17/05/24, 08:54 Não podemos simplesmente descartar o relato da Ascensão?

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Não podemos simplesmente descart

o relato da Ascensão?
Devemos realmente levar a sério o relato de um homem a flutuar em direção às nuvens? N
corremos o risco de expor nossa fé ao ridículo? Que sentido tem, afinal de contas, que Jes

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despeça de seus discípulos “voando” e desaparecendo à vista deles?

Sean Fitzpatrick • Tradução: Equipe Christo Nihil Præponere

27.Mai.2022 • Tempo de leitura: 6 minutos
A Ascensão de Jesus Cristo, relatada nos Evangelhos de Marcos e Lucas e mencionada
o Novo Testamento, pode ser considerada, em certa medida, uma incômoda anedota na
católica. “Tendo dito isto, elevou-se à vista deles, e uma nuvem o ocultou aos seus olhos
1,9).

Algo em relação à Ascensão é quase inimaginável, até mesmo para um milagre — algo q
fabuloso: é a ideia e a imagem de Jesus “voando”. Para quem se sente embaraçado com
Ascensão, aceitá-la parece implicar uma espécie de fantasia mítica ou de devaneio. As p
realmente conseguem levar a sério o relato de um homem a flutuar em direção às nuven
Ascensão compensa o risco de alienar aqueles que são influenciados por um realismo c

Estamos falando da fé, afinal de contas, e não de um conto de fadas. Podemos descar
relato de Jesus a elevar-se aos céus?

C. S. Lewis tratou da mesma questão em [sua obra] Milagres:

Poderemos simplesmente ignorar a história da Ascensão? A resposta será positiva

se considerarmos as aparições da Ressurreição como as de um fantasma ou uma
alucinação. Pois um espectro pode desvanecer-se, mas uma entidade objetiva de
para outro lugar, algo precisa acontecer a ela. E se o corpo ressurreto não fosse o
então todos nós (cristãos ou não cristãos) deveríamos inventar alguma explicação p
desaparecimento do cadáver. E todos os cristãos precisariam explicar por que Deus
enviado ou permitido uma “visão” ou “fantasma” cujo comportamento parecia quase
exclusivamente dirigido a convencer os discípulos de que não era realmente isso, m
ente material. Se fosse uma visão, tratar-se-ia então da visão mais sistematicame
enganadora e mentirosa de que se tem registro. Mas se fosse real, então algo teri
acontecido depois que deixou de aparecer. Não podemos eliminar a Ascensão sem
alguma coisa em seu lugar.

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Lewis chama a atenção para a importância da dimensão física da Ressurreição, ressalta

como esta, a Ascensão exigia um corpo — ponto que não pode ser omitido. Embora a A
de Cristo seja um momento de transcendência espiritual talvez difícil de relatar ou ao qu
seja fácil responder, também é um mistério material. Em outras palavras, a Ascensão diz
respeito tanto ao corpo quanto à alma. O Papa emérito Bento XVI escreveu em Dogma
Anúncio:

Que significa, portanto, a Ascensão de Cristo? Significa que cremos que, em Cristo,
homem — o ser homem do qual todos temos parte — entrou no mais íntimo de Deu
modo inaudito e novo. Significa que o homem acha lugar em Deus para sempre.

O propósito do milagre da Ascensão é mostrar o caminho de tudo o que é corpóreo.

milagre físico com um corpo físico que ilustrou um relacionamento sobrenatural e etern
convosco todos os dias, até a consumação dos séculos” (Mt 28,20).

A Ascensão confirma e completa a Ressurreição de um modo que vai além do mero sim
Como está relacionada a um corpo tangível, possui uma dimensão tangível. O corpo de
desapareceu do túmulo e depois reapareceu antes de desaparecer novamente quarenta
depois.

Contudo, fez mais do que simplesmente desaparecer. Foi deslocado. Foi para algum lug
hoje está em algum lugar. É este segundo desaparecimento que deixa perplexa a sens
contemporânea, pois, de certo modo, é mais estranho que o primeiro. Há uma espécie d
solenidade na ideia de um homem que volta dos mortos; mas há uma espécie de “frivoli
ideia de um homem que sobe até o céu.

O ponto é exatamente o fato de que tal carnalidade espiritual pode estimular a incredulid
humana e desafiar o pensador científico. Milagres têm uma dimensão factual, física e es
sua ruptura com as leis da natureza deve ser considerada matéria de fé e de fato. G. K.
Chesterton escreveu em Ortodoxia:

Concluo que milagres realmente acontecem. Sou forçado a concluir isso por causa
conspiração de fatos: o fato de que os homens que encontram elfos ou anjos não sã

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místicos e os sonhadores doentios, mas os pescadores, fazendeiros e todos os hom

são ao mesmo tempo vulgares e prudentes; o fato de que todos nós conhecemos h
que testemunharam acontecimentos do mundo espiritual, embora não sejam espírit
de a própria ciência reconhecer essas coisas cada vez mais todos os dias. A ciência
inclusive reconhecerá a Ascensão se a chamarmos de Levitação, e provavelmen
reconhecerá a Ressurreição quando pensar numa nova palavra para se referir a

Chesterton está de acordo: o milagre da Ascensão não pode ser simplesmente descart
causa da dimensão material do homem. A promessa de exaltação extraordinária e de es
sobrenatural tem relevância não só espiritual, mas também física. Embora, no momento
Ressurreição, o corpo de Jesus tenha sido glorificado para além da experiência normal
natureza, Ele manteve um corpo que, de algum modo velado, ainda se assemelhava ao c
tinha.

Sem dúvida era diferente a relação corpórea que Jesus tinha com o tempo e o espaço; p
Ele não estava fora deles. Embora às vezes perambulasse como um “espectro”, Jesus
questão de mostrar aos discípulos que não era espectral, como observou Lewis. Ofer
mãos para que seus amigos pudessem tocá-las e segurá-las e os olhos deles pudessem
crer. Comeu e bebeu com eles. Era feito de carne e sangue. Havia a intenção clara e cuid
de confirmar esses fatos físicos tendo em vista o fato espiritual que ocorreria em breve.

Da Anunciação à Ascensão, há uma dimensão concreta da Encarnação mais difícil de ac

que a natureza mística dos milagres de Nosso Senhor. Porém, como mostra Nossa Senh
necessário ter fé para afirmar que a Deus nada é impossível, embora algumas coisas po
parecer improváveis.

Ainda que a mente moderna tenha dificuldades de acreditar na história de um homem q

aos céus, em algum lugar acima de nós, e aí Ele está, como Filho de Deus, assentado à d
Pai, esse é o desafio de conciliar a fé com os fatos. O suporte da razão está presente,
considerando-se o bom senso envolvido na comunicação de uma promessa física a cria
físicas, mas sempre deve haver algo no reino da fé.

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A Ascensão de Jesus Cristo não é simplesmente um glorioso finale para a história da

salvação humana; é, antes, seu início glorioso. Ao deixar a Terra, Nosso Senhor alcanç
homem como jamais o fizera antes. Pelo mistério da Ascensão, Jesus deu à Igreja um si
milagroso de que Ele não está longe, e de que o corpo humano que abriga o espírito do
algo que pertence a Deus.

Como disse o Papa São Gregório Magno sobre a importância da Ascensão corpórea de
Senhor:

A intercessão de Cristo consiste nisto: Ele se mostra perpetuamente diante do Pai e

humanidade que assumira para a nossa salvação; e enquanto não deixa de se mostr
caminho para a nossa redenção na vida eterna.

Mesmo que os lógicos (e, aliás, os teólogos) possam demonstrar que não é possível alc
céu por meio de um voo pelas nuvens, isso não torna o relato da Ascensão embaraçoso
marginal. As pessoas precisam de símbolos e sinais sólidos. Precisam conectar um Deu
e sempre presente a um céu infinito e sempre presente. O caminho da redenção existe
pessoas que vivem no mundo, não para almas sem corpo. É exterior e interior, com lim
definidos e mistérios divinos. O homem precisa de coisas corpóreas a fim de ser atraído
divino. Precisa de encarnações tanto quanto precisava da Encarnação.

O Verbo encarnado, portanto, age em conformidade com o princípio de harmonia entre

o espiritual, e esta é a razão pela qual não podemos simplesmente descartar o relato da
Ascensão.

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