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Química Inorgânica Experimental

Roteiro 09 (Química e Engenharias) – 2023/1

Síntese e caracterização do Complexo


Roteiro 09
K3[Fe(C2O4)3].3H2O
Estudante: 6
d e
ommez Data:
Professor(a): Turma:

Pré-Laboratório

1. Após ler o Roteiro de Prática, elabore um Fluxograma indicando todas as etapas a serem
realizadas para a preparação do composto K3[Fe(C2O4)3].3H2O.

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2. Escreva a equação química balanceada para a síntese do composto utilizando como reagente
de partida o cloreto de ferro (III).

3. Complete o quadro a seguir.

Quadro 1. Quantidades de reagentes utilizados e de produtos previstos


Massa Quantidade de Quantidade máxima Quantidade de
Substância Molar reagentes de produtos reagentes excedente
-1
g mol g mmol g mmol g mmol
FeCl3 162,203 XXXX XXXX

K2C2O4.H2O 184,231 XXXX XXXX

K3[Fe(C2O4)3].3H2O 491,243 XXXX XXXX XXXX XXXX

4. O que é e para que serve a recristalização?

5. Por que o produto K3[Fe(C2O4)3].3H2O deve ser estocado protegido da luz? Como protegê-lo
da luz?

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Introdução

Objetivos
Aprender a realizar a síntese do trioxalato-O,O’-ferrato(III) de potássio tri-hidratado -
K3[Fe(C2O4)3].3H2O, a partir do cloreto de ferro(III) anidro. Aprender a purificar um composto pelo
processo de recristalização.

Complexos de ferro
Neste experimento será preparado um composto de coordenação de Fe(III), o trioxalato-O,O’-
ferrato(III) de potássio tri-hidratado.
Para preparar o composto, reage-se cloreto de ferro(III) com oxalato de potássio, conforme a
equação a seguir:

"! #
FeCl3(s) + 3 K2C2O4×H2O(s) !⎯⎯# K3[Fe(C2O4)3].3H2O(s) + 3 KCl(aq)

O complexo aniônico [Fe(C2O4)3]3- apresenta uma geometria octaédrica, em que dois átomos
de oxigênio de cada íon oxalato ocupam os vértices adjacentes do octaedro, com o íon Fe3+ ocupando
o centro, conforme representado na Figura 1.

Figura 1. Estrutura do íon trioxalato-O,O’-ferrato(III). A carga do íon não foi representada para
facilitar a visualização. Fonte da imagem dos isômeros:
https://en.wikipedia.org/wiki/Potassium_ferrioxalate#/media/File:2-isomers-of-ferrioxalate.svg

Como o íon trioxalato-O,O’-ferrato(III) não tem um plano de simetria e nem um centro de


inversão, ele é um composto quiral, ou seja, a combinação de um ion Fe3+ e 3 ligantes oxalato permite
a formação de dois isômeros que são a imagem especular um do outro. Esse par de isômeros está
representado do lado direito da Figura 1. Assim como a mão direita e a mão esquerda, um isômero é
a reflexão do outro e eles não são superponíveis. A única propriedade física que os diferencia é que
um desvia o plano da luz polarizada para a esquerda (isômero-Λ) e outro para a direita (isômero-Δ),
por isso são chamados isômeros ópticos. Embora pareça apenas uma curiosidade científica, este tipo
de isomeria é extremamente importante para sistemas biológicos, pois muitas biomoléculas são

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quirais e sua interação com estes tipos de isômeros ópticos (por exemplo, alguns medicamentos)
podem ser distintos com cada um destes isômeros.
O trioxalato-O,O’-ferrato(III) de potássio tem coloração verde esmeralda e tem aspecto
fluorescente. Ao ser exposto aos comprimentos de onda no intervalo de 100 a 280 nm sofre
decomposição fotoquímica, segundo a equação química abaixo, gerando um íon de Fe2+, dois ânions
oxalato (C2O42-) e um ânion oxalato radicalar (C2O4×-):

$
[Fe(C2O4)3]3- !# Fe2+ + C2O4×- + 2 C2O42-

Nesse intervalo de comprimentos de onda, o ânion oxalato radicalar se decompõe a CO2 e ×


CO2(g).

×
A fim de manter uma determinada estabilidade, o CO2 ataca o complexo de Fe3+ gerando
novamente Fe2+ e três íons C2O42- , além de CO2 gasoso:

C 2 O4 ×-
×
® CO2 + CO2(g)

×
[Fe(C2O4)3]3- + CO2 ® Fe2+ + 3 C2O42- + CO2(g)

Por esse motivo, o complexo K3[Fe(C2O4)3].3H2O é muito utilizado como actinômetro no


estudo de reações fotoquímicas, devido à sua elevada sensibilidade à luz, fácil manuseio e
reprodutividade. A actinometria é um processo químico que permite medir a intensidade de radiação
em uma ampla gama de valores da dose total de radiação.
Para evitar que o processo de fotorredução ocorra, o composto deve ser estocado protegido
da luz, por exemplo, recobrindo o frasco de estocagem com papel alumínio.

Purificação de um composto por recristalização


Nas sínteses realizadas até então nesta disciplina, os complexos sintetizados foram
precipitados a partir das soluções de síntese e, após a filtração, foram lavados com solventes para a
remoção de impurezas. Este é um procedimento utilizado inclusive na indústria química e, se a
precipitação é feita em condições apropriadas, é possível obter um produto com pureza elevada.
Entretanto, algumas vezes é necessária uma purificação adicional. A maneira mais conveniente de
purificar sólidos solúveis é a recristalização.
A recristalização consiste em dissolver o sólido em solvente(s) apropriado(s), remover por
filtração alguma parte que não tenha se dissolvido e, a partir do filtrado, mudar as condições do meio
para que a solubilidade do produto de interesse seja reduzida e este precipite novamente. Espera-se
que as impurezas, por estarem em menor concentração, não tenham a sua solubilidade reduzida e
permaneçam em solução. A cristalização mais lenta, sem variações bruscas das condições do meio,
costuma resultar em produtos mais puros. São duas as estratégias mais utilizadas para a
recristalização:
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1) Dissolução a quente
Caso um composto seja pouco solúvel em um determinado solvente a uma temperatura baixa e seja
solúvel em temperatura elevada, pode-se adicionar uma quantidade deste solvente insuficiente para
dissolver o composto a frio, aquecer a mistura, filtrar a solução ainda quente, e deixar o filtrado esfriar,
se necessário, colocando o filtrado em banho de gelo.

2) Mistura de solventes
Caso um composto seja solúvel no solvente A e pouco solúvel no solvente B e os solventes A e B são
miscíveis, pode-se dissolver o composto no mínimo do solvente A e, se necessário, filtrar para remover
material insolúvel. Ao filtrado, adiciona-se aos poucos o solvente B e o sistema é deixado em repouso
para que o soluto precipite.

Após a recristalização, o produto é separado por filtração e lavado com os solventes


apropriados. A recristalização leva à perda de rendimento, pois parte do produto fica na solução com
as impurezas. Além disto, há um aumento de efluentes/resíduos. Assim, em processos industriais, é
desejável que já na primeira cristalização o produto seja obtido com a pureza adequada. Entretanto,
a recristalização é um processo corriqueiro para a purificação de produtos em escala de laboratório.

Parte Experimental

Materiais
Conjunto básico, conjunto para síntese, conjunto para filtração a vácuo, conjunto de
agitação/aquecimento, funil analítico, papel de filtro (cortado 12 x 12 cm), anel para funil.

Reagentes
Conjunto de soluções de teste, cloreto de ferro(III) anidro (verificar o se o sal de partida é mesmo
anidro), oxalato de potássio mono-hidratado, etanol, éter etílico.

Procedimentos

Procedimento de síntese
a) Em um béquer de 100 mL, medir cerca de 1,90 g de FeCl3 e registrar a massa efetivamente
medida no Cad-Lab.
b) Adicionar 8 mL de água destilada e uma barra magnética. Aquecer a mistura a 90 oC utilizando
a chapa de aquecimento com agitação. Caso não dissolva completamente adicionar, gota a gota,
um pouco mais de água destilada até que o sal se dissolva totalmente.
c) Em outro béquer de 100 mL, medir cerca de 12,00 g de oxalato de potássio mono-hidratado.
d) Adicionar 20 mL de água destilada e uma barra magnética. Aquecer a mistura a 90 oC utilizando
chapa de aquecimento com agitação. Caso não dissolva completamente, adicionar, gota a gota,
um pouco mais de água destilada até que o sal se dissolva totalmente.

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e) Misturar as soluções aquecidas, adicionando a primeira sobre a segunda, lentamente e com


agitação constante.
f) Terminada a adição, retirar do aquecimento, deixar esfriar até a temperatura ambiente.
g) Adicionar 10 mL de etanol.
h) Colocar em um banho de gelo por 15 minutos.
i) Separar os cristais por filtração a vácuo.
j) Deixar secar o composto por 5 minutos sob fluxo de ar com a bomba de vácuo.
k) Recolher os cristais em um vidro de relógio previamente tarado e medir a massa do composto.
l) Anotar o resultado no Cad-Lab.

Recristalização do produto
a) Transferir o produto para um béquer e adicionar 2,5 mL de água destilada por grama de sólido.
b) Aquecer a mistura a 90 oC sobre a chapa de aquecimento com agitação. Dissolver o máximo
possível do sólido.
c) Preparar um papel de filtro com dobra pregueada conforme instruções da Figura 2 (a seguir) e
colocar no funil analítico apoiado em um anel para funil com mufa.

A. Dobra normal do papel de filtro.

C. Representação do
processo de filtração
simples.

B. Dobra pregueada do papel de filtro.


Figura 2. Técnicas usadas para realizar a filtração simples em funil analítico.

d) Passar a solução do complexo ainda quente pelo filtro e recolher o filtrado (o que passa pelo
filtro) em um béquer limpo.
e) Adicionar 5 mL de etanol ao filtrado.
f) Colocar em um banho de gelo por 10 minutos.
g) Separar os cristais por filtração a vácuo.
h) Lavar os cristais com 5 mL de etanol gelado.
i) Deixar secar o composto por 5 minutos sob fluxo de ar com a bomba de vácuo.
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j) Recolher os cristais no frasco para amostras previamente tarado e com as devidas anotações.
k) Medir a massa do complexo.
l) Cobrir o frasco com papel alumínio para proteger o complexo da luz.
m) Calcular o rendimento.

Caracterização do complexo

Preparar uma solução-estoque do complexo para a caracterização por testes químicos


dos componentes do produto. Coloque em um tubo de ensaio uma pequena quantidade do
produto (o suficiente para encher a metade da parte côncava do tubo) e adicionar 5 mL de água
destilada.
Com a solução estoque, fazer os testes qualitativos para os íons ferro(III), oxalato e
potássio.
Anotar os resultados e justificar no Cad-Lab.

Caracterização do Fe3+(aq)
Teste 01. A presença do íon ferro(III) pode ser testada com tiocianato de amônio (NH4SCN);
deve ser adicionada uma gota de HCl 6 mol L-1 à solução a ser testada, antes da adição do
tiocianato.

Caracterização do íon oxalato


Teste 02. A presença do íon oxalato pode ser testada pelo descoramento de KMnO4 em
meio ácido (H2SO4 6 mol L-1). A reação pode ser acelerada por aquecimento.

Caracterização do íon potássio


Teste 03. O íon potássio pode ser testado pelo teste de chama.

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Cad-Lab

1. Complete os quadros a seguir.

Quantidade de
Composto Massa (g)
substância (mmol)
FeCl3
K2C2O4×H2O adicionado
K2C2O4×H2O que reage estequiometricamente
K2C2O4×H2O em excesso
K3[Fe(C2O4)3] 3H2O previsto
K3[Fe(C2O4)3] 3H2O antes da recristalização
K3[Fe(C2O4)3] 3H2O após a recristalização

Porcentagem (%)

K2C2O4×H2O em excesso
K3[Fe(C2O4)3] 3H2O antes da recristalização
K3[Fe(C2O4)3] 3H2O após a recristalização

2. Comente os rendimentos experimentais obtidos antes e após a recristalização.

3. Haveria algum problema em adicionar etanol em grande quantidade para aumentar o


rendimento da primeira cristalização?

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4. Por que o oxalato foi adicionado em grande excesso?

5. Faria diferença adicionar a solução de oxalato sobre a solução de ferro(III) em vez do


procedimento adotado? Justifique sua resposta.

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6. Complete o quadro a seguir com as informações sobre as caracterizações dos constituintes do


composto obtido.
Espécie a ser
Teste
caracterizada
Observações: A solução inicial éamarela pela prezenca
deFe,mas quando o NASCN é adicionado a soluçar se

torna vermelho intenso, mostrando a prezenca de Fest.

1 Fe3+(aq)
Equação iônica simplificada que descreve os fenômenos observados:

Fea + 3 NHaSCNap) b Fe(SCN)


#*
g(04)
Observações: O ion permanganato reduz
a ion manga-
nes, passando de roxe intense para incolor, indicande
a presença do oxalato.
2 2-
C2O4 (aq)
Equação iônica simplificada que descreve os fenômenos observados:

SCap +

2
MnDost16t40C02,2 Mas+ 8 Hases
Observações:

3 K+

Bibliografia
1. ALEXEYEV, V. Qualitative Analysis. Moscou, Mir, 1970.
2. MOREIRA, R. C. L. Síntese do Complexo K3[Fe(C2O4)3].3H2O e Aplicação em Ensaio de
Actinometria. Trabalho de Conclusão de Curso II (Licenciatura em Química), Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Apucarana, 2016. Disponível em:
http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/10994/1/AP_COLIQ_2016_2_04.pdf -
acesso em 12/10/2020.
3. SEMICHIN, V. Práticas de Química Geral Inorgânica. Moscou, Mir, 1979.
4. SIMONI, D.A. et al. Química Nova, 25 (2002) 1034-39.
5. VOGEL, A. I. Química Analítica Qualitativa. São Paulo, Mestre Jou, 1981.
6. HUTTON, A. T.; CONNELLY, N. G.; HARTSHORN, R.M. Nomenclatura de Química Inorgânica
– Recomendações da IUPAC de 2005, Sociedade Portuguesa de Química / Sociedade Brasileira de
Química / IUPAC, Lisboa, 2018.

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6. Complete o quadro a seguir com as informações sobre as caracterizações dos constituintes do


composto obtido.
Espécie a ser
Teste
caracterizada
Observações:

1 Fe3+(aq)
Equação iônica simplificada que descreve os fenômenos observados:

Observações:

2 C2O42-(aq)
Equação iônica simplificada que descreve os fenômenos observados:

Observações:

3 K+

Bibliografia
1. ALEXEYEV, V. Qualitative Analysis. Moscou, Mir, 1970.
2. MOREIRA, R. C. L. Síntese do Complexo K3[Fe(C2O4)3].3H2O e Aplicação em Ensaio de
Actinometria. Trabalho de Conclusão de Curso II (Licenciatura em Química), Universidade
Tecnológica Federal do Paraná. Apucarana, 2016. Disponível em:
http://repositorio.roca.utfpr.edu.br/jspui/bitstream/1/10994/1/AP_COLIQ_2016_2_04.pdf -
acesso em 12/10/2020.
3. SEMICHIN, V. Práticas de Química Geral Inorgânica. Moscou, Mir, 1979.
4. SIMONI, D.A. et al. Química Nova, 25 (2002) 1034-39.
5. VOGEL, A. I. Química Analítica Qualitativa. São Paulo, Mestre Jou, 1981.
6. HUTTON, A. T.; CONNELLY, N. G.; HARTSHORN, R.M. Nomenclatura de Química Inorgânica
– Recomendações da IUPAC de 2005, Sociedade Portuguesa de Química / Sociedade Brasileira de
Química / IUPAC, Lisboa, 2018.

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