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O BRINQUEDO

RESUMO:
Esse artigo foi desenvolvido com o objetivo de conhecer melhor o
brinquedo, sua ação sobre a criança, e também, as funções que pode assumir
desde a social, a afetiva e em maior relevância, a educacional.

INTRODUÇÃO:
Estudar o brinquedo é sempre algo fascinante, pois a magia, o
entusiasmo, a emoção e o prazer de fazer e aprender, estão presentes em situações
de jogo e de brincadeira, não podem ficar ausente, nem mesmo quando se trata de
pesquisa e literatura.
Em diferentes sociedades e culturas a relação do brinquedo na educação
vai assumindo dois contornos diferenciados, conforme a concepção que se tem de
criança e de infância, de brinquedos e de educação.

O BRINQUEDO

Por ser considerado como o material utilizado para jogar e brincar; é o


brinquedo um objeto de estudo de profunda riqueza. É um dos elementos que revela
a cultura, os valores, as crenças e concepções de mundo e de cada povo em cada
tempo histórico.
É possível conhecer e identificar uma história, brinquedos que ainda hoje
encontramos nas mãos das crianças ou em estantes e prateleiras de grandes lojas
de brinquedos.
Muitos foram utilizados durante muito tempo como objetos ligados às
atividades artísticas, sacras, místicas ou de trabalho, mas tendo estreitas ligações
com colheitas e fertilidades, antes de serem considerados efetivamente brinquedos
de crianças.
Felipe Ariés (1981, p.16), por meio de inúmeras representações
iconográficas, realizou um importante estudo na tentativa de explicar como sugiram
os brinquedos. Na interpretação desse autor, alguns deles “nasceram do espírito de
imitação das crianças, que as levou a imitar as atitudes dos adultos, reduzindo-as à
sua escola, foi o caso do cavalo-de-pau, numa época em que o cavalo era o
principal meio de transporte e de tração, como na Idade Antiga”.
Da mesma forma, a técnica dos moinhos de vento, iniciada na Idade
Média, logo foi motivo de imitação das crianças com as pás que gravam na ponta de
uma vareta.
Apesar de os moinhos de vento há muito tempo terem desaparecidos, os
cata-ventos continuam sendo confeccionados e vendidos, principalmente em feiras e
festas religiosas.
A julgar pela iconografia, principalmente a que retrata o século XV,
conforme Ariés, o pássaro amarrado parece ter sido um dos brinquedos mais
comuns na Idade Média.
Geralmente a criança era representada brincando com um pássaro, que
em geral estava amarrado a uma cordinha. Às vezes, ele era uma imitação de
madeira. Nelsson informa-nos que tanto na Grécia Antiga, como na Grécia Moderna,
era costume nos primeiros dias de março, os meninos fazerem uma andorinha de
madeira enfeitada com flores, que girava em torno de um eixo. O pássaro era levado
de casa em casa e os meninos recebiam presentes. O pássaro ou sua imitação não
era brinquedo individual, e sim, elemento de uma festa coletiva Sazonal, da qual a
juventude participava.
Mais tarde, o pássaro se tornou brinquedo individual, destituído de
qualquer conteúdo social, sem relação com a comunidade ou com o calendário de
festividades.
Nelsson também mostra como o balanço, brinquedo tão freqüente na
iconografia ainda no século XVIII, fazia parte da festa da juventude, interpretada
como rito da fecundidade, prevista no calendário.
Conforme Ariés em 1981 (p. 89): “a boneca e os demais brinquedos
miniaturas levam-nos a hipótese semelhante”.
Os historiadores de brinquedos e os colecionadores de bonecas e de
brinquedos sempre tiveram muita dificuldade de distinguir a boneca, brinquedo de
criança, de todas as outras imagens e estatuetas, porque na Antiguidade, as réplicas
de culto doméstico ou funerário tinham significação religiosa, e foram
freqüentemente encontrados em túmulos. A boneca era o perigoso instrumento do
feiticeiro e do bruxo.
Diz que as bonecas tchuktchis eram dados as meninas como agentes
protetoras da fertilidade. Quando uma moça se casava, levava suas bonecas e as
escondia em um saco que guardava na cabeceira para com sua influência, ter filhos
logo.
Em 1747, surge em Paris, os brinquedos chamados fantoches, o qual
Barbier escreve: “São dados de presente a todas as mulheres, meninas e a loucura
chegou a tal ponto que, no início deste ano, todas as lojas se encheram deles para
vendê-los como presentes.
O chocalho, um dos primeiros brinquedos presenteados aos bebês, foi
inicialmente um objeto de adoração indígena e conforme Benjamin (1984) “desde
tempos remotos é um instrumento de defesa contra maus espíritos, o qual
justamente deve ser ao recém-nascido” (p.72). Muitos dos mais antigos brinquedos
(a bola, o papagaio, o arco, a roda de pernas) foram impostos às crianças, de certa
forma, como objetos de culto, e somente mais tarde, devido à força da imaginação
das crianças, transformados em brinquedos.
Em termos gerais, parece que os brinquedos estão marcados por toda à
parte, pelos prestígios de gerações passadas. Levou Benjamin a dizer que a infância
tornou-se o reservatório dos costumes abandonados pelos adultos.
Segundo Piaget, o brinquedo entendido como objeto do jogo ou como o
próprio jugo, tem um lugar de grande importância no desenvolvimento pleno da
criança sob os aspectos, social, emocional e intelectual. Como afirma a entrevista
feita com a professora Marli (Vide questionário).
Piaget diz que “... a criança que joga desenvolve suas percepções, sua
inteligência, suas tendências à experimentação, seus instintos sociais, etc”.
Enquanto brinca ou como brinca. “... mostra-se em todo o seu frescor, em toda a sua
espontaneidade. Quando joga, não sabe esconder nenhum dos sentimentos que a
impulsionam”.
Vygotsky (1994) afirma que “no brinquedo, a criança sempre se comporta
além do comportamento habitual de sua idade, além de seu comportamento diário,
no brinquedo é como se ela fosse maior do que é na realidade (p.134)”.
Por isso, a importância do faz-de-conta.
Para Piaget “... na brincadeira do faz-de-conta (chamada por ele de jogo
simbólico) as crianças criam símbolos lúdicos que podem funcionar como uma
espécie de linguagem interior, que permite a elas reviver e repensar acontecimentos
interessantes ou impressionantes. As crianças, mais do que repensar necessitam
reviver os acontecimentos, para isso recorrem ao simbolismo direto da brincadeira”.
Este entendimento do brinquedo como fator de constrição e também
defendido por pesquisadores educacionais, que vêem no brinquedo um instrumento
que proporciona a aprendizagem e o desenvolvimento de várias habilidades, pois o
brinquedo materialmente falando, é recurso de aprendizagem, sua escolha deve ser
função do ambiente escolar, dos objetivos do ensino e dos princípios de
aprendizagem.
Segundo Piaget o jogo é um meio tão poderoso para a aprendizagem das
crianças, que a iniciação à leitura, ao cálculo e à escrita, tornam-se atividades que
proporcionam prazer, ao contrário do que comumente ocorre quando estas
atividades são encaradas como trabalho escolar pelas crianças.
Piaget também defende a idéia de que o desenvolvimento da inteligência
se dá de forma progressiva, é resultado de uma construção onde estão envolvidos
de forma ativa o sujeito e o ambiente, mesma relação de interação. Esse
desenvolvimento tem estágios que devem ser respeitados, pois a cada estágio
corresponde a uma estrutura mental, que torna a criança apta a compreender
noções mais complexas.
É muito importante ressaltar que o envolvimento do educador é
fundamental, pois sem a mediação do professor de nada valerá à criança, o acesso
a uma grande variedade de material. Essa intervenção deve ser feita de forma a
garantir que a criança brinque com espontaneidade e iniciativa, para que retire da
brincadeira a alegria que ela espera.
O brinquedo, que pode ser convertido em educativo pelo educador, dá a
este, a oportunidade de obter informações importantes sobre a criança quanto ao
seu desenvolvimento cognitivo, social e emocional, tornando sua ação pedagógica
mais eficiente por compreender a criança, conhecendo suas habilidades e podendo
ajudá-la a vencer suas dificuldades.
Após todas as posições teóricas explicitadas neste artigo, o que pode-se
compreender é que Piaget vê o brinquedo ou jogo como um fator de
desenvolvimento emocional, social e intelectual, uma atividade que deve sempre
estar associada à alegria, criatividade e imaginação, e que o brinquedo tem uma
grande importância na vida das crianças, pois através do mesmo, é que a criança
aprender a relacionar-se com o mundo.
QUESTIONÁRIO

1) Para você, o que é o brinquedo?


Professora Marli responde: Brinquedo é uma forma onde a criança se expressa
explorando e conhecendo melhor o que é real, criando e recriando-o a sua maneira
de ver o mundo.

2) Quais os tipos de brinquedo que você conhece?


 Blocos-lógicos
 Dominó
 Vaivém
 Bingo
 Bilboquê
 Passa a bola
 Pescaria
 Ábaco
 Quebra-cabeça
 Casinha

3) Qual a função do brinquedo na Educação Infantil?


Professora Marli: A função do brinquedo não se limita ao mundo das emoções e da
sensibilidade, ela aparece também ativa no domínio da inteligência e coopera para a
evolução do pensamento e de todas as funções mentais superiores. O desempenho
psicomotor da criança enquanto brinca alcança níveis que só mesmo a motivação
intrínseca consegue. O brinquedo também auxilia na solução de problemas e
tomada de decisões.

4) Relacione alguns brinquedos que você usa com as crianças?


 Jogo da memória
 Blocos-lógicos
 Dominó
 Bingo
 Pescaria
 Quebra-cabeça
 Vaivém
 Ábaco
 Bilboquê

5) De que forma você utiliza o brinquedo em suas atividades?


Professora Marli responde: Em algumas situações ele pode apenas ser colocado no
ambiente que a criança vai explorar, ou trás vezes precisa ser apresentado a ela,
mostrando a possibilidade de exploração que ele oferece. É preciso, de qualquer
maneira, que ele seja atraente e compatível com o seu desenvolvimento.
A participação do adulto na brincadeira da criança também é importante em
determinados momentos, primeiro porque reforça os laços afetivos, é uma maneira
de mostrar o que ela faz é importante, ela se sente prestigiada; seguindo, porque o
brinquedo se torna estimulante e pode levar a criança a fazer descobertas e
vivenciar experiências.

6) Como o brinquedo pode auxiliar no desenvolvimento da criança?


O brinquedo é uma oportunidade gostosa e repleta de prazer que favorece o
desenvolvimento infantil, ele estimula a inteligência fazendo com que a imaginação e
a criatividade fluam, ao mesmo tempo em que possibilita o exercício da
concentração, da atenção, da linguagem e o desenvolvimento do pensamento
lógico, aguça a curiosidade, a iniciativa, a autoconfiança e a tomada de decisões.
Ele proporciona o aprender brincando e também o aprender no concreto, o que torna
a aprendizagem mais rica e duradoura.

REFERÊNCIAS

ARIÉS, P. História Social da Criança e da Família. Rio de Janeiro: LCT, 1981. p. 89-
91.

VOLPATO, Gildo. Jogo, brincadeira e brinquedo. Florianópolis: Cidade Futuro, 2002.


p. 16-19.

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