Você está na página 1de 11

INSTITUTO SUPERIOR MARIA MÃE

DE

Av. Vladimir Lenine, 3621  Fax: 21419772


21419771

Maio | 2024

O SER EM PLATÃO E PLOTINO

THE BEING IN PLATO AND PLOTINUS

Pedro Pascoal Filipe

06-05-2024 Páginas: 10
INSTITUTO SUPERIOR MARIA MÃE DE ÁFRICA

Av. Vladimir Lenine, 3621 21419771


Fax: 21419772
C.P. 3661 Cel.: 82 6253616 / 879600960
Maputo E-mail: geral@ismma.ac.mz

Resumo: As concepções metafísicas de Platão e Plotino sobre a natureza do ser


exerceram uma influência profunda e duradoura no pensamento filosófico ocidental,
cujas reverberações podem ser identificadas em diversas áreas do conhecimento
contemporâneo. Este artigo explora e analisa criticamente essas influências, destacando
as convergências e divergências entre as visões desses dois pensadores clássicos. Para
Platão, o mundo sensível é apenas uma cópia imperfeita de um reino superior de Formas
ou Ideias eternas e imutáveis, que constituem a verdadeira realidade. Plotino, por sua
vez, desenvolveu uma estrutura hierárquica de emanações, partindo do Uno, um
princípio supremo transcendente, e culminando no mundo material.

A distinção platônica entre o sensível e o inteligível encontrou eco no racionalismo de


Descartes e Leibniz, bem como no idealismo de Kant e Hegel. Ademais, suas ideias
tiveram ressonâncias surpreendentes na interpretação da física quântica e nas
abordagens das ciências cognitivas e da inteligência artificial. Embora contestáveis à luz
do conhecimento científico moderno, essas concepções continuam a estimular reflexões
profundas sobre a natureza da realidade e do conhecimento.

Através de uma revisão abrangente da literatura e de casos específicos, este artigo visa
compreender a relevância perene dessas concepções metafísicas, fomentando discussões
enriquecedoras sobre os desafios filosóficos contemporâneos relacionados à natureza do
ser.

Palavras-chave: Platão, Plotino, metafísica, natureza do ser, filosofia moderna.

1
Abstract: The metaphysical conceptions of Plato and Plotinus regarding the nature of
being have exerted a profound and lasting influence on Western philosophical thought,
whose reverberations can be identified in various areas of contemporary knowledge.
This article explores and critically analyzes these influences, highlighting the
convergences and divergences between the views of these two classical thinkers. For
Plato, the sensible world is merely an imperfect copy of a higher realm of eternal and
immutable Forms or Ideas, which constitute true reality. Plotinus, in turn, developed a
hierarchical structure of emanations, starting from the One, a transcendent supreme
principle, and culminating in the material world.

Plato's distinction between the sensible and the intelligible found echoes in the
rationalism of Descartes and Leibniz, as well as in the idealism of Kant and Hegel.
Moreover, their ideas had surprising resonances in the interpretation of quantum physics
and in the approaches of cognitive sciences and artificial intelligence. Although
contestable in the light of modern scientific knowledge, these conceptions continue to
stimulate profound reflections on the nature of reality and knowledge.

Through a comprehensive literature review and specific case studies, this article aims to
understand the enduring relevance of these metaphysical conceptions, fostering
enriching discussions on contemporary philosophical challenges related to the nature of
being.

Keywords: Plato, Plotinus, metaphysics, nature of being, modern philosophy.

2
Introdução

As inquietações metafísicas acerca da natureza última da realidade têm permeado o


pensamento filosófico desde os primórdios da civilização ocidental. Nesse contexto, as
concepções desenvolvidas por Platão e, posteriormente, por Plotino sobre a natureza do
ser exerceram uma influência profunda e duradoura, ressoando não apenas na filosofia,
mas também em diversas áreas do conhecimento contemporâneo.

Para Platão, o mundo sensível, apreendido pelos sentidos, é uma mera cópia imperfeita
de um reino superior de Formas ou Ideias eternas e imutáveis, as quais constituem a
verdadeira realidade. Essa dicotomia entre o domínio sensível e o inteligível é exposta
de forma contundente na alegoria da caverna, presente em sua obra-prima "A
República". Séculos mais tarde, Plotino, o grande expoente do neoplatonismo, retomaria
e desenvolveria essa concepção, acrescentando a noção de um princípio supremo
transcendente, o Uno, do qual emanam todas as coisas em uma hierarquia metafísica.

Apesar de suas origens remontarem à Antiguidade, as ideias de Platão e Plotino sobre a


natureza do ser encontraram ecos surpreendentes no pensamento filosófico moderno e
contemporâneo. Desde os racionalistas como Descartes e Leibniz, passando pelo
idealismo de Kant e Hegel, até as interpretações da física quântica e as abordagens das
ciências cognitivas e da inteligência artificial, é possível identificar reverberações
dessas concepções clássicas.

O presente artigo tem como objetivo explorar e analisar de forma crítica as influências e
ressonâncias das visões de Platão e Plotino sobre o ser no pensamento filosófico e
científico contemporâneo. Busca-se, assim, compreender como essas antigas ideias têm
permeado e enriquecido as reflexões sobre a natureza da realidade e do conhecimento,
mesmo diante dos avanços e descobertas da ciência moderna.

Através de uma revisão abrangente dos escritos relevantes e da análise de casos


específicos, este artigo visa contribuir para uma maior compreensão da relevância
perene dessas concepções metafísicas, bem como fomentar discussões e debates
enriquecedores sobre os desafios filosóficos contemporâneos relacionados à natureza do
ser.

3
O Ser na Visão de Platão

Em sua busca por compreender a realidade última do universo, Platão desenvolveu uma
visão profunda e influente sobre a natureza do ser. Para ele, o mundo sensível,
composto por objetos físicos e perceptíveis pelos sentidos, é apenas uma cópia
imperfeita de um reino superior de Formas ou Ideias eternas e imutáveis. Estas Formas
são a verdadeira realidade, a essência fundamental que subjaz todas as coisas.

Na alegoria da caverna, presente em "A República", Platão compara os seres humanos a


prisioneiros acorrentados em uma caverna, observando apenas as sombras projetadas na
parede, tomando-as por realidade. Somente quando um deles se liberta e contempla o
mundo exterior, iluminado pelo sol, é que alcança a verdadeira realidade das Formas.
“E, depois disso, é preciso concluir que o mundo visível não passa de uma imagem ou
sombra dos objetos inteligíveis, os quais são a única realidade verdadeira” (A
República, 517b).

Para Platão, as Formas são eternas, perfeitas e imutáveis, enquanto os objetos sensíveis
são transitórios, imperfeitos e em constante mudança. A Forma do Belo, por exemplo, é
a perfeição da beleza em si, enquanto as coisas belas no mundo material são apenas
cópias imperfeitas dessa Forma. Assim Platão o sustenta: "E o que é então o Belo em si
mesmo? Aquilo que é eterno, que não nasce nem morre, que não cresce nem decresce,
que não é belo aqui e feio ali, belo sob certo aspecto e feio sob outro, belo para uns e
feio para outros?" (Fédon, 78d).

Platão também afirmava que a alma humana, antes de encarnar em um corpo físico,
contemplava diretamente as Formas no reino inteligível. O conhecimento verdadeiro,
para ele, é a reminiscência ou recordação dessas Formas que a alma contemplou
anteriormente. Por isso afirma: "Pois, na verdade, nós não adquirimos o conhecimento
em alguma época anterior, sendo nosso aprendizado apenas uma reminiscência."
(Fédon, 72e)

Desse modo, a filosofia de Platão sobre o ser estabelece uma distinção fundamental
entre o mundo sensível e o mundo inteligível das Formas, sendo este último a
verdadeira realidade e fonte de todo o conhecimento genuíno.

4
O Ser na visão de Plotino

Plotino, o grande pensador neoplatônico do século III d.C., desenvolveu uma concepção
profunda e influente sobre a natureza do ser, baseada nas ideias de Platão, mas com suas
próprias contribuições originais. Para Plotino, o ser está organizado em uma hierarquia
metafísica que emana do Uno, a fonte suprema de toda a existência.

O Uno, segundo Plotino, é a realidade última, transcendente e indivisível, além de


qualquer predicado ou definição. Ele é a fonte de tudo o que existe, mas ao mesmo
tempo é superior à própria existência, uma vez que esta implica em determinação e
limitação. O Uno é todas as coisas e não é nenhuma delas; a fonte de todas as coisas não
é todas as coisas, mas todas elas provêm dele (Enéadas V)

Abaixo do Uno, está o Intelecto (Nous), que é a primeira emanação do Uno e contém as
Formas ou Ideias platônicas. O Intelecto é a realidade inteligível, a fonte do
conhecimento verdadeiro e da razão. Para Plotino, o Intelecto é a esfera das Ideias ou
Formas inteligíveis, as essências imutáveis das coisas, as realidades eternas, imóveis e
sempiternas (Enéadas V).

A Alma (Psykhê) é a próxima emanação, proveniente do Intelecto. Ela é a fonte da vida,


do movimento e da consciência no universo. A Alma contempla o Intelecto e, através
dessa contemplação, dá origem à realidade sensível, ao mundo material, como Plotino o
afirma: "A alma é uma realidade que pertence ao reino inteligível, mas também tem
uma natureza capaz de exteriorizar-se e dar origem ao mundo sensível" (Enéadas,
IV.8.6)

Por fim, o mundo material é a última emanação, constituído pela Matéria e pelas formas
ou razões seminais que nela se encontram. É o nível mais baixo da hierarquia
metafísica, onde se manifestam as cópias imperfeitas das Formas inteligíveis. Assim o
sustenta: "A matéria é a última realidade, a mais distante do Uno, e por isso mesmo, a
mais destituída de ser e de forma" (Enéadas, I.8.7)

Para Plotino, o objetivo final do ser humano é retornar à sua origem divina, unindo-se
novamente ao Uno através de um processo de purificação e contemplação. Essa união
mística é descrita como a experiência suprema de êxtase e beatitude. E ali, então,
5
repousando naquela região e tornando-se Uno consigo mesmo, não mais se distingue do
Uno: é um só com Ele (Enéadas, VI)

Assim, a metafísica de Plotino apresenta uma visão profunda e sistemática da realidade,


partindo do Uno como fonte de todas as coisas, passando pelas emanações do Intelecto,
da Alma e culminando no mundo material, com o objetivo final de retornar à unidade
com o princípio divino.

Com a concepção plotiniana do ser, pode-se compreender que ao comparar as


concepções de Platão e Plotino sobre o ser, podemos identificar convergências
fundamentais, bem como algumas divergências sutis. Ambos os filósofos compartilham
uma visão metafísica que estabelece uma distinção entre o mundo sensível e um reino
superior de realidades inteligíveis, mas há nuances importantes em suas abordagens.

Por exemplo pode-se notar uma semelhança na distinção entre o mundo sensível e o
mundo inteligível. Para Platão “o mundo visível não passa de uma imagem ou sombra
dos objetos inteligíveis, os quais são a única realidade verdadeira." (A República, 517b).
E para Plotino, o Intelecto é a esfera das Ideias ou Formas inteligíveis, as essências
imutáveis das coisas, as realidades eternas, imóveis e sempiternas (Enéadas, V). Assim
podemos notar que ambos concordam na ideia de que o mundo das ideias é onde há a
essência imutável das coisas, ou seja, o Ser. A contrário do mundo sensível que é o
mundo da aparência e o mais distante do Uno. E é o mais destituído de ser e de forma.

Porém pode-se notar uma certa originalidade em certos aspectos, entres eles, A natureza
do princípio supremo. Platão concebia as Formas como realidades eternas e perfeitas,
mas não desenvolveu uma noção clara de um princípio supremo transcendente. Plotino,
por sua vez, introduziu a ideia do Uno, um princípio absoluto e indizível, além do
próprio ser, do qual todas as coisas emanam.

Além disso, Plotino elaborou uma hierarquia metafísica mais detalhada, com o Uno
emanando o Intelecto, que por sua vez emana a Alma, e esta dando origem ao mundo
material. Ao passo que, Platão não desenvolveu uma estrutura tão sistemática de
emanações, embora tenha sugerido uma hierarquia das formas. Assim pode-se destacar
as principais diferenças e semelhanças nas duas concepções do Ser.

6
Influência na modernidade

A influência das ideias de Platão e Plotino sobre a natureza do ser ressoou


profundamente na filosofia moderna, inspirando alguns dos mais eminentes pensadores
dessa época.

Filósofos como René Descartes, o pai da filosofia moderna, foi fortemente influenciado
pela distinção platônica entre o mundo sensível e o mundo inteligível das ideias. Em
suas "Meditações Metafísicas", ele argumenta que nossas percepções sensoriais dos
objetos externos são apenas uma "imagem confusa da realidade", e que a verdadeira
realidade deve ser buscada nas ideias claras e distintas da razão, isto é, "Nossas
percepções dos objetos externos não são mais do que uma imagem confusa da realidade,
e a luz da natureza não atinge as coisas em si mesmas." (Descartes, 1999).

Além de Descartes, Gottfried Leibniz desenvolveu a noção de "ideias inatas", que


podem ser vistas como resquícios da teoria platônica da reminiscência, segundo a qual o
conhecimento é uma recordação das Formas que a alma contemplou em uma existência
anterior. Ou seja, para Leibniz(1999) entende que nada há na mente que não tenha vindo
dos sentidos, exceto a própria mente.

Já Alfred North Whitehead, um dos mais influentes filósofos do século XX, propôs uma
"filosofia do organismo" fortemente inspirada no platonismo, baseada na ideia de
"objetos eternos" ou formas platônicas que subjazem a realidade. Para ele, "A filosofia
platônica é a mais grandiosa metafísica já alcançada na tradição do pensamento
ocidental." (Whitehead, 1978).

Portanto, podemos ver como as noções fundamentais do platonismo e do neoplatonismo


de Plotino sobre a natureza do ser deixaram uma marca indelével na filosofia moderna,
fornecendo insights e inspiração para alguns dos maiores pensadores dessa era.

Além de influenciarem no pensamento filosófico, as concepções metafísicas


desenvolvidas por Platão e Plotino sobre a natureza do ser exerceram uma grande
influência em várias áreas do conhecimento contemporâneo.

7
Na física quântica, a ideia de que a realidade última transcende nossa percepção
sensorial encontrou ressonância nas teorias que descrevem o comportamento paradoxal
das partículas subatômicas. Filósofos como Werner Heisenberg e Erwin Schrödinger
foram influenciados pelo platonismo em suas interpretações da mecânica quântica.

David Bohm, propôs uma interpretação da mecânica inspirada no platonismo,


considerando que as partículas subatômicas têm uma realidade subjacente que vai além
da manifestação empírica. Para ele “Uma partícula elementar não é uma entidade
confinada a uma região minúscula de espaço-tempo, mas, ao contrário, deve ser
entendida como uma Forma ou uma Ideia platónica que se manifesta de modo abstrato e
elevado” (Bohm, 1980, p. 100).

Nas ciências cognitivas e na inteligência artificial, a noção de que o conhecimento


verdadeiro pode ser alcançado por meio da contemplação de ideias ou formas abstratas
tem sido explorada no desenvolvimento de sistemas de representação de conhecimento
e aprendizado de máquina. Assim o afirmam Russel e Norvig: "Os sistemas baseados
em conhecimento tentam capturar e representar explicitamente o conhecimento sobre
um domínio específico, muitas vezes inspirados em conceitos platônicos de formas ou
ideias abstratas." (Russel & Norvig , 2013 )

Embora as concepções metafísicas de Platão e Plotino possam ser contestadas à luz do


conhecimento científico moderno, elas continuam a exercer uma influência duradoura
no pensamento ocidental, estimulando reflexões profundas sobre a natureza da realidade
e do conhecimento.

8
Conclusão

As concepções metafísicas desenvolvidas por Platão e Plotino sobre a natureza do ser,


apesar de suas origens na Antiguidade clássica, demonstraram possuir uma notável
longevidade e relevância para o pensamento filosófico e científico contemporâneo.
Mesmo diante dos avanços extraordinários do conhecimento científico moderno, as
ideias desses dois gigantes do pensamento ocidental continuam a ressoar e a inspirar
novas reflexões sobre a realidade última que subjaz o universo observável.

Ao longo deste artigo, exploramos como a distinção platônica entre o mundo sensível e
o reino inteligível das Formas ou Ideias encontrou eco nas filosofias modernas, desde o
racionalismo de Descartes e Leibniz até o idealismo de Kant e Hegel. Ademais, vimos
como essas noções exerceram influência significativa na interpretação da física quântica
por pensadores como Heisenberg e Schrödinger, bem como nas abordagens das ciências
cognitivas e da inteligência artificial na representação do conhecimento.

A contribuição singular de Plotino, por sua vez, reside na introdução do conceito do


Uno, um princípio supremo transcendente e indizível, do qual todas as coisas emanam
em uma hierarquia metafísica. Essa visão sistemática das emanações, partindo do Uno e
culminando no mundo material, forneceu insights profundos sobre a natureza da
existência e da busca pela reunião com a origem divina.

Embora não possamos aceitar acriticamente essas concepções à luz do conhecimento


científico moderno, elas continuam a exercer um fascínio duradouro e a estimular
reflexões profundas sobre a natureza da realidade e do conhecimento. Ao
contemplarmos as ideias de Platão e Plotino, somos desafiados a transcender a
superfície dos fenômenos sensíveis e a buscar uma compreensão mais profunda das
estruturas fundamentais que subjazem a existência.

Em última análise, as concepções metafísicas desses filósofos clássicos revelam-se


como um legado intelectual inestimável, um convite perene para questionarmos nossas
suposições mais básicas sobre a realidade e para buscarmos respostas cada vez mais
abrangentes e iluminadas. Esse legado continuará a frutificar novas ideias e insights,
enriquecendo o diálogo entre a filosofia e a ciência na jornada contínua de desvendar os
mistérios do ser.

9
Bibliografia
Bohm, D. (1980). Totalidade e a Ordem Implícita . Abingdon: Routledge.
Descartes, R. (1999). Meditações Metafísicas. São Paulo: Nova cultural.
Leibniz, G. W. (1999). Novos Ensaios Sobre o Entendimento Humano . São Paulo:
Nova Cultural .
Platão. (2001). A República . Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian .
Platão. (2011). Fédon. Belém: UFPA.
Plotino. (2021). Enéadas. São Paulo: Editora Polar.
Russel, S. J., & Norvig , P. (2013 ). Inteligência Artificial: Uma Nova Aboradagem
Moderna . Rio de Janeiro : Person.
Whitehead, A. N. (1978). Process and Reality . Nova York: The Free Press.

10

Você também pode gostar