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PM-CE

Soldado

Segurança pública
Direitos Humanos: desarmamento e combate aos preconceitos de gênero, étnico, racial,
geracional, de orientação sexual e de diversidade cultural.............................................................01
Criação e fortalecimento de redes sociais e comunitárias..............................................................02
Instituições de segurança pública e do sistema prisional...............................................................05

Segurança pública
Enfrentamento do crime organizado e da corrupção policial..........................................................25
Garantia do acesso à Justiça..........................................................................................................28
Valorização dos espaços públicos...................................................................................................29
Participação da sociedade civil.......................................................................................................30
Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI)......................................31
Exercícios........................................................................................................................................37
Gabarito...........................................................................................................................................38

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Direitos Humanos: desarmamento e combate aos preconceitos de gênero, étnico, racial,
geracional, de orientação sexual e de diversidade cultural

O Estatuto do Desarmamento

Devido ao aumento das mortes e da violência envolvendo armas de fogo no Brasil, o governo federal
junto a sociedade, através do Ministério da Justiça, buscou uma ação efetiva para o controle do arma-
mento em poder da população. Dentre os muitos esforços empregados destacamos aqui o Estatuto
do Desarmamento. A Lei nº 10.826/2003 que foi uma mudança significativa de como controlávamos as
armas no Brasil, pois ela regula os seguintes termos: registro, posse, porte e a comercialização de armas
de fogo e munição no território nacional.
Exclusão social

Exclusão social1 é um conceito que caracteriza a exclusão ou afastamento de grupos do sistema so-
cioeconômico predominante. Mas elas não estão apenas relacionadas as questões socioeconômicas dos
indivíduos. Outros fatores também influenciam na exclusão de grupos do sistema imposto e determinado
como correto pela sociedade.

Tipos de Exclusão Social

- Exclusão de gênero: geralmente, mulheres e grupos que não se adequam ao gênero de nascimento,
como os transexuais.

- Exclusão Cultural: existente por conta das práticas culturais de determinados grupos. Por exemplo,
os mitos e rituais de algumas aldeias são considerados fora do padrão sociocultural predominante.

- Exclusão Étnica: existente em relação a minorias étnicas, como por exemplo negros e indígenas.

- Exclusão Patológica: o indivíduo é excluído pela sociedade por ser portador de alguma doença (fí-
sica, mental ou imunológica) ou por alguma necessidade especial. Cadeirantes e grupos portadores de
AIDS e autistas, por exemplo, são excluídos por conta de suas condições.

- Exclusão Religiosa: grupos excluídos por não seguirem a religião oficial e imposta pela sociedade.
Por exemplo os muçulmanos e membros de religiões de matriz africana, que sofrem preconceito no Bra-
sil.

A questão da exclusão étnica no Brasil, por exemplo, tem origens históricas. Os indígenas, grande
maioria no país durante a época da chegada dos portugueses. A tentativa de alterar os hábitos, religiosi-
dade e costumes indígenas foi uma forma de padronizá-los à nova realidade brasileira, descaracterizan-
do e ignorando por completo seus hábitos e padrões culturais.

Além disso temos também a exclusão social dos negros. Mesmo após a abolição da escravatura, em
1888, os negros não foram integrados à sociedade da época por conta das questões culturais, sociais e
econômicas e ainda hoje enfrentam o preconceito e exclusão.

Os LGBTQIA+ (aqui caracterizado pela exclusão de gênero) movimento, que nasceu com a sigla GLS,
busca lutar pelos direitos e inclusão de pessoas de diversas orientações sexuais e identidades de gêne-
ro. É o movimento político e social que defende a diversidade e busca mais representatividade e direitos
para a comunidade. O seu nome demonstra a sua luta por mais igualdade e respeito à diversidade.

O Brasil tem adotado políticas de ações afirmativas, ao longo dos anos, em relação a negros e indí-
1 Disponível em https://querobolsa.com.br/enem/sociologia/exclusao-social Acesso em 19.05.2021

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genas, como a obrigatoriedade das cotas, por exemplo. É uma tentativa proposta pelo governo e vários
órgãos e entidades de minimizar anos de práticas e ações excludentes.

As chamadas minorias sociais nem sempre fazem parte da minoria populacional. Levando em conta
o fator econômico, por exemplo, os dados do IBGE, levantados em 2017, apontam que naquele ano os
10% mais ricos detinham 43,3% da renda do país, enquanto os 10% mais pobres tinham acesso a ape-
nas 0,7% da renda total do país.

Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bisse-
xuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT)2

O Conselho Nacional de Combate à Discriminação e Promoção dos Direitos de Lésbicas, Gays, Bis-
sexuais, Travestis e Transexuais (CNCD/LGBT) é um órgão colegiado, integrante da estrutura básica
do Ministério dos Direitos Humanos, criado por meio da Medida Provisória 2216-37 de 31 de Agosto de
2001.

Suas políticas são voltadas para a promoção da igualdade racial e para a população indígena sendo
executadas por outros órgãos, em dezembro de 2010 o Governo Federal institui nova competência e
estrutura ao CNCD/LGBT, por meio do Decreto nº 7388, de 9 de dezembro de 2010. Para atender uma
demanda histórica do movimento LGBT brasileiro e com a finalidade de potencializar as políticas públicas
para a população LGBT, o agora CNCD/LGBT passa a ter como finalidade formular e propor diretrizes de
ação governamental, em âmbito nacional, voltadas para o combate à discriminação e para a promoção e
defesa dos direitos de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais.

A grande preocupação do CNCD/LGBT tem sido fomentar e acompanhar as políticas públicas, além
da busca incansável de sensibilizar os órgãos de Estado nas ações de defesa e garantia dos direitos da
população LGBT.

Criação e fortalecimento de redes sociais e comunitárias

De acordo com Robert Peel, autor inglês reconhecido pela doutrina como precursor na estruturação da
polícia moderna em 1829, “a polícia é o povo e o povo é a polícia”. Tal definição leva à compreensão de
que uma pessoa que faz parte de uma instituição policial é, antes de tudo, um integrante do povo; bem
como, no processo de implantação da polícia comunitária, a comunidade é encorajada a participar ativa-
mente da resolução de seus problemas.

A estratégia de Polícia Comunitária oferece, então, meios para o processo de fortalecimento dos cida-
dãos, no sentido de compartilharem entre si e com a polícia a tarefa de planejar práticas para enfrentar o
crime.
Características da Polícia Comunitária

Gestão participativa e prestação de contas

A comunidade participa na escolha de prioridades a serem resolvidas e avaliação do serviço executa-


do, através de conselhos comunitários de segurança, os quais sempre manterão o foco na melhoria geral

2 Disponível em https://www.gov.br/mdh/pt-br/acesso-a-informacao/participacao-social/conselho-na-
cional-de-combate-a-discriminacao-lgbt/conselho-nacional-de-combate-a-discriminacao-lgbt Acesso em
05.08.2021

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da qualidade de vida.

Polícia e Cidadania

Opção da polícia por participar no desenvolvimento de uma sociedade democrática, deslocando a ên-
fase do controle social para a mediação de conflitos.

- Supervisão comunitária da polícia: “Toda instituição policial deve ser representativa da comunidade
como um todo e deve ser responsável perante ela e prestar lhe contas”. (Resolução 34/169 da Assem-
bleia das Nações Unidas, de 17 Dez 79). Dada a proximidade e a participação da comunidade, a supervi-
são acontece de forma natural, sem constrangimentos, pois, o próprio policial se sente constrangido em
agir de maneira errada ou se omitir perante as demandas vindouras.

- Defesa dos direitos humanos: A polícia resgata sua função, assumindo compromisso existencial de
defesa do pacto social com o respeito à vida antes de tudo.

- Isenção político partidária: Os Conselhos Comunitários não devem ter, na sua Diretoria e em seus
Conselhos, membros que exerçam cargos públicos eletivos ou liderança político partidária, como uma
das formas de evidenciar na comunidade o seu caráter não partidário, que deve revestir todos os seus
atos, para que sua atuação não se confunda com interesses políticos eleitorais.

Controle da Qualidade Total

- Produtividade: A redução de índices de criminalidade e de acidentes, e aumento da sensação de se-


gurança por parte da comunidade, proporcionando tranquilidade antes de tudo quanto à própria atuação
e, durante ela, é o produto final desejado pela Polícia

- Orientação pelo cliente-cidadão: Desde a adequação do próprio modelo, passando pela fixação de
prioridades, até a verificação da interceptação de resultados, a opinião dos clientes é fundamental para a
polícia. As necessidades e expectativas da comunidade devem ser correspondidas

- Qualidade em primeiro lugar: A identificação da qualidade no “mercado” é feita através dos Conse-
lhos

Comunitários e outros mecanismos de “orientação pelo cliente”.

- Ação orientada por prioridades: Priorizar os problemas críticos na função desempenho, confiabilida-
de, custo, desenvolvimento, etc. Os problemas que assolam as questões de segurança pública de manei-
ra direta ou indireta devem, após ação conjunta (polícia e comunidade), serem priorizados, norteando as
ações destinadas à prevenção.

- Ação orientada por fatos e dados (cientificidade): Falar, raciocinar e decidir com base em dados e
fatos.

- Controle de processos: A qualidade é integrada no produto, durante o processamento. É necessário

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que todos os servidores se comprometam com o resultado do seu próprio trabalho, em todas as fases
(todos os processos), do planejamento à atividade de linha. Após a priorização dos problemas a serem
resolvidos, o processo de solução dos mesmos deve ser acompanhado em todas as suas fases, visando
garantir o sucesso final desejado.

- Controle da dispersão: Deve-se estabelecer limites de tolerância na variação dos resultados dese-
jados. A dispersão deve ser observada cuidadosamente, isolando-se sua causa fundamental e estabele-
cendo-se ações corretivas. Cabe ao policial militar comunitário desdobrar-se para garantir que as solu-
ções dos problemas aconteçam conforme o planejado, para tanto, deve acercar-se de cuidados a evitar a
dispersão que leve a resultados adversos.

- Clientes no processo: A relevância da participação ativa dos clientes (comunidade) como fator de
geração de valor nos processos de identificação, priorização e solução dos problemas que afetam as
questões de segurança pública local.

- Controle prévio (proatividade na prevenção): Prever possibilidades de problemas para eliminar seus
fatos motivadores organizacionais. O policial deve estar sempre um passo à frente das situações concre-
tas que possam desencadear situações de violência e de crime. A prevenção primária é parte fundamen-
tal do policiamento comunitário.

- Ação de bloqueio: Adotar medidas de bloqueio para que o mesmo problema não ocorra outra vez
pela mesma causa. Deve-se buscar ações de prevenção que sejam duradouras, perenes, com o intento
de expurgar a situação de fragilidade que pode levar à violência e ao crime causados pela mesma ori-
gem.

- Valorização humana: Compreende:

1) Padronizar toda tarefa específica;

2) Educar, treinar e familiarizar todos os servidores;

3) Dependendo da capacidade do servidor, delegar cada tarefa após certificação;

4) Solicitar sua criatividade para manter e melhorar sua rotina diária;

5) Organizar um programa de crescimento da capacidade para o desenvolvimento pessoal dos servi-


dores.

O policial é extremamente importante para o sucesso das ações de prevenção primária, pois, é o
polarizador e incentivador da comunidade. Assim, valorizar o profissional em sua humanidade é garantir
resultados positivos.

- Comprometimento da alta direção: Entender a definição da missão da organização e a visão estraté-


gica da alta direção e executar as diretrizes e metas através de todas as chefias. Para que todo e qual-
quer projeto dê certo em uma organização, é de extrema importância que haja a participação efetiva do
seu mais alto escalão que é, dentro da estrutura administrativa, quem define as prioridades de atuação
da área operativa.

A Polícia Comunitária é a filosofia de trabalho indistinta direcionada a todos os integrantes das insti-
tuições policiais, sendo um de seus pilares estruturais, o Policiamento Comunitário é a ação de policiar,
patrulhar o território para evitar, pela presença do agente público, a prática de ilícitos penais e contraven-
cionais, de desenvolver ações efetivas junto à comunidade com o escopo de prevenir delitos e eventual-
mente reprimi-los.

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O policiamento comunitário traduz-se, assim, em ações iniciadas pelas polícias para utilizar um poten-
cial não aproveitado na comunidade para lidar com mais eficácia e eficiência com os problemas do crime,
principalmente na sua prevenção.

A prevenção comunitária do crime está incorporada na noção de que os meios mais eficazes de evitar
o crime devem envolver os moradores na intervenção proativa e na participação em projeto, cujo objeti-
vo seja reduzir ou prevenir a oportunidade para que o crime não ocorra em seus bairros (ROSENBAUM
apud MOORE, 2003, p.153).

O diferencial do ‘policiamento comunitário’ consubstancia-se num serviço policial que se aproxime das
pessoas, com identificação bem definida, personalizando o policial, com um comportamento regulado
pela frequência pública cotidiana, submetido, portanto, às regras de convivência cidadã.

Os processos de policiamento que mais favorecem a aproximação comunitária podem assim ser apon-
tados:

(i) policiamento a pé,

(ii) de bicicletas,

(iii) a cavalo,

(iv) em viaturas,

(v) em bases fixas e móveis,

(vi) embarcações.

Instituições de segurança pública e do sistema prisional

Segurança pública3 pode ser considerada um processo composto por elementos de ordem preventiva,
repressiva, judicial, de saúde e social. Por isso a segurança pública necessita de um conjunto de ferra-
mentas e de conhecimentos que envolvem os diversos setores da sociedade, sempre focados nos mes-
mos objetivos. Ela é um serviço que deve ser universal (tem de abranger todas as pessoas) para prote-
ger a integridade física dos cidadãos e dos seus bens. Para isso, existem as forças de segurança (como
a polícia), que trabalham em conjunto com o Poder Judicial.

A Constituição Federal de 1988 diz em seu artigo 144º que a segurança pública, dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio, por intermédio dos seguintes órgãos: Polícia Federal, Polícia Rodoviária
Federal, Polícia Ferroviária Federal, Polícias Civis, Polícias Militares e Corpo de Bombeiros Militares.

Portanto, a Constituição diz que é dever da sociedade agir de maneira conjunta para que a democra-
cia seja garantida contra a violação dos direitos ocasionada pela criminalidade. A segurança pública é a
condição essencial para que a paz social seja assegurada a cada indivíduo.

Em regra geral, as grandes metrópoles sofrem problemas de segurança pública, as quais apresentam
elevadas taxas de delitos. Em contrapartida, as pequenas localidades costumam oferecer melhores con-
dições de segurança.

De certa forma, isto prende-se com a população em massa, uma vez que os milhões de habitantes
3 Disponível em https://www.ssp.ma.gov.br/conceito-de-seguranca Acesso 04.06.2021

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de uma grande cidade acabam por ficar no anonimato (as pessoas não se conhecem). Já, nas aldeias, é
menos provável que uma pessoa cometa algum crime ou delito sem que ninguém fique a saber.

A segurança pública também depende da eficácia da polícia, do funcionamento do Poder Judicial, das
políticas estatais e das condições sociais. O debate relativamente à incidência da pobreza na inseguran-
ça é sempre polémico apesar de a maioria dos especialistas acreditar que haja uma relação entre a taxa
de pobreza e a quantidade de delitos.

Na doutrina pátria encontra-se a seguinte definição de segurança pública por De Plácido e Silva:

[...] é o afastamento, por meio de organizações próprias, de todo o perigo, ou de todo o mal que possa
afetar a ordem pública em prejuízo da vida, da liberdade ou dos direitos de propriedade do cidadão, limi-
tando as liberdades individuais, estabelecendo que a liberdade de cada cidadão mesmo em fazer aquilo
que que a lei não lhe veda, não pode ir além da liberdade assegurada aos demais, ofendendo-a.

A segurança da sociedade surge como o principal requisito à garantia de direitos e ao cumprimento de


deveres, estabelecidos nos ordenamentos jurídicos.

A segurança pública é considerada uma demanda social que necessita de estruturas estatais e demais
organizações da sociedade para ser efetivada. Às instituições ou órgãos estatais, incumbidos de adotar
ações voltadas para garantir a segurança da sociedade, denomina-se sistema de segurança pública,
tendo como eixo político estratégico a política de segurança pública, ou seja, o conjunto de ações deli-
neadas em planos e programas e implementados como forma de garantir a segurança individual e coleti-
va.

O contexto contemporâneo, caracterizado pela globalização, principalmente no âmbito econômico,


tem provocado transformações na estrutura do Estado e redefinição de seu papel enquanto organização
política. Diferentemente da redução do papel do Estado no âmbito econômico e social, no que se refere
à segurança pública, tem ocorrido uma ampliação dos instrumentos de controle sobre a sociedade. Por
isso, “[...] não tardou para que no final do século 20, na sociedade de controle, com o neoliberalismo,
aparecesse uma terceira versão para os perigosos a serem confinados [...]” (PASSETTI, 2003, p. 134).

A relação entre Estado e Sociedade Civil, no Brasil, tem sofrido profundas transformações desde o fim
da ditadura militar.

A gestão das políticas de controle da criminalidade na sociedade brasileira é muito deficiente. A ausên-
cia de bons diagnósticos, de planejamentos estratégicos, de mecanismos de monitoramento e avaliação
de resultados é o que tem prevalecido na atuação do poder público no setor. E esse é um dos fatores
que tem contribuído para o recrudescimento da violência em nosso país em décadas recentes. À medida
que os recursos financeiros, materiais e humanos, além de escassos, são mal administrados, reduz-se
drasticamente a capacidade do poder público de prevenir e reprimir o crime.

A despeito da prevalência desse cenário desalentador, existem iniciativas que sinalizam em sentido
contrário. Nem tudo é caos! É possível identificar práticas de gestão da segurança pública no Brasil que
alcançam resultados alentadores, seja nas esferas municipal, estadual e federal. Podem ser qualificadas
como boas práticas.

A definição do que são boas práticas na gestão da segurança pública podem ter de duas dimen-
sões:

- Boas práticas são aquelas intervenções cujos resultados foram objetivamente avaliados, identifican-
do-se a efetividade das mesmas no alcance dos objetivos e metas propostas;

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- Boas práticas são aquelas intervenções que se baseiam em premissas consideradas as mais ade-
quadas para o contexto em que foram criadas, para se alcançar os resultados pretendidos.

A expressão gestão da segurança pública no Brasil é susceptível de interpretações diversas, contem-


plando desde projetos locais de controle da criminalidade até políticas públicas mais amplas que agre-
gam programas e projetos tanto na repressão quanto na prevenção social do crime.

Priorizou-se a dimensão mais estratégica da gestão da segurança pública, concebida como macro
gestão, que engloba as seguintes áreas:

a) Gestão administrativa do orçamento, do pessoal, da logística, dentre outros, necessários ao funcio-


namento da máquina administrativa, observada a diversificação das demandas regionais e setoriais;

b) Gestão operacional destinada à realização das atividades fins de cada instituição, pressionada pela
elevação das taxas de criminalidade, pela atuação de grupos criminosos estruturados e pela ocorrência
de crimes interestaduais e transnacionais;

c) Gestão política do relacionamento com os atores políticos estatais e internos;

d) Gestão comunitária do relacionamento com as comunidades diversificadas e regionais, diante dos


conflitos decorrentes dos serviços prestados e das novas demandas propostas pelo ativismo social.

O Programa Brasil Mais Seguro (BMS), principal programa federal da área, torna-se a referência para
o estabelecimento das premissas das boas práticas. Ele está estruturado nos seguintes eixos de atua-
ção:

a) Gestão Integrada e governança: tem como objetivo promover a articulação entre os atores e imple-
mentar mecanismos que garantam a efetividade do programa por meio de ações que visem fortalecer a
integração, a gestão compartilhada, o monitoramento, a avaliação, a articulação, a colaboração e coo-
peração entre os órgãos de segurança pública dos estados e municípios que fazem parte do programa,
contando com a participação e o envolvimento dos atores necessários;

b) Fortalecimento da segurança pública estadual: composto de ações que objetivam incrementar a


capacidade preventiva e investigativa e de inteligência das organizações policiais locais no que tange ao
crime de homicídio, bem como a operacionalidade da Perícia Forense;

c) Controle de armas: composto de ações que objetivam reduzir o estoque de armas de fogo legais e
ilegais em circulação na sociedade;

d) Prevenção da violência: composto de ações que objetivam minimizar a vulnerabilidade nas áreas
mais violentas dos estados e municípios, por meio de mecanismos de prevenção, de acordo com as
diretrizes da Política Nacional de Segurança Pública, atuando nas oportunidades situacionais para o
cometimento de homicídios, bem como sobre o contexto social que tem atraído os jovens para carreiras
criminosas;

e) Fortalecimento da articulação do sistema de justiça criminal: composto de ações que objetivam pro-
mover a melhor articulação do Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública no processamen-
to dos crimes de homicídio, além de garantir o aprimoramento do fluxo de informações com o sistema de
segurança pública.

Serão consideradas boas práticas na gestão da segurança pública no Brasil aquelas que:

1) Promovam a articulação entre as organizações da segurança pública e implementem mecanismos


de garantia da efetividade de ações por meio da gestão compartilhada, do monitoramento e da avaliação,

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ou

2) Incrementem a capacidade preventiva e investigativa e de inteligência das organizações policiais,


bem como a operacionalidade da Perícia Forense, ou

3) Reduzam o estoque de armas de fogo legais e ilegais em circulação na sociedade, ou

4) Minimizem a vulnerabilidade nas áreas mais violentas por meio de mecanismos de prevenção,
atuando nas oportunidades situacionais, bem como sobre o contexto social que tem atraído os jovens
para carreiras criminosas, ou

5) Promovam a melhor articulação do Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública no


processamento dos crimes, além de garantir o aprimoramento do fluxo de informações com o sistema de
segurança pública.

A Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social trata-se de um conjunto de princípios, dire-
trizes, objetivos que condicionará a estratégia de segurança pública a ser implementada pelos três níveis
de governo (federal, estadual e municipal) de forma integrada e coordenada. Ela foi criada pela Lei nº
13.675/18.

A Política Nacional de Segurança Pública que ora se inicia com a implantação do Sistema Único de
Segurança Pública (Susp), para ser submetida à sociedade e aos órgãos envolvidos na sua implementa-
ção, nasce para se consolidar como instrumento de Estado.
LEI Nº 13.675, DE 11 DE JUNHO DE 2018.

Disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, nos
termos do § 7º do art. 144 da Constituição Federal; cria a Política Nacional de Segurança Pública e De-
fesa Social (PNSPDS); institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp); altera a Lei Complementar
nº 79, de 7 de janeiro de 1994, a Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001, e a Lei nº 11.530, de 24 de
outubro de 2007; e revoga dispositivos da Lei nº 12.681, de 4 de julho de 2012.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se-
guinte Lei:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Art. 1º Esta Lei institui o Sistema Único de Segurança Pública (Susp) e cria a Política Nacional de
Segurança Pública e Defesa Social (PNSPDS), com a finalidade de preservação da ordem pública e da
incolumidade das pessoas e do patrimônio, por meio de atuação conjunta, coordenada, sistêmica e inte-
grada dos órgãos de segurança pública e defesa social da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
Municípios, em articulação com a sociedade.

Art. 2º A segurança pública é dever do Estado e responsabilidade de todos, compreendendo a União,


os Estados, o Distrito Federal e os Munícipios, no âmbito das competências e atribuições legais de cada
um.
CAPÍTULO II
DA POLÍTICA NACIONAL DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL (PNSPDS)
SEÇÃO I

Da Competência para Estabelecimento das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social

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Art. 3º Compete à União estabelecer a Política Nacional de Segurança Pública e Defesa Social
(PNSPDS) e aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios estabelecer suas respectivas políticas,
observadas as diretrizes da política nacional, especialmente para análise e enfrentamento dos riscos à
harmonia da convivência social, com destaque às situações de emergência e aos crimes interestaduais e
transnacionais.
SEÇÃO II
DOS PRINCÍPIOS

Art. 4º São princípios da PNSPDS:

I - respeito ao ordenamento jurídico e aos direitos e garantias individuais e coletivos;

II - proteção, valorização e reconhecimento dos profissionais de segurança pública;

III - proteção dos direitos humanos, respeito aos direitos fundamentais e promoção da cidadania e da
dignidade da pessoa humana;

IV - eficiência na prevenção e no controle das infrações penais;

V - eficiência na repressão e na apuração das infrações penais;

VI - eficiência na prevenção e na redução de riscos em situações de emergência e desastres que afe-


tam a vida, o patrimônio e o meio ambiente;

VII - participação e controle social;

VIII - resolução pacífica de conflitos;

IX - uso comedido e proporcional da força;

X - proteção da vida, do patrimônio e do meio ambiente;

XI - publicidade das informações não sigilosas;

XII - promoção da produção de conhecimento sobre segurança pública;

XIII - otimização dos recursos materiais, humanos e financeiros das instituições;

XIV - simplicidade, informalidade, economia procedimental e celeridade no serviço prestado à socieda-


de;

XV - relação harmônica e colaborativa entre os Poderes;

XVI - transparência, responsabilização e prestação de contas.


SEÇÃO III
DAS DIRETRIZES

Art. 5º São diretrizes da PNSPDS:

I - atendimento imediato ao cidadão;

II - planejamento estratégico e sistêmico;

III - fortalecimento das ações de prevenção e resolução pacífica de conflitos, priorizando políticas de
redução da letalidade violenta, com ênfase para os grupos vulneráveis;

IV - atuação integrada entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios em ações de se-
gurança pública e políticas transversais para a preservação da vida, do meio ambiente e da dignidade da

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pessoa humana;

V - coordenação, cooperação e colaboração dos órgãos e instituições de segurança pública nas fases
de planejamento, execução, monitoramento e avaliação das ações, respeitando-se as respectivas atribui-
ções legais e promovendo-se a racionalização de meios com base nas melhores práticas;

VI - formação e capacitação continuada e qualificada dos profissionais de segurança pública, em con-


sonância com a matriz curricular nacional;

VII - fortalecimento das instituições de segurança pública por meio de investimentos e do desenvolvi-
mento de projetos estruturantes e de inovação tecnológica;

VIII - sistematização e compartilhamento das informações de segurança pública, prisionais e sobre


drogas, em âmbito nacional;

IX - atuação com base em pesquisas, estudos e diagnósticos em áreas de interesse da segurança


pública;

X - atendimento prioritário, qualificado e humanizado às pessoas em situação de vulnerabilidade;

XI - padronização de estruturas, de capacitação, de tecnologia e de equipamentos de interesse da


segurança pública;

XII - ênfase nas ações de policiamento de proximidade, com foco na resolução de problemas;

XIII - modernização do sistema e da legislação de acordo com a evolução social;

XIV - participação social nas questões de segurança pública;

XV - integração entre os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário no aprimoramento e na aplicação


da legislação penal;

XVI - colaboração do Poder Judiciário, do Ministério Público e da Defensoria Pública na elaboração de


estratégias e metas para alcançar os objetivos desta Política;

XVII - fomento de políticas públicas voltadas à reinserção social dos egressos do sistema prisional;

XVIII - (VETADO);

XIX - incentivo ao desenvolvimento de programas e projetos com foco na promoção da cultura de paz,
na segurança comunitária e na integração das políticas de segurança com as políticas sociais existentes
em outros órgãos e entidades não pertencentes ao sistema de segurança pública;

XX - distribuição do efetivo de acordo com critérios técnicos;

XXI - deontologia policial e de bombeiro militar comuns, respeitados os regimes jurídicos e as peculia-
ridades de cada instituição;

XXII - unidade de registro de ocorrência policial;

XXIII - uso de sistema integrado de informações e dados eletrônicos;

XXIV – (VETADO);

XXV - incentivo à designação de servidores da carreira para os cargos de chefia, levando em conside-
ração a graduação, a capacitação, o mérito e a experiência do servidor na atividade policial específica;

XXVI - celebração de termo de parceria e protocolos com agências de vigilância privada, respeitada a
lei de licitações.

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SEÇÃO IV
DOS OBJETIVOS

Art. 6º São objetivos da PNSPDS:

I - fomentar a integração em ações estratégicas e operacionais, em atividades de inteligência de segu-


rança pública e em gerenciamento de crises e incidentes;

II - apoiar as ações de manutenção da ordem pública e da incolumidade das pessoas, do patrimônio,


do meio ambiente e de bens e direitos;

III - incentivar medidas para a modernização de equipamentos, da investigação e da perícia e para a


padronização de tecnologia dos órgãos e das instituições de segurança pública;

IV - estimular e apoiar a realização de ações de prevenção à violência e à criminalidade, com priorida-


de para aquelas relacionadas à letalidade da população jovem negra, das mulheres e de outros grupos
vulneráveis;

V - promover a participação social nos Conselhos de segurança pública;

VI - estimular a produção e a publicação de estudos e diagnósticos para a formulação e a avaliação de


políticas públicas;

VII - promover a interoperabilidade dos sistemas de segurança pública;

VIII - incentivar e ampliar as ações de prevenção, controle e fiscalização para a repressão aos crimes
transfronteiriços;

IX - estimular o intercâmbio de informações de inteligência de segurança pública com instituições es-


trangeiras congêneres;

X - integrar e compartilhar as informações de segurança pública, prisionais e sobre drogas;

XI - estimular a padronização da formação, da capacitação e da qualificação dos profissionais de se-


gurança pública, respeitadas as especificidades e as diversidades regionais, em consonância com esta
Política, nos âmbitos federal, estadual, distrital e municipal;

XII - fomentar o aperfeiçoamento da aplicação e do cumprimento de medidas restritivas de direito e de


penas alternativas à prisão;

XIII - fomentar o aperfeiçoamento dos regimes de cumprimento de pena restritiva de liberdade em


relação à gravidade dos crimes cometidos;

XIV - (VETADO);

XV - racionalizar e humanizar o sistema penitenciário e outros ambientes de encarceramento;

XVI - fomentar estudos, pesquisas e publicações sobre a política de enfrentamento às drogas e de


redução de danos relacionados aos seus usuários e aos grupos sociais com os quais convivem;

XVII - fomentar ações permanentes para o combate ao crime organizado e à corrupção;

XVIII - estabelecer mecanismos de monitoramento e de avaliação das ações implementadas;

XIX - promover uma relação colaborativa entre os órgãos de segurança pública e os integrantes do
sistema judiciário para a construção das estratégias e o desenvolvimento das ações necessárias ao al-
cance das metas estabelecidas;

11
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XX - estimular a concessão de medidas protetivas em favor de pessoas em situação de vulnerabilida-
de;

XXI - estimular a criação de mecanismos de proteção dos agentes públicos que compõem o sistema
nacional de segurança pública e de seus familiares;

XXII - estimular e incentivar a elaboração, a execução e o monitoramento de ações nas áreas de


valorização profissional, de saúde, de qualidade de vida e de segurança dos servidores que compõem o
sistema nacional de segurança pública;

XXIII - priorizar políticas de redução da letalidade violenta;

XXIV - fortalecer os mecanismos de investigação de crimes hediondos e de homicídios;

XXV - fortalecer as ações de fiscalização de armas de fogo e munições, com vistas à redução da vio-
lência armada;

XXVI - fortalecer as ações de prevenção e repressão aos crimes cibernéticos.

Parágrafo único. Os objetivos estabelecidos direcionarão a formulação do Plano Nacional de Seguran-


ça Pública e Defesa Social, documento que estabelecerá as estratégias, as metas, os indicadores e as
ações para o alcance desses objetivos.
SEÇÃO V
DAS ESTRATÉGIAS

Art. 7º A PNSPDS será implementada por estratégias que garantam integração, coordenação e coo-
peração federativa, interoperabilidade, liderança situacional, modernização da gestão das instituições de
segurança pública, valorização e proteção dos profissionais, complementaridade, dotação de recursos
humanos, diagnóstico dos problemas a serem enfrentados, excelência técnica, avaliação continuada dos
resultados e garantia da regularidade orçamentária para execução de planos e programas de segurança
pública.
SEÇÃO VI
DOS MEIOS E INSTRUMENTOS

Art. 8º São meios e instrumentos para a implementação da PNSPDS:

I - os planos de segurança pública e defesa social;

II - o Sistema Nacional de Informações e de Gestão de Segurança Pública e Defesa Social, que in-
clui:

a) o Sistema Nacional de Acompanhamento e Avaliação das Políticas de Segurança Pública e Defesa


Social (Sinaped);

b) o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais e de Rastreabilidade de Ar-


mas e Munições, e sobre Material Genético, Digitais e Drogas (Sinesp);

b) o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastreabilidade de Ar-


mas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp); (Redação dada pela Lei nº
13.756, de 2018)

c) o Sistema Integrado de Educação e Valorização Profissional (Sievap);

d) a Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (Renaesp);

12
1741579 E-book gerado especialmente para MATHEUS ALMEIDA DE OLIVEIRA
e) o Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profissionais de Segurança Pública (Pró-Vida);

III - (VETADO);

IV - o Plano Nacional de Enfrentamento de Homicídios de Jovens;

V - os mecanismos formados por órgãos de prevenção e controle de atos ilícitos contra a Administra-
ção Pública e referentes a ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores.

VI – o Plano Nacional de Prevenção e Enfrentamento à Violência contra a Mulher, nas ações perti-
nentes às políticas de segurança, implementadas em conjunto com os órgãos e instâncias estaduais,
municipais e do Distrito Federal responsáveis pela rede de prevenção e de atendimento das mulheres em
situação de violência. (Incluído pela Lei nº 14.330, de 2022)
CAPÍTULO III
DO SISTEMA ÚNICO DE SEGURANÇA PÚBLICA
SEÇÃO I
DA COMPOSIÇÃO DO SISTEMA

Art. 9º É instituído o Sistema Único de Segurança Pública (Susp), que tem como órgão central o Minis-
tério Extraordinário da Segurança Pública e é integrado pelos órgãos de que trata o art. 144 da Constitui-
ção Federal , pelos agentes penitenciários, pelas guardas municipais e pelos demais integrantes estraté-
gicos e operacionais, que atuarão nos limites de suas competências, de forma cooperativa, sistêmica e
harmônica.

§ 1º São integrantes estratégicos do Susp:

I - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, por intermédio dos respectivos Poderes
Executivos;

II - os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social dos três entes federados.

§ 2º São integrantes operacionais do Susp:

I - polícia federal;

II - polícia rodoviária federal;

III – (VETADO);

IV - polícias civis;

V - polícias militares;

VI - corpos de bombeiros militares;

VII - guardas municipais;

VIII - órgãos do sistema penitenciário;

IX - (VETADO);

X - institutos oficiais de criminalística, medicina legal e identificação;

XI - Secretaria Nacional de Segurança Pública (Senasp);

XII - secretarias estaduais de segurança pública ou congêneres;

XIII - Secretaria Nacional de Proteção e Defesa Civil (Sedec);

13
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XIV - Secretaria Nacional de Política Sobre Drogas (Senad);

XV - agentes de trânsito;

XVI - guarda portuária.

§ 3º (VETADO).

§ 4º Os sistemas estaduais, distrital e municipais serão responsáveis pela implementação dos respec-
tivos programas, ações e projetos de segurança pública, com liberdade de organização e funcionamento,
respeitado o disposto nesta Lei.
SEÇÃO II
DO FUNCIONAMENTO

Art. 10. A integração e a coordenação dos órgãos integrantes do Susp dar-se-ão nos limites das res-
pectivas competências, por meio de:

I - operações com planejamento e execução integrados;

II - estratégias comuns para atuação na prevenção e no controle qualificado de infrações penais;

III - aceitação mútua de registro de ocorrência policial;

IV - compartilhamento de informações, inclusive com o Sistema Brasileiro de Inteligência (Sisbin);

V - intercâmbio de conhecimentos técnicos e científicos;

VI - integração das informações e dos dados de segurança pública por meio do Sinesp.

§ 1º O Susp será coordenado pelo Ministério Extraordinário da Segurança Pública.

§ 2º As operações combinadas, planejadas e desencadeadas em equipe poderão ser ostensivas,


investigativas, de inteligência ou mistas, e contar com a participação de órgãos integrantes do Susp e,
nos limites de suas competências, com o Sisbin e outros órgãos dos sistemas federal, estadual, distrital
ou municipal, não necessariamente vinculados diretamente aos órgãos de segurança pública e defesa
social, especialmente quando se tratar de enfrentamento a organizações criminosas.

§ 3º O planejamento e a coordenação das operações referidas no § 2º deste artigo serão exercidos


conjuntamente pelos participantes.

§ 4º O compartilhamento de informações será feito preferencialmente por meio eletrônico, com acesso
recíproco aos bancos de dados, nos termos estabelecidos pelo Ministério Extraordinário da Segurança
Pública.

§ 5º O intercâmbio de conhecimentos técnicos e científicos para qualificação dos profissionais de


segurança pública e defesa social dar-se-á, entre outras formas, pela reciprocidade na abertura de vagas
nos cursos de especialização, aperfeiçoamento e estudos estratégicos, respeitadas as peculiaridades e o
regime jurídico de cada instituição, e observada, sempre que possível, a matriz curricular nacional.

Art. 11. O Ministério Extraordinário da Segurança Pública fixará, anualmente, metas de excelência no
âmbito das respectivas competências, visando à prevenção e à repressão das infrações penais e admi-
nistrativas e à prevenção dos desastres, e utilizará indicadores públicos que demonstrem de forma objeti-
va os resultados pretendidos.

Art. 12 . A aferição anual de metas deverá observar os seguintes parâmetros:

I - as atividades de polícia judiciária e de apuração das infrações penais serão aferidas, entre outros

14
1741579 E-book gerado especialmente para MATHEUS ALMEIDA DE OLIVEIRA
fatores, pelos índices de elucidação dos delitos, a partir dos registros de ocorrências policiais, especial-
mente os de crimes dolosos com resultado em morte e de roubo, pela identificação, prisão dos autores e
cumprimento de mandados de prisão de condenados a crimes com penas de reclusão, e pela recupera-
ção do produto de crime em determinada circunscrição;

II - as atividades periciais serão aferidas mediante critérios técnicos emitidos pelo órgão responsável
pela coordenação das perícias oficiais, considerando os laudos periciais e o resultado na produção quali-
ficada das provas relevantes à instrução criminal;

III - as atividades de polícia ostensiva e de preservação da ordem pública serão aferidas, entre outros
fatores, pela maior ou menor incidência de infrações penais e administrativas em determinada área, se-
guindo os parâmetros do Sinesp;

IV - as atividades dos corpos de bombeiros militares serão aferidas, entre outros fatores, pelas ações
de prevenção, preparação para emergências e desastres, índices de tempo de resposta aos desastres e
de recuperação de locais atingidos, considerando-se áreas determinadas;

V - a eficiência do sistema prisional será aferida com base nos seguintes fatores, entre outros:

a) o número de vagas ofertadas no sistema;

b) a relação existente entre o número de presos e a quantidade de vagas ofertadas;

c) o índice de reiteração criminal dos egressos;

d) a quantidade de presos condenados atendidos de acordo com os parâmetros estabelecidos pelos


incisos do caput deste artigo, com observância de critérios objetivos e transparentes.

§ 1º A aferição considerará aspectos relativos à estrutura de trabalho físico e de equipamentos, bem


como de efetivo.

§ 2º A aferição de que trata o inciso I do caput deste artigo deverá distinguir as autorias definidas em
razão de Sem flagrante das autorias resultantes de diligências investigatórias.

Art. 13. O Ministério Extraordinário da Segurança Pública, responsável pela gestão do Susp, deverá
orientar e acompanhar as atividades dos órgãos integrados ao Sistema, além de promover as seguintes
ações:

I - apoiar os programas de aparelhamento e modernização dos órgãos de segurança pública e defesa


social do País;

II - implementar, manter e expandir, observadas as restrições previstas em lei quanto a sigilo, o Siste-
ma Nacional de Informações e de Gestão de Segurança Pública e Defesa Social;

III - efetivar o intercâmbio de experiências técnicas e operacionais entre os órgãos policiais federais,
estaduais, distrital e as guardas municipais;

IV - valorizar a autonomia técnica, científica e funcional dos institutos oficiais de criminalística, medici-
na legal e identificação, garantindo-lhes condições plenas para o exercício de suas funções;

V - promover a qualificação profissional dos integrantes da segurança pública e defesa social, espe-
cialmente nas dimensões operacional, ética e técnico-científica;

VI - realizar estudos e pesquisas nacionais e consolidar dados e informações estatísticas sobre crimi-
nalidade e vitimização;

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VII - coordenar as atividades de inteligência da segurança pública e defesa social integradas ao Sis-
bin;

VIII - desenvolver a doutrina de inteligência policial.

Art. 14. É de responsabilidade do Ministério Extraordinário da Segurança Pública:

I - disponibilizar sistema padronizado, inf­ormatizado e seguro que permita o intercâmbio de informa-


ções entre os integrantes do Susp;

II - apoiar e avaliar periodicamente a infraestrutura tecnológica e a segurança dos processos, das


redes e dos sistemas;

III - estabelecer cronograma para adequação dos integrantes do Susp às normas e aos procedimentos
de funcionamento do Sistema.

Art. 15. A União poderá apoiar os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, quando não dispuserem
de condições técnicas e operacionais necessárias à implementação do Susp.

Art. 16. Os órgãos integrantes do Susp poderão atuar em vias urbanas, rodovias, terminais rodoviá-
rios, ferrovias e hidrovias federais, estaduais, distrital ou municipais, portos e aeroportos, no âmbito
das respectivas competências, em efetiva integração com o órgão cujo local de atuação esteja sob sua
circunscrição, ressalvado o sigilo das investigações policiais.

Art. 17. Regulamento disciplinará os critérios de aplicação de recursos do Fundo Nacional de Segu-
rança Pública (FNSP) e do Fundo Penitenciário Nacional (Funpen), respeitando-se a atribuição constitu-
cional dos órgãos que integram o Susp, os aspectos geográficos, populacionais e socioeconômicos dos
entes federados, bem como o estabelecimento de metas e resultados a serem alcançados.

Parágrafo único. Entre os critérios de aplicação dos recursos do FNSP serão incluídos metas e resul-
tados relativos à prevenção e ao combate à violência contra a mulher. (Incluído pela Lei nº 14.316, de
2022) Produção de efeitos

Art. 18. As aquisições de bens e serviços para os órgãos integrantes do Susp terão por objetivo a
eficácia de suas atividades e obedecerão a critérios técnicos de qualidade, modernidade, eficiência e
resistência, observadas as normas de licitação e contratos.

Parágrafo único. (VETADO).


CAPÍTULO IV
DOS CONSELHOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
SEÇÃO I
DA COMPOSIÇÃO

Art. 19. A estrutura formal do Susp dar-se-á pela formação de Conselhos permanentes a serem cria-
dos na forma do art. 21 desta Lei.

Art. 20. Serão criados Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social, no âmbito da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, mediante proposta dos chefes dos Poderes Executivos,
encaminhadas aos respectivos Poderes Legislativos.

§ 1º O Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, com atribuições, funcionamento e


composição estabelecidos em regulamento, terá a participação de representantes da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios.

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§ 2º Os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social congregarão representantes com poder
de decisão dentro de suas estruturas governamentais e terão natureza de colegiado, com competência
consultiva, sugestiva e de acompanhamento social das atividades de segurança pública e defesa social,
respeitadas as instâncias decisórias e as normas de organização da Administração Pública.

§ 3º Os Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social exercerão o acompanhamento das insti-


tuições referidas no § 2º do art. 9º desta Lei e poderão recomendar providências legais às autoridades
competentes.

§ 4º O acompanhamento de que trata o § 3º deste artigo considerará, entre outros, os seguintes as-
pectos:

I - as condições de trabalho, a valorização e o respeito pela integridade física e moral dos seus inte-
grantes;

II - o atingimento das metas previstas nesta Lei;

III - o resultado célere na apuração das denúncias em tramitação nas respectivas corregedorias;

IV - o grau de confiabilidade e aceitabilidade do órgão pela população por ele atendida.

§ 5º Caberá aos Conselhos propor diretrizes para as políticas públicas de segurança pública e defesa
social, com vistas à prevenção e à repressão da violência e da criminalidade.

§ 6º A organização, o funcionamento e as demais competências dos Conselhos serão regulamentados


por ato do Poder Executivo, nos limites estabelecidos por esta Lei.

§ 7º Os Conselhos Estaduais, Distrital e Municipais de Segurança Pública e Defesa Social, que con-
tarão também com representantes da sociedade civil organizada e de representantes dos trabalhadores,
poderão ser descentralizados ou congregados por região para melhor atuação e intercâmbio comunitá-
rio.
SEÇÃO II
DOS CONSELHEIROS

Art. 21. Os Conselhos serão compostos por:

I - representantes de cada órgão ou entidade integrante do Susp;

II - representante do Poder Judiciário;

III - representante do Ministério Público;

IV - representante da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB);

V - representante da Defensoria Pública;

VI - representantes de entidades e organizações da sociedade cuja finalidade esteja relacionada com


políticas de segurança pública e defesa social;

VII - representantes de entidades de profissionais de segurança pública.

§ 1º Os representantes das entidades e organizações referidas nos incisos VI e VII do caput deste
artigo serão eleitos por meio de processo aberto a todas as entidades e organizações cuja finalidade seja
relacionada com as políticas de segurança pública, conforme convocação pública e critérios objetivos
previamente definidos pelos Conselhos.

§ 2º Cada conselheiro terá 1 (um) suplente, que substituirá o titular em sua ausência.

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§ 3º Os mandatos eletivos dos membros referidos nos incisos VI e VII do caput deste artigo e a de-
signação dos demais membros terão a duração de 2 (dois) anos, permitida apenas uma recondução ou
reeleição.

§ 4º Na ausência de representantes dos órgãos ou entidades referidos no caput deste artigo, aplica-se
o disposto no § 7º do art. 20 desta Lei.
CAPÍTULO V
DA FORMULAÇÃO DOS PLANOS DE SEGURANÇA PÚBLICA E DEFESA SOCIAL
SEÇÃO I
DOS PLANOS

Art. 22. A União instituirá Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, destinado a articular
as ações do poder público, com a finalidade de:

I - promover a melhora da qualidade da gestão das políticas sobre segurança pública e defesa so-
cial;

II - contribuir para a organização dos Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social;

III - assegurar a produção de conhecimento no tema, a definição de metas e a avaliação dos resulta-
dos das políticas de segurança pública e defesa social;

IV - priorizar ações preventivas e fiscalizatórias de segurança interna nas divisas, fronteiras, portos e
aeroportos.

§ 1º As políticas públicas de segurança não se restringem aos integrantes do Susp, pois devem con-
siderar um contexto social amplo, com abrangência de outras áreas do serviço público, como educação,
saúde, lazer e cultura, respeitadas as atribuições e as finalidades de cada área do serviço público.

§ 2º O Plano de que trata o caput deste artigo terá duração de 10 (dez) anos a contar de sua publica-
ção.

§ 3º As ações de prevenção à criminalidade devem ser consideradas prioritárias na elaboração do


Plano de que trata o caput deste artigo.

§ 4º A União, por intermédio do Ministério Extraordinário da Segurança Pública, deverá elaborar os


objetivos, as ações estratégicas, as metas, as prioridades, os indicadores e as formas de financiamento e
gestão das Políticas de Segurança Pública e Defesa Social.

§ 5º Os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão, com base no Plano Nacional de Segu-
rança Pública e Defesa Social, elaborar e implantar seus planos correspondentes em até 2 (dois) anos a
partir da publicação do documento nacional, sob pena de não poderem receber recursos da União para a
execução de programas ou ações de segurança pública e defesa social.

§ 6º O poder público deverá dar ampla divulgação ao conteúdo das Políticas e dos Planos de seguran-
ça pública e defesa social.

Art. 23. A União, em articulação com os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, realizará avalia-
ções anuais sobre a implementação do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, com o
objetivo de verificar o cumprimento das metas estabelecidas e elaborar recomendações aos gestores e
operadores das políticas públicas.

Parágrafo único. A primeira avaliação do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social reali-

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zar-se-á no segundo ano de vigência desta Lei, cabendo ao Poder Legislativo Federal acompanhá-la.
SEÇÃO II
DAS DIRETRIZES GERAIS

Art. 24. Os agentes públicos deverão observar as seguintes diretrizes na elaboração e na execução
dos planos:

I - adotar estratégias de articulação entre órgãos públicos, entidades privadas, corporações policiais e
organismos internacionais, a fim de implantar parcerias para a execução de políticas de segurança públi-
ca e defesa social;

II - realizar a integração de programas, ações, atividades e projetos dos órgãos e entidades públicas e
privadas nas áreas de saúde, planejamento familiar, educação, trabalho, assistência social, previdência
social, cultura, desporto e lazer, visando à prevenção da criminalidade e à prevenção de desastres;

III - viabilizar ampla participação social na formulação, na implementação e na avaliação das políticas
de segurança pública e defesa social;

IV - desenvolver programas, ações, atividades e projetos articulados com os estabelecimentos de en-


sino, com a sociedade e com a família para a prevenção da criminalidade e a prevenção de desastres;

V - incentivar a inclusão das disciplinas de prevenção da violência e de prevenção de desastres nos


conteúdos curriculares dos diversos níveis de ensino;

VI - ampliar as alternativas de inserção econômica e social dos egressos do sistema prisional, promo-
vendo programas que priorizem a melhoria de sua escolarização e a qualificação profissional;

VII - garantir a efetividade dos programas, ações, atividades e projetos das políticas de segurança
pública e defesa social;

VIII - promover o monitoramento e a avaliação das políticas de segurança pública e defesa social;

IX - fomentar a criação de grupos de estudos formados por agentes públicos dos órgãos integrantes
do Susp, professores e pesquisadores, para produção de conhecimento e reflexão sobre o fenômeno da
criminalidade, com o apoio e a coordenação dos órgãos públicos de cada unidade da Federação;

X - fomentar a harmonização e o trabalho conjunto dos integrantes do Susp;

XI - garantir o planejamento e a execução de políticas de segurança pública e defesa social;

XII - fomentar estudos de planejamento urbano para que medidas de prevenção da criminalidade fa-
çam parte do plano diretor das cidades, de forma a estimular, entre outras ações, o reforço na iluminação
pública e a verificação de pessoas e de famílias em situação de risco social e criminal.
SEÇÃO III
DAS METAS PARA ACOMPANHAMENTO E AVALIAÇÃO DAS POLÍTICAS DE SEGURANÇA PÚ-
BLICA E DEFESA SOCIAL

Art. 25. Os integrantes do Susp fixarão, anualmente, metas de excelência no âmbito das respectivas
competências, visando à prevenção e à repressão de infrações penais e administrativas e à prevenção
de desastres, que tenham como finalidade:

I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e supervisionar as atividades de educação gerencial, téc-


nica e operacional, em cooperação com as unidades da Federação;

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II - apoiar e promover educação qualificada, continuada e integrada;

III - identificar e propor novas metodologias e técnicas de educação voltadas ao aprimoramento de


suas atividades;

IV - identificar e propor mecanismos de valorização profissional;

V - apoiar e promover o sistema de saúde para os profissionais de segurança pública e defesa so-
cial;

VI - apoiar e promover o sistema habitacional para os profissionais de segurança pública e defesa


social.
SEÇÃO IV
DA COOPERAÇÃO, DA INTEGRAÇÃO E DO FUNCIONAMENTO HARMÔNICO DOS MEMBROS
DO SUSP

Art. 26. É instituído, no âmbito do Susp, o Sistema Nacional de Acompanhamento e Avaliação das Po-
líticas de Segurança Pública e Defesa Social (Sinaped), com os seguintes objetivos:

I - contribuir para organização e integração dos membros do Susp, dos projetos das políticas de segu-
rança pública e defesa social e dos respectivos diagnósticos, planos de ação, resultados e avaliações;

II - assegurar o conhecimento sobre os programas, ações e atividades e promover a melhora da quali-


dade da gestão dos programas, ações, atividades e projetos de segurança pública e defesa social;

III - garantir que as políticas de segurança pública e defesa social abranjam, no mínimo, o adequado
diagnóstico, a gestão e os resultados das políticas e dos programas de prevenção e de controle da vio-
lência, com o objetivo de verificar:

a) a compatibilidade da forma de processamento do planejamento orçamentário e de sua execução


com as necessidades do respectivo sistema de segurança pública e defesa social;

b) a eficácia da utilização dos recursos públicos;

c) a manutenção do fluxo financeiro, consideradas as necessidades operacionais dos programas, as


normas de referência e as condições previstas nos instrumentos jurídicos celebrados entre os entes fede-
rados, os órgãos gestores e os integrantes do Susp;

d) a implementação dos demais compromissos assumidos por ocasião da celebração dos instrumen-
tos jurídicos relativos à efetivação das políticas de segurança pública e defesa social;

e) a articulação interinstitucional e intersetorial das políticas.

Art. 27. Ao final da avaliação do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, será elaborado
relatório com o histórico e a caracterização do trabalho, as recomendações e os prazos para que elas
sejam cumpridas, além de outros elementos a serem definidos em regulamento.

§ 1º Os resultados da avaliação das políticas serão utilizados para:

I - planejar as metas e eleger as prioridades para execução e financiamento;

II - reestruturar ou ampliar os programas de prevenção e controle;

III - adequar os objetivos e a natureza dos programas, ações e projetos;

IV - celebrar instrumentos de cooperação com vistas à correção de problemas constatados na avalia-


ção;

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V - aumentar o financiamento para fortalecer o sistema de segurança pública e defesa social;

VI - melhorar e ampliar a capacitação dos operadores do Susp.

§ 2º O relatório da avaliação deverá ser encaminhado aos respectivos Conselhos de Segurança Públi-
ca e Defesa Social.

Art. 28. As autoridades, os gestores, as entidades e os órgãos envolvidos com a segurança pública e
defesa social têm o dever de colaborar com o processo de avaliação, facilitando o acesso às suas insta-
lações, à documentação e a todos os elementos necessários ao seu efetivo cumprimento.

Art. 29. O processo de avaliação das políticas de segurança pública e defesa social deverá contar com
a participação de representantes dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário, do Ministério Público,
da Defensoria Pública e dos Conselhos de Segurança Pública e Defesa Social, observados os parâme-
tros estabelecidos nesta Lei.

Art. 30. Cabe ao Poder Legislativo acompanhar as avaliações do respectivo ente federado.

Art. 31. O Sinaped assegurará, na metodologia a ser empregada:

I - a realização da autoavaliação dos gestores e das corporações;

II - a avaliação institucional externa, contemplando a análise global e integrada das instalações físicas,
relações institucionais, compromisso social, atividades e finalidades das corporações;

III - a análise global e integrada dos diagnósticos, estruturas, compromissos, finalidades e resultados
das políticas de segurança pública e defesa social;

IV - o caráter público de todos os procedimentos, dados e resultados dos processos de avaliação.

Art. 32. A avaliação dos objetivos e das metas do Plano Nacional de Segurança Pública e Defesa So-
cial será coordenada por comissão permanente e realizada por comissões temporárias, essas compos-
tas, no mínimo, por 3 (três) membros, na forma do regulamento próprio.

Parágrafo único. É vedado à comissão permanente designar avaliadores que sejam titulares ou servi-
dores dos órgãos gestores avaliados, caso:

I - tenham relação de parentesco até terceiro grau com titulares ou servidores dos órgãos gestores
avaliados;

II - estejam respondendo a processo criminal ou administrativo.


CAPÍTULO VI
DO CONTROLE E DA TRANSPARÊNCIA
SEÇÃO I
DO CONTROLE INTERNO

Art. 33. Aos órgãos de correição, dotados de autonomia no exercício de suas competências, caberá
o gerenciamento e a realização dos processos e procedimentos de apuração de responsabilidade fun-
cional, por meio de sindicância e processo administrativo disciplinar, e a proposição de subsídios para o
aperfeiçoamento das atividades dos órgãos de segurança pública e defesa social.
SEÇÃO II
DO ACOMPANHAMENTO PÚBLICO DA ATIVIDADE POLICIAL

Art. 34. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios deverão instituir órgãos de ouvidoria

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dotados de autonomia e independência no exercício de suas atribuições.

Parágrafo único. À ouvidoria competirá o recebimento e tratamento de representações, elogios e


sugestões de qualquer pessoa sobre as ações e atividades dos profissionais e membros integrantes
do Susp, devendo encaminhá-los ao órgão com atribuição para as providências legais e a resposta ao
requerente.
SEÇÃO III
DA TRANSPARÊNCIA E DA INTEGRAÇÃO DE DADOS E INFORMAÇÕES

Art. 35. É instituído o Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastrea-
bilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp), com a finalidade
de armazenar, tratar e integrar dados e informações para auxiliar na formulação, implementação, execu-
ção, acompanhamento e avaliação das políticas relacionadas com:

I - segurança pública e defesa social;

II - sistema prisional e execução penal;

III - rastreabilidade de armas e munições;

IV - banco de dados de perfil genético e digitais;

V - enfrentamento do tráfico de drogas ilícitas.

Art. 36. O Sinesp tem por objetivos:

I - proceder à coleta, análise, atualização, sistematização, integração e interpretação de dados e infor-


mações relativos às políticas de segurança pública e defesa social;

II - disponibilizar estudos, estatísticas, indicadores e outras informações para auxiliar na formulação,


implementação, execução, monitoramento e avaliação de políticas públicas;

III - promover a integração das redes e sistemas de dados e informações de segurança pública e defe-
sa social, criminais, do sistema prisional e sobre drogas;

IV - garantir a interoperabilidade dos sistemas de dados e informações, conforme os padrões definidos


pelo conselho gestor.

Parágrafo único. O Sinesp adotará os padrões de integridade, disponibilidade, confidencialidade, con-


fiabilidade e tempestividade dos sistemas informatizados do governo federal.

Art. 37. Integram o Sinesp todos os entes federados, por intermédio de órgãos criados ou designados
para esse fim.

§ 1º Os dados e as informações de que trata esta Lei deverão ser padronizados e categorizados e
serão fornecidos e atualizados pelos integrantes do Sinesp.

§ 2º O integrante que deixar de fornecer ou atualizar seus dados e informações no Sinesp poderá não
receber recursos nem celebrar parcerias com a União para financiamento de programas, projetos ou
ações de segurança pública e defesa social e do sistema prisional, na forma do regulamento.

§ 3º O Ministério Extraordinário da Segurança Pública é autorizado a celebrar convênios com órgãos


do Poder Executivo que não integrem o Susp, com o Poder Judiciário e com o Ministério Público, para
compatibilização de sistemas de informação e integração de dados, ressalvadas as vedações constitucio-
nais de sigilo e desde que o objeto fundamental dos acordos seja a prevenção e a repressão da violên-

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cia.

§ 4º A omissão no fornecimento das informações legais implica responsabilidade administrativa do


agente público.
CAPÍTULO VII
DA CAPACITAÇÃO E DA VALORIZAÇÃO DO PROFISSIONAL EM SEGURANÇA PÚBLICA E DE-
FESA SOCIAL
SEÇÃO I
DO SISTEMA INTEGRADO DE EDUCAÇÃO E VALORIZAÇÃO PROFISSIONAL (SIEVAP)

Art. 38. É instituído o Sistema Integrado de Educação e Valorização Profissional (Sievap), com a finali-
dade de:

I - planejar, pactuar, implementar, coordenar e supervisionar as atividades de educação gerencial, téc-


nica e operacional, em cooperação com as unidades da Federação;

II - identificar e propor novas metodologias e técnicas de educação voltadas ao aprimoramento de


suas atividades;

III - apoiar e promover educação qualificada, continuada e integrada;

IV - identificar e propor mecanismos de valorização profissional.

§ 1º O Sievap é constituído, entre outros, pelos seguintes programas:

I - matriz curricular nacional;

II - Rede Nacional de Altos Estudos em Segurança Pública (Renaesp);

III - Rede Nacional de Educação a Distância em Segurança Pública (Rede EaD-Senasp);

IV - programa nacional de qualidade de vida para segurança pública e defesa social.

§ 2º Os órgãos integrantes do Susp terão acesso às ações de educação do Sievap, conforme política
definida pelo Ministério Extraordinário da Segurança Pública.

Art. 39. A matriz curricular nacional constitui-se em referencial teórico, metodológico e avaliativo para
as ações de educação aos profissionais de segurança pública e defesa social e deverá ser observada
nas atividades formativas de ingresso, aperfeiçoamento, atualização, capacitação e especialização na
área de segurança pública e defesa social, nas modalidades presencial e a distância, respeitados o regi-
me jurídico e as peculiaridades de cada instituição.

§ 1º A matriz curricular é pautada nos direitos humanos, nos princípios da andragogia e nas teorias
que enfocam o processo de construção do conhecimento.

§ 2º Os programas de educação deverão estar em consonância com os princípios da matriz curricular


nacional.

Art. 40. A Renaesp, integrada por instituições de ensino superior, observadas as normas de licitação e
contratos, tem como objetivo:

I - promover cursos de graduação, extensão e pós-graduação em segurança pública e defesa so-


cial;

II - fomentar a integração entre as ações dos profissionais, em conformidade com as políticas nacio-
nais de segurança pública e defesa social;

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1741579 E-book gerado especialmente para MATHEUS ALMEIDA DE OLIVEIRA
III - promover a compreensão do fenômeno da violência;

IV - difundir a cidadania, os direitos humanos e a educação para a paz;

V - articular o conhecimento prático dos profissionais de segurança pública e defesa social com os
conhecimentos acadêmicos;

VI - difundir e reforçar a construção de cultura de segurança pública e defesa social fundada nos para-
digmas da contemporaneidade, da inteligência, da informação e do exercício de atribuições estratégicas,
técnicas e científicas;

VII - incentivar produção técnico-científica que contribua para as atividades desenvolvidas pelo
Susp.

Art. 41. A Rede EaD-Senasp é escola virtual destinada aos profissionais de segurança pública e defe-
sa social e tem como objetivo viabilizar o acesso aos processos de aprendizagem, independentemente
das limitações geográficas e sociais existentes, com o propósito de democratizar a educação em segu-
rança pública e defesa social.
SEÇÃO II
DO PROGRAMA NACIONAL DE QUALIDADE DE VIDA PARA PROFISSIONAIS DE SEGURANÇA
PÚBLICA (PRÓ-VIDA)

Art. 42. O Programa Nacional de Qualidade de Vida para Profissionais de Segurança Pública (Pró-Vi-
da) tem por objetivo elaborar, implementar, apoiar, monitorar e avaliar, entre outros, os projetos de pro-
gramas de atenção psicossocial e de saúde no trabalho dos profissionais de segurança pública e defesa
social, bem como a integração sistêmica das unidades de saúde dos órgãos que compõem o Susp.
CAPÍTULO VIII
DISPOSIÇÕES FINAIS

Art. 43. Os documentos de identificação funcional dos profissionais da área de segurança pública e
defesa social serão padronizados mediante ato do Ministro de Estado Extraordinário da Segurança Públi-
ca e terão fé pública e validade em todo o território nacional.

Art. 44. (VETADO).

Art. 45. Deverão ser realizadas conferências a cada 5 (cinco) anos para debater as diretrizes dos pla-
nos nacional, estaduais e municipais de segurança pública e defesa social.

Art. 46. O art. 3º da Lei Complementar nº 79, de 7 de janeiro de 1994 , passa a vigorar com as seguin-
tes alterações:

“Art. 3º ........................................................................

§ 1º (VETADO).

.....................................................................................

§ 4º Os entes federados integrantes do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública,


Prisionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Si-
nesp) que deixarem de fornecer ou atualizar seus dados no Sistema não poderão receber recursos do
Funpen.

............................................................................” (NR)

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Art. 47. O inciso II do § 3º e o § 5º do art. 4º da Lei nº 10.201, de 14 de fevereiro de 2001 , passam a
vigorar com a seguinte redação:

“Art. 4º ..........................................................................

........................................................................................

§ 3º ................................................................................

........................................................................................

II - os integrantes do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Prisionais, de Rastrea-


bilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp) que cumprirem os
prazos estabelecidos pelo órgão competente para o fornecimento de dados e informações ao Sistema;

.......................................................................................

§ 5º (VETADO)

.............................................................................” (NR)

Art. 48. O § 2º do art. 9º da Lei nº 11.530, de 24 de outubro de 2007 , passa a vigorar com a seguinte
redação:

“Art. 9º ..........................................................................

........................................................................................

§ 2º Os entes federados integrantes do Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública, Pri-


sionais, de Rastreabilidade de Armas e Munições, de Material Genético, de Digitais e de Drogas (Sinesp)
que deixarem de fornecer ou de atualizar seus dados e informações no Sistema não poderão receber
recursos do Pronasci.” (NR)

Art. 49. Revogam-se os arts. 1º a 8º da Lei nº 12.681, de 4 de julho de 2012.

Art. 50. Esta Lei entra em vigor após decorridos 30 (trinta) dias de sua publicação oficial.

Brasília, 11 de junho de 2018; 197º da Independência e 130º da República.

Enfrentamento do crime organizado e da corrupção policial

O crime organizado vem se infiltrando em nossa sociedade de maneira vertiginosa e que o combate
a esta criminalidade especializada é uma árdua tarefa a ser executada pelos responsáveis pela justiça
criminal e segurança pública.

O crime organizado aproveita as carências e as expectativas sociais para conseguir adeptos: muitos
de seus membros tentam fugir da pobreza e obter lucros e respeito por meio da participação na atividade
criminosa proporcionada por esse tipo de organização.
As milícias

Milícias são grupos formados por agentes do Estado, da área da segurança pública ou militares, que
controlam comunidades por meio de extorsão e violências. Estes grupos parapoliciais atuam com o res-
paldo de políticos e lideranças comunitárias locais.

Além da cobrança de tributos de moradores, os milicianos controlam o fornecimento de muitos servi-

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ços, geralmente a preços mais altos, incluindo a venda de gás, eletricidade e outros sistemas de trans-
porte privado, além da instalação de ligações clandestinas de televisão a cabo.

Assim como o tráfico, as milícias também possuem suas facções. A mais conhecida delas é a chama-
da “Liga da Justiça”, que tem como símbolo o escudo do Batman.

Todas as milícias possuem as seguintes características:

1) Controle de um território e da população que nele habita por parte de um grupo armado irregular;

2) O caráter coativo desse controle;

3) O ânimo de lucro individual como motivação central;

4) Um discurso de legitimação referido à proteção dos moradores e à instauração de uma ordem;

5) A participação ativa e reconhecida dos agentes do Estado.

O interesse pela formação destes grupos paramilitares foi incrementado depois que o transporte alter-
nativo (VAN) se instaurou, cresceu e começou a ser uma fonte de lucro muito grande.
Enfrentamento

A luta contra o crime organizado residirá principalmente do uso adequado desses mecanismos ou téc-
nicas de investigação e das ferramentas de aplicação da lei desenvolvidas ao longo de muitos anos de
experiência na repressão a esse fenômeno criminológico.

Meios eletrônicos: técnicas operacionais que consistem na utilização de equipamentos específicos


para a gravação e reprodução de sons e imagens que instruem ou definem uma determinada situação

O emprego de meios eletrônicos, ou suporte eletrônico, representa a mais importante das armas à
disposição contra o crime organizado. Fornece confiabilidade, provas objetivas por intermédio dos de-
poimentos dos próprios participantes e permite conhecer os planos dos criminosos para cometer crimes
antes que sejam postos em prática.

O suporte eletrônico também é restrito em termos de duração. Seu uso é limitado a 15 dias, que po-
dem ser prolongados por períodos iguais, desde que todos os requerimentos sejam cumpridos e aprova-
dos pelo juiz.

Modalidades de captação eletrônica da prova:

a) interceptação telefônica;

b) escuta telefônica;

c) interceptação ambiental;

d) escuta ambiental;

e) gravação clandestina.

Operações encobertas ou disfarçadas: são a segunda na hierarquia das ferramentas de combate ao


crime organizado, ficando atrás somente das investigações feitas com o auxílio do suporte eletrônico,
sendo que ambas, não raramente, caminham de mãos dadas.

Os agentes são frequentemente capazes de ganhar a confiança dos bandidos, induzindo-os a revelar
seu passado de crimes, bem como convidando-os a participar de atividades que estejam já em andamen-
to. Em conjunto com o suporte eletrônico, a abordagem disfarçada oferece uma cobertura regular das

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atividades diárias dos alvos. Entretanto, ela é muito delicada e representa um risco constante de se atrair
pessoas outrora inocentes para atividades criminosas.

Informantes: delicada técnica especializada utilizada para reprimir organizações criminosas envolve o
uso de informantes. Um informante é a pessoa que fornece dados/informes a um policial, com relação a
determinados fatos, circunstâncias ou pessoas. A classe ou agrupamento social de um informante poderá
variar com a natureza do crime ou fato que está sendo investigado.

O melhor informante não é aquele que o policial consegue na hora, é o que já existe, que já foi cultiva-
do ou recrutado, que é conhecido e cujos informes historicamente repassados já puderam ser avaliados.
Poderemos ter dois tipos de informantes: o “confidente” e o “recrutado”.

Segundo o Manual Elementar n° 04, Coleção Polícia Metropolitana, CALVANO, Alberto et al. Informa-
ções Policiais: fichários e arquivos, 1977, são numerosos os motivos pelos quais uma pessoa se torna
um informante:

1) Vaidade – pessoas vaidosas gostam de fornecer informes, obtendo atitudes favoráveis dos policiais
etc.

2) Atitude cívica – pessoas com elevado espírito público que desejam que a justiça seja feita.

3) Medo – pessoas que desejam obter a proteção da polícia, pois sentem-se inseguras com perigos
reais ou imaginários.

4) Remorsos – co-autores ou familiares dos criminosos, que necessitam informar sobre o crime pois
está pesando em suas consciências.

5) Troca – pessoas que são detidas por ofensas pequenas e procuram negociar com o policial, infor-
mando sobre ofensas mais graves de que tem conhecimento.

6) Privilégios – pessoas que dão informes para que possam obter algum privilégio por parte do policial
ou da polícia. O preso pode desejar cigarros, visitas, atenções para com sua família enquanto está em
custódia.

7) Competição – pessoas que dão informes para prejudicar possíveis concorrentes, afastar competido-
res no seu ramo de negócio. Deve-se ter o máximo cuidado em sua utilização.

8) Vingança – pessoas que desejam vingar-se de outras por motivos vários e injurias passadas.

9) Ciúmes – pessoas que tem, por qualquer motivo, inveja ou ciúmes de outras e desejam vê-las afas-
tadas de seus caminhos ou metidas em complicações.

10) Estipêndio – pessoas que fornecem informes mediante promessas de recompensa. Devem ser
avaliados cautelosamente e criteriosamente.

11) Amizade - pessoas que tem amizade ao policial, são suas conhecidas ou querem expressar sua
gratidão. Em geral, bons informantes.

Proteção a testemunhas ameaçadas: apoio para a repressão às organizações criminosas. Por conta
do violento comportamento por parte de facções criminosas, a intimidação às testemunhas pode signifi-
car um grande obstáculo no caminho de uma ação bem-sucedida.

Uma testemunha é admitida no Programa quando ela é capaz de fornecer provas significantes em ca-
sos importantes nos quais haja a evidente ameaça a sua segurança. Uma vez no Programa, a testemu-
nha e sua família recebem novas identidades e são removidas para outra região do país onde os riscos

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1741579 E-book gerado especialmente para MATHEUS ALMEIDA DE OLIVEIRA
à sua segurança são menores. Também lhes é dada assistência financeira até que a testemunha esteja
apta a um emprego seguro

Garantia do acesso à Justiça

A garantia constitucional do acesso à justiça, também denominada de princípio da inafastabilidade da


jurisdição, está consagrada no artigo 5º, inciso XXXV da Constituição Federal, que diz:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasi-
leiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder
Judiciário lesão ou ameaça a direito;

O artigo 8º da 1ª Convenção Interamericana sobre Direitos Humanos de São José da Costa Rica, da
qual o Brasil é signatário, também garante:

Art. 8º. Toda pessoa tem direito de ser ouvida, com as garantias e dentro de um prazo razoável, por
um juiz ou tribunal competente, independente e imparcial, estabelecido anteriormente por lei, na apura-
ção de qualquer acusação penal contra ela, ou para que se determinem seus direitos ou obrigações de
natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer natureza.

O direito do acesso à justiça supera uma garantia constitucional, sendo elevado a uma prerrogativa de
Direitos Humanos, revelando tamanha sua importância. A garantia constitucional do acesso à justiça está
intimamente ligada e se relaciona diretamente com os demais princípios constitucionais, tais como, o da
igualdade, haja vista que o acesso à justiça não é condicionado a nenhuma característica pessoal ou
social, sendo, portanto, uma garantia ampla, geral e irrestrita.
Princípio da Inafastabilidade da Jurisdição

Também conhecido como Princípio do acesso à justiça, o princípio da inafastabilidade da jurisdição


tem previsão no artigo 5º, inciso XXXV, da Constituição Federal vigente, que dispõe: “a lei não excluirá
da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito”.

Esse princípio já deixa claro que, se por um lado cabe ao Poder Judiciário o monopólio da jurisdição,
por outro lado é assegurado a todo aquele que se sentir lesado ou ameaçado em seus direitos o ingresso
aos órgãos judiciais.

O princípio do acesso à justiça não está somente para o legislador, pois alcança principalmente o
Estado-Juiz, que deverá colocar à disposição dos interessados os meios que lhes garantam um processo
rápido e eficiente, eliminando os empecilhos que possam se apresentar ao cidadão menos culto ou eco-
nomicamente hipossuficiente, a fim de proporcionar às partes litigantes igualdade de condições.

Na intenção de privilegiar a celeridade e o acesso à justiça, manifestam-se Bertolo e Ribeiro (2015),


no sentido de que:

“o princípio da inafastabilidade, assim como o devido processo legal, objetiva fazer com que o Estado
crie novas formas de solução de litígios, céleres, desburocratizadas e desvinculadas de ordenamentos
ultrapassados que interditam o livre acesso à justiça; isso quer dizer que todos têm acesso à justiça para
postular tutela preventiva ou reparatória; na verdade é o direito de ação, que todos possuem, quando
sentirem-se lesados”.

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1741579 E-book gerado especialmente para MATHEUS ALMEIDA DE OLIVEIRA
Valorização dos espaços públicos

O Direito Urbanístico, mais do que o simples papel de ordenação racional do espaço urbano, atua de
forma decisiva no processo de inclusão social e reafirmação da dignidade da pessoa humana, fundamen-
to do Estado brasileiro previsto no artigo 1º, III da Magna Carta de 1988.

Com o avanço da sociedade industrial, a humanidade passou por uma verdadeira mudança em seu
habitat, saindo do isolamento da zona rural, para a ocupação desordenada do espaço urbano. A revolu-
ção industrial, na realidade, nada mais fez do que decretar a morte dos modelos baseados na exploração
primitiva da mão-de-obra humana na produção agrícola. As máquinas passaram a tomar conta do campo,
e a população semianalfabeta que era explorada pelo sistema feudal, alienada dos meios de produção,
passou a formar os quadros produtivos da indústria moderna.

A cidades atuais são produtos de um modelo de desenvolvimento econômico esgotado, pautado num
individualismo consumista e na ganância pelo lucro fácil. Notamos isso, quando em plena época de
escassez de recursos hídricos, as cidades venham sofrendo com a contaminação de suas águas super-
ficiais e de seu lençol freático, além de punição constante de seus habitantes por constantes alagamen-
tos, típicos de uma ausência de planejamento e do dissolvimento da sua sustentabilidade em interesses
outros que não os da coletividade.

O futuro sustentável somente pode ser alcançado a partir da tomada de consciência pela população
em geral, da importância que cada um possui na solução dos problemas do seu universo. Cada vez que
jogamos um pedaço de papel na rua, não separamos, nem acondicionamos adequadamente nossos resí-
duos, devemos ter claro que esta atitude irresponsável implicará na falta de potabilidade das águas, nas
cheias da cidade, sem contar na falta de recursos para investimentos pela administração em ruas, calça-
das, serviços de saúde, educação, dentre outros problemas enfrentados pelas cidades.

Os artigos 43 a 45 do Estatuto das Cidades, preveem diversos instrumentos de participação direta da


população na gestão pública, que devem ser efetivados pelos administradores, dentre os quais desta-
cam-se órgãos colegiados de política urbana, debates, audiências e consultas públicas, conferências de
assuntos de interesse urbano, iniciativa popular de projetos de lei e de planos, programas e projetos de
desenvolvimento urbano.

U aspecto importante para a construção de uma cidade sustentável é a inclusão social. Não existe
sustentabilidade onde grande parte da população encontra-se marginalizada. Marginalização não signifi-
ca como prega a grande mídia, a prática de atos de delinquência, mas a condição de se estar à margem
da sociedade, sem condições de acesso a alguns (ou à totalidade de) direitos fundamentais. Na atual
conjuntura brasileira estão à margem da sociedade, não apenas os moradores das periferias, os desem-
pregados, os famintos, os que não possuem acesso aos serviços públicos de saúde e educação, mas
também todos aqueles que se encontram encarcerados entre quatro paredes, pela perda cada vez maior
de valor que tem sofrido o espaço público, notadamente pela degradação e diminuição dos espaços co-
munitários e de lazer, e pelo crescimento da violência urbana.

Fica impossível pensar numa sociedade sustentável quando a prática de atos de violência, tanto física
quanto simbólica, se transforma num meio de vida, ainda mais quando esta é reforçada pela ação, tam-
bém violenta, dos serviços públicos responsáveis pela segurança da população e, principalmente, pela
gradativa privatização destes serviços de segurança.

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A exclusão social é um dos grandes problemas ambientais das cidades, pois nenhuma sociedade
supera os problemas ambientais sem combater a exclusão social, e nenhuma prática inclusiva terá um
resultado efetivo encarcerando a população em blocos de concreto. A necessidade de recuperação dos
espaços públicos de uso comunitário, principalmente das áreas verdes ganha, aí, notável importância.

Participação da sociedade civil

O processo de construção democrática enfrenta hoje no Brasil um dilema cujas raízes estão na exis-
tência de uma confluência perversa entre dois processos distintos, políticos distintos. De um lado, um
processo de alargamento da democracia, que se expressa na criação de espaços públicos e na crescen-
te participação da sociedade civil nos processos de discussão e de tomada de decisão relacionados com
as questões e políticas públicas (Teixeira, Dagnino e Silva, 2002).

A participação popular deve ser elencada como um direito fundamental porque permite que o cidadão
participe das políticas públicas ativamente e não só por meio de seus representantes eleitos. Constituin-
do-se como um mecanismo de defesa real do homem perante a tutela estatal, na medida em que permite
que os cidadãos resguardem seus interesses e os alinhe com o interesse público e o bem estar social.

Não existe cidadania sem dignidade e não existe dignidade sem o exercício dos direitos políticos, di-
reitos civis e direitos sociais. Sendo assim, viver com cidadania é participar de uma sociedade e possuir
direitos e deveres que lhe garantem uma vida digna.

O plebiscito, o referendo e a iniciativa popular são os únicos mecanismos de participação direta elen-
cados de forma expressa na carta constitucional. A participação popular como direito fundamental do
cidadão, implica na intervenção popular nas instâncias de poder, por intermédio de ações conjuntas nos
processos de decisão ou por meio do planejamento de ações de fiscalização, não se restringindo apenas
às formas prescritas na Constituição Federal.

A participação social tem sido importante, no entanto, muitas dessas conquistas ainda não se torna-
ram realidade para grande parte da população brasileira. Isto acontece basicamente por três razões:

- Primeiro, porque faltam informação e instrumentos suficientes para permitir que os cidadãos exijam
o cumprimento desses direitos nas suas relações cotidianas, como, por exemplo, acionando juridicamen-
te o poder público quando as normas e políticas se mostrarem insatisfatórias.

- Segundo, porque a concretização desses direitos depende do seu desdobramento em políticas pú-
blicas e da implementação de uma série de serviços aos cidadãos e isso demanda um volume considerá-
vel de recursos (físicos, humanos e financeiros).

- Em terceiro lugar, cabe mencionar que muitos dos princípios e normas legais, particularmente no
que se refere aos direitos de grupos sociais específicos encontram resistência que vão desde o precon-
ceito até a pressão de grupos conservadores alheios à cultura e aos valores humanistas.

Em linhas gerais, pode-se afirmar que esses são os principais desafios colocados para a política de
direitos humanos e cidadania atualmente.

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Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI)

A segurança pública é direito fundamental do cidadão, garantido tanto pela Constituição Federal como
pela Declaração Universal dos Direitos Humanos.

O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania (PRONASCI) busca o controle e a pre-
venção da violência com a união de políticas de segurança pública e de ações sociais que combatam as
causas socioeconômicas da criminalidade.

Esse projeto pertencente ao Ministério da Justiça na qual busca priorizar ações de prevenção e atingir
diretamente todas as causas que levam a casos de violência, mas tudo isso sem deixar de considerar o
ordenamento social e a necessidade de segurança pública.
Principais Eixos do Pronasci

- Busca do projeto pela valorização de todos os profissionais que atuam em serviços de segurança
pública;

- Reestruturar todo o sistema penitenciário brasileiro;

- Combater casos de corrupção dentro da polícia;

- Envolver a comunidade com ações de prevenção à violência.


Como funciona o Pronasci

O programa é uma iniciativa federal que possui pelo menos 94 ações voltadas para o enfrentamento
da criminalidade no Brasil.

Algumas principais ações:

- Bolsa- Formação –todo profissional que trabalhar no setor de segurança pública terá um estimulo
para seguir seus estudos e pensar em ações junto às comunidades. O valor pago pela bolsa é de R$
400,00 e poderão vir a receber o benefício policiais civis e policiais militares, agentes penitenciários,
peritos criminais, bombeiros, etc. O requisito básico para poder usufruir desta bolsa é o profissional de
segurança esteja devidamente aprovado em um curso de capacitação promovido pela Secretaria Nacio-
nal de Segurança Pública (Senasp) pertencente ao Ministério da Justiça.

- Formação Policial – as qualificações fornecidas aos policiais incluem práticas de segurança-cidadã,

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tais como ter que utilizar tecnologia não letal; métodos de investigação criminal, sistemas de comandos,
perícia, DNA forense, entre outros.

- Mulheres da Paz – a ideia está em promover a capacitação das mulheres para que sejam líderes das
comunidades, adquirindo conhecimentos sobre a ética no trabalho com segurança pública, direitos huma-
nos e também em cidadania.

- Protejo – este programa está voltado para jovens que se encontrem em regiões de descoesão social,
para que este público atue como multiplicador da filosofia passada a eles pela iniciativa do projeto Mulhe-
res da Paz, e pelas demais equipes.

- Plano Nacional de Habitação para Profissionais de Segurança Pública – esta iniciativa também conta
com as ações do Plano Nacional de Habitação para os profissionais de segurança pública, funcionando
com o suporte da Caixa Econômica Federal. Basicamente, através deste programa são disponibilizadas
diversas unidades populares com foco nos servidores que possuam uma renda considerada baixa, ou
seja, devem receber pelo menos até quatro salários mínimos federais.

- Ministérios e Secretarias Parceiras – além das ações que já mencionamos nos itens anteriores, tam-
bém existem algumas iniciativas do Pronasci que são fruto de algumas parcerias feitas com ministérios e
secretarias. Nesse tipo de instância, o Pronasci age de forma conjunta com o Programa de Aceleração do
Crescimento (PAC) em algumas regiões onde existam obras voltadas para a urbanização e recuperação
de espaços urbanos e para a melhoria da infraestrutura nas comunidades. Outro exemplo que podemos
citar é a junção do Pronasci com a Secretaria Nacional Antidrogas, projeto desenvolvido pela presidência
da república e que visa ampliar, de certa forma, os atendimentos via Viva Voz, uma ação que já existe há
muitos anos que que procura levar maior orientações e suporte para jovens e seus familiares quando o
tema são as drogas.
LEI Nº 11.707, DE 19 DE JUNHO DE 2008.

Altera a Lei no 11.530, de 24 de outubro de 2007, que institui o Programa Nacional de Segurança Pú-
blica com Cidadania - Pronasci.

O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a se-
guinte Lei:

Art. 1o Os arts. 2o, 3o, 4o, 6o e 9o da Lei no 11.530, de 24 de outubro de 2007, passam a vigorar
com a seguinte redação:

“Art. 2o O Pronasci destina-se a articular ações de segurança pública para a prevenção, controle e
repressão da criminalidade, estabelecendo políticas sociais e ações de proteção às vítimas.” (NR)

“Art. 3o ................................................................................

I - promoção dos direitos humanos, intensificando uma cultura de paz, de apoio ao desarmamento e
de combate sistemático aos preconceitos de gênero, étnico, racial, geracional, de orientação sexual e de
diversidade cultural;

II - criação e fortalecimento de redes sociais e comunitárias;

III - fortalecimento dos conselhos tutelares;

IV - promoção da segurança e da convivência pacífica;

V - modernização das instituições de segurança pública e do sistema prisional;

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VI - valorização dos profissionais de segurança pública e dos agentes penitenciários;

VII - participação de jovens e adolescentes, de egressos do sistema prisional, de famílias expostas à


violência urbana e de mulheres em situação de violência;

VIII - ressocialização dos indivíduos que cumprem penas privativas de liberdade e egressos do siste-
ma prisional, mediante implementação de projetos educativos, esportivos e profissionalizantes;

IX - intensificação e ampliação das medidas de enfrentamento do crime organizado e da corrupção


policial;

X - garantia do acesso à justiça, especialmente nos territórios vulneráveis;

XI - garantia, por meio de medidas de urbanização, da recuperação dos espaços públicos;

XII - observância dos princípios e diretrizes dos sistemas de gestão descentralizados e participativos
das políticas sociais e das resoluções dos conselhos de políticas sociais e de defesa de direitos afetos
ao Pronasci;

XIII - participação e inclusão em programas capazes de responder, de modo consistente e permanen-


te, às demandas das vítimas da criminalidade por intermédio de apoio psicológico, jurídico e social;

XIV - participação de jovens e adolescentes em situação de moradores de rua em programas educati-


vos e profissionalizantes com vistas na ressocialização e reintegração à família;

XV - promoção de estudos, pesquisas e indicadores sobre a violência que considerem as dimensões


de gênero, étnicas, raciais, geracionais e de orientação sexual;

XVI - transparência de sua execução, inclusive por meios eletrônicos de acesso público; e

XVII - garantia da participação da sociedade civil.” (NR)

“Art. 4o .......................................................................

I - foco etário: população juvenil de 15 (quinze) a 24 (vinte e quatro) anos;

II - foco social: jovens e adolescentes egressos do sistema prisional ou em situação de moradores de


rua, famílias expostas à violência urbana, vítimas da criminalidade e mulheres em situação de violên-
cia;

III - foco territorial: regiões metropolitanas e aglomerados urbanos que apresentem altos índices de
homicídios e de crimes violentos; e

IV - foco repressivo: combate ao crime organizado.” (NR)

“Art. 6o ........................................................................

I - criação de Gabinete de Gestão Integrada - GGI;

II - garantia da participação da sociedade civil e dos conselhos tutelares nos fóruns de segurança pú-
blica que acompanharão e fiscalizarão os projetos do Pronasci;

III - participação na gestão e compromisso com as diretrizes do Pronasci;

IV - compartilhamento das ações e das políticas de segurança, sociais e de urbanização;

V - comprometimento de efetivo policial nas ações para pacificação territorial, no caso dos Estados e
do Distrito Federal;

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VI - disponibilização de mecanismos de comunicação e informação para mobilização social e divulga-
ção das ações e projetos do Pronasci;

VII - apresentação de plano diretor do sistema penitenciário, no caso dos Estados e do Distrito Fede-
ral;

VIII - compromisso de implementar programas continuados de formação em direitos humanos para os


policiais civis, policiais militares, bombeiros militares e servidores do sistema penitenciário;

IX - compromisso de criação de centros de referência e apoio psicológico, jurídico e social às vítimas


da criminalidade; e

X – (VETADO)

“Art. 9o As despesas com a execução dos projetos correrão à conta das dotações orçamentárias con-
signadas anualmente no orçamento do Ministério da Justiça.

Parágrafo único. Observadas as dotações orçamentárias, o Poder Executivo deverá, até o ano de
2012, progressivamente estender os projetos referidos no art. 8o-A desta Lei para as regiões metropolita-
nas de todos os Estados federados.” (NR)

Art. 2o A Lei no 11.530, de 24 de outubro de 2007, passa a vigorar acrescida dos seguintes arts. 8o-A,
8o-B, 8o-C, 8o-D, 8o-E, 8o-F, 8o-G e 8o-H:

“Art. 8o-A. Sem prejuízo de outros programas, projetos e ações integrantes do Pronasci, ficam instituí-
dos os seguintes projetos:

I - Reservista-Cidadão;

II - Proteção de Jovens em Território Vulnerável - Protejo;

III - Mulheres da Paz; e

IV - Bolsa-Formação.

Parágrafo único. A escolha dos participantes dos projetos previstos nos incisos I a III do caput deste
artigo dar-se-á por meio de seleção pública, pautada por critérios a serem estabelecidos conjuntamente
pelos entes federativos conveniados, considerando, obrigatoriamente, os aspectos socioeconômicos dos
pleiteantes.”

“Art. 8o-B. O projeto Reservista-Cidadão é destinado à capacitação de jovens recém-licenciados do


serviço militar obrigatório, para atuar como agentes comunitários nas áreas geográficas abrangidas pelo
Pronasci.

§ 1o O trabalho desenvolvido pelo Reservista-Cidadão, que terá duração de 12 (doze) meses, tem
como foco a articulação com jovens e adolescentes para sua inclusão e participação em ações de promo-
ção da cidadania.

§ 2o Os participantes do projeto de que trata este artigo receberão formação sociojurídica e terão
atuação direta na comunidade.”

“Art. 8o-C. O projeto de Proteção de Jovens em Território Vulnerável - Protejo é destinado à formação
e inclusão social de jovens e adolescentes expostos à violência doméstica ou urbana ou em situações de
moradores de rua, nas áreas geográficas abrangidas pelo Pronasci.

§ 1o O trabalho desenvolvido pelo Protejo terá duração de 1 (um) ano, podendo ser prorrogado por

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igual período, e tem como foco a formação cidadã dos jovens e adolescentes a partir de práticas espor-
tivas, culturais e educacionais que visem a resgatar a autoestima, a convivência pacífica e o incentivo à
reestruturação do seu percurso socio formativo para sua inclusão em uma vida saudável.

§ 2o A implementação do Protejo dar-se-á por meio da identificação dos jovens e adolescentes parti-
cipantes, sua inclusão em práticas esportivas, culturais e educacionais e formação sociojurídica realiza-
da por meio de cursos de capacitação legal com foco em direitos humanos, no combate à violência e à
criminalidade, na temática juvenil, bem como em atividades de emancipação e socialização que possibili-
tem a sua reinserção nas comunidades em que vivem.

§ 3o A União bem como os entes federativos que se vincularem ao Pronasci poderão autorizar a utili-
zação dos espaços ociosos de suas instituições de ensino (salas de aula, quadras de esporte, piscinas,
auditórios e bibliotecas) pelos jovens beneficiários do Protejo, durante os finais de semana e feriados.”

“Art. 8o-D. O projeto Mulheres da Paz é destinado à capacitação de mulheres socialmente atuantes
nas áreas geográficas abrangidas pelo Pronasci.

§ 1o O trabalho desenvolvido pelas Mulheres da Paz tem como foco:

I - a mobilização social para afirmação da cidadania, tendo em vista a emancipação das mulheres e
prevenção e enfrentamento da violência contra as mulheres; e

II - a articulação com jovens e adolescentes, com vistas na sua participação e inclusão em programas
sociais de promoção da cidadania e na rede de organizações parceiras capazes de responder de modo
consistente e permanente às suas demandas por apoio psicológico, jurídico e social.

§ 2o A implementação do projeto Mulheres da Paz dar-se-á por meio de:

I - identificação das participantes;

II - formação sociojurídica realizada mediante cursos de capacitação legal, com foco em direitos hu-
manos, gênero e mediação pacífica de conflitos;

III - desenvolvimento de atividades de emancipação da mulher e de reeducação e valorização dos


jovens e adolescentes; e

IV - colaboração com as ações desenvolvidas pelo Protejo, em articulação com os Conselhos Tutela-
res.

§ 3o Fica o Poder Executivo autorizado a conceder, nos limites orçamentários previstos para o projeto
de que trata este artigo, incentivos financeiros a mulheres socialmente atuantes nas áreas geográficas
abrangidas pelo Pronasci, para a capacitação e exercício de ações de justiça comunitária relacionadas à
mediação e à educação para direitos, conforme regulamento.”

“Art. 8o-E. O projeto Bolsa-Formação é destinado à qualificação profissional dos integrantes das
Carreiras já existentes das polícias militar e civil, do corpo de bombeiros, dos agentes penitenciários, dos
agentes carcerários e dos peritos, contribuindo com a valorização desses profissionais e consequente
benefício da sociedade brasileira.

§ 1o Para aderir ao projeto Bolsa-Formação, o ente federativo deverá aceitar as seguintes condições,
sem prejuízo do disposto no art. 6o desta Lei, na legislação aplicável e do pactuado no respectivo instru-
mento de cooperação:

I - viabilização de amplo acesso a todos os policiais militares e civis, bombeiros, agentes penitenciá-

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rios, agentes carcerários e peritos que demonstrarem interesse nos cursos de qualificação;

II - instituição e manutenção de programas de polícia comunitária; e

III - garantia de remuneração mensal pessoal não inferior a R$ 1.300,00 (mil e trezentos reais) aos
membros das corporações indicadas no inciso I deste parágrafo, até 2012.

§ 2o Os instrumentos de cooperação não poderão ter prazo de duração superior a 5 (cinco) anos.

§ 3o O beneficiário policial civil ou militar, bombeiro, agente penitenciário, agente carcerário e perito
dos Estados-membros que tiver aderido ao instrumento de cooperação receberá um valor referente à
Bolsa-Formação, de acordo com o previsto em regulamento, desde que:

I - frequente, a cada 12 (doze) meses, ao menos um dos cursos oferecidos ou reconhecidos pelos
órgãos do Ministério da Justiça, nos termos dos §§ 4o a 7o deste artigo;

II - não tenha cometido nem sido condenado pela prática de infração administrativa grave ou não pos-
sua condenação penal nos últimos 5 (cinco) anos; e

III - não perceba remuneração mensal superior ao limite estabelecido em regulamento.

§ 4o A Secretaria Nacional de Segurança Pública do Ministério da Justiça será responsável pelo ofe-
recimento e reconhecimento dos cursos destinados aos peritos e aos policiais militares e civis, bem como
aos bombeiros.

§ 5o O Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça será responsável pelo ofereci-


mento e reconhecimento dos cursos destinados aos agentes penitenciários e agentes carcerários.

§ 6o Serão dispensados do cumprimento do requisito indicado no inciso I do § 3o deste artigo os be-


neficiários que tiverem obtido aprovação em curso de especialização reconhecido pela Secretaria Nacio-
nal de Segurança Pública ou pelo Departamento Penitenciário Nacional do Ministério da Justiça.

§ 7o O pagamento do valor referente à Bolsa-Formação será devido a partir do mês subsequente ao


da homologação do requerimento pela Secretaria Nacional de Segurança Pública ou pelo Departamento
Penitenciário Nacional, de acordo com a natureza do cargo exercido pelo requerente.

§ 8o Os requisitos previstos nos incisos I a III do § 3o deste artigo deverão ser verificados conforme o
estabelecido em regulamento.

§ 9o Observadas as dotações orçamentárias do programa, fica autorizada a inclusão de guardas civis


municipais como beneficiários do programa, mediante o instrumento de cooperação federativa de que tra-
ta o art. 5o desta Lei, observadas as condições previstas em regulamento.”

“Art. 8o-F. O Poder Executivo concederá auxílio financeiro aos participantes a que se referem os arts.
8o-B, 8o-C e 8o-D desta Lei, a partir do exercício de 2008, nos seguintes valores:

I - R$ 100,00 (cem reais) mensais, no caso dos projetos Reservista-Cidadão e Protejo; e

II - R$ 190,00 (cento e noventa reais) mensais, no caso do projeto Mulheres da Paz.

Parágrafo único. A concessão do auxílio financeiro dependerá da comprovação da assiduidade e do


comprometimento com as atividades estabelecidas no âmbito dos projetos de que tratam os arts. 8o-B,
8o-C e 8o-D desta Lei, além de outras condições previstas em regulamento, sob pena de exclusão do
participante.”

“Art. 8o-G. A percepção dos auxílios financeiros previstos por esta Lei não implica filiação do benefi-

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ciário ao Regime Geral de Previdência Social de que tratam as Leis nos 8.212 e 8.213, ambas de 24 de
julho de 1991.”

“Art. 8o-H. A Caixa Econômica Federal será o agente operador dos projetos instituídos nesta Lei, nas
condições a serem estabelecidas com o Ministério da Justiça, obedecidas as formalidades legais.”

Art. 3o Fica revogado o art. 10 da Lei no 11.530, de 24 de outubro de 2007.

Art. 4o Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação

Brasília, 19 de junho de 2008; 187o da Independência e 120o da República.


Referências Bibliográficas:

FERRAZ, Claudio Armando - Crime organizado: diagnóstico e mecanismos de combate / Delegado de


Polícia Civil Claudio Armando Ferraz. Rio de Janeiro: ESG, 2012.

Comunidade Pronasci - Saiba como participa - Ministério da Justiça

Disponível em https://acessocidadao.com/pronasci/ Acesso em 04.08.2021

Disponível em https://djonatanh01.jusbrasil.com.br/artigos/ Acesso em 05.08.2021

Disponível em https://www.direitonet.com.br Acesso em 05.08.2021

Exercícios

1. (DPE-RS - Técnico de Apoio Especializado – Segurança - FCC – 2013) Toda carência ou falha
identificada no sistema defensivo de uma organização, possibilitando a ocorrência de ações criminosas,
caracteriza o conceito de

(A) risco.

(B) ameaça.

(C) atentado.

(D) insegurança.

(E) vulnerabilidade.

2. (ITAIPU BINACIONAL - Agente de Segurança - SENAI - PR – 2016) Em relação ao Sistema de Se-


gurança Pública do Brasil e ao seu cenário atual, é correto afirmar que:

(A) Um estado marcado fortemente pela implementação de um sistema penal pode ser fruto de uma
desregulamentação da economia e das relações sociais do trabalho.

(B) A segurança pública é um processo estático e desarticulado, à medida que as necessidades da


população mudam ao longo do tempo.

(C) A prestação de serviços públicos de segurança engloba apenas a segurança repressiva, sendo a
segurança preventiva função da segurança privada.

(D) A segurança pública é direito do Estado; dever e responsabilidade de todos.

(E) A segurança pública brasileira é composta pelos seguintes órgãos: Polícia Federal, Polícia Civil e
Forças Armadas.

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3. (DEPEN - Agente Penitenciário Federal - Área 5 - CESPE – 2015) Com base no disposto na Resolu-
ção Conjunta n.º 1/2014, do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) e do Con-
selho Nacional de Combate à Discriminação (CNCD/LGBT), julgue o item subsequente.

Embora a legislação em vigor represente avanços no que concerne aos direitos da população LGBT,
as normas penais pertinentes ainda não preveem visita íntima para esse segmento.

( ) Certo

( ) Errado

4. (DEPEN - Agente Penitenciário Federal - Área 5 - CESPE – 2015) Com base no disposto na Resolu-
ção Conjunta n.º 1/2014, do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) e do Con-
selho Nacional de Combate à Discriminação (CNCD/LGBT), julgue o item subsequente.

As pessoas transexuais masculinas e femininas devem ser encaminhadas para unidades prisionais
masculinas ou femininas, de acordo com seu sexo biológico.

( ) Certo

( ) Errado

5. (DEPEN - Agente Penitenciário Federal - Área 5 - CESPE – 2015) Com base no disposto na Resolu-
ção Conjunta n.º 1/2014, do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) e do Con-
selho Nacional de Combate à Discriminação (CNCD/LGBT), julgue o item subsequente.

Em razão de sua segurança e vulnerabilidade, travestis e gays em situação de privação de liberdade,


quando em unidades prisionais masculinas, podem ser transferidas compulsoriamente para espaços de
vivência específicos.

( ) Certo

( ) Errado

Gabarito

1 E
2 A
3 Errado
4 Errado
5 Errado

38
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