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UNIMA - CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MACEIÓ

HELANO CARVALHO HORDONHO DE OLIVEIRA

DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO

MACEIÓ
2024
No final do século XVIII, a França passava por um grande processo de
transformações sociais e políticas, que culminaram na Revolução Francesa em
1789. A sociedade francesa era dividida em três partes, o Primeiro Estado,
composto pelo clero, o Segundo Estado, composto pela nobreza, e o Terceiro
Estado, que era a maioria, composto pelos camponeses, operários e burgueses.
Esse último, era o protagonista dessas mudanças, pois eram a base da pirâmide
social francesa e consequentemente era a que mais pagava impostos e onde estava
presente a maior parte da desigualdade social. Dessa maneira, o povo, revoltado
com a situação e com um sentimento nacionalista, decidiu se juntar. A situação
atingiu seu estopim na tomada da Bastilha, prisão onde ficavam os presos políticos
que eram contra o antigo regime absolutista, em 14 de julho de 1789.
Nesse contexto, em 26 de agosto de 1789, a Assembleia Constituinte redigiu,
o que seria a primeira declaração de direitos e o texto que seria a base de do
sistema democrático ocidental, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
O texto, inspirado na declaração de independência americana de 1776, contém 17
artigos e um preâmbulo, que serão discutidos futuramente. A declaração define os
direitos individuais e coletivos do homem como universais. Esses direitos universais
são os de fraternidade, igualdade e liberdade, e estão acima dos interesses de
qualquer particular, concedeu também, liberdades específicas da opressão, como
uma expressão da “vontade geral”. Ela define direitos naturais e imprescindíveis ao
ser humano, como a liberdade, a segurança, a propriedade e a resistência à
opressão. Outro tema abordado é o da tripartição do poder entre poder Executivo,
Legislativo e Judiciário. Dessa forma, é nítida e evidente a influência das ideias
iluministas, como, a ideia da origem divina e natural do homem, de John Locke, as
leis naturais e separação do poder de Montesquieu e as ideias de direito natural,
liberdade e igualdade e a vontade geral de Rousseau. Assim, a declaração foi uma
espécie de carta geográfica para a navegação política dos mares futuros e uma
referência indispensável a todo projeto de constitucionalização dos povos.
Nessa perspectiva, após apresentar os fatores históricos e ideias principais
que circulam a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, irei falar sobre
cada um de seus artigos e seu preâmbulo único. O preâmbulo diz que o
esquecimento ou o desprezo do direito do homem são as únicas causas dos males
públicos e corrupção nos governos, portanto foi-se decidido declarar os direitos
naturais, inalienáveis e sagrados do homem. Art. 1º, afirma que os homens são
livres e iguais em direito, e que as distinções sociais só podem se basear na
utilidade comum. Art. 2º, fala que a finalidade de toda associação política é a
conservação dos direitos naturais do homem, e que esses direitos são, a liberdade,
a propriedade, a segurança e a resistência à opressão. Art. 3º, afirma que toda
soberania reside na nação, e que nenhuma operação ou indivíduo pode exercer
autoridade que dela não demande. Art. 4º, diz que a liberdade consiste em fazer
tudo que não prejudique o próximo, a ideia de que sua liberdade termina quando a
do outro começa, afirma também que esses limites podem apenas serem
determinados pela lei. Art. 5º, fala que a lei proíbe apenas as ações nocivas à
sociedade, e que tudo que não é vedado pela lei não pode ser obstado e ninguém
pode ser constrangido a fazer o que ela não ordene. Art. 6º, afirma que a lei é a
expressão da vontade geral, todos cidadãos podem podem concorrer pessoalmente
ou através de mandatários, para a sua formação, e que ela deve ser a mesma para
todos. Art. 7º, garante que ninguém pode ser acusado, preso ou detido senão nos
casos determinados pela lei e de acordo com as formas por esta prescrita. Art. 8º,
diz que a lei deve estabelecer penas estritas e evidentemente necessárias. Art. 9º,
estabelece que todo acusado é considerado inocente até ser declarado culpado. Art.
10º, garante que ninguém pode ser julgado e apedrejado por suas opiniões, desde
que elas não perturbem a ordem pública estabelecida pela lei. Art. 11º, garante a
livre comunicação das ideias e opiniões, portanto permitem a fala, escrita e a
impressão delas livremente, se não estiverem infringindo o acordo dos termos
previstos na lei. Art. 12º, afirma que a garantia dos direitos do homem e do cidadão
necessita de uma força pública, esta força é, portanto, instituída para o usufruto de
todos, e não para utilidade particular. Art. 13º, diz que para a manutenção da força
pública e despesas de administração, é indispensável uma contribuição comum que
deve ser dividida entre os cidadãos de acordo com suas possibilidades. Art. 14º fala
que todos os cidadãos podem verificar a necessidade da contribuição pública. Art.
15º, garante que a sociedade tem o direito de pedir contas a todo agente público
pela sua administração. Art. 16º, afirma que a sociedade em que não esteja
assegurada a garantia dos direitos, nem estabeleça a separação dos poderes, não
tem Constituição. Art. 17º, garante que como a propriedade é um direito inviolável e
sagrado, ninguém pode ser privado dela, a não ser quando a necessidade pública
legalmente comprovada o exigir, sob a condição de justa e prévia indenização.
A influência das ideias iluministas que formaram a Declaração dos Direitos do
Homem e do Cidadão foi capaz de ultrapassar continentes, chegando por sua vez
no Brasil. Nosso país se inspira nos ideais franceses desde sua primeira lei maior, a
Constituição Imperial de 1824, que em seu art. 179 declarou a inviabilidade dos
direitos civis e políticos, que tem por base a liberdade, a segurança individual e a
propriedade. Já na Constituição de 1934, no art. 113, foi acrescentado também o
direito de subsistência. Sua sucessora, a Constituição de 1946, no art. 141 a
inviabilidade dos direitos à vida, à liberdade, à segurança individual e à propriedade.
A Constituição de 1967 excluiu o termo “individual” do termo segurança, logo em
seguida destacaram dois direitos fundamentais, a igualdade, no sentido de
isonomia, a ideia de que perante a lei todos sejam iguais, e a liberdade jurídica, que
regula toda atuação ou emissão do homem pela lei. Por fim, a atual Constituição, no
seu art. 5º, de forma mais ampla, assevera que todos são iguais perante a lei, sem
distinção de qualquer natureza, garantindo-se o direito à vida, à liberdade, à
igualdade, à segurança e à propriedade.
Portanto, é visível a importância da Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão não só na época em que foi escrita, mas também nos dias de hoje, visto
que a declaração contribuiu para a positivação de direitos importantes e inerentes à
toda pessoas humana, que hoje estão positivados em todos os textos referentes aos
Direitos Humanos e está presente em todas legislações dos países democráticos, e
integra até hoje a Constituição francesa. É notória sua relevância nos dias de hoje,
visto que foi a primeira declaração de direitos e foi fonte de inspiração de textos
como a Declaração Universal dos Direitos Humanos, aprovada pela ONU em 1948.

REFERÊNCIAS

PALMA, R. F. História do Direito. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2022.

NOVO, Benigno Núñez. A DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO


CIDADÃO DE 1789: Análise sobre a declaração dos direitos do homem e do
cidadão de 1789. [S. l.], 7 ago. 2021. Disponível em:
https://meuartigo.brasilescola.uol.com.br/direito/a-declaracao-dos-direitos-homem-e-
do-cidadao-de-1789.htm. Acesso em: 30 abr. 2024.

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