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CC3 - Bryce e Danika - Capítulo Extra - Sarah J. Maas - Casa de Chama e Sombra - Cidade Da Lua Crescente
CC3 - Bryce e Danika - Capítulo Extra - Sarah J. Maas - Casa de Chama e Sombra - Cidade Da Lua Crescente
Capítulo Extra
Casa de Chama e Sombra
O baixo estrondo do aparelho de som velho e de merda
atingiu Bryce dois níveis abaixo do apartamento. O aroma doce
e almiscarado da raiz alegre a atingiu quando chegou ao
patamar seguinte. E quando Bryce destrancou a porta e
entrou, ela já estava dançando. “Aí está minha pessoa
favorita!” Gritou Danika, saudando Bryce com um cigarro
enrolado de raiz alegre.
Uma pilha daquilo estava na mesa de centro diante dela,
os pés descalços de Danika a centímetros de distância. A
colega de quarto de Bryce gesticulou magnanimamente para a
disseminação das drogas.
“Onde diabos você conseguiu tanta raiz alegre?” Bryce
tirou os tênis dos calcanhares, apertando os dedos irritados e
doloridos algumas vezes para devolver um pouco de vida a eles.
Então ela enfiou a mão por baixo do vestido e tirou o sutiã.
Ela o girou na cabeça uma vez para obter um bom efeito,
depois o lançou voando pela sala de estar. Aterrissou em uma
pilha suada na soleira do quarto dela, Porra, estava quente.
Estava quente aqui pra Caralho.
Mesmo com o ar condicionado ligado, um leve suor cobria
o rosto de Danika. Provavelmente não ajudou o fato de ela
usar sua conhecida jaqueta de couro, com a inscrição Por amor,
tudo é possível rabiscada nas costas, apesar do calor do verão.
Danika deu uma longa tragada na raiz alegre exalando
pelas narinas antes de dizer: “Eu a confisquei de alguns
turistas idiotas que acharam que seria legal se perder no
Parque do Oráculo e ver se eles captavam suas vibrações
psíquicas ou algo assim.” Ela revirou os olhos, “Dei-lhes um
aviso formal e tomei essas coisinhas.”
Bryce riu, sentando-se no sofá ao lado de sua melhor
amiga. “Você é uma verdadeira atriz.”
Danika passou-lhe o cigarro fumegante. “Ah, sim. A
melhor da Cidade da lua crescente.” Bryce respirou fundo,
cada músculo tenso de seu corpo relaxando com o gosto da
fumaça em sua boca.
Na TV pequena e horrível do outro lado da sala, o
noticiário da noite passava, quase inaudível acima.O barulho
da música na caixa de som. O apagão da semana passada, blá,
blá, blá... “Onde estão todos os outros?” Bryce perguntou,
exalando lentamente antes de passar a raiz alegre de volta
para Danika.
Ela recebeu a mensagem de Danika mela hora atrás: um
pequeno vídeo mostrando a pilha de raiz alegre - que estava no
balcão da cozinha - com música tocando ao fundo,
acompanhada pelas palavras ‘Corra para casa rápido, querida’.
E foi o que Bryce fez, trancando a galeria em tempo
recorde.
Tão rápido que ela esqueceu as roupas de dança sujas da
aula que fez na hora do almoço. Tão rápido que o pobre Syrinx
só conseguiu um abraço antes de sair pela porta com
promessas de levar-lhe um grande presente amanhã.
“Trabalhando,” respondeu Danika finalmente, com
fumaça saindo de seus lábios. “Sendo a atriz que sou, tirei a
noite de folga para aproveitar os despojos.” Ela mexeu os dedos
dos pés, cada um coberto de esmalte roxo lascado. “Bronson
me fez prometer deixar um pouco para ele, então não me faça
de mentirosa.”
Bryce tragou outra vez. “Se fumarmos tudo isso, acho que
morreremos, Danika.”
“Nah,” disse Danika, sorrindo enquanto Bryce lentamente
liberava uma nuvem doce. “Mas você ainda pode estar
chapada em dois dias.”
O telefone de Bryce tocou e ela o pegou da mesinha de
centro para descobrir que um e-mail de Jesiba havia aparecido.
Bryce examinou seu conteúdo e depois estremeceu.
Ela tinha acabado de desligar o telefone, com a intenção
de ignorar a mensagem o maior tempo possível, quando
Danika disse, levantando-se: “Talvez três dias.” Bryce riu, a
sala começando a desacelerar e girar com uma nebulosidade
familiar. Ela colocou a raiz alegre no cinzeiro de cerâmica torto
- uma relíquia da aula de cerâmica da faculdade - e recostou-
se nas almofadas manchadas para saborear o frio que a
invadia.
Cantarolando junto com a música, Danika entrou na
cozinha. O telefone de Bryce tocou com outra mensagem de
Jesiba ‘espero uma resposta dentro de cinco minutos’. Bryce
suspirou e começou a digitar de volta, qualquer felicidade
crescente desaparecendo.
“Quer sair?” Danika falou da cozinha.
Bryce apoiou os pés na mesinha de centro, enviando o
email para Jesiba ao mesmo tempo. “Não. Meu sutiã está
oficialmente tirado e não vou colocá-lo de volta.”
“Quem disse que você precisa de sutiã para sair?” Danika
saiu da cozinha, mastigando um sanduiche encharcado que
sobrou.
“Ainda resta muito macarrão que fiz ontem à noite,” Bryce
ofereceu, a música começando a enviar anéis de ouro
ondulantes pela sala. “Esse sanduíche tem uns seis dias.”
Danika deu outra mordida e disse com a boca cheia:
“Prefiro arriscar uma intoxicação alimentar por causa dessa
coisa do que daquela... mistura.” Bryce mostrou a amiga um
dedo que parecia estar a um milhão de quilômetros de
distância. “Você disse que o macarrão era bom!”
“Pode ter sido por conta própria.” Danika cruzou os
braços. “Mas você adicionou...?”
“Salsicha.”
“E?”
Bryce estremeceu. “Algumas outras coisas?” Ok, talvez ela
tenha ficado um pouco ansiosa para adicionar coisas a receita.
Ela parou depois do alho e das azeitonas, no entanto.
Danika assentiu sabiamente. “Sim, sem macarrão.Vamos
sair, ainda tenho muito espaço para mais Pizza, depois cerveja.
Depois uísque.”
“Tenho trabalho amanha,” Bryce se esquivou. “Jesiba já
está me mandando uma mensagem sobre a pilha de papéis
que ela quer que eu preencha antes mesmo de ela chegar
amanhã de manhã. Não há chances de conseguir lidar com
isso se eu estiver de ressaca.”
“Apenas duas bebidas.” Danika prometeu,
desembaraçando e depois trançando novamente seu cabelo
loiro e sedoso com fios de ametista, safira e rosa entrelaçados
por toda parte. “Trarei você para a cama às uma.” Isso era
uma grande mentira, se Bryce já tivesse ouvido alguma.
Mas se Danika queria sair, só as duas, sem menção de
fazer uma festa com June e Fury...
“Por favor,” Danika implorou, franzindo ligeiramente a
testa. Ela se aproximou da mesinha de centro e pegou o
cigarro de raiz alegre, tragando novamente. “Eu prometo não
fazer mais isso.”
Mesmo com a névoa das drogas, era difícil não perceber a
tensão no rosto de Danika, sua postura.
Então Bryce perguntou, tão sobriamente quanto pôde:
“Você está bem?” Danika encolheu os ombros, inspirando
novamente.
“Sabine. Como sempre.” Havia algo na maneira como
Danika não olhava para ela... Bryce não tinha certeza se ela
acreditava, embora Sabine estivesse sempre mordendo os
calcanhares de Danika. Mas o que mais poderia ser?
Talvez algo com Thorne, mas a respiração ofegante de
Thorne atrás de Danika nunca pareceu incomodá-la antes.
Se Danika não queria falar sobre isso, Bryce não
pressionaria. Ela estaria lá quando Danika estivesse pronta.
Bryce deu outra tragada no cigarro, caindo livremente na
calma serena, e disse: “Hummm quero estar de volta e na
cama às uma.” Sua melhor amiga, a irmã de sua alma, piscou.
Mas um pouco daquela tensão, daquela preocupação
distante permaneceu - apenas um vislumbre. Assim como
Danika disse, com os olhos brilhando de alegria lupina através
da nuvem de fumaça de raiz alegre, “Vou pegar um sutiã novo
para você.”
***