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COMO PAGAR

MENOS
IMPOSTOS
Um e-book da Gazeta do Povo

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Toque no título e vá
Índice direto para a seção

▶ VA M O S FA L A R S O B R E I M P O S T O S?

▶IMPOSTO DE RENDA
▶ Quem precisa declarar
▶ Vou pagar ou ganhar restituição?
▶ O que é imposto retido na fonte?
▶ O que eu tenho direito a deduzir
▶ Dependentes
▶ Despesas com saúde
▶ Despesas com educação
▶ Despesas com previdência privada
▶ Despesas com pensão alimentícia
▶ Despesas de custeio para autônomos
▶ Outras despesas

▶ Declaração completa ou simplificada?


▶ Sou aposentado. Preciso declarar?
▶ Quem tem doença grave pode pedir isenção

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▶ Isenção extra para quem tem mais de 65 anos


▶ Dá para economizar imposto na compra e
venda de imóveis?
▶ Como pagar menos impostos nos
investimentos?
▶ Investimentos de renda fixa isentos de IR
▶ Investimentos de renda variável isentos de IR
▶ Renda fixa sem isenção de IR

▶ Q U A N D O VA L E A P E N A S E R M E I?

▶DÁ PARA PAGAR MENOS IMPOSTOS


NO INVEN TÁRIO?
▶ Previdência e apólices de seguro whole life

▶COMO ECONOMIZAR NO IPTU

▶ D E S C O N T O S N O I P VA

▶ISENÇÃO NA COMPRA DE CARRO

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Vamos falar sobre
impostos?

Em 2023, a carga tributária correspondeu a 32,44%


do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, segundo
estimativa do Tesouro Nacional. Isso significa que
quase um terço de toda a riqueza que o país pro-
duziu foi parar nos cofres da União, dos estados e
municípios. Outro estudo, do Instituto Brasileiro de
Planejamento e Tributação (IBPT), mostrou que, no
mesmo ano, os contribuintes tiveram que trabalhar
o equivalente a 147 dias só para pagar impostos.

Por isso, é difícil encontrar um brasileiro que não gos-


taria de gastar menos com tributos. Mas será que
você está aproveitando todas as oportunidades pa-

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ra isso? A legislação tem mecanismos que reduzem


os valores a serem pagos – só que nem sempre os
contribuintes conhecem essas regras. Afinal, o pa-
ís também é famoso pela grande complexidade das
normas tributárias.

Este guia, produzido pela Gazeta do Povo, busca te


ajudar a pagar menos impostos, com informações
para que você possa usufruir de deduções, isenções
e outros direitos que estão na lei, mas que você tal-
vez nem saiba que existam. A maior parte deles é
relacionada ao Imposto de Renda, mas também há
oportunidades de economizar em tributos estadu-
ais e municipais.

Boa leitura!

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IMPOSTO
DE RENDA

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O Imposto de Renda (IR) é um tributo federal que incide


sobre os rendimentos de pessoas físicas e jurídicas. A
declaração deve ser feita anualmente, tendo como base
os rendimentos do ano anterior. Ou seja, em 2024 vo-
cê deve informar ao Leão tudo o que ganhou em 2023.

A Receita Federal publica, todos os anos, regras que


disciplinam a declaração do IR – detalhando, por
exemplo, quem precisa prestar as informações e em
qual prazo elas devem ser entregues ao governo.

Quem precisa declarar?


Em 2024 (veja as regras na íntegra neste link), os
contribuintes poderão entregar a declaração entre
os dias 15 de março e 31 de maio. Entre as pessoas
físicas que são obrigadas a entregar as informações
estão aquelas que:

▶ Receberam rendimentos tributáveis (como


salários, aposentadorias e aluguéis) acima de
R$ 30.639,90.

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▶ Receberam rendimentos isentos (FGTS,


indenização trabalhista ou pensão alimentícia,
por exemplo) acima de R$ 200 mil;

▶ Obtiveram receita bruta proveniente de


atividade rural acima de R$ 153.199,50;

▶ Tiveram ganho de capital sujeito à tributação


na alienação de bens ou direitos;

▶ Realizaram operação em Bolsa de Valores


em valor acima de R$ 40 mil ou com apuração
de ganhos líquidos sujeitos à cobrança de
imposto;

▶ Possuíam, em 31 de dezembro de 2023, posse


ou propriedade de bens acima de R$ 800 mil.

Vou pagar ou
ganhar restituição?
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O imposto devido é calculado a partir da aplicação de


um percentual (a alíquota) sobre uma base de cálcu-
lo. A base de cálculo, por sua vez, é formada por todos
os rendimentos tributáveis menos as despesas de-
dutíveis (na sequência explicamos o que você pode
deduzir do seu IR).

As alíquotas aplicadas sobre os rendimentos variam


progressivamente de 7,5% a 27,5%, de acordo com o
valor recebido por cada contribuinte. Ou seja, quanto
maior a renda, maior é o imposto. Veja na tabela abaixo:

Alíquotas do Imposto de Renda para pessoas físicas


de acordo com os rendimentos anuais do contribuinte
(declaração de 2024, ano-calendário 2023)

Faixa de rendimentos anuais Alíquota

Até R$ 24.511,92 Isento

De R$ 24.511,93 a R$ 33.919,80 7,5%

De R$ 33.919,81 a R$ 45.012,60 15%

De R$ 45.012,61 a R$ 55.976,16 22,5%

Acima de R$ 55.976,16 27,5%

Fonte: Receita Federal

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Vale ressaltar que cada alíquota do quadro acima é


aplicada sobre uma parcela do seu rendimento. Se sua
renda tributável foi de R$ 50 mil no ano, por exemplo,
não é toda ela que pagará a alíquota correspondente
(22,5%). Na verdade, quase metade do seu rendi-
mento (pouco mais de R$ 24,5 mil) será isenta de IR;
a faixa seguinte (até R$ 33,9 mil, aproximadamen-
te) será taxada em 7,5%; outra parcela terá 15% de
imposto; e apenas a renda que exceder cerca de R$
45 mil (mais ou menos R$ 5 mil, no exemplo citado)
será tributada em 22,5%.

Os valores acima são válidos para o ano-calendário


de 2023. Para os dois anos seguintes, a faixa de isen-
ção será maior: até R$ 26.963,20 no ano-calendário
de 2024 e até R$ 27.110,40 em 2025. As demais fai-
xas continuarão iguais.

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O que é o Imposto
de Renda retido na fonte?
Se você trabalha com carteira assinada, verá que, to-
dos os meses, um valor já é descontado do seu salário
– é o Imposto de Renda retido na fonte. Na prática,
essa é uma forma de antecipação do pagamento do
tributo. Na hora da declaração, a Receita calcula se o
montante que já foi pago é maior ou menor do que o
imposto que você deve, considerando todos os ren-
dimentos tributáveis. Se for maior, você tem direito
à restituição do que pagou a mais. Se for menor, te-
rá de pagar a diferença.

Em 2024, o pagamento da restituição será feito em


cinco lotes, entre os dias 31 de maio e 30 de setembro.
Para definir a ordem do repasse, a Receita considera a
data de entrega da declaração e uma lista de priorida-
des. Idosos e contribuintes com alguma deficiência,
por exemplo, recebem antes. Quem usa a declaração
pré-preenchida ou opta por restituição via Pix tam-
bém tem preferência.

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O que eu tenho
direito a deduzir
Uma das formas de reduzir o valor do imposto a pagar
é usufruir de deduções que estão previstas na legis-
lação. Com elas, você diminui a base de cálculo para
aplicação do imposto, o que reduz o montante devido.

É importante ter tudo documentado. Para deduzir


despesas com saúde e educação, por exemplo, é fun-
damental guardar todos os recibos dos prestadores
de serviços, pois a Receita pode exigir a comprova-
ção dos gastos.

Veja quais são os tipos de dedução


e como você pode utilizá-los:

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DEPENDEN T ES
Despesas de pessoas que dependem
financeiramente de você, mesmo que não haja laço
sanguíneo, podem ser descontadas da base de
cálculo do seu IR.

Quem pode ser declarado


como dependente?

A Receita estabelece que podem ser considerados


dependentes na hora da declaração:

▶ Companheiro com quem você tenha filho(s)


ou viva há mais de cinco anos;

▶ Cônjuge (tanto em relações heterossexuais


como em homoafetivas);

▶ Filho(a) ou enteado(a):
▷ Com até 21 anos de idade;

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▷ Incapacitado física ou mentalmente para o


trabalho, independentemente da idade;

▷ Com até 24 anos de idade, se ainda estiver


frequentando um estabelecimento de en-
sino superior ou escola técnica de segundo
grau;

▷ Com deficiência, de qualquer idade, desde


que sua remuneração não ultrapasse as de-
duções autorizadas por lei;

▶ Irmão(ã), neto(a) ou bisneto(a):


▷ Sem apoio dos pais, de quem você tenha
guarda judicial, até os 21 anos ou em qualquer
idade se for incapacitado física ou mental-
mente para o trabalho;

▷ Sem apoio dos pais, até os 24 anos se ainda


estiver frequentando um estabelecimento
de ensino superior ou escola técnica de se-
gundo grau e se você tiver detido sua guarda
judicial até os 21 anos;

▷ Sem apoio dos pais, de quem você pos-


sua guarda judicial, independentemente da

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idade, desde que sua remuneração não ultra-


passe as deduções autorizadas por lei.

▶ Pais, avós e bisavós que, no ano anterior, te-


nham recebido rendimentos, tributáveis ou
não, de até R$ 22.847,76;

▶ Menor de até 21 anos que você crie e eduque


e de quem detenha a guarda judicial;

▶ Pessoa absolutamente incapaz da qual vo-


cê seja o tutor ou cuidador.

Para saber se o dependente está no limite de idade


previsto na legislação, você deve considerar quan-
tos anos ele tinha no ano-calendário em questão.
Por exemplo, se você tem um filho que completou
22 anos em 2023, ainda assim pode inclui-lo como
dependente na declaração de 2024, já que ele teve a
idade limite de 21 em algum dia do ano passado. Na
declaração de 2025, referente ao ano-calendário de
2024, porém, o direito deixa de existir, visto que ele
já terá excedido a idade limite o ano todo.

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Quanto posso descontar?

O valor máximo que o contribuinte pode deduzir


da base de cálculo do imposto é de R$ 2.275,08 por
dependente. Para isso, é preciso que, além das con-
dições acima, as seguintes regras sejam cumpridas:

▶ O dependente precisa ter CPF;

▶ Todos os rendimentos, pagamentos e bens do de-


pendente precisam ser incluídos na declaração;

▶ O dependente só pode constar em uma declara-


ção, a não ser que haja mudança de dependência
naquele ano.

Vale a pena incluir o dependente?

Na hora de incluir um dependente na sua declara-


ção, é preciso acrescentar, também, os rendimentos
daquela pessoa. Por exemplo: se você tem um filho
que faz estágio, os valores que ele recebe como pa-
gamento devem ser declarados. Por isso, é preciso

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ter certeza de que as deduções vão compensar o au-


mento da base de cálculo. Ou seja, se o rendimento
tributável do dependente for maior do que o valor que
você gastou com ele (ou maior do que o limite, de R$
2.275,08), você vai acabar pagando mais imposto.

Dica: você pode simular a declaração com e sem


o dependente no próprio programa do IR.

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DESPESAS COM SAÚDE


Todas as suas despesas médicas e dos seus
dependentes podem ser abatidas da base de cálculo
do IR, desde que você tenha a devida comprovação.

O que pode ser incluído como despesa


com saúde?

Estão incluídos os gastos com médicos, dentistas,


psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacio-
nais, fonoaudiólogos, hospitais, planos de saúde,
exames laboratoriais, serviços radiológicos, apare-
lhos ortopédicos e próteses ortopédicas e dentárias.
Nos dois últimos casos, é preciso apresentar a receita
do médico ou dentista, além da nota fiscal em nome
do beneficiário.

Atenção: alguns critérios da Receita podem dificul-


tar a dedução de determinados gastos. Por exemplo,
despesas com tratamentos de fertilização in vitro só
podem ser descontados na declaração da mulher, a

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não ser que ela seja dependente na declaração do


companheiro. Outro exemplo: despesas com apa-
relhos dentários só podem ser deduzidas quando
fazem parte do tratamento feito pelo dentista. Em
caso de dúvida, consulte as perguntas e respostas da
Receita.

Importante: gastos com medicamentos, vacinas


e testes de Covid-19, por exemplo, não podem ser
deduzidos, a não ser que sejam parte de uma conta
emitida por um estabelecimento hospitalar de uma
despesa médica dedutível. O mesmo vale para des-
pesas com enfermeiros, acupuntura, nutricionista,
instrumentador cirúrgico e procedimentos estéticos.

Posso deduzir gastos médicos que tive


no exterior?

Sim, desde que possa comprová-los. A orientação é


para que o valor seja convertido em dólares (se esti-
ver em outra moeda) e, depois, em reais. A cotação
para a conversão deve ser a do valor de venda da mo-

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eda no Banco Central do Brasil no último dia útil da


primeira quinzena do mês anterior ao do pagamento.

DESPESAS COM EDUCAÇÃO


Você também pode deduzir do IR as suas despesas,
e as de seus dependentes, com educação. Mas, nesse
caso, há um teto de R$ 3.561,50 por pessoa.

O que pode ser incluído como despesa


com educação?

A Receita considera despesas dedutíveis aquelas com


educação infantil (creches e pré-escolas para crianças
até os 5 anos de idade), ensino fundamental, ensi-
no médio, educação superior (cursos de graduação,
mestrado, doutorado e especialização) e educação
profissional (ensino técnico e tecnológico).

Por outro lado, não são dedutíveis gastos com cursos


de idiomas, artes ou atividades esportivas e culturais.

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Uniforme, transporte, material escolar e didático


também ficam de fora.

Mesmo com o limite, a orientação é para que você


declare a despesa completa. O programa da Receita
calcula automaticamente quanto pode ser deduzi-
do, considerando o limite por pessoa.

DESPESAS COM
PRE VIDÊNCIA PRIVADA

Alguns planos de previdência privada ou


complementar podem ser deduzidos do seu IR.

O limite de abatimento é de 12% do rendimento


tributável. Esse tipo de plano é indicado para inves-
timentos a longo prazo – se você quer garantir uma
renda extra na velhice, por exemplo.

Para que você possa usufruir desse benefício, porém,


é necessário que o seu plano seja do tipo PGBL (Pla-
no Gerador de Benefícios Livres), e não VGBL (Vida

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Gerador de Benefícios Livres). Entenda abaixo as ca-


racterísticas de cada um:

▶ Planos PGBL: são dedutíveis da base de cál-


culo do IR, com o limite de 12% do rendimento
tributável. Na hora do resgate (ou do recebi-
mento da renda), você pagará imposto sobre
o valor total.

▶ Planos VGBL: não são dedutíveis do IR mas,


no momento do resgate, o imposto incide
apenas sobre os rendimentos.

Na hora de escolher em qual deles investir, leve em


conta a possibilidade de deduzir os valores do IR. Se
você opta sempre pela declaração simplificada (veja
mais detalhes aqui), em que não é possível fazer de-
duções, por exemplo, pode ser mais vantajoso optar
pelo VGBL.

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DESPESAS COM
PENSÃO ALIMEN T ÍCIA

Quem paga pensão alimentícia pode deduzir o


valor integral da base de cálculo do IR.

Isso desde que o repasse tenha sido estipulado em


uma decisão judicial, em um acordo homologado ju-
dicialmente ou em uma escritura pública específica.
Porém, não é possível deduzir caso haja apenas um
acordo informal entre as partes, sem decisão judi-
cial ou escritura pública. Despesas extras, além do
valor da pensão, não podem ser descontadas, a não
ser que estejam formalizadas na decisão judicial, no
acordo homologado ou na escritura pública.

Não confunda alimentando


e dependente

Quem paga a pensão é chamado de alimentante. Já


quem tem direito ao benefício é o alimentando – ter-

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mo que é diferente de dependente. O responsável é


a pessoa que recebe a pensão caso o beneficiário não
possa fazê-lo.

Para entender melhor, veja o seguinte exemplo: João


e Maria são pais de Luiza. A menina mora com a mãe,
e o pai é obrigado, por decisão judicial, a pagar uma
pensão para ajudar nas despesas da criança. Nesse
caso, o alimentante é João, quem paga a pensão. Na
declaração dele, Luiza constará como alimentanda, e
o montante gasto com a pensão poderá ser descon-
tado da base de cálculo. Maria, que é a responsável
pela menina, deverá informar os valores recebidos
apenas se colocar Luiza como dependente – já que
a renda é da criança, e não da mãe. Quando a meni-
na crescer e fizer uma declaração própria, ela terá de
informar os valores como rendimentos, já que é be-
neficiária da pensão.

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Quem recebe a pensão


precisa pagar IR sobre o valor?

Em decisão publicada em agosto de 2022, o Supre-


mo Tribunal Federal (STF) determinou que os valores
recebidos como pensão alimentícia não devem ser
tributados pelo IR.

A decisão é retroativa. Por isso, se você pagou im-


posto sobre a pensão recebida em anos anteriores
pode fazer a retificação da declaração, retirando o
valor dos rendimentos tributáveis e inserindo-o na
seção de rendimentos isentos e não tributáveis.

Com a retificação, o valor do imposto que você pagou


em anos anteriores pode diminuir, ou a restituição
pode ficar maior. Nesses casos, a Receita devolve a
diferença na sua conta bancária automaticamente
(quando você recebeu restituição) ou mediante um
pedido (se você pagou imposto a mais).

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DESPESAS DE CU ST EIO
PAR A AU TÔNOMO S

Trabalhadores autônomos, leiloeiros e titulares de


serviços notariais e de registro podem descontar da
base de cálculo do IR as suas despesas de custeio,
ou seja, aquelas essenciais para a realização do
trabalho – como aluguel, contas de luz e telefone,
materiais de consumo e contratação de pessoal.

Esses gastos precisam estar registrados no livro-


-caixa e estão limitados ao valor da receita mensal
recebida pela pessoa física.

Se em determinado mês as despesas superarem as


receitas, você pode lançar o excesso no mês seguinte,
desde que no mesmo ano-calendário. Se o excesso
ocorrer em dezembro, você não pode utilizar o valor
no ano seguinte.

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O que é um livro-caixa?

O livro-caixa é um documento no qual são relacio-


nadas, todos os meses, as despesas e as receitas
relativas à prestação de serviços sem vínculo em-
pregatício. Toda entrada e saída de recursos deve ser
registrada, com data e valor, independentemente da
forma de pagamento – dinheiro, cartão, Pix etc.

OU T R AS DESPE SAS
Há, ainda, outras duas situações em que os
contribuintes podem reduzir o valor da base de
cálculo do IR:

▶ Descontando honorários advocatícios dos


rendimentos tributáveis de ações judiciais;

▶ Abatendo despesas de imóveis alugados


– como IPTU (Imposto sobre a Propriedade
Predial e Territorial Urbana), condomínios e
outras taxas – do valor do aluguel recebido.
Mas a dedução só é possível se esses gastos

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ficaram a cargo do proprietário do imóvel, e


não do inquilino.

Declaração completa
ou simplificada?
Na hora de fazer a declaração, você pode optar pela
modalidade simplificada ou pela completa.

Na declaração simplificada, você informa o seu


rendimento anual e até 20% desse valor será auto-
maticamente descontado para o cálculo do imposto.
O desconto tem o limite de R$ 16.754,34. Ou seja,
não importa se as suas despesas dedutíveis foram
mais altas ou mais baixas: com a declaração simpli-
ficada você terá 20% de desconto na base de cálculo,
tendo como teto o valor de R$ 16.754,34.

Na declaração completa, por outro lado, você pode


usufruir de todas as deduções previstas em lei – sem-

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pre respeitando o limite máximo de cada uma das


modalidades.

Mas lembre-se: para isso, você precisa ter


em mãos recibos que comprovem todas essas
despesas.

Pense no seguinte exemplo: os seus rendimentos


anuais somaram R$ 72 mil (o equivalente a R$ 6 mil
por mês). Ao longo de 2023, você teve R$ 6 mil de des-
pesas com plano de saúde, que podem ser deduzidas
integralmente. Se optar pela declaração simplifica-
da, você pagará o imposto sobre R$ 57.600 (os R$ 72
mil menos R$ 14.400, equivalentes aos 20% de des-
conto padrão). Se fizer a declaração completa, por
outro lado, o imposto será cobrado sobre R$ 66 mil
(os R$ 72 mil menos as despesas de R$ 6 mil com o
plano de saúde). Isto é, nessa situação hipotética, é
vantajoso optar pela declaração simplificada, e não
pela completa.

Na hora de preencher as informações, o próprio


programa da Receita Federal indica o valor do
imposto a pagar ou restituir em cada uma das

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modalidades. Por isso, vale a pena preencher todos


os valores gastos com despesas dedutíveis. Assim,
você pode escolher a opção mais vantajosa.

Sou aposentado.
Preciso declarar?
Aposentados e pensionistas do INSS não estão
dispensados da obrigação de declarar seus
rendimentos ao IR, independentemente da idade
ou do tipo de benefício que recebem.

Se você recebe aposentadoria ou pensão, verifique


os limites gerais da Receita – eles também valem
para você. Por exemplo, se a sua aposentadoria não
somou mais de R$ 30.639,90 em um ano, você não
precisa declarar.

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Quem tem doença grave


pode pedir isenção
Podem usufruir de isenção do IR aqueles que rece-
bem o benefício por acidente em serviço e quem tem
doença grave listada na Lei nº 7.713/88 (no inciso XIV
do artigo 6º):

▶ Moléstia profissional;

▶ Tuberculose ativa;

▶ Alienação mental;

▶ Esclerose múltipla;

▶ Neoplasia maligna;

▶ Cegueira;

▶ Hanseníase;

▶ Paralisia irreversível e incapacitante;

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▶ Cardiopatia grave;

▶ Doença de Parkinson;

▶ Espondiloartrose anquilosante;

▶ Nefropatia grave;

▶ Hepatopatia grave;

▶ Estados avançados da doença de Paget


(osteíte deformante);

▶ Contaminação por radiação;

▶ Síndrome da imunodeficiência
adquirida (Aids).

Para obter a isenção, o contribuinte que se enquadra


nas regras precisa fazer o pedido à Receita, compro-
vando a patologia por meio de documentos médicos
(atestados, laudos ou relatórios). Só é necessário
comparecer ao INSS caso o beneficiário seja chama-
do para a realização de uma perícia médica.

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Mesmo nesses casos, porém, o imposto não é co-


brado apenas sobre a aposentadoria ou pensão. Se
a pessoa tiver outros rendimentos, como aluguéis,
precisará declará-los – e poderá ser tributada de
acordo com a tabela do IR.

Isenção extra para quem


tem mais de 65 anos
Todos os aposentados e pensionistas com 65 anos ou
mais podem se beneficiar de uma espécie de “isenção
extra” prevista pela Receita. Funciona assim: além da
faixa de isenção que é aplicada a todos os contribuin-
tes, eles também podem ter um valor extra, fixado
em R$ 1.903,98 por mês, mais uma 13.ª parcela do
mesmo valor.

Até pouco tempo atrás, essa faixa extra tinha valor


idêntico à isenção padrão, e por isso o benefício a es-
se público era conhecido como “isenção dupla”. Mas
isso mudou: em maio de 2023 o governo aumentou o

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limite isento que vale para todos os contribuintes de


R$ 1.903,98 para R$ 2.112 mensais, mas não modifi-
cou a parcela extra, que permaneceu em R$ 1.903,98.

Com isso, para a declaração de 2024 há duas situa-


ções. Para rendimentos de janeiro a abril, a isenção
total para aposentados e pensionistas com 65 anos
ou mais fica em R$ 3.807,96 por mês (os R$ 1.903,98
que valiam na época mais uma parcela extra da mes-
ma quantia). De maio a dezembro, o valor isento
total é de R$ 4.015,98 (isto é, a nova isenção padrão,
de R$ 2.112, mais os R$ 1.903,98 da parcela extra).

Dá para economizar
imposto na compra e
venda de imóveis?
Na hora de declarar o IR, o contribuinte também
precisa informar à Receita quais são os seus bens –

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ou seja, qual é o seu patrimônio. Isso inclui imóveis


que estejam em seu nome.

Se, no ano-calendário em questão, você vendeu um


imóvel, deverá pagar imposto sobre o ganho de ca-
pital. Esse ganho é a diferença entre o valor da venda
e o custo da aquisição. Ele deve ser declarado ao go-
verno por meio de um outro programa, o Programa
de Ganhos de Capital, até o dia 30 do mês seguinte
à venda do imóvel. Se você não cumprir essa etapa,
será multado pela Receita. Na hora da declaração de
ajuste anual, você terá que exportar as informações
desse programa e inseri-las no IRPF.

A alíquota cobrada sobre o ganho de capital é pro-


gressiva, de acordo com o valor:

▶ Até R$ 5 milhões – 15%;

▶ Entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões –


17,5%;

▶ Entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões –


20%;

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▶ Mais de R$ 30 milhões – 22,5%.

Mas há como fugir desse imposto. As condições são


as seguintes:

▶ Se você vender um imóvel e comprar


outro no período de 180 dias;

▶ Se o objeto da venda for seu único


imóvel e tiver sido negociado por até R$
440 mil. Nesse caso, você não pode ter
feito outra venda nos últimos cinco anos.

▶ Se o bem tiver sido adquirido antes de


1988.

Além disso, caso tenha feito benfeitorias no imóvel


(ou seja, uma reforma), você pode somar ao valor de-
le aquilo que gastou com materiais de construção e
mão de obra. Outra opção é declarar essas despesas
em uma ficha específica de benfeitorias que fica na
seção “bens e direitos”, grupo de “bens imóveis” –
a inclusão, nesse caso, deve ser feita na declaração
referente ao ano-calendário em que foi feita a re-

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forma.

Dica: Acrescente o valor de benfeitorias para


aumentar o valor do seu imóvel. Com isso,
você reduz o ganho de capital (e a eventual
tributação) quando vendê-lo. É fundamental
guardar notas fiscais e recibos em seu nome
para comprovar os gastos.

Importante: você não pode fazer atualização mo-


netária (isto é, a correção pela inflação) dos valores
– nem do imóvel, nem das benfeitorias.

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Como pagar menos


impostos nos
investimentos?
A poupança é o investimento isento de IR mais
conhecido. Ela é popular pela facilidade na
aplicação e pela segurança, mas não costuma ser
vantajosa financeiramente, já que tem retorno
baixo em relação a outras alternativas.

Por isso, vale a pena considerar mais opções de apli-


cação, distribuindo sua reserva entre diferentes
possibilidades. Para decidir no que investir, você de-
ve levar em conta quatro fatores:

▶ Por quanto tempo quer deixar o


dinheiro aplicado;

▶ Qual é a rentabilidade da aplicação;

▶ Qual será a tributação dos valores;

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▶ Qual é o risco que você está disposto a


correr.

Com essas informações, você pode avaliar as opções


do mercado considerando o ganho líquido, isto é, a
rentabilidade menos o imposto. Isso vai ajudá-lo a
tomar decisões de investimento mais vantajosas.

Além da poupança, há outras aplicações isentas de IR


– sempre ou em determinadas operações – que ofe-
recem mais ganhos ao investidor. Veja quais são elas:

INVEST IMEN TO S DE
RENDA FIX A ISEN TO S DE IR

Se você investir em renda fixa, terá a vantagem de


saber, na hora que aplicar o dinheiro, qual será a re-
muneração – ou seja, quanto os seus recursos vão
render. Cada tipo de aplicação terá descrito o cálcu-
lo desse rendimento. Para isso, indicadores e taxas
servem de referência. Os principais são:

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▶ A Selic, que é a taxa básica de juros;

▶ O IPCA (Índice Nacional de Preços ao


Consumidor Amplo), que mede a inflação;

▶ A taxa DI, um percentual usado em


empréstimos realizados entre os bancos.
O valor da DI está vinculado à taxa Selic.

Na prática, ao aplicar em renda fixa, é como se você


estivesse emprestando dinheiro para o setor priva-
do ou para o governo. Em troca, você é remunerado
por isso, com o pagamento de juros. Há três tipos de
títulos:

▶ Prefixados, em que o rendimento é


preestabelecido, sem interferência da
Selic ou da inflação.

▶ Pós-fixados, em que não é possível


saber exatamente qual será o retorno.
Geralmente, o valor da remuneração é
atrelado à taxa DI.

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▶ Híbridos, em que o rendimento está


atrelado a uma taxa fixa e a outro
percentual variável. Normalmente, o
percentual variável é o IPCA, a inflação
oficial.

Alguns investimentos de renda fixa são isentos de


IR, assim como a poupança. A vantagem é que eles
remuneram melhor o investidor. Veja quais são eles:

CRA e CRI

Os CRAs (Certificados de Recebíveis Agrícolas) e CRIs


(Certificados de Recebíveis Imobiliários) são emi-
tidos por securitizadoras – empresas que vendem
títulos de recebíveis (o valor devido em um emprésti-
mo). Eles são utilizados para financiar o agronegócio
e o mercado imobiliário, respectivamente. O gover-
no isenta esses investimentos de imposto como uma
forma de incentivar esses dois setores.

A remuneração desses investimentos é mais alta.


No entanto, além do risco maior, há outra desvan-

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tagem: você não pode sacar o dinheiro que investiu a


qualquer momento. Como o resgate só é possível no
vencimento, se você quiser desistir no meio do cami-
nho terá que vender o título no mercado secundário
(ou seja, para um outro investidor), com a ajuda de
um profissional da área. A questão é que, nessa ope-
ração, você pode perder dinheiro. Por isso, o ideal é
se planejar e aplicar somente os recursos que você
não vai precisar no curto prazo.

LCI e LCA

Como os CRIs e CRAs, as LCIs (Letras de Crédito Imo-


biliário) e as LCAs (Letras de Crédito do Agronegócio)
também têm a função de financiar os setores imo-
biliário e do agro.

A diferença é que elas são emitidas por instituições


financeiras, como bancos e cooperativas de crédi-
to, e são cobertas pelo Fundo Garantidor de Crédito
(FGC), o que diminui o risco da operação. Na prática,
portanto, são tão seguras quanto a poupança.

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O FGC cobre valores de até R$ 250 mil por CPF em ca-


da conglomerado financeiro. Vale ressaltar que esse
valor se refere à soma das aplicações em produtos
“protegidos”. Assim, se você tiver R$ 50 mil na pou-
pança, R$ 200 mil em LCA e R$ 100 mil em CDB em
um mesmo banco (ou seja, R$ 350 mil ao todo), um
total de R$ 250 mil estarão cobertos pelo fundo.

Debêntures incentivadas

As debêntures incentivadas são títulos que têm a


função de captar recursos para projetos de infraes-
trutura. Esses projetos podem ser desenvolvidos em
diversas áreas: energia, transporte, saneamento, lo-
gística etc.

As debêntures incentivadas são prefixadas, com


rendimento atrelado ao IPCA. Geralmente, são inves-
timentos de longo prazo, em que você recebe juros no
decorrer da aplicação e tem acesso ao valor principal
no vencimento. A lógica é a mesma dos CRIs e CRAs:
se você quiser resgatar antes do prazo, precisará ne-
gociar o título no mercado secundário, com o risco

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de perder dinheiro. Da mesma forma, não há lastro


pelo Fundo Garantidor de Crédito. Se a empresa que
emitiu a debênture falir, você pode não receber o di-
nheiro de volta.

INVEST IMEN TO S DE RENDA


VARIÁVEL ISEN TO S DE IR

Ao contrário dos investimentos de renda fixa, as


aplicações de renda variável não têm remuneração
conhecida desde o início. Ou seja, você não sabe ao
certo quanto vai ganhar ou perder.

Fundos Imobiliários

Conhecidos como FIIs (Fundos de Investimento Imo-


biliário), esses fundos permitem que você invista no
mercado imobiliário sem ter que comprar um imóvel.
No entanto, a sistemática é um pouco mais compli-
cada do que a dos investimentos de renda fixa, já que
você precisa adquirir o título na Bolsa de Valores.

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A tributação aplicada a esses fundos considera dois


valores diferentes: o de negociação da cota e os ren-
dimentos. Na prática, quando você compra uma cota
de um FII, recebe mensalmente uma remuneração.
É como se você recebesse uma parte dos aluguéis
atrelados aos imóveis do fundo (como shoppings ou
galpões logísticos, por exemplo). Esse rendimento é
isento de IR. Se você comprar um imóvel e alugá-lo
diretamente como pessoa física, por outro lado, es-
tará sujeito às alíquotas de IR se ultrapassar o limite
de isenção.

Quando você quiser se desfazer da sua parte no fun-


do, porém, poderá ser tributado. Se a cotação no
momento da venda for maior que aquela que você
pagou na compra, a diferença será taxada em 20%
pelo Leão, independentemente do valor.

Atenção: esse imposto não é retido na fonte, como


nos investimentos em renda fixa. A responsabilida-
de de recolher o imposto é do contribuinte.

Para operações na Bolsa de Valores, como é o caso da


compra e venda de cotas de FIIs, você mesmo deve

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pagar o imposto, gerando um DARF (Documento de


Arrecadação de Receitas Federais) no site da Recei-
ta. O prazo para recolher o tributo vai até o último
dia útil do mês seguinte aos lucros. Se não fizer esse
procedimento, você estará sujeito a multa. Uma das
vantagens na venda de cotas de FII é a facilidade em
encontrar compradores: em geral é muito mais rá-
pido e prático se desfazer de uma cota de um desses
fundos do que vender um imóvel próprio.

Ações

Ações são partes de empresas negociadas na Bolsa de


Valores. Quando você compra uma ação, se torna só-
cio de uma companhia. E não paga Imposto de Renda
sobre os lucros que ela distribuir – os chamados di-
videndos. Eles são isentos desde 1995. Mas vale ficar
atento: o governo tem planos de retomar a taxação.

O que já existe é o imposto sobre a venda de ações. Ele


é cobrado quando há ganho (ou seja, se você vende
por um preço maior do que pagou na compra), desde
que o valor negociado (não só o lucro) seja maior que

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R$ 20 mil mensais. Se o valor da venda ficar abaixo


de R$ 20 mil, portanto, não há tributação. Esse li-
mite não vale para operações feitas no mesmo dia
(o chamado day trade): todas são taxadas, indepen-
dentemente do valor.

A alíquota geral que incide sobre os lucros da venda


de ações é de 15%, mas sobe para 20% se a operação
for de day trade.

Você também pode compensar as perdas que teve


negociando ações na hora de declarar o IR. Para isso,
você só precisa abater o prejuízo dos lucros. A con-
dição é que eles tenham ocorrido para operações do
mesmo tipo e com ativos da mesma classe.

Um alerta: se você investe em ações, precisa ser mui-


to organizado para prestar contas ao Leão. Assim como
no caso dos fundos, você tem de pagar o IR no mês
seguinte à venda dos papéis, e considerar todas as
operações que fez. Mais adiante, ao preencher a de-
claração anual, é preciso informar todos os dados mês
a mês.

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Dica: use o Programa Ganhos de Capital, da


Receita Federal, para calcular os lucros e emitir
o boleto de pagamento de tributos, quando for
o caso. Na hora da declaração, é só importar as
declarações de um programa para o outro.

Criptoativos

Os criptoativos também podem ser investimentos


vantajosos, já que uma parte do ganho com o proces-
so de compra e venda é isenta de IR. A declaração do
ganho de capital com transações desses ativos deve
ser feita mensalmente, como ocorre com as ações.

Para isso, utilize o sistema Coleta Nacional, disponível


no Centro Virtual de Atendimento ao Contribuinte no
site da Receita Federal. Os dados devem ser transmi-
tidos até o último dia útil do mês seguinte àquele em
que as operações com criptoativos foram realizadas.

Você não precisa pagar imposto se o montante que


negociou naquele mês (o total, e não só os lucros) tiver

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sido menor que R$ 35 mil. Se a soma dos criptoati-


vos vendidos no mês for igual ou maior do que esse
valor, você será tributado pelo ganho de capital. Em
2023, a alíquota que incidiu sobre os lucros era pro-
gressiva, entre 15% e 22,5%:

▶ Até R$ 5 milhões – 15%;

▶ Entre R$ 5 milhões e R$ 10 milhões –


17,5%;

▶ Entre R$ 10 milhões e R$ 30 milhões –


20%;

▶ Mais de R$ 30 milhões – 22,5%.

A partir de 2024, com alterações realizadas pela Re-


ceita, a alíquota progressiva passa a valer apenas para
ativos negociados dentro do Brasil. Assim, se o ativo
tiver sido comprado e vendido fora do país, a alíquo-
ta passa a ser fixa, de 15%. Há mais uma mudança: se
a transação tiver sido feita no exterior, ela pode ser
informada à Receita apenas na declaração de ajuste
anual. Para criptoativos negociados no país perma-

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nece a obrigação da declaração mensal.

Na declaração anual, os criptoativos entram na ficha


de Bens e Direitos (Grupo 8). Eles devem ser decla-
rados se o montante total adquirido foi maior que
R$ 5 mil.

RENDA FIX A SEM


ISENÇÃO DE IR

Outros títulos de renda fixa também podem ser van-


tajosos, ainda que haja cobrança de IR. São exemplos
os títulos públicos e o CDB (Certificado de Depósito
Bancário).

Os títulos do Tesouro Nacional são emitidos para fi-


nanciar os gastos do governo. Há diferentes prazos
e juros, com rentabilidade prefixada (as Letras do
Tesouro Nacional), pós-fixada (o Tesouro Selic) ou
híbrida (o Tesouro IPCA+). Uma das vantagens é o
risco baixo, já que a chance de o governo não honrar

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seus compromissos é pequena.

Outra opção são os títulos de CDB, que são vendidos


pelos próprios bancos. Na prática, é como emprestar
seu dinheiro e, em troca, ser remunerado com juros.

Diferentemente dos outros investimentos de renda


fixa isentos de IR, a aplicação em títulos do Tesouro
e em CDB está sujeita à mordida do Leão. A alíquota
incide apenas sobre os rendimentos, no momento do
resgate, e diminui conforme o prazo – ou seja, quan-
to mais tempo o dinheiro ficar aplicado, menor é o
percentual cobrado na hora do saque.

Alíquotas de Imposto de Renda para


aplicações de renda fixa

Alíquota Prazo para resgate

22,5% Até 180 dias

20% De 180 a 360 dias

17,5% De 361 a 720 dias

15% Acima de 720 dias

Fonte: Receita Federal

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Mas você não precisa se preocupar com o pagamento:


no caso dos CDBs, por exemplo, o imposto é descon-
tado diretamente na hora do resgate. Quando você
consultar o valor do rendimento, já verá o saldo líqui-
do da operação – ou seja, com o imposto descontado.

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QUANDO
VALE A PENA
SER MEI?

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Se você é autônomo, pode formalizar a sua atividade


criando um registro de MEI (Microempreendedor In-
dividual). Para isso, é necessário cumprir os seguintes
requisitos:

▶ Não ser titular, sócio ou administrador


de outra empresa.

▶ Não ter ou abrir filial de outra empresa.

▶ Ter um faturamento anual de até R$ 81


mil.

▶ Contratar, no máximo, um empregado


que receba o piso da categoria ou um
salário mínimo.

▶ Exercer uma das ocupações que são


permitidas para o MEI (veja aqui).

Com essa formalização, o empreendedor passa a


pagar tributos com um valor fixo, que só muda quan-
do há reajuste do salário mínimo. Hoje, o imposto
para o MEI varia de R$ 71,60 a R$ 76,60, dependen-

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do da atividade desempenhada. Esse valor inclui a


contribuição previdenciária, o que garante ao em-
preendedor o acesso a benefícios do INSS como
aposentadoria por idade e auxílio-doença. Ser MEI
também permite que você emita notas fiscais e usu-
frua de oportunidades destinadas a pessoas jurídicas,
como o acesso a linhas de crédito específicas.

Se os negócios vão bem e o seu faturamento exce-


der o limite do MEI, o importante é se planejar, já que
os impostos vão subir. No Simples Nacional, voltado
a micro e pequenas empresas, é possível ter receita
bruta anual de até R$ 4,8 milhões. Mas, nesse re-
gime, os tributos não são mais fixos, e passam a ser
cobrados com a aplicação de uma alíquota que varia
de acordo com o faturamento e o setor de atividade.
Inclua o aumento do custo no preço de seu produto
ou serviço para não sair no prejuízo.

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DÁ PARA
PAGAR MENOS
IMPOSTO NO
INVENTÁRIO?

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Sempre que alguém morre e tem mais de um her-


deiro, é preciso fazer um inventário para que os bens
sejam partilhados entre os sucessores. Nesse proces-
so, também são levadas em conta possíveis dívidas
do falecido, para que tudo seja quitado.

No inventário, os herdeiros precisam pagar o ITCMD


(Imposto de Transmissão Causa Mortis e Doações)
– um tributo cuja alíquota varia entre 2% e 8%,
dependendo do estado. Com a reforma tributária
aprovada em 2023, porém, o imposto deixará de ser
fixo e passará a ser progressivo. Isto é, quanto maior
o valor a ser transmitido, maior será a alíquota. Mas
os estados ainda precisam aprovar novas leis para
implementar essa mudança.

As alíquotas progressivas vão variar de 2% a 8%. Em


estados como São Paulo e Paraná, onde hoje a alí-
quota fixa é de 4%, isso significa que o imposto pode
até cair após a alteração na lei, no caso de heranças
menores; por outro lado, se o valor for mais alto, a
alíquota pode até dobrar em relação à atual.

Para evitar pagar mais imposto, uma das alternativas

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é consultar advogados para fazer o chamado plane-


jamento sucessório antes do aumento das alíquotas.
Uma opção é elaborar contratos de usufruto, em que
uma pessoa doa os bens a outra, mas mantém o po-
der sobre eles enquanto estiver viva.

Outra possibilidade é a abertura das chamadas


holdings patrimoniais – empresas destinadas ao ge-
renciamento do patrimônio. Com isso, a propriedade
dos bens passa de pessoas físicas para uma pessoa
jurídica. Nesse caso, é possível fazer o planejamento
sucessório, determinando previamente quem fica-
rá com o que quando houver a morte do titular. Isso
evita a realização do inventário, já que cada um re-
cebe cotas da empresa como herança, e não os bens
em si. Mesmo assim, ainda há a incidência de impos-
tos. Para uma operação desse tipo, o melhor é buscar
a orientação de um advogado, que pode explicar se a
alternativa é vantajosa de acordo com cada caso.

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Previdência e apólices
de seguro whole life
Investir em planos de previdência privada também
facilita a sucessão patrimonial. Eles são considera-
dos uma espécie de seguro – e, por isso, não entram
no inventário. Com isso, os beneficiários dos planos
podem ter acesso ao valor em pouco tempo, sem en-
frentar a burocracia da divisão dos bens.

Existe, no entanto, uma discussão sobre a incidência


do ITCMD sobre esses valores. No caso de planos
VGBL, o entendimento é de que o imposto não deve
ser cobrado. Por outro lado, sobre os planos PGBL há
maior controvérsia, com decisões diferentes entre
os estados. O Tribunal de Justiça Rio de Janeiro, por
exemplo, considera que o ITCMD pode ser recolhido
sobre planos PGBL. O tema está sob análise no STF,
que pode definir uma regra geral no futuro. Enquanto
isso, vale buscar informações sobre qual é o enten-
dimento no seu estado sobre esse tipo de aplicação.

Além disso, no mercado de seguros de vida é possí-

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vel adquirir apólices que valem para a vida inteira. Ao


comprar um desses produtos, chamados de seguros
whole life ou vitalícios, você paga parcelas mensais
ou anuais por um período estabelecido em contra-
to. No fim, você terá quitado a apólice, e terá direito
ao prêmio pelo resto da vida. Uma das vantagens é
que o risco do seguro é “congelado” no momento em
que o contrato é fechado. Ou seja, não há reajuste por
idade ou questões de saúde, apenas pela inflação.

Se o titular do seguro morre, os beneficiários podem


acessar o valor da apólice em poucos dias, sem pagar
IR ou ITCMD. No planejamento sucessório, esse segu-
ro pode ser uma alternativa para que os parentes do
titular possam arcar com as despesas do inventário.

É possível resgatar o valor pago, com reajuste da


inflação mais um percentual prefixado, antes do fa-
lecimento do titular – o que não ocorre em outros
seguros de vida. Você pode fazer o resgate a qualquer
momento, mas é mais vantajoso após a quitação da
apólice. Durante o período em que você está acumu-
lando os recursos, não há pagamento de tributos.
Mas, se você resgatar, estará sujeito à tabela pro-

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gressiva do IR sobre o que rendeu.

Na prática, essa é uma forma de guardar uma reser-


va para o futuro e proteger seus familiares. Produtos
desse tipo, porém, costumam ser caros e voltados a
pessoas com maior poder aquisitivo.

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COMO
ECONOMIZAR
NO IPTU

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O IPTU é um tributo municipal. Por isso, as regras va-


riam de acordo com cada município. No geral, há a
previsão de isenção ou redução no tributo em algu-
mas situações específicas, definidas na legislação.
Em São Paulo, por exemplo, aposentados ou pensio-
nistas têm direito à isenção total do imposto desde
que recebam até três salários mínimos por mês e que
possuam um imóvel cujo valor venal seja de até R$
1.668.590 (veja as regras completas neste link).

Também há a possibilidade de usar notas fiscais pa-


ra abater o valor do imposto em alguns municípios.
Em Curitiba, a participação no programa Nota Curi-
tibana permite que o contribuinte abata até 50% do
IPTU. Basta se cadastrar e pedir nota fiscal ao con-
tratar prestadores de serviço na cidade.

Esse tipo de iniciativa, porém, deve deixar de exis-


tir com a reforma tributária. Isso porque o objetivo
desses programas é combater a sonegação do ISS
(Imposto Sobre Serviços), que será extinto após a
unificação de tributos sobre o consumo.

Por outro lado, a reforma proposta pelo governo prevê

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a realização de sorteios para quem pedir a nota fiscal
em compras. O texto também inclui um “cashback”
(devolução de imposto), mas apenas para famílias
pobres inscritas no Cadastro Único. O projeto ainda
passará pela análise do Congresso.

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DESCONTOS
NO IPVA

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De forma semelhante ao que ocorre com o IPTU,


que é municipal, também há isenções e descontos
atrelados ao IPVA (Imposto sobre a Propriedade de
Veículos Automotores), um tributo estadual. Elas va-
riam conforme o estado. No Paraná e em São Paulo,
por exemplo, há isenção para os veículos de pessoas
com deficiência.

Em março de 2024, o Senado aprovou uma proposta


de emenda à Constituição que isenta de IPVA, em to-
do o país, os veículos fabricados há mais de 20 anos.
O texto ainda precisa ser analisado na Câmara.

Os estados também têm programas que promovem


o abatimento do valor do IPVA, como o Nota Paraná
e o Nota Fiscal Paulista. Eles podem não sobreviver à
reforma tributária, visto que seu objetivo é comba-
ter a sonegação do ICMS (Imposto sobre Circulação
de Mercadorias e Serviços), tributo estadual que dei-
xará de existir.

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ISENÇÃO NA
COMPRA DE
CARRO

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Pessoas com deficiência física, visual, auditiva, men-


tal severa ou profunda, ou que tenham transtorno do
espectro autista, podem ter isenção de IPI (Imposto
sobre Produtos Industrializados) na hora de comprar
um carro.

Para isso, é preciso que o veículo tenha motor de até


duas mil cilindradas (2.0) e no mínimo quatro portas
(contando com o bagageiro). O carro deve ser movi-
do a combustível de origem renovável, ou ter sistema
reversível de combustão (os chamados “flex”), ou ser
híbrido ou elétrico. A isenção de IPI pode ser obtida
para um único veículo a cada três anos.

Além disso, esses mesmos contribuintes podem ter


isenção de IOF (Imposto sobre Operações Financei-
ras) na compra de automóveis de passageiros de até
127 HP de potência bruta. Esse benefício, porém, é
aplicado apenas uma vez.

Há, ainda, isenção de ICMS se o valor do veículo for


de até R$ 70 mil. Para carros que custem de R$ 70
mil a R$ 120 mil há desconto no imposto, mas não
isenção total.

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A isenção de IPI e de ICMS é mais uma que pode mudar


com a reforma tributária, já que os tributos deixarão
de existir. A permanência do benefício depende da
aprovação de uma lei complementar, que precisará
ser discutida no Congresso.

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Créditos
FON T ES CONSULTADAS

Alcyr de Castro, gerente de projetos do


Instituto Brasileiro de Planejamento e
Tributação (IBPT)

Alexandre Conde, diretor tributário da Genial


Investimentos

Alexandre Tortato, advogado e ex-conselheiro


do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais
(Carf), do Ministério da Fazenda

Cláudio Marcelo Cordeiro, professor e


coordenador da pós-graduação em Gestão
Contábil e Inteligência Tributária da FAE Centro
Universitário

Cris Tarabori, gerente jurídico do Mercado


Bitcoin

Eduardo Bitello, advogado tributarista e sócio


da Marpa Gestão Tributária

Fabrício Tota, diretor de novos negócios do


Mercado Bitcoin

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Gabriel Santana Vieira, advogado tributarista


e sócio da GSV Contabilidade

João Eloi Olenike, presidente do IBPT

Leonardo Roesler, advogado tributarista e


empresarial e sócio da RMS Advogados

Lucas Ribeiro, advogado tributarista e CEO da


Roit

Michael Soares, advogado tributarista e sócio


da Marpa Gestão Tributária

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Valter Notz, diretor de Seguros e Previdência da


Genial Investimentos

REPORTAGEM
Giulia Fontes

EDIÇÃO
Fernando Jasper

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