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Apostila Vanessa
Apostila Vanessa
ÁREA DE BIOLOGIA
IB-108
APOSTILA DE AULAS PRÁTICAS DE
BIOLOGIA CELULAR
Aluno:________________________________________________________
Turma: _______________________________________________________
Professores responsáveis:
Profa. Dra. Ana Cláudia Ferreira Souza
Profa. Vanessa Barreto Xavier
Prof. Wallace Martins de Araujo
Material necessário:
Apostila, lápis preto, borracha e lápis de cor.
Informações importantes:
É obrigatório o uso de jaleco durante as aulas práticas, inclusive nos dias de avaliação
prática;
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CONTEÚDO
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PRÁTICA 01 - TÉCNICAS DE PREPARO DE MATERIAIS PARA MICROSCOPIA DE LUZ
INTRODUÇÃO
O estudo estrutural e ultra-estrutural das células apresenta várias limitações, principalmente devido às
reduzidas dimensões celulares, à ausência de contraste entre as organelas e entre outras estruturas da célula e à
grande espessura dos materiais biológicos. Por esses motivos, o uso de equipamentos e de técnicas apropriadas
para a obtenção e processamento dos materiais biológicos para o estudo da estrutura celular é de fundamental
importância.
A observação direta das células, cujas dimensões são extremamente reduzidas, é feito por meio do
microscópio de luz ou eletrônico. O primeiro apresenta um conjunto de lentes de vidro e o segundo, uma série de
lentes eletromagnéticas que permitem a ampliação da imagem da célula e de suas estruturas. A questão do
contraste é resolvida com o uso de corantes na microscopia de luz ou de contraste na microscopia eletrônica de
transmissão, numa etapa que é conhecida como coloração ou contrastação, respectivamente. Com isto, é possível
identificar regiões específicas, organelas ou estruturas celulares, aumentando artificialmente o contraste entre elas,
já que seus índices de refração são muito próximos entre si. Em outras palavras, as velocidades com as quais a luz
atravessa essas estruturas, não diferem significativamente entre si.
Devido à grande espessura dos materiais biológicos normalmente estudados e pelo fato da imagem ao
microscópio ser formada a partir da luz (microscópio de luz) ou de elétrons (microscópio eletrônico) que
atravessam a amostra, faz-se necessário obter camadas únicas de células, ou seja, sem sobreposição das mesmas.
Como não existe grande resistência por parte da maioria dos tecidos ou órgãos para permitir cortes suficientemente
finos, os materiais biológicos são incluídos em parafina ou resinas sintéticas que irão facilitar a microtomia, etapa
esta que consiste em obter os cortes em equipamento apropriado denominado micrótomo. Alternativamente,
existem outras formas de se obter camadas únicas de células, porém, não utilizando meios de inclusão, como por
exemplo, o decalque, o esmagamento e o esfregaço.
A seguir são apresentadas as principais etapas do processamento para obtenção de lâminas permanentes para
estudos em microscopia de luz, utilizando a inclusão em resina sintética.
1. OBTENÇÃO DO MATERIAL BIOLÓGICO
A primeira etapa do processo de preparo de uma lâmina consiste no isolamento do órgão ou um fragmento
do mesmo que se pretende estudar, podendo ser tanto de origem animal ou vegetal.
A retirada de amostras de tecido, principalmente de animais, depende muitas vezes de lavagens sucessivas,
para retirada de excesso de sangue ou de outros fluídos corporais. Para tanto, o órgão ou fragmento, é lavado em
solução fisiológica que apresenta concentração salina específica, conferindo-lhes pressões osmóticas equivalentes
aquelas dos diferentes tipos celulares. A concentração dessa solução é importante para evitar alterações de
volumes na célula em decorrência de entrada ou saída de água e/ou íons, causada por diferenças osmóticas. A
solução fisiológica mais simples e mais usada é a de cloreto de sódio a 0,9% (m/v).
2. FIXAÇÃO
A preservação das células é feita em uma etapa conhecida como fixação, processo que permite estabilizar as
estruturas celulares e extracelulares, fazendo com que estas fiquem o mais próximo possível da sua condição “in
vivo”. A fixação visa também evitar o processo de autólise, o que poderia alterar drasticamente a estrutura celular.
Mesmo com todos os cuidados tomados nesta etapa, algumas alterações são introduzidas nas células, e desta forma
as imagens obtidas ao microscópio apresentam artefatos.
Uma boa técnica de fixação é aquela que interfere o mínimo possível na estrutura da célula, bem como na
estrutura e localização das diferentes macromoléculas presentes na mesma. Esta etapa é importante tanto para a
microscopia de luz quanto para a microscopia eletrônica, seja de transmissão ou de varredura.
Existem vários métodos físicos e químicos de preservação de células, sendo que a fixação química é uma das
mais empregadas na biologia celular. A fixação química pode ser conseguida utilizando-se de substâncias que
reagem com determinados sítios específicos de diferentes biomacromoléculas promovendo a sua estabilidade.
Fixadores à base de aldeído (formaldeído, paraformaldeído e glutaraldeído), por exemplo, preservam melhor a
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estrutura celular, além de provocar baixa retração dos tecidos. O tempo e a temperatura de fixação vão depender
do tipo de tecido e tamanho do fragmento a ser fixado. Fixadores mais drásticos, como o etanol, o ácido acético
e outros, que promovem a desnaturação e precipitação de macromoléculas, podem também ser utilizados em
estudos que não visem a análise estrutural das células.
A criofixação é um método físico que se baseia no congelamento rápido de células, o que pode ser obtido
com hélio liquido. Esse processo faz com que a água presente nos meios intracelulares e extracelulares passe do
estado líquido para o sólido formando diminutos cristais de gelo, os quais podem danificar as estruturas celulares.
A utilização de substâncias crioprotetoras, como o glicerol e a sacarose, impedem a formação de cristais de gelo
durante o congelamento.
As células também podem ser fixadas quando secas ao ar, porém a água, ao passar do estado líquido para
gasoso, gera uma grande força de tensão superficial, induzindo grandes alterações na estrutura das células.
É possível, também, a observação de materiais biológicos, ao microscópio de luz, sem o processo de fixação,
que são conhecidos como preparações a fresco. Neste caso o material é observado imediatamente após a sua
obtenção e, em seguida, é descartado (lâminas não permanentes). Como exemplos destas preparações podemos
citar: esfregaço de líquidos corporais, cortes feitos à mão livre de tecidos vegetais, entre outros.
3. DESIDRATAÇÃO
Após a fixação, o material deve ser lavado para remover o excesso de fixador. Em seguida, é feita a
desidratação utilizando-se uma solução apropriada, como o etanol ou acetona, em banhos sucessivos de
concentrações crescentes. A retirada da água é necessária para que a resina penetre nas estruturas do corte dando
maior consistência ao mesmo. O tempo de desidratação depende do tecido em estudo e do tamanho do fragmento.
4. INCLUSÃO
A inclusão é feita para facilitar a obtenção de cortes finos e uniformes durante o processo de microtomia.
Um meio de inclusão muito usado é a impregnação do tecido com parafina histológica. Neste caso, além da
etapa de desidratação é necessário que o material biológico seja clareado com o uso de solvente orgânicos tais
como xilol e toluol. Em seguida o material é envolvido por parafina quente que irá se solidificar ao redor do
material. Outro meio de inclusão muito indicado atualmente é uma resina sintética comercialmente conhecida
como glicerol metacrilato, constituída por monômeros de monoéster de etileno glicol do ácido metacrílico. Esta
resina apresenta algumas caraterísticas que são consideradas bastante importantes: afinidade pela água (hidrófila),
processamento rápido, fácil manejo, infiltração e polimerização à temperatura ambiente, baixos níveis de
distorção e artefatos e permite a obtenção de cortes muito finos (próximo de 0,5 µm), com boa resolução ao
microscópio de luz.
Uma característica que deve ser ressaltada é o fato de que os monômeros que constituem a resina ligam-se
uns aos outros durante a polimerização formando uma trama tridimensional nas quais as moléculas do tecido são
envolvidas. Esta trama, agora um polímero, envolve, as células, mas não se liga covalentemente aos componentes
químicos celulares, e desta forma as macromoléculas presentes no tecido incluído mantêm seus radicais
disponíveis, de forma a permitir a ligação de corantes, necessária à obtenção do contraste entre a estrutura e/ou
regiões celulares.
A seguir são apresentadas as etapas de inclusão com resina de glicol metacrilato:
a) Pré-infiltração
Esta etapa tem como objetivo permitir a penetração da resina na sua forma não polimerizada, de maneira gradual.
Para isto, o tecido é embebido em uma mistura de glicol metacrilato e etanol absoluto na proporção de 1:1, por
aproximadamente duas horas, em temperatura ambiente. Após esse período, é feita a infiltração propriamente dita.
b) Infiltração
Na infiltração o tecido permanece embebido em uma solução de infiltração (glicol metacrilato puro) por uma
noite. Caso seja necessário, o tecido pode ser conservado na solução de infiltração por vários meses. Após a
infiltração, o tecido é colocado em moldes plásticos, contendo solução de infiltração + catalisador.
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5. MICROTOMIA
Todo o processo descrito até agora proporciona um suporte para que os tecidos resistam à passagem da
navalha durante a obtenção dos cortes. A espessura e a uniformidade dos cortes dependem da firmeza com que a
navalha passa pelo material. Para tanto, aconselha-se o uso dos micrótomos automáticos. O avanço da navalha é
regulável e pode fornecer cortes com espessura de 0,5 a 12 µm.
Após a microtomia, os cortes são distendidos em água e coletados em lâminas histológicas. Estes cortes
devem ser secos em estufa a 45°C, por 15 minutos, ou em chapa aquecida a 45°C, por 30 minutos.
6. COLORACÃO
As diversas estruturas celulares apresentam baixo contraste entre si à proximidade dos seus índices de
refração. Entretanto, esse contraste pode ser aumentado artificialmente por meio de coloração.
Frequentemente, os corantes utilizados tem natureza ácida (ex: eosina) ou básica (ex: hematoxilina),
evidenciando componentes celulares básicos ou ácidos, respectivamente. O núcleo, por exemplo, tem maior
afinidade por corantes básicos, devido à concentração nesta região de moléculas de caráter ácido (DNA e RNA).
Já o citoplasma, que é rico em proteínas básicas, tem maior afinidade por corantes ácidos.
7. MONTAGEM
Uma vez feita a coloração, torna-se necessário conservar o material corado. O procedimento normalmente
utilizado consiste em cobrir o corte com uma lamínula, utilizando para isso uma resina de montagem (ex: entellan).
Assim, a lâmina permanente já está pronta para ser observada ao microscópio de luz.
Existem outras formas de se obter camadas únicas de células, porém não utilizando as etapas de inclusão e
microtomia. No entanto, nestes casos as etapas de fixação, coloração e montagem são ainda necessárias para
obtenção de uma lâmina permanente. São exemplos de formas alternativas de obtenção de camadas únicas de
células:
- Esmagamento: consiste em colocar o material biológico sobre uma lâmina, cobri-lo com uma lamínula e
promover, em seguida, uma pressão sobre a mesma, de forma que o material seja esmagado. A lamínula pode ser
removida com o auxílio de nitrogênio líquido, e a lâmina após secar, transformada em lâmina permanente,
bastando para isso utilizar resina de montagem (p.ex., entellan).
- Decalque: consiste em comprimir suave e firmemente a superfície de um fragmento do material fresco
sobre uma lâmina. As células superficiais se destacam e aderem à lâmina, sendo posteriormente fixadas e coradas.
Como geralmente, as células se rompem, tais preparados são úteis para a obtenção de núcleos livres de citoplasma.
- Esfregaço: é feito com líquidos corporais, como o sangue, esperma e outros. Coloca-se uma gota do líquido
sobre a extremidade de uma lâmina e espalha o material uniformemente sobre a mesma com o auxílio de outra
lâmina inclinada em ângulo de cerca de 45 graus.
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É importante notar que, um único corte não permite entender a forma de uma dada estrutura. Observe que no
exemplo que se segue, uma secção horizontal de dois objetos diferentes, apresentam a mesma configuração.
Pode-se, no entanto, obter informações adicionais observando-se cortes dos mesmo em diferentes direções. Em
um corte longitudinal, os objetos A e B apresentariam, respectivamente, as seguintes configurações:
1. OBJETIVOS
- Descrever as metodologias comumente utilizadas no preparo de lâminas histológicas de materiais biológicos.
- Conhecer os passos do preparo de lâminas permanentes e justificar os propósitos de cada um.
- Interpretar imagens de cortes histológicos e reconstruir formas tridimensionais a partir delas.
2. ATIVIDADE PRÁTICA
- Observe a sequência de trabalho montado na bancada lateral do laboratório. Nela estão representados aos passos
envolvidos no preparo de lâminas permanentes.
-Após a observação, responda os itens de a a i.
a. Por que os materiais biológicos, para serem observados ao microscópio de luz, não devem ser espessos?
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b. Cite quatro maneiras de obter camadas finas de células para a observação ao microscópio de luz.
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c. Qual é a finalidade de utilizar soluções fisiológicas para a lavagem de materiais biológicos?
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d. É possível preparar uma lâmina permanente com materiais não fixados? Explique.
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e. Qual é a importância da fixação do material biológico?
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Transversal Longitudinal
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b. Faça a associação entre as duas imagens observadas e esquematize a forma tridimensional de uma célula
muscular estriada.
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PRÁTICA 02 - UTILIZAÇÃO DO MICROSCÓPIO DE LUZ
INTRODUÇÃO
O microscópio é constituído, basicamente, por dois sistemas: o óptico, formado pelas lentes, e o mecânico, que
sustenta o sistema de lentes. A seguir, encontram-se descritas cada uma das partes desses dois sistemas.
2. Estativo ou Braço: é a peça que liga a base à parte superior do microscópio. É por ele que o microscópio deve
ser transportado.
3. Platina ou Mesa: é uma peça de formato retangular disposta paralelamente à base do microscópio. Esta peça
destina-se à recepção da lâmina contendo o material para estudo. No centro da platina existe uma abertura para a
passagem da luz.
Associada à platina encontra-se o charriot, uma peça composta de dois controles cuja função é movimentar
a lâmina nos eixos X e Y. Os dois controles estão dispostos lateralmente à platina, um sobre o outro, sendo de
diâmetro menor o controle do eixo X, que permite o deslizamento da lâmina da esquerda para a direita, e o de
diâmetro maior, o controle do eixo Y, que é o responsável pelo movimento da lâmina para frente e para trás.
Acoplado ao charriot há uma presilha ou pinça que permite o encaixe da lâmina.
4. Cabeçote: é a parte superior do microscópio onde se localizam dois tubos, sendo que em suas extremidades
encaixam-se as lentes oculares. Entre os dois tubos localiza-se a escala de ajuste de distância interpupilar. No tubo
esquerdo encontra-se o anel de ajuste de dioptrias. O cabeçote é uma peça frágil que não deve ser usada como
apoio e em hipótese alguma ser utilizado para transportar o microscópio.
5. Revólver ou porta-objetivas: é uma peça circular na qual se inserem as lentes objetivas. Está localizada
abaixo do cabeçote e é dotada de movimento de rotação. O disco prateado do porta-objetivas possui ranhuras para
que o observador possa girá-lo para mudanças de objetivas. Não se deve tocar nas objetivas para mudança das
mesmas.
6. Controles macrométrico e micrométrico: nas lentes laterais do braço existem dois controles encaixados um
no outro. O de maior diâmetro é o controle macrométrico, que permite grandes avanços e recuos da platina em
relação à objetiva. O controle de menor diâmetro é o micrométrico, que permite pequenos avanços ou recuos da
platina.
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7. Oculares: são as lentes superiores que se encaixam nos tubos. Nas oculares são encontrados os seguintes dados:
10X – indica o aumento da lente ocular; 20 – número de campo – este valor é utilizado para calcular o diâmetro
do campo de visão e está associado com o aumento de cada objetiva. Por exemplo, se a objetiva de 40X estiver
encaixada, para calcular o diâmetro do campo de visão basta dividir o número de campo da ocular (20) pelo
aumento da objetiva (40). O resultado é 0,5 mm que indica o diâmetro do campo explorado pela objetiva.
8. Objetivas: são as lentes que se encontram encaixadas no revólver e são responsáveis pelo aumento e pela
resolução da imagem. Este modelo está equipado com objetivas planas acromáticas (4x, 10X, 20X, 40X, 100X),
que além da correção cromática corrige a curvatura de campo, produzindo um campo de observação com o centro
e a periferia simultaneamente em foco. Nas objetivas estão impressos dados como aumento, abertura numérica e
outros.
9. Condensador: é um conjunto de lentes situado abaixo da platina que concentra e converge o feixe luminoso,
fornecendo luz necessária à iluminação do objeto em estudo. O controle do ajuste do condensador está
localizado lateralmente, à esquerda abaixo da platina. Este controle permite a movimentação do condensador que
deve ser mantido na posição mais elevada para a obtenção de uma iluminação máxima.
10. Diafragma ou Íris: é uma peça regulável e associada ao condensador que controla a quantidade de luz que
entra no condensador. A regulagem do diafragma é feita através de uma alavanca e para tanto existe uma escala
numérica em branco impressa no diafragma. Os valores de abertura do diafragma devem coincidir com os valores
de abertura numérica das objetivas, ou seja, a cada mudança de objetiva o usuário deve regular a abertura do
diafragma.
11. Fonte de luz: consiste em uma lâmpada halógena embutida na fase do microscópio. O interruptor principal
que liga a lâmpada localiza-se atrás na base. Na lateral da base encontra-se o botão seletor de intensidade luminosa,
que permite regular a intensidade da luz.
A luz que atravessa as lentes condensadoras é uniformemente espalhada sob a lâmina e atravessa o objeto
observado, incidindo na lente objetiva. Estando o objeto colocado anteriormente ao ponto focal da lente objetiva,
formar-se-á, no plano focal da lente ocular, uma imagem real (que pode ser projetada em um anteparo), maior e
invertida. A luz, ao atravessar a ocular, formará uma imagem virtual, maior e direita com relação à imagem
formada pela objetiva. Desse modo, a imagem será virtual, maior e invertida com relação ao objeto. O aumento
final da imagem é resultado do produto do aumento proporcionado pelas lentes ocular e objetiva. A figura 1
mostra o esquema de formação de imagem do microscópio de luz.
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Ocular
Imagem formada pela objetiva
(real, maior e invertida)
Objetiva
Objeto
Condensador
À área observada ao microscópio dá-se o nome de campo de observação. Quanto maior o aumento da lente
objetiva, menor será o campo de observação. Assim, é recomendado centralizar o objeto a cada mudança de
objetiva.
1. OBJETIVOS
- Identificar e citar as funções de cada componente do microscópio de luz.
- Relacionar a imagem formada e os aumentos obtidos com o funcionamento do sistema óptico.
- Manusear corretamente o microscópio.
2.2 Pegue a lâmina a ser observada, segurando-a apenas pelas bordas. Verifique se a lamínula está voltada para
cima.
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2.3 Abra a presilha do charriot e coloque a lâmina sobre a platina, encaixando-a perfeitamente. Solte a presilha e
verifique se a lâmina está bem encaixada. Centralize o material no orifício da platina, utilizando os controles dos
eixos X e Y.
2.7 Levante a platina movimentando o controle macrométrico até o seu ponto máximo.
2.8 Ajuste a distância interpupilar movimentando com cuidado os tubos no cabeçote, abrindo ou fechando
conforme a necessidade.
2.9 Agora, observando através das oculares e utilizando o controle macrométrico, abaixe lentamente a platina,
até que o material a ser observado seja visto. Assim que isto ocorrer, corrija a focalização utilizando o controle
micrométrico.
2.10 Caso seja necessário ajuste as diferenças que podem ocorrer entre o olho esquerdo e direito (dioptrias) através
do anel de correção de dioptrias no tudo esquerdo.
2.11 Explore o material, movimentando os controles X e Y com a mão direita e controle micrométrico com a mão
esquerda. Coloque sempre o material a ser analisado no centro do campo de observação, antes de passar para a
objetiva de aumento imediatamente superior.
2.12 Encaixe a objetiva de 10X e faça o ajuste da focalização, utilizando apenas o controle micrométrico.
2.13 Selecione uma determinada área do material, centralize-a e encaixe a objetiva de 40X. Faça o ajuste da
focalização utilizando apenas o controle micrométrico.
2.14 Terminada a observação, reduza a intensidade da luz, desligue a lâmpada, gire o revólver para encaixar a
objetiva de menor aumento e retire a lâmina.
3. CUIDADOS ESPECIAIS
3.1 Não arraste o microscópio sobre a mesa e nem faça movimentos bruscos com o equipamento. Muitas peças
são de plástico e podem quebrar quando forçadas.
3.2 Caso necessite mudar o microscópio de lugar, segure pelo braço do microscópio.
3.3 Não use força ao movimentar os diferentes controles. Quando perceber que algum controle não se movimenta
por algum motivo, não force! Chame imediatamente o professor.
3.4 Não movimente o controle macrométrico com a objetiva de 10X, 40X ou 100X encaixada.
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3.6 Não limpe as lentes oculares com pano, papel higiênico ou papel toalha. Chame o professor ou monitor toda
vez que perceber que as lentes estão sujas.
3.7 Não deixe cair líquido sore a platina e não toque na lente objetiva (4x, 10X, 20X ou 40X) com nenhuma
solução.
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3
4 11
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4. ATIVIDADE PRÁTICA
4.1 Com base na Figura 2, escreva o nome e a função de cada componente do microscópio de luz.
01.
02.
03.
04.
05.
06.
07.
08.
09.
10.
11.
12.
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4.2 Funcionamento do Sistema Óptico
- Retire da caixa a lâmina contendo uma letra, observe-a a olho nu e coloque-a sobre a platina, mantendo a letra
na posição em que ela é lida.
- Observe a posição da imagem da letra formada pelo microscópio com as objetivas de 4X e 10X.
a. Faça os seguintes esquemas da posição e do tamanho da letra observada à vista desarmada e nos aumentos de
40X e 100X.
b. Quais são as diferenças entre as imagens observadas na letra com a vista desarmada e ao microscópio?
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__________________________________________________________________________________________
c. Quais são as características da imagem formada pela lente objetiva em relação ao objeto?
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d. Quais são as características da imagem formada pela lente ocular em relação à imagem formada pela lente
objetiva?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
e. Por que é recomendado centralizar o material no campo de observação antes de cada mudança de objetiva?
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__________________________________________________________________________________________
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4.3 Organismos Microscópicos
- Cubra com uma lamínula, encostando um de seus bordos na gota e deixando-a descer suavemente, minimizando
a formação de bolhas de ar.
Obs.: Para observar organismos mais transparentes reduza a abertura do diafragma usando a alavanca do
mesmo.
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PRÁTICA 03 - AUMENTO, RESOLUÇÃO E PROFUNDIDADE DE CAMPO
INTRODUÇÃO
Na aula de hoje serão analisadas algumas propriedades inerentes às lentes que compõem um microscópio
e que são importantes em um equipamento de boa qualidade. São eles: aumento, poder de resolução e
profundidade de campo.
O aumento dado por uma certa combinação de lentes (objetiva e ocular) é obtido pelo produto dos aumentos
individuais dessas lentes. Por exemplo, a combinação de uma objetiva que proporciona aumento de 40X com uma
ocular de 10X, fornecerá um aumento de 400X.
O poder de resolução pode ser inferido de uma maneira indireta. Para que isso seja feito, é necessário que
se defina o que é limite de resolução (LR). Limite de resolução é a maior distância que deve existir entre dois
pontos, de modo que ainda apareçam individualizados na imagem formada pelo sistema de lentes. Logo, se esses
pontos estiverem separados por uma distância menor do que o limite de resolução será visto como um único ponto,
independentemente da ampliação da imagem. Portanto, quanto menor o limite de resolução, maior o poder de
resolução e melhor a qualidade da imagem.
O limite de resolução do olho humano normal é aproximadamente 0,1 mm; do microscópio de luz, ao redor
de 0,25 µm e do microscópio eletrônico, de 3 a 5 Å. O limite de resolução (LR) é calculado pela seguinte fórmula:
𝑘.𝜆
𝐿𝑅 = 𝐴𝑁
Sendo:
K= uma constante experimental estimada em 0,61.
𝜆= o comprimento de onda da energia utilizada (luz ou feixe de elétrons).
AN= a abertura numérica da lente objetiva.
AN = n . sen α
Sendo:
n= o índice de refração do material intercalado entre a lamínula e a lente objetiva (ar, óleo de imersão, glicerina,
água, etc, dependendo do tipo de objetiva usada).
α= metade do ângulo de abertura da lente objetiva (ângulo formado entre o eixo óptico da lente objetiva e o raio
de luz mais externo utilizado na formação da imagem).
Por meio dessa fórmula, verifica-se que o limite de resolução é diretamente proporcional ao comprimento
de onda da fonte de iluminação utilizada e inversamente proporcional à abertura numérica. A diminuição do
comprimento de onda (𝜆) pode ser feita utilizando-se outras fontes de iluminação como a luz ultravioleta (400
nm) ou utilizando-se um feixe de elétrons cujo 𝜆 = 0,005 𝑛𝑚 (microscópio eletrônico). A média dos
comprimentos de onda da luz branca é de aproximadamente 550 nm ou 0,55 µm o qual representa a média dos
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comprimentos de onda do espectro da luz visível. O quadro 1 mostra os comprimentos de onda que compõem a
luz branca.
CORES 𝜆(𝑛𝑚)
Violeta 400 - 424
Azul 424 - 491,2
Verde 491,2 - 575
Amarelo 575 - 585
Laranja 585 - 647
Vermelho 647 - 700
Quando o meio que separa a lâmina da objetiva é o ar, normalmente ocorrem desvios do feixe luminoso em
consequência da diferença de índice de refração (n) entre os dois meios (vidro = 1,52 e ar =1,00). Como resultado,
uma menor quantidade de luz participa da formação da imagem. O uso do óleo de imersão (n = 1,52) contorna o
problema mencionado, uma vez que a semelhança entre os índices de refração de óleo e do vidro minimiza o
desvio do feixe luminoso permitindo um maior aproveitamento da luz, o que fornece, consequentemente, uma
imagem om maior riqueza de detalhes (Figura 1).
O óleo de imersão é usado apenas com a lente objetiva de 100X, também chamada de objetiva de imersão e
caracterizada por um anel branco. Após o uso, o óleo é removido com papel absorvente ou cotonete, embebidos
em éter etílico.
B. PROFUNDIDADE DE CAMPO
Uma das propriedades das lentes ópticas é a profundidade de campo. Quando uma lente é ajustada de tal
forma a mostrar um certo plano, com máxima nitidez, o olho pode observar partículas que, embora estando pouco
acima ou pouco abaixo do plano focal, podem ser vistas nitidamente. À distância compreendida entre as regiões
imediatamente acima e abaixo do plano focal que permanecem, simultaneamente, em foco chama-se profundidade
de campo. Em microscopia de luz, um dos fatores mais importantes na determinação da profundidade de campo
é a abertura numérica (dependente do ângulo α). Quanto maior a abertura numérica, menor a profundidade de
campo. Considerando que as objetivas de maior aumento apresentam maiores aberturas numéricas, existe uma
relação inversa entre o aumento e a profundidade de campo, ou seja, quanto maior o aumento, menor a
profundidade de campo. Isso pode ser observado quando se movimenta o micrométrico com a objetiva de 40X
encaixada. Devido à pequena profundidade de campo dessa objetiva, um reduzido número de planos de um objeto
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será focalizado simultaneamente. Pequenos movimentos do micrométrico permitem a focalização de outros planos
não observados anteriormente.
Na prática, pode-se obter uma maior profundidade de campo utilizando-se objetivas com menores aberturas
numéricas, ou diminuindo-se a abertura do diafragma, o que em princípios envolve a redução do ângulo (a) do
cone que atravessa o sistema.
1. Objetivos
- Manusear corretamente o microscópio.
- Justificar a variação do limite de resolução entre as diferentes lentes objetivas.
- Relacionar a variação da profundidade de campo com uso das diferentes lentes objetivas.
2. ATIVIDADE PRÁTICA
2.1 Considere as duas combinações de lentes. A: lente objetiva de 40X, AN= 0,75 e ocular de 8X. b: objetiva de
16X, AN= 0,35 e ocular de 20X (considerar K= 0,61 e 𝜆 = 0,55 µm). Responda as seguintes questões:
- Agite o frasco contendo a suspensão de grãos de pólen que se encontra sobre a bancada.
- Com um conta-gotas, coloque uma gota da suspensão sobre uma lâmina, cobrindo-a com uma lamínula.
- Observe este material ao microscópio, utilizando a lente objetiva 10X. Centralize um grão de pólen de cor
amarelo brilhante e proceda a observação utilizando as lentes de 10X e 40X.
- Após a observação, responda às questões de a à d.
a. Ao utilizar a lente de 40X, movimente lentamente o micrométrico, ora, para um lado, ora para o outro e
observe as espículas do grão do pólen. Qual foi o resultado desse movimento?
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__________________________________________________________________________________________
b. Retorne à lente objetiva de 10X e movimente ligeiramente o micrométrico, como na situação anterior. Qual
foi o resultado desse movimento?
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d. Retorne à lente de 40X, fechando gradativamente o diafragma. Escolha a abertura que lhe forneça a imagem
com mais contraste e responda: Houve alteração na profundidade de campo? Por quê?
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__________________________________________________________________________________________
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PRÁTICA 04 - COLORAÇÃO
INTRODUÇÃO
As diferentes estruturas celulares interagem praticamente da mesma forma com a luz, sendo que a velocidade
com que a luz atravessa os diferentes compartimentos celulares é muito próxima. Isto é consequência da
constituição química e da densidade dos diferentes componentes celulares, ou seja, dos seus índices de refração.
As pequenas diferenças no índice de refração não são suficientes para dar contraste às diversas estruturas celulares.
O uso de substâncias coloridas com capacidade de ligação diferencial a componentes químicos específicos
da célula permite a sua identificação e localização. Para ser utilizada como corante, uma substância deve possuir
cor e capacidade de ligação com outros grupos químicos específicos das células ou de seus produtos.
A cor apresentada pela molécula de um corante é atribuída à presença de grupos cromofóricos (ou
cromofóros). Estes grupos apresentam uma região da molécula capaz de absorver os raios luminosos de
determinados comprimentos de onda e refletir as radiações complementares não absorvidas. Corantes vermelhos,
por exemplo, apresentam intensa absorção de luz de comprimentos de onda correspondentes às outras cores, em
especial o verde, deixando passar aqueles referentes ao vermelho.
Denomina-se coloração vital, a aplicação de corante no indivíduo ainda vivo. Estes corantes não devem
alterar as estruturas e fisiologia da célula, podendo, portanto, serem utilizados na coloração de células vivas. O
lítio carmin e a tinta da China (nanquim) são exemplos de corantes usados na coloração vital. Por outro lado,
quando o material é corado logo após a sua remoção do organismo, a coloração é denominada supra-vital. O
vermelho neutro, o verde janus, o azul tripan e o azul de metileno são exemplos de corantes usados na coloração
supra-vital.
Em geral, os corantes interagem com os componentes celulares por meio de seus radicais ionizáveis, por
interação eletrostática. Quando o radical ionizável do corante é aniônico (apresentando cargas negativas), este é
dito de natureza ácida. Inversamente, se o corante é catiônico (apresentando cargas positivas), ele é dito de
natureza básica.
Em pH fisiológico (aproximadamente 7,2), os ácidos nucléicos, (DNA e RNA) apresentam cargas negativas,
uma vez que eles possuem grupos fosfato ionizáveis na sua estrutura. Por isso, eles têm afinidade por corantes
básicos como, por exemplo, o azul de metileno e a hematoxilina. Regiões celulares onde há predomínio de
substâncias ácidas, como o núcleo, são chamadas basófilas, por terem afinidade por corantes básicos. O
citoplasma também apresenta algumas regiões basófilas, dada à presença de RNA (principalmente o RNA
ribossômico).
As proteínas, que participam da composição de quase todas as estruturas celulares, podem apresentar caráter
ácido (quando contém predominantemente aminoácidos com radicais do tipo –COO¯), ou básico (quando contém
predominantemente aminoácidos com radicais do tipo -NH₃⁺). Esses radicais estarão ionizados dependendo do
pH do meio intracelular. Grande parte das proteínas encontradas no citoplasma tem afinidade por corantes ácidos,
o que confere acidofilia característica desta região da célula. A eosina e a fucsina ácida são corantes ácidos e,
portanto, coram as regiões celulares onde predominam os componentes de caráter básico.
Uma das técnicas de coloração muito utilizada na citologia e na histologia animal é a coloração pela
hematoxilina e eosina (HE). A hematoxilina, por ser um corante básico, cora o núcleo (cor azul) devido aos
ácidos nucléicos aí presentes. A eosina, por ser um corante ácido, cora o citoplasma (cor rosa) dada à
predominância de proteínas básicas nesta região da célula.
Este tipo de coloração, envolvendo a afinidade ácido-base, embora facilite o estudo da morfologia celular,
não dá maiores informações a respeito da constituição química das estruturas coradas.
1. OBJETIVOS
22
2. ATIVIDADE PRÁTICA
a. Esquematize uma célula, observando o material com a lente objetiva de 40X e indique o núcleo, o citoplasma
e o limite celular.
Aumento:___________
b. Por que no enunciado do exercício foi dito limite celular e não membrana plasmática?
__________________________________________________________________________________________
c. Houve dificuldades na observação das células antes da coloração? Justifique.
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
d. Qual foi o efeito do corante sobre as células?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
e. O que se entende por substância corante?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
2.2 Fígado e rim de rato - Cortes corados com hematoxilina e eosina (H.E)
- Focalize o corte de Fígado com as lentes objetivas de 4, 10 e 40X.
23
- Observe que, neste material, as células não aparecem individualizadas. Estas estão organizadas compondo um
tecido, o que dificulta a visualização dos limites celulares. Estas células possuem formato poliédrico, núcleo
esférico e central e são denominados hepatócitos.
Esquematize um hepatócito, observando o material com a lente objetiva de 40X e indique o citoplasma, o núcleo
e o nucléolo.
Aumento: ____________
Esquematize uma célula renal, observando o material com a lente objetiva de 40X e indique o citoplasma, o núcleo
e o nucléolo.
Aumento: ____________
a. Qual é a cor predominante no citoplasma das células coradas e qual é o corante responsável?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
b. O que caracteriza quimicamente os corantes ácidos e os básicos?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
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c. Cite alguns exemplos de corantes ácidos e de corantes básicos.
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
25
PRÁTICA 05 - PERMEABILIDADE SELETIVA DE MEMBRANAS
INTRODUÇÃO
A célula consegue manter uma composição química diferente do meio que a rodeia graças a uma fina
membrana (a membrana plasmática) que controla a entrada e a saída de moléculas e íons. A membrana plasmática
é constituída por uma bicamada lipídica à qual se associam a proteínas globulares. Essa bicamada é mantida pela
insolubilidade dos radicais apolares dos lipídios no meio aquoso circundante e apresenta uma permeabilidade
diferencial ou seletiva.
Essa seletividade é, na verdade, o reflexo de sua estrutura e composição química lipoproteica. Moléculas
apolares pequenas tais como oxigênio (O2) e dióxido de carbono (CO2) e moléculas polares não carregadas (água,
etanol, glicerol) podem mover-se a favor de seus gradientes de concentração através da própria bicamada lipídica
por simples difusão (difusão passiva). Nesse caso, estas substâncias se difundem em direção ao meio menos
concentrado, tentando equilibrar as concentrações. Em contraste as bicamadas lipídicas são altamente
impermeáveis a todos os íons e moléculas carregadas, independentes do seu tamanho. Nesse caso, proteínas
transportadoras especializadas são carregadas, independentes do seu tamanho. Assim, proteínas transportadoras
especializadas são necessárias para transferir estas substâncias através das membranas celulares.
Se, por exemplo, um soluto está presente em maior concentração fora da célula do que dentro, e uma proteína
transportadora está presente na membrana plasmática, o soluto mover-se-á espontaneamente através da
membrana, pela proteína transportadora, para dentro da célula por transporte passivo, sem gasto de energia.
Contudo, para mover um soluto contra seu gradiente de concentração, a proteína transportadora gasta energia. O
movimento de solutos, desse modo, é denominado transporte ativo. Portanto, a manutenção de determinadas
substâncias, dentro ou fora das células, contra um gradiente de concentração, só pode ocorrer se as membranas
celulares permanecerem íntegras. Tratamentos com solventes orgânicos (acetona, por ex.), que dissolvem lipídios,
alteram a permeabilidade da membrana por desestruturarem a bicamada lipídica. Temperaturas elevadas também
atuam alterando a integridade e a seletividade da membrana, uma vez que o calor desnatura a maioria das proteínas
celulares, geralmente envolvidas no transporte de substâncias através da membrana.
A membrana plasmática é, normalmente, mais permeável à água que aos solutos nela dissolvidos. Quando
essa membrana separa duas soluções aquosas com diferentes concentrações de soluto, há uma tendência da água
movimentar-se, preferencialmente, no sentido da solução mais concentrada. Essa difusão da água é um tipo de
transporte passivo denominado osmose.
A osmose cria problemas gerais no balanço da água para as células. Uma célula presente em um meio
hipotônico tende a intumescer devido à absorção de água por osmose, quando que, em meio hipertônico, tende a
perder volume, devido ao movimento de saída de água. Portanto, dizemos que a água passa, por osmose, do meio
hipotônico para o hipertônico (onde há maior concentração de soluto).
As células vegetais são adaptadas a viver em um ambiente hipotônico, do qual tendem a absorver água por
osmose, mas são impedidas de intumescer até se romperem devido à resistência da parede celular. Quando
colocadas em meio hipertônico, as células perdem água e sofrem uma retração que altera a sua forma original.
26
Essa modificação é chamada, no caso de células vegetais, de plasmólise, sendo o resultado de uma retração do
protoplasma em relação à parece celular. O fato de o protoplasma retrair-se e não a parede celular mostra que as
membranas celulares plasmática e vacuolar são seletivamente permeáveis e estão envolvidas no processo de
osmose. A parede celular é bastante permeável aos solutos e, portanto, não age como membrana osmótica.
A plasmólise temporária não é destrutiva para a célula. Esta pode recuperar rapidamente a sua condição de
turgidez normal, se a colocarmos em um meio diluído ou em água pura. A essa recuperação da forma normal,
damos o nome de desplasmólise.
1. OBJETIVOS
● Descrever o efeito e o mecanismo de ação da acetona e da temperatura elevada sobre a permeabilidade das
membranas celulares.
● Relacionar as mudanças de forma das células com a concentração do meio extracelular e o fenômeno de
osmose.
● Justificar a resistência das células vegetais a ambientes hipotônicos.
2. ATIVIDADE PRÁTICA
27
2.2.1 Procedimento 1
● Coloque sobre uma lâmina, com auxílio de uma pipeta Pasteur, uma gota da suspensão de sangue em solução
isotônica (NaCl 0,9%) e cubra o material com uma lamínula.
● Observe ao microscópio tendo o diafragma inicialmente fechado.
● Ao utilizar a lente objetiva de 40x, regule a abertura do diafragma de modo a obter uma imagem nítida.
● Observe a forma das hemácias.
2.2.2 Procedimento 2
● Monte outra lâmina colocando, com auxílio de pipeta Pasteur, uma gota de suspensão de sangue em solução
hipertônica (NaCl 1,5%) em uma de suas extremidades e uma gota da suspensão de sangue em solução hipotônica
(NaCl 0,6%) na outra extremidade.
● Ao utilizar as pipetas cuide para que não se misturem.
● Cubra cada gosta com uma lamínula.
● Observe o material ao microscópio, utilizando a lente objetiva de 40 x. Regule a abertura do diafragma.
-Após a observação, responda as questões de A a C.
c) Quais foram as modificações observadas na forma das hemácias quando colocadas nas soluções de NaCl a
1,5% e 0,6%? Como essas modificações podem ser explicadas?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
28
2.3 Osmose em células vegetais
A epiderme da folha de Tradescantia apresenta células prismáticas aclorofiladas, sendo que muitas delas
apresentam uma coloração rosada de aspecto homogêneo. Esta coloração deve-se ao pigmento antocianina,
presente no grande vacúolo destas células, cujo citoplasma é restrito a uma faixa justaposta à parede celular e
envolve o vacúolo. Desta forma, o conjunto apresenta-se com uma coloração uniforme, não sendo possível
distinguir o citoplasma do vacúolo.
As únicas células epidérmicas que possuem cloroplastos (e que, portanto, apresentam tonalidade
esverdeadas) são as células guarda dos estômatos, em forma de cunha e aos pares. Os cloroplastos observados sob
as células epidérmicas comuns, que se apresentam prismáticas, são provenientes das células do parênquima
clorofiliano, as quais se romperam no processo de retirada da epiderme.
2.3.1 Procedimento 1
● Monte uma lâmina, colocando uma gota de água em uma de suas extremidades e uma gota de solução salina
(NaCl a 2%) na outra extremidade.
● Retire, com auxílio de uma pinça, alguns fragmentos da epiderme inferior de uma folha de Tradescantia.
● Coloque um destes fragmentos em cada uma das gotas sobre a lâmina e cubra o material com uma lamínula.
● Observe ao microscópio, utilizando a lente objetiva de 10x.
● Inicie a observação com o material montado em água.
2.3.2 Procedimento 2
● Substitua a solução salina por água destilada, procedendo da seguinte maneira: Coloque uma gota de água
destilada em uma das extremidades da lamínula. Encoste um pedaço de papel filtro na outra extremidade, e forma
a absorver a solução existente entre a lâmina e a lamínula.
● Observe ao microscópio, utilizando a lente objetiva de 10 x e responda as questões de A a G.
Hipotônico Hipertônico
29
b. Qual foi a modificação observada na forma das células, quando montadas em solução salina 2%? Explique.
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
30
PRÁTICA 06 - MOVIMENTOS CELULARES
INTRODUÇÃO
O alinhamento dos sarcômeros nas fibras adjacentes resulta numa alternância de faixas claras e escuras
visíveis ao microscópio de luz, sob a forma de estriações transversais. O movimento de contração muscular ocorre
devido ao deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina, resultando na diminuição do comprimento
de cada sarcômero e na contração da fibra como um todo.
O músculo estriado cardíaco também apresenta estrias transversais, suas fibras musculares ou cardiomiócitos
são alongados, bifurcados, e possuem um ou dois núcleos centrais. Uma característica típica deste tecido muscular
é a presença de discos intercalares, também chamados de estrias ou estruturas escalariformes, que possuem a
função de unir as fibras musculares cardíacas.
Os filamentos de actina e de miosina são, também, responsáveis por movimentos citoplasmáticos, como a
ciclose em células vegetais e o movimento ameboide em, por exemplo, amebas e leucócitos. Nestes casos, eles
31
não estariam organizados em sârcomeros, mas dispostos em outros arranjos no citoplasma. No movimento
ameboide estão envolvidas três etapas principais: A polimerização dos filamentos de actina empurrando a
membrana plasmática para frente, formando os pseudópodes, a adesão dos pseudópodes ao substrato por proteínas
transmembranas e, por último, a retração do citoplasma, pela interação da actina com a miosina, deslocando-se
como um todo. O movimento ameboide tem como consequência o deslocamento da célula e também possibilita
a fagocitose.
As correntes citoplasmáticas, tanto em células animais como vegetais, aumentam a difusão dos solutos entre
os diferentes pontos do citoplasma. Como o citoplasma das células vegetais constitui normalmente apenas uma
estreita lâmina entre o grande vacúolo central e a membrana plasmática, o seu movimento, acompanhado das
organelas, é bastante ordenado, por isso recebe a denominação de CICLOSE.
Os microtúbulos são estruturas tubulares longas e ocas, com aproximadamente 25 nm de diâmetro, cujas
paredes são compostas por dímeros da proteína TUBULINA. Eles são os principais componentes do aparelho
mitótico, dos centríolos, dos cílios e dos flagelos.
Cílios e flagelos são estruturas também responsáveis pela movimentação. Nas células do epitélio da traquéia,
os cílios têm a função de circular o meio adjacente a elas, formando uma corrente contínua e unidirecional do
muco e partículas aderidas. Em alguns protistas, como o paramécio (Paramecium sp.), os cílios ajudam na
condução de partículas alimentares para o citóstoma, uma região especializada da membrana, responsável pela
ingestão de alimentos. Ainda no Paramecium, o batimento coordenado dos cílios permite o movimento da célula,
tão importante para a exploração do meio à procura de alimento, como para a fuga de possíveis predadores.
Enquanto os cílios são numerosos e curtos, os flagelos são longos e ocorrem em pequeno número por célula.
Geralmente, ambos mostram estrutura interna idêntica, quando observados ao microscópio eletrônico.
Apresentam um eixo central (o axonema, constituído por 9 pares de microtúbulos periféricos ao redor de um par
central) envolvido por membrana. Cílios e flagelos originam-se a partir de corpúsculos basais, constituído por
microtúbulos dispostos em um arranjo idêntico ao dos centríolos (9 trincas periféricas, sem microtúbulos centrais).
Enquanto os microtúbulos e os filamentos de actina ocorrem em todas as células eucarióticas, no
citoesqueleto de metazoários ocorre um terceiro tipo de filamentos, os filamentos intermediários. Mesmo nestes
organismos, há tipos celulares que também não possuem filamentos intermediários. Estes filamentos são
compactos, com espessura por volto de 10 nm e formados por uma variedade de proteínas fibrosas como, por
exemplo, a queratina. Entretanto, os filamentos intermediários, nos aparentemente, não participam de movimentos
celulares, eles são particularmente abundantes no citoplasma de células que estão sujeitas ao estresse mecânico e
sua principal função para ser conferir resistência às células e tecidos.
1. OBJETIVOS
● Identificar as estruturas responsáveis pelo movimento de diferentes tipos celulares na microscopia de luz e
em imagens de microscopia eletônica.
● Relacionar as estruturas responsáveis pelos movimentos com as funções que desempenham em diferentes
tipos celulares.
32
2. ATIVIDADE PRÁTICA
2.1 Corte histológico de língua (fibras musculares estriadas esqueléticas) de rato corado com HE (cortes
longitudinal e transversal)
● Com a lente objetiva de 4x, escolha um campo mais ao centro do corte, onde existam células musculares
cortadas longitudinalmente e, portanto, com forma alongada.
● Observe algumas dessas células com a lente objetiva de 40x
● Esquematize a célula muscular estriada esquelética, identificando seu formato, o formato do núcleo e a
presença das estrias transversais
- Observe as imagens de microscopia eletrônica referentes às células musculares estriadas esqueléticas e responda:
a. Observe na figura 01, a região de uma célula muscular estriada esquelética, e dê os números correspondentes
às bandas:
A: ________________________________ I: ________________________________
c. Considerando que as figuras 02 e 03 estão com o mesmo aumento, explique a diferença nos comprimentos das
regiões indicadas pelo número 5 nessas duas figuras.
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
33
01
02 03
34
2.2 Corte histológico de coração (fibras musculares estriadas cardíacas) de rato corado com HE
● Com a lente objetiva de 4x, focalize o material e escolha um campo onde existam células musculares cortadas
longitudinalmente e, portanto, com forma alongada.
● Observe algumas dessas células com a lente objetiva de 40 x e esquematize abaixo.
Agora responda:
Qual a diferença entre as células que compõem o tecido muscular estriado cardíaco e esquelético?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
a. Nas figuras 04 e 05, que mostram cílios em diferentes planos de cortes e aumentos, identifique:
Figura 04, n° 4: ___________________________________________
Figura 05, n° 1: ___________________________________________
Figura 05, n° 2: ___________________________________________
Figura 05, n° 3: ___________________________________________
Figura 05, n° 6: ___________________________________________
c. As figuras 05C e 05E mostram cortes transversais de um cílio em dois níveis. Quais são as principais
diferenças que esta estrutura apresenta entre estes níveis?
_________________________________________________________________________________________
_________________________________________________________________________________________
35
04
06
05
36
2.4 Esfregaço de espermatozoide de rato (flagelo) corado por panótico rápido
● Com a lente objetiva de 10 X, tente distinguir os espermatozoides e observe com aumento de até 40 x.
● Esquematize um espermatozoide, indicando a cabeça e a cauda ou flagelo.
37
PRÁTICA 07 - MITOCÔNDRIA
INTRODUÇÃO
As células necessitam, constantemente, de energia para a execução de suas atividades vitais, que variam
desde o transporte ativo de substâncias através de suas membranas, até os processos de síntese de proteínas e de
ácidos nucleicos. A energia é obtida por meio do desdobramento do ATP, em ADP e Pi, quando são liberados, em
condições padrão, cerca de 7,3 Kcal/mol de ATP. Novas moléculas de ATP são recuperadas, ao se fosforilar o ADP,
utilizando-se energia liberada nas reações de oxidação de compostos orgânicos. Quando as reações de oxidação
conduzem a produtos finais apenas inorgânicos como, por exemplo, CO2 e H2O, a atividade é denominada de
respiração (Figura 1) e a organela que participa desta atividade é a mitocôndria.
1. OBJETIVOS
2. ATIVIDADE PRÁTICA
2.1 Observe as figuras referentes a secções de rim de coelho e mitocôndrias de rato e responda:
________________________________________________________________________________________
b. Com base nas figuras 04, 05 e 06, que mostram mitocôndrias de diferentes tipos celulares, responda:
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
39
- Qual é a estrutura indicada pelo número 2 e quais as etapas do processo de respiração que são executadas pelas
proteínas existentes nessa estrutura?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
- Qual é a região indicada pelo número 3 e quais são as etapas do processo de respiração que ocorrem nessa
região?
_______________________________________________________________________________________________
2.2. Faça o esquema de uma mitocôndria indicando o compartimento ou região da organela onde ocorre cada
uma das etapas da respiração celular.
40
02
03
41
05
04 06
42
PRÁTICA 08 - CÉLULA VEGETAL
INTRODUÇÃO
É possível, ao microscópio, distinguir com facilidade, do ponto de vista estrutural, uma célula animal de uma
célula vegetal. No entanto, estes dois tipos celulares se assemelham em inúmeros mecanismos moleculares
básicos, como a replicação do DNA, a síntese de proteínas, a produção de ATP e a organização das membranas
celulares. Durante a evolução, esses tipos celulares desenvolveram caracteres adaptativos distintos. Nas células
vegetais estas diferenças se devem, basicamente, à sua capacidade de fixar CO 2 por meio do processo
fotossintético e a presença de uma parede celular rígida. A fotossíntese ocorre em uma organela denominada
cloroplasto, que faz parte de uma classe mais ampla de organelas denominada plastídios. Além da parede celular
e dos plastídios a presença de vacúolo é uma característica marcante das células vegetais.
A. PAREDE CELULAR
A parede celular é uma forma especializada da matriz extracelular. Seu principal componente é a celulose,
um polissacarídeo formado por moléculas de glicose que se organizam em fibrilas lineares. A celulose está
associada a outros tipos de polissacarídeos como a hemicelulose e a pectina e também a glicoproteínas.
A arquitetura da parede celular é determinada pela disposição das fibrilas de celulose, uma vez que este
carboidrato forma uma rede interpenetrada por uma matriz amorfa constituída pelos carboidratos não celulósicos.
A parede que se deposita primeiro é denominada parede primária. Com o processo de diferenciação celular,
a parede primária passa por modificações, que se dão principalmente pelo acréscimo de uma nova parede,
chamada parede secundária, a qual pode apresentar deposição de outras substâncias não celulósicas, como por
exemplo, a lignina, uma substância polimérica ácida, que impermeabiliza e torna a parede celular mais rígida. Nas
plantas superiores a parede celular aparece no final da divisão celular mitótica. O início da divisão citoplasmática
é caracterizado pela formação do fragmoplasto, conjunto de vesículas repletas de substâncias pécticas originadas
do complexo de Golgi associadas a microtúbulos. Estas vesículas vão se fundindo e formam uma placa celular. A
placa celular estende-se do centro para a periferia da célula (centrifugamente) e este processo culmina com a
separação das duas células filhas. Assim entre duas células vegetais consecutivas pode-se observar a lamela média,
que é uma substância cimentante formada por substâncias pécticas originadas da fusão de vesículas do Complexo
de Golgi. Internamente à lamela média deposita-se a parede celular primária. Eventualmente, pode-se formar uma
parede celular secundária, internamente à parede primária.
A parede celular é atravessada por conexões que estabelecem comunicação entre uma célula e a outra por
meio de ligações citoplasmáticas denominadas plasmodesmos. Internamente à parede celular, está a membrana
plasmática, que envolve todo o conteúdo celular.
B. PLASTÍDIOS
São organelas típicas de células vegetas cuja estrutura e função, variam de acordo com o tipo analisado. Sua
classificação se baseia na presença ou ausência de pigmentos. Os plastídios podem ser divididos em dois tipos:
1. PIGMENTADOS:
43
2. NÃO PIGMENTADOS (LEUCOPLASTOS)
Amiloplastos- Que armazenam o amido.
Proteoplastos – Que armazenam proteínas.
Oleoplastos – Que armazenam lipídeos.
Todos os plastídeos são derivados de pequenas organelas, os proplastídeos, que estão presentes nas células
do embrião e nas células dos meristemas apicais.
Os cloroplastos ocorrem principalmente em folhas e caules jovens, nos tecidos expostos à luz. São as
organelas responsáveis pela fotossíntese e a formação de amido temporário. Além disso, estão envolvidos na
síntese de lipídeos e na atividade de redução do nitrato. São delimitados por duas membranas e no seu interior
encontra-se uma matriz incolor ou estroma que, geralmente, contém grãos de amido. No estroma também são
encontrados os sistemas enzimáticos que catalisam os diversos processos metabólicos que ocorrem nos
cloroplastos, além de ribossomos, RNA e DNA circular. Uma terceira membrana forma um compartimento que é
constituído por pilhas tilacóides, denominados de granum, sendo que o conjunto dessas pilhas é denominado de
grana. As pilhas de tilacóides são interligadas por um sistema de lamelas que atravessam o estroma. Essa terceira
membrana contém clorofila, pigmentos acessórios e componentes de cadeia transportadora de elétrons, bem como
ATP sintases, que estão associadas diretamente ao processo de conversão de energia que depende diretamente da
ação dos fótons. As reações do ciclo de Calvin ocorrem no estroma.
Os amiloplastos são geralmente encontrados em órgãos de armazenamento, como o tubérculo de batata e em
outros tecidos localizados mais profundamente. Os cromoplastos ocorrem em muitas partes reprodutivas da
planta, como: pétala e frutos e também em raízes como a cenoura.
Os plastídeos contêm DNA, RNA, ribossomos e todo o aparato molecular necessário para a síntese proteica,
o que lhes confere autonomia parcial dentro da célula. Muitas das proteínas requeridas pelos plastídeos são
codificadas pelo DNA nuclear. Essas características têm levado à ideia de que os plastídios teriam se originado a
partir de um procarionte de vida livre com capacidade de realizar fotossíntese, que teria penetrado nas células
eucarióticas primitivas.
C. VACÚOLO
É considerada uma organela multifuncional e uma das mais volumosas, pois em algumas células chegam a
ocupar mais de 90% do volume celular. Trata-se de um compartimento repleto de substâncias orgânicas e
inorgânicas circundado por uma membrana denominada de tonoplasto. Algumas substâncias no vacúolo podem
se solidificar (ex. taninos e proteínas) ou até cristalizar-se (ex. cristais de oxalato de cálcio). Pode apresentar-se
como um único e grande compartimento ocupando posição central na célula ou como pequenas e numerosas
vesículas, dependendo do tipo e do estádio de desenvolvimento da célula. Nas células jovens são observadas
pequenas e numerosas vesículas que correspondem ao vacúolo, sendo que à medida que as células vão se
desenvolvendo, estas vesículas se fundem formando compartimentos maiores, culminando em um grande
compartimento nas células adultas. Os vacúolos desempenham inúmeras funções. Atuam como depósitos de
substâncias específicas como látex, proteínas e taninos, que podem participar de mecanismos de proteção da planta
contra o ataque de predadores (herbívoros ou fitófagos); atuam na turgescência celular e alguns vacúolos
acumulam enzimas hidrolíticas, atuando na digestão intracelular, papel semelhante aos lisossomos.
1. OBJETIVOS
● Identificar células vegetais;
● Reconhecer a parede celular e os plastídios em microscopia de luz;
● Analisar diferentes tipos celulares visando observar a formação da parede celular;
44
2. ATIVIDADE PRÁTICA
45
Agora responda:
O que diferencia uma célula eucariótica vegetal de uma célula eucariótica animal?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
● Coloque sobre uma lâmina uma folha de Elodea e raspas da polpa de tomate (Solanum lycopersicum L),
● Acrescentar água e cobrir com uma lamínula.
● Sobre outra lâmina coloque raspas da polpa da batata (Solanum tuberosum A. St. Hil.),
● Coloque uma gota de Lugol e cubra com uma lamínula.
● Com a lente objetiva de 10x, focalize os materiais.
● Observe os diferentes tipos de plastídios, esquematize e preencha o quadro abaixo.
46
MATERIAL TIPOS DE PLASTÍDIO PIGMENTO OU SUBSTÂNCIA
BIOLÓGICO PREDOMINANTE
Elodea sp
Polpa de tomate
Polpa da batata
47
PRÁTICA 09 - NÚCLEO E NUCLÉOLO
INTRODUÇÃO
Na célula eucariótica é possível reconhecer uma região delimitada por membrana que contém, basicamente,
DNA, RNA e proteínas. A essa região dá-se o nome de núcleo. No DNA estão as informações necessárias para o
controle do metabolismo e da diferenciação celular.
O núcleo apresenta um envoltório que separa o seu conteúdo (cromatina, nucléolo e nucleoplasma) do
restante do citoplasma. Visto ao microscópio eletrônico, o envoltório nuclear é formado por duas membranas
concêntricas. A membrana externa apresenta ribossomos aderidos à sua face citoplasmática e a membrana interna
apresenta cromatina associada à sua face nuclear. Esta associação possibilita a visualização do contorno nuclear na
microscopia de luz. O envoltório nuclear não é contínuo, apresenta poros que permitem a passagem de
macromoléculas como, por exemplo, o RNA, que é sintetizado no interior do núcleo e atua no citoplasma.
A cromatina é constituída, basicamente, de DNA associado a proteínas básicas chamadas histonas. No
núcleo interfásico a cromatina pode ser encontrada na forma descondensada e/ou condensada. A eucromatina se
apresenta descondensada na maioria das células, podendo aparecer sob a forma condensada em alguns tipos celulares
ou em fases específicas do desenvolvimento. A cromatina sexual ou corpúsculo de “Barr”, encontrada em certas
células de fêmeas de mamíferos, é um exemplo de eucromatina condensada (denominada anteriormente de
heterocromatina facultativa). Nesse caso, um dos cromossomos “X” torna-se inativado e altamente condensado. Nos
machos não se observa a presença de cromatina sexual, por apresentarem somente um cromossomo “X”. A
heterocromatina, por sua vez, apresenta-se condensada em todas as células de um organismo, independente da fase
do ciclo celular.
Existem evidências de que há relação entre o grau de condensação da cromatina e sua atividade gênica.
Células com uma alta taxa metabólica, ou seja, intensa síntese proteica, apresentam cromatina descondensada devido
à atividade de transcrição, que resulta na formação de diferentes tipos de RNA. Por outro lado, células com baixa
atividade metabólica apresentam pouca cromatina descondensada. Isto pode ser evidenciado na microscopia de luz,
pela intensidade de coloração do núcleo.
Os nucléolos são estruturas basófilas tendo, portanto, afinidade por corantes básicos. Em alguns casos, os
nucléolos não são vistos, por estarem mascarados pela presença de cromatina densa. O tamanho e a quantidade de
nucléolos variam entre os diferentes tipos celulares e de acordo com o estado funcional da célula. Geralmente, os
nucléolos são mais evidentes e/ou numerosos em células com alta atividade de síntese proteica, por serem o local de
síntese de RNAr e organização inicial dos ribossomos. Possuem, também, uma pequena quantidade de DNA,
correspondente à região organizadora nucleolar, além de proteínas.
O nucleoplasma contém água, proteínas, íons e metabólitos. Nele se encontram a cromatina e o(s)
nucléolo(s). Acredita-se, atualmente, que no nucleoplasma exista uma rede, ou matriz, de elementos frouxamente
interligados, que ajudaria na organização e manutenção da forma do núcleo.
48
B. Número, tamanho, forma e posição dos núcleos
As células apresentam grande variação quanto ao número, tamanho, forma e posição de seus núcleos. Em
geral, o número e tamanho dos núcleos estão relacionados à atividade metabólica da célula. Células que apresentam
uma alta taxa de síntese proteica e células muito grandes podem ter mais de um núcleo e/ou núcleos maiores. A
diferença de tamanho dos núcleos pode ser devida à duplicação de cromatina, em células que vão entrar na divisão.
Nos hepatócitos, esta diferença de tamanho deve-se à duplicação da cromatina sem a ocorrência da divisão celular
(poliploidia). O aumento do núcleo pode ser resultante, também, de uma descondensação da cromatina, acompanhada
de intensa síntese de RNA, como ocorre em neurônios e em ovócitos.
Certos tipos celulares apresentam a cromatina altamente condensada, como a maioria dos leucócitos de
mamíferos e as hemácias nucleadas de aves. Nestes casos, a atividade de síntese de RNA é muito reduzida ou
inexistente. Outras células, altamente especializadas, como as hemácias (eritrócitos) de mamíferos, são anucleadas
quando caem na corrente sanguínea. A formação das hemácias ocorre na medula óssea, a partir de células nucleadas
(eritroblastos). O núcleo do eritroblasto inicial apresenta cromatina descondensada e nucléolo evidente. Durante a
sua maturação, observa-se uma condensação progressiva da cromatina, acompanhada de redução do volume nuclear,
sendo o núcleo eliminado, por extrusão, no final deste processo. Isto resulta num eritrócito anucleado, portanto,
incapaz de se reproduzir, o que determina sua curta vida média (em torno de 120 dias).
Os núcleos em geral, ocupam uma posição central. No entanto, em certos casos ele é deslocado do centro,
em consequência do acúmulo de materiais no citoplasma. Por exemplo, em células secretoras de glicoproteínas os
núcleos são basais, em células musculares esqueléticas estriadas, devido à grande quantidade de microfilamentos, os
numerosos núcleos ovoides são periféricos e em adipócitos, o acúmulo de gordura desloca o núcleo para a periferia.
Em alguns casos, a forma do núcleo acompanha a forma da célula. Células com formato cúbico apresentam
núcleo esférico e células cilíndricas têm núcleo alongado. Entre os leucócitos observamos núcleos multiformes e
irregulares. Por exemplo, os neutrófilos apresentam núcleos polimórficos, com dois a cinco lóbulos ligados entre si
por finas pontes cromatínicas. Em monócitos, os núcleos variam de ovoide a reniforme, de acordo com o estágio de
maturação da célula.
1. OBJETIVOS
- Observar a forma, o tamanho, a posição e o número de núcleos em diferentes tipos celulares.
- Observar nucléolos em diferentes tipos celulares.
- Relacionar o grau de condensação da cromatina com a atividade metabólica das células observadas.
- Observar a estrutura do núcleo e do nucléolo em imagens.
2. ATIVIDADE PRÁTICA
Observe diferentes tipos celulares nos cortes histológicos.
49
2.1. Corte histológico de língua (fibras musculares estriadas e adipócitos) de rato (HE)
Observe os feixes de fibras musculares estriadas. Entre estes feixes existe tecido conjuntivo que, em determinados
locais, apresenta grande quantidade de células que acumulam gordura (adipócitos). Nestes locais, fracamente
corados, o conjunto de células apresenta o aspecto de uma rede. O uso de solvente orgânico, durante o processo de
inclusão do material em resina, promove a extração dos lipídeos dos adipócitos, daí o seu citoplasma se apresentar
vazio e descolorido. Com a lente objetiva de 10X, escolha um campo onde seja possível observar fibras musculares
estriadas (em corte longitudinal) e adipócitos. Observe esta região com a lente objetiva de 40X. Atente para os
numerosos núcleos das fibras musculares, que se dispõe na periferia da célula. Os adipócitos possuem um só núcleo,
também localizado na periferia da célula, devido ao acúmulo de gordura no citoplasma.
2.2. Corte histológico de fígado (hepatócitos) de rato corado com hematoxilina e eosina
Observe no maior aumente que os hepatócítos são separados por espaços claros e tortuosos, que
correspondem aos capilares hepáticos (sinusoides). Os hepatócitos têm forma cúbica e apresentam núcleo central,
com nucléolos bem evidentes. A presença de células com núcleos de diferentes tamanhos, ou mesmo de células
binucleadas é uma característica deste tecido. Observe também entre os feixes de hepatócitos as células de Kupffer
com núcleo achatado.
a. Em que implica, para os hepatócitos, a presença de núcleos volumosos ou de dois núcleos por célula?
____________________________________________________________________________________________
b. Por que os núcleos das fibras musculares estriadas e dos adipócitos apresentam-se deslocados do centro?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
c. Que relação existe entre o grau de condensação da cromatina e a atividade gênica celular?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
a. A figura 01 representa um linfócito de rato. Dê os nomes das estruturas indicadas pelos números:
1: 3:
50
2: 4:
b. Na figura 03 dê os números e os respectivos nomes das estruturas que formam o envoltório nuclear.
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________________________________
c. Na figura 04, que corresponde a um ovócito, como se apresenta a cromatina e qual é a estrutura nuclear
representada pelo número 2?
_______________________________________________________________________________________________
d. Por que células com elevada atividade de síntese de proteínas geralmente apresentam nucléolos evidentes?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
51
01
52
02 03
04
53
PRÁTICA 10 - RETÍCULO ENDOPLASMÁTICO, COMPLEXO DE GOLGI E LISOSSOMOS
INTRODUÇÃO
As informações contidas no DNA são expressas por meio da transcrição e tradução, na forma de proteínas que
atuam em diversos processos metabólicos celulares. Em células eucarióticas, se as proteínas são sintetizadas por
ribossomos livres, elas atuarão no próprio citosol, no núcleo, em mitocôndrias, em cloroplastos (células vegetais) ou em
peroxissomos. Caso sejam sintetizadas por ribossomos aderidos ao retículo endoplasmático, elas serão secretadas
(proteínas de exportação), atuarão nos lisossomos, no próprio retículo endoplasmático ou no complexo de Golgi ou farão
parte da estrutura da membrana plasmática.
A. Retículo endoplasmático
É uma organela formada por uma rede de vesículas achatadas, vesículas esféricas e túbulos. O retículo
endoplasmático (R.E.) diferencia-se estruturalmente em rugoso (ou granular) e liso (ou agranular). No R.E. rugoso a
superfície da membrana voltada para o citoplasma apresenta-se recoberta por ribossomos. Os ribossomos, partículas com
15 a 20 nm de diâmetro, são formados por duas subunidades de tamanhos diferentes, constituídas por proteínas associadas
a RNA. São nos ribossomos que ocorrem a síntese de proteínas. As proteínas sintetizadas por ribossomos unidos às
membranas do R.E. rugoso são liberadas no lúmen desta organela e destinam-se às vias de secreção celular. No interior
do R.E., as proteínas são dobradas corretamente com o auxílio de chaperonas, que são proteínas residentes no R.E. As
proteínas são processadas e, então, transportadas ao complexo de Golgi, por meio de vesículas de transporte. O R.E. liso
não apresenta ribossomos aderidos às suas membranas e encontra-se em continuidade com o retículo endoplasmático
rugoso. As enzimas contidas no R.E. liso catalisam reações da síntese de lipídios e participam da desintoxicação celular.
B. Complexo de Golgi
Formado por um conjunto de sacos achatados ou vesículas, o complexo de Golgi é conhecido, também, como
aparelho de Golgi. As cisternas que constituem esta organela são lisas, ou seja, não possuem ribossomos aderidos às suas
membranas e dispõem-se estruturalmente em pilhas paralelas, que lembram pilhas de pratos. Cada pilha de cisternas
apresenta, em geral, uma face convexa e uma face côncava. O complexo de Golgi participa do processamento dos produtos
de secreção que provém do retículo endoplasmático. É sede da síntese de polissacarídeos e da glicosilação final de
proteínas. Os produtos do complexo de Golgi são liberados pelas células, na forma de vesículas e/ou grânulos de secreção.
A extrusão desses grânulos é feita por um mecanismo denominado exocitose, o qual, também, contribui para a renovação
da membrana plasmática. Alguns dos produtos processados no complexo de Golgi são enzimas lisossômicas, que neste
caso são transportadas, via vesículas, até compartimentos denominados endossomos, os quais se diferenciam em
lisossomos.
54
C. Lisossomos
São organelas citoplasmáticas, em geral, esféricas, com diâmetro entre 0,2 e 0,5 µm, delimitadas por uma
unidade de membrana e que contêm hidrolases ácidas. Essas enzimas apresentam uma atividade ótima em uma faixa de
pH compreendida entre 3 e 6. Assim, o interior do lisossomo é caracteristicamente ácido em relação ao citosol. Essa
condição é mantida devido à presença de bombas de prótons situadas em sua membrana, que bombeiam ativamente H+
para o seu interior.
É nos lisossomos que ocorre a digestão intracelular. O conteúdo enzimático dos lisossomos permite a digestão
dos mais variados tipos de substratos. As proteases digerem proteínas, as nucleases, ácidos nucléicos, as lipases, lipídeos
e as fosfatases, fosfatos orgânicos.
A técnica citoquímica, para a demonstração dos lisossomos, baseia-se na evidenciação das enzimas que são
características da organela. A atividade da fosfatase ácida é a base da técnica de Gomori, para a fosfatase ácida. O material
em estudo é incubado em meio contendo glicerofosfato de sódio e nitrato de chumbo, em tampão pH 5,0. A enzima
hidrolisa o glicerofosfato, possibilitando a formação de um precipitado incolor de fosfato de chumbo. Em seguida, o
material é tratado com sulfeto de amônio, que transforma o precipitado incolor em um precipitado negro, o sulfeto de
chumbo. Como os sais de chumbo são eletrodensos, o produto da reação pode ser visto tanto ao microscópio de luz como
ao microscópio eletrônico.
1. OBJETIVOS
- Identificar, nas micrografias eletrônicas, retículo endoplasmático, complexo de Golgi e lisossomos, bem como relacionar
essas organelas às suas funções na célula.
2. ATIVIDADE PRÁTICA
b. O que o grande desenvolvimento dessa organela nos permite inferir quanto à atividade metabólica da célula?
___________________________________________________________________________________
55
01
02
56
03 04
d. Observe a figura 05, que mostra um plasmócito, célula do sistema de defesa do organismo, que produz anticorpos. Qual
é a organela que está muito desenvolvida nessa célula? Com qual número ela está indicada?
______________________________________________________________________________________________
e. Observe as figuras de 06 a 08 e dê os nomes das organelas ou estruturas indicadas por LP, RA (ou REL) e Mi.
_____________________________________________________________________________________________
f. Observe a figura 09, que mostra o complexo de Golgi, e dê os nomes das regiões (faces) ou estruturas indicadas pelos
seguintes números:
3: ________________________________ 4: __________________________________
5: ________________________________ 6 e 7: _______________________________
57
g. A figura 10 mostra uma célula caliciforme. Nessa célula, qual é a posição ocupada pelo núcleo? Por quê?
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
h. Identifique, na figura 11, complexo de Golgi, as regiões (faces) ou estruturas indicadas pelos seguintes números:
1: ________________________________ 2: ________________________________
3: ________________________________ 4: ________________________________
5: ________________________________
58
05
59
06
07 08
60
09
61
11
10
62
Lisossomos
A figura 12 mostra um macrófago, célula do sistema de defesa do organismo, que realiza fagocitose.
c. Cite algumas das enzimas contidas nos lisossomos e seus respectivos substratos.
___________________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________________
63
12
64
PRÁTICA 11 - MITOSE E CROMOSSOMOS METAFÁSICOS
INTRODUÇÃO
O núcleo está presente nas células eucarióticas e é visível durante o ciclo celular num período chamado de
interfase. Neste período, a célula apresenta intensa atividade metabólica e pode ter o seu material genético
replicado. A replicação é um pré-requisito da divisão mitótica. A mitose garante ao longo do processo proliferativo
celular, a manutenção da identidade das células, por meio da transferência da bagagem genética de uma célula às
suas descendentes. Nas células eucarióticas diploides (2n), a mitose é um processo divisional por meio da qual os
cromossomos da célula mãe são distribuídos, de modo equitativo, a cada uma das células filhas.
A. MITOSE
O crescimento e o desenvolvimento dos organismos vivos dependem do crescimento e da divisão de suas
células. Nos organismos unicelulares a divisão celular resulta numa verdadeira reprodução, originando novos
indivíduos. Ao contrário, nos organismos pluricelulares que provêm de um zigoto, repetidas divisões a partir desta
célula inicial levam ao desenvolvimento e crescimento do indivíduo.
A gênese de novas células faz parte de um processo cíclico denominado CICLO CELULAR. O ciclo celular
compreende dois períodos, Interfase e Divisão.
Na INTERFASE, período entre o final de uma divisão e o começo da seguinte, o material genético do núcleo
das células encontra-se disperso e ativo, constituindo a cromatina. Este período compreende três fases; G1, S e
G2. A fase G1 caracteriza-se por uma intensa síntese de RNA e proteínas. Nesta fase ocorre o crescimento geral
e a reconstituição do citoplasma das células filhas recém-formadas. Na fase S, que se segue, temos a duplicação
do conteúdo de DNA da célula, paralelamente à síntese das proteínas histônicas, com as quais o DNA se complexa.
Os eventos que ocorrem em G2, não são bem esclarecidos. No entanto, sabe-se que nesta fase, ocorre a síntese de
RNA e proteínas essenciais para que a mitose tenha início. As proteínas sintetizadas em G2 são possivelmente,
aquelas envolvidas na divisão celular propriamente dita.
A divisão, período entre a intérfase e o começo da divisão seguinte. Compreende a fase M, que é composta
por dois processos, mitose (divisão nuclear) e citocinese (divisão citoplasmática).
Uma série de eventos permite, para fins de estudo, identificar e caracterizar uma sequência de cinco fases no
processo mitótico, apesar de não existirem limites precisos entre elas. Estas fases são conhecidas como prófase,
prometáfase, metáfase, anáfase e telófase e encontram-se descritas a seguir:
❖ Prófase: Os cromossomos duplicados se condensam progressivamente, o nucléolo vai desorganizando e o
fuso mitótico se forma no citoplasma.
❖ Prometáfase: Término da desorganização do nucléolo. O envelope nuclear se rompe e os microtúbulos do
fuso se ligam aos cromossomos que se movem em direção à região equatorial do fuso.
❖ Metáfase: Caracteriza-se pela reunião dos cromossomos no plano equatorial da célula.
❖ Anáfase: Ocorre a separação dos cromossomos em dois lotes idênticos, pela separação das cromátides-irmãs
ao nível da constrição primária, e a migração dos cromossomos filhos para pólos opostos da célula.
65
❖ Telófase: Inicia-se quando cada um dos lotes de cromossomos chega aos pólos do fuso. Esta fase caracteriza-
se pela reconstituição dos dois núcleos filhos, que assumem aos poucos o aspecto interfásico.
Concomitantemente, às duas últimas etapas da mitose, ou em etapa posterior, segundo o tipo celular, inicia-
se a citocinese, divisão do citoplasma. A citocinese difere de maneira acentuada nas células animais e vegetais.
Nas células animais, a separação das células filhas ocorre por um mecanismo contrátil, do qual participam
microfilamentos de actina e miosina. Nas células vegetais a citocinese começa com o aparecimento do
fragmoplasto, que é formado por componentes do fuso de divisão e vesículas oriundas do complexo de Golgi. A
fusão das vesículas de Golgi, determina a formação da PAREDE CELULAR, que separa as células filhas, com a
liberação do seu conteúdo para a formação da matriz péctica.
1. OBJETIVOS
● Caracterizar as fases da mitose;
● Identificar os diferentes tipos de cromossomos metafásicos.
66
2. ATIVIDADE PRÁTICA
67
b. Em que fase o ciclo celular ocorre a replicação do DNA?
__________________________________________________________________________________________
c. Como, na prática, é possível diferenciar a intérfase da prófase?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
d. Como, na prática, é possível diferenciar a metáfase da anáfase?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
e. Por que se diz que a mitose é um processo conservativo, sob o ponto de vista genético?
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
__________________________________________________________________________________________
68
PRÁTICA 12 - MEIOSE
INTRODUÇÃO
A meiose é um processo de divisão celular que permite que o número diploide (2n) de cromossomos,
característicos de uma espécie seja reduzido a um número haploide (n) por meio de duas divisões sucessivas com
uma única fase de replicação do DNA. É um tipo de divisão celular que possibilita a produção de células gaméticas
haploides essenciais para restabelecer o número de cromossomos acarretado pela fertilização.
Para fins didáticos, a meiose é subdividida em várias etapas. Estas apresentam características próprias que
permitem seu reconhecimento e diferenciação.
Prófase I – Após a interfase, as células que vão se dividir por meiose entram em prófase, na qual a condensação
dos cromossomos ocorre segundo padrões bem determinados. Durante toda a prófase o envoltório nuclear se
mantém íntegro, os cromossomos se condensam gradualmente, o nucléolo vai se desorganizando e o fuso de
divisão organiza-se no citoplasma. A prófase I, longa e complexa, compreende cinco (5) estádios sucessivos
correspondendo, cada um deles, a uma etapa de alterações estruturais o material cromossômico. Estes estádios
encontram-se descritos a seguir:
● Leptóteno – Os cromossomos aparecem individualizados e com fios longos e finos.
● Zigóteno – Os cromossomos homólogos se pareiam, ponto a ponto, ao longo de todo o seu comprimento
(sinapse). Este pareamento é importante, pois vai permitir a ocorrência do “Crossing-Over”, na fase
seguinte, além de resultar na segregação dos homólogos, na anáfase.
● Paquíteno – Neste estádio, pode ocorrer a troca de segmentos entre as cromátides de cromossomos
homólogos ("crossing-over”) e os cromossomos encontram-se mais curtos e espessos.
● Diplóteno – A separação dos cromossomos homólogos, iniciada no final do paquíteno, continua neste
estádio, quando podem ser observados os quiasmas, pontos nos quais as cromátides de cromossomos
homólogos se entrelaçam. Os quiasmas correspondem à evidência citológica do “crossing-over” ocorrido
na fase anterior.
● Diacinese – Os cromossomos homólogos, ainda unidos, continuam se condensando e sofrem rotações,
assumindo configurações características.
Prometáfase I – Término da desorganização do nucléolo. O envoltório nuclear se desorganiza e os microtúbulos
do fuso se ligam aos cromossomos conduzindo-os em direção à região equatorial do fuso.
Metáfase I – Os cromossomos homólogos, ainda unidos, são posicionados no plano equatorial da célula. Cada
cromossomo homólogo encontra-se orientado, por meio do fuso de divisão, para um dos pólos. As duas cromátides
de cada cromossomo comportam-se como uma unidade funcional.
Anáfase I – Os cromossomos homólogos se separam sendo tracionados para pólos opostos da célula. Esta
segregação ocorre independente da sua origem paterna ou materna (Segregação independente dos cromossomos
homólogos).
69
Telófase I – Inicia-se quando os lotes cromossômicos chegam aos pólos da célula com posterior reorganização
dos núcleos filhos (Cada núcleo com um número haploide de cromossomos e cada cromossomo com duas
cromátides).
Intercinese – É o período, em geral curto ou inexistente, entre as duas divisões na meiose. Neste período não
ocorre a duplicação do material genético.
Portanto, ao final da primeira divisão, as células filhas possuem metade do número de cromossomos da célula
parental, o que caracteriza uma divisão reducional.
ESPERMATOGÊNESE
A espermatogênese é o processo de formação dos gametas masculinos que acontece nos testículos. Os
testículos são órgãos pares, de forma ovalada nos mamíferos, localizados nestes animais dentro da bolsa escrotal.
A gônada masculina é envolvida por uma camada espessa de tecido conjuntivo, denominada túnica albugínea
que envolve todo o testículo e envia septos para o seu interior, dividindo-o em lóbulos. Cada lóbulo é preenchido
por estruturas tubulosas enoveladas, em fundo cego, denominadas túbulos seminíferos, os quais ficam separados
por tecido conjuntivo altamente vascularizado, o qual constitui uma região chamada coletivamente de espaço
intertubular (Fig. 1).
Os túbulos seminíferos têm a parede formada por um tecido epitelial estratificado especial, o epitélio
seminífero, o qual é constituído de células de Sertoli (células de sustentação) e células espermatogênicas (Fig.
2). Na base deste tecido epitelial encontra-se uma lâmina basal e abaixo dela são encontradas células mioides
com núcleo de formato fusiforme.
As células de Sertoli são cilíndricas e têm prolongamentos laterais e apicais complexos que circundam as
células espermatogênicas adjacentes e preenchem os espaços entre elas. Entretanto, essa configuração complexa
não pode ser vista em preparações para microscopia de luz, pois nelas não visualizamos membrana celular. A
única maneira de identificar a célula de Sertoli nas lâminas é através do formato do seu núcleo, que é ovoide ou
triangular, contendo cromatina dispersa e um ou dois nucléolos bem evidentes.
70
As células espermatogênicas consistem de gerações sucessivas de células, formadas por meiose, dispostas
em várias camadas no epitélio seminífero. Estas células originarão os espermatozoides ao final do processo de
espermatogênese. São da linhagem espermatogênica as seguintes células: espermatogônias, espermatócitos,
espermátides e espermatozoides em formação.
● As espermatogônias (2n) são o tipo mais indiferenciado, e são encontradas na camada basal da parede do túbulo
seminífero, próximas à lâmina basal.
● Os espermatócitos I (2n) localizam-se acima das espermatogônias e em sua maioria têm núcleos redondos,
grandes e com cromossomas espiralizados. Sofrem meiose I.
● Os espermatócitos II (n) (em intérfase), encontrados acima dos espermatócitos I, apresentam núcleos também
redondos, porém menores, podendo ser confundidos neste preparado com as espermátides em estádios iniciais.
Sofrem meiose II.
● As espermátides (n) em diferenciação, ocupam a região mais próxima da luz e apresentam núcleos com formas
variadas, em processo de alongamento.
● Os espermatozoides (n) são as células terminalmente diferenciadas que se destacam do epitélio seminífero e são
visualizadas no lume dos túbulos seminíferos.
Fora dos túbulos, no espaço intertubular, denominado também de interstício, é possível visualizar além de
vasos sanguíneos e linfáticos, as células de Leydig (células intersticiais), com seus núcleos vesiculares e
arredondados e citoplasmas de aspecto esponjoso devido à presença de várias gotículas lipídicas, precursores dos
hormônios sexuais (Fig. 2).
71
Figura 2: Representação esquemática da organização do epitélio seminífero
1. OBJETIVOS
2. ATIVIDADE PRÁTICA
Testículo de mamífero
● Com a lente objetiva de 4x focalize o material
● Agora observe a estrutura dos túbulos seminíferos e da região intertubular
● Observe o epitélio seminífero e identifique as células de Sertoli, as células da linhagem espermatogênica e
as células de Leydig. Esquematize.
72
Epidídimo
● Com a lente objetiva de 4x focalize o material
● Agora observe os espermatozoides no interior do ducto epididimário e esquematize.
OVOCITOGÊNESE
A ovocitogênese é o processo de formação dos gametas femininos que acontece nos ovários por meio da
meiose. Os ovários são órgãos pares, de forma ovalada, e localizados na cavidade peritonial nos mamíferos. Utilize
a Figura 3A, para auxiliar a reconhecer a organização do ovário. Revestindo externamente o ovário, há uma
camada epitelial simples do tipo cúbico, que está assentada numa região de tecido conjuntivo denso denominada
albugínea do ovário. O ovário é constituído por duas regiões: a cortical, de localização mais externa e a medular,
mais interna, rica em vasos sanguíneos e formada por tecido conjuntivo frouxo. Na região cortical, além do
estroma ovariano, observe os folículos ovarianos em vários estádios de desenvolvimento, estes folículos estão
representados na Figura 3B.
Os folículos primordiais são constituídos de um ovócito I (Bloqueado na prófase I da meiose I) circundado
por camada única de células foliculares achatadas. Quando as células foliculares tornam-se cúbicas ou prismáticas,
ainda em monocamada, o folículo é denominado primário unilaminar passado para primário multilaminar,
quando o epitélio de células foliculares torna-se estratificado. As células foliculares são denominadas agora de
células da granulosa, constituindo uma camada do mesmo nome em torno do ovócito. As tecas foliculares
começam a se organizar. Separando o ovócito da camada granulosa há uma espessa membrana denominada de
zona pelúcida e, separando a camada granulosa das tecas, encontra-se uma lâmina basal.
A formação do antro folicular inicia-se com a formação de líquido folicular que é produzido pelas células da
granulosa e é secretado para o meio extracelular, no espaço entre as células da granulosa. À medida que estes
espaços começam a ficar bem evidentes, começam também a coalescer e formam o antro, que é um espaço
volumoso entre as células da granulosa e que encontra-se repleto de líquido folicular. Quando o antro é percepível,
o folículo então é denominado de secundário ou antral.
O folículo é classificado como maduro ou pré-ovulatório quando apresenta ovócito II (Bloqueado na
metáfase da meiose II), corona radiata, cumulus oophorus e antro bastante desenvolvido. É comum nesse tipo de
folículo a localização excêntrica do ovócito. No folículo maduro as tecas, interna e externa, estão totalmente
formadas. A camada granulosa está comprimida na parede folicular.
73
Nem todo folículo vai amadurecer e liberar seu ovócito, a cada ciclo ovulatório, vários folículos iniciam seu
desenvolvimento mas somente um vai ovular. Os demais folículos daquele grupo vão sofrer degeneração e são
chamados de folículos atrésicos, a maioria deles é identificada pela degeneração do ovócito e o pregueamento da
zona pelúcida.
Após o folículo maduro liberar o seu ovócito, as células da granulosa e da teca (que permanecem no ovário)
sofrem uma diferenciação e passam a constituir uma estrutura maciça denominada corpo lúteo (ou amarelo). Esta
estrutura passa a funcionar como uma glândula provisória, secretando grande quantidade de progestágenos que
vão preparar o corpo da fêmea para receber um embrião. Se não houver uma fecundação, o corpo lúteo irá se
degenerar em alguns dias, deixando no local uma cicatriz conjuntiva chamada corpo albicans.
OBJETIVOS
● Identificar os folículos no ovário
● Diferenciar os tipos de folículos ovarianos
ATIVIDADE PRÁTICA
Ovário púbere
● Com a lente objetiva de 4x focalize o material
● Agora observe a região cortical do ovário e identifique os tipos de folículos.
● Esquematize o ovário na objetiva de 4x ou 10x identificando suas regiões
74
● Agora esquematize cada folículo identificado suas características e em qual fase da meiose se encontra o
ovócito
___________________________________________________
___________________________________________________
75
___________________________________________________
___________________________________________________
___________________________________________________
76
Agora responda:
a. Qual é a importância do pareamento dos cromossomos homólogos no processo meiótico?
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