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História

1-Reconhecer o papel dos organismos de enquadramento das massas


no Estado Novo.

A longevidade do Estado Novo pode explicar-se pelo conjunto de instituições e


processos que, de forma mais ou menos eficaz, conseguiram enquadrar as
massas e obter a sua adesão ao projeto do regime.
● cite-se, em primeiro lugar, o Secretariado da Propaganda Nacional (SPN),
criado em 1933. Habilmente dirigido por António Ferro, desempenhou um
papel ativo na divulgação do ideário do regime e na padronização da cultura
e das artes.
● para congregar “todos os Portugueses de boa vontade” e apoiar
incondicionalmente as atividades políticas do Governo, fundou-se, em 1930,
a União Nacional, que segundo Salazar tratava-se de uma organização não
partidária- partido único.
● a Mocidade Portuguesa, organização miliciana, de inscrição obrigatória para
os jovens dos 7 aos 14 anos, destinava-se a ideologizar a juventude,
incutindo-lhes os valores nacionalistas e patrióticos do Estado Novo.
● a Legião Portuguesa, organização miliciana destinada à população adulta,
destinava-se a defender “o património espiritual da Nação”, o Estado
corporativo e a conter a ameaça bolchevista.
● o controlo do ensino, através da expulsão dos professores oposicionistas e
da adoção de “livros únicos” oficiais, que veiculavam os valores do Estado
Novo.
● em 1935, surgiu a Fundação Nacional para a Alegria no Trabalho (FNAT),
com a missão de controlar os tempos livres dos trabalhadores,
providenciando atividades recreativas e “educativas” norteadas pela moral
oficial.
● em 1936, foi criada a Obra das Mães pela Educação Nacional, uma
organização destinada à formação das “futuras mulheres e mães”.

2-Caracterizar a atuação do aparelho repressivo do Estado Novo.

Como outros regimes ditatoriais, o Estado Novo rodeou-se de um aparelho


repressivo que amparava e perpetuava a sua ação.
A censura prévia à imprensa, ao teatro, ao cinema, à rádio e , mais tarde, à
televisão abrangeu assuntos políticos, militares, morais e religiosos, assumindo,
frequentemente, o carácter de uma ditadura intelectual. Ao “lápis azul ou vermelho”
da censura cabia a proibição da difusão de palavras e imagens “subversivas” para a
ideologia do Estado Novo.
Por sua vez, a polícia política- Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE),
designada de Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) após 1945-
distinguiu-se por prender, torturar e matar opositores ao regime, sobretudo militantes
e simpatizantes do Partido Comunista Português.
As prisões de Caxias e de Peniche e o campo de concentração do Tarrafal, em
Cabo Verde, ficaram célebres pelas arbitrariedades e maus-tratos infligidos aos
detidos pela polícia política.

3-Explicitar as linhas orientadoras do modelo económico do Estado


Novo, até 1945, e como estas evidenciam os princípios ideológicos do
regime.

O autoritarismo do Estado Novo e a conjuntura depressiva dos anos 30 convergiram


no abandono das políticas económicas liberais. Desde os finais da década de 20 e
até aos anos 40, o país enveredou por um modelo económico fortemente
intervencionista e autárquico.
-Era então uma economia submetida aos imperativos políticos:
● abandono das políticas económicas liberais, mas preservação da propriedade
privada, submetida ao modelo económico do regime e recusa de um modelo
coletivista (ou comunista);
● modelo económico fortemente intervencionista e autárquico (procura da
autossuficiência- para Salazar, o fomento económico devia ser orientado e
dinamizado pelo Estado, sujeitando-se toda as atividades aos interesses da
Nação: “o Estado tem o direito e a obrigação de coordenar superiormente a
vida económica e social” (art.º31 da Constituição de 1933);
● o equilíbrio financeiro do país era necessário para a consolidação do regime;
● as prioridades económicas relacionam-se e sustentam os princípios
ideológicos do regime.

Diretrizes ou prioridades económicas do Estado Novo até 1945:

1. Estabilidade financeira e monetária


-saneamento das finanças públicas através da imposição de uma política de rigor
orçamental (ou de austeridade) com o controlo da despesa do Estado (limitação de
despesas) e o aumento das receitas, criando novos impostos (imposto
complementar sobre os rendimentos, imposto profissional sobre salários e
rendimentos das profissões liberais, imposto de salvação pública sobre os
funcionários públicos, taxa de salvação nacional sobre o consumo do açúcar,
gasolina e óleos minerais leves), isto tudo fez Salazar atingir, o tão desejado
equilíbrio orçamental; aumentaram-se, também, as tarifas alfandegárias sobre as
importações.
-o designado «milagre financeiro» de Salazar deveu-se também aos
condicionalismos externos: aproveitar a neutralidade portuguesa na II Guerra,
evitando os gastos de guerra, fortalecendo as exportações fornecendo aos países
beligerantes o que necessitavam (volfrâmio, indústrias de conserva, têxteis ligados
ao fardamento).
-as reservas de ouro aumentaram e o escudo fortaleceu-se, permitindo a
estabilidade monetária.
Apelidada de “milagre”, a estabilização financeira granjeou ao Estado Novo uma
imagem de credibilidade e de competência governativa. Mas, embora a propaganda
se esforçasse por enaltecer a obra meritória de Salazar, não faltaram as críticas
nem os detratores da sua política de austeridade. Censuraram-lhe os extremos
sacrifícios pedidos, a elevada carga de impostos, a supressão das liberdades e até
o critério duvidoso de incluir nas receitas extraordinárias os empréstimos contraídos.
O princípio ideológico aqui evidenciado é o dirigismo do regime (o Estado
controla tudo).

2. A defesa da ruralidade
-adoção de uma política autárquica (ou de autossuficiência económica ou de
redução da dependência externa) através de campanhas de produção agrícola.
Salazar entendia que a agricultura era o meio de atingir a autossuficiência.
-submetido aos interesses dos grandes agrários, levou a cabo um conjunto de
medidas de fomento do setor primário (atividades agrícolas): construção de
infraestruturas (barragens para a irrigação dos campos), recuperação de campos
agrícolas, políticas de fixação de populações no interior rural, dinamização da
produção dos bem tradicionais (batata, arroz, vinho, azeite, frutas), amplas
campanhas de desflorestação; arborização de outras zonas; lançamento de
Campanhas de Produção (ex: Campanha de Trigo- 1929 até 1937 e Campanha do
Vinho) para estimular a produção agrícola.
O princípio ideológico aqui evidenciado é o nacionalismo económico do
regime, defendendo a produção nacional, e o ruralismo do regime, onde o
campo era o bastião dos valores nacionais e tradicionais.

3. O programa de obras públicas


-a política de obras públicas recebeu um impulso notável com a Lei de Regeneração
Económica (1930). Pretendia-se dar uma imagem de modernização e resolver o
problema do desemprego, no sentido do desenvolvimento económico do país. Ao
programa de obras públicas do Estado Novo, nas décadas de 30 e 40, ficou ligada à
figura de Duarte Pacheco, ministro das Obras públicas em 1932-36 e em 1938-43.
-melhorou-se a rede de estradas, pontes (Ponte 25 de abril, então Ponte Salazar e
Ponte da Arrábida), portos marítimos, rede telefónica nacional, grandes complexos
desportivos (Estádio do Jamor), complexos hidroelétricos, edifícios de serviço
público (prisões, tribunais, escolas, quartéis, hospitais, bairros operários, estaleiros
navais) e construiu-se aeroportos.
-expansão da eletrificação do país; expansão das redes telegráfica e telefónica.
-deu-se particular atenção aos monumentos históricos.
O princípio ideológico aqui evidenciado é o intervencionismo e o dirigismo do
regime.
4. O condicionamento industrial
-num país de exagerado ruralismo, a indústria não constituiu a prioridade do Estado.
Entre 1930 e 1950, a população ativa empregue na indústria cresceu pouco,
continuando a maioria dos trabalhadores a concentrar-se na atividade agrícola
(apenas cerca de 20% da população trabalhava no setor industrial).
-o débil crescimento verificado poder-se-á explicar pela política de condicionamento
industrial concretizado em 1931 e 1937 (restrições à iniciativa privada, com o
objetivo de regular a atividade produtiva ou a concorrência)- as iniciativas
empresariais deviam de se enquadrar num modelo cujas linhas de força competia
ao Estado definir: qualquer indústria necessitava de prévia autorização do Estado
para se instalar, reabrir, efetuar ampliações, mudar de lugar, ser vendida a
estrangeiros ou até para comprar máquinas.
-mais do que o desenvolvimento industrial, procurava-se evitar a sobreprodução, a
queda dos preços, o desemprego e a agitação social. Contudo, o condicionamento
industrial acabou por se converter em definitivo, criando obstáculos à
modernização do setor: insuficientes comunicações, tecnologia arcaica, baixos
níveis de produtividade, dependência das importações, falta de iniciativa, baixos
salários.
-apesar dos bloqueios, em setores que mobilizavam maiores capitais (caso dos
adubos, cimentos, químicas inorgânicas, cervejas, tabacos, fósforos) o
condicionamento fomentou a formação de concentrações e monopólios (caso da
CUF), na medida em que limitou severamente a concorrência.
O princípio ideológico aqui evidenciado é o ruralismo, o intervencionismo, o
dirigismo e o nacionalismo económico do regime.

5. Corporativismo
-contrário à desordem económica e social, provocada pelos excessos da
concorrência liberal e pela luta de classes, o Estado Novo, inspirado na Carta do
Trabalho italiana, publicou, em 1933, o Estatuto do Trabalho Nacional, diploma que
definia a organização corporativa do Estado. Neste documento são criados os
Sindicatos Nacionais que em conjunto com os Grémios constituíam as corporações.
Estas negociavam os contratos coletivos de trabalho, estabeleciam normas e cotas
de produção e fixavam preços e salários. O Estado é que superintendia e
intermediava a negociação; eliminava-se assim a tensão social e a instabilidade.
São proibidos os sindicatos livres e as greves.
-existam ainda as Casas do Povo (congregavam patrões e trabalhadores rurais) e
as Casas dos Pescadores (congregavam pescadores e os seus empresários).
-os objetivos do corporativismo eram então: impor a supremacia do Estado,
garantir a colaboração entre as classes para anular a luta de classes, conciliando
interesses divergentes e defender o “Interesse Nacional” e o “Bem Comum” para
promover a Unidade Nacional e assim garantir a Ordem, a Disciplina e a
Autoridade Social e Económica (contra o Socialismo e o Sindicalismo).
O princípio ideológico aqui evidenciado é o dirigismo (impor o controlo do
Estado).

6. Política Colonial (colonialismo)


-o «Ato Colonial», promulgado em 1930, afirmava a missão histórica de Portugal de
possuir e colonizar territórios ultramarinos e de civilizar as populações indígenas. Os
territórios ultramarinos eram considerados possessões imperiais inalienáveis. Em
consequência deste pressuposto, reforçou-se a tutela metropolitana sobre as
colónias. Insistiu-se na fiscalização da metrópole sobre os governadores coloniais e
no estabelecimento de um regime económico de tipo “pacto colonial”, segundo o
qual caberia às colónias ser um mero fornecedor de matérias-primas para a
indústria metropolitana que obtinha escoamento garantido nos mercados coloniais.
-simultaneamente, incutia-se no povo português uma mística imperial que uma série
de congressos, conferências e exposições ajudaria a propagandear, como por
exemplo, a I Exposição Colonial Portuguesa, realizada no Porto em 1934, e a
Exposição do Mundo Português, realizada em Lisboa em 1940.
-se em termos de imaginário coletivo, o Estado promovia e valorizava o papel das
colónias, o mesmo não se passava em termos económicos, pois as colónias não
eram vistas como um espaço atrativo para possíveis investimentos nas décadas de
30 e 40.
Os princípios ideológicos aqui evidenciados são o nacionalismo e o
imperialismo.

4-Caracterizar o projeto cultural («Política do Espírito») do regime do


Estado Novo.

O projeto cultural do regime foi submetido aos imperativos políticos. O Estado Novo
concebeu um projeto totalizante que fez de artistas e escritores instrumentos
privilegiados da inculcação e da propaganda do seu ideário. Esse projeto cultural, a
que se chamou «política de espírito», pretendia elevar a mente dos Portugueses e
alimentar a sua alma, visando através de uma intensa propaganda inculcar o ideário
do Estado Novo (amor à pátria, culto dos heróis, virtudes familiares,...). A liberdade
criativa deu lugar à criação artística e literária fortemente condicionada pelos
interesses políticos e subordinada à censura, evitando-se, assim, excessos
intelectuais que pusessem em causa a coesão nacional e dinamizando-se uma
produção cultural que propagandeasse o Estado Novo. Para o efeito, foi instituído o
«Secretariado da Propaganda Nacional», tutelado por António Ferro, fascista
convicto, patrocinador do movimento modernista português; a sua função essencial
foi mediatizar o regime.

Objetivos:
-elevar o nível cultural dos portugueses, no quadro dos padrões do regime;
-exaltar as realizações do regime, através da propaganda ou da mediatização;
-promover a adesão ao regime ou o enquadramento das massas;
-controlar e padronizar a produção cultural e artística das elites ou integrar a estética
modernista, unindo conservadorismo e vanguarda;
-divulgar Portugal e a imagem de Salazar e do Estado Novo no exterior, através da
participação em exposições internacionais;
-promover a educação popular para inculcar os valores do regime (exaltação da
tradição, da História, da pátria, da grandeza do império ou da ruralidade) através de
exposições ou de concursos ou do teatro ou do cinema ou da rádio ou de outras
atividades de entretenimento popular;

Meios:
-envolvimento e instrumentalização de artistas e de escritores na promoção dos
ideais do regime;
-marginalização e denúncia de escritores e de artistas que recusavam o
condicionamento da liberdade criativa imposto pelo Secretariado da Propaganda
Nacional ou marginalização generalizada da produção cultural livre através da
censura, considerada contrária aos alicerces totalitários do regime (exemplo: artistas
ou escritores ou jornalistas ou cineastas);
-sistema de propaganda cultural eficiente como ação doutrinária do regime com
vista à adesão das massas;
-realização de grandes eventos oficiais para promoção do regime: Exposição
Colonial do Porto (1934) ou Exposição do Mundo Português (1940);
-patrocínio e organização anual de exposições, de concursos e de prémios literários
e artísticos para promoção do regime ou promoção e divulgação do teatro, do
cinema e de atividades de entretenimento popular.

5-Expor o novo quadro geopolítico mundial, como consequência das


decisões tomadas nas Conferências de Ialta e Potsdam.

Quando o ano de 1942 se iniciou, o Reino Unido, a França e os restantes países


que lutavam contra os exércitos do Eixo tinham razão para estar confiantes.
Contavam, agora, com dois importantes aliados: a URSS, que a invasão nazi
trouxera para a cena de guerra; e os Estados Unidos, envolvidos no conflito pelo
recente ataque japonês a Pearl Harbor.
Esta nova relação de forças desencadeou uma série de conferências interaliadas,
com o fim de delinear estratégias de guerra e de estabelecer os princípios que
deveriam nortear a paz. Com a França ocupada, estas conferências foram, a partir
de 1943, protagonizadas pelos “Três Grandes”: os Estados Unidos, a União
Soviética e o Reino Unido.

A conferência de Ialta
Em fevereiro de 1945, com o aproximar de uma vitória certa, o presidente
americano, Franklin Roosevelt, e o primeiro-ministro britânico, Winston Churchill,
reuniram-se com Estaline, a fim de definir, com pormenor, diretrizes para o tempo de
paz. A conferência decorreu em território soviético, na estância balnear de Ialta, e foi
alcançado um acordo sobre algumas questões importantes:
● definiu-se a fronteira entre a Polónia e a União Soviética, até então ponto
de discórdia entre os ocidentais e os soviéticos.
● estabeleceu-se a divisão provisória da Alemanha em quatro áreas de
ocupação, geridas pelas três potências conferencistas e pela França, sob a
coordenação de um Conselho Aliado.
● decidiu-se a reunião, num futuro próximo, da conferência preparatória da
Organização das Nações Unidas.
● estipulou-se o supervisionamento dos “três grandes” na futura constituição
dos Governos dos países de Leste (ocupados pelo Eixo), com base no
respeito pela vontade política das populações.
● estabeleceu-se a quantia de 20 mil milhões de dólares, proposta por Estaline,
como base das reparações da guerra a pagar pela Alemanha.

Além das decisões que, na Conferência, expressa e publicamente se tomaram,


parece possível que, se tenha também estabelecido um acordo quanto às zonas de
influência dos regimes comunista e capitalista.

A conferência de Potsdam
Alguns meses mais tarde, em finais de julho, reuniu-se em Potsdam, junto de
Berlim, uma nova conferência com o fim de consolidar os alicerces da paz. A
Conferência de Potsdam decorreu num clima bem mais tenso do que a de Ialta.
Vencida a Alemanha, renasciam as desconfianças face ao regime comunista, que
Estaline representava, e às suas pretensões expansionistas na Europa. Assim, a
conferência limitou-se praticamente a pormenorizar os aspetos já acordados em
Ialta:
● a perda provisória de soberania da Alemanha e a sua divisão em quatro
áreas de ocupação;
● a administração conjunta da cidade de Berlim, igualmente dividida em
quatro setores de ocupação;
● o montante e o tipo de indemnizações a pagar pela Alemanha;
● o julgamento dos criminosos de guerra nazis por um tribunal internacional
(Nuremberga);
● a divisão, ocupação e desnazificação da Áustria, em moldes semelhantes
aos estabelecidos para a Alemanha.

6-Identificar os objetivos que presidiram à criação da ONU e o seu modo


de funcionamento.

A ideia de uma organização internacional que velasse pela paz e pela segurança
resistiu ao fracasso da Sociedade das Nações. Foi então criada uma nova
organização que nasceu oficialmente na Conferência de São Francisco, em abril de
1945 com o nome de Organização das Nações Unidas (ONU). Segundo a Carta
fundadora, as Nações Unidas têm como propósitos principais:
● Manter a paz e reprimir os atos de agressão, utilizando, tanto quanto
possível, meios pacíficos, de acordo com os princípios da justiça e do direito
internacional.
● Desenvolver relações de amizade entre os países do mundo, baseadas na
igualdade entre os povos e no seu direito à autodeterminação.
● Desenvolver a cooperação internacional no âmbito económico, social e
cultural, e promover a defesa dos Direitos Humanos.
● Funcionar como centro harmonizador das ações tomadas para alcançar
estes propósitos.

Sob o impacto do Holocausto e disposta a impedir, no futuro, as atrocidades


cometidas durante a Segunda Guerra Mundial, a ONU tomou uma feição
profundamente humanista que foi reforçada pela aprovação, em 1948, da
Declaração Universal dos Direitos Humanos, que passou a integrar os
documentos fundamentais das Nações Unidas.

Órgãos de funcionamento:
A Carta das Nações Unidas definiu também os órgãos de funcionamento da
instituição:
● A Assembleia Geral, no qual têm assento todos os Estados-membros, em
pé de igualdade. Funciona como um verdadeiro parlamento mundial e pode
colocar na sua agenda todo o tipo de questões.
● O Conselho de Segurança, diretamente responsável pela manutenção da
paz. É composto por 15 membros, cinco dos quais permanentes: os EUA,
a Rússia, o Reino Unido, a China e a França. Estes “cinco grandes” têm
direito de veto, pelo que qualquer um deles pode inviabilizar uma tomada de
decisão.
● O Secretariado-Geral, à frente do qual se encontra o secretário-geral, eleito
pela a Assembleia, por proposta do Conselho de Segurança. Coordena toda
a instituição e presta os seus “bons serviços” diplomáticos nas questões mais
delicadas. O secretário-geral representa a ONU e, com ela, todos os
povos do mundo.
● O Conselho Económico e Social, encarregado de promover a cooperação a
nível económico, social e cultural. Pelos muitos organismos que dele
dependem é um dos órgãos mais importantes e ativos da ONU.
● O Tribunal Internacional de Justiça, com sede em Haia. Resolve, à luz do
direito internacional, os litígios entre os Estados.
● O Conselho de Tutela, ao qual foi atribuída a administração dos territórios
que se encontravam à guarda da extinta SDN. Em 1994,, com a
independência do Palau, consideraram-se cumpridos os objetivos deste
órgão, pelo que cessou o seu funcionamento permanente.
7-Enunciar em que consistiu a Conferência de Bretton Woods, quais as
diretrizes económicas definidas e em que consistiram os organismos
então criados.

A Conferência de Bretton Woods foi realizada em julho de 1944, durante a Segunda


Guerra Mundial, na cidade de Bretton Woods, New Hampshire, Estados Unidos. O
principal objetivo da conferência era estabelecer um novo sistema financeiro
internacional que pudesse prevenir as crises económicas e promover a estabilidade
económica global após o fim da guerra. As diretrizes econômicas definidas durante
a conferência incluíram:
● Criação do Fundo Monetário Internacional (FMI): O FMI foi estabelecido
para promover a cooperação monetária internacional, facilitar o comércio
internacional e proporcionar assistência financeira temporária aos países com
dificuldades econômicas.
● Criação do Banco Mundial (World Bank Group): Tem por missão combater
a pobreza e financiar planos de desenvolvimento. Integra o BIRD (Banco de
Reconstrução e Desenvolvimento), a fim de impulsionar a reconstrução do
pós-guerra.
● Criação da OMC (WTO)- Organização Mundial do Comércio: Não foi criada
na Conferência de Bretton Woods, é uma organização independente sob a
esfera da ONU, resultou do GATT, (Acordo Geral de Tarifas e Comércio)
assinado em 1947, com o fim de liberalizar as trocas internacionais.

8-Explicar a expansão do comunismo na Europa (sovietização do leste


europeu), no final da 2ª Guerra Mundial.

Além de consideráveis ganhos territoriais, a guerra dera à União Soviética um


enorme protagonismo internacional.
Dentro da Europa, o papel da União Soviética adivinhava-se determinante. No
último ano do conflito, na sua marcha vitoriosa até Berlim, coubera ao Exército
Vermelho a libertação dos países da Europa Oriental. Na Polónia, na
Checoslováquia, na Hungria, na Roménia e na Bulgária, os soldados russos tinham
substituído os ocupantes nazis.
A URSS detinha, assim, uma clara vantagem estratégica no Leste Europeu. Embora
os acordos de Ialta previsse o respeito pela vontade dos povos, expressa em
eleições livres supervisionadas pelas três potências, na prática tornava-se
impossível contrariar a hegemonia soviética, que não tardou a impor-se: entre 1946
e 1948, todos os países libertados pelo Exército Vermelho se tornaram estados
socialistas.
A extensão do comunismo no Leste europeu foi, de imediato, contestada pelos
ocidentais. Logo em março de 1946, Churchill denuncia publicamente, a criação, por
parte da URSS, de uma área de influência impenetrável, isolada do Ocidente por
uma “cortina de ferro”.
9-Caracterizar a afirmação de um mundo bipolar marcado pelo confronto
entre duas superpotências com ideologias e modelos
político-económicos antagónicos, no pós 2ª Guerra Mundial.

Se irreversível, a extensão da influência soviética na Europa parecia, aos ocidentais,


inaceitável. O seu dinamismo constituía uma ameaça ao modelo capitalista e liberal,
ameaça essa que era preciso conter. Num discurso histórico, o presidente Truman
expõe a sua visão de um mundo dividido em dois sistemas antagónicos, discurso
esse que ficou conhecido por a Doutrina de Truman.
Doutrina de Truman (março de 1947): perante o enfraquecimento da Europa e um
mundo dividido em dois sistemas antagónicos (o sistema ocidental considerado
“livre”, o sistema soviético considerado “opressor”), competia aos americanos liderar
o mundo livre e auxiliá-lo através de ajuda financeira na contenção do
comunismo. Esta posição inverte o tradicional isolacionismo americano, que os
levou a entrar tardiamente nas 1ª e 2ª Guerras Mundiais e a não participar da SDN.
As perdas humanas e materiais tinham sido pesadíssimas e as ajudas de
emergência, prestadas pelos Estados Unidos nos primeiros dois anos do
pós-guerra, só tinham acudido às necessidades mais prementes. É neste contexto
que o secretário de Estado americano George Marshall anuncia, em junho de 1947,
um gigantesco plano de ajuda económica à Europa.
Plano Marshall (junho de 1947): gigantesco plano de ajuda económica americano
(grande parte a fundo perdido), à Europa, o European Recovery Plan, que ficou
conhecido pelo nome do seu proponente. Foi oferecido a todos os países europeus,
inclusive aqueles já sob influência soviética e que são impedidos pela URSS de
aceitarem esta ajuda. Foi a pedra basilar sobre a qual se construiu a aliança entre
os EUA e a Europa Ocidental, tendo permitido também que a reconstrução
económica europeia ocidental se desse em moldes capitalistas.
(A OECE- Organização Europeia de Cooperação Económica) é criada em 1948
para operacionalizar o European Recovery Plan e conseguir uma eficiente
distribuição dos fundos e integrava os EUA e 16 países que aceitaram a ajuda do
Plano Marshall. Terminada a ajuda Marshall, em 1960, a OECE passa a OCDE-
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento económico).
Alguns meses passados sobre a Doutrina de Truman e o anúncio do Plano Marshall,
os soviéticos formalizaram, por sua vez, a rutura entre as duas potências. Em
setembro de 1947, acontece então a Doutrina Jdanov.
Doutrina Jdanov: assumindo também a divisão do mundo em dois sistemas
contrários (um “imperialista e antidemocrático” liderado pelos EUA e o outro
“anti-imperialista e democrático” liderado pela URSS) os soviéticos deviam liderar as
forças anti-imperialistas e democráticas, apoiando-se no movimento operário, nos
Partidos Comunistas e nos movimentos de libertação dos países coloniais, tendo
em vista a expansão do comunismo na Europa de Leste coordenada pelo
Kominform.
Em janeiro de 1949, Moscovo “responde” também ao Plano Marshall, lançando o
Plano Molotov.
Plano Molotov: plano de ajuda económica soviético que estabelece as estruturas
de cooperação económica da Europa Oriental, tendo por objetivos: reconstruir, em
moldes comunistas, as economias dos países-satélite devastadas pela guerra;
conceder auxílio económico aos países da Europa de Leste e evitar a difusão do
capitalismo.
Foi no âmbito deste plano que se criou o COMECON (Conselho de Assistência
Económica Mútua), instituição destinada a promover o desenvolvimento integrado
dos países comunistas sob a proteção da URSS.

10-Define.

Autoritarismo: sistema de governo antidemocrático caracterizado pelo primado do


poder executivo e pela restrição dos direitos civis e políticos. Nestes regimes, o
poder está concentrado num líder ou numa elite.
Corporativismo: forma de organização socioeconómica que defende a constituição
de corpos profissionais (corporações) de trabalhadores, patrões e serviços, que
conciliam os seus interesses de modo a promover o bem-estar geral.
Colonialismo/Imperialismo: o colonialismo concentra-se na ocupação e controle
direto de territórios estrangeiros, o imperialismo abrange uma gama mais ampla de
formas pelas quais as nações dominantes exercem poder sobre outras nações.
Desnazificação: processo de desmantelamento e remoção da influência do
nazismo da sociedade alemã após a Segunda Guerra Mundial, visando eliminar
símbolos, ideologias e estruturas associadas ao regime nazista de Adolf Hitler.
Tribunal de Nuremberga: tribunal internacional estabelecido após a Segunda
Guerra Mundial para julgar líderes nazis por crimes de guerra, crimes contra a
humanidade e crimes contra a paz.
Cooperação Internacional: colaboração entre países ou organizações
internacionais para abordar questões de interesse comum, como segurança, meio
ambiente, comércio, saúde, direitos humanos e desenvolvimento econômico.
«Cortina de ferro»: termo usado para descrever a divisão ideológica e geopolítica
da Europa após a Segunda Guerra Mundial, em que os países do Leste Europeu,
sob influência soviética, foram separados dos países ocidentais democráticos.

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