essa população deve ser cadastrada e acompanhada, tornando-se responsabilidade
das equipes atendê-la, entendendo suas necessidades de saúde como resultado também das condições so-
ciais, ambientais e econômicas em que vive. Os profissionais é que devem ir até suas casas, porque o objetivo
principal da Saúde da Família é justamente aproximar as equipes das comunidades e estabelecer entre elas
vínculos sólidos.
A saúde municipal precisa ser integral. O município é responsável pela saúde de sua população integralmen-
te, ou seja, deve garantir que ela tenha acessos à atenção básica e aos serviços especializados (de média e
alta complexidade), mesmo quando localizados fora de seu território, controlando, racionalizando e avaliando
os resultados obtidos.

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Só assim estará promovendo saúde integral, como determina a legislação. É preciso que isso fique claro,
porque muitas vezes o gestor municipal entende que sua responsabilidade acaba na atenção básica em saúde
e que as ações e os serviços de maior complexidade são responsabilidade do Estado ou da União – o que não
é verdade.
A promoção da saúde é uma estratégia por meio da qual os desafios colocados para a saúde e as ações sa-
nitárias são pensados em articulação com as demais políticas e práticas sanitárias e com as políticas e práticas
dos outros setores, ampliando as possibilidades de comunicação e intervenção entre os atores sociais envolvi-
dos (sujeitos, instituições e movimentos sociais). A promoção da saúde deve considerar as diferenças culturais
e regionais, entendendo os sujeitos e as comunidades na singularidade de suas histórias, necessidades, dese-
jos, formas de pertencer e se relacionar com o espaço em que vivem. Significa comprometer-se com os sujeitos
e as coletividades para que possuam, cada vez mais, autonomia e capacidade para manejar os limites e riscos
impostos pela doença, pela constituição genética e por seu contexto social, político, econômico e cultural. A
promoção da saúde coloca, ainda, o desafio da intersetorialidade, com a convocação de outros setores sociais
e governamentais para que considerem parâmetros sanitários, ao construir suas políticas públicas específicas,
possibilitando a realização de ações conjuntas.
Vigilância em saúde: expande seus objetivos. Em um país com as dimensões do Brasil, com realidades re-
gionais bastante diversificadas, a vigilância em saúde é um grande desafio. Apesar dos avanços obtidos, como
a erradicação da poliomielite, desde 1989, e com a interrupção da transmissão de sarampo, desde 2000, con-
vivemos com doenças transmissíveis que persistem ou apresentam incremento na incidência, como a AIDS, as
hepatites virais, as meningites, a malária na região amazônica, a dengue, a tuberculose e a hanseníase. Obser-
vamos, ainda, aumento da mortalidade por causas externas, como acidentes de trânsito, conflitos, homicídios
e suicídios, atingindo, principalmente, jovens e população em idade produtiva. Nesse contexto, o Ministério da
Saúde com o objetivo de integração, fortalecimento da capacidade de gestão e redução da morbimortalidade,
bem como dos fatores de risco associados à saúde, expande o objeto da vigilância em saúde pública, abran-
gendo as áreas de vigilância das doenças transmissíveis, agravos e doenças não transmissíveis e seus fatores
de riscos; a vigilância ambiental em saúde e a análise de situação de saúde.
Competências municipais na vigilância em saúde
Compete aos gestores municipais, entre outras atribuições, as atividades de notificação e busca ativa de
doenças compulsórias, surtos e agravos inusitados; investigação de casos notificados em seu território; busca
ativa de declaração de óbitos e de nascidos vivos; garantia a exames laboratoriais para o diagnóstico de doen-
ças de notificação compulsória; monitoramento da qualidade da água para o consumo humano; coordenação
e execução das ações de vacinação de rotina e especiais (campanhas e vacinações de bloqueio); vigilância
epidemiológica; monitoramento da mortalidade infantil e materna; execução das ações básicas de vigilância
sanitária; gestão e/ou gerência dos sistemas de informação epidemiológica, no âmbito municipal; coordenação,
execução e divulgação das atividades de informação, educação e comunicação de abrangência municipal; par-
ticipação no financiamento das ações de vigilância em saúde e capacitação de recursos.
Desafios públicos, responsabilidades compartilhadas: A legislação brasileira – Lei de Responsabilidade
Fiscal (LRF) e legislação sanitária, incluindo as Leis n.º 8.080/1990 e 8.142/1990 – estabelece prerrogativas,
deveres e obrigações a todos os governantes. A Constituição Federal define os gastos mínimos em saúde, por
esfera de governo, e a legislação sanitária, os critérios para as transferências intergovernamentais e alocação
de recursos financeiros. Essa vinculação das receitas objetiva preservar condições mínimas e necessárias ao
cumprimento das responsabilidades sanitárias e garantir transparência na utilização dos recursos disponíveis.
A responsabilização fiscal e sanitária de cada gestor e servidor público deve ser compartilhada por todos os
entes e esferas governamentais, resguardando suas características, atribuições e competências. O desafio pri-
mordial dos governos, sobretudo na esfera municipal, é avançar na transformação dos preceitos constitucionais
e legais que constituem o SUS em serviços e ações que assegurem o direito à saúde, como uma conquista
que se realiza cotidianamente em cada estabelecimento, equipe e prática sanitária. É preciso inovar e buscar,
coletiva e criativamente, soluções novas para os velhos problemas do nosso sistema de saúde. A construção
de espaços de gestão que permitam a discussão e a crítica, em ambiente democrático e plural, é condição es-
sencial para que o SUS seja, cada vez mais, um projeto que defenda e promova a vida.
Muitos municípios operam suas ações e serviços de saúde em condições desfavoráveis, dispondo de recur-
sos financeiros e equipes insuficientes para atender às demandas dos usuários, seja em volume, seja em com-
plexidade – resultado de uma conjuntura social de extrema desigualdade. Nessas situações, a gestão pública

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em saúde deve adotar condução técnica e administrativa compatível com os recursos existentes e criativa em
sua utilização. Deve estabelecer critérios para a priorização dos gastos, orientados por análises sistemáticas
das necessidades em saúde, verificadas junto à população. É um desafio que exige vontade política, propostas
inventivas e capacidade de governo.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios compartilham as responsabilidades de promover a
articulação e a interação dentro do Sistema Único de Saúde – SUS, assegurando o acesso universal e igualitá-
rio às ações e serviços de saúde.
O SUS é um sistema de saúde, regionalizado e hierarquizado, que integra o conjunto das ações de saúde
da União, Estados, Distrito Federal e Municípios, onde cada parte cumpre funções e competências específicas,
porém articuladas entre si, o que caracteriza os níveis de gestão do SUS nas três esferas governamentais.
Criado pela Constituição Federal de 1988 e regulamentado pela Lei nº 8.080/90, conhecida como a Lei Or-
gânica da Saúde, e pela Lei nº 8.142/90, que trata da participação da comunidade na gestão do Sistema e das
transferências intergovernamentais de recursos financeiros, o SUS tem normas e regulamentos que disciplinam
as políticas e ações em cada Subsistema.
A Sociedade, nos termos da Legislação, participa do planejamento e controle da execução das ações e
serviços de saúde. Essa participação se dá por intermédio dos Conselhos de Saúde, presentes na União, nos
Estados e Municípios.
Níveis de Gestão do SUS
Esfera Federal - Gestor: Ministério da Saúde - Formulação de políticas nacionais de saúde, planejamento,
normalização, avaliação e controle do SUS em nível nacional. Financiamento das ações e serviços de saúde
por meio da aplicação/distribuição de recursos públicos arrecadados.
Esfera Estadual - Gestor: Secretaria Estadual de Saúde - Formulação da política estadual de saúde, coor-
denação e planejamento do SUS em nível Estadual. Financiamento das ações e serviços de saúde por meio da
aplicação/distribuição de recursos públicos arrecadados.
Esfera Municipal - Gestor: Secretaria Municipal de Saúde - Formulação da política municipal de saúde e a
provisão das ações e serviços de saúde, financiados com recursos próprios ou transferidos pelo gestor federal
e/ou estadual do SUS.
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE
Pela dicção dos arts. 196 e 198 da CF, podemos afirmar que somente da segunda parte do art. 196 se ocupa
o Sistema Único de Saúde, de forma mais concreta e direta, sob pena de a saúde, como setor, como uma área
da Administração Pública, se ver obrigada a cuidar de tudo aquilo que possa ser considerado como fatores que
condicionam e interferem com a saúde individual e coletiva. Isso seria um arrematado absurdo e deveríamos ter
um super Ministério e super Secretarias da Saúde responsáveis por toda política social e econômica protetivas
da saúde.
Se a Constituição tratou a saúde sob grande amplitude, isso não significa dizer que tudo o que está ali inse-
rido corresponde a área de atuação do Sistema Único de Saúde.
Repassando, brevemente, aquela seção do capítulo da Seguridade Social, temos que: -- o art. 196, de ma-
neira ampla, cuida do direito à saúde; -- o art. 197 trata da relevância pública das ações e serviços de saúde,
públicos e privados, conferindo ao Estado o direito e o dever de regulamentar, fiscalizar e controlar o setor (pú-
blico e privado); -- o art. 198 dispõe sobre as ações e os serviços públicos de saúde que devem ser garantidos
a todos cidadãos para a sua promoção, proteção e recuperação, ou seja, dispõe sobre o Sistema Único de
Saúde; -- o art. 199, trata da liberdade da iniciativa privada, suas restrições (não pode explorar o sangue, por
ser bem fora do comércio; deve submeter-se à lei quanto à remoção de órgãos e tecidos e partes do corpo hu-
mano; não pode contar com a participação do capital estrangeiro na saúde privada; não pode receber auxílios
e subvenções, se for entidade de fins econômicos etc.) e a possibilidade de o setor participar, complementar-
mente, do setor público; -- e o art. 200, das atribuições dos órgãos e entidades que compõem o sistema público
de saúde. O SUS é mencionado somente nos arts. 198 e 200.
A leitura do art. 198 deve sempre ser feita em consonância com a segunda parte do art. 196 e com o art. 200.
O art. 198 estatui que todas as ações e serviços públicos de saúde constituem um único sistema. Aqui temos o
SUS. E esse sistema tem como atribuição garantir ao cidadão o acesso às ações e serviços públicos de saúde

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(segunda parte do art. 196), conforme campo demarcado pelo art. 200 e leis específicas.
O art. 200 define em que campo deve o SUS atuar. As atribuições ali relacionadas não são taxativas ou
exaustivas. Outras poderão existir, na forma da lei. E as atribuições ali elencadas dependem, também, de lei
para a sua exequibilidade.
Em 1990, foi editada a Lei n. 8.080/90 que, em seus arts. 5º e 6º, cuidou dos objetivos e das atribuições do
SUS, tentando melhor explicitar o art. 200 da CF (ainda que, em alguns casos, tenha repetido os incisos daque-
le artigo, tão somente).
São objetivos do SUS:
a) a identificação e divulgação dos fatores condicionantes e determinantes da saúde;
b) a formulação de políticas de saúde destinadas a promover, nos campos econômico e social, a redução de
riscos de doenças e outros agravos; e
c) execução de ações de promoção, proteção e recuperação da saúde, integrando as ações assistenciais
com as preventivas, de modo a garantir às pessoas a assistência integral à sua saúde.
O art. 6º, estabelece como competência do Sistema a execução de ações e serviços de saúde descritos em
seus 11 incisos.
O SUS deve atuar em campo demarcado pela lei, em razão do disposto no art. 200 da CF e porque o
enunciado constitucional de que saúde é direito de todos e dever do Estado, não tem o condão de abranger
as condicionantes econômico-sociais da saúde, tampouco compreender, de forma ampla e irrestrita, todas as
possíveis e imagináveis ações e serviços de saúde, até mesmo porque haverá sempre um limite orçamentário
e um ilimitado avanço tecnológico a criar necessidades infindáveis e até mesmo questionáveis sob o ponto de
vista ético, clínico, familiar, terapêutico, psicológico.
Será a lei que deverá impor as proporções, sem, contudo, é obvio, cercear o direito à promoção, proteção e
recuperação da saúde. E aqui o elemento delimitador da lei deverá ser o da dignidade humana.
Lembramos, por oportuno que, o Projeto de Lei Complementar n. 01/2003 -- que se encontra no Congresso
Nacional para regulamentar os critérios de rateio de transferências dos recursos da União para Estados e Mu-
nicípios – busca disciplinar, de forma mais clara e definitiva, o que são ações e serviços de saúde e estabelecer
o que pode e o que não pode ser financiado com recursos dos fundos de saúde. Esses parâmetros também
servirão para circunscrever o que deve ser colocado à disposição da população, no âmbito do SUS, ainda que
o art. 200 da CF e o art. 6º da LOS tenham definido o campo de atuação do SUS, fazendo pressupor o que são
ações e serviços públicos de saúde, conforme dissemos acima. (O Conselho Nacional de Saúde e o Ministério
da Saúde também disciplinaram o que são ações e serviços de saúde em resoluções e portarias).
O QUE FINANCIAR COM OS RECURSOS DA SAÚDE?
De plano, excetuam-se da área da saúde, para efeito de financiamento, (ainda que absolutamente relevan-
tes como indicadores epidemiológicos da saúde) as condicionantes econômico-sociais. Os órgãos e entidades
do SUS devem conhecer e informar à sociedade e ao governo os fatos que interferem na saúde da população
com vistas à adoção de políticas públicas, sem, contudo, estarem obrigados a utilizar recursos do fundo de
saúde para intervir nessas causas.
Quem tem o dever de adotar políticas sociais e econômicas que visem evitar o risco da doença é o Governo
como um todo (políticas de governo), e não a saúde, como setor (políticas setoriais). A ela, saúde, compete
atuar nos campos demarcados pelos art. 200 da CF e art. 6º da Lei n. 8.080/90 e em outras leis específicas.
Como exemplo, podemos citar os servidores da saúde que devem ser pagos com recursos da saúde, mas
o seu inativo, não; não porque os inativos devem ser pagos com recursos da Previdência Social. Idem quanto
as ações da assistência social, como bolsa-alimentação, bolsa-família, vale-gás, renda mínima, fome zero,
que devem ser financiadas com recursos da assistência social, setor ao qual incumbe promover e prover as
necessidades das pessoas carentes visando diminuir as desigualdades sociais e suprir suas carências básicas
imediatas. Isso tudo interfere com a saúde, mas não pode ser administrada nem financiada pelo setor saúde.
O saneamento básico é outro bom exemplo. A Lei n. 8.080/90, em seu art. 6º, II, dispõe que o SUS deve
participar na formulação da política e na execução de ações de saneamento básico. Por sua vez, o § 3º do art.
32, reza que as ações de saneamento básico que venham a ser executadas supletivamente pelo SUS serão

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financiadas por recursos tarifários específicos e outros da União, Estados, DF e Municípios e não com os re-
cursos dos fundos de saúde.
Nesse ponto gostaríamos de abrir um parêntese para comentar o Parecer do Sr. Procurador Geral da Repú-
blica, na ADIn n. 3087-6/600-RJ, aqui mencionado.
O Governo do Estado do Rio de Janeiro, pela Lei n. 4.179/03, instituiu o Programa Estadual de Acesso à
Alimentação – PEAA, determinando que suas atividades correrão à conta do orçamento do Fundo Estadual da
Saúde, vinculado à Secretaria de Estado da Saúde. O PSDB, entendendo ser a lei inconstitucional por utilizar
recursos da saúde para uma ação que não é de responsabilidade da área da saúde, moveu ação direta de
inconstitucionalidade, com pedido de cautelar.
O Sr. Procurador da República (Parecer n. 5147/CF), opinou pela improcedência da ação por entender que
o acesso à alimentação é indissociável do acesso à saúde, assim como os medicamentos o são e que as pes-
soas de baixa renda devem ter atendidas a necessidade básica de alimentar-se.
Infelizmente, mais uma vez confundiu-se “saúde” com “assistência social”, áreas da Seguridade Social, mas
distintas entre si. A alimentação é um fator que condiciona a saúde tanto quanto o saneamento básico, o meio
ambiente degradado, a falta de renda e lazer, a falta de moradia, dentre tantos outros fatores condicionantes e
determinantes, tal qual mencionado no art. 3º da Lei n. 8.080/90.
A Lei n. 8.080/90 ao dispor sobre o campo de atuação do SUS incluiu a vigilância nutricional e a orientação
alimentar, atividades complexas que não tem a ver com o fornecimento, puro e simples, de bolsa-alimentação,
vale-alimentação ou qualquer outra forma de garantia de mínimos existenciais e sociais, de atribuição da as-
sistência social ou de outras áreas da Administração Pública voltadas para corrigir as desigualdades sociais. A
vigilância nutricional deve ser realizada pelo SUS em articulação com outros órgãos e setores governamentais
em razão de sua interface com a saúde. São atividades que interessam a saúde, mas as quais, a saúde como
setor, não as executa. Por isso a necessidade das comissões intersetoriais previstas na Lei n. 8.080/90.
A própria Lei n. 10.683/2003, que organiza a Presidência da República, estatuiu em seu art. 27, XX ser atri-
buição do Ministério da Saúde:
a) política nacional de saúde;
b) coordenação e fiscalização do Sistema Único de Saúde;
c) saúde ambiental e ações de promoção, proteção e recuperação da saúde individual e coletiva, inclusive a
dos trabalhadores e dos índios;
d) informações em saúde;
e) insumos críticos para a saúde;
f) ação preventiva em geral, vigilância e controle sanitário de fronteiras e de portos marítimos, fluviais e aé-
reos;
g) vigilância em saúde, especialmente quanto às drogas, medicamentos e alimentos;
h) pesquisa científica e tecnológica na área da saúde.
Ao Ministério da Saúde compete a vigilância sobre alimentos (registro, fiscalização, controle de qualidade) e
não a prestação de serviços que visem fornecer alimentos às pessoas de baixa renda.
O fornecimento de cesta básica, merenda escolar, alimentação a crianças em idade escolar, idosos, traba-
lhadores rurais temporários, portadores de moléstias graves, conforme previsto na Lei do Estado do Rio de
Janeiro, são situações de carência que necessitam de apoio do Poder Público, sem sombra de dúvida, mas no
âmbito da assistência social ou de outro setor da Administração Pública e com recursos que não os do fundo de
saúde. Não podemos mais confundir assistência social com saúde. A alimentação interessa à saúde, mas não
está em seu âmbito de atuação.
Tanto isso é fato que a Lei n. 8.080/90, em seu art. 12, estabeleceu que “serão criadas comissões inter-
setoriais de âmbito nacional, subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde, integradas pelos Ministérios e
órgãos competentes e por entidades representativas da sociedade civil”, dispondo seu parágrafo único que “as
comissões intersetoriais terão a finalidade de articular políticas e programas de interesse para a saúde, cuja
execução envolva áreas não compreendidas no âmbito do Sistema Único de Saúde”. Já o seu art. 13, destaca,

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algumas dessas atividades, mencionando em seu inciso I a “alimentação e nutrição”.
O parâmetro para o financiamento da saúde deve ser as atribuições que foram dadas ao SUS pela Constitui-
ção e por leis específicas e não a 1º parte do art. 196 da CF, uma vez que os fatores que condicionam a saúde
são os mais variados e estão inseridos nas mais diversas áreas da Administração Pública, não podendo ser
considerados como competência dos órgãos e entidades que compõe o Sistema Único de Saúde.
DA INTEGRALIDADE DA ASSISTÊNCIA
Vencida esta etapa, adentramos em outra, no interior do setor saúde - SUS, que trata da integralidade da
assistência à saúde. O art. 198 da CF determina que o Sistema Único de Saúde deve ser organizado de acordo
com três diretrizes, dentre elas, o atendimento integral que pressupõe a junção das atividades preventivas, que
devem ser priorizadas, com as atividades assistenciais, que também não podem ser prejudicadas.
A Lei n. 8.080/90, em seu art. 7º (que dispõe sobre os princípios e diretrizes do SUS), define a integralidade
da assistência como “o conjunto articulado e contínuo das ações e serviços preventivos e curativos, individuais
e coletivos, exigidos para cada caso em todos os níveis de complexidade do sistema”.
A integralidade da assistência exige que os serviços de saúde sejam organizados de forma a garantir ao
indivíduo e à coletividade a proteção, a promoção e a recuperação da saúde, de acordo com as necessidades
de cada um em todos os níveis de complexidade do sistema.
Vê-se, pois, que a assistência integral não se esgota nem se completa num único nível de complexidade
técnica do sistema, necessitando, em grande parte, da combinação ou conjugação de serviços diferenciados,
que nem sempre estão à disposição do cidadão no seu município de origem. Por isso a lei sabiamente definiu a
integralidade da assistência como a satisfação de necessidades individuais e coletivas que devem ser realiza-
das nos mais diversos patamares de complexidade dos serviços de saúde, articulados pelos entes federativos,
responsáveis pela saúde da população.
A integralidade da assistência é interdependente; ela não se completa nos serviços de saúde de um só ente
da federação. Ela só finaliza, muitas vezes, depois de o cidadão percorrer o caminho traçado pela rede de ser-
viços de saúde, em razão da complexidade da assistência
E para a delimitação das responsabilidades de cada ente da federação quanto ao seu comprometimento
com a integralidade da assistência, foram criados instrumentos de gestão, como o plano de saúde e as formas
de gestão dos serviços de saúde.
Desse modo, devemos centrar nossas atenções no plano de saúde, por ser ele a base de todas as ativida-
des e programações da saúde, em cada nível de governo do Sistema Único de Saúde, o qual deverá ser elabo-
rado de acordo com diretrizes legais estabelecidas na Lei n. 8.080/90: epidemiologia e organização de serviços
(arts. 7º VII e 37). O plano de saúde deve ser a referência para a demarcação de responsabilidades técnicas,
administrativas e jurídicas dos entes políticos.
Sem planos de saúde -- elaborados de acordo com as diretrizes legais, associadas àquelas estabelecidas
nas comissões intergovernamentais trilaterais, principalmente no que se refere à divisão de responsabilidades
-- o sistema ficará ao sabor de ideologias e decisões unilaterais das autoridades dirigentes da saúde, quando a
regra que perpassa todo o sistema é a da cooperação e da conjugação de recursos financeiros, tecnológicos,
materiais, humanos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, em redes regionalizadas de
serviços, nos termos dos incisos IX, b e XI do art. 7º e art. 8º da Lei n. 8.080/90.
Por isso, o plano de saúde deve ser o instrumento de fixação de responsabilidades técnicas, administrativas
e jurídicas quanto à integralidade da assistência, uma vez que ela não se esgota, na maioria das vezes, na
instância de governo-sede do cidadão. Ressalte-se, ainda, que o plano de saúde é a expressão viva dos inte-
resses da população, uma vez que, elaborado pelos órgãos competentes governamentais, deve ser submetido
ao conselho de saúde, representante da comunidade no SUS, a quem compete, discutir, aprovar e acompanhar
a sua execução, em todos os seus aspectos.
Lembramos, ainda, que o planejamento sendo ascendente, iniciando-se da base local até a federal, reforça
o sentido de que a integralidade da assistência só se completa com o conjunto articulado de serviços, de res-
ponsabilidade dos diversos entes governamentais.
Resumindo, podemos afirmar que, nos termos do art. 198, II, da CF, c/c os arts. 7º, II e VII, 36 e 37, da Lei n.
8.080/90, a integralidade da assistência não é um direito a ser satisfeito de maneira aleatória, conforme exigên-

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cias individuais do cidadão ou de acordo com a vontade do dirigente da saúde, mas sim o resultado do plano de
saúde que, por sua vez, deve ser a consequência de um planejamento que leve em conta a epidemiologia e a
organização de serviços e conjugue as necessidades da saúde com as disponibilidades de recursos [20], além
da necessária observação do que ficou decidido nas comissões intergovernamentais trilaterais ou bilaterais,
que não contrariem a lei.
Na realidade, cada ente político deve ser eticamente responsável pela saúde integral da pessoa que está
sob atenção em seus serviços, cabendo-lhe responder civil, penal e administrativamente apenas pela omissão
ou má execução dos serviços que estão sob seu encargo no seu plano de saúde que, por sua vez, deve guar-
dar consonância com os pactos da regionalização, consubstanciados em instrumentos jurídicos competentes .
Nesse ponto, temos ainda a considerar que, dentre as atribuições do SUS, uma das mais importantes -- ob-
jeto de reclamações e ações judiciais -- é a assistência terapêutica integral. Por sua individualização, imedia-
tismo, apelo emocional e ético, urgência e emergência, a assistência terapêutica destaca-se dentre todas as
demais atividades da saúde como a de maior reivindicação individual. Falemos dela no tópico seguinte.

Controle Higiênico-Sanitário em Alimentos

HIGIENE
A segurança no preparo e na distribuição das refeições não é garantida se não houver também a higieniza-
ção correta dos utensílios, dos equipamentos e do ambiente.
Lembre-se de utilizar os Equipamentos de Proteção Individual (EPI) quando necessário e de manter os ma-
teriais para higienização em local distante dos alimentos.
Os produtos químicos utilizados para a higienização deverão possuir registro no Ministério da Saúde.
LIMPEZA
Pré-lavagem com água para
DESINFECÇÃO
A remoção dos resíduos como restos de alimentos, sujidades, poeiras etc.
Procedimento para redução do número de microrganismos por método físico (água quente) e/ ou agente
químico (hipoclorito de sódio ou álcool 70°)
HIGIENIZAÇÃO = LIMPEZA + DESINFECÇÃO
Os UTENSÍLIOS entram em contato direto com o alimento e por isto devem ser
HIGIENIZADOS antes e após serem usados e também durante a sua utilização.
Mas porque higienizar os utensílios antes, durante e após sua utilização?
ANTES:
Os utensílios deverão estar sempre bem guardados, protegidos da poeira e de insetos, mas como existe
sempre a possibilidade de que estes agentes contaminantes entrem em contato com o utensílio, recomenda-se
sua higienização antes de utilizá-los.
DURANTE E APÓS:
Resíduos de alimentos que ficam aderidos à sua superfície podem causar proliferação de microrganismos a
ponto de causar danos à saúde, mesmo que por um curto espaço de tempo, como por exemplo:
- O utensílio utilizado para mexer a carne picada durante a cocção deve ser higienizado constantemente
para não permanecer com resíduos.
- O utensílio usado para servir o arroz deve ser higienizado quando houver intervalo na distribuição.
- Os monoblocos deverão ser higienizados após a retirada dos gêneros.

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Como proceder na higienização dos utensílios?
Quando e como proceder na higienização dos equipamentos?
ANTES E APÓS A UTILIZAÇÃO balança, batedeira, descascador de tubérculos, extrator de sucos, liquidifi-
cador, multiprocessador de alimentos, picador de carne.
Procedimento
• Desmontar as peças que não estão fixadas;
• Retirar o resíduo acumulado, descartando-o na lixeira;
• Passar as peças em água corrente fria;
• Aplicar detergente com a utilização de esponja, esfregando todas as partes das peças desmontadas, partes
fixas do equipamento, fio e plugue;
• Enxaguar as partes removíveis em água corrente e escorrer.
Para as partes fixas, fio e plugue retirar o detergente com pano descartável das;
• Imergir as peças desmontadas em solução de hipoclorito de sódio (01 colher de sopa para cada litro de
água) deixando agir por 15 minutos, enxaguando para retirar o resíduo. Nas demaispartes borrifar álcool 70º
sem enxaguar posteriormente.
Antes da utilização:
- Lavar em água corrente fria;
- Aplicar detergente com a utilização de esponja, esfregando todas as partes do utensílio;
- Enxaguar em água corrente, de preferência quente, e escorrer.
Durante e após a utilização:
- Retirar o resíduo acumulado, descartando-o na lixeira;
- Lavar em água corrente fria;
- Aplicar detergente com a utilização de esponja, esfregando todas as partes do utensílio;
- Enxaguar em água corrente, de preferência quente, e escorrer;
- Borrifar álcool 70º sem enxaguar posteriormente;
- Guardar em organizadores adequadamente tampados.
Os EQUIPAMENTOS podem ter contato direto ou não com o alimento, mas representam também grande
risco de contaminação. A sua higienização ocorre em períodos determinados, conforme a sua utilização.
DIARIAMENTE
Filtro (externamente, torneira), fogão, forno.
Procedimento
• Certificar-se de que o fogão ou forno estão com os queimadores desativados;
• Retirar resíduos acumulados, descartando-os na lixeira;
• Aplicar detergente com a utilização de esponja, esfregando as superfícies, com maior ênfase nas bordas,
queimadores e acionadores de chama;
• Retirar o resíduo do detergente com pano descartável umedecido;
• No caso do filtro, borrifar álcool 70º ao final, sem enxaguar posteriormente.
Observação: Trocar o elemento filtrante a cada dois ou três meses, ou conforme a orientação do fabricante,
colando uma etiqueta com a data da troca para monitoramento.

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SEMANALMENTE
Freezer, refrigerador.
Procedimento
•Tenha certeza que os equipamentos elétricos estão desconectados da tomada antes de iniciar a higieniza-
ção.
•Retirar o resíduo acumulado, descartando-o na lixeira.
•Aguardar o degelo. Não utilizar material pontiagudo ou faca.
•Aplicar detergente com a utilização de esponja, esfregando as superfícies, com maior ênfase nas bordas,
prateleiras, cantos e puxadores das portas.
•Retirar o resíduo do detergente enxaguando ou com pano descartável umedecido.
•Aplicar solução de hipoclorito de sódio (01 colher de sopa para cada litro de água), deixando agir por 15
minutos, com o auxilio de um pano, enxaguando para retirar o resíduo e/ou borrifar álcool 70º sem enxaguar
posteriormente.
MENSALMENTE
-coifa.
Procedimento
• Certificar-se de que o equipamento está desligado;
• Aplicar detergente com a utilização de esponja, esfregando as superfícies, com maior ênfase nas bordas
e cantos;
Retirar o resíduo do detergente com pano descartável umedecido.
A ÁREA FÍSICA pode representar também risco de contaminação, portanto devem ser muito bem HIGIENI-
ZADA, em períodos determinados, conforme sua utilização.
DIARIAMENTE:
- Bancadas
- Paredes próximas ao fogão e aos lavatórios
- Lavatórios (pias e cubas)
- Maçanetas e puxadores dos equipamentos
- Pisos, rodapés e ralos
- Área externa por onde transita o lixo
- Recipientes de lixo
SEMANALMENTE:
- Área sob as bancadas
- Estrados
- Interruptores, tomadas
- Paredes, portas e janelas
- Prateleiras e armários
MENSALMENTE:
- Luminárias
- Telas milimétricas
- Teto
- Tubulações - externamente

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SEMESTRALMENTE:
- Reservatórios de água
- Tubulação da exaustão - internamente
Como proceder na higienização da área física?
- Lavar com água e detergente e enxaguar;
- No caso de interruptores, tomadas e luminárias aplicar detergente com a utilização de esponja retirando o
resíduo do detergente com pano descartável umedecido.
- Banhar ou passar pano exclusivo para este procedimento com solução de hipoclorito de sódio (01 colher
de sopa para cada litro de água), deixando agir por 15 minutos;
- Deixar secar ao natural, retirando o excesso de maçanetas, interruptores, bancadas e prateleiras;
- Manter as lixeiras tampadas e os resíduos (lixo) que forem retirados da área de manipulação guardados
em local distante da área de manipulação em container igualmente tampado;
- Lavar bem com água e detergente, as lixeiras, containeres, vassouras, rodos, pás de lixo, panos de chão,
baldes e outros acessórios usados na higienização. Deixar secar.
- Os acessórios usados na higienização da área física não poderão ser destinados à higienização de equi-
pamentos e utensílios.
ATENÇÃO!
- Não é recomendado o uso de escovas, esponjas ou similares de metal, bem como lãs de aço.
- Os reservatórios de água devem ser higienizados por empresa credenciada no INEA (Feema) devendo ser
mantidos os registros da operação.
- Desinsetizar o ambiente por meio de empresa credenciada no INEA, mantendo os registros da operação.
A higienização de uma cozinha profissional não é a mesma de uma cozinha doméstica, pois é mais profunda
e os produtos são diferentes. Primeiramente, o empreendedor deve saber que existem 3 fases nesse processo:
Limpeza: é a remoção da poeira, objetos, lixo e restos de alimentos do local;
Descontaminação: é a eliminação de agentes biológicos e químicos que provocam danos à saúde e conta-
minam alimentos;
Desinfecção: é a eliminação de micro-organismos com produtos específicos.
Cuidados básicos
Evite varrer a cozinha, pois a vassoura é um foco de micro-organismos, levanta pó e espalha a sujeira. Rea-
lize sempre uma lavagem de cima para baixo, ou seja, primeiro as paredes (inclusive portas e janelas), depois
bancadas, fogões, coifas e outros equipamentos e, por último, o piso.
Esqueça os paninhos de cozinha e os panos de chão. Eles acumulam germes e os espalham no ambiente
em vez de eliminá-los. Prefira sempre lavar com água e detergente próprio e depois enxaguar bem. Se precisar
de um pano, prefira os descartáveis, como o papel toalha para secar as mãos.
A cozinha deve ter área separada para lavagem de utensílios como panelas, potes e talheres, outra área
para lavagem das mãos e outra para armazenamento de materiais de limpeza e produtos químicos.
Mantenha geladeiras, freezers e câmaras frias em constante funcionamento e temperatura sem oscilações e
limpe periodicamente esses locais com produtos adequados para evitar corrosão e odores, sem usar esponjas
que danifiquem a superfície.
Produtos de limpeza
Os produtos de limpeza industrial não são os mesmos da limpeza doméstica. Empreendedores devem ficar
atentos aos produtos específicos para sua cozinha e mantê-los longe dos alimentos. Na cozinha industrial não
se usa produtos com cheiro forte e tudo deve ser bem enxaguado.
Fique atento ao uso dos produtos corretos para cada superfície, pois se utilizar produtos abrasivos a super-

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fície pode sofrer corrosão e começar a acumular restos de comida difíceis de limpar.
Detalhes importantes
As lixeiras devem ser lavadas com água e sabão e ser bem secas. Todas devem ser acionadas com pedais
(nunca com as mãos) e precisam, necessariamente, ter tampa. Diga adeus ao lixinho de pia, pois ele provoca
contaminações.
Os utensílios usados na cozinha devem ser lavados com água quente sempre após cada utilização e todas
as peças devem ser guardadas ao abrigo de poeira e gordura.
Alimentos devem ter sua área de higienização com pia separada e esse local precisa ser limpo diariamente.
Evite contato de alimentos lavados com não lavados ou com bancadas e pias sujas.
Quem trabalha na cozinha deve ter local próprio para se trocar e se lavar e também usar uniforme adequado,
com touca, avental ou bata e calçado, mantidos sempre limpos.
Os vestiários e sanitários também devem ser limpos com a mesma frequência da cozinha, pois germes e
bactérias podem passar de um ambiente para o outro.
Além dos cuidados com a limpeza da cozinha, é preciso cuidar da limpeza das mãos de todos os que ma-
nipulam alimentos e utensílios. Lave as mãos a partir do antebraço, sempre com bastante água e sabão e
mantenha unhas curtas e limpas e cabelos presos com touca. Os géis antissépticos não substituem a lavagem,
mas são úteis.
O combate às pragas deve ser feito com dedetização profissional autorizada e com cuidados no armazena-
mento dos alimentos e também no descarte do lixo. Remova completamente o lixo pelo menos 2 vezes por dia
e instale telas nas janelas, que também devem ser lavadas com frequência.
Os cuidados no uso de equipamentos industriais na cozinha
Diante das crescentes mudanças no cenário geoeconômico global é imprescindível uma constante adapta-
ção. Soluções mais eficientes e econômicas surgem para os mais diversos quadros e se o profissional, ou a
empresa, não acompanhar estas mudanças correrá o risco de ficar obsoleto e, por fim, escorraçado.
Este quadro também se reflete na cozinha industrial. As constantes buscas de processos autônomos visam
ampliar a oferta de produtos e serviços e minimizar os custos envolvidos. O mercado oferece inúmeros equipa-
mentos industriais, segundo à devida necessidade, que prometem bons resultados a curto prazo.
Entretanto nem tudo são flores. Felizmente, ou infelizmente a depender do ponto de vista, a intervenção
humana se faz necessário e, se não houver o devido cuidado, os resultados podem ser catastróficos. Deve-se
ter os devidos cuidados desde a instalação dos equipamentos até a sua manutenção, do contrário haverá o
comprometimento da saúde dos funcionários e do funcionamento do estabelecimento (quer indústria, quer res-
taurante). Mas quais os cuidados devemos ter?
Instalação

Muitos dos equipamentos industriais, alguns destes destinados à gastronomia, fazem uso de fontes chave-
adas (SMPS). Estas fontes operam em frequências muito elevadas, diferentemente das fontes analógicas e
lineares comuns. É preciso cautela ao montar o quadro elétrico destes equipamentos pois devido à sua alta fre-
quência de funcionamento haverá harmônicas capazes de se propagar pelo aparelho e na rede de alimentação
influenciando outros equipamentos.

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Estes equipamentos possuem cabos de ligações de 3 pinos redondos, salvo alguns que se diferenciam. Um
destes pinos é o de aterramento – fio terra. É obrigatório que todos os pinos estejam devidamente conectados
antes do funcionamento da mesma, altere seu sistema elétrico se preciso.
Uso e manutenção
Este item é o mais importante. Deve-se ter atenção quadriplicada ao fazer uso de equipamentos industriais
destinados à cozinha. As medidas de segurança variam conforme o ramo de atividade e uso de equipamentos.
Alguns equipamentos, principalmente de cortes, devem possuir esquemas de ligação que mantem o operário,
ou o funcionário, seguro durante o funcionamento da mesma. A norma que rege o funcionamento destes equi-
pamentos (NR-12) exige que estes equipamentos possuam estes esquemas de funcionamento.
Estes equipamentos são um pouco mais caros, entretanto evitará complicações posteriores envolvendo a
saúde do funcionário, o tempo de serviço parado caso a fiscalização venha a suspender o uso da máquina e o
custo subsequente de sua adaptação à norma.
Sempre deve-se usar luvas que protejam além dos punhos e vestimenta fechada grossa – independente do
equipamento a ser usado. Dificilmente um equipamento industrial na cozinha apresenta baixo risco de pericu-
losidade. Podemos citar o exemplo do fogão industrial, um equipamento simples e mais comumente visto. Apa-
rentemente não oferece risco nenhum – afinal quem não tem um fogão em casa não é mesmo? Mas o mesmo
é feito com material que, mesmo passando por processos de pós-fabricação, podem ser cortantes. O cotidiano
e a repetição são a pior inimiga da atenção. Um dos maiores índices de acidentes registrados na cozinha são
devido à quedas e tropeções. Deixar de fazer uso de vestimentas fechadas e grossas permitem que haja um
contato indesejado com estas peças causando cortes profundos. Os usos das luvas protegem contra danos de
queimaduras provenientes de chama alta ou óleos quentes.
Os equipamentos que fazem uso de engrenagens e alta rotação devem ser monitorados constantemente.
Devem ser apoiados em superfícies seguras e firmes, livre de vibrações. É aconselhável distanciar estes equi-
pamentos dos demais em 50 cm no mínimo (a depender da potência do motor) para que a harmônica não seja
propagada para os demais equipamentos ocasionando folga entre as engrenagens (mesmos que estes estejam
desligados). Mesmo que o aparelho passe a impressão de inofensivo nunca deixe de usar luvas e vestimenta
grossa fechada. Todas as partes que acionam o equipamento apresentam pontos e terminais de tensão eleva-
das que podem ocasionar graves choques elétricos ou até mesmo a MORTE do usuário.
Jamais, de forma alguma, NUNCA faça manutenção ou manuseio no equipamento ligado fisicamente. Imagi-
ne um liquidificar industrial… inofensivo não? Entre suas idas e vindas na cozinha com certeza deve ter manu-
seado em água ou até mesmo óleo. Imagine a cena: Após fazer uso do liquidificar você o desliga pelo botão e
começa a manusear os insumos, separando-os à parte, e de repente das suas mãos, ou luvas, cai água ou óleo
entre o botão on/off. Mas o óleo não é isolante elétrico? Sim meu caro leitor… do mesmo jeito que o ar também
é, mas nem por isso os relâmpagos não chegam ao solo. A quantidade de óleo diante da tensão existente entre
os terminais on/off podem permitir que haja corrente e voilà… um liquidificar de alta rotação ligado no sentido
off do botão seguro apenas pelas suas mãos, na melhor das hipóteses claro.
Estrutura física do estabelecimento
Fluxo linear na cozinha
A primeira questão que deve ser enfrentada é o fluxo de sua cozinha profissional, uma vez que não se pode
haver cruzamento entre áreas sujas e limpas. Em outras palavras, um restaurante não pode ter um depósito de
lixo cuja saída para a rua dependa da passagem pela área de manuseio de alimentos.
É claro que esse é um exemplo extremo. Mas o simples fato de ter uma área de lavagem entre a saída dos
pratos e a cozinha industrial já é um erro crasso (e que pode resultar em autuação da vigilância sanitária).
Pia exclusiva para a higienização das mãos
A Resolução RDC nº 216/2004 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina que deve
existir uma pia exclusivamente dedicada à lavagem das mãos. Esse é um detalhe sutil que acaba colocando
muitos estabelecimentos em irregularidade com relação aos cuidados sanitários.
E não se trata de preciosismo ou gasto desnecessário. Imagine, por exemplo, uma área de produção com
uma pia repleta de louças e inúmeros funcionários lavando suas mãos sujas sobre pratos e talhares. Fica fácil
perceber que esse é um item indispensável e que faz toda a diferença.

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Caixas de gordura
As boas práticas da cozinha industrial passam pela atenção especial às caixas de gordura e de esgoto, que
devem ficar fora da área de preparo e armazenamento de alimentos.
Utensílios e equipamentos de conservação frio e quente
As lixeiras de uma cozinha profissional devem ter tampa e pedal, de forma que não haja qualquer contato
dos funcionários com esse material. Forno de convecção em aço inoxidável é imprescindível, tanto pela sua
facilidade de limpeza quanto pela sua resistência a altas temperaturas.
Congeladores, equipamentos de panificação e minifornos com espaço interno dotado de cantos arredonda-
dos também facilitam a higienização, evitando a proliferação de bactérias.​
Para se ter uma ideia do potencial de contaminação de uma cozinha profissional, segundo um estudo de
campo feito pela Universidade de Barcelona em 2015, 14% das pias de cozinha avaliadas apresentavam mais
de 1 milhão de bactérias por metro quadrado.
Por segurança, esponjas e panos de pratos devem ser trocados diariamente; deixá-los úmidos e jogados
sobre a pia é convidar milhões de microrganismos a habitarem esses utensílios. Vale lembrar que os germes
encontram condições favoráveis para viverem por até 2 semanas em uma esponja umedecida. Por isso, cuida-
dos sanitários devem fazer parte de um processo de monitoramento constante.
Ah, e nada de colheres de pau ou com cabos de plástico, ok? No primeiro caso, as ranhuras da madeira
facilitam a entrada de bactérias, enquanto, no segundo, os resíduos quase invisíveis a olho nu que ficam se
acumulando no início desses cabos são catalisadores poderosos de causas de infecção alimentar.
Práticas de manipulação e condições de armazenamento dos alimentos
Variações de temperatura
Os alimentos jamais devem ser descongelados fora da geladeira (devem sair do freezer direto para a gela-
deira). De forma geral, a preparação de alimentos quentes deve estar acima de 60ºC e a de alimentos frios, em
até 10ºC. Alimentos em banho-maria ou em descanso devem obedecer às condições apresentadas a seguir.
a) Alimentos quentes
Em temperaturas acima de 60ºC — no máximo 6 horas.
Em temperatura menor do que 60ºC— no máximo 1 hora.
b) Alimentos frios
Até 10ºC— no máximo 4 horas.
Entre 10ºC e 21ºC — no máximo 2 horas (salvo pratos que envolvam proteínas cruas).
Proteínas cruas (como carnes e pescados) — devem ser mantidos por, no máximo, 2 horas em exposição
a 5ºC .
Manipulação de enlatados
Outro erro muito comum é guardar restos de alimentos enlatados nas próprias latas. O contato dos alimen-
tos (milho ou ervilha, por exemplo) com o verniz do revestimento das latas (exposto após a abertura) pode
aumentar muito a velocidade de oxidação do alimento, causando, inclusive, a contaminação pela transferência
de metais.
Abriu a lata? Passe para o porte de plástico ou de vidro (com tampa).
Cuidado com ovos
Durante o preparo de algum alimento, os ovos jamais podem ser quebrados diretamente na bancada da pia
da cozinha profissional. Isso pode gerar uma contaminação de mão dupla: se a pia estiver limpa, uma eventual
contaminação do ovo com salmonela será disseminada no lavatório, gerando o que se chama de “dissemina-
ção cruzada”; se a pia estiver suja, você provocará em seus clientes uma poderosa infecção gastrointestinal,
que pode levar à morte.

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Condições higiênico-sanitária dos manipuladores dos alimentos
Nesta variável residem recomendações tão conhecidas quanto ignoradas. Estudos na área de segurança
alimentar indicam que um ser humano saudável carrega consigo milhões de microrganismos por centímetro
cúbico, fazendo com que um pequeno descuido possa causar uma grave infecção alimentar em seus clientes.
Dessa forma, atente-se a pequenos detalhes. Não permita que em sua cozinha industrial haja o trânsito
de pessoas com cabelos soltos, com ferimentos ou utilizando perfumes intensos. Os cozinheiros devem usar
desodorante inodoro, toucas, luvas descartáveis e uniformes, que devem trocados todos os dias (EPIs básicos
da cozinha).
A lavagem das mãos deve ser feita com água e sabão neutro ou antisséptico, e deve contar com a fricção
em todos os pontos das mãos e dos pulsos por ao menos 20 segundos (de acordo com recomendação da
OMS). No entanto, mesmo com a devida higienização, deve-se evitar manipular os alimentos diretamente com
as mãos.
1. Limpeza de equipamentos e utensílios
Os micro-organismos patogênicos podem se multiplicar em locais que não sejam adequadamente lavados.
Por isso, garanta a limpeza adequada e recomendada pelos fabricantes dos equipamentos e utensílios uti-
lizados na cozinha industrial.
2. Água e sabão
Um dos métodos utilizados para a higiene dos utensílios e peças de equipamentos é a boa e velha lavagem
com água e sabão.
Depois, tudo deve ser enxaguado com água corrente.
É prudente também fazer uma imersão destes aparatos em água fervente por cerca de 15 minutos.
3. Calor ou métodos químicos
Se não for feita a desinfecção por calor, o ideal é usar os métodos químicos indicados pela Organização
Mundial de Saúde (OMS).
4. Cloro
A OMS recomenda a utilização do cloro, que é um agente fungicida e bactericida.
Se usado nas concentrações adequadas, o risco de toxicidade é baixo.
5. Não esqueça das bancadas, pisos, paredes, câmaras e ralos
Lave bem as bancadas, pisos, paredes, câmaras e ralos com água e sabão, enxaguando em água corrente
e quente.
Use também a água clorada.
6. Tempo de ação
Ao utilizar detergentes que possuem cloro em sua composição química, aplique o produto e deixe agir por
10 minutos.
Em seguida, enxague.
7. Secagem natural
Se possível, deixe que tudo seque naturalmente para evitar a recontaminação.
Diga não aos paninhos de cozinha e aos panos de chão, que acumulam germes e os espalham no ambiente
em vez de eliminá-los.
8. Utensílios x mãos
Garanta espaços separados para a lavagem de utensílios como pratos, tigelas, formas, panelas, potes e
talheres e para a lavagem das mãos.

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9. Armazenagem
Armazene corretamente os materiais de limpeza e produtos químicos e não esqueça de identificá-los.
10. Oscilações de temperatura
Cuidado para que a temperatura das geladeiras, freezers e câmaras frias não sofra oscilações.
Limpe frequentemente estes eletrodomésticos utilizando os produtos recomendados pelos fabricantes de
forma a evitar corrosão e odores.
Procure não usar esponjas que causam danos às superfícies.
11. Impermeabilização do piso
Opte por um conceituado fornecedor de impermeabilização de piso.
Normas da ANVISA para cozinha industrial
Abrir um estabelecimento alimentício sem cumprir com as obrigações legais do setor é crime. Por isso, para
garantir a eficiência e sucesso do seu negócio, todo empreendedor ou empresário deve conhecer quais são as
normas da ANVISA para cozinha industrial.
Essa complexidade regulatória parte do princípio básico da ANVISA: promover saúde por meio do controle
sanitário. Afinal, produção de alimentos não é brincadeira. Fazer um almoço de domingo é tarefa fácil perto de
gerenciar um alto número de refeições. A cozinha doméstica tem uma logística totalmente diferente da cozinha
industrial e é, nesse contexto, que surge a ANVISA, para padronizar processos, com o objetivo de garantir que
estes alimentos distribuídos para a população sejam seguros.
O papel da ANVISA
ANVISA para lá, ANVISA para cá. Ok, você entendeu que este é um órgão público importante. Mas qual é a
sua função? Como ela atua em cozinhas industriais? Por que é comum que tantas pessoas tenham receio da
instituição?
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária, conhecida como ANVISA, surgiu em 1999, com a Lei nº 9.782.
Sua missão é “promover e proteger a saúde da população e intervir nos riscos decorrentes da produção e do
uso de produtos e serviços sujeitos à vigilância sanitária, em ação coordenada com os estados, os municípios
e o Distrito Federal, de acordo com os princípios do Sistema Único de Saúde, para a melhoria da qualidade de
vida da população brasileira”.
A ANVISA atua no controle sanitários de diferentes produtos e serviços, como cosméticos, medicamentos
e alimentos, atuando, inclusive, nos ambientes, processos, insumos e tecnologias relacionadas à produção e
consumo dos mesmos. Outra função da ANVISA é fiscalizar portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfande-
gados.
Além desta competência mais generalizada, podemos destacar que a ANVISA estabelece normas e padrões
ao que cabe no controle sanitário, concede registro a produtos, proíbe a fabricação, distribuição e armazena-
mento de produtos e interdita estabelecimentos que possam causar danos à saúde.
O que a ANVISA fiscaliza na cozinha industrial
Quando um fiscal da Vigilância Sanitária chega a uma cozinha industrial, ele procura saber se o local cumpre
as exigências da ANVISA e se há pontos críticos que podem causar danos à população. Mas, calma, não é para
ter medo da ANVISA. Ela é uma forma de manter a sua reputação e imagem limpa no mercado.
Cozinhas industriais adequadas não tem porque temer. Então, nada de esconder defeitos embaixo do ta-
pete, o melhor a se fazer é seguir com as suas obrigações legais e fazer o que necessário para assegurar a
qualidade das refeições produzidas.
De uma maneira mais específica, a ANVISA fiscaliza:
• A higiene de todo estabelecimento, incluindo o estoque, freezers, geladeiras, etc;
• A higiene dos manipuladores de alimentos;
• O manejo de resíduos;

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• O controle integrado de vetores e pragas;
• A presença de um Responsável Técnico;
• A implantação das Boas Práticas de Manipulação de Alimentos;
• A presença do Manual de Boas Práticas e POPs;
• O treinamento dos manipuladores;
• A documentação do estabelecimento.
O porquê da fiscalização
Não é nada pessoal ou perseguição. A ANVISA, em sua atuação no Sistema Nacional de Vigilância Sanitá-
ria em cozinhas industriais, tem como missão garantir que surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos não
aconteçam.
Um surto de DTA é compreendido, de acordo com o Ministério da Saúde, como “a situação em que duas ou
mais pessoas apresentam os mesmo sinais e sintomas após ingerir alimentos ou água de mesma origem”. De
2007 a 2017 foram registrados 6.848 surtos de DTA com 121.283 doentes. Destes casos, 111 resultaram em
óbito.
Isto, porém, é totalmente evitável, visto que 90% dos agentes causadores dessas doenças são bactérias
como Escherichia coli, Salmonella e Estafilococos aureus. Bactérias que poderiam ser controladas com o devi-
do cuidado da manipulação de alimentos.

As normas da ANVISA para cozinha industrial


Para se adequar às normas da ANVISA, utiliza-se a RCD nº 216. Em alguns estados, porém, há legislações
específicas, como na cidade de São Paulo, com a Portaria 2619/11. Já para o Estado de São Paulo, se utiliza
a CVS 5.
No portal da ANVISA, você encontra todas as legislações regulamentadoras. Mas você também pode usar
a Cartilha Sobre Boas Práticas Para Serviços de Alimentação, baseada na RDC nº 216, para uma explicação
mais objetiva e menos técnica.
• As instalações, os equipamentos, os móveis e os utensílios devem ser mantidos em condições higiênico
sanitárias apropriadas;
• Substâncias odorizantes e ou desodorantes não devem ser utilizadas nas áreas de preparação e armaze-
namento dos alimentos;
• Os produtos saneantes utilizados na cozinha industrial devem estar regularizados pelo Ministério da Saúde
(nada de produto do caminhão de limpeza!);
• Os uniformes dos funcionários responsáveis pela atividade de higienização das instalações sanitárias de-
vem ser diferentes daqueles utilizados na manipulação de alimentos;
• Deve existir um conjunto de ações eficazes e contínuas de controle de vetores e pragas urbanas;
• Deve ser utilizada somente água potável para manipulação de alimentos, tanto para gelos ou cozimento
no vapor;
• O reservatório de água deve ser higienizado, em um intervalo máximo de seis meses, devendo ser manti-

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dos registros da operação;
Os resíduos devem ser frequentemente coletados e estocados em local fechado e isolado da área de prepa-
ração e armazenamento dos alimentos;
• Os manipuladores devem usar cabelos presos e protegidos por redes ou toucas;
• Não é permitido o uso de barba;
• As unhas devem estar curtas e sem esmalte ou base;
• Durante a manipulação, devem ser retirados todos os objetos de adorno pessoal e a maquiagem;
• Os manipuladores que apresentarem lesões e ou sintomas de enfermidades que possam comprometer a
qualidade higiênico-sanitária dos alimentos devem ser afastados da atividade de preparação de alimentos en-
quanto persistirem essas condições de saúde;
• As matérias-primas, os ingredientes e as embalagens devem ser armazenados em local limpo e organiza-
do, de forma a garantir proteção contra contaminantes;
• O tratamento térmico deve garantir que todas as partes do alimento atinjam a temperatura de, no mínimo,
70ºC;
• Os óleos e gorduras utilizados devem ser aquecidos a temperaturas não superiores a 180ºC;
• O descongelamento deve ser efetuado em condições de refrigeração à temperatura inferior a 5ºC ou em
forno de microondas quando o alimento for submetido imediatamente à cocção;
• Os serviços de alimentação devem dispor de Manual de Boas Práticas e de Procedimentos Operacionais
Padronizados.
A RDC n° 216 da Anvisa trata sobre o Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimenta-
ção, documento que aborda estrutura física, equipamentos e utensílios, bem como manipuladores, insumos,
treinamento profissional, registros e documentação necessários para o correto funcionamento de uma cozinha
industrial.
Baseado nesse documento, criamos um checklist completo sobre os principais pontos fiscalizados durante
uma inspeção da vigilância sanitária. São eles:
Local de Trabalho
Deve ser limpo e organizado;
Deve possuir telas e outras medidas para o controle de pragas e vetores de contaminação;
Quando necessário, aplicar venenos por meio da contratação de empresas especializadas;
O estabelecimento deve conter rede de esgoto ou fossa séptica;
Manter caixas de gorduras e esgoto longe do local de preparo dos alimentos;
Boa iluminação e ventilação;
As lâmpadas devem estar protegidas contra quebras;
Deve-se conservar mesas e bancadas em boas condições;
Nunca guardar produtos de limpeza próximo aos alimentos e somente usar produtos regularizados;
Na área de preparo, a pia para lavar as mãos não deve ser a mesma para a lavagem dos utensílios.
Banheiros
Banheiros e vestiários devem estar longe do local de preparo dos alimentos;
Devem ser mantidos limpos e organizados;
É necessário papel higiênico, sabonete líquido, álcool em gel anti-séptico, papel toalha e lixeiras com tampa
e pedal.
Cuidados com a Água

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O estabelecimento deve ser abastecido com água corrente tratada;
A água deve ser analisada de 6 em 6 meses, caso provenha de poços artesianos;
Para o preparo de alimentos e gelo, a água deve ser indiscutivelmente potável;
A caixa d’água deve estar conservada tampada, sem rachaduras, vazamentos, infiltrações e descascamen-
tos;
De 6 em 6 meses a caixa d’água deve ser lavada e desinfetada (higienizada).
Cuidados com o Lixo
A cozinha deve ter lixeiras de fácil limpeza, com tampa e pedal;
O lixo deve ser retirado para fora da área de preparo de alimentos em sacos bem fechados e para áreas
específicas;
Após o manuseio do lixo, é necessário lavar muito bem as mãos.
Manipulador de Alimentos
Deve estar sempre impecavelmente limpo;
O uniforme deve ser usado somente na área de preparo dos alimentos;
A troca de uniforme deve ser feita diariamente, para mantê-lo limpo e conservado;
Cabelos presos e cobertos com redes ou toucas. Homens não podem usar barba;
Não utilizar brincos, pulseiras, anéis, alianças, colares, relógio, maquiagem ou curativos;
Unhas curtas e sem esmalte;
Sempre lavar as mãos antes de preparar os alimentos e sempre que deixar o ambiente de manipulação;
Não fumar, comer, tossir, espirrar, cantar, assoviar, falar demais ou mexer em dinheiro durante o preparo de
alimentos;
Não manipular alimentos quando estiver doente ou com cortes e feridas;
Realizar exames periódicos de saúde, inclusive de fezes.
Insumos
Adquira ingredientes de estabelecimentos limpos, organizados e confiáveis;
Armazenar os produtos congelados e refrigerados e, por último, os não-perecíveis;
Os locais de armazenamento devem ser limpos, organizados, ventilados e protegidos de insetos e outros
animais;
Não use e não compre produtos com embalagens amassadas, estufadas, enferrujadas, trincadas, com furos
ou vazamentos, rasgadas, abertas ou com outro tipo de defeito;
Limpe as embalagens antes de abri-las;
Os ingredientes que não forem utilizados totalmente devem ser armazenados em recipientes limpos e iden-
tificados com nome do produto, data da retirada da embalagem original, prazo de validade após a abertura.
Preparo de Alimentos
Lave as mãos antes de preparar os alimentos e depois de manipular alimentos crus;
O alimento deve ser bem cozido, em altas temperaturas de forma que todas as partes atinjam no mínimo a
temperatura de 70ºC;
Evite o contato de alimentos crus com alimentos cozidos. Troque ou lave os utensílios usados no preparo de
alimentos crus antes de utilizá-los em alimentos cozidos;
Troque o óleo regularmente;
Alimentos congelados e refrigerados não devem permanecer fora do freezer ou geladeira por tempo prolon-
gado;

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Identificar alimentos preparados e armazenados na geladeira ou no freezer com nome do produto, data de
preparo, prazo de validade;
Não descongelar alimentos à temperatura ambiente. Utilizar o forno de microondas se for prepará-lo ime-
diatamente ou deixar o alimento na geladeira até descongelar. As carnes devem ser descongeladas dentro de
recipientes.
Transporte de Alimentos
O alimento a ser transportado deve ser armazenado em vasilhames bem fechados;
Os vasilhames devem estar identificados com nome do alimento, data de preparo e prazo de validade;
Manter os alimentos em caixas térmicas apropriadas durante deslocamentos demorados;
O veículo deve estar rigorosamente limpo.
Serviço
Área das mesas e cadeiras devem estar sempre limpas e organizadas;
Os equipamentos (estufas, balcões, buffets, geladeiras, freezers etc.) devem estar conservados, limpos e
funcionando bem;
A temperatura das estufas, buffets e geladeiras deve estar regulada de forma que os alimentos quentes per-
maneçam acima de 60ºC e os alimentos frios permaneçam abaixo de 5ºC.
Procure diminuir ao máximo o tempo entre o preparo e a distribuição dos alimentos;
Todos os balcões e buffets devem ser protegidos para que clientes não contaminem os alimentos enquanto
se servem;
Os funcionários responsáveis por servir o alimento devem estar sempre com as mãos lavadas;
Os funcionários que manipulam o alimento (mesmo com guardanapos, pegadores e talheres) não podem ter
contato com dinheiro.
Conservação dos Alimentos Preparados
Frios: 5°C ou inferior. Prazo: 5 dias;
Quentes: 60°C ou superior. Prazo: 6 horas.
Como devem ser as instalações físicas da cozinha industrial
Em uma cozinha doméstica, você pode seguir o estilo que desejar: industrial, escandinavo ou vintage. Em
serviços de alimentação, porém, a história é outra. Da cor da parede ao tipo de porta, as instalações físicas da
cozinha industrial devem seguir as diretrizes regulatórias a fim de evitar riscos à saúde.
Lembre-se que as orientações técnicas, apesar de bem específicas, são importantes para que haja uma
padronização dos serviços e um controle higiênico sanitário. Tudo é pensado para que a manipulação de ali-
mentos ocorra da maneira mais adequada e segura o possível
Por que seguir as diretrizes?
A legislação existe, isso é verdade. Mas, apesar da sua obrigatoriedade, não há garantia de que o dono do
restaurante ou UAN irá seguí-la. Basta lembrar quantas notícias de restaurantes interditados vemos por aí.
Outro alerta é um episódio do programa Conexão Repórter que, em 2015, mostrou o que acontece por trás
do balcão de alguns serviços de alimentação. Sujeira, ratos, reaproveitamento de sobras, desorganização, falta
de higiene e alimentos vencidos. São tantas irregularidades que não há como não se assustar.
E, diferente do que muitos pensam, a legislação não é uma exigência supérflua. Mexer com alimentação co-
letiva é, em alguns casos, mexer com casos de vida ou morte. Produzir alimentos é uma atividade complexa e o
menor deslize pode ocasionar consequências desastrosas, tanto para o estabelecimento quanto para o cliente.
No que diz respeito às instalações físicas, o objetivo, além de garantir a segurança dos alimentos, é evitar
acidentes, melhorar o fluxo de trabalho e a qualidade da produção como um todo. Não encare as medidas como
obrigações ruins, mas, sim, medidas preventivas.

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Abaixo, abordaremos o que é falado na RDC nº 216, da ANVISA. Confira se na sua região não há regras
municipais ou estaduais diferentes
Como devem ser as instalações físicas da cozinha industrial?
Para ressaltar o que foi dito acima, vale lembrar o objetivo da RDC nº 216: “estabelecer procedimentos de
Boas Práticas para serviços de alimentação a fim de garantir as condições higiênico-sanitárias do alimento
preparado”. Afinal, não basta ter o alimento. Ele deve ser próprio para consumo.
Com isso, fica a dica, não se autossabote: seguir a legislação é uma maneira de otimizar a operação, aumen-
tar a eficácia dos processos, minimizar os riscos, evitar desperdícios e garantir o retorno do seu investimento.
Vamos, então, às informações sobre como devem ser as instalações físicas da Cozinha Industrial?
Separação de atividade
É importante separar cada fase da produção. O pré preparo e a cocção, por exemplo, não podem ocorrer no
mesmo lugar, assim como o preparo de carne e cereais não devem se cruzar. Não tem como deixar um funcio-
nário lavando salada ao lado de outro cortando carne crua.
Entenda que a cozinha tem de seguir uma lógica, desde o recebimento até a distribuição. Todos os proces-
sos, do começo ao fim, devem fluir ordenadamente sem se atropelar. Essas separações podem ser físicas ou
de outras maneiras viáveis que evitem a contaminação.
Você pode, por exemplo, construir muros entre as fases de produção dos alimentos ou, então, organizar a
cozinha em escalas, com horários para cada etapa. Fazer um mapa com o fluxo da cozinha é uma forma de
identificar visualmente quais processos se cruzam e como otimizá-los.
Piso, parede e teto
Devem possuir revestimento, liso, impermeável e lavável. Não podem apresentar rachaduras, trincas, gotei-
ras, vazamentos, infiltrações, bolores, descascamentos e outras imperfeições.
Isso significa nada de cozinha com parede de textura e chão usando o piso da moda. Algumas legislações
ainda especificam a cor destes revestimentos, que devem ser claros, facilitando a limpeza. O que faz total sen-
tido, pois imagine entrar em uma cozinha com as paredes pretas, você nunca vai saber quando há sujeira ou
não.
Além de impermeável, é importante que o piso seja antiderrapante para evitar acidentes. Garantir a seguran-
ça dos seus funcionários também é algo a se levar em consideração.
Piso
Deve ser feito de material liso, resistente, impermeável, lavável, de cores claras e em bom estado de con-
servação, antiderrapante, resistente ao ataque de substâncias corrosivas e que seja de fácil higienização, não
permitindo o acúmulo de alimentos ou sujidades.
Deve possuir inclinação suficiente em direção aos ralos, evitando água estagnada. Os ralos devem ser sifo-
nados, e as grelhas devem possuir dispositivos que permitam o fechamento.
Paredes
Devem ter acabamento liso, impermeável, lavável, de cores claras, isento de fungos (bolores) e em bom
estado de conservação.
Azulejada – deve-se respeitar a altura mínima de 2 metros.
Deve possuir ângulos arredondados no contato com o piso e teto.
Forros e tetos
Acabamento liso, impermeável, de cores claras e em bom estado de conservação; isento de goteiras, vaza-
mentos, umidade, trincas, rachaduras, bolor e descascamento.
Se houver necessidade de aberturas para ventilação, esta deve possuir tela com espaçamento de 2mm e
removíveis para limpeza.
Pé direito: Térreo de no mínimo 3m e em andares superiores maior que 2,7m.

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Portas e janelas
Na área de preparação e armazenamento, a RDC nº 216 pede por portas com fechamento automático. Essa
é uma maneira de evitar a passagem de agentes contaminantes para as mãos dos funcionários.
Você não quer moscas em sua cozinha, certo? Por isso, as aberturas externas dessas áreas devem possuir
telas milimetradas, impedindo o acesso de vetores e pragas urbanas. Opte também por telas removíveis, que
são fáceis de limpar.
As portas devem ter superfície lisa, de cores claras, de fácil limpeza, ajustadas aos batentes, de material não
absorvente, com fechamento automático (mola ou similar) e protetor no rodapé.
As entradas principais e os acessos às câmaras devem ter mecanismos de proteção contra insetos e roe-
dores.
Janelas com telas milimétricas limpas, sem falhas de revestimento e ajustadas ao batente. As telas devem
ter malha de 2mm e serem de fácil limpeza.
As janelas devem estar protegidas de modo a não permitir que os raios solares incidam diretamente sobre
os alimentos ou equipamentos mais sensíveis ao calor.
Iluminação
Como cozinhar sem uma luz boa? Impossível! Por isso, dentro da cozinha a iluminação tem de permitir que
as atividades sejam realizadas sem comprometer a qualidade e as características dos alimentos. Se não tem
luz, como você vai saber se algo passou do ponto ou está estragado pela cor?
Não esqueça que essas lâmpadas devem estar protegidas de quedas acidentais e explosões!
O ambiente deve ter iluminação uniforme, sem ofuscamentos, sem contrastes excessivos, sombras e cantos
escuros.
As lâmpadas e luminárias devem estar limpas e protegidas contra explosões e quedas acidentais e em bom
estado de conservação.
Não devem alterar as características sensoriais dos alimentos.
Banheiros e lavatórios
A cozinha deve dispor de lavatórios para as mãos na área de manipulação. Nesse lavatório, os funcionários
encontrarão sabonete líquido sem cheiro antisséptico ou, então, sabonete sem cheiro mais produto antissépti-
co, como álcool em gel.
Ah, e nada de toalhas normais para secar as mãos! Disponibilize toalhas de papel não reciclado.
Os banheiros e vestiários, por sua vez, não podem estar ligados à área de manipulação de alimentos. Inde-
pendentemente da praticidade, não é nada higiênico ter um banheiro conectado à cozinha.
Outros pontos importantes
Toda instalação elétrica precisa estar embutida ou protegida. Nada de fios soltos!
Os ralos devem ser ser sifonados.
Os lixos precisam ter tampas e acionamento por pedal ou automático.
O fluxo de ar da ventilação não pode cair diretamente nos alimentos.
Os equipamentos, móveis e utensílios usados em todas as etapas da produção devem ser lisos, impermeá-
veis e laváveis, além de não apresentarem imperfeições que impossibilitem a higienização ou se tornem fontes
de contaminação.
As caixas de gordura e esgoto não podem ficar dentro da área de preparação e armazenamento de alimen-
tos.
Gestão operacional dos serviços
Após a montagem das cozinhas, existe também uma série de regras que organizam o dia a dia na cozinha
comercial. Estas são geralmente observadas pelas visitas da Vigilância Sanitária, e existem em busca de ga-
rantir a segurança dos alimentos produzidos e comercializados, assim prezando pela saúde do consumidor.

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Estas regras dizem respeito a todos os processos de uma cozinha, principalmente sobre manipulação, ar-
mazenamento e identificação dos produtos.

Fluxograma de serviço em cozinha industrial


Armazenamento
O armazenamento de mercadorias é mais uma das etapas do Controle de Qualidade do Serviço de Alimen-
tação e Nutrição. As matérias-primas devem ser armazenadas em condições cujo controle garanta:
• Proteção contra a contaminação;
• Redução, ao mínimo, das perdas da qualidade nutricional;
• Não deterioração do produto.
O estoque de mercadorias deve ser departamentalizado de acordo com os seguintes critérios:
• Área de produtos de limpeza em ambiente diferente da área dos alimentos;
• Alimentos sob refrigeração (0ºC a 10ºC, conforme produto);
• Sob congelamento (-18ºC ou inferior);
• Sob temperatura ambiente (ideal até 26ºC com umidade igual a 50 a 60%);
• Descartáveis separados dos alimentos (temperatura ambiente).
Sobre o armazenamento pós manipulação:
• Respeitar rigorosamente as recomendações do fornecedor para o adequado armazenamento de alimentos

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no estoque sob temperatura ambiente, sob congelamento e/ou sob refrigeração.
• Após a abertura das embalagens originais perde-se imediatamente o prazo de validade do fabricante. Pas-
sa a prevalecer, então, a validade do produto após aberto, que consta na embalagem.
• Não congelar os alimentos destinados à refrigeração, pelo fornecedor, em suas embalagens originais.
• Não recongelar crus os alimentos que tenham sido descongelados para serem manipulados. Os alimentos
descongelados só poderão submeter-se a novo congelamento se forem processados.
• Programar o uso de carnes considerando que após o descongelamento estas somente poderão ser arma-
zenadas sob refrigeração (até 4ºC) por até 72 horas para bovinos e aves, e por até 24 horas para pescados.
• Armazenar em temperatura de segurança os alimentos prontos que sofreram cocção, mantendo-os sob
refrigeração (até 4ºC) por 72 horas ou sob congelamento (-18ºC ou inferior) por 30 dias. Em ambos os casos,
devem ser devidamente etiquetados, respeitando as recomendações de uso.
• Não recongelar alimentos prontos, congelados, que já tenham sido descongelados anteriormente.
• Para armazenamento seguro dos produtos crus semiprontos preparados com carnes descongeladas, tipo
hambúrguer, almôndegas etc., devem ser seguidas temperaturas sob refrigeração (até 4ºC) por 72 horas ou
sob congelamento (-18ºC ou inferior) por 30 dias, desde que não sofram novo descongelamento, ou seja, desde
que sejam utilizados diretamente na cocção atingindo no mínimo 70ºC no centro geométrico do alimento.
• Atentar para a correta identificação dos produtos, através de etiquetas, de acordo com as recomendações
de uso.
• Armazenar adequadamente os alimentos industrializados que não tenham sido totalmente utilizados, isto é,
retirá-los da embalagem original, colocá-los em nova embalagem adequada e identificá-los com etiquetas, de
acordo com as recomendações de uso.
Para refrigeração os seguintes critérios devem ser seguidos:
• Pescados e seus produtos manipulados crus: até 4ºC por 24 horas;
• Carnes bovina, suína, aves e outras e seus produtos manipulados crus: até 4ºC por 72 horas;
• Folhosos e frutas sensíveis: até 10ºC por até 72 horas;
• Outras frutas e legumes: até 10ºC por até 1 semana;
• Alimentos pós-cocção: até 4ºC por 72 horas;
• Pescados pós-cocção: até 4ºC por 24 horas;
• Sobremesas, frios e laticínios manipulados: até 8ºC por 24 horas, até 6ºC por 48 horas ou até 4ºC por 72
horas;
• Maionese e misturas de maionese com outros alimentos: até 4ºC por 24 horas.
• É importante também atentar-se para a organização interna das câmaras frias e freezers:
Departamentalizar as unidades refrigeradas, mantendo os alimentos separados de acordo com a sua natu-
reza e preparo:
i) massas frescas; produtos cárneos; laticínios; frios e embutidos; verduras e legumes; temperos etc. devem
ser separados, sempre que possível, em equipamentos distintos ou quando num mesmo equipamento, em
locais diferentes;
ii) produtos processados e/ ou prontos para consumo, tais como saladas prontas; sobremesas prontas; ali-
mentos pós-cocção etc. devem ser mantidos separados entre si.
Organizar as unidades refrigeradas de modo que os alimentos fiquem assim distribuídos:
i) parte mais alta = alimentos prontos para consumo;
ii) parte intermediária = alimentos pré-preparados;
iii) parte mais baixa = alimentos in natura, como carnes cruas, hortifrutigranjeiros não higienizados etc.).

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Saneamento

Saneamento básico é um conceito que está relacionado com o controle e distribuição dos recursos básicos
(abastecimento, tratamento e distribuição de água, esgoto sanitário, coleta e destino adequado do lixo, limpeza
pública) tendo em conta o bem-estar físico, mental ou social da população.
No Brasil, o saneamento básico é definido pela Lei nº. 11.445/2007, sendo um direito assegurado pela Cons-
tituição a partir de investimentos públicos na área. Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS):
“Saneamento é o controle de todos os fatores ambientais que podem exercer efeitos nocivos sobre o bem-
-estar, físico, mental e social dos indivíduos”.
Saneamento Básico e Saúde
A falta de saneamento básico pode gerar inúmeros problemas de saúde. Portanto, o conjunto de fatores que
reúnem o saneamento levam a uma melhoria de vida na população na medida que controla e previne doenças,
combatendo muitos vetores.
Nesse caso, podemos pensar num dos maiores problemas enfrentados pela população brasileira atualmente
com a disseminação do mosquito da dengue os quais se proliferam mediante a água parada.
Dessa forma, o saneamento básico promove hábitos higiênicos e controla a poluição ambiental, melhorando
assim, a qualidade de vida da população.
Outras doenças que podem estar relacionadas com a falta de saneamento básico são:
disenteria
giardíase
amebíase
gastroenterite
leptospirose
peste bubônica
cólera
poliomielite
hepatite infecciosa
febre tifoide
malária
ebola
sarampo
Saneamento Ambiental
O saneamento ambiental é um conceito que está intimamente associado à sustentabilidade, ou seja, à con-
servação e melhoria do meio ambiente a partir do impacto ambiental gerado.
Ele reúne um conjunto de procedimentos que visam a qualidade da população, sobretudo na infraestrutura
das cidades, as quais geram poluição do ar, da água e do solo.
Uma importante medida adotada por programas de saneamento ambiental é a conscientização e educação
da população em geral com o intuito de alertar para a importância da conservação ambiental.
A ATUAL SITUAÇÃO DO SANEAMENTO BÁSICO NO BRASIL
Os últimos dados levantados pelos principais órgãos desse setor foram em 2015. Assim, as informações
aqui discutidas serão baseadas neste ano de referência.
Em 2017 a lei do saneamento completou 10 anos. O gráfico abaixo apresenta a evolução do atendimento

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de água e esgoto, em média, em todo o país. É possível notar que nestes anos, as diferenças não foram ex-
cepcionais.

O índice de esgoto passou de 42% para 50,3% em 2015. Isso representa uma evolução de menos de um
ponto percentual ao ano. Para a água foi ainda pior. De 80,9% em 2007 para 83,3% em 2015. Uma evolução
de menos de 3 pontos percentuais em oito anos.
Quando se olha para as regiões, as diferenças ficam ainda maiores. A região Norte tem a situação mais
precária, principalmente quando se refere à coleta de esgoto. Por outro lado, o Sudeste consegue os melhores
índices: 91,2% de abastecimento de água e 77,2% de coleta de esgoto.

E os outros serviços do saneamento?


Quando falamos em saneamento básico focamos em água e esgoto e acabamos por esquecer dos outros
dois serviços. O terceiro serviço do saneamento é a coleta regular do lixo.

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Dados do Sistema Nacional de Informações de Saneamento (SNIS) referente a 2014 mostrou que a quanti-
dade de casas atendidas por serviços de coleta aumentou. Porém, ainda são 17,3 milhões de pessoas vivendo
em regiões com nenhum tipo de coleta de lixo.
Na zona rural, os dados são ainda piores. 47% da população rural do país não tem nenhum acesso a coleta
de lixo.
E se a situação é ruim para a coleta regular de lixo, imagine a coleta seletiva! Os dados do SNIS mostraram
que apenas 23% dos municípios brasileiros contam com a reciclagem.
Até a data desta publicação, o SNIS ainda não havia divulgado os resultados do diagnóstico de drenagem e
manejo das águas pluviais. Por isso, deixaremos os dados deste serviço fora do texto.
O que o governo tem feito?
O Governo Federal buscou investir no setor. O PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) destinou
em torno de R$ 70 bilhões em obras relativas ao saneamento básico. Entretanto, como mostram os dados, os
investimentos ainda não são o suficiente.
Em 2016, o presidente Michel Temer sancionou a Lei nº 13.329 que institui o Regime Especial de Incentivos
para o Desenvolvimento do Saneamento Básico. Pretende-se com isso, incentivar os investimentos na área do
saneamento em troca de créditos em tributação para as empresas prestadoras.
Com as instabilidades financeiras que o Brasil tem passado nos últimos tempos, o Secretário Nacional de
Saneamento Ambiental afirmou que não será possível atingir a meta de universalização do saneamento até
2033. Mas, diz que o governo buscará maiores investimentos para o setor ao longo dos próximos anos.
Com o Decreto nº 7.217 aprovado em 2010, espera-se que os municípios planejem e deem uma melhor
destinação para o dinheiro público.
Apesar dos diversos adiamentos, o decreto determina que os recursos da união para o setor só serão repas-
sados caso as cidades elaborem o Plano Municipal de Saneamento Básico. Com as diversas postergações, o
decreto está para entrar em vigor em 2019.
A falta de saneamento traz malefícios sociais, ambientais, financeiros e principalmente para a saúde. Édison
Carlos, presidente do Instituto Trata Brasil, afirma que o “básico” do nome não está ali à toa, é a estrutura mais
elementar e relevante para a sociedade.
A ATUAL SITUAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL
Há quem diga que a situação atual da saúde pública no Brasil está um caos. Infelizmente não podemos
discordar. O que vemos constantemente na mídia são notícias de hospitais lotados e a falta de investimentos
no setor.
Em 2013, a Consultoria Bloomberg divulgou um ranking sobre a eficiência de sistemas nacionais de saúde.
O estudo levou em consideração 48 países que possuíam, na época, PIB per capita superior a cinco mil dóla-
res. O Brasil ficou em último lugar. De acordo com a empresa, o país investe muito, mas entrega pouco.
É bastante comum encontrar hospitais e unidades de saúde lotadas. Dados do Tribunal de Contas da União
indicam que 64% dos hospitais estão sempre superlotados. O SUS foi criado com a intenção de atender a to-
dos. Porém, há muito tempo o sistema encontra-se falho.
Quais os motivos?
Muitos especialistas dizem que o problema na saúde brasileira é a má gestão dos recursos. E também os
desvios dos mesmos.
A realidade torna-se difícil: superlotação, atendimentos no corredor, estrutura física precária, ausência de
médicos e enfermeiros, falta de medicamentos, demora no atendimento, dentre tantos outros problemas.
O descontentamento da população cresce. Mas, as doenças e epidemias não param de crescer. Desde 2015
o Brasil vive uma tríplice epidemia de vírus transmitidos pelo mosquito Aedes Aegypti. E os casos só aumentam
a cada ano.
Em 2017, o país já viveu um surto de febre amarela, que é uma doença evitável por vacina. De acordo com
o epidemiologista Carlos Ferreira, em entrevista para a revista IstoÉ, há uma grande fragilidade do sistema de

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saúde pública e descaso. Para ele, há muita descontinuidade administrativa e falta de informação à população.
Para ele, por exemplo, muitas pessoas morreram de febre amarela por falta de conhecimento. Muitas se
expuseram à áreas de risco sem receber o mínimo de informações. Não basta de um controle de vacinação, é
necessário o uso de indicadores e levar informações às áreas de risco. Divulgar apenas quando há um surto,
não é o suficiente.
SAÚDE PÚBLICA E SANEAMENTO BÁSICO
Agora que já temos uma visão atual do setor de saneamento e da saúde pública no Brasil, podemos discutir
um pouco sobre ambos. Não é que todos os problemas da saúde seriam resolvidos com a universalização do
acesso ao saneamento. Mas ajudaria (e muito!).
É claro que o setor da saúde como um todo necessita de maiores planejamentos, infraestrutura e de boa
gestão. Mas, o que sempre falamos aqui no blog é: o saneamento auxilia na redução das doenças e proporcio-
na um ambiente mais saudável.
E qual a consequência?
As pessoas livres de doenças vão ao trabalho, as crianças vão à escola, as condições sanitárias e higiênicas
melhoram, dentre muitos outros fatores.
Já apresentamos aqui os diversos benefícios que o saneamento básico traz à população. E também, sempre
destacamos a quantidade de doenças que um ambiente poluído pode proporcionar.
Epidemias de dengue, cólera, disenteria, esquistossomose, leptospirose, dentre muitas outras enfermidades
que se incidem no meio do lixo, do esgoto e das águas poluídas.
Essas doenças significam mais internações, maior demanda por leitos, cuidados e medicamentos. A OMS
afirma que cada real investido em saneamento economiza quatro reais na saúde. Pessoas doentes custam
altos valores ao governo federal.
O Instituto Trata Brasil prevê que caso 100% da população tivesse acesso à coleta de esgoto haveria uma
redução de 74,6 mil internações.
Para se ter uma noção, em termos quantitativos, em 2013 o SUS notificou 340 mil internações por infecções
gastrintestinais. Em média, o custo por paciente de uma internação por essa doença é de R$ 355,71. Agora
imagine os gastos com todas as doenças geradas pela falta de saneamento básico.
É muito, não?
Além disso, as mais afetadas por essas doenças são as crianças. De acordo com a Unicef, 88% das mortes
por diarreia no mundo são relacionadas à falta de saneamento. Deste número, 84% são crianças.
A exposição a um ambiente poluído afeta seriamente o desenvolvimento das crianças. Frequentes diarreias,
desidratações, consumo de água sem tratamento adequado e até mesmo pequenas infecções intestinais po-
dem comprometer seriamente o estado nutricional e o crescimento da criança.
Assim, pensar em saneamento também é refletir sobre outros setores.
Como podemos ver, o acesso ao saneamento impacta na economia e na saúde. Economia porque propor-
ciona um ambiente saudável para a população, com mais saúde, os trabalhadores produzem mais, as crianças
vão à escola, e isso gera maior receita e menos desperdício de recursos, tanto para o governo quanto para as
empresas privadas.
Saúde porque uma menor incidência de doenças proporciona um menor índice de internações. Assim, ne-
cessita-se de menos material, menos recursos humanos e menos dinheiro público.
E QUAL A SOLUÇÃO PARA A ATUAL SITUAÇÃO DA SAÚDE PÚBLICA E SANEAMENTO BÁSICO NO
BRASIL?
Já começo dizendo que não existe fórmula mágica. Existem boas práticas de gestão e existe eficácia das
ações. O país precisa dos dois. É preciso uma boa gestão dos investimentos realizados tanto no setor de saúde
quanto no de saneamento.
Sem uma boa gestão, a grande parte dos recursos vão para onde não precisam ir. Lembra do ranking de
eficiência na saúde? É um bom exemplo disso. Não basta investir em lugares errados.

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É preciso uma reformulação do básico. A forma de se investir, de planejar e de executar deve ser modificada.
Aliás, como vimos, a melhoria dos serviços de saneamento reduz a necessidade de investimentos na saúde,
certo?
Quais doenças o saneamento previne?
-Diarreia: a diarreia é uma doença gastrintestinal que pode ser contraída por água e/ou alimentos contami-
nados.
-Leptospirose: a leptospirose está liga à locais com saneamento precário onde os roedores se proliferam,
como locais perto de córregos, aglomerados subnormais.
-Dengue: a dengue é transmitida pelo mosquito Aedes Aegypti que se multiplica em água parada. O mosqui-
to atualmente é transmissor de outras doenças, como Zika Vírus.
-Amarelão: o amarelão é a doença do Jeca Tatu, é transmitida principalmente por um parasita que pode ser
encontrado no solo contaminado.
Fonte: https://www.eosconsultores.com.br/situacao-da-saude-publica-e-saneamento-basico

Saúde e Nutrição

A nutrição e saúde publica, estuda os aspectos e interferências que a alimentação tem no bem estar e saúde
dos indivíduos, verificando os fatores nutricionais como faltas e excessos e suas ações em morbimortalidade.
As causas de mais estudo neste campo são as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) onde se aborda
a obesidade, a hipertensão, as doenças cardiovasculares, as diabetes e alguns tipos de câncer, como também
as doenças infecciosas e transmissíveis, a desnutrição e as carências nutricionais.
O nutricionista no campo da saúde pública ele atua no campo coletivo junto com a equipe multiprofissional
ou atuando particularmente em consultas individuas e é muito importante no âmbito da estratégia da saúde da
família (ESF), criada no SUS.
O SUS, o sistema único de saúde, é o que gere todo este campo da saúde pública, trazendo assistência a
toda a população independente de classe social e renda, sendo integral, igualitário e universal.
Epidemiologia Nutricional
A epidemiologia nutricional fala sobre a utilização de ferramentas ideais a avaliação da dieta, investigando
interação entre dieta e doença. Em relação ao mundo atual alguns fatores nutricionais tem relação importante
das DCNT, exigindo aos profissionais da saúde estudos relativos as epidemiologias de cunho alimentar e nu-
tricional.
Alguns itens são estudados na para diagnóstico das epidemiologias nutricionais e seu desenvolvimento nas
fases da vida, entre eles: amamentação, introdução alimentar, prática de atividade física, sobrepeso, obesidade
e saúde mental, segurança alimentar, alimentação e nutrição dos povos indígenas, políticas públicas de alimen-
tação e nutrição em geral.
Diagnóstico do estado nutricional de populações
No Brasil os casos de DCNT são os maiores problemas de saúde pública, o aumento de casos de sobrepeso
e obesidade é uma das causas mais frequentes para esse aumento, incluindo o sedentarismo, o que diminui o
bem estar e qualidade de vida e aumenta os custos do SUS. Sabe-se que cerca de 74% das causas de morte
no Brasil são por decorrência de DCNT.
Já em questão global, a má alimentação é uma das principais causas de doenças.
Em 2019, um estudo verificou que 63% das pessoas acompanhadas pela Atenção Primária á Saúde, es-
tavam em excesso de peso, e destes cerca de 28% eram obesas, o que representa uma fatia de mais de 11
milhões de pessoas com sobrepeso e obesidade no Brasil.
O gráfico abaixo representa por região a porcentagem de pessoas com excesso de peso, declarado pelo
SISVAM (Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional) em 2019.

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Outras doenças de saúde pública do Brasil são: desnutrição energético-proteica, anemia ferropriva, bócio,
hipovitaminose A e cárie.
Nutrição e Infecções
A nutrição tem como um dos seus papéis o processo de recuperação da saúde, e as infecções têm causas
diversas, mas podem ser prevenidas através de hábitos como:
• Higienização correta dos alimentos;
• Aleitamento Materno nos primeiros meses de vida, sendo importante para evitar as infecções respiratórias
agudas;
• Consumo de alguns alimentos com função anti-inflamatória, antiviral, antifúngica, bactericida e que protege
de várias infecções, como a cebola e o alho, o gengibre e os alimentos ricos em vitamina C;
• Assim, como outros ali mentos ricos em óleos essenciais e outros minerais que aumentam a imunidade.
Vigilância Nutricional
A vigilância alimentar e nutricional visa aplicar ferramentas que busca observar, coletar e analisar infor-
mações descrevem as condições alimentares e nutricionais de uma população. Traz como objetivo elencar
assuntos e temas para as ações políticas, auxiliando no planejamento, monitoramento e gerenciamento de
programas e atividades favorecendo melhoria do hábito e padrão alimentar e do estado nutricional do povo.
Sua principal estratégia e verificar o estado de nutricional nas fases da vida, principalmente crianças e ges-
tantes e população de baixa renda que estão mais propensos a condições nutricionais problemáticas.
Atividades de nutrição em Programas integrados de saúde pública
A presença de política e programas de nutrição em saúde pública visa promover o direito igualitário de todos
à alimentação de qualidade, promovendo em si práticas de promoção á saúde através do acesso a alimentação
saudável. Entre os programas atuais encontram-se:
• Política Nacional de Alimentação e Nutrição (PNAN);
• Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN)
• Sistema Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN);
• Bolsa Família;
• Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT);
• Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).
O PNAN principalmente, como política nacional consolida em suas 9 abordagens em sua prática, que são:
Organização da Atenção Nutricional, Promoção da Alimentação Adequada e Saudável, Vigilância Alimentar e
Nutricional, Gestão das Ações de Alimentação e Nutrição, Participação e Controle Social, Qualificação da For-
ça de Trabalho, Controle e Regulação dos Alimentos, Pesquisa, Inovação e Conhecimento em Alimentação e
Nutrição e Cooperação e articulação para a Segurança Alimentar e Nutricional.
E dentro destes programas, o papel do nutricionista é promover a saúde em suas fases de vido, do nascer
ao envelhecer, favorecendo e auxiliando nas escolhas alimentares promovendo alimentação e segurança ali-
mentar e do estado nutricional do indivíduo ou coletividade.
RELAÇÃO ENTRE SAÚDE E ALIMENTO
A relação entre os alimentos e a nossa saúde é muito direta. Desde quando houve vida humana na Terra nos
precisamos nos alimentar, para ter energia e conseguir sobreviver; no início era basicamente isso, os humanos
precisavam se alimentar para garantir a sobrevivência e perpetuação da espécie. Com o passar dos anos nós
fomos evoluindo e a alimentação continuou tendo um papel de garantir energia, mas nós começamos a ter ou-
tras necessidades que antes não identificávamos.
Como dito anteriormente passamos por várias etapas, se voltarmos 120 anos em nossa história vamos ver
que, a nossa alimentação era baseada em alimentos primários como arroz, feijão, milho, café entre outros era
uma alimentação onde comia o que plantava, de acordo com a época do ano e com a colheita ou os animais
que cada um conseguia criar. As pessoas começaram a migrar mais para as cidades e não conseguiam plantar

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nem criar animais como antes então iam até as vendas ou mercearias para comprar os alimentos, iam até o
açougue comprar a carne. Nessa época começava a surgir algumas poucas coisas enlatadas eram produtos
como a manteiga por exemplo.
As famílias mesmo morando nas cidades e não conseguindo plantar e colher a própria comida elas ainda se
alimentavam bem não havia alimentos industrializados muito menos ultra processados (alimentos que passam
por vários processos como adição de vários ingredientes que não são saudáveis), as refeições eram prepara-
das todos os dias várias vezes ao dia, sempre tinha comida fresca. Abaixo temos alguns exemplos de alimentos
in natura, processados e ultra processados.

Fonte: Secretária de saúde de Minas Gerais, 2016.


A partir da década de 70, começamos no Brasil um grande movimento das mulheres no mercado de traba-
lho, e vemos que as indústrias alimentícias da época perceberam uma grande chance de começar a produzir
alimentos que fossem mais práticos e que exigisse menos dessas mulheres na hora de cozinhar. Surgem então
os alimentos enlatados, processados (alimentos que passaram por algum tipo de processamento não estão em
seu estado natural) com a proposta de ajudar a facilitar a vida dessas donas de casa que agora começavam a
cumprir uma dupla jornada.
Essa mudança que sofremos se chama transição nutricional, que quer dizer que passamos de uma alimen-
tação que era baseada em alimentos frescos e mais saudáveis para alimentos mais industrializados de fácil
preparo, mas menos saudáveis. No início, observamos que as pessoas de classes mais altas eram as que
consumiam mais esses produtos e eram as que apresentavam os primeiros problemas de saúde relacionados
ao consumo desses alimentos; mas esse quadro mudou e hoje o que vemos é que esses alimentos se torna-
ram mais baratos e mais consumidos pelas classes mais baixas atualmente essas pessoas são as que mais
enfrentam problemas de saúde por uma alimentação com muitos industrializados.
Alimentação ruim e seus malefícios
Os alimentos industrializados se ingeridos de vez em quando não trazem grandes prejuízos à saúde, mas
quando nossa alimentamos só desses alimentos vemos que a piora na saúde é notável. A grande maioria

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desses alimentos têm muito sódio (que é o principal ingrediente do sal de cozinha) para ajudar a dar sabor e
conservar, este ingrediente quando consumido em excesso pode causar hipertensão (pressão alta).
Outro ingrediente muito presente nesses alimentos são as gorduras vegetais hidrogenadas e a gordura
trans, essas gorduras quando consumidas em excesso acaba gerando placas de gordura nas artérias o que
pode levar a um infarto do coração; o colesterol alto também vem do consumo exagerado de gorduras.
O açúcar em excesso também é um grande problema, assim como o sódio o açúcar é usado para conservar
e dar sabor aos alimentos e o consumo exagerado pode causar diabetes do tipo II. O consumo em excesso
desses e outros aditivos que estão nos alimentos industrializados ainda pode levar à obesidade.
Alimentação e seus benefícios à saúde
Assim como temos alimentos que consumidos em excesso podem nos fazer desenvolver várias doenças
temos também alimentos que podem nos ajudar a manter nossa saúde em dia. Os peixes, azeite, abacate são
ricos em nutrientes chamados de ômegas 3, 6 e 9 que ajudam a controlar os níveis de colesterol; o tomate é
rico em um nutriente chamado licopeno que ajuda a prevenir o câncer de próstata; os alimentos integrais como
arroz, pães, biscoitos são mais ricos em fibras que ajudam nos níveis de colesterol no sangue e no bom funcio-
namento do intestino.
O melhor que podemos fazer para nossa saúde é manter o equilíbrio, não precisamos retirar totalmente es-
ses alimentos da nossa alimentação, a menos que a pessoa tenha alguma doença que pode ser agravada com
o consumo desses alimentos, mas uma pessoa saudável pode consumir os alimentos industrializados, mas
deve consumir em maior quantidade alimentos mais saudáveis.

Vigilância Sanitária e Saúde do Consumidor. Cuidados Sanitário à População

A definição atual da vigilância sanitária, como já foi visto, torna seu campo de abrangência vasto e ilimitado,
pois poderá intervir em todos os aspectos que possam afetar a saúde dos cidadãos.
Para facilitar a exposição, assumimos que seu campo de abrangência é composto por dois subsistemas,
subdivididos, a saber:
I – Bens e serviços de saúde
Subsistema de produção de bens de consumo e serviços de saúde, que interferem direta ou indiretamente
na saúde do consumidor ou comunidade. São bens e serviços de saúde que interessam ao controle sanitário:
1. As tecnologias de alimentos, referentes aos métodos e processos de produção de alimentos necessários
ao sustento e nutrição do ser humano.
2. As tecnologias de beleza, limpeza e higiene, relativas aos métodos e processos de produção de cosméti-
cos, perfumes, produtos de higiene pessoal e saneantes domissanitários.
3. As tecnologias de produção industrial e agrícola, referentes à produção de outros bens necessários à vida
do ser humano, como produtos agrícolas, químicos, drogas veterinárias, etc.
4. As tecnologias médicas, que interferem diretamente no corpo humano, na busca da cura da doença, alívio
ou equilíbrio da saúde, e compreendem medicamentos, soros, vacinas, equipamentos médico-hospitalares,
cuidados médicos e cirúrgicos e suas organizações de atenção à saúde, seja no atendimento direto ao pacien-
te, seja no suporte diagnóstico, terapêutico e na prevenção ou apoio educacional.
5. As tecnologias do lazer, alusivas aos processos e espaços onde se exercem atividades não-médicas, mas
que interferem na saúde dos usuários, como centros esportivos, cabeleireiros, barbeiros, manicures, pedicuros,
institutos de beleza, espaços culturais, clubes, hotéis, etc.
6. As tecnologias da educação e convivência, referentes aos processos e espaços de produção, englobando
escolas, creches, asilos, orfanatos, presídios, cujas condições das aglomerações humanas interferem na sua
saúde.

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II – Meio ambiente
Subsistema que se refere ao conjunto de elementos naturais e daqueles que resultam da construção huma-
na e suas relações sociais:
1. O meio natural, correspondente a água, ar, solo e atmosfera. Interessam ao controle sanitário as tecno-
logias utilizadas na construção de sistemas de abastecimento de água potável para o consumo humano, na
proteção de mananciais, no controle da poluição do ar, na proteção do solo, no controle dos sistemas de esgoto
sanitário e dos resíduos sólidos, entre outros, visando à proteção dos recursos naturais e à garantia do equilí-
brio ecológico e conseqüentemente da saúde humana.
2. O meio construído, referente às edificações e formas do uso e parcelamento do solo. Aqui o controle sani-
tário é exercido sobre as tecnologias utilizadas na construção das edificações humanas (casas, edifícios, indús-
trias, estabelecimentos comerciais, etc.) e a forma de parcelamento do solo no ambiente urbano e rural; sobre
os meios de locomoção e toda a infra-estrutura urbana e de serviços; sobre o ruído urbano e outros fatores, no
sentido de prevenir acidentes, danos individuais e coletivos e proteger o meio ambiente.
3. O ambiente de trabalho, relativo às condições dos locais de trabalho, geralmente resultantes de modelos
de processos produtivos de alto risco ao ser humano. O controle sanitário se dirige a esse ambiente, onde
frequentemente encontra cidadãos que são obrigados a dedicar grande parte de seu tempo ao trabalho em
condições desagradáveis, em ambientes fechados e insalubres, em processos repetitivos, competitivos e sob
pressão, o que altera e põe em risco a saúde física e psicológica e a vida dos indivíduos e da comunidade.
Fonte: Manual Saúde e Cidadania: Para gestores municipais de saúde. Vigilância Sanitária, 1998. Disponí-
vel em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/saude_cidadania_volume08.pdf. Acesso em: 25.jan.2023.

Tipos de Poços Aquíferos; Fossa Seca; Águas pluviais; Esgoto Sanitário; Aterro Sa-
nitário

Aquíferos
Os aquíferos são formações ou camadas geológicas que contêm a água no seu interior (zona saturada) em
quantidade suficiente para permitir o seu aproveitamento econômico. Assim, uma unidade geológica será con-
siderada um aquífero quando, possuindo poros cheios de água, permitir que a água se escoe pelos espaços
intergranulares até poços ou fontes, com uma vazão de saída capaz de, por exemplo, suprir o abastecimento
de água de uma comunidade. Neste conceito, diferem de um outro tipo de armazenamento encontrado nos
espaços livres das rochas (às vezes também denominado aquífero), como nas rochas calcárias, onde a água
pode se mover livremente através das fendas, cavernas, etc., que são características destas rochas.
Em geral, os aquíferos podem ser classificados como freáticos e artesianos. Os aquíferos freáticos origi-
nam-se das águas de chuva que se infiltram através das camadas permeáveis do terreno até encontrar uma
camada impermeável. Saturando as camadas porosas logo acima, a água pode permanecer em repouso ou
deslocar-se, de acordo com a configuração geométrica do terreno.
Nos aquíferos freáticos, também chamados aquíferos livres, a água que enche os poros da formação ge-
ológica na região que se situa no topo da parte saturada está submetida à pressão atmosférica (Figura 11.3).
Assim, tudo se passa como se a água estivesse ocupando um reservatório aberto. Pode ocorrer ainda, a for-
mação de um aquífero ou lençol suspenso, quando uma formação impermeável aparece entre a zona saturada
e a superfície do terreno, dando origem à retenção de águas de infiltração acima desta formação.

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Para qualquer camada que se considere dentro do aquífero freático, a carga hidráulica na mesma será igual
à profundidade medida a partir do nível estático (nível freático). Assim, quando um poço é perfurado num aquí-
fero freático, o nível d’água dentro dele atingirá o nível estático do aquífero. O poço que retira a água do lençol
freático é dito poço freático (Figura 11.4).

Os poços freáticos são normalmente escavados. São, também, chamados de poços ordinários, isto é, poços
comuns ou domésticos. Em geral, são rasos e de grandes diâmetros: as profundidades compreendidas entre
3 e 20 metros e os diâmetros entre 1 e 2 metros. A vazão que eles são capazes de fornecer é relativamente
pequena, o que sugere a sua utilidade apenas para o consumo humano ou uso doméstico e, raramente, para
uso industrial e irrigação. Embora a água possa ser de boa qualidade, há inúmeros registros de ocorrência de
água salobra e, mesmo, contaminada.
O aquífero é dito confinado, ou artesiano, quando se situa entre camadas impermeáveis. Em consequên-
cia, os aquíferos confinados têm a água submetida a pressão superior à atmosférica. Nestes, a água provém,
geralmente, de infiltrações distantes, ocorridas em regiões de cotas mais elevadas (brejos, lagos, rios, chuva
ou neve nas serras, etc.). Na Figura 11.5, apresenta-se um esquema que permite classificar e visualizar a ocor-
rência dos diferentes tipos de aquíferos. Vê-se, por exemplo, que o aquífero designado como AQUÍFERO A é
freático, pois o nível da água neste coincide com o nível atingido no poço de observação: no aquífero freático
ou livre, à superfície livre corresponde, sempre, pressão igual à atmosférica. A Figura 11.5 mostra, também,
que o AQUÍFERO B, inicialmente freático na zona (a), atinge, a jusante, uma região compreendida entre duas
camadas impermeáveis, zonas (b) e (d), comportando-se, portanto, como artesiano ou confinado.
Quando uma das camadas que limita o aquífero é semipermeável, este pode perder ou receber água atra-
vés dela. Este fenômeno é denominado drenança ito semiconfinado. O AQUÍFERO B da Figura 11.5 também
se comporta desta forma em duas regiões, indicadas como zonas (c) e (e). Os poços que retiram água de um
aquífero artesiano são chamados de poços artesianos.
Nestes, a água ascende até atingir o nível da linha piezométrica. Se a piezométrica estiver acima do terreno,
a água jorrará (poço jorrante). Caso contrário, estando a piezométrica abaixo do nível do terreno, a água não
jorrará. Para alguns, o poço é considerado artesiano apenas quando ele jorra e, sendo não jorrante, ele seria

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caracterizado como “semiartesiano”. Na Figura 11.5, são visualizadas as ocorrências dos poços artesianos
jorrante e não jorrante.

O lençol artesiano é alcançado por meio de poços tubulares, que têm pequeno diâmetro (geralmente en-
tre 6 e 10 polegadas), podendo estar a pequenas profundidades (algumas dezenas de metros) ou a grandes
profundidades (até centenas de metros). Ao se fazer uma perfuração, podem ser encontrados vários lençóis
sobrepostos, com distintas capacidades de armazenamento e diferentes qualidades da água. Quando se atinge
um rico lençol artesiano, a água normalmente é suficiente para o abastecimento de bairros residenciais e/ou
indústrias e, até mesmo, para uso na irrigação. Em geral essa água é de boa qualidade, embora, nos casos de
poços profundos, possa apresentar-se como salobra.
Fonte: JUNIOR, A.R.B. Elementos de Hidrologia Aplicada. Disponível em: http://www.leb.esalq.usp.br/disci-
plinas/Fernando/leb1440/Aula%208/Hidraulica%20de%20Pocos_Anteor%20R%20Barbosa%20Jr.pdf. Acesso
em: 25.jan.2023
FOSSA SECA
A fossa seca é um dos tipos de fossas mais comuns, tendo feito parte de muitas áreas rurais e até urbanas
há não muito tempo.
Na falta de um sistema de água encanada no ambiente, as fossas secas acabam se tornando uma opção,
pois dispensam seu uso para o transporte dos dejetos, e consiste em um buraco cavado direto no chão, através
do qual os dejetos são diretamente atirados.
Uma espécie de banheiro é construída logo acima do buraco, em madeira ou concreto armado, com um
orifício que é usado como uma privada comum.
O buraco cavado costuma ter alguns poucos metros de profundidade, com ou sem revestimento interno, e
os dejetos ficam depositados diretamente no buraco, que ocasionalmente recebe cal ou pó de café para cobrir
e evitar o mau cheiro proveniente do não-tratamento desse esgoto, até que fique cheia e precise ser limpa ou
mesmo enterrada.

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Fonte: Disponível em: https://fossatrat.com.br/conheca-os-diferentes-tipos-de-fossas-utilizadas/. Acesso
em: 25.jan.2023.
TRATAMENTO DE ESGOTO: ESTAÇÕES DE TRATAMENTO DE ESGOTOS (ETES), TIPOS DE ESTA-
ÇÃO, ETAPAS DO TRATAMENTO
Diante da problemática da poluição dos recursos hídricos, proporcionadas pela diluição dos esgotos tanto
domésticos quanto industriais, torna-se de suma importância a busca de soluções para a preservação ambien-
tal deste bem.
Através desta problemática, vários sistemas de tratamento de esgoto vem sendo propostos para amenizar
esta agressão. Os esgotos oriundos de uma cidade são originados de 3 formas:
- Esgotos Domésticos (residências, instituições e comércio);
- Despejos Industriais (diversas origens e tipos de industrias);
- Águas de Infiltração.
Sistema de Coleta de Esgoto
Um sistema de esgotamento sanitário é composto por um conjunto de estudos, onde se define os vários
parâmetros construtivos da rede (vazões, população atendida, escolha da alternativa mais adequada, etc.).
Podemos classificar o sistema de esgoto em três tipos:
- Sistema de Esgotamento Unitário, ou Sistema combinado: as águas pluviais, águas residuárias (domésti-
cas e industriais) e águas de infiltração veiculam na mesma rede;
- Sistema de Esgotamento Separador Parcial: apenas uma parcela da água da chuva (telhados e pátios das
casas) veiculam com o esgoto na mesma tubulação;
- Sistema Separador Absoluto: destinado a coletar e transportar as águas pluviais e águas residuárias em

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redes independentes. No Brasil, este sistema é muito utilizado.
Um sistema de coleta de esgoto é constituída pelos seguintes componentes:
- Rede Coletora: é composta por tubulações principais ou tronco, que receber a contribuição das tubulações
secundárias ( ligada ao esgoto predial) e conduz para um interceptor ou emissário;
- Interceptores: recebe os efluentes das canalizações principais, não recebendo esgoto das ligações pre-
diais;
- Emissários: destinado a conduzir o esgoto coletado para a estação de tratamento;
- Sifão Invertido: tem como finalidade superar obstáculos naturais , com funcionamento sobre pressão;
- Corpo de Água Receptor: destino final do lançamento do esgoto tratado (rio, lago, mar, etc.);
- Estação Elevatória: obra destinada a elevar o esgoto para uma cota mais alta, através de equipamentos
eletromecânicos;
- Estação de tratamento: instalações com a finalidade de remoção dos poluentes presentes na água, antes
do seu lançamento num corpo receptor.
A estação de tratamento de esgoto tem como objetivo à remoção dos poluentes presentes nas águas ser-
vidas, de forma que o lançamento do efluente no corpo receptor seja de acordo com os padrões previstos. O
esgoto é captado na área urbana e transportado pela rede coletora até a estação de tratamento.
O tratamento dos esgotos normalmente é classificado em preliminar, primário, secundário e terciário, ou seja
através do nível de tratamento implantado. Para o tratamento preliminar e primário predomina o processo físico
de remoção de poluentes. Já no tratamento secundário e terciário predomina o processo biológico.
O processo químico utiliza substância químicas na qual predominam os mecanismos de precipitação, adsor-
ção e desifecção.
Tratamento Preliminar
Destina-se basicamente na remoção de sólidos grosseiros e areias. Seu processo é composto pelas seguin-
tes unidades:
- Grade: objetiva-se a remoção de materiais grosseiros com dimensões maiores que o espaçamento entre
as barras. Pode ser utilizado também peneiras rotativas ou trituradores;
- Desarenadores: visa a remoção de areia contida no esgoto, através do processo de sedimentação. A fina-
lidade básica da remoção da areia é evitar a abrasão nos equipamentos e tubulações, eliminar a possibilidade
de obstrução e facilitar o transporte do líquido;
- Peneiramento: tem como principal finalidade a remoção de sólidos com granulometria superior a 0,25mm.
Pode-se encontrar dois tipos de peneiras estática e rotativa.
Tratamento Primário
Visa a remoção de sólidos sedimentáveis e parte da matéria orgânica. O esgoto após passar pelo tratamento
preliminar, contém ainda sólidos em suspensão não grosseiros e sólidos flutuantes, a qual são removidos no
tratamento primário:
Decantador Primário: são tanques circulares ou retangulares de grande dimensões, com um tempo de de-
tenção em torno de duas horas. A remoção dos sólidos ocorre através do processo físico de sedimentação,
acumulando nesta unidade um grande volume de lodo.

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IMPLANTAÇÃO, OPERAÇÃO, MONITORAMENTO E ENCERRAMENTO DE ATERROS SANITÁ-
RIOS
O aterro sanitário é uma obra de engenharia projetada sob critérios técnicos, cuja finalidade é garantir a dis-
posição dos resíduos sólidos urbanos sem causar danos à saúde pública e ao meio ambiente.
É considerado uma das técnicas mais eficientes e seguras de destinação de resíduos sólidos, pois permite
um controle eficiente e seguro do processo e quase sempre apresenta a melhor relação custo-benefício. Pode
receber e acomodar vários tipos de resíduos, em diferentes quantidades, e é adaptável a qualquer tipo de co-
munidade, independentemente do tamanho. O aterro sanitário comporta-se como um reator dinâmico porque
produz, através de reações químicas e biológicas, emissões como o biogás de aterro, efluentes líquidos, como
os lixiviados, e resíduos mineralizados (húmus) a partir da decomposição da matéria orgânica.
Normas técnicas
Todo projeto de aterro sanitário deve ser elaborado segundo as normas preconizadas pela Associação Bra-
sileira de Normas Técnicas (ABNT). No caso dos aterros sanitários Classe II, a norma a ser seguida é a de nú-
mero NBR 8419/ NB 843, que descreve as diretrizes técnicas dos elementos essenciais aos projetos de aterros,
tais como impermeabilização da base e impermeabilização superior, monitoramento ambiental e geotécnico,
sistema de drenagem de lixiviados e de gases, exigência de células especiais para resíduos de serviços de
saúde, apresentação do manual de operação do aterro e definição de qual será o uso futuro da área do aterro
após o encerramento das atividades.
De acordo com a Norma NBR 8419/84, o projeto de um aterro sanitário deve ser obrigatoriamente consti-
tuído das seguintes partes: memorial descritivo, memorial técnico, apresentação da estimativa de custos e do
cronograma, plantas e desenhos técnicos.
Assim como os aterros sanitários de resíduos sólidos urbanos têm normas específicas, outros tipos de ater-
ros, como os de resíduos perigosos, também devem ser elaborados seguindo os princípios técnicos estabele-
cidos pelas normas descritas a seguir:
- Apresentação de projetos de aterros de resíduos industriais perigosos – Procedimento - NBR 8418 / NB
842;
- Apresentação de projetos de aterros de resíduos perigosos - Critérios para projeto, construção e operação
- NBR 10157 / NB 1025;
- Apresentação de projetos de aterros de resíduos não perigosos – Critérios para projeto, implantação e
operação – Procedimento - NBR 13896.
Licenciamento ambiental
Todo aterro, antes de ser implementado, deve obter as licenças exigidas pelos órgãos ambientais, muni-
cipais, estaduais ou federal. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) regula, em nível nacional, o
licenciamento desse tipo de atividade através das seguintes resoluções:
Resolução CONAMA 01/1986 – define responsabilidades e critérios para a Avaliação de Impacto Ambiental
e define atividades que necessitam do Estudo de Impacto Ambiental (EIA), bem como do Relatório de Impacto
Ambiental (RIMA).
Resolução CONAMA 237/1997 – dispõe sobre o sistema de Licenciamento Ambiental, a regulamentação
dos seus aspectos como estabelecidos pela Política Nacional do Meio Ambiente.
Resolução CONAMA 308/2002 – estabelece as diretrizes do Licenciamento Ambiental de sistemas de dispo-
sição final dos resíduos sólidos urbanos gerados em municípios de pequeno porte. Assim, segundo as diretrizes
dessas resoluções, devem ser requeridas as seguintes licenças:
Licença Prévia (LP) – é requerida com a apresentação do projeto básico, com vistas à verificação da ade-
quação da localização e da viabilidade do empreendimento. Com base nesse pedido, quando for necessária a
realização de um Estudo de Impacto Ambiental, o órgão de controle ambiental procederá à elaboração de uma
Instrução Técnica, que é uma orientação sobre os aspectos relevantes, relacionados ao projeto e ao local, que
devem ser enfocados no EIA e no respectivo RIMA. O EIA é o relatório técnico que apresenta o conjunto de ati-
vidades técnicas e científicas destinadas a identificar, prever a magnitude e valorar os impactos de um projeto e
suas alternativas. O RIMA é o documento que consubstancia, de forma objetiva, as conclusões do EIA, elabora-

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do em linguagem corrente adequada à sua compreensão pelas comunidades afetadas e demais interessados.
Durante a análise do EIA pelo órgão de controle ambiental, o RIMA fica disponível aos interessados no projeto.
A avaliação de impacto ambiental é apresentada em audiência pública, para conhecimento e apreciação dos
interessados, e as considerações feitas nessa ocasião são analisadas para eventual incorporação no parecer
final do órgão de controle. O EIA e o RIMA devem ser feitos por uma empresa contratada pelo empreendedor,
pois este não tem permissão para realizar tais estudos diretamente.
Licença de Instalação (LI) – após os estudos serem aprovados (EIA/RIMA), e o projeto executivo elaborado,
o empreendedor solicita a licença de instalação da obra. Com a concessão da LI pelo órgão ambiental respon-
sável, o empreendedor poderá dar início à obra do aterro sanitário, para a implantação do projeto aprovado.
Licença de Operação (LO) – concluída a obra, solicita-se a licença para operar o aterro sanitário, que será
concedida desde que a obra tenha sido implantada de acordo com o projeto licenciado na LI. De posse da LO,
o empreendedor poderá iniciar a operação do aterro sanitário.
Projeto
O projeto de concepção de um aterro sanitário passa por várias etapas. A primeira refere-se aos estudos
preliminares, que consistem na caracterização do município e na elaboração de um diagnóstico do gerencia-
mento de resíduos sólidos no local. Esses estudos visam a levantar informações sobre a geração per capita
de resíduos sólidos gerados no município, a composição gravimétrica e os serviços de limpeza executados. A
segunda etapa consiste na escolha da área adequada para a instalação, considerada a partir de critérios téc-
nicos, ambientais, operacionais e sociais. A área escolhida deve ser caracterizada através de levantamentos
topográficos, geológicos, geotécnicos, climatológicos e relativos ao uso de água e solo. Na concepção do pro-
jeto devem ser apresentadas a escolha e a justificativa da escolha de cada uma dos vários elementos que com-
põem um aterro sanitário, como a drenagem das águas superficiais, a impermeabilização da camada superior
e inferior, a drenagem e o tratamento dos lixiviados e gases, bem como o plano de monitoramento para avaliar
o impacto causado pela obra, os métodos de operação do aterro e as sugestões de uso futuro da área após
encerramento das atividades. A implantação de equipamentos para a captura e o aproveitamento do biogás
visando à utilização do MDL em aterros já licenciados deve ser precedida pela realização dos procedimentos
necessários à adequação da licença ambiental existente.
Estudo de área
A seleção da área para a construção do aterro sanitário é uma fase muito importante no processo de implan-
tação. A escolha correta do local é um grande passo para o sucesso do empreendimento, pois diminui custos,
evitando gastos desnecessários com infraestrutura, impedimentos legais e oposição popular. Em geral, faz-se
primeiro uma pré-seleção de áreas disponíveis no município e, a partir de então, realiza-se um levantamento
dos dados dos meios físico e biótico. É comum construir o aterro sanitário em uma área contígua ao antigo li-
xão, desde que este não esteja situado em locais de risco ou restrição ambiental. Em certos casos, a prefeitura
tem interesse em utilizar determinadas áreas, seja porque são áreas degradadas por atividades anteriores, seja
porque são áreas erodidas ou, até mesmo, que não se prestam a outras atividades.
Nesse sentido, é importante traçar critérios para a escolha da área, os quais devem ser amplos, abrangendo
tanto questões técnicas como econômicas, sociais e políticas. Os critérios técnicos são impostos pela norma da
ABNT NBR 10.157 e pela legislação federal, estadual e municipal. Esses condicionantes abordam desde ques-
tões ambientais, como o limite de distância de corpos hídricos e a profundidade do lençol freático, até aspectos
relativos ao uso e à ocupação do solo, como o limite da distância de centros urbanos, a distância de aeroportos
etc. Os critérios econômicos dizem respeito aos custos relacionados à aquisição do terreno, à distância do cen-
tro atendido, à manutenção do sistema de drenagem e ao investimento em construção. Finalmente, os critérios
políticos e sociais abordam a aceitação da população à construção do aterro, o acesso à área através de vias
com baixa densidade e a distância dos núcleos urbanos de baixa renda.
Alguns pontos fundamentais devem ser observados na escolha da área:
- O aterro não deve ser instalado em áreas sujeitas a inundação;
- Entre a superfície inferior do aterro e o mais alto nível do lençol freático deve haver uma camada natural de
solo, de espessura mínima de 1,50 m;
- O aterro deve ser instalado em uma área onde haja predominância de material de baixa permeabilidade,
com coeficiente de permeabilidade (k) inferior a 5x10-5 cm/s;

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- O aterro só pode ser construído em área permitida, conforme legislação local de uso do solo;
- Deve-se atentar para a proximidade de aeroportos e aeródromos.
Monitoramento
É de extrema importância o monitoramento do aterro, tanto durante a sua operação quanto após o encerra-
mento das atividades, para garantir a preservação do meio ambiente, a salubridade da população do entorno e
a segurança da obra, bem como a estabilidade do maciço e a integridade dos sistemas de drenagem de lixivia-
dos e gases. O sistema é composto de monitoramento ambiental e geotécnico, descritos a seguir:
Monitoramento Ambiental
Deve ser realizado de forma a atender aos órgãos de controle ambiental e à legislação vigente:
- Controle das águas superficiais através de análises físico-químicas e bacteriológicas em pontos determina-
dos tecnicamente, a montante e a jusante do aterro;
- Monitoramento das águas subterrâneas – instalação de poços, a montante e a jusante no sentido do fluxo
do escoamento preferencial do lençol freático;
- Estação pluviométrica – grandes aterros;
- Controle da qualidade do chorume após o tratamento, através de análises físico-químicas para caracteri-
zação do chorume;
- Controle da descarga de líquidos lixiviados no sistema de tratamento.
Monitoramento Geotécnico
- Inspeção visual – indícios de erosão e trincas e fissuras na camada de cobertura ou qualquer outro sinal do
movimento da massa de resíduos;
- Deslocamentos verticais e horizontais – marcos superficiais e inclinômetro;
- Medidas de pressões de gases e líquidos no interior do maciço – piezômetros.
Em um aterro sanitário concebido com o objetivo de viabilizar a venda de créditos de carbonos através do
Mecanismo de Desenvolvimento Limpo, devem ser monitorados periodicamente a pressão, a vazão, a tempe-
ratura e a composição do biogás.
Além do monitoramento descrito acima, é necessário que se tenha um controle sobre os resíduos, de modo
a conhecer as suas características físicas, como composição gravimétrica, teor de umidade e densidade.

Tratamento Secundário
O principal objetivo do tratamento secundário é a eliminação biológica da matéria orgânica dissolvida e ma-
téria orgânica em suspensão.
O processo tem como finalidade de acelerar os mecanismos de degradação, que ocorre naturalmente na

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natureza. Esta decomposição biológica pode ser através do processo aeróbio ou anaeróbio.
Existe uma grande variedade de métodos de tratamento para o nível secundário, sendo que os mais comuns
são:
- Lagoas de Estabilização;
- Lodos Ativados;
- Decantador Secundário;
- Filtro Biológico;
- Tratamento Anaeróbio;
- Disposição no Solo.
Lagoas de Estabilização: São unidades de simples construção, baseado principalmente no movimento de
terras de escavação e preparação dos taludes. As lagoas se apresentam como uma solução de baixo custo
para o tratamento dos esgotos, porém requer grandes áreas para sua implementação. Existem vários sistemas
de lagoas de estabilização, onde ocorre processos anaeróbios e aeróbios ou os dois processos simultâneos.
Lodos Ativados: São tanque geralmente de concreto, com dimensões reduzidas comparadas as lagoas de
estabilização. Este sistema apresenta um elevado consumo de energia elétrica em função de sua operação
mecânica de aeração e recirculação. O processo por lodos ativados são constituídos de um reator aerado, de-
cantador secundário e recirculação do lodo.
A remoção da matéria orgânica, ocorre através da metabolização pelas bactérias aeróbias que crescem e
se reproduzem continuamente no reator, produzindo grande quantidade de lodo. Os sólidos que são contidos
no decantador secundário são recirculados para o reator, aumentando a concentração de bactérias elevando
assim, a eficiência do sistema.
Decantador Secundário: São tanques circulares ou retangulares de grande dimensões que recebem efluen-
tes floculados ou de tanques de aeração. Estes tanques tem a finalidade de remoção dos sólidos em suspen-
são sedimentáveis, onde acumulam grande volume de lodo. Este lodo pode ser removido mecanicamente com
raspadores de fundo, geralmente utilizado em grandes estações de tratamento ou com descarte hidráulico,
através de cargas hidrostáticas.
Filtro Biológico: Os filtros são normalmente circulares com processo aeróbio, compreendido basicamente de
um leito de material grosseiro. Os esgotos percolam o leito permitindo o crescimento bacteriano na superfície
do material suporte, formando uma película fixa. A matéria orgânica é absorvida pela película microbiana para
sua estabilização.
Tratamento Anaeróbio: São processos de baixa produção de lodo, em condições de ausência de oxigênio.
Apresenta baixo custo operacional, não necessitando de uma demanda de área. No entanto, possibilitam a ge-
ração de maus odores e um efluente com aspecto desagradável. Neste processo a degradação biológica é de
40 a 50%, que é consequentemente transformado em CO2 e metano. Os sistemas de tratamento anaeróbios
são:
- fossas sépticas – filtro anaeróbio;
- reatores anaeróbio de manto de lodo (RAFA ou UASB).
Disposição do Efluente no Solo: A disposição do esgoto no solo pode ser uma forma de disposição final de
tratamento. Neste sistema aparecem mecanismos de ordem física, química e biológica. O poluente no solo tem
basicamente, três possíveis destinos:
- retenção no solo;
- retenção pelas plantas;
- aparecimento na água subterrânea.
Tratamento Terciário
Objetiva-se a remoção de poluentes específicos e um complemento na remoção dos poluentes do trata-
mento secundário. Podendo-se utilizar lagoa de maturação, cloração, ozonização, sistema wetlands, etc. Os

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principais poluentes removidos pelo processo terciário são:
- Compostos não biodegradáveis;
- Patogênicos;
- Metais pesados;
- Sólidos inorgânicos dissolvidos;
- Sólidos em suspensão remanescentes.
Lagoa de maturação: Destinada a oferecer um polimento para o tratamento de esgoto, tendo como princi-
pal finalidade promover a remoção de patogênicos. A eficiência deve ser maior que 99,9% na eliminação dos
coliformes, para o cumprimento dos padrões exigidos (CONAMA Nº20). Apresenta-se como uma alternativa
econômica em relação aos outros processos de tratamento.
Ozonização: Utilizado para a remoção da cor e dos resíduos orgânicos refratários presentes no efluente. O
ozônio pode oxidar a matéria orgânica diretamente ou indiretamente.
Cloração: O cloro pode ser aplicado sobre a forma gasosa ou como solução aquosa. Atua como um pode-
roso oxidante na desinfecção para garantir a qualidade microbiológica desejada para o lançamento do efluente
no corpo receptor.
Tratamento do Lodo
Adensador do Lodo - O adensamento de lodo consiste na diminuição do excesso de água contido na massa
de lodo, formada nos decantadores. Os adensadores podem ser mecanizados ou não, porém somente os não
mecanizados podem ser usados em pequenas estações.
Flotação - O processo de flotação apresenta como objetivo a remoção dos sólidos em suspensão e o es-
pessamento de lodos. Substâncias químicas são as vezes utilizadas para o melhoramento da eficiência do
tratamento.
Desidratação do Lodo - O lodo removidos no tratamento de águas residuárias, deverá ser desaguado em
sistemas de desidratação, antes de sua disposição final. São utilizados os seguintes sistema de desaguamento:
- Leitos de Secagem;
- Filtro-prensa de esteira (Belt-Press);
- Filtro-presa de placas;
- Filtro à vácuo;
- Centrífugas;
- Lagoas de lodo.
O leito de secagem é o sistema comumente usado na desidratação utilizados quando a estação de tratamen-
to há disponibilidade de áreas. A eficiência está ligada diretamente com a evaporação e a drenagem da água
contida no lodo. Os leitos são tanques com alturas reduzidas, contendo uma camada drenante de areia e brita.
Reuso de águas cinzas em edificações
As águas cinzas são aquelas provenientes dos lavatórios, chuveiros, tanques e máquinas de lavar roupa
e louça. Porém, quanto ao conceito de água cinza, observa-se que é um conceito sobre o qual ainda não há
consenso internacional.
O reúso da água em edificações é perfeitamente possível, desde que seja projetado para este fim, respeitan-
do todas as diretrizes a serem analisadas, ou seja, evitar que a água reutilizada seja misturada com a água tra-
tada e não permitir o uso da água reutilizada para consumo direto, preparação de alimentos e higiene pessoal.
Porém, a qualidade necessária para atender aos usos previstos deve ser rigorosamente avaliada, para a ga-
rantia da segurança sanitária. Há distinções significativas entre águas cinzas e águas negras (esgoto da bacia
sanitária), que nos mostram que elas não devem ser misturadas, conforme a Figura 3.

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Figura 3: Diferenças entre águas negras e outros efluentes.
A configuração básica de um sistema de utilização de água cinza seria o sistema de coleta de água servida,
do subsistema de condução da água (ramais, tubos de queda e condutores), da unidade de tratamento da água
(por exemplo, gradeamento, decantação, filtro e desinfecção) e do reservatório de acumulação. Pode ainda ser
necessário um sistema de recalque, o reservatório superior e a rede de distribuição (SANTOS, 2002).
Dados já publicados sobre a parametrização do consumo de água na edificação mostram uma hierarquia
baseada na magnitude do consumo, no intuito de identificar prioridades das ações de economia de água, con-
forme o Quadro 3.

Quadro 3: Parametrização do consumo da água nas edificações domiciliares (SANTOS, 2002).


Para Bakir (apud MANCUSO, 2003), o reúso da água cinza (greywater) para finalidades não potáveis, como
jardinagem e descarga em bacias sanitárias, deve ser estimulado também como meio de diminuir o porte da
instalação da estação de tratamento de esgotos. O Chipre é um dos países do MENA onde vigora um programa
subsidiado para os domicílios que desejam instalar sistemas de reúso de água cinza para as descargas das
bacias sanitárias. Deve-se atentar para o fato de que as canalizações internas de coleta já são separadas nas
residências.
Águas pluviais
O aproveitamento da água pluvial consiste em utilizar essa água como fonte alternativa para fins não potá-
veis. A água da chuva também é uma fonte alternativa importante, principalmente nas regiões onde o regime
pluviométrico é abundante e distribuído ao longo do ano. Afinal, por que deixar ir embora uma água da chuva,
que, sem ter aproveitamento, ainda vai encher as ruas e provocar enchentes. A água da chuva tem várias dife-
renças qualitativas quando comparada à água cinza, como será observado posteriormente.
A configuração básica de um sistema de reaproveitamento de água da chuva apresenta a área de captação
(como telhado, laje ou piso), a condução de água (calhas, condutores verticais e horizontais), a unidade de
tratamento e o reservatório de acumulação (SANTOS, 2002). Dependendo do fim a que essa água se destina,
do nível de poluição atmosférica da cidade e dos resultados das análises, essa água para reuso não precisa de
tratamento prévio. Pode ser adicionado a esse sistema o reservatório de autolimpeza, que possibilita o descarte
do volume inicial da água que literalmente lava a área de captação.

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Reuso de esgoto tratado
Águas de qualidade inferior, como esgoto domésticos e industriais, águas de drenagem de pátios, águas
salobras, devem ser utilizadas como fontes alternativas para usos menos restritivos (PIO, 2005). Assim, o reuso
contribui para a diminuição da quantidade de água captada nos mananciais destinadas ao abastecimento, au-
mento da vida útil das Estações de Tratamento de Água (ETA) e diminuição dos custos com buscas por novos
corpos hídricos e instalações de novas ETA (MORUZZI, 2008).
Para a prática do reuso deve-se avaliar as características do efluente e os requisitos na qualidade exigidos
para tal finalidade, para que deste modo, o efluente seja encaminhado para o tratamento adequado (FIESP e
CIESP, 2004). A Figura 3 representa os diversos níveis de qualidade da água.

Figura 3: Níveis de qualidade da água.

Água Potável; Sistema de Tratamento d’água; Fluoretação da Água

A qualidade da água
A vida humana, assim como a de todos os seres vivos depende da água.
Mas a nossa dependência da água vai além das necessidades biológicas: precisamos dela para limpar as
nossas casas, lavar as nossas roupas e o nosso corpo. E mais: para limpar máquinas e equipamentos, irrigar
plantações, dissolver produtos químicos, criar novas substâncias, gerar energia.
É aí que está o perigo: a atividade humana muitas vezes comprometa a qualidade da água. Casas e indús-
trias podem despejar em rios e mares substâncias que prejudicam a nossa saúde. Por isso, escolher bem a
água que bebemos e proteger rios, lagos e mares são cuidados essenciais à vida no planeta.
Água potável
A água potável é aquela popularmente chamada água pura. Para ser bebida por nós, a água deve ser inco-
lor, insípida (sem sabor) e inodora (sem cheiro). Ela deve estar livre de materiais tóxicos e microorganismos,
como bactérias, protozoários etc., que são prejudiciais, mas deve conter sais minerais em quantidade neces-
sária à nossa saúde.
A água potável é encontrada em pequena quantidade no nosso planeta e não está disponível infinitamente.
Por ser um recurso limitado, o seu consumo deve ser planejado.
Água destilada
A água potável deve ter certa quantidade de alguns sais minerais dissolvidos, que são importantes para a
nossa saúde. A água sem qualquer outra substância dissolvida é chamada de água destilada. Veja como
se consegue água destilada.
Para retirar sais minerais e outros produtos dissolvidos na água, utiliza-se um processo chamado destila-
ção. O produto dessa destilação, a água destilada, é usado em baterias de carros e na fabricação de remédios
e outros produtos. Não serve para beber, já que não possui os sais minerais necessários ao nosso organismo.

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Veja como funciona o aparelho que produz água destilada, o destilador:

Observe que a água ferve (1) com ajuda do (2) Bico de Bunsen (chama que aquece a água), transformando-
-se em vapor (3), e depois se condensa (4), voltando ao estado líquido. Os sais minerais não vaporizam, mas
ficam dentro do vidro onde a água foi fervida (chamado balão de destilação).
Água mineral
A água do mar é salgada porque tem muito cloreto de sódio, que é o sal comum usado na cozinha. Justa-
mente por ter tanto sal, não é potável. Se bebermos água do mar, o excesso de sal nos fará eliminar mais água
na urina do que deveríamos, e começamos então a ficar desidratados.
Já a água doce, dos rios, lagos e fontes, tem menos sal que a água do mar e pode ser bebida - desde que
esteja sem micróbios e produtos tóxicos ou que tenha sido tratada para eliminar essas impurezas.
A chamada água mineral é água que brota de fontes do subsolo. Ela costuma ter alguns sais minerais em
quantidade um pouco maior que a água utilizada nas residências e, às vezes outros sais.
A água mineral é, em geral potável e pode ser bebida na fonte ou engarrafada - desde que a fonte esteja pre-
servada da poluição e da contaminação ambiental e que o processo de engarrafamento seja feito com higiene.
Tratamento de água para abastecimento: Estações de Tratamento de Água (ETAs), tipos de estação,
etapas do tratamento
Quando falamos em saneamento básico, logo imaginamos o abastecimento de água e o esgotamento sani-
tário, porém nunca nos perguntamos como funciona cada um deles.
Já sabemos, de acordo com os dados do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento (SNIS),
2017, que apenas 52,36% da população têm acesso à coleta de esgoto e 46% dos esgotos do país são trata-
dos. Já em relação ao abastecimento de água, 83,5% dos brasileiros são atendidos com esse essencial recur-
so, totalizando quase 35 milhões de brasileiros sem o acesso a este serviço básico.
A água é algo extremamente essencial para nossas vidas, e antes de chegar as nossas casas, a mesma
necessita-se de diversos estágios de tratamento para que se torne potável e saudável para consumo. Entenda
agora um pouco melhor o caminho que nossas águas fazem durante seu tratamento.
A água para ser tratada passa pela estação de tratamento de água (ETA), que é um local em que realiza
a purificação da água captada de alguma fonte para torná-la própria para o consumo e assim utilizá-la para
abastecer a população. A captação da água normalmente é feita em rios ou represas que possam suprir a
demanda por água da população e das indústrias, há também a captação das águas superficiais, por meio de
poços perfurados.
Antes de ir para o sistema de distribuição de água, a mesma passa por processos de tratamento com diver-
sas etapas. Esses processos podem ser físicos e químicos, fazendo com que a água obtenha todas as proprie-
dades necessárias para que a tornem própria para o nosso consumo.
Conheça as etapas do tratamento de água
1° Etapa – Captação

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A água sem tratamento e imprópria ao consumo humano é retirada de mananciais, reservatórios hídricos
utilizados para o abastecimento de água.
Nessa etapa a água passa por um gradeamento (sistema de grades) que impede a entrada de elementos
sólidos contidos na água, como folhas, galhos e troncos, por exemplo, na ETA.
Daí a água segue para a desarenação, onde ocorre a remoção de areia por sedimentação, melhorando o
processo de pré-tratamento da água, e por fim, ela é bombeada para a estação de tratamento.
2º Etapa – Adução
Transporte de água do manancial ao tratamento ou da água tratada ao sistema de distribuição, normalmente
por meio de bombas que levam a água captada até a ETA.
3° Etapa -Coagulação
Nessas águas que serão tratadas existem impurezas cujas partículas são pequenas, elas não se sedimen-
tam (não se depositam no fundo do recipiente) sob a ação da gravidade.
Por isso, é necessário acrescentar à água coagulantes químicos. Geralmente, aqui no Brasil, o coagulante
utilizado é o sulfato de alumínio (Al2(SO4)3).
Esse produto favorece a união das partículas e impurezas da água, facilitando a remoção na decantação.
Esses coagulantes são insolúveis na água e geram íons positivos (cátions) que atraem as impurezas carrega-
das negativamente nas águas.
4° Etapa – Floculação
A água é agitada fortemente por cerca de 30 segundos por um agitador mecânico, com a finalidade de
aumentar a dispersão do coagulante. Depois o sistema é agitado lentamente, permitindo o contato entre as
partículas.
Etapa na qual a água é submetida à agitação mecânica, para que as impurezas formem flocos maiores e
mais pesados.
5° Etapa – Decantação
Decantação é basicamente o ato de separar, por meio da gravidade, os sólidos sedimentáveis que estão
contidos em uma solução líquida. Os sólidos sedimentam no fundo do decantador de onde acabam sendo re-
movidos como lodo, enquanto o efluente, livre dos sólidos, decanta pelo vertedouro.
6° etapa – Filtragem
A água decantada é encaminhada às unidades filtrantes onde é efetuado o processo de filtração. Consiste
em passar a água através de Filtros formados por camadas de areia grossa, areia fina, cascalho, pedregulho e
carvão, capazes de reter os flocos que passam sem decantar-se, ou outras impurezas.
7° Etapa – Desinfecção
É feita uma última adição de cloro no líquido antes de sua saída da Estação de Tratamento. Ela garante que
a água fornecida chegue isenta de bactérias e vírus até a casa do consumidor. Água recebe adição de cloro,
flúor e controle do PH.
8° Etapa – Reservação
A água é armazenada em reservatórios, com duas finalidades: Manter a regularidade do abastecimento e
atender às demandas excessivas, como as que ocorrem nos períodos de calor intenso ou quando, durante o
dia, usa-se muita água ao mesmo tempo.
Quanto à sua posição em relação ao solo, os reservatórios são classificados em subterrâneos (enterrados),
apoiados e elevados.
Processos de tratamento
1. Sistema de Tratamento de Água Convencional
É um sistema composto de Adutora, floculadores, decantadores, filtros e reservatórios e é denominado con-
vencional por ser comumente encontrado na maioria das estações de tratamento de água.

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Etapas do Processo de Tratamento Convencional:
Coagulação e Floculação
Nestas etapas, as impurezas presentes na água são agrupadas pela ação do coagulante, em partículas
maiores (flocos) que possam ser removidas pelo processo de decantação. Os reagentes utilizados são deno-
minados de coagulantes. Em suas estações de Tratamento de Água o SAAE utiliza, como agente coagulante,
Sulfato de Alumínio Ferroso Líquido. Nesta etapa também podem ser utilizados agentes alcalinizantes (Cal
Hidratada), caso haja necessidade de correção de pH para uma atuação mais efetiva do coagulante. Na coa-
gulação ocorre o fenômeno de agrupamento das impurezas presentes na água e, na floculação, a produção
efetiva de flocos.
Decantação
Processo de separação de partículas sólidas da água, pela ação da gravidade, quando se anula ou diminui
a velocidade de escoamento do líquido, propiciando a sedimentação dessas partículas. Desta forma há a sepa-
ração efetiva dos flocos em tanques de decantação, normalmente de formato retangular.
.Filtração
A água decantada é encaminhada às unidades filtrantes onde é efetuado o processo de filtração. Um filtro
é constituído de um meio poroso granular, normalmente areia, de uma ou mais camadas, instalado sobre um
sistema de drenagem, capaz de reter e remover as impurezas ainda presentes na água.
Desinfecção
A desinfecção é a destruição ou inativação de organismo patogênicos capazes de provocar doenças ou ou-
tros organismos indesejáveis. Para efetuar a desinfecção de águas de abastecimento utiliza-se de um agente
físico ou químico (desinfetante), o cloro, e por isso o termo desinfecção é comumente substituído por cloração
Além do Cloro, há a possibilidade de utilização de outros agentes desinfectantes, citados em ordem de frequ-
ência: Ozônio, luz ultra- violeta e íons de prata.
Atualmente há dois pontos de dosagens, classificados com pré-cloração e cloração final. A pré-cloração
ocorre no início do tratamento e tem por objetivo principal auxiliar a eficiência da coagulação, realizar o controle
de algas e microrganismo e reduzir a produção de certos gostos e odores. A cloração final visa garantir total
desinfecção e qualidade biológica da água a ser distribuída. Ocorre após os processos de filtração.
Tanque de Contato
O tanque de contato é o recipiente, ou dispositivo, onde se processa a desinfecção final. Muito mais do que
ser um ponto de dosagem de cloro, o tanque de contato tem a função de homogeneizar a ação do cloro na
água. Suas dimensões e características permitem que todas as parcelas de água no sistema possuam total
desinfecção.
Correção de pH
A correção do pH é efetuada através da adição de produtos químicos para que a água não se torne exces-
sivamente ácida. A acidez possibilita a corrosão de tubulações e equipamentos. No entanto, correntes excessi-
vamente alcalinas podem provocar incrustações. Para ajuste do pH, o SAAE utiliza dois produtos distintos, que
variam suas utilizações de acordo com as características da água a serem dosadas. Estes são Carbonato de
Sódio (Barrilha) e Cal Hidratada.
Fluoretação
A fluoretação da água de abastecimento público é efetuada através de compostos à base de fluor. A aplica-
ção destes compostos na água de abastecimento público contribui para a redução da incidência de cárie den-
tária em até 60%, se as crianças ingerirem desde o seu nascimento, quantidades adequadas de íon fluoreto. A
dosagem média utilizada de íon fluoreto é de 0,8 mg /l (ppm) de acordo com a temperatura local.
2. Processo de tratamento por filtração direta (Micro floculação)
Neste processo, todas as etapas do tratamento convencional se repetem, exceto a etapa de decantação,
pois esta é realizada diretamente dentro dos filtros de areia. Portanto, na planta de tratamento não existem
decantadores.
3. Sistema de Tratamento de Água por Flotação

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É um sistema composto de Adutora, floculadores, flotador, filtros e reservatórios. É diferenciado do sistema
convencional devido à substituição dos decantadores por flotadores. Este sistema de tratamento abrange a
combinação dos processos físico e químico, por meio dos quais promove-se a aglutinação dos sólidos totais
presentes nas águas poluídas (floculação), a sua ascensão pela insuflação de ar na forma de microbolhas (flo-
tação) e a remoção do lodo pela superfície da água.
Como funciona a Flotação
A flotação é um moderno processo de separação, utilizado em diversos setores industriais. Nela estão en-
volvidos os três estados físicos da matéria: Sólido, líquido e gasoso.
O processo de flotação é o inverso da sedimentação, no qual as partículas são capturadas pelas bolhas de
ar, induzidas pelo borbulhamento de gás. Essas bolhas têm densidade menor que a da fase líquida e migram
para superfície arrastando as partículas seletivamente aderidas. Devido à grande quantidade de bolhas gera-
das há um aumento de contato entre bolhas e partículas, proporcionando um separação eficiente. Trata-se de
um processo complexo do ponto de vista químico, mas cuja simplicidade operacional permite sua utilização em
diversos setores para separar uma grande variedade de sólidos.
Em resumo, a flotação é um processo de separação de sólido-líquido, que anexa o sólido à superfície de
bolhas de gás fazendo com que ele se separe do líquido.
Existem vários tipos de flotação, a saber: eletro-flotação, flotação por ar disperso, flotação por ar dissolvido,
flotação por aspersão (nozzle), flotação centrifuga, flotação rápida e flotação por cavitação.
A utilização da flotação no processo de tratamento da água:

A inclusão da flotação não substitui todas as etapas do processo de tratamento de Água. A adução, coagula-
ção, pré-cloração, filtração, desinfecção, fluoretação e distribuição são necessárias e continuam presentes num
Processo de tratamento de Água por Flotação. Estas são tão importantes quanto numa estação convencional.
O processo de flotação em ETAs permite que quantidades maiores de água possam ser tratadas em menos, ou
mesmo tempo, que em estações convencionais. Além disso, a flotação se adequa melhor a tipos de água cujas
características físicas não são próprias de utilização de decantação. Em plantas de tratamento por flotação, o
lodo final gerado é removido com mais facilidade que em estruturas convencionais, possibilitando várias opções
de destinação final. Outra vantagem da flotação está no espaço físico para implantação, já que decantadores
requerem áreas muito maiores. Atualmente, a utilização de torres de flotação traz custos-benefícios muito maio-
res.
Flotação por Ar dissolvido x Flotação por Ar induzido
O sistema de Flotação adotado pelo SAAE é conhecido como Flotação por Ar dissolvido, que se difere da
Flotação por Ar induzido devido à redução no tamanho das micro-bolhas. Normalmente, quantidades grandes
de bolhas muito pequenas (microbolhas) tornam o processo de flotação mais eficiente. A diminuição do tama-
nho das bolhas é possível devido à presença de compressores e câmaras de saturação. Tais componentes
permitem que água de flotação, utilizada para liberação das bolhas nos difusores, seja saturada de ar devido
a elevação de pressão. Desta forma, o oxigênio encontra-se liquefeito, sendo liberada e retornada ao estado
gasoso no momento da injeção de fluido saturado (água) nos difusores.
Produtos utilizados em Estações de Tratamento de Água por Flotação
Os produtos utilizados em Estações de Tratamento de Água por flotação são os mesmos utilizados nas Es-
tações de Tratamento Convencionais, sendo eles:
- Sulfato de Alumínio: Agente Coagulante. Produto Químico usado para separar impurezas da água

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- Cal e Barrilha: Agentes alcalinizantes. Produtos utilizados na correção do pH da água. Estes corrigem a
acidez ou a alcalinidade da água
- Flúor: Produto químico utilizado para prevenir cáries dentárias;
- Cloro: Agente Desinfetante. Produto Químico utilizado para eliminar bactérias.

Sistemas de disposição e de tratamento de lixo

Para o profissional que lida com resíduos, é de suma importância compreender a diferença que existe entre
acondicionamento e armazenamento de resíduos. Embora possuam certa similaridade, os termos são distintos
e com utilizações diferentes.
Então vamos as significações de ambas as nomenclaturas;
– Acondicionamento: é a colocação dos resíduos sólidos no interior de recipientes apropriados, revestidos,
que garantam sua estanqueidade, em regulares condições de higiene, visando a sua posterior estocagem ou
coleta.
–Armazenamento: consiste na guarda dos recipientes de resíduos contendo os resíduos já acondicionados
em abrigos podendo ser internos ou externos até a realização da coleta.
Procedimento de acordo com o tipo do resíduo
Conforme a lei 12.305 da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS) e as leis e normas referentes aos
resíduos sólidos, de acordo com a classificação do resíduo, terá um acondicionamento e armazenamento se-
gundo suas características. O intuito é proteger o meio ambiente e evitar danos à saúde.
Para realizar o armazenamento dos resíduos deverá ser seguido os critérios definidos nas normas de ar-
mazenamento a fim de garantir que os resíduos não sofram alteração da qualidade, quantidade, ou de sua
classificação, minimizando os riscos de danos ao ser humano e ao meio ambiente.
Os resíduos classificados como perigosos ou pertencentes à Classe I, não devem ser armazenados junta-
mente com os demais resíduos classificados como não perigosos conforme determina a ABNT NBR 10.004.
O local de armazenamento de produtos perigosos deverá ter uma área de contenção, fazer um inventário
e um plano de amostragem. O local de armazenamento precisa cumprir as seguintes exigências, conforme
normas vigentes:
-Coberta, ventilada, com acesso adequado e controlado para a entrada e saída dos resíduos e acesso res-
trito para pessoas não autorizadas;
-Base impermeável que impeça a lixiviação e percolação de substâncias para o solo e águas subterrâneas;
-Área de drenagem e captação de líquidos contaminados para posterior tratamento;
-Os resíduos devem estar devidamente identificados, controlados e segregados segundo suas característi-
cas de inflamabilidade, reatividade e corrosividade, evitando-se a incompatibilidade entre eles;
-Deverá estar distante de nascentes, poços, cursos d’água e demais locais sensíveis.
Muitas empresas recorrem à terceiros para armazenarem os resíduos. É necessário entretanto que haja
garantia que os resíduos não sofrerão alteração da qualidade, quantidade ou de sua classificação de acordo
com as normas e leis vigentes.
O VG Resíduos, especialista em gerenciamento de resíduos, oferece a plataforma Mercado de Resíduos.
A partir dessa ferramenta, sua empresa tem acesso a uma rede de outras empresas que precisam de local de
armazenamento de resíduos ou terceiros especializados nessa atividade.
Dicas de acondicionamento e armazenamento
A gestão dos resíduos sólidos deve ser realizada de forma cuidadosa, observando o correto cumprimento
das leis e normas. Para evitar multas e passivos ambientais, as empresas precisam promover boas práticas na
coleta, armazenamento e transporte dos resíduos.

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Vale ressaltar que está previsto na Política Nacional de Resíduos Sólidos a responsabilidade compartilhada,
atribuindo a cada integrante da cadeia produtiva e titulares do manejo de resíduos, a responsabilização pela
destinação final ambientalmente adequada.
-Gerador, transportador e destinatário final são todos corresponsáveis.
As transportadoras também devem ficar atentas quanto ao documento da movimentação e destinação final
dos Resíduos (MTR).
Armazenamento: para realizar com qualidade a coleta dos resíduos, o armazenamento precisa ser feita com
o acondicionamento de forma correta, cumprindo-se as leis e normas, sendo compatível quanto à classificação,
quantidade e volume dos resíduos.
A importância do acondicionamento adequado consiste em otimizar a operação, prevenir acidentes, minimi-
zar o impacto visual e olfativo, além de reduzir a heterogeneidade dos resíduos e, por fim, facilitar a realização
da coleta.
-É importante que os equipamentos de acondicionamento tenham dispositivos para facilitar o deslocamento,
sejam herméticos e evitem derramamento de líquidos ou que tenha resíduos expostos.
Métodos de Acondicionamento
Há muitas opções e formas de acondicionamento, vejamos:
– caçambas fechadas: podem ser utilizadas com uma grande variedade de resíduos: resíduos da construção
civil, metal, varrição, orgânicos, lodos sólidos, e outros dependendo do volume gerado;
– caçambas maiores: equipamento de grande tamanho, armazena resíduos recicláveis, madeiras, lodos,
poda varrição e outros, com volumes maiores;
– containers: armazenamento de resíduos orgânicos e recicláveis (papel, papelão e plásticos);
– Contentor de plástico: armazena resíduo orgânico e comum;
– tambores e bombonas: são mais utilizados para acondicionamento de resíduos industriais e perigosos.
Essas embalagens devem ser homolagadas pelo Inmetro;
– Compactainers: utilizado para armazenar resíduos orgânicos, onde os materiais são prensados no interior
do equipamento.
E os resíduos perigosos, como armazená-los?
Para cada tipo de resíduo, a leis e normas apresentam várias regras considerando as características, a toxi-
dade e os riscos que representam à saúde do ser humano e à natureza.
Quanto à periculosidade, alguns resíduos devem ter tratamento especial no que se refere ao acondiciona-
mento.
Por essa razão, é importante cumprir as diretrizes dadas pela norma técnica NBR 11.174 que dispõe sobre
o armazenamento de resíduos classes II não inertes e classe III inertes.
De acordo com essa norma, tais resíduos devem estar armazenados em local apropriado, com a devida
identificação, constando em local visível a sua classificação.
O local de armazenamento deve considerar a minimização dos riscos de contaminação, além de passarem
pela aprovação do órgão estadual de controle ambiental. Obrigatoriamente esses resíduos deverão ser arma-
zenados em contêineres, tambores, tanques ou a granel.
Fonte: https://www.vgresiduos.com.br/blog/entenda-a-diferenca-entre-acondicionamento-e-armazenamen-
to-de-residuo/
TIPOS DE LIXO
O lixo gerado pelos diversos segmentos da sociedade pode ser classificado de acordo com sua composição
(características físicas) e destino. Esta classificação é muito importante, pois facilita a coleta seletiva, recicla-
gem e definição do destino mais apropriado. Logo, são informações de muito valor para a preservação do meio
ambiente e manutenção da saúde das pessoas.

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Lixo orgânico

É o lixo derivado dos resíduos orgânicos. São gerados principalmente nas residências, restaurantes e es-
tabelecimentos comerciais que atuam na área de alimentação. Devem ser separados dos outros tipos de lixo,
pois são destinados, principalmente, aos aterros sanitários das cidades.
Exemplos: cascas de frutas e legumes; restos de verduras, de arroz e de feijão; restos de carnes e ovos.
Lixo reciclável

É todo lixo material que pode ser utilizado no processo de transformação de outros materiais ou na fabrica-
ção de matéria-prima. São gerados nas residências, comércios e indústrias. Devem ser separados e destinados
a coleta seletiva. São usados por cooperativas e empresas de reciclagem. A separação para a reciclagem deste
tipo de resíduo sólido é de extrema importância, pois além de gerar empregos e renda, também contribuí para
o meio ambiente. Isto ocorre, pois este lixo não vai gerar poluição em rios, solo e mar.
Exemplos: embalagens de plástico, papelão, potes de vidro, garrafas PET, jornais e revistas usadas e obje-
tos de metal.
Lixo industrial

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São os resíduos, principalmente sólidos, originários no processo de produção das indústrias. Geralmente é
composto por sobras de matérias-primas, destinados à reciclagem ou reuso no processo industrial.
Exemplos: retalhos de tecido, sobras e retalhos de metal, embalagens de matéria-prima, sobras de vidro e
etc.
Lixo hospitalar

São os resíduos originados em hospitais e clínicas médicas. São perigosos, pois podem apresentar con-
taminação e transmitir doenças para as pessoas que tiverem contato. Devem ser tratados segundo padrões
estabelecidos, com todo cuidado possível. São destinados para empresas especializadas no tratamento deste
tipo de lixo, onde geralmente são incinerados.
Exemplos: curativos, seringas e agulhas usadas, material cirúrgico usado, restos de medicamentos e até
mesmo partes do corpo humano extraídos em procedimentos cirúrgicos.
Lixo comercial

É aquele produzido pelos estabelecimentos comerciais como, por exemplo, lojas de roupas, brinquedos e
eletrodomésticos. Este lixo é quase totalmente destinado à reciclagem, pois é composto, principalmente, por
embalagens plásticas, papelão e diversos tipos de papéis.
Lixo verde
É aquele que resulta, principalmente, da poda de árvores, galhos, troncos, cascas e folhas que caem nas
ruas. Por se tratar de matéria orgânica, poderia ser utilizado para compostagem, produção de adubo orgânico
e até confecção de objetos de artesanato. Infelizmente, no Brasil, ele é destinado quase exclusivamente aos
aterros sanitários.
Lixo eletrônico

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São os resíduos gerados pelo descarte de produtos eletroeletrônicos que não funcionam mais ou que estão
muito superados.
Exemplos: televisores, rádios, impressoras, computadores, geladeiras, micro-ondas, telefones e etc.
Lixo nuclear

É aquele que é gerado, principalmente, pelas usinas nucleares. É um lixo altamente perigoso por se tratar
de elemento radioativo. Devem tratados seguindo padrões rigorosos de segurança.
Exemplos: sobras de urânio utilizados em usinas nucleares e elementos radioativos que compõem apare-
lhos de raio-x.
Lixo espacial

É o lixo gerado a partir das atividades espaciais. Ficam na órbita terrestre, gerando uma grande poluição
espacial.
Exemplos: satélites desativados, ferramentas perdidas em missões espaciais, resíduos de tintas e pedaços
de foguetes espaciais.
Coleta Seletiva e Reciclagem

Quando pensamos nos tipos de materiais descartados, a coleta seletiva é a melhor alternativa. Para tanto,

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os contentores são divididos por cores, os quais indicam o tipo de lixo a ser depositado:
Azul: aos papéis e papelões;
Verde: aos vidros;
Vermelho: para os plásticos;
Amarelo: para os metais;
Marrom: para os resíduos orgânicos;
Preto: para madeiras;
Cinza: para materiais não reciclados;
Branco: destinado aos lixos hospitalares;
Laranja: para resíduos perigosos;
Roxo: para resíduos radioativos.
Esse processo de separação tem sido uma das mais importantes alternativas para diminuir a poluição e
ainda permitir a reciclagem de diversos tipos de materiais: plástico, vidro, papel, dentre outros.
Lembre-se que a reciclagem é uma forma sustentável de reaproveitamento de materiais usados que são
transformados em novos. Assim, ela tem possibilitado a diminuição do acúmulo de lixo de diversas naturezas.
Fonte: https://www.suapesquisa.com/ecologiasaude/tipos_lixo.htm
FORMAS DE UTILIZAÇÃO DO RESÍDUO COMO MATÉRIA PRIMA
Um dos maiores desafios da sociedade, se tratando de evitar a degradação do meio ambiente e a contami-
nação dos mananciais de água e do solo, é a disposição de forma adequada dos resíduos industriais e urbanos.
A possibilidade de utilização de resíduo como matéria prima tem sido umas das principais fontes economica-
mente viáveis e ecologicamente corretas para algumas empresas que adotam a reciclagem ou a utilização de
material reciclado no seu processo produtivo.
Há inúmeros negócios de sucesso atualmente que tem como principal fonte de matéria prima o resíduo in-
dustrial que outras empresas dispõem.
O mercado de resíduo tem se tornado uma oportunidade lucrativa para várias empresas, que encontram no
seu resíduo uma fonte extra de lucro e que também atende a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Utilização de resíduo como matéria prima a partir da reciclagem
O que é reciclagem?
Reciclagem é um conjunto de técnicas cuja finalidade é aproveitar os resíduos e reintroduzi-los no ciclo de
produção. A reciclagem de resíduos proporciona várias vantagens para as empresas em relação à utilização de
matéria prima naturais: reduz o volume de extração de matérias primas, reduz o consumo de energia, emitem
menos poluentes e melhora a saúde e segurança da população.
A maior vantagem da reciclagem é a preservação dos recursos naturais, prolongando sua vida útil e reduzin-
do a destruição do meio ambiente. Em países desenvolvidos na Europa e na América do Norte, a reciclagem é
vista pela iniciativa privada, como um mercado rentável.
Muitas empresas dessas nações investem em pesquisa e tecnologia para aumentar a qualidade do produto
reciclado e proporciona maior eficiência do sistema produtivo. As principais razões que motivam estes países a
reciclarem seus rejeitos industriais é o fato que as reservas de matérias primas naturais estão se esgotando e,
também, devido ao aumento do volume de resíduos sólidos que degradam os recursos naturais.
Já no Brasil a reciclagem ainda não faz parte da cultura dos empresários e cidadãos. A utilização de resíduo
como matéria prima ainda possui índices insignificantes em relação à quantidade produzida.
As indústrias plásticas, de papel e cerâmica se destacam na utilização de resíduos como matéria prima em
seus processos de produção. Na indústria cerâmica a utilização de resíduo como matéria prima é possível por
possuir elevado volume de produção que possibilita o consumo de grandes quantidades associada a caracte-
rísticas físicas e químicas da matéria prima utilizada.

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O setor de fabricação de utilidades domésticas é o maior consumidor de reciclados de plástico no Brasil. A
utilização de uma tonelada de aparas (papel e papelão reciclado) nas indústrias de papel evita o corte de 10 a
12 árvores, economiza insumos, especialmente água utilizada nos processos de produção a partir da celulose.
Abaixo listamos alguns exemplos de resíduos que podem ser reciclados e utilizados como matéria prima:
-Vidro: potes de alimentos (azeitonas, milho, requeijão, etc.), garrafas, frascos de medicamentos, cacos de
vidro.
-Papel: jornais, revistas, folhetos, caixas de papelão, embalagens de papel.
-Metal: latas de alumínio, latas de aço, pregos, tampas, tubos de pasta, cobre, alumínio.
-Plástico: potes de plástico, garrafas PET, sacos plásticos, embalagens e sacolas de supermercado.
-Embalagens longa vida: de leite, de tomate, de sucos, etc.
Destinação final ambientalmente adequada de resíduos sólidos
Você sabe o que significa uma destinação correta de resíduos? A Política Nacional de Resíduos Sólidos
(PNRS) define que a destinação final ambientalmente adequada é a destinação que inclui a reutilização, a re-
ciclagem, a compostagem, a recuperação e o aproveitamento energético ou outras destinações, observando
normas operacionais específicas de modo que evite danos ou risco à saúde e minimize os impactos ambientais.
Leia mais no artigo: Você sabe a diferença entre destinação e disposição final?
A reciclagem tem sido adotada como uma iniciativa sustentável, sendo uma das principais formas de utiliza-
ção do resíduo. Mas como as empresas que destinam seu resíduo para reciclagem podem se certificar que o
resíduo chegou ao destino correto?
Uma delas é através do referido CDF (Certificado de Destinação Final), um documento que comprova o
destino dos resíduos enviados. É uma prova importante para possíveis auditorias e para o atendimento ou ma-
nutenção da ISO 14001, (norma da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT referente ao Sistema
de Gestão Ambiental).
O CDF serve também para o preenchimento dos relatórios de atividades exigido pelo IBAMA, bem como o
inventário de resíduos.
A reutilização reduz o uso de matéria prima
A reutilização de resíduos também é uma forma de utilização do resíduo como matéria prima. A reutilização
de resíduos prolonga a vida útil dos materiais. Produtos reutilizados devem possuir uma indicação de quantos
ciclos de produção podem passar sem alterar suas características e qualidade.
Para o setor alimentício, durante a reutilização de certos produtos é necessário tratamento antes de sua
reintegração no setor de produção.
O setor que mais reutiliza resíduo como matéria prima é o setor de embalagem.
Exemplos: garrafas de cervejas e refrigerantes que possuem vida útil em torno de um ano a 25 lavagens.
Depois desse tempo, as garrafas precisam ser recicladas para a fabricação de novas garrafas.
Os resíduos de construção civil após passar por triagem e serem reduzidos em seu tamanho podem ser
reutilizados para a construção.
A importância do gerenciamento de resíduo
O gerenciamento dos resíduosdeve ser conduzido de forma adequada. A aplicação de boas práticas na
coleta, no armazenamento, no transporte evitam perdas na qualidade possibilitando que as empresas possam
destinar adequadamente o resíduo.
A gestão adequada é o primeiro passo para que as empresas contribuam para um meio ambiente saudável.
A sua empresa realiza o gerenciamento de forma adequada? Há dúvidas? O resíduo que você gera pode ser
utilizado como matéria prima? A Verde Ghaia conta com uma consultoria online que ajudará a sua organização
a realizar essa gestão da melhor forma e seguindo as normas aplicáveis. Também, contamos com um software
online de gerenciamento de resíduos que facilitará os processos de reciclagens do seu negócio.
Fonte: https://www.vgresiduos.com.br/blog/reciclagem-formas-de-utilizacao-do-residuo-como-materia-pri-

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ma/

Métodos de controle e prevenção de zoonoses

1 VIGILÂNCIA, PREVENÇÃO E CONTROLE DE ZOONOSES


1.1 Zoonoses em geral
A execução das ações, das atividades e das estratégias de vigilância, prevenção e controle de zoonoses de
relevância para a saúde pública, além de raiva e leishmanioses, estende-se para outras doenças de transmis-
são vetorial. Assim, tais doenças subdividem-se em três grupos, sendo: zoonoses monitoradas por programas
nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde (MS), zoonoses de relevância regional ou local e zoo-
noses emergentes ou reemergentes.
As zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde são: pes-
te, leptospirose, febre maculosa brasileira, hantavirose, doença de Chagas, febre amarela,
febre d e chikungunya e febre do Nilo Ocidental. Outras doenças de transmissão vetorial que acometem
somente a espécie humana, como dengue e malária, também podem ser parte integrante das atribuições da
área de vigilância de zoonoses.
As zoonoses de relevância regional ou local, ou seja, que apresentam incidência e prevalência numa deter-
minada área do território brasileiro, mas de magnitude, transcendência, severidade, gravidade, vulnerabilidade
e potencial de disseminação também somente em nível regional ou local, são: toxoplasmose, esporotricose,
ancilostomíase, toxocaríase (larva migrans cutânea e visceral), histoplasmose, criptococose, complexo equino-
cocose – hidatidose, entre outras.
As zoonoses emergentes ou reemergentes são, respectivamente, doenças novas (exóticas) e aquelas que
reaparecem após período de declínio significativo ou com risco de aumento no futuro próximo, promovendo sig-
nificativo impacto sobre o ser humano, devido à sua gravidade e à potencialidade de deixar sequelas e morte.
Tais doenças podem ser incidentes ou prevalentes em outros
países, e de alguma forma, envolvem uma ou mais espécies de animais no seu ciclo de transmissão, sendo
introduzidas no Brasil por meio da entrada de pessoa(s), animal(is) ou de fômite(s) infectados.
Para qualquer grupo de zoonoses, as ações, as atividades e as estratégias de vigilância, prevenção e con-
trole de zoonoses executadas pela área de vigilância de zoonoses se pautam em atuar e intervir, direta ou
indiretamente, sobre as populações de animais alvo, de modo a refletir em benefício direto (quanto à redução
ou eliminação, quando possível, do risco iminente de transmissão de zoonose) à saúde da população humana.
Assim, toda ação, atividade e estratégia de vigilância, prevenção e controle de zoonoses de relevância para
a saúde pública, desenvolvidas e executadas pela área de vigilância de zoonoses, devem ser precedidas por
levantamento do contexto de impacto na saúde pública, por meio de avaliação da magnitude, da transcendên-
cia, do potencial de disseminação, da gravidade, da severidade e da vulnerabilidade referentes ao processo
epidemiológico de instalação, transmissão e manutenção de zoonoses, considerando a população exposta, a
espécie animal envolvida, a área afetada (alvo), em tempo determinado.
1.1.1 Vigilância
Rotineiramente, a área de vigilância de zoonoses deve desenvolver e executar ações, atividades e estra-
tégias de vigilância de zoonoses e, dependendo do contexto epidemiológico, também de prevenção, em seu
território de atuação. Essas atividades são organizadas e executadas da seguinte forma:
1.1.1.1 Vigilância ativa
• Zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde: as ações
caracterizam-se por serem executadas de forma permanente a fim de subsidiar os programas de controle
existentes. Para o desenvolvimento e a execução das ações de vigilância ativa, devem-se seguir as normas
técnicas vigentes dos programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde.
• Zoonoses de relevância regional ou local; zoonoses emergentes e reemergentes: caracteriza-se pelo de-

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senvolvimento e pela execução sistemática de medidas que visem identificar, oportuna e precocemente, o risco
real (iminente) de introdução ou a introdução/ reintrodução de uma zoonose, ou, ainda, a manutenção do ciclo
de transmissão de uma zoonose prevalente na área em questão, a fim de que a área de vigilância de zoonoses
local possa intervir com ações de controle.
As ações desenvolvidas nesta etapa, que também se aplicam às ações de vigilância ativa relacionadas às
zoonoses monitoradas por programas nacionais de vigilância e controle do Ministério da Saúde, consistem em:
a) Articulação sistemática, com a área de vigilância epidemiológica local, para atualização quanto à ocorrên-
cia de casos humanos, sejam prevalentes ou incidentes, sejam no território de atuação ou em áreas circunvizi-
nhas, bem como de outras informações pertinentes.
b)Monitoramento constante e sistemático das populações de animais do território de atuação.
c) Estruturação da rotina de identificação de informações geradas pela mídia sobre a incidência e a preva-
lência de zoonose na área alvo.
d)Articulação sistemática com serviços e instituições públicas e privadas que, de alguma forma, trabalham
com animais ou amostras biológicas de animais, tais como: consultórios, clínicas e hospitais veterinários, pet
shops, órgãos ambientais, órgãos da agricultura, órgãos e entidades de proteção animal, laboratórios, univer-
sidades, entre outros, de modo que se identifique oportuna e precocemente a introdução de uma zoonose em
uma determinada área ou seu risco iminente.
e) Desenvolvimento de inquéritos epidemiológicos que envolvam determinadas populações de animais.
1.1.1.2 Vigilância passiva
Caracteriza-se por viabilizar meios para a identificação oportuna e precoce de uma situação de risco real
(iminente) relacionada a zoonoses ou de ocorrência de zoonoses na área em questão, possibilitando que a área
de vigilância de zoonoses local possa intervir com ações de controle. Esses meios são:
• Disponibilidade de avaliação e recepção de um animal de relevância para a saúde pública, oportunizando o
acesso da população e de instituições públicas e privadas para entrega desses animais. Esse procedimento só
é possível quando o município ou a região possui uma Unidade de Vigilância de Zoonoses (UVZ). O município
que não possuir uma UVZ não tem a atribuição de viabilizar esse serviço.
• Canal de comunicação com a população para informações sobre animais de relevância para a saúde pú-
blica, bem como para que a população notifique a área de vigilância de zoonoses, quando diante de um animal
suspeito de zoonose de relevância para a saúde pública. Os canais de comunicação podem ser viabilizados por
meio de números de telefones e de e-mails. É, também, por meio deste canal que se originam as atividades de
Inspeção Zoossanitária .
• Integração e articulação com serviços e instituições públicos e privados que, de alguma forma, trabalham
com animais ou amostras de animais, tais como: consultórios, clínicas e hospitais veterinários, pet shops, ór-
gãos ambientais, órgãos da agricultura, órgãos e entidades de proteção animal, laboratórios, universidades,
entre outros, de modo que se sensibilize, incentive e oriente esses serviços e instituições a notificar a área de
vigilância de zoonoses quando diante de um animal suspeito de zoonose de relevância para a saúde pública.
1.1.2 Prevenção
As ações de prevenção de zoonoses caracterizam-se por serem executadas de forma temporária ou perma-
nente, dependendo do contexto epidemiológico, por meio de ações, atividades e estratégias de educação em
saúde, manejo ambiental e vacinação animal:
• Educação em saúde: devem-se desenvolver atividades de educação em saúde na comunidade como um
todo, visando à prevenção de zoonoses. É necessário priorizar as localidades mais vulneráveis, atuando em
escolas e outros locais em que se possa atingir o público-alvo, de forma intensa e mais abrangente possível,
utilizando-se também de meios de comunicação, como rádio, TV, correspondência e internet.
• Manejo ambiental: realizado somente quando possível (diferenciando-se das ações de correção do am-
biente, sendo esta uma atribuição legal dos órgãos de Meio Ambiente), para controlar ou, quando viável, elimi-
nar vetores e roedores. Deve-se incentivar, orientar e educar a população na realização do manejo ambiental,
realizando-as, quando necessário.

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• Vacinação animal: deve-se realizar a vacinação antirrábica de cães e gatos, de acordo com o preconizado
para cada região, conforme o contexto epidemiológico da raiva na área local e com o preconizado no Programa
Nacional de Vigilância e Controle da Raiva do Ministério da Saúde
Observação: deve-se considerar o contexto epidemiológico das zoonoses na área em questão, para definir
as ações de prevenção que serão estratégicas e prioritárias.
1.1.3 Controle
Uma vez constatada a situação real de risco de transmissão de zoonose (risco iminente) ou a introdução de
zoonose(s) de relevância para a saúde pública no território local, a área de vigilância de zoonoses deve iniciar a
etapa de desenvolvimento e execução do controle da doença, por meio de medidas cabíveis e viáveis a serem
aplicadas direta e indiretamente sobre a população animal alvo, a fim de interromper o ciclo de transmissão
da(s) zoonose(s) alvo.
As ações, as atividades e as estratégias de controle de zoonoses subdividem-se em três tipos:
1.1.3.1 Controle do risco iminente de transmissão de zoonose
Constatada a situação real de risco (risco iminente) de transmissão de zoonose (de relevância para a saúde
pública) em uma determinada área, relacionado a uma população animal alvo, deve-se proceder às medidas
de controle cabíveis, além da manutenção das medidas de vigilância e intensificação das medidas de preven-
ção, ambas adequadas à nova realidade epidemiológica. Esse controle se caracteriza pelo desenvolvimento de
ações, atividades e estratégias que visem ao alcance da redução ou da eliminação, quando possível, do risco
iminente de transmissão da zoonose para a população humana
1.1.3.2 Controle da zoonose incidente
Uma vez instalado o ciclo de transmissão de determinada zoonose em certa área, em que uma população
animal esteja relacionada, deve-se proceder às medidas de controle para a redução ou a eliminação, quando
possível, do número de casos humanos da doença, intervindo de forma efetiva na interrupção do ciclo de trans-
missão.
1.1.3.3 Controle da zoonose prevalente
Diante de uma zoonose prevalente na área-alvo, em que uma população animal esteja relacionada à trans-
missão dela, devem-se manter, sistematicamente, as medidas de vigilância, ativa e passiva, e de prevenção,
procedendo às medidas de controle para a redução ou eliminação, quando possível, do número de casos hu-
manos da doença, intervindo de forma efetiva na interrupção do ciclo de transmissão. Se a zoonose reincidir
com frequência na área-alvo, é necessário rever as medidas adotadas, na tentativa de alcançar sua eliminação.
Para o desenvolvimento das ações, das atividades e das estratégias de vigilância, prevenção e controle de
zoonoses de relevância para a saúde pública, devem-se consultar os manuais técnicos do Ministério da Saú-
de, além de outras orientações técnicas vigentes, bem como orientações específicas deste Manual. Quando
estas não forem suficientes para o controle da doença e for necessário buscar outras indicações técnicas,
deve-se pautar sempre por escolher e executar medidas que sejam técnica, científica (sob o crivo de alto rigor
metodológico científico) e metodologicamente viáveis e efetivas, com comprovação do alcance de resultados
satisfatórios.
1.1.4 Monitoramento e avaliação
Após e durante a aplicação das medidas de controle da zoonose alvo, deve-se monitorar e avaliar sua efeti-
vidade. Dependendo do resultado da avaliação, é preciso continuar com as medidas de controle, até o alcance
do objetivo (reduzir ou eliminar, quando possível, a doença ou o risco iminente). As medidas de vigilância são
permanentes.
Observação: atentar para as orientações preconizadas nos programas específicos de vigilância e controle
de zoonoses do Ministério da Saúde.
Importante
1. Para o desenvolvimento e a execução das ações, das atividades e das estratégias de vigilância, pre-
venção e controle de zoonoses (bem como de acidentes causados por animais peçonhentos e venenosos) de
relevância para a saúde pública, deve-se proceder à articulação, à interlocução e à parceria sistemática com a

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área de vigilância epidemiológica local, visando à consonância e à efetividade delas.
2. Deve-se atentar para as mudanças e atualizações quanto às ações, às atividades e às estratégias de
vigilância, prevenção e controle de zoonoses (bem como de acidentes causados por animais peçonhentos e
venenosos) de relevância para a saúde pública, normatizadas pelo Ministério da Saúde
Fonte: Ministério da Saúde. Manual de Vigilância, Prevenção e Controle de Zoonoses, 2016. Disponível
em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_prevencao_controle_zoonoses.pdf. Aces-
so em: 25.jan.2023.

Organização Sanitária nos órgãos e empresas

SNVS – O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária do Brasil1


A atuação da vigilância sanitária abrange muitas outras atividades além da interdição de estabelecimentos
irregulares que apresentem risco à saúde. Por isso, a importância de se compreender um pouco mais essa
faceta da saúde pública que, desde épocas imemoriais, busca encontrar caminhos para prevenir danos ou di-
minuir riscos provocados por problemas sanitários.
Alimentos, medicamentos, cosméticos, saneantes, equipamentos para diagnóstico e tratamento de doen-
ças, serviços médicos e hospitalares e propaganda são algumas das áreas nas quais a vigilância sanitária
atua, entre muitas outras. Suas atividades abrangem todos os segmentos de mercado direta ou indiretamente
relacionados à saúde.
O controle sobre o exercício da medicina, sobre o meio ambiente, os medicamentos e os alimentos já fazia
parte da rotina dos antigos, assim como a criação de leis e normas com o intuito de disciplinar a vida em socie-
dade.
Achados arqueológicos, por exemplo, demonstram que, no século XVI a.C., o homem já possuía habilidade
para preparar drogas, e lhes delimitar prazos de validade. Desde então, a vigilância sanitária se mantém em
constante expansão, podendo ser considerada quase uma entidade onipresente no cotidiano das pessoas,
atuando muitas vezes de forma silenciosa ou despercebida, mas não menos importante.
Anvisa assumiu, por meio do Mais Saúde, o compromisso de monitorar o perfil nutricional dos alimentos
industrializados, levando em consideração a crescente demanda desse tipo de produto e sua relevante contri-
buição no aumento do consumo de açúcar, sal e gorduras.
No dia-a-dia, as pessoas consomem inúmeros produtos e utilizam diversos serviços que necessitam de crité-
rios de segurança para evitar ameaças à saúde. E é exatamente para dar garantia de segurança e de qualidade
a esses produtos e serviços que a vigilância sanitária trabalha.
Apesar de muito ampla, essa área é definida na Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080, de 19 de setembro
de 1990), a vigilância sanitária é definida como “um conjunto de ações capaz de eliminar, diminuir ou prevenir
riscos à saúde e de intervir nos problemas sanitários decorrentes do meio ambiente, da produção e circulação
de bens e da prestação de serviços de interesse da saúde”.
O Sistema Nacional de Vigilância Sanitária e a Anvisa
No Brasil, as atividades de vigilância sanitária são competência do SNVS – O Sistema Nacional de Vigilância
Sanitária do Brasil, que se encontra vinculado ao Sistema Único de Saúde (SUS) e atua de maneira integrada
e descentralizada em todo o território nacional. As responsabilidades são compartilhadas entre as três esferas
de governo – União, estados e municípios–, sem relação de subordinação entre elas.
Dentro do SNVS, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) é a responsável pela coordenação do
sistema e atua em questões de âmbito federal, acompanhando e coordenando a execução de ações sanitárias
em todo o país. Além disso, a agência estabelece normas gerais, presta cooperação técnica e financeira aos
outros entes do sistema e promove parcerias.

1 https://portalresiduossolidos.com/snvs-o-sistema-nacional-de-vigilancia-sanitaria-brasil/]

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A Anvisa também é responsável pelo controle sanitário de portos, aeroportos, fronteiras e recintos alfande-
gados, de serviços de saúde e de produtos (medicamentos, cosméticos, saneantes, alimentos, derivados do
tabaco, produtos médicos, sangue e hemoderivados, entre outros).
A melhora no desempenho dos sistemas de informação também é essencial. Nesse sentido, triplicou-se
a capacidade de processamento com a aquisição de novos servidores, o que permite economizar espaço e
reduzir o consumo de energia.
Controla ainda os ambientes, os processos, os insumos e as tecnologias a eles relacionados e realiza o mo-
nitoramento de preços de medicamentos. Concede anuência prévia nos processos de concessão de patentes
de produtos e processos farmacêuticos do Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI) e faz fiscalização
da propaganda de produtos sujeitos à vigilância sanitária, como medicamentos, alimentos e produtos para a
saúde.
O SNVS na prática: Na vida diária, as pessoas tendem a confundir o papel a ser desempenhado pelos inte-
grantes do SNVS. Por exemplo, há registro de inúmeros casos de denúncias feitas à Anvisa a respeito de res-
taurantes em condições de higiene inadequadas, solicitando que a agência fiscalize e interdite tais ambientes.
Porém, as ações de natureza local são de responsabilidade do órgão mais próximo do cidadão, normalmente a
vigilância sanitária municipal. É a esta instância que ele deve recorrer, prioritariamente. A Anvisa atua normal-
mente nas questões de âmbito nacional.
Além de acompanhar e coordenar as ações de vigilância sanitária, compete à Anvisa, como órgão coordena-
dor do Sistema Nacional de Vigilância Sanitária no país, prestar cooperação técnica e financeira aos estados,
ao Distrito Federal e aos municípios. Para isso, nos últimos anos, a agência tem desenvolvido ações voltadas
ao fortalecimento da descentralização, buscando ampliar e qualificar a capacidade de gestão estadual e muni-
cipal, bem como o desenvolvimento das ações de vigilância sanitária.
Dentre os principais mecanismos de apoio fornecidos aos estados e municípios, destacam-se o repasse de
recursos financeiros e o estabelecimento de convênios e de termos de cooperação técnica que a Anvisa de-
senvolve com outras entidades e demais esferas governamentais, visando, entre outras coisas, à qualificação
profissional.
Em função de seu desempenho cada vez mais abrangente, as ações da agência têm sido reconhecidas pela
comunidade e pelas entidades de defesa do consumidor como capazes de promover e proteger a saúde da
população.
Além disso, o trabalho da Anvisa tem sido considerado um forte instrumento para a melhoria da qualidade
de vida das pessoas.
Agências Reguladoras
As agências reguladoras federais brasileiras foram criadas a partir de 1996 com o objetivo inicial de regular
mercados recentemente privatizados à época, como os de energia elétrica e telecomunicações.
Em seguida o Estado ampliou o seu raio de ação, regulando também segmentos estratégicos de grande
impacto econômico e social, como aqueles referentes à vigilância sanitária. Atualmente, o país conta com dez
agências reguladoras federais, instituídas em áreas de infraestrutura e em setores sociais.
Inspiradas na experiência norte-americana e com desenho institucional próprio, as agências são autarquias
sob regime especial, dotadas de independência administrativa, estabilidade de seus dirigentes (mandatos fi-
xos), autonomia financeira (renda própria e liberdade de sua aplicação), ausência de vinculação hierárquica ao
ministério supervisor, e poder normativo (regulamentação das matérias de sua competência). Tudo isso para
reduzir os riscos de interferência política no processo de regulação, bem como priorizar o estabelecimento de
critérios técnicos de decisão, conferindo estabilidade e efetividade ao processo regulatório.
As agências reguladoras atuam tanto na promoção do desenvolvimento econômico quanto nas correções
das falhas de mercado, garantindo segurança e bem-estar à população.
A criação da agência nacional de vigilância sanitária
O projeto de criação de uma agência federal de vigilância sanitária começou a ser esboçado em 1994 e foi
levado a termo no fim da década de 1990, em meio a uma crise de confiança sob a qual submergia o antigo
órgão federal encarregado de cuidar desse segmento. Com a publicação da Lei nº 9.782, de 26 de janeiro 1999,

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foi então criada a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), primeira agência reguladora brasileira da
área social.
Diferentemente das outras agências, a Anvisa tem como campo de atuação não um setor específico da
economia, mas todos os setores relacionados a produtos e serviços que possam afetar a saúde da população
brasileira.
Outra singularidade é sua competência tanto na regulação econômica do mercado, ao trabalhar, por exem-
plo, com a definição de preços e o monitoramento de mercado, quanto na regulação sanitária.
A agência encontra-se vinculada ao Ministério da Saúde e integra o Sistema Único de Saúde (SUS), absor-
vendo seus princípios e diretrizes. Além da atribuição regulatória, também é responsável pela coordenação do
Sistema Nacional de Vigilância Sanitária (SNVS), de forma integrada com outros órgãos públicos relacionados
direta ou indiretamente ao setor saúde.
É dirigida por uma diretoria colegiada, órgão de deliberação máxima da agência, responsável pela gerência
e administração da instituição. Composta por cinco membros, sendo um deles o seu diretor-presidente, a dire-
toria tem a responsabilidade de analisar, discutir e decidir, em última instância administrativa, sobre matérias
de competência da Anvisa.
A estrutura organizacional compreende também diversas áreas técnicas especializadas, uma Ouvidoria e
um Conselho Consultivo independentes.
O trabalho desenvolvido pela Anvisa nos últimos anos tornou o Brasil referência em regulação econômica
e sanitária na América Latina, principalmente no que tange à regulação de medicamentos. A Anvisa pode ser
considerada hoje a autoridade sanitária líder na região.
Um dos destaques recentes foi o crescimento da atuação no contexto Sul-Sul, por meio de parcerias estabe-
lecidas com agências reguladoras de países como Argentina, Cuba, Uruguai e Cabo Verde.
Por conta da abrangência dos objetos e processos regulados por sua atuação, assim como do quantitativo
de sua força de trabalho (cerca de três mil servidores), a Anvisa pode ser considerada a maior agência regula-
dora brasileira, na atualidade.
A atuação da agência engloba produtos e serviços de saúde que representam 25% do Produto Interno Bruto
(PIB) do país, demonstrando a sua importância no cenário nacional.
O fortalecimento das agências reguladoras (2007)
O fortalecimento do sistema regulatório brasileiro tem sido uma das prioridades do Governo Federal desde a
criação das agências. Para isso, foram estabelecidas diversas estratégias, dentre elas o projeto de lei para cria-
ção da Lei Geral das Agências Reguladoras (PL nº 3.337/2004) e o Programa de Fortalecimento da Capacidade
Institucional para a Gestão em Regulação (Pro-Reg), coordenado pela Casa Civil da Presidência da República,
com apoio do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Ao instituir uma lei geral para as agências busca-se padronizar as atividades das agências reguladoras fe-
derais, fortalecendo sua autonomia e seu papel na estabilidade e previsibilidade das regras do mercado, além
de ampliar a transparência e a participação dos consumidores no processo regulatório.
Já o Pro-Reg aponta para a definição de uma política que estimule a melhoria da eficiência e da efetividade
dos sistemas regulatórios, promovendo a construção de um ambiente favorável ao desenvolvimento e à con-
solidação das boas práticas regulatórias no país. Entre os instrumentos mais empregados no programa estão
a Análise de Impacto Regulatório, a consideração das alternativas à regulação e as consultas públicas e os
mecanismos de responsabilização dos reguladores.

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Lei Federal 6437/77

LEI Nº 6.437, DE 20 DE AGOSTO DE 1977.


Configura infrações à legislação sanitária federal, estabelece as sanções respectivas, e dá outras providên-
cias.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o CONGRESSO NACIONAL decreta e eu sanciono a
seguinte Lei:
TÍTULO I
DAS INFRAÇÕES E PENALIDADES
Art . 1º - As infrações à legislação sanitária federal, ressalvadas as previstas expressamente em normas
especiais, são as configuradas na presente Lei.
Art . 2º - Sem prejuízo das sanções de natureza civil ou penal cabíveis, as infrações sanitárias serão punidas,
alternativa ou cumulativamente, com as penalidades de:
I - advertência;
II - multa;
III - apreensão de produto;
IV - inutilização de produto;
V - interdição de produto;
VI - suspensão de vendas e/ou fabricação de produto;
VII - cancelamento de registro de produto;
VIII - interdição parcial ou total do estabelecimento;
IX - proibição de propaganda;(Redação dada pela Lei nº 9.695, de 1998)
X - cancelamento de autorização para funcionamento da empresa;(Redação dada pela Lei nº 9.695, de
1998)
XI - cancelamento do alvará de licenciamento de estabelecimento;(Redação dada pela Lei nº 9.695, de 1998)
XI-A - intervenção no estabelecimento que receba recursos públicos de qualquer esfera.(Incluído pela Lei nº
9.695, de 1998)
XII-imposição de mensagem retificadora;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XIII-suspensão de propaganda e publicidade.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
§1ºA pena de multa consiste no pagamento das seguintes quantias:(Incluído pela Medida Provisória nº
2.190-34, de 2001)
I-nas infrações leves, de R$ 2.000,00 (dois mil reais)a R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais);(Incluído pela
Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
II-nas infrações graves, de R$ 75.000,00 (setenta e cinco mil reais)a R$ 200.000,00 (duzentos mil reais);(In-
cluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
III-nas infrações gravíssimas, de R$ 200.000,00 (duzentos mil reais)a R$ 1.500.000,00 (um milhão e qui-
nhentos mil reais).(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
§2oAs multas previstas neste artigo serão aplicadas em dobro em caso de reincidência.(Incluído pela Medi-
da Provisória nº 2.190-34, de 2001)
§3oSem prejuízo do disposto nos arts. 4oe 6odesta Lei, na aplicação da penalidade de multa a autoridade
sanitária competente levará em consideração a capacidade econômica do infrator.(Incluído pela Medida Provi-
sória nº 2.190-34, de 2001)

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Art . 3º - O resultado da infração sanitária é imputável a quem lhe deu causa ou para ela concorreu.
§ 1º - Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual a infração não teria ocorrido.
§ 2º - Exclui a imputação de infração a causa decorrente de força maior ou proveniente de eventos naturais
ou circunstâncias imprevisíveis, que vier a determinar avaria, deterioração ou alteração de produtos ou bens
do interesse da saúde pública.
Art . 4º - As infrações sanitárias classificam-se em:
I - leves, aquelas em que o infrator seja beneficiado por circunstância atenuante;
II - graves, aquelas em que for verificada uma circunstância agravante;
III - gravíssimas, aquelas em que seja verificada a existência de duas ou mais circunstâncias agravantes.
Art. 5oA intervenção no estabelecimento, prevista no inciso XI-A do art. 2o, será decretada pelo Ministro da
Saúde, que designará interventor, o qual ficará investido de poderes de gestão, afastados os sócios, gerentes
ou diretores que contratual ou estatutariamente são detentores de tais poderes e não poderá exceder a cento
e oitenta dias, renováveis por igual período.(Redação dada pela Lei nº 9.695, de 1998)
§ 1oDa decretação de intervenção caberá pedido de revisão, sem efeito suspensivo, dirigido ao Ministro da
Saúde, que deverá apreciá-lo no prazo de trinta dias.(Redação dada pela Lei nº 9.695, de 1998)
§ 2oNão apreciado o pedido de revisão no prazo assinalado no parágrafo anterior, cessará a intervenção de
pleno direito, pelo simples decurso do prazo.(Redação dada pela Lei nº 9.695, de 1998)
§ 2o-A. Ao final da intervenção, o interventor apresentará prestação de contas do período que durou a inter-
venção.(Incluído pela Lei nº 9.695, de 1998)
Art . 6º - Para a imposição da pena e a sua graduação, a autoridade sanitária levará em conta:
I - as circunstâncias atenuantes e agravantes;
II - a gravidade do fato, tendo em vista as suas conseqüências para a saúde pública;
III - os antecedentes do infrator quanto às normas sanitárias.
Art . 7º - São circunstâncias atenuantes:
I - a ação do infrator não ter sido fundamental para a consecução do evento;
II - a errada compreensão da norma sanitária, admitida como excusável, quanto patente a incapacidade do
agente para atender o caráter ilícito do fato;
III - o infrator, por espontânea vontade, imediatamente, procurar reparar ou minorar as conseqüências do ato
lesivo à saúde pública que lhe for imputado;
IV - ter o infrator sofrido coação, a que podia resistir, para a prática do ato;
V - ser o infrator primário, e a falta cometida, de natureza leve.
Art . 8º - São circunstâncias agravantes:
I - ser o infrator reincidente;
II - ter o infrator cometido a infração para obter vantagem pecuniária decorrente do consumo pelo público do
produto elaborado em contrário ao disposto na legislação sanitária;
III - o infrator coagir outrem para a execução material da infração;
IV - ter a infração conseqüências calamitosas à saúde pública;
V - se, tendo conhecimento de ato lesivo à saúde pública, o infrator deixar de tomar as providências de sua
alçada tendentes a evitá-lo;
VI - ter o infrator agido com dolo, ainda que eventual fraude ou má fé.
Parágrafo único - A reincidência específica torna o infrator passível de enquadramento na penalidade máxi-
ma e a caracterização da infração como gravíssima.
Art . 9º - Havendo concurso de circunstâncias atenuantes e agravantes à aplicação da pena será considera-

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da em razão das que sejam preponderantes.
Art . 10 - São infrações sanitárias:
I - construir, instalar ou fazer funcionar, em qualquer parte do território nacional, laboratórios de produção de
medicamentos, drogas, insumos, cosméticos, produtos de higiene, dietéticos, correlatos, ou quaisquer outros
estabelecimentos que fabriquem alimentos, aditivos para alimentos, bebidas, embalagens, saneantes e demais
produtos que interessem à saúde pública, sem registro, licença e autorizações do órgão sanitário competente
ou contrariando as normas legais pertinentes: pena - advertência, interdição, cancelamento de autorização e
de licença, e/ou multa.
II - construir, instalar ou fazer funcionar hospitais, postos ou casas de saúde, clínicas em geral, casas de re-
pouso, serviços ou unidades de saúde, estabelecimentos ou organizações afins, que se dediquem à promoção,
proteção e recuperação da saúde, sem licença do órgão sanitário competente ou contrariando normas legais e
regulamentares pertinentes: pena - advertência, interdição, cancelamento da licença e/ou multa.
III - instalar ou manter em funcionamento consultórios médicos, odontológicos e de pesquisas clínicas, clí-
nicas de hemodiálise, bancos de sangue, de leite humano, de olhos, e estabelecimentos de atividades afins,
institutos de esteticismo, ginástica, fisioterapia e de recuperação, balneários, estâncias hidrominerais, termais,
climatéricas, de repouso, e congêneres, gabinetes ou serviços que utilizem aparelhos e equipamentos gerado-
res de raios X, substâncias radioativas, ou radiações ionizantes e outras, estabelecimentos, laboratórios, ofici-
nas e serviços de ótica, de aparelhos ou materiais óticos, de prótese dentária, de aparelhos ou materiais para
uso odontológico, ou explorar atividades comerciais, industriais, ou filantrópicas, com a participação de agentes
que exerçam profissões ou ocupações técnicas e auxiliares relacionadas com a saúde, sem licença do órgão
sanitário competente ou contrariando o disposto nas demais normas legais e regulamentares pertinentes:(Re-
dação dada pela Lei nº 9.695 de 1998)
Pena - advertência, intervenção, interdição, cancelamento da licença e/ou multa;(Redação dada pela Lei nº
9.695 de 1998)
IV - extrair, produzir, fabricar, transformar, preparar, manipular, purificar, fracionar, embalar ou reembalar,
importar, exportar, armazenar, expedir, transportar, comprar, vender, ceder ou usar alimentos, produtos alimen-
tícios, medicamentos, drogas, insumos farmacêuticos, produtos dietéticos, de higiene, cosméticos, correlatos,
embalagens, saneantes, utensílios e aparelhos que interessem à saúde pública ou individual, sem registro,
licença, ou autorizações do órgão sanitário competente ou contrariando o disposto na legislação sanitária perti-
nente: pena - advertência, apreensão e inutilização, interdição, cancelamento do registro, e/ou multa;
V - fazer propaganda de produtos sob vigilância sanitária, alimentos e outros, contrariando a legislação sani-
tária: pena - advertência, proibição de propaganda, suspensão de venda, imposição de mensagem retificadora,
suspensão de propaganda e publicidade e multa.(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
VI - deixar, aquele que tiver o dever legal de fazê-lo, de notificar doença ou zoonose transmissível ao homem,
de acordo com o que disponham as normas legais ou regulamentares vigentes: pena - advertência, e/ou multa;
VII - impedir ou dificultar a aplicação de medidas sanitárias relativas às doenças transmissíveis e ao sacrifí-
cio de animais domésticos considerados perigosos pelas autoridades sanitárias: pena - advertência, e/ou multa;
VIII - reter atestado de vacinação obrigatória, deixar de executar, dificultar ou opor-se à execução de me-
didas sanitárias que visem à prevenção das doenças transmissíveis e sua disseminação, à preservação e à
manutenção da saúde: pena - advertência, interdição, cancelamento de licença ou autorização, e/ou multa;
IX - opor-se à exigência de provas imunológicas ou à sua execução pelas autoridades sanitárias: pena - ad-
vertência, e/ou multa;
X - obstar ou dificultar a ação fiscalizadora das autoridades sanitárias competentes no exercício de suas
funções:
Pena - advertência, intervenção, interdição, cancelamento de licença e/ou multa;(Redação dada pela Lei nº
9.695 de 1998)
XI - aviar receita em desacordo com prescrições médicas ou determinação expressa de lei e normas regula-
mentares: pena - advertência, interdição, cancelamento de licença, e/ou multa;
XII - fornecer, vender ou praticar atos de comércio em relação a medicamentos, drogas e correlatos cuja ven-

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da e uso dependam de prescrição médica, sem observância dessa exigência e contrariando as normas legais
e regulamentares: pena - advertência, interdição, cancelamento da licença, e/ou multa;
XIII - retirar ou aplicar sangue, proceder a operações de plasmaferese, ou desenvolver outras atividades
hemoterápicas, contrariando normas legais e regulamentares:
Pena - advertência, intervenção, interdição, cancelamento da licença e registro e/ou multa; (Redação dada
pela Lei nº 9.695 de 1998)
XIV - exportar sangue e seus derivados, placentas, órgãos, glândulas ou hormônios, bem como quaisquer
substâncias ou partes do corgo humano, ou utilizá-los contrariando as disposições legais e regulamentares:
Pena - advertência, intervenção, interdição, cancelamento de licença e registro e/ou multa; (Redação dada
pela Lei nº 9.695 de 1998)
XV - rotular alimentos e produtos alimentícios ou bebidas bem como medicamentos, drogas, insumos farma-
cêuticos, produtos dietéticos, de higiene, cosméticos, perfumes, correlatos, saneantes, de correção estética e
quaisquer outros contrariando as normas legais e regulamentares: pena - advertência, inutilização, interdição,
e/ou multa;
XVI - alterar o processo de fabricação dos produtos sujeitos a controle sanitário, modificar os seus compo-
nentes básicos, nome, e demais elementos objeto do registro, sem a necessária autorização do órgão sanitário
competente: pena - advertência, interdição, cancelamento do registro da licença e autorização, e/ou multa;
XVII - reaproveitar vasilhames de saneantes, seus congêneres e de outros produtos capazes de serem
nocivos à saúde, no envasilhamento de alimentos, bebidas, refrigerantes, produtos dietéticos, medicamentos,
drogas, produtos de higiene, cosméticos e perfumes: pena - advertência, apreensão, inutilização, interdição,
cancelamento do registro, e/ou multa;
XVIII-importar ou exportar, expor à venda ou entregar ao consumo produtos de interesse à saúde cujo prazo
de validade tenha se expirado, ou apor-lhes novas datas, após expirado o prazo;(Redação dada pela Medida
Provisória nº 2.190-34, de 2001) pena - advertência, apreensão, inutilização, interdição, cancelamento do re-
gistro, da licença e da autorização, e/ou multa.
XIX - industrializar produtos de interesse sanitário sem a assistência de responsável técnico, legalmente
habilitado: pena - advertência, apreensão, inutilização, interdição, cancelamento do registro, e/ou multa;
XX - utilizar, na preparação de hormônios, órgãos de animais doentes, estafados ou emagrecidos ou que
apresentem sinais de decomposição no momento de serem manipulados: pena - advertência, apreensão, inu-
tilização, interdição, cancelamento do registro, da autorização e da licença, e/ou multa;
XXI - comercializar produtos biológicos, imunoterápicos e outros que exijam cuidados especiais de conser-
vação, preparação, expedição, ou transporte, sem observância das condições necessárias à sua preservação:
pena - advertência, apreensão, inutilização, interdição, cancelamento do registro, e/ou multa;
XXII - aplicação, por empresas particulares, de raticidas cuja ação se produza por gás ou vapor, em galerias,
bueiros, porões, sótãos ou locais de possível comunicação com residências ou freqüentados por pessoas e
animais: pena - advertência, interdição, cancelamento de licença e de autorização, e/ou multa;
XXIII - descumprimento de normas legais e regulamentares, medidas, formalidades e outras exigências
sanitárias pelas empresas de transportes, seus agentes e consignatários, comandantes ou responsáveis dire-
tos por embarcações, aeronaves, ferrovias, veículos terrestres, nacionais e estrangeiros: pena - advertência,
interdição, e/ou multa;
XXIV - inobservância das exigências sanitárias relativas a imóveis, pelos seus proprietários, ou por quem
detenha legalmente a sua posse: pena - advertência, interdição, e/ou multa;
XXV - exercer profissões e ocupações relacionadas com a saúde sem a necessária habilitação legal: pena
- interdição e/ou multa;
XXVI - cometer o exercício de encargos relacionados com a promoção, proteção e recuperação da saúde a
pessoas sem a necessária habilitação legal: pena - interdição, e/ou multa;
XXVII - proceder à cremação de cadáveres, ou utilizá-los, contrariando as normas sanitárias pertinentes:
pena - advertência, interdição, e/ou multa;

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XXVIII - fraudar, falsificar ou adulterar alimentos, inclusive bebidas, medicamentos, drogas, insumos farma-
cêuticos, correlatos, comésticos, produtos de higiene, dietéticos, saneantes e quaisquer outros que interessem
à saúde pública: pena - advertência, apreensão, inutilização e/ou interdição do produto, suspensão de venda e/
ou fabricação do produto, cancelamento do registro do produto, interdição parcial ou total do estabelecimento,
cancelamento de autorização para o funcionamento da empresa, cancelamento do alvará de licenciamento do
estabelecimento e/ou multa;(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XXIX - transgredir outras normas legais e regulamentares destinadas à proteção da saúde: pena-advertên-
cia, apreensão, inutilização e/ou interdição do produto; suspensão de venda e/ou fabricação do produto, can-
celamento do registro do produto; interdição parcial ou total do estabelecimento, cancelamento de autorização
para funcionamento da empresa, cancelamento do alvará de licenciamento do estabelecimento, proibição de
propaganda e/ou multa;(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XXX - expor ou entregar ao consumo humano, sal refinado, moído ou granulado, que não contenha iodo na
proporção estabelecida pelo Ministério da Saúde.(Redação dada pela Lei nº 9.005, de 1995) pena-advertên-
cia, apreensão e/ou interdição do produto, suspensão de venda e/ou fabricação do produto, cancelamento do
registro do produto e interdição parcial ou total do estabelecimento, cancelamento de autorização para funcio-
namento da empresa, cancelamento do alvará de licenciamento do estabelecimento e/ou multa;(Redação dada
pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XXXI - descumprir atos emanados das autoridades sanitárias competentes visando à aplicação da legislação
pertinente: pena-advertência, apreensão, inutilização e/ou interdição do produto, suspensão de venda e/ou de
fabricação do produto, cancelamento do registro do produto; interdição parcial ou total do estabelecimento; can-
celamento de autorização para funcionamento da empresa, cancelamento do alvará de licenciamento do esta-
belecimento, proibição de propaganda e/ou multa;(Redação dada pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XXXII-descumprimento de normas legais e regulamentares, medidas, formalidades, outras exigências sa-
nitárias, por pessoas física ou jurídica, que operem a prestação de serviços de interesse da saúde pública em
embarcações, aeronaves, veículos terrestres, terminais alfandegados, terminais aeroportuários ou portuários,
estações e passagens de fronteira e pontos de apoio de veículos terrestres:(Incluído pela Medida Provisória nº
2.190-34, de 2001) pena-advertência, interdição, cancelamento da autorização de funcionamento e/ou mul-
ta;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XXXIII-descumprimento de normas legais e regulamentares, medidas, formalidades, outras exigências sa-
nitárias, por empresas administradoras de terminais alfandegados, terminais aeroportuários ou portuários, es-
tações e passagens de fronteira e pontos de apoio de veículos terrestres:(Incluído pela Medida Provisória nº
2.190-34, de 2001) pena-advertência, interdição, cancelamento da autorização de funcionamento e/ou mul-
ta;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XXXIV-descumprimento de normas legais e regulamentares, medidas, formalidades, outras exigências sani-
tárias relacionadas à importação ou exportação, por pessoas física ou jurídica, de matérias-primas ou produtos
sob vigilância sanitária:(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) pena-advertência, apreensão,
inutilização, interdição, cancelamento da autorização de funcionamento, cancelamento do registro do produto
e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XXXV-descumprimento de normas legais e regulamentares, medidas, formalidades, outras exigências sa-
nitárias relacionadas a estabelecimentos e às boas práticas de fabricação de matérias-primas e de produtos
sob vigilância sanitária:(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) pena-advertência, apreensão,
inutilização, interdição, cancelamento da autorização de funcionamento, cancelamento do registro do produto
e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XXXVI-proceder a mudança de estabelecimento de armazenagem de produto importado sob interdição, sem
autorização do órgão sanitário competente:(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) pena-adver-
tência, apreensão, inutilização, interdição, cancelamento da autorização de funcionamento, cancelamento do
registro do produto e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XXXVII-proceder a comercialização de produto importado sob interdição:(Incluído pela Medida Provisória
nº 2.190-34, de 2001) pena-advertência, apreensão, inutilização, interdição, cancelamento da autorização de
funcionamento, cancelamento do registro do produto e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34,
de 2001)

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XXXVIII-deixar de garantir, em estabelecimentos destinados à armazenagem e/ou distribuição de produtos
sob vigilância sanitária, a manutenção dos padrões de identidade e qualidade de produtos importados sob inter-
dição ou aguardando inspeção física:(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001) pena-advertência,
apreensão, inutilização, interdição, cancelamento da autorização de funcionamento, cancelamento do registro
do produto e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XXXIX-interromper, suspender ou reduzir, sem justa causa, a produção ou distribuição de medicamentos de
tarja vermelha, de uso continuado ou essencial à saúde do indivíduo, ou de tarja preta, provocando o desabas-
tecimento do mercado:(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
pena-advertência, interdição total ou parcial do estabeleci ento, cancelamento do registro do produto, can-
celamento de autorização para funcionamento da empresa, cancelamento do alvará de licenciamento do esta-
belecimento e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XL-deixar de comunicar ao órgão de vigilância sanitária do Ministério da Saúde a interrupção, suspensão ou
redução da fabricação ou da distribuição dos medicamentos referidos no inciso XXXIX:(Incluído pela Medida
Provisória nº 2.190-34, de 2001) pena-advertência, interdição total ou parcial do estabelecimento, cancela-
mento do registro do produto, cancelamento de autorização para funcionamento da empresa, cancelamento do
alvará de licenciamento do estabelecimento e/ou multa;(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XLI-descumprir normas legais e regulamentares, medidas, formalidades, outras exigências sanitárias, por
pessoas física ou jurídica, que operem a prestação de serviços de interesse da saúde pública em embarcações,
aeronaves, veículos terrestres, terminais alfandegados, terminais aeroportuários ou portuários, estações e pas-
sagens de fronteira e pontos de apoio de veículo terrestres:(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de
2001) pena-advertência, interdição total ou parcial do estabelecimento, cancelamento do registro do produto,
cancelamento de autorização para funcionamento da empresa, cancelamento do alvará de licenciamento do
estabelecimento e/ou multa.(Incluído pela Medida Provisória nº 2.190-34, de 2001)
XLII - reincidir na manutenção de focos de vetores no imóvel por descumprimento de recomendação das
autoridades sanitárias:(Incluído pela Lei nº 13.301, de 2016)
Pena - multa de 10% (dez por cento) dos valores previstos no inciso I do § 1odo art. 2o, aplicada em dobro
em caso de nova reincidência.
Parágrafo único - Independem de licença para funcionamento os estabelecimentos integrantes da Admi-
nistração Pública ou por ela instituídos, ficando sujeitos, porém, às exigências pertinentes às instalações, aos
equipamentos e à aparelhagem adequadas e à assistência e responsabilidade técnicas.
Art . 11 - A inobservância ou a desobediência às normas sanitárias para o ingresso e a fixação de estrangeiro
no País, implicará em impedimento do desembarque ou permanência do alienígena no território nacional, pela
autoridade sanitária competente.
TÍTULO II
DO PROCESSO
Art . 12 - As infrações sanitárias serão apuradas no processo administrativo próprio, iniciado com a lavratura
de auto de infração, observados o rito e prazos estabelecidos nesta Lei.
Art . 13 - O auto de infração será lavrado na sede da repartição competente ou no local em que for verificada
a infração, pela autoridade sanitária que a houver constatado, devendo conter:
I - nome do infrator, seu domicílio e residência, bem como os demais elementos necessários à sua qualifica-
ção e identificação civil;
II - local, data e hora da lavratura onde a infração foi verificada;
III - descrição da infração e menção do dispositivo legal ou regulamentar transgredido;
IV - penalidade a que está sujeito o infrator e o respectivo preceito legal que autoriza a sua imposição;
V - ciência, pelo autuado, de que responderá pelo fato em processo administrativo;
VI - assinatura do autuado ou, na sua ausência ou recusa, de duas testemunhas, e do autuante;
VII - prazo para interposição de recurso, quando cabível.

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Parágrafo único - Havendo recusa do infrator em assinar o auto, será feita, neste, a menção do fato.
Art . 14 - As penalidades previstas nesta Lei serão aplicadas pelas autoridades sanitárias competentes do
Ministério da Saúde, dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, conforme as atribuições que lhes sejam
conferidas pelas legislações respectivas ou por delegação de competência através de convênios.
Art . 15 - A autoridade que determinar a lavratura de auto de infração ordenará, por despacho em processo,
que o autuante proceda à prévia verificação da matéria de fato.
Art . 16 - Os servidores ficam responsáveis pelas declarações que fizerem nos autos de infração, sendo
passíveis de punição, por falta grave, em casos de falsidade ou omissão dolosa.
Art . 17 - O infrator será notificado para ciência do auto de infração:
I - pessoalmente;
II - pelo correio ou via postal;
III - por edital, se estiver em lugar incerto ou não sabido.
§ 1º - Se o infrator for notificado pessoalmente e recusar-se a exarar ciência, deverá essa circunstância ser
mencionada expressamente pela autoridade que afetou a notificação.
§ 2º - O edital referido no inciso III deste artigo será publicado uma única vez, na imprensa oficial, conside-
rando-se efetivada a notificação cinco dias após a publicação.
Art . 18 - Quando, apesar da lavratura do auto de infração, subsistir, ainda, para o infrator, obrigação a cum-
prir, será expedido edital fixado o prazo de trinta dias para o seu cumprimento, observado o disposto no § 2º
do art. 17.
Parágrafo único - O prazo para o cumprimento da obrigação subsistente poderá ser reduzido ou aumentado,
em casos excepcionais, por motivos de interesse público, mediante despacho fundamentado.
Art . 19 - A desobediência à determinação contida no edital a que se alude no art. 18 desta Lei, além de sua
execução forçada acarretará a imposição de multa diária, arbitrada de acordo com os valores correspondentes
à classificação da infração, até o exato cumprimento da obrigação, sem prejuízo de outras penalidades previs-
tas na legislação vigente.
Art . 20 - O desrespeito ou desacato ao servidor competente, em razão de suas atribuições legais, bem como
embargo oposto a qualquer ato de fiscalização de leis ou atos regulamentares em matéria de saúde, sujeitarão
o infrator à penalidade de multa.
Art . 21 - As multas impostas em auto de infração poderão sofrer redução de vinte por cento caso o infrator
efetue o pagamento no prazo de vinte dias, contados da data em que for notificado, implicando na desistência
tácita de defesa ou recurso.
Art . 22 - O infrator poderá oferecer defesa ou impugnação do auto de infração no prazo de quinze dias con-
tados de sua notificação.
§ 1º - Antes do julgamento da defesa ou da impugnação a que se refere este artigo deverá a autoridade jul-
gadora ouvir o servidor autuante, que terá o prazo de dez dias para se pronunciar a respeito.
§ 2º - Apresentada ou não a defesa ou impugnação, o auto de infração será julgado pelo dirigente do órgão
de vigilância sanitária competente.
Art . 23 - A apuração do ilícito, em se tratando de produto ou substância referidos no art. 10, inciso IV, far-se-á
mediante a apreensão de amostras para a realização de análise fiscal e de interdição, se for o caso.
§ 1º - A apreensão de amostras para efeito de análise, fiscal ou de controle, não será acompanhada da in-
terdição do produto.
§ 2º - Excetuam-se do disposto no parágrafo anterior os casos em que sejam flagrantes os indícios de alte-
ração ou adulteração do produto, hipótese em que a interdição terá caráter preventivo ou de medida cautelar.
§ 3º - A interdição do produto será obrigatório quando resultarem provadas, em análise laboratoriais ou no
exame de processos, ações fraudulentas que impliquem em falsificação ou adulteração.
§ 4º - A interdição do produto e do estabelecimento, como medida cautelar, durará o tempo necessário à rea-

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lização de testes, provas, análises ou outras providências requeridas, não podendo, em qualquer caso, exceder
o prazo de noventa dias, findo qual o produto ou estabelecimento será automaticamente liberado.
Art . 24 - Na hipótese de interdição do produto, previsto no § 2º do art. 23, a autoridade sanitária lavrará o
termo respectivo, cuja primeira via será entregue, juntamente com o auto de infração, ao infrator ou ao seu re-
presentante legal, obedecidos os mesmos requisitos daquele, quanto à aposição do ciente.
Art . 25 - Se a interação for imposta como resultado de laudo laboratorial, a autoridade sanitária competente
fará constar do processo o despacho respectivo e lavrará o termo de interdição, inclusive, do estabelecimento,
quando for o caso.
Art . 26 - O termo de apreensão e de interdição especificará a natureza, quantidade, nome e/ou marca, tipo,
procedência, nome e endereço da empresa e do detentor do produto.
Art . 27 - A apreensão do produto ou substância constituirá na colheita de amostra representativa do esto-
que existente, a qual, divide em três partes, será tornada inviolável, para que se assegurem as características
de conservação e autenticidade, sendo uma delas entregue ao detentor ou responsável, a fim de servir como
contraprova, e a duas imediatamente encaminhadas ao laboratório oficial, para realização das análises indis-
pensáveis.
§ 1º - se a sua quantidade ou natureza não permitir a colheita de amostras, o produto ou substâncias será
encaminhado ao laboratório oficial, para realização da análise fiscal, na presença do seu detentor ou do repre-
sentante legal da empresa e do perito pela mesma indicado.
§ 2º - Na hipótese prevista no § 1º deste artigo, se ausentes as pessoas mencionadas, serão convocadas
duas testemunhas para presenciar a análise.
§ 3º - Será lavrado laudo minucioso e conclusivo da análise fiscal, o qual será arquivado no laboratório oficial,
extraídas cópias, uma para integrar o processo e as demais para serem entregues ao detentor ou responsável
pelo produto ou substância e à empresa fabricante.
§ 4º - O infrator, discordando do resultado condenatório da análise, poderá, em separado ou juntamente com
o pedido de revisão da decisão recorrida, requerer perícia de contraprova, apresentando a amostra em seu
poder e indicando seu próprio perito.
§ 5º - Da perícia de contraprova será lavrada ata circunstanciada, datada e assinada por todos os participan-
tes, cuja primeira via integrará o processo, e conterá todos os quesitos formulados pelos peritos.
§ 6º - A perícia de contraprova não será efetuada se houver indícios de violação da amostra em poder do
infrator e, nessa hipótese, prevalecerá como definitivo o laudo condenatório.
§ 7º - Aplicar-se-á na perícia de contraprova o mesmo método de análise empregado na análise fiscal con-
denatória, salvo se houver concordância dos peritos quanto à adoção de outro.
§ 8º - A discordância entre os resultados da análise fiscal condenatória e da perícia de contraprova ensejará
recurso à autoridade superior no prazo de dez dias, o qual determinará novo exame pericial, a ser realizado na
segunda amostra em poder do laboratório oficial.
Art . 28 - Não sendo comprovada, através da análise fiscal, ou da perícia de contraprova, a infração objeto da
apuração, e sendo considerado o produto próprio para o consumo, a autoridade competente lavrará despacho
liberando-o e determinando o arquivamento do processo.
Art . 29 - Nas transgressões que independam de análises ou perícias, inclusive por desacato à autoridade
sanitária, o processo obedecerá a rito sumaríssimo e será considerado concluso caso infrator não apresente
recurso no prazo de quinze dias.
Art . 30 - Das decisões condenatórias poderá o infrator recorrer, dentro de igual prazo ao fixado para a defe-
sa, inclusive quando se tratar de multa.
Parágrafo único - Mantida a decisão condenatória, caberá recurso para a autoridade superior, dentro da
esfera governamental sob cuja jurisdição se haja instaurado o processo, no prazo de vinte dias de sua ciência
ou publicação.
Art . 31 - Não caberá recurso na hipótese de condenação definitiva do produto em razão de laudo laboratorial
confirmado em perícia de contraprova, ou nos casos de fraude, falsificação ou adulteração.

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Art . 32 - Os recursos interpostos das decisões não definitivas somente terão efeito suspensivo relativamente
ao pagamento da penalidade pecuniária, não impedindo a imediata exigibilidade do cumprimento da obrigação
subsistente na forma do disposto no art. 18.
Parágrafo único - O recurso previsto no § 8º do art. 27 será decidido no prazo de dez dias.
Art . 33 - Quando aplicada a pena de multa, o infrator será notificado para efetuar o pagamento no prazo de
trinta dias, contados da data da notificação, recolhendo-a à conta do Fundo Nacional de Saúde, ou às reparti-
ções fazendárias dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, conforme a jurisdição administrativa em que
ocorra o processo.
§ 1º - A notificação será feita mediante registro postal, ou por meio de edital publicado na imprensa oficial,
se não localizado o infrator.
§ 2º - O não recolhimento da multa, dentro do prazo fixado neste artigo, implicará na sua inscrição para co-
brança judicial, na forma da legislação pertinente.
Art . 34 - Decorrido o prazo mencionado no parágrafo único do art. 30, sem que seja recorrida a decisão con-
denatória, ou requerida a perícia de contraprova, o laudo de análise condenatório será considerado definitivo e
o processo, desde que não instaurado pelo órgão de vigilância sanitária federal, ser-lhe-á transmitido para ser
declarado o cancelamento do registro e determinada a apreensão e inutilização do produto, em todo o território
nacional, independentemente de outras penalidades cabíveis, quando for o caso.
Art . 35 - A inutilização dos produtos e o cancelamento do registro, da autorização para o funcionamento
da empresa e da licença dos estabelecimentos somente ocorrerão após a publicação, na imprensa oficial, de
decisão irrecorrível.
Art . 36 - No caso de condenação definitiva do produto cuja alteração, adulteração ou falsificação não impli-
quem em torná-lo impróprio para o uso ou consumo, poderá a autoridade sanitária, ao proferir a decisão, des-
tinar a sua distribuição a estabelecimentos assistenciais, de preferência oficiais, quando esse aproveitamento
for viável em programas de saúde.
Art . 37 - Ultimada a instrução do processo, uma vez esgotados os prazos para recurso sem apresentação
de defesa, ou apreciados os recursos, a autoridade sanitária proferirá a decisão final dando o processo por
concluso, após a publicação desta última na imprensa oficial e da adoção das medidas impostas.
Art . 38 - As infrações às disposições legais e regulamentares de ordem sanitária prescrevem em cinco anos.
§ 1º - A prescrição interrompe-se pela notificação, ou outro ato da autoridade competente, que objetive a sua
apuração e conseqüente imposição de pena.
§ 2º - Não corre o prazo prescricional enquanto houver processo administrativo pendente de decisão.
Art . 39 - Esta Lei entrará em vigor na data de sua publicação.
Art . 40 - Ficam revogados oDecreto-lei nº 785, de 25 de agosto de 1969, e demais disposições em contrário.
Brasília, em 20 de agosto de 1977; 156º da Independência e 89º da República.
ERNESTO GEISEL
Paulo de Almeida Machado

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Exercícios

1. Assinale a opção que apresenta corretamente a definição de um dos princípios doutrinários e organizati-
vos do SUS.
(A) Universalização é o acesso às ações e serviços de saúde garantida a todas as pessoas, independente-
mente de sexo, raça, ocupação, ou outras características sociais ou pessoais.
(B)Descentralização é a consideração das pessoas como um todo, atendendo-se a todas as suas necessi-
dades.
(C) Equidade significa tratar igualmente todas as regiões do país, investindo os recursos de forma igual,
independentemente das necessidades específicas de cada região ou grupo populacional.
(D) Participação popular é a presença da sociedade civil nos conselhos e conferências de saúde por meio
da representação exclusivamente sindical.
(E) Hierarquização é a organização dos serviços de saúde partindo dos municípios até o governo central.
2. Com o advento da Nova República, o movimento político propício em virtude da eleição indireta de um
presidente não militar desde 1964, além da perspectiva de uma nova Constituição, contribuíram para que a VIII
Conferência Nacional de Saúde, em 1986, em Brasília, fosse um marco e, certamente, um divisor de águas
dentro do movimento pela reforma sanitária brasileira.
Acerca desse tema, quanto ao princípio ou à diretriz do Sistema Único de Saúde que corresponde a essa
conferência, assinale a alternativa correta.
(A) Participação da comunidade.
(B) Descentralização, com direção única em cada esfera de governo.
(C) Equidade da atenção.
(D) Rede regionalizada e hierarquizada.
(E) Acesso universal e igualitário.
3. Segundo a Lei nº 8.080/90, que define as diretrizes para organização e funcionamento do Sistema de
Saúde brasileiro, constitui um critério para o estabelecimento de valores a serem transferidos a estados, Distrito
Federal e municípios:
(A) eficiência na arrecadação de impostos.
(B) perfil epidemiológico da população a ser coberta.
(C)desempenho técnico, econômico e financeiro no período atual.
(D) participação paritária dos usuários no conselho de saúde.
(E) prioridade para o atendimento hospitalar.
4. Com base na Lei no 8.142/1990, que dispõe acerca da participação da comunidade na gestão do Sistema
Único de Saúde (SUS) e a respeito das transferências intergovernamentais de recursos financeiros na área da
saúde, e dá outras providências, assinale a alternativa correta.
(A) O Conselho de Saúde reunir-se-á a cada quatro anos com a representação dos vários segmentos so-
ciais, para avaliar a situação da saúde.
(B) A Conferência de Saúde, em caráter permanente e deliberativo, consiste em órgão colegiado composto
por representantes do governo, prestadores de serviço e profissionais de saúde.
(C) A representação dos trabalhadores da saúde nos Conselhos de Saúde e em Conferências será paritária
em relação ao conjunto dos demais segmentos.
(D) O SUS contará, em cada esfera de governo, com as seguintes instâncias colegiadas: Conferência de
Saúde e Conselho de Saúde.

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(E) O Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass) e o Conselho Nacional de Secretários Munici-
pais de Saúde (Conasems) terão representação em todos os Conselhos de Saúde.
5. Acerca da participação da comunidade na gestão do SUS e das transferências intergovernamentais de
recursos financeiros na área da saúde (Lei n.º 8.142/1990), assinale a alternativa correta.
(A) O Conselho de Saúde reunir‐se‐á a cada quatro anos para avaliar a situação de saúde e propor diretrizes
para a formulação da política de saúde.
(B) A Conferência de Saúde é um órgão colegiado atuante na formulação de estratégias e na execução da
política de saúde.
(C) A transferência de recursos de saúde para os municípios, os estados e o Distrito Federal pode ser feita
de maneira regular e automática, a depender da urgência da necessidade das verbas.
(D)Em relação ao conjunto dos demais segmentos, a representação dos usuários do sistema de saúde nos
Conselhos e nas Conferências de saúde será paritária.
(E) Pelo menos 90% dos recursos para cobertura das ações e dos serviços de saúde devem ser destinados
aos municípios, sendo o restante destinado ao estado.
6. FGV - 2015 - TCE-SE - Enfermeiro- A partir da Constituição Federal de 1988 várias iniciativas institucio-
nais, legais e comunitárias foram criando as condições de viabilização do direito à saúde, dentre as quais estão
as Normas Operacionais Básicas (NOB).
A principal finalidade da Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde, a NOB-SUS/96, foi:
(A) estabelecer o processo de regionalização como estratégia de hierarquização dos serviços de saúde e de
busca de maior equidade;
(B) promover e consolidar o pleno exercício, por parte do poder público municipal e do Distrito Federal, da
função de gestor da atenção à saúde dos seus municípios;
(C) instituir o Plano Diretor de Regionalização - PDR como instrumento de ordenamento do processo de
regionalização da assistência em cada estado e no Distrito Federal;
(D) identificar as necessidades e a proposta de fluxo de referência para outros estados, no caso de serviços
não disponíveis no território estadual;
(E) instituir a Gestão Plena da Atenção Básica Ampliada (GPAB- A), como uma das condições de gestão dos
sistemas municipais de saúde.
7. Prefeitura de Faxinal - PR 2016- No que tange à Norma Operacional Básica do Sistema Único de Saúde
NOB – SUS de 1996, assinale a assertiva INCORRETA:
(A) A Norma Operacional Básica em questão tem por finalidade primordial promover e consolidar o pleno
exercício, por parte do poder público municipal e do Distrito Federal, da função de gestor da atenção à saúde
dos seus munícipes, com a consequente redefinição das responsabilidades dos Estados, do Distrito Federal e
da União, avançando na consolidação dos princípios do SUS.
(B) A Norma Operacional Básica em questão redefine os instrumentos gerenciais para que municípios e es-
tados superem o papel exclusivo de prestadores de serviços e assumam seus respectivos papéis de gestores
do SUS.
(C) A Norma Operacional Básica em questão não menciona a necessidade de intervenções ambientais, uma
vez que isso invadiria a competência da ANVISA e do IBAMA.
(D) A totalidade das ações e de serviços de atenção à saúde, no âmbito do SUS, deve ser desenvolvida em
um conjunto de estabelecimentos, organizada em rede regionalizada e hierarquizada, e disciplinada segundo
subsistemas, um para cada município.
(E) Os sistemas municipais de saúde apresentam níveis diferentes de complexidade, sendo comum estabe-
lecimentos ou órgãos de saúde de um município atenderem usuários encaminhados por outro. Em vista disso,
quando o serviço requerido para o atendimento da população estiver localizado em outro município, as nego-
ciações para tanto devem ser efetivadas exclusivamente entre os gestores municipais.
8. AMEOSC - 2021 - Prefeitura de São Miguel do Oeste - SC - Nutricionista- Em relação ao controle higiêni-
co-sanitário durante o preparo dos alimentos, assinale a alternativa INCORRETA.
(A) O prazo máximo de consumo do alimento preparado e conservado sob refrigeração a temperatura de 4ºC
(quatro graus Celsius), ou inferior, deve ser de 3 (três) dias.
(B) O descongelamento deve ser efetuado em condições de refrigeração à temperatura inferior a 5ºC (cinco
graus Celsius) ou em forno de microondas quando o alimento for submetido imediatamente à cocção.

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(C) A temperatura do alimento preparado deve ser reduzida de 60ºC (sessenta graus Celsius) a 10ºC (dez
graus Celsius) em até duas horas.
(D) Os óleos e gorduras utilizados devem ser aquecidos a temperaturas não superiores a 180ºC (cento e
oitenta graus Celsius), sendo substituídos imediatamente sempre que houver alteração evidente das caracte-
rísticas físico-químicas ou sensoriais.
9. FUNDEP (Gestão de Concursos) - 2018 - Prefeitura de Lagoa Santa - MG - Agente de Controle de Ende-
mias- As atividades de vigilância em zoonoses são realizadas de maneira sistematizada e organizada. Sobre a
vigilância em zoonoses, analise as afirmativas a seguir.
I. A vigilância ativa ocorre por meio de ações de zoonose monitoradas por programas nacionais e devem
seguir as normas técnicas vigentes dos programas do ministério da saúde.
II. As ações de vigilância em zoonose são padronizadas e devem ser realizadas da mesma maneira em todo
território nacional, independentemente do contexto epidemiológico.
III. Na vigilância em zoonose, o monitoramento é constante, porém ainda carece de instrumentos de acom-
panhamento.
IV. A vigilância passiva caracteriza-se por viabilizar meios para a identificação oportuna e precoce de uma
situação de risco real (iminente) relacionada a zoonoses de uma determinada área.
Estão corretas as afirmativas
(A) I e II, apenas.
(B) II e III, apenas.
(C) I e IV, apenas.
(D) III e IV, apenas.
10. IESES - 2021 - Prefeitura de Palhoça - SC - Engenheiro Sanitarista- Sobre a etapa de captação de água
para o sistema de abastecimento de água de uma cidade, leia atentamente as alternativas a seguir:
I. Na análise das descargas médias e mínimas do manancial em relação a vazão de consumo (Qd) do pro-
jeto, temos: i) Captação direta quando Qméd. > Qd e Qmín. > Qd ; ii) Reservatório de acumulação ou regulari-
zação quando Qméd. < Qd e Qmín. > Qd ; iii) buscar outro manancial para atender a demanda ou completar a
vazão quando Qméd. > Qd e Qmín. < Qd.
II. Os dispositivos que podem estar presentes numa captação de água de superfície são: Tomada de água;
Barragem de nível ou soleira; Reservatório de regularização de vazão; Grades e telas; Desarenador
III. Aquíferos correspondem a uma formação geológica que contém água e permite que quantidades sig-
nificativas dessa água se movimentem no seu interior em condições naturais. Já aquitarde é uma formação
que pode conter água (até mesmo em quantidades significativas), mas é incapaz de transmití-la em condições
naturais.
IV. Aquiclude é a unidade geológica menos permeável numa determinada sequência estratigráfica. Por
exemplo: em uma sequência de estratos intercalados de arenitos e siltitos, os siltitos, menos permeáveis que
os arenitos, correspondem ao aquiclude.
A sequência de afirmativas INCORRETAS é:
(A) Apenas as alternativas I, III e IV estão incorretas.
(B) Apenas as alternativas II e III estão incorretas.
(C) Apenas as alternativas I e III estão incorretas.
(D) Apenas as alternativas II, III e IV estão incorretas.
11. IADES - 2022 - ADASA - Regulador de Serviços Públicos - Engenharia Ambiental e Sanitária- Acerca do
tratamento de água, assinale a alternativa correta.
(A) Nas tecnologias simplificadas de tratamento que empregam filtração rápida, é necessário efetuar o con-
dicionamento da água com coagulantes, com o objetivo de desestabilizar eletricamente os coloides presentes
na água bruta.
(B) A filtração lenta é uma das tecnologias de tratamento com coagulação química eficaz no tratamento de
águas naturais superficiais, com valores elevados de turbidez e cor verdadeira.
(C) A adsorção em carvão ativado pulverizado tem sido frequentemente usada nas estações de tratamento
de água do Brasil, contribuindo para a remoção de partículas coloidais, com dimensões de 1 nm a 1 µm, que
não são eficientemente removidas no tratamento de água por ciclo completo.
(D) Nas estações de tratamento de água que empregam floculadores mecanizados compostos por várias
câmaras em série, a eficiência do processo de floculação pode ser aumentada adotando-se gradientes de ve-

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locidade variáveis e crescentes da primeira para a última câmara de floculação.
(E) A eficiência de remoção de partículas discretas em decantadores convencionais de escoamento horizon-
tal depende do tempo médio de detenção da água na zona de sedimentação.
12. OBJETIVA - 2021 - Prefeitura de Horizontina - RS - Instrutor de Trabalhos Manuais- Em relação à separa-
ção e à destinação correta de resíduos, numerar a 2ª coluna de acordo com a 1ª e, após, assinalar a alternativa
que apresenta a sequência CORRETA:
(1) Recicláveis. (2) Não recicláveis.
( ) Potes plásticos, garrafas, copos. ( ) Espelhos, vidros planos, lâmpadas, tubos de TV, assadeiras de vidro
e válvulas. ( ) Cerâmica, cristais, porcelanas.
(A) 1 - 1 - 2.
(B) 2 - 2 - 2.
(C) 1 - 2 - 2.
(D) 2 - 1 - 1.
(E) 1 - 1 - 1.
13. Quadrix - 2022 - CRF-GO - Farmacêutico Fiscal- Conforme a Lei n° 6.437/1977, julgue o item.
Na hipótese de condenação pelo cometimento de infração sanitária, o infrator não poderá recorrer, inclusive
quando se tratar de multa.
( ) Certo
( ) Errado
14. OBJETIVA - 2021 - Prefeitura de Venâncio Aires - RS - Fiscal Sanitário - De acordo com a Lei nº
6.437/1977, as infrações sanitárias classificam-se em:
I. Leves, aquelas em que o infrator seja beneficiado por circunstância agravante.
II. Graves, aquelas em que for verificada uma circunstância atenuante.
III. Gravíssimas, aquelas em que seja verificada a existência de duas ou mais circunstâncias agravantes.
Está(ão) CORRETO(S):
(A) Somente o item I.
(B) Somente o item III.
(C) Somente os itens I e II.
(D) Somente os itens II e III.
(E) Todos os itens.
15. CEV-URCA - 2021 - Prefeitura de Crato - CE - Fiscal de Vigilância Sanitária- Conforme especificado no
Artigo 20 da Lei Federal nº 6.437/77, o desrespeito ou desacato ao servidor competente (Fiscal de Vigilância
Sanitária), em razão de suas atribuições legais, bem como embargo oposto a qualquer ato de fiscalização de
leis ou atos regulamentares em matéria de saúde, sujeitarão o infrator à penalidade de:
(A) Advertência.
(B) Cancelamento do alvará de licenciamento de estabelecimento.
(C) Multa.
(D) Interdição total do estabelecimento.
(E) Interdição parcial do estabelecimento.

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Gabarito

1 A
2 A
3 B
4 D
5 D
6 B
7 C
8 A
9 C
10 A
11 A
12 C
13 ERRADO
14 B
15 C

121
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