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AVALIAÇÃO DO ENSINO/APRENDIZAGEM: UM DISCURSO POLÍTICO DESVINCULADO DA REALIDADE

DO EDUCANDO

Desvio no uso da avaliação, como deve ser a avaliação, questionamento acerca da


avaliação,...

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para o aluno, quando é um processo contínuo
com vista à reflexão crítica sobre a prática e não
apenas configurada por uma classificação e um
discurso
político vago desvinculado da realidade do
educando”.

Roberto Giancaterino

A avaliação está sempre presente nas atividades


humanas, uma vez que, se está constantemente
estabelecendo comparações entre coisas e
valores diferentes (ou semelhantes), obrigando as
pessoas a fazerem escolhas, nem sempre fáceis.
Dentro do ambiente educacional não é diferente,
a avaliação ocupa lugar de destaque, sendo que
além dos alunos, os professores as instituições
também são avaliados.

Todavia, em decorrência de padrões históricos-


sociais, que se tornaram crônicos nas práticas
pedagógicas, a avaliação no ensino assumiu a
prática de “provas e exames”, gerando na opinião
de estudiosos um desvio no uso da avaliação.
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construção de resultados satisfatórios, tornou-se
Assim, ao invés de ser um instrumento favorável a

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O ideal é que a avaliação considere a relação
mútua existente entre os aspectos qualitativos e
quantitativos da vida escolar do educando. Para
isso, deve assumir várias formas, umas mais
sistemáticas, outras menos, umas mais formais, ou
mais informais. Sendo assim, o resultado das
avaliações será apenas o reflexo do trabalho do
professor. Isto porque, avaliar é um processo que
exige comprometimento e perseverança do
professor para vencer os obstáculos que surgem.

Na ação pedagógica a avaliação sempre se


justifica em função dos objetivos previstos, que
vão nortear o processo ensino-aprendizagem,
que se define o que e como julgar, ou seja, o que
e como avaliar. A avaliação pode ser entendida
como um processo de análise qualitativa
referente ao ensino e aprendizagem entre os
alunos. Sendo esta, conseqüência de uma
abordagem que envolve, além do aluno, o
ambiente escolar e principalmente o professor. A
avaliação possibilita verificar se os objetivos
foram atingidos e realizados em sala de aula.
Através de formas diferentes é possível avaliar o
desenvolvimento do aluno, e assim, obter o
resultado para dar continuidade no processo de
ensino.

Vasconcellos (1994:43) destaca a avaliação como


sendo “um processo abrangente da existência
humana, que implica uma reflexão crítica sobre a
prática, no sentido de captar seus avanços, suas
resistências, suas dificuldades e possibilitar uma
tomada de decisão sobre o que fazer para
superar os obstáculos”.

Conforme destaca Granlund apud Sousa


(1994:30), a avaliação é um processo contínuo,
ligado a todo bom ensino e aprendizagem.
Podendo ser definida como um processo
sistemático, determinando a extensão na quais os
objetivos educacionais foram alcançados pelos
alunos. De acordo com o próprio autor, há dois
aspectos fundamentais nesta definição, (1) a
avaliação implica um processo sistemático,
omitindo observações casuais, não-controladas a
respeito
objetivos doseducacionais
alunos; (2) sempre
sejam pressupõe que
previamente
identificados.

Corroborando com o autor Dias Sobrinho (1995),


também enfatiza que a principal questão da
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avaliação é a qualidade, termo portador de uma


semântica dispersa, especialmente quando
referida à educação. Como é sempre o caso de
valores, mergulhado em sistemas filosóficos,
político, ético e cultural, a noção de qualidade
educativa é variável no tempo, no espaço e,
sobretudo nas diversas organizações
intersubjetivas.

Todavia, os resultados da avaliação têm sido


utilizados como um instrumento de
questionamento em busca da qualidade e
eficiência nas instituições de ensino no conjunto
de seus serviços. Assim, avaliar os resultados
supõe também que exista uma metodologia
adequada de coleta de informações que,
evidentemente, precisam ser objetivas.

Vale salientar que, o conceito de avaliação é


muito abrangente e contextualiza descrições
qualitativas e quantitativas da atuação do aluno,
enquanto permanece no espaço escolar e mais,
emite julgamento de valor no que se refere às
metas propostas. Sendo assim, a avaliação
acontece independente de medidas
estabelecidas. No entanto, faz-se necessário
desenvolver uma série de ações sistemáticas que
visam buscar fins comuns.

A avaliação, portanto, representa um trabalho


participativo, no qual há o engajamento de toda a
comunidade educacional na busca de êxitos,
tendo como perspectiva a continuidade da
aprendizagem e um conhecimento de qualidade.
Neste caso, a avaliação deve ser compreendida
com um processo mediador onde os
pressupostos de caráter qualitativo sirvam como
subsídio para uma contínua reflexão do trabalho
educacional.

De acordo com Luckesi (1991:27), o tema


avaliação, vem ganhando foros de independência
da relação professor-aluno. Ancorados pelas
idéias do autor é possível perceber que a
avaliação vem sendo direcionada para um
contexto unicamente classificatório, sob o qual
são desenvolvidos testes e provas que visam
conteúdo,
analisar no sentido
unicamente o teórico e desvinculado da
realidade do educando.

A impressão que se tem é que as notas não


possuem relação com a aprendizagem. Trata-se
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apenas de um fetiche cujos propósitos levam a


conclusão que a seletividade é o objetivo
principal da avaliação. No entanto, é importante
observar que a avaliação não pode ser usada
como instrumento reducionista, como se avaliar
pudesse limitar-se à aplicação de meios, para
coleta de dados com posterior mensuração ou
valor. Neste sentido, “o diagnóstico de
dificuldades e facilidades não deve ser
compreendido como um veredicto, mas sim,
como uma análise da situação atual do educando,
em função das condições de ensino que irão
sendo oferecidas” (Sousa, 1994:227).

Além disso, de acordo com D’ambrósio (1999:37),


“não há testes que respondam com exatidão ao
que o aluno deve saber em determinada idade ou
em determinada etapa, contudo, cada aluno é um
indivíduo com estilo e ritmo próprio de
aprendizagem”. E neste contexto, a realidade
educacional não demonstra clareza dos
propósitos que a avaliação deve alcançar,
principalmente porque, na maioria das vezes, ela
assume um caráter mecanicista e limitador das
potencialidades do educando.

Neste aspecto, de acordo com Albuquerque &


Silva (1995:9), a avaliação deve deixar de ser um
momento terminal no processo educativo para
“transformar-se na busca incessante de
compreensão das dificuldades do educando e na
dinamização de novas oportunidades de
conhecimento”. Entretanto, na medida em que a
ação avaliativa exerce uma função dialogada e
interativa, ela promove os seres morais e
intelectualmente, tornando-se críticos e
participativos, inseridos no contexto social e
político.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A avaliação é um processo contínuo que deve


ocorrer-nos mais diferentes momentos do
trabalho. A verificação e a qualificação dos
resultados da aprendizagem no início, durante e
no final das unidades didáticas, visam sempre
diagnosticar e superar dificuldades, corrigir falhas
e estimular os alunos a continuarem dedicando-
se aos estudos. A avaliação da aprendizagem
necessita, para cumprir o seu verdadeiro

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significado, assumir a função de subsidiar a


construção da aprendizagem bem-sucedida.

A condição necessária para que isso aconteça é


de que a avaliação deixe de ser utilizada como um
recurso de autoridade, que decide sobre os
destinos do educando, e assuma o papel de
auxiliar o crescimento. É neste sentido que os
professores encontram muitas dificuldades, sendo
de suma importância que o professor saiba
exercer seu papel de mediador entre o aluno e o
saber e utilize a avaliação como alavanca de
promoção do indivíduo.

Portanto, avaliar o aluno apenas no seu


desenvolvimento cognitivo é avaliar uma faceta
do processo de aprendizagem, é negar-lhe o
desenvolvimento de todas as suas possibilidades,
é uma farsa, um discurso político desvinculado da
realidade do educando.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBUQUERQUE, Ivanise M. & SILVA, Arnold C.


Abordagem e tendências. Fortaleza - CE, 1995.

D’AMBRÓSIO, Ubiratan. Educação para uma


sociedade em transição. Campinas - SP: Papirus,
1999.

DIAS SOBRINHO, José (org.). Avaliação


institucional da unicamp: processo, discussão e
resultados. Campinas - São Paulo: UNICAMP,
1995.

LUCKESI, Cipriano Carlos. Revista tecnologia


educacional. Rio de Janeiro - RJ: v. 20 jul/ago,
1991.

SOUSA, Clariza Prado de. (org.). Avaliação do


rendimento escolar. 3. ed. Campinas - SP:
Papirus, 1994.

VASCONCELLOS, C. S. A construção do
conhecimento em sala de aula. São Paulo:
Cadernos Pedagógicos do Libertad 2, 1994.

SOBRE O AUTOR

Prof. Dr. Roberto Giancaterino, PhD, nasceu em


1964, na cidade de Campinas, estado de São
Paulo. Residente em São Bernardo do Campo -
SP. É Pós-Doutorado em Educação; Doutor em
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Filosofia, Tecnologia Educacional e Mestre em


Ciências da Educação e Valores Humanos.
Especialista em Psicopedagogia Clínica e
Institucional; Valores Humanos Transdisciplinares;
Docência do Ensino Superior; Administração e
Supervisão Educacional. Também é Bacharel e
Licenciado em Filosofia, Física, Matemática e
Pedagogia. Escritor, Pesquisador, Palestrante,
Conferencista e Seminarista na Área Educacional.

É autor de vários trabalhos científicos


reconhecidos por acadêmicos, entre eles: O best-
seller “Escola, Professor, Aluno - Os Participantes
do Processo Educacional” editado pela editora
Madras que já é sucesso mundial. Iniciou-se no
magistério em 1984 na disciplina de Matemática,
posteriormente, ao final da mesma década já
lecionava também na disciplina de Física.
Atualmente atua como professor universitário em
cursos de pós-graduação em disciplinas
pedagógicas, e, na rede pública estadual leciona
Matemática e Física. Em seu caminhar pela
educação, Giancaterino idealiza com uma
educação de qualidade e completa para todos,
principalmente aos menos favorecidos e que
associe todas as dimensões do sujeito como ser
humano.

Algumas frases marcante de sua autoria:

“Quando a escola não é importante para os pais,


também não é para os filhos”.

“Um país se constrói com bons homens e bons


livros”.

“Enquanto a Educação for utópica em sua


complexidade, o sonho é necessário para que
possamos trilhar um caminho”.

“O trabalho de um homem perpetua quando


atravessa os tempos”.

“Às vezes, as coisas mais reais do mundo são


aquelas que não podemos ver”.

“Ceder, nem sempre é sinônimo de derrota, é ser


mediador do bom senso para o momento”.

“Existe só uma maneira de superar os obstáculos,


ultrapassá-los”.

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“O trabalho enobrece o homem quando ele é


digno do seu suor”.

“Enquanto houver guerras entre os homens à paz


será uma espécie em extinção”.

“Um dos maiores atos de covardia do ser


humano, não é errar, mas sim, não assumir seu
próprio erro”.

“O espírito de luz é aquele que transforma as


coisas ruins em virtudes”.

Contato:prof.giancaterino@terra.com.br /
giancaterino@terra.com.br

Publicado por: ROBERTO GIANCATERINO

O texto publicado foi encaminhado por um usuário do site por meio do canal colaborativo Meu Artigo. Bra

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