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DEONTOLOGIA JURÍDICA

ÉTICA PROFISSIONAL

Professor: Alfredo Rabêlo


Advogado. Especialista em Direito Constitucional e em Docência Jurídica para o ensino superior. Presidente da
CEPHEVG/OAB/MG (2022/2024), Membro do Programa Direito na Escola, da OAB/MG,
Co-fundador do Instituto Casa da Palavra.

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A DISCIPLINA
DEONTOLOGIA JURÍDICA – ÉTICA PROFISSIONAL

EMENTA: Ética, Direitos Humanos e Meio Ambiente. Ética Geral: o fenômeno moral e a filosofia
ética. Consciência ética. Ética da alteridade. Ética especial: aspectos éticos referentes à vida, à
procriação, à família, à ordem social, propriedade. Ética e Direito. Ética Profissional no âmbito
das diversas profissões jurídicas. Ética e advocacia: regras deontológicas fundamentais, sigilo
profissional, relações com o cliente, e honorários profissionais. Estatuto e Código de Ética da
OAB.

CARGA HORÁRIA: 40 HORAS/AULA


ANOTA AÍ: SEGUNDA-FEIRA, DAS 21:00 AS 22:40.
A BIBLIOGRAFIA
BÁSICA

ALMEIDA, G. A; CHRISTMANN, M. O. Ética e direito: uma perspectiva


integrada. In: São Paulo: Editora Saraiva, 13 Ed. 2016.

Estatutos e Códigos de Ética: OAB; MP e Magistratura;


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MEXER NO CELULAR, ISSO PODE TIRAR A ATENÇÃO DOS COLEGAS; CUIDE DO AMBIENTE, MESMO QUE
ELE SEJA VIRTUAL;
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UTILIDADE DOS CODIGOS DE ÉTICA
UTILIDADE DOS CÓDIGOS DE ÉTICA PROFISSIONAL

É certo que a vulgarização de códigos de ética encontra motivos substanciais para seu
surgimento. A ética codificada vem a preencher uma necessidade de se transformar em algo
claro e prescritivo, minucioso, claro e explicativo, para efeitos de controle corporativo,
institucional e social, o que navega nas incertezas da ética filosófica; se o campo da moral é um
campo em aberto para as diversas consciências, faz-se mister que, quando do exercício
profissional, o indivíduo esteja preparado para assumir responsabilidades perante si, perante os
companheiros de trabalho e perante a coletividade, que, em seu foro íntimo e individual, poderia
não querer assumir. Não poderiam as profissões ficar ao alvedrio da livre-consciência dos
profissionais agirem de acordo com suas regras éticas subjetivas. Quer-se dizer que a liberdade
absoluta de escolher esta ou aquela ética, de acordo com a qual agir e orientar seus atos, não vale
completamente para o âmbito profissional.
UTILIDADE DOS CÓDIGOS DE ÉTICA PROFISSIONAL

É importante a existência dessas normas éticas, uma vez que garantem publicidade,
oficialidade e igualdade. Além de ser a todos acessível, e de ser declarada como pauta de
conduta dos membros da corporação, seu conteúdo, malgrado os problemas práticos de
exegese e aplicação, oferece a possibilidade de pré-ciência do conjunto de prescrições
existentes para os profissionais, de modo que, ao escolher e optar pela carreira, já se
encontra ciente de quais são seus deveres éticos. Nesse sentido, os códigos servem como
uma bússola, mas não são toda a luz.
UTILIDADE DOS CÓDIGOS DE ÉTICA PROFISSIONAL

Se essa é a importância dos códigos de ética, deve-se destacar que a ética não se reduz a
esse tipo de preocupação. O uso dos códigos de ética como modo de incremento do controle
sobre o comportamento dos trabalhadores desvirtua a ideia de que a ética lida sobretudo
com estímulos e não somente com punições. Ademais, a ética filosófica está a indicar a
abertura da vontade e da consciência humana para além de preceitos normativos e jurídicos
constantes de códigos de comportamento de determinadas categorias profissionais.
OS DEVERES ÉTICO-PROFISSIONAIS

Ciência e consciência parecem ser as exigências gerais de todos os misteres ético-


profissionais. De fato, se se for analisar em abstrato o conjunto das codificações
profissionais, e se se for adentrar à análise de seus preceitos, verificar-se-á, em suma,
que o que se prevê como exigência de regra de conduta pode ser categorizado à conta
de dois grandes mandamentos ético-profissionais: ciência e consciência[18]. A primeira
tem que ver com o preparo técnico e/ou intelectual do profissional; a segunda tem que
ver com seu compromisso para com os efeitos de seu exercício profissional.
OS DEVERES ÉTICO-PROFISSIONAIS

Nesse sentido, o dever ético poderá ser definido como dever ético de saber e dever ético de
ser.

O dever ético de saber tem que ver com o exato cumprimento de todas as exigências
mínimas que dizem respeito ao exercício de um determinado mister social. Assim, se essa
profissão demanda capacitação e habilidades técnicas e intelectuais, serão essas duas pré-
requisitos para a admissão ao exercício profissional e requisitos para a continuidade no
exercício profissional. O dever ético, nesse caso, extrai das necessidades da própria
profissão a característica para sua constituição como dever; trata-se de um dever de
saber[19].
OS DEVERES ÉTICO-PROFISSIONAIS

[...] dever de ser, como é o caso das profissões que pressupõem como exigências profissionais a
isenção de ânimo, a higidez e a irreprovabilidade de comportamento, a elevada moralidade do
profissional… Estas são, para o caso, por exemplo, da profissão exercida pelo magistrado,
condições profissionais e não puramente pessoais. No caso do juiz, sua postura ético-política
não poderá ser declarada e ativista; ao juiz é vedada a participação político-ideológica. É certo
que, como cidadão, possui o direito de se posicionar, mas isso não pode influenciar em sua
função judicial, nem a ela se associar. Não são estas exigências ou deveres relacionados ao
saber do profissional (capacitação técnica, intelectual, manual…), mas ligadas ao ser
profissional. Assim, não bastam a capacitação técnica ou intelectual, pois é mister a virtude do
ser[20].
OS DEVERES ÉTICO-PROFISSIONAIS

Percebe-se, pois, que a noção de dever profissional se liga diretamente à noção de


virtude. Isso porque a virtude (areté, gr.; virtus, lat.), etimologicamente, significa
exatamente máximo aperfeiçoamento de uma capacidade ou qualidade. Ora, no exercício
profissional, o que se demanda do ser humano é uma especial habilidade em lidar com
misteres laborais e lucrativos que resultem em individuais, grupais, coletivos e/ou
sociais. Por isso, a ética do profissional corresponderá a sua máxima prestatividade e
excelência no exercício e desempenho desses misteres. São virtudes profissionais, a
saber: 1. virtudes indispensáveis: virtude da competência; virtude do sigilo; virtude da
honestidade; virtude do zelo; 2. virtudes complementares: virtude da orientação; virtude
do coleguismo; virtude do classismo; virtude da remuneração[23].
ÉTICA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

Se o meio ambiente é tão determinante para a vida em comum, o meio ambiente do


trabalho, em específico, tem a ver com a condição objetiva e subjetiva para o desempenho
da atividade laboral. Não por outro motivo, a Constituição Federal de 1988 trata do tema
ao elencar entre os direitos do trabalhador urbano e rural (art. 7º, XXII): “redução dos
riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança”.
Relacionando o tema das condições objetivas e subjetivas da execução das atividades
inerentes ao trabalho, outro dispositivo constitucional, igualmente, relaciona o tema do
meio ambiente do trabalho à dimensão da saúde do trabalhador. Trata-se do art. 200, VIII,
da CF 88: “colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o do trabalho”.
ÉTICA E MEIO AMBIENTE DO TRABALHO

As normas do trabalho regem o conjunto dos direitos e dos deveres atinentes às atividades profissionais mais
variadas, mas se deve sopesar que, em meio à legislação, um misto de autoridade e liberdade deve prosperar nas
condições de exercício profissional. A autoridade que conduz a metas, objetivos e disciplina o convívio diário; a
liberdade que permite que os companheiros ou subordinados se sintam capazes de realizar seus objetivos de vida,
ao mesmo tempo em que realizam obrigações profissionais e cuidam de realizar seus programas de atividades
usuais. O ambiente permissivo se torna infenso ao profissionalismo, e o ambiente repressivo se torna anticriativo.
Num ambiente permissivo, as faltas e os erros, os desvios e as atitudes antiéticas não são recriminadas, e num
ambiente repressivo o poder da autonomia dos profissionais envolvidos não é expresso, pois o medo domina a
atmosfera de trabalho, induzido por temor reverencial, por temor disciplinar, por temor econômico, ou por temor
de desonra pessoal. Assim, o meio-termo parece indicar o caminho para a administração do convívio, conhecendo-
se que as dificuldades do convívio humano são grandes e sérias, persistentes e difíceis de serem administradas.
Mas, por isso, não apenas um é responsável, mas todos aqueles que do ambiente participam, podendo agregar algo
de relevante para a solução de dinâmicas de interações humanas tendentes à competição, à rapinagem, à
perversidade ou à luta fratricida.
ÉTICA E PROFISSÃO JURÍDICA

Assim como toda profissão, a profissão jurídica encontra seus mandamentos basilares
estruturados em princípios gerais de atuação, de acordo com as especificidades dessa
atividade social e de acordo com os efeitos dessa atividade em meio às demais[25]. Ao
conjunto de regras e princípios que regem as atividades profissionais do direito se
chama deontologia forense[26].
ÉTICA E PROFISSÃO JURÍDICA

O que há de peculiar nesse métier é que as profissões jurídicas são, se não em sua
totalidade, ao menos em sua quase totalidade, profissões regulamentadas, legalizadas,
regidas por normas e princípios jurídicos e éticos, de modo que seu exercício, por envolver
questões de alto grau de interesse coletivo, não são profissões de livre exercício, mas sim de
exercício vinculado a deveres, obrigações e comportamentos regrados. Esses
comportamentos regrados vêm expressos em legislação que regulamenta a profissão, ou em
códigos éticos, ou em regimentos internos, ou em portarias, regulamentos e circulares, ou
até mesmo em texto constitucional. O que se encontra implícito nos princípios
deontológicos é explicitado por meio de comandos prescritivos da conduta profissional
jurídica.
ÉTICA E PROFISSÃO JURÍDICA

Se se pode dizer que existem mandamentos éticos comuns a todas as profissões jurídicas[27],
isso se deve ao fato de todas desempenharem importante função social. É de interesse da
coletividade o efetivo controle dos atos dos operadores do direito. Porém, não existe uma
regra que domine e resolva de modo formular todos os problemas éticos dos profissionais
das diversas carreiras jurídicas (públicas e privadas). Cada qual possui suas peculiaridades, e
respeitá-las significa adentrar nas minúcias que delineiam sua identidade[28].
ÉTICA E PROFISSÃO JURÍDICA

Existem, pois, regramentos específicos que impedem que se fale numa ética comum a todas as
carreiras jurídicas, mas, mesmo assim, podem--se enunciar alguns princípios gerais e comuns a
todas as carreiras jurídicas, a saber, entre outros: o princípio da cidadania, segundo o qual se
deve conferir a maior proteção possível aos mandamentos constitucionais que cercam e
protegem o cidadão brasileiro; o princípio da efetividade, segundo o qual se deve conferir a
maior eficácia possível aos atos profissionais praticados, no sentido de que surtam os efeitos
desejados; o princípio da probidade, segundo o qual se deve orientar o profissional pelo zeloso
comportamento na administração do que é seu e do que é comum;
ÉTICA E PROFISSÃO JURÍDICA

o princípio da liberdade, que faz do profissional ser altaneiro e independente em suas


convicções pessoais e em seu modo de pensar e refletir os conceitos jurídicos; o princípio da
defesa das prerrogativas profissionais, com base no qual o profissional deve proteger as
qualidades profissionais de sua categoria com base nas quais se estabelecem as suas
características intrínsecas; os princípios da informação e da solidariedade, para que haja
clareza, publicidade e cordialidade nas relações entre profissionais do direito e, inclusive,
outros profissionais[29].
A QUESTÃO DA EFICIÊNCIA DA JUSTIÇA:

As manifestações de rua de junho de 2013 constituem um marco histórico contemporâneo que registra a
insatisfação da população com relação a um inumerável caudal de questões, todas muito ligadas ao Estado
brasileiro. A qualidade do serviço público, o elevado custo de vida, a violência repressora da polícia, a
corrupção na política, a impunidade e a persistência de graves índices de abusos institucionais, a inércia na
reforma política etc. Muitas são as causas do recente levante popular, que ocupou as ruas de centenas de
cidades pelo país afora. Isso deve preocupar o exercício das profissões jurídicas, uma vez que todas têm algo
a ver com as relações de produção das condições para o alcance e o exercício da justiça, como equilíbrio
das relações sociais. Assim, a insatisfação generalizada aponta uma insatisfação que pode ser absorvida
como demanda por mais justiça social. Os profissionais do direito podem e devem contribuir decisivamente
para a produção de insumos que tragam diferenças, criativas e necessárias, para o implemento do processo
de transformação social que possa atrair resultados no plano da definição de quadros socialmente mais
justos e equilibrados.
A QUESTÃO DA PROBIDADE DAS PROFISSÕES JURÍDICAS:

As profissões jurídicas desempenham papel socialmente relevante e, geralmente, influem de modo


maximizado na produção de resultados no campo da interação humana em sociedade. Assim, as profissões
jurídicas devem estar ligadas a formas de atuação que muito oneram a perspectiva de atuação não só de cada
profissional em particular, mas de todo o sistema de justiça, perante a imaginação pública, pela opinião pública
e como garantia de uma sociedade mais justa. Portanto, a probidade, a correção, a lisura, a discrição, a
eficiência, a ponderação devem acompanhar como parceiras os exercentes das profissões que mais
diretamente têm a ver com a busca e realização do equilíbrio nas interações humanas.
A QUESTÃO DA COMPLEXIDADE DO AGIR:

As profissões jurídicas estão cercadas por altíssimo grau de complexidade, quando se trata de enxergar o
ambiente de resolução de conflitos. E isso, em função de uma série, não finita, de questões que perpassam o
ambiente social contemporâneo:

a) elevados níveis de violência;


b) fatores combinados impactam numa única demanda por justiça;
c) soluções unilaterais são incapazes de traduzir resultados;
d) aparatos burocráticos e legais, muitas vezes, estão inadaptados a servirem de instrumentos para a
concretização de justiça;
e) déficits de investimentos muitas vezes dificultam, por meio de quadro de pessoal técnico treinado e
capacitado, alcançar a realização de tantas demandas simultâneas;
A QUESTÃO DA COMPLEXIDADE DO AGIR:

f) o escasso número de bons profissionais, somado às poucas vagas para o exercício de profissões definidas
no quadro das instituições, torna a dimensão do quadro de pessoal uma equação de difícil proporção, na
administração e gestão do processo de preparação para as profissões, na qualidade do ensino jurídico
nacional e no enfrentamento dos problemas práticos inerentes a cada profissão jurídica;

g) uma sociedade de democracia recente, e pouco consolidada, dá a impressão de uma urgência resolutiva
somada a uma insegurança de instituições, que acaba por resultar em dificuldades operacionais na afirmação
de soluções adequadas às demandas por justiça; h) uma sociedade em transformação, para a qual os
paradigmas estão em processo de reflexão, revisão e remontagem, gera ainda maiores dificuldades de
identificação de quais sejam os rumos, os valores e as prioridades a serem enfrentadas.
O CONTROLE DA CONDUTA DOS PROFISSIONAIS DO DIREITO...

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