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AVALIAÇÃO: PRESENÇA CONSTANTE NO COTIDIANO ESCOLAR

Resumo:
A avaliação durante o processo de escolarização é um tema educacional que vem
sendo muito discutido, quer por expressar resultados incompatíveis com as expectativas de
alunos e pais, quer por ser relacionada à evasão ou à repetência escolar. No entanto, o
problema se instala quando avaliar passa a ser analisado como um processo final e isolado do
conjunto das ações pedagógicas. Neste artigo apresentamos a avaliação entendida como
constituidora do processo ensino-aprendizagem.

Palavras chaves: avaliação, evasão, exclusão, processo, escola, construção, conhecimento,


educador.

Toda atividade escolar do aluno dentro do processo ensino-aprendizagem, implica


numa avaliação que determina características que o indivíduo possui. Assim, a tendência é
conceber a avaliação como processo de julgamento do desempenho do aluno em face dos
objetivos propostos. Considerando este contexto, a avaliação assume um caráter quantitativo
no qual o que se aprende equivale a uma certa quantidade de conhecimento ensinado. O aluno
neste tipo de ensino memoriza as informações e responde nas provas o que foi mecanicamente
adquirido, cria-se um falso sucesso escolar. Não só o aluno, mas a escola e o professor
enquanto sujeitos envolvidos nesta relação ensino-aprendizagem são também atingidos por
este fracasso na medida em que sua atividade é definida como aquela que explica, treina e
avalia.
Esta forma de avaliar tem gerado sérios questionamentos por parte de educadores.
As críticas aos testes padronizados diante da necessidade de respeitar o ritmo individual de
cada um, para aprendizagens significativas. É nesse contexto que se inicia a valorização das
questões abertas, do sujeito construindo suas próprias respostas, provas subjetivas... Bem
como os aspectos afetivos e emocionais que interferem na aprendizagem. Luckesi deixa isto
bem claro na seguinte citação:

A avaliação da aprendizagem não é e não pode continuar sendo a tirana da prática


educativa, que ameaça e submete a todos. Chega de confundir avaliação da
aprendizagem com exames. A avaliação da aprendizagem por ser avaliação, é
amorosa, inclusiva, dinâmica e construtiva, diversa dos exames, que não são
amorosos, são excludentes, não são construtivos, mas classificatórios. A avaliação
inclui, traz para dentro; os exames selecionam, excluem, marginalizam (2000, p.
07).

Nesta perspectiva, o conhecimento não é tratado como algo pronto e acabado, mas
fruto das relações e produções do educando e educador podendo desta forma ser apropriado,
elaborado e reelaborado. Então, professores e alunos juntos refazem os conhecimentos e
criam novos saberes admitindo interesses, ritmos de aprendizagem e formas de trabalhar
diferentes.
É por meio de uma investigação de situações que o professor medeia e desafia o
aluno na atividade da aprendizagem que será possível entender como se dá seu processo de
internalização do conhecimento e que estratégias poderão ser utilizadas para fazê-lo avançar.
A avaliação torna-se um instrumento que favorece as decisões do professor.

Precisamos conceber e praticar a avaliação com outra forma de aprender, de ter


acesso ao conhecimento, e como uma oportunidade a mais de aprender e de
continuar aprendendo. Precisamos transformá-la em um meio pela qual os sujeitos
que aprendem, expressam seu saber não sobre o imediato, mas sim sobre o saber
acumulado... (Álvares Mendes, 2002, p. 81).

Entendendo desta forma, acaba-se com a idéia de avaliação enquanto julgamento


de resultados finais, para assumir sua função diagnóstica, ou seja, instrumento do
reconhecimento dos caminhos percorridos e dos caminhos a serem seguidos.
Da mesma forma, rompe-se com as idéias de avaliação somente do sujeito que
aprende, para compreendê-la como um processo que ocorre a todo instante e que envolve
professores, pais, alunos e todos os responsáveis pela ação ensino-aprendizagem.
A avaliação só se completa com a possibilidade de indicar caminhos mais
adequados e mais satisfatórios para uma ação, que está em curso. O ato de avaliar implica a
busca do melhor e mais satisfatório estado daquilo que está sendo avaliado (Luckesi, 2000, p.
11).
Sendo participativa a avaliação possibilita oportunidades para que o professor e
aluno conscientizem-se da evolução de sua aprendizagem, como momento de ajuda, podendo
assim fazer e refazer caminhos juntos. Diante desta prática a escola deixaria de ocupar o lugar
de selecionadora que somente contribui para o índice de evasão e repetência, para conquistar
seu espaço de acolhedora de alunos com desigualdades sociais e familiares, e diferentes
expectativas e interesses.

Referências Bibliográficas:
ÁLVARES, Mendes Juan Manuel. Avaliar para conhecer, examinar para excluir. Porto
Alegre: Artemed, 2002.

LUCKESI, Carlos Cipriano. O que é mesmo o ato de avaliar a aprendizagem? Porto Alegre:
Pátio, Artes Médicas do Sul, ano 3, n. 12, Fev/abr. 2000.

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