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RESENHAS PEDAGÓGICAS

AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ESCOLAR (LUCKESI)

O QUE É AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM?


Ou seja, a avaliação deverá ser assumida como um instrumento de compreensão do
estágio de aprendizagem em que se encontra o aluno, tendo em vista tomar decisões
suficientes e satisfatórias para que possa avançar no seu processo de aprendizagem.
Desse modo, a avaliação não seria tão somente um instrumento para a aprovação ou
reprovação dos alunos, mas sim um instrumento de diagnóstico de sua situação,
tendo em vista a definição de encaminhamentos adequados para a sua
aprendizagem. Se um aluno está defasado não há que, pura e simplesmente,
reprová-lo e mantê-lo nesta situação.
Luckesi (2003), a avaliação da aprendizagem difere da pedagogia do exame. Ele
define avaliação como "um JUÍZO de qualidade sobre dados relevantes, para uma
tomada de decisão"
A avaliação pode ser caracterizada como uma forma de ajuizamento da qualidade do
objeto avaliado, fator que implica uma tomada de posição a respeito do mesmo, para
aceitá-lo ou para transformá-lo. (...) é um julgamento de valor sobre manifestações
relevantes da realidade, tendo em vista uma tomada de decisão (Luckesi, 1978).
A avaliação é processual e dinâmica. Na medida em que busca meios pelos quais
todos possam aprender o que é necessário para o próprio desenvolvimento, é
inclusiva. Sendo inclusiva é, antes de tudo, um ato democrático.
A avaliação, como ato diagnóstico, tem por objetivo a inclusão e não a exclusão; a
inclusão e não a seleção (que obrigatoriamente conduz a exclusão). O diagnóstico
tem por objetivo aquilatar coisas, atos, situações, pessoas, tendo em vista tomar
decisões no sentido de criar condições para a obtenção de uma maior
satisfatoriedade daquilo que se esteja buscando ou construindo. (1995, p. 172)
A avaliação realizada com os alunos possibilita ao sistema de ensino verificar como
está atingindo os seus objetivos, portanto, nesta avaliação ele tem uma possibilidade
de autocompreensão.
A avaliação atravessa o ato de planejar e de executar; por isso, contribui em todo o
percurso da ação planificada. A avaliação se faz presente não só na identificação da
perspectiva político-social, como também na seleção de meios alternativos e na
execução do projeto, tendo em vista a sua construção. Ou seja, a avaliação, como
crítica de percurso, é uma ferramenta necessária ao ser humano no processo de
construção dos resultados que planificou produzir, assim como o é no
redimensionamento da direção da ação.
Avaliação como ato subsidiário do processo de construção de resultados
satisfatórios. A atividade de avaliar caracteriza se como um meio subsidiário do
crescimento; meio subsidiário da construção do resultado satisfatório.
A avaliação da aprendizagem escolar é compreendida como um ato amoroso, “O ato
amoroso é aquele que acolhe a situação, na sua verdade (como ela é)” é um estado
psicológico oposto ao estado de exclusão. Isso significa a possibilidade de tomar
uma situação da forma como se apresenta, seja ela satisfatória ou insatisfatória,
agradável ou desagradável, bonita ou feia (2005).
"O ato de avaliar, devido a estar a serviço da obtenção do melhor resultado possível,
antes de tudo, implica a disposição de acolher a realidade como ela é" (2005).

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Acolher o educando, eis o ponto básico para proceder atividades de avaliação, assim
como para proceder toda e qualquer prática educativa.
O investimento necessário do sistema de ensino é para que o educando aprenda e a
avaliação está a serviço dessa tarefa. (p.31)
O ato de avaliar implica dois processos articulados e indissociáveis: diagnosticar e
decidir. Não é possível uma decisão sem um diagnóstico, e um diagnóstico, sem uma
decisão é um processo abortado (2000)
O ato de avaliar não é um ato neutro que se encerra na constatação. Ele é um ato
dinâmico, que implica na decisão de 'o que fazer' Sem este ato de decidir, o ato de
avaliar não se completa (2000)
Para que a avaliação diagnóstica seja possível, é preciso compreendê-la e realiza-la
comprometida com uma concepção pedagógica. No caso, consideramos que ela
deve estar comprometida com uma proposta pedagógica histórico-crítica, uma vez
que esta concepção está preocupada com a perspectiva de que o educando deverá
apropriar-se criticamente de conhecimentos e habilidades necessárias à sua
realização como sujeito crítico dentro desta sociedade que se caracteriza pelo modo
capitalista de produção. A avaliação diagnóstica não se propõe e nem existe de uma
forma solta e isolada. É condição de sua existência a articulação com uma concepção
pedagógica progressista.
A avaliação escolar deve ser estabelecida de forma processual durante todo
processo educativo, não apenas ao final deste, buscando resultados provisórios para
alcançar posteriormente o melhor dos resultados (LUCKESI, 2005).
“deverá ser o instrumento dialético do avanço, terá de ser o instrumento da
identificação de novos rumos.” A avaliação “terá de ser o instrumento do
reconhecimento dos caminhos percorridos e da identificação dos caminhos a serem
perseguidos.” (LUCKESI, 2005. p.44).
Na prática da avaliação da aprendizagem, focar a atenção só no desempenho do
educando pode trazer muitos enganos, desde que a fonte dos impasses pode estar
assentada em outros componentes (variáveis) da ação que não só a responsabilidade
de estudo e aprendizagem por parte do educando. Desse modo, importa focar tanto
o individual quanto o coletivo; tanto o estudante quanto a turma e o sistema.
Produzir bons e adequados instrumentos para a coleta de dados para a avaliação da
aprendizagem dos nossos educandos, sem subterfúgios, sem enganos, sem
complicações desnecessárias, sem armadilhas, pode ser um bom exercício ético na
nossa vida pessoal, assim como pode ser um bom e significativo exercício vivencial
de ensinar a ética aos nossos educandos na vida cotidiana.
O QUE NÃO É AVALIAÇÃO: PEDAGOGIA DO EXAME
Luckesi (2003), a avaliação da aprendizagem difere da pedagogia do exame: em que
todas as atividades docentes e discentes estão voltadas para um treinamento de
“resolver provas”, tendo em vista a preparação para o vestibular, como porta
(socialmente apertada) de entrada para a universidade.
A verificação é uma ação que “congela” o objeto; enquanto a avaliação, por sua
vez, direciona o objeto numa trilha dinâmica de ação.
Para o autor, "a prática do exame, devido a operar com os recursos de
aprovação/reprovação, obrigatoriamente conduz à política da reprovação, que tem
se manifestado como o mais consistente álibi para o fracasso escolar" (LUCKESI, 2005,
p. 19). Em avaliação não se julga nem se classifica, mas, sim, se diagnostica e se
intervém em favor da melhoria dos resultados do desempenho dos educandos.
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• pedagogicamente, ela centraliza a atenção nos exames; não auxilia a aprendizagem


dos estudantes. • psicologicamente, é útil para desenvolver personalidades
submissas. • sociologicamente, a avaliação da aprendizagem, utilizada de forma
fetichizada, é bastante útil para os processos de seletividade social.
Produz personalidades submissas e socialmente contribui para a seletividade, já que
está bastante articulada com a reprovação.
O ato de examinar se caracteriza, especialmente (ainda que tenha outras
características) pela classificação e seletividade do educando, enquanto que o ato de
avaliar se caracteriza pelo seu diagnóstico e pela inclusão. O educando não vem para
a escola para ser submetido a um processo seletivo, mas sim para aprender e, para
tanto, necessita do investimento da escola e de seus educadores, tendo em vista
efetivamente aprender
Atenção na promoção: Os alunos têm sua atenção centrada na promoção; Atenção
nas provas: Os professores utilizam as provas como instrumentos de ameaça e tortura
prévia dos alunos, protestando ser um elemento motivador da aprendizagem; Os
pais estão voltados para a promoção: Os pais das crianças e dos jovens, em geral,
estão na expectativa das notas dos seus filhos.
A atual prática da avaliação escolar tem estado contra a democratização do ensino,
na medida em que ela não tem colaborado para a permanência do aluno na escola
e a sua promoção qualitativa.
Luckesi (2005, p. 30) faz a seguinte afirmação: "Em nossa vida escolar, fomos muito
abusados com os exames". E "hoje no papel de educadores, repetimos o padrão".
Convivemos hoje, no cotidiano das escolas, com os exames, com suas características
classificatórias, excludentes e antidemocráticas e com a avaliação da aprendizagem
como uma proposta emergente, com as características diagnóstica, inclusiva e
socializante (Luckesi, 2012, p. 440),
Se na sua prova aparecer a definição de avaliação com os objetivos de: classificar,
selecionar, atribuir notas, promoção/promover, verificar, aprovar/reprovar, exame,
julgar → provavelmente a questão estará INcorreta.
AUTORES QUE CONCORDAM COM LUCKESI
A avaliação deve ser analisada como componente de um sistema de ação e como um
momento de reflexão, ou seja, avaliar é preciso, porém não apenas com o objetivo
de promover ou reprovar um aluno, mas para mediar à aprendizagem, como um
agente de formação do aluno.
A avaliação é uma tarefa complexa que não se resume a realização de provas e
atribuição de notas. A mensuração apenas proporciona dados que devem ser
submetidos a uma apreciação qualitativa. A avaliação, assim, cumpre funções
pedagógico-didáticas, de diagnóstico e de controle em relação as quais se recorrem
a instrumentos de verificação do rendimento escolar.
A avaliação é uma reflexão permanente sobre a realidade, e acompanhamento,
passo a passo, do educando, na sua trajetória de construção de conhecimento.
Na perspectiva da escola cidadã, propostas pelos princípios, ideias e diretrizes
levantadas no contexto escolar, a avaliação se caracteriza como processual, contínua,
participativa, diagnóstica e investigativa
A avaliação só faz sentido se for utilizada com a finalidade de saber mais sobre o
aluno e de colher elementos para que a educação escolar aconteça de forma próxima
da realidade e dentro de um contexto.

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