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Conceitos fundamentais

A Terapia da Aceitação e Compromisso (ACT) é uma intervenção psicoterápica


de terceira onda dentro das terapias cognitivas que se propõe a afetar uma
classe de comportamentos denominada de esquiva experiencial, através da
alteração da função que os eventos privados (pensamentos e emoções) assumem
nas cadeias comportamentais, como as causas, em função das contingências
ambientais.

Sendo assim, o objetivo dessa aula é apresentar os conceitos fundamentais dessa


terapia de 3ª onda entre as terapias cognitivo-comportamentais. Para isso, é
importante dizer que o conteúdo dessa aula foi retirado de dois livros: "Terapia de
aceitação e compromisso" (2021), de Steven Hayes, Kirk Strosahl e Kelly Wilson, e
"Aprendendo ACT" (2022), de Jason Luoma, Steven Hayes e Robyn Walser. Os
conceitos e fundamentos apresentados aqui foram extraídos dessas obras, que
podem ser estudadas por completo, caso deseje se aprofundar no assunto.

INTRODUÇÃO

Tratar a esquiva emocional inadequada é o foco da ACT, juntamente com o


objetivo de responder ao excessivo contexto da literalidade e da inabilidade para se
comportar na direção de valores relevantes. O teórico Steven Hayes é o
responsável por criar e desenvolver a Terapia da Aceitação e Compromisso e
definiu, como o seu principal objetivo, ajudar as pessoas a criarem uma vida rica,
plena e que possua um sentido verdadeiro.

O principal conceito da ACT é chamado de contextualismo funcional, que seria


a compreensão de como os eventos divergem em seu funcionamento em diferentes
contextos. Esse conceito defende que nenhum pensamento ou sentimento por si

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só é problemático, tudo irá depender desse contextualismo - que seria o


contexto em que o paciente está inserido.

A premissa da ACT é de não rejeitar pensamentos e emoções e não realizar


julgamento e juízo de valor diante deles. Isso porque, a partir do momento em que o
indivíduo evita a todo custo entrar em contato com esses sentimentos e emoções,
isso pode tornar-se prejudicial, ocorrendo o que o autor chamou de esquiva
experiencial. A esquiva experiencial é a tendência que as pessoas têm de evitar
situações que acreditam que podem lhe causar desconforto psicológico.

Além disso, a ACT não procura reduzir ou eliminar sintomas e por isso funciona
muito bem para pacientes que não têm um transtorno diagnosticado. Dessa
forma, o objetivo da terapia é transformar a relação do paciente com os
pensamentos e sentimentos de modo que eles deixem de ser problemáticos dentro
de um determinado contexto. Desse modo, os pensamentos só se tornam
problemáticos, no ponto de vista da ACT, a partir do momento em que o
paciente faz a esquiva experiencial e não quer entrar em contato com esse
pensamento/sentimento.

Com isso, dentro do contextualismo funcional, a ACT procura ensinar as pessoas a


aumentar a consciência do seu próprio comportamento e observar como ele
funciona no contexto da sua vida, levando o paciente a refletir se aquele
comportamento melhora ou piora a sua qualidade de vida e descobrir qual é a
função de determinado comportamento.

CONCEITOS IMPORTANTES

Literalidade

Na linguagem comum, as palavras significam coisas com as quais se relacionam e a


situação adquire muitas funções atreladas às palavras que descrevem por meio da
equivalência de estímulos. Então, para a ACT, a comunicação verbal estabelece
arbitrariamente a relação específica entre palavras e eventos. Dessa forma, a ACT
busca intervir na literalidade das palavras que possuem uma conotação
negativa socialmente, como é o caso das palavras “tristeza” e “raiva”. Com isso a

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ACT busca enfraquecer a literalidade de maneira que o significado literal não seja
mais tão relevante, diminuindo a carga emocional atribuída a determinadas
emoções.

Fusão cognitiva

A fusão cognitiva pode ser definida como um estado no qual a pessoa está fundida
com seus pensamentos e sentimentos. A pessoa passa a interpretar o que sente e
pensa como se isso estivesse acontecendo de fato, ao invés de se atentar à
realidade. É como se a pessoa vivesse no que está se passando em sua
cabeça e não no mundo real.

Embora seja um fenômeno natural da nossa psique, a fusão cognitiva pode ser
bastante prejudicial quando há distorções cognitivas. Essas distorções fazem com
que os pensamentos e sentimentos do indivíduo não sejam muito precisos em
relação à realidade, resultando em interpretações errôneas acerca dos
acontecimentos. Portanto, “viver” nossos pensamentos e sentimentos, às vezes,
pode atrapalhar mais do que ajudar.

Para a ACT, a fusão é permanecer preso no mundo da linguagem e perder o


contato com o mundo através da experiência direta. Muitos pacientes
apresentam um discurso muito racional e pouco emocional, vão perdendo o contato
com as emoções e vão fazendo a fusão cognitiva dos pensamentos com a
racionalidade. A fusão cognitiva pode ser interpretada como a tendência de ser
dominado pelo conteúdo do pensamento.

Esquiva experiencial

A esquiva das experiências ou a esquiva experiencial emerge da nossa capacidade


de naturalmente avaliar, predizer e evitar eventos. Ocorre quando o indivíduo
tenta diretamente evitar, controlar, alterar, fugir e mudar eventos privados
particulares como, por exemplo, as sensações corporais, emoções,
pensamentos. A esquiva dos sentimentos “ruins” gera disfuncionalidade, que
consequentemente gera mais ansiedade. Essa esquiva é reforçada culturalmente

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pela sociedade, porque as palavras na literalidade possuem um peso. Dessa forma,


a ACT almeja desconstruir o sofrimento e ajudar o paciente a compreender que
esses sentimentos são comuns e podem ser adaptativos em determinados
contextos.

Contato com valores genuínos

Essa é uma premissa da ACT que visa conectar o paciente com seus valores e
aquilo que realmente é importante para ele. Eventualmente, é possível que o
paciente apresente valores pouco claros. Exemplo: não sabe quais são seus valores
ou perdeu o contato com esse valor. Esses valores estão diretamente
relacionados com aquilo que o ser humano valoriza na vida. É possível
observar valores acerca de relacionamentos, da vida social, do trabalho, saúde,
entre outros. Contudo, quando uma pessoa entra em um estado de fusão
cognitiva frequente, é fácil acabar se esquecendo de seus valores e tomar
decisões incompatíveis com aquilo que acredita.

O objetivo desta psicoterapia é tornar o comportamento influenciado por valores


que estimulem o paciente. Com isso, é papel do terapeuta auxiliar o paciente a
identificar os seus valores com o intuito de direcioná-lo adequadamente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A ACT é uma abordagem terapêutica contextual funcional que utiliza processos de


aceitação e compromisso de mudança para propiciar maior flexibilidade
comportamental. É fundamental aceitar emoções, pensamentos, sentimentos, já
que não é possível mudá-los. O objetivo maior da terapia é fazer o paciente se
comprometer com a mudança e incentivá-lo a partir para ação, contribuindo para um
repertório comportamental mais amplo e, consequentemente, para uma maior
flexibilidade psicológica. A ACT compreende que o sofrimento humano é
originado da inflexibilidade psicológica, decorrente da fusão cognitiva entre
emoções e pensamentos fundidos na realidade.

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REFERÊNCIAS

HAYES, S.; STROSAHL, K.; WILSON, K. Terapia de Aceitação e Compromisso: o


processo e a prática da mudança consciente. Porto Alegre: Artmed, 2021.

LUOMA, J.; HAYES, S.; WALSER, R. Aprendendo ACT: manual de habilidades da


terapia de aceitação e compromisso para terapeutas. Novo Hamburgo: Sinopsys,
2022.

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