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METAFÍSICA de Platão e Plotino
METAFÍSICA de Platão e Plotino
DE
Maio | 2024
06-05-2024 Páginas: 10
INSTITUTO SUPERIOR MARIA MÃE DE ÁFRICA
Através de uma revisão abrangente da literatura e de casos específicos, este artigo visa
compreender a relevância perene dessas concepções metafísicas, fomentando discussões
enriquecedoras sobre os desafios filosóficos contemporâneos relacionados à natureza do
ser.
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Abstract: The metaphysical conceptions of Plato and Plotinus regarding the nature of
being have exerted a profound and lasting influence on Western philosophical thought,
whose reverberations can be identified in various areas of contemporary knowledge.
This article explores and critically analyzes these influences, highlighting the
convergences and divergences between the views of these two classical thinkers. For
Plato, the sensible world is merely an imperfect copy of a higher realm of eternal and
immutable Forms or Ideas, which constitute true reality. Plotinus, in turn, developed a
hierarchical structure of emanations, starting from the One, a transcendent supreme
principle, and culminating in the material world.
Plato's distinction between the sensible and the intelligible found echoes in the
rationalism of Descartes and Leibniz, as well as in the idealism of Kant and Hegel.
Moreover, their ideas had surprising resonances in the interpretation of quantum physics
and in the approaches of cognitive sciences and artificial intelligence. Although
contestable in the light of modern scientific knowledge, these conceptions continue to
stimulate profound reflections on the nature of reality and knowledge.
Through a comprehensive literature review and specific case studies, this article aims to
understand the enduring relevance of these metaphysical conceptions, fostering
enriching discussions on contemporary philosophical challenges related to the nature of
being.
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Introdução
Para Platão, o mundo sensível, apreendido pelos sentidos, é uma mera cópia imperfeita
de um reino superior de Formas ou Ideias eternas e imutáveis, as quais constituem a
verdadeira realidade. Essa dicotomia entre o domínio sensível e o inteligível é exposta
de forma contundente na alegoria da caverna, presente em sua obra-prima "A
República". Séculos mais tarde, Plotino, o grande expoente do neoplatonismo, retomaria
e desenvolveria essa concepção, acrescentando a noção de um princípio supremo
transcendente, o Uno, do qual emanam todas as coisas em uma hierarquia metafísica.
O presente artigo tem como objetivo explorar e analisar de forma crítica as influências e
ressonâncias das visões de Platão e Plotino sobre o ser no pensamento filosófico e
científico contemporâneo. Busca-se, assim, compreender como essas antigas ideias têm
permeado e enriquecido as reflexões sobre a natureza da realidade e do conhecimento,
mesmo diante dos avanços e descobertas da ciência moderna.
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O Ser na Visão de Platão
Em sua busca por compreender a realidade última do universo, Platão desenvolveu uma
visão profunda e influente sobre a natureza do ser. Para ele, o mundo sensível,
composto por objetos físicos e perceptíveis pelos sentidos, é apenas uma cópia
imperfeita de um reino superior de Formas ou Ideias eternas e imutáveis. Estas Formas
são a verdadeira realidade, a essência fundamental que subjaz todas as coisas.
Para Platão, as Formas são eternas, perfeitas e imutáveis, enquanto os objetos sensíveis
são transitórios, imperfeitos e em constante mudança. A Forma do Belo, por exemplo, é
a perfeição da beleza em si, enquanto as coisas belas no mundo material são apenas
cópias imperfeitas dessa Forma. Assim Platão o sustenta: "E o que é então o Belo em si
mesmo? Aquilo que é eterno, que não nasce nem morre, que não cresce nem decresce,
que não é belo aqui e feio ali, belo sob certo aspecto e feio sob outro, belo para uns e
feio para outros?" (Fédon, 78d).
Platão também afirmava que a alma humana, antes de encarnar em um corpo físico,
contemplava diretamente as Formas no reino inteligível. O conhecimento verdadeiro,
para ele, é a reminiscência ou recordação dessas Formas que a alma contemplou
anteriormente. Por isso afirma: "Pois, na verdade, nós não adquirimos o conhecimento
em alguma época anterior, sendo nosso aprendizado apenas uma reminiscência."
(Fédon, 72e)
Desse modo, a filosofia de Platão sobre o ser estabelece uma distinção fundamental
entre o mundo sensível e o mundo inteligível das Formas, sendo este último a
verdadeira realidade e fonte de todo o conhecimento genuíno.
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O Ser na visão de Plotino
Plotino, o grande pensador neoplatônico do século III d.C., desenvolveu uma concepção
profunda e influente sobre a natureza do ser, baseada nas ideias de Platão, mas com suas
próprias contribuições originais. Para Plotino, o ser está organizado em uma hierarquia
metafísica que emana do Uno, a fonte suprema de toda a existência.
Abaixo do Uno, está o Intelecto (Nous), que é a primeira emanação do Uno e contém as
Formas ou Ideias platônicas. O Intelecto é a realidade inteligível, a fonte do
conhecimento verdadeiro e da razão. Para Plotino, o Intelecto é a esfera das Ideias ou
Formas inteligíveis, as essências imutáveis das coisas, as realidades eternas, imóveis e
sempiternas (Enéadas V).
Por fim, o mundo material é a última emanação, constituído pela Matéria e pelas formas
ou razões seminais que nela se encontram. É o nível mais baixo da hierarquia
metafísica, onde se manifestam as cópias imperfeitas das Formas inteligíveis. Assim o
sustenta: "A matéria é a última realidade, a mais distante do Uno, e por isso mesmo, a
mais destituída de ser e de forma" (Enéadas, I.8.7)
Para Plotino, o objetivo final do ser humano é retornar à sua origem divina, unindo-se
novamente ao Uno através de um processo de purificação e contemplação. Essa união
mística é descrita como a experiência suprema de êxtase e beatitude. E ali, então,
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repousando naquela região e tornando-se Uno consigo mesmo, não mais se distingue do
Uno: é um só com Ele (Enéadas, VI)
Por exemplo pode-se notar uma semelhança na distinção entre o mundo sensível e o
mundo inteligível. Para Platão “o mundo visível não passa de uma imagem ou sombra
dos objetos inteligíveis, os quais são a única realidade verdadeira." (A República, 517b).
E para Plotino, o Intelecto é a esfera das Ideias ou Formas inteligíveis, as essências
imutáveis das coisas, as realidades eternas, imóveis e sempiternas (Enéadas, V). Assim
podemos notar que ambos concordam na ideia de que o mundo das ideias é onde há a
essência imutável das coisas, ou seja, o Ser. A contrário do mundo sensível que é o
mundo da aparência e o mais distante do Uno. E é o mais destituído de ser e de forma.
Porém pode-se notar uma certa originalidade em certos aspectos, entres eles, A natureza
do princípio supremo. Platão concebia as Formas como realidades eternas e perfeitas,
mas não desenvolveu uma noção clara de um princípio supremo transcendente. Plotino,
por sua vez, introduziu a ideia do Uno, um princípio absoluto e indizível, além do
próprio ser, do qual todas as coisas emanam.
Além disso, Plotino elaborou uma hierarquia metafísica mais detalhada, com o Uno
emanando o Intelecto, que por sua vez emana a Alma, e esta dando origem ao mundo
material. Ao passo que, Platão não desenvolveu uma estrutura tão sistemática de
emanações, embora tenha sugerido uma hierarquia das formas. Assim pode-se destacar
as principais diferenças e semelhanças nas duas concepções do Ser.
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Influência na modernidade
Filósofos como René Descartes, o pai da filosofia moderna, foi fortemente influenciado
pela distinção platônica entre o mundo sensível e o mundo inteligível das ideias. Em
suas "Meditações Metafísicas", ele argumenta que nossas percepções sensoriais dos
objetos externos são apenas uma "imagem confusa da realidade", e que a verdadeira
realidade deve ser buscada nas ideias claras e distintas da razão, isto é, "Nossas
percepções dos objetos externos não são mais do que uma imagem confusa da realidade,
e a luz da natureza não atinge as coisas em si mesmas." (Descartes, 1999).
Já Alfred North Whitehead, um dos mais influentes filósofos do século XX, propôs uma
"filosofia do organismo" fortemente inspirada no platonismo, baseada na ideia de
"objetos eternos" ou formas platônicas que subjazem a realidade. Para ele, "A filosofia
platônica é a mais grandiosa metafísica já alcançada na tradição do pensamento
ocidental." (Whitehead, 1978).
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Na física quântica, a ideia de que a realidade última transcende nossa percepção
sensorial encontrou ressonância nas teorias que descrevem o comportamento paradoxal
das partículas subatômicas. Filósofos como Werner Heisenberg e Erwin Schrödinger
foram influenciados pelo platonismo em suas interpretações da mecânica quântica.
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Conclusão
Ao longo deste artigo, exploramos como a distinção platônica entre o mundo sensível e
o reino inteligível das Formas ou Ideias encontrou eco nas filosofias modernas, desde o
racionalismo de Descartes e Leibniz até o idealismo de Kant e Hegel. Ademais, vimos
como essas noções exerceram influência significativa na interpretação da física quântica
por pensadores como Heisenberg e Schrödinger, bem como nas abordagens das ciências
cognitivas e da inteligência artificial na representação do conhecimento.
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Bibliografia
Bohm, D. (1980). Totalidade e a Ordem Implícita . Abingdon: Routledge.
Descartes, R. (1999). Meditações Metafísicas. São Paulo: Nova cultural.
Leibniz, G. W. (1999). Novos Ensaios Sobre o Entendimento Humano . São Paulo:
Nova Cultural .
Platão. (2001). A República . Lisboa : Fundação Calouste Gulbenkian .
Platão. (2011). Fédon. Belém: UFPA.
Plotino. (2021). Enéadas. São Paulo: Editora Polar.
Russel, S. J., & Norvig , P. (2013 ). Inteligência Artificial: Uma Nova Aboradagem
Moderna . Rio de Janeiro : Person.
Whitehead, A. N. (1978). Process and Reality . Nova York: The Free Press.
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