Você está na página 1de 16

TÓPICOS DE LÍNGUA

PADRÃO

PROFª. CLAUDIANE APARECIDA DE SOUSA


P o rtu g u ês I n st ru m en ta l |1

UNIDADE V - TÓPICOS DE LÍNGUA PADRÃO

META

Nesta Trilha de Aprendizagem, vamos colocar em prática os


procedimentos de análise sintática no nível oracional, observando as regras
da concordância verbal e da concordância nominal, além de estudar
a posição ocupada pelos pronomes oblíquos átonos na oração. Veja como
isso tudo acontece nas orações!

Objetivos

I. Identificar o funcionamento da concordância verbal e da concordância


nominal nas orações.

II. Aplicar as regras de concordância verbal e de concordância nominal nas


orações, de forma a adequá-las de acordo com a norma padrão da língua
portuguesa.

III. Avaliar os usos da colocação pronominal na língua portuguesa.

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL: REGRAS, DICAS


E EXEMPLOS

Concordância Verbal

A concordância verbal está relacionada ao comportamento


do verbo diante de diferentes tipos de sujeitos, predicados, etc.
P o rtu g u ês I n st ru m en ta l |2

Concordância com Sujeito Simples

O sujeito simples é aquele que possui apenas um núcleo.

Desse modo, em regra, o verbo concorda em número e pessoa com


o sujeito simples, independentemente da localização do verbo ou do sujeito
na frase. Vamos a um exemplo: Ele foi ao shopping.

“Ele” é sujeito simples, o qual está no singular e na terceira pessoa.


Desse modo, o verbo “ir” também deve ser flexionado no singular,
concordando com a terceira pessoa, resultando na forma “foi”.

Imediatamente vamos a um exemplo, em que o sujeito e o verbo


estão distantes um do outro. Observemos: Meus irmãos, os quais são muito
inteligentes, passaram no mesmo concurso.

Veja que o núcleo do sujeito simples é “irmãos” e está no plural, desse


modo, o verbo também será flexionado no plural: “passaram”, mesmo ele
estando longe do sujeito a que se refere.

Concordância com Partitivos

Agora iremos adentrar as situações específicas, sendo elas as mais


utilizadas. São muitas regras, então, fique atento.

As expressões partitivas são: a maioria de, a minoria de, a metade


de, um grande número de, entre outras expressões.

Desse modo, quando tivermos, por exemplo, a expressão: “A maioria


dos membros”, dizemos que “dos membros” é o determinante,
a especificação do partitivo.
P o rtu g u ês I n st ru m en ta l |3

Nessa situação, a concordância verbal pode ser realizada em


relação ao núcleo do sujeito, que é o partitivo, bem como com o núcleo do
determinante do partitivo. Vamos a um exemplo?

- A maioria dos membros do clube desistiu da inscrição.

- A maioria dos membros do clube desistiram da inscrição.

Perceberam que a concorrência pode ser realizada das duas maneiras?

O verbo pode concordar com o núcleo do partitivo “maioria”, o qual


está no singular, ou com o núcleo do determinante “membros”, o qual está
no plural.

Concordância com coletivos

Quando estamos falando de coletivos, temos que ter atenção à


estrutura da frase.

Caso o coletivo não tenha um determinante, o verbo irá concordar


com o coletivo: Exemplos:

- A manada passou pela rodovia.

- As manadas passaram pela rodovia.

Agora, caso ele esteja especificado, poderá haver a concordância


tanto com o sujeito coletivo, quanto com o determinante: Exemplos:

- A manada de elefantes passou pela rodovia.

- A manada de elefantes passaram pela rodovia

- As manadas de elefantes passaram pela rodovia.

Mais de um, menos de um, cerca de, etc.


P o rtu g u ês I n st ru m en ta l |4

Agora, a concordância é realizada com o numeral que acompanha a


expressão. Vamos exemplificar:

- Mais de um aluno faltou.

- Mais de dois alunos faltaram.

- Menos de dois alunos faltaram.

- Cerca de 50 alunos faltaram.

Concordância com porcentagens e outros números

Ainda na sequência ao nosso estudo sobre concordância verbal e


nominal, vamos analisar agora a concordância em relação aos números.

Quando o sujeito da frase está relacionado à porcentagem, teremos


uma concordância parecida com a concordância dos partitivos.

Em regra, o verbo concorda com o número. Caso seja menor do que


2, irá para o singular, caso seja igual ou maior do que 2, irá para o plural.
Porém, se houver determinantes, pode também concordar com o
determinante. Vejamos:

- 1,8% aprovou.

- 1,8% dos membros aprovou/aprovaram.

- 5,1% aprovaram.

- 5,1% da assembleia aprovou/aprovaram.

No entanto, quando o sujeito for precedido de um determinante,


como “Os”, “Estes”, “Aqueles”, o verbo irá concordar, obrigatoriamente,
com o determinante, observemos:

- Os 5,1% da assembleia aprovaram.


P o rtu g u ês I n st ru m en ta l |5

De forma similar, vamos avaliar como será a concordância com


números decimais:

- 1,2 milhão foi aprovado. (Sem determinante, fica no singular, pois é


menor que 2).

- 1,2 milhão de reais foi aprovado. (Com determinante, pode


concordar com o número).

- 1,2 milhão de reais foram aprovados. (Com determinante, pode


concordar com o determinante).

Fique Atento!

Perceba que não é correto escrever “1,2 milhões”. Sendo a


maneira correta “1,2 milhão”, pois o número é menor que 2.

Por derradeiro, caso exista frações, possuirá a concordância com


o numerador da fração, todavia, se houver o determinante, ainda poderá
concordar com ele:

- Um quinto chegou.

- Dois terços chegaram.

- Um quinto dos alunos chegou/chegaram.


P o rtu g u ês I n st ru m en ta l |6

Concordância com verbos Ter e Vir

Os verbos ter e vir, bem como os seus derivados, como por exemplo,
manter e provir recebem acento diferencial quando estiverem no plural.
Exemplo:

- têm/vêm/mantêm/provêm.

Sem olvidar, os verbos derivados, quando no singular, igualmente


recebem acentuação diferencial, mas de outra forma. Observemos:

- Ele tem um barco.

- Eles têm um barco.

- Ele mantém um asilo.

- Eles mantêm um asilo.

Verbos Haver e Existir

O verbo haver, no sentido de existir, é impessoal, isto é, não tem


sujeito, logo, tudo após o verbo é considerado objeto direto. Nesse sentido,
ele permanecerá no singular. Vejamos:

- Há pessoas na rua.

- Havia alunos na escola.

- Houve muitos desastres nos últimos anos.

Outros verbos impessoais também ficarão no singular, como verbos


que indicam passagem de tempo ou fenômenos da natureza. Exemplos:

- Trovejou bastante ontem.

- Faz 5 anos que não a vejo.


P o rtu g u ês I n st ru m en ta l |7

Em contrapartida, o verbo existir é pessoal, sendo a sua concordância


realizada com o sujeito da oração. Exemplos:

- Existem animais selvagens no parque.

- O computador existe desde o século passado.

Concordância com pronome “Que” e “Quem”

Quando o sujeito for alterado pelo pronome relativo “que”, a


concordância do verbo será conforme o antecedente do pronome:

- O padeiro que fez o pão é simpático.

- Os padeiros que fizeram o pão são simpáticos.

No entanto, caso tenha predicativo do sujeito, ou seja, quando


houver algum termo que confira alguma qualidade ou característica ao
sujeito, poderá existir a concordância com o sujeito ou com o predicativo.
Exemplos:

- Eu fui o primeiro que consegui a aprovação.

- Eu fui o primeiro que conseguiu a aprovação.

CUIDADO!

Quando tivermos o pronome “quem”, em regra, haverá a


concordância do verbo com o próprio pronome, sendo flexionado
na 3º pessoa do singular. Porém, também é possível realizar
a concordância com o sujeito antecedente do “quem”:

- Fomos nóscom
Concordância quem chamou ocom
expressões táxi.o pronome “que”

- Fomos nós quem chamamos o táxi.


P o rtu g u ês I n st ru m en ta l |8

Quando houver núcleo do sujeito no singular e núcleo do adjunto


no plural, juntamente com o pronome relativo “que”, poderá haver a dupla
concordância, desde que não cause incoerência no texto. Não entendeu?
Vamos a um exemplo:

- O resultado das provas que devastou os alunos.

- O resultado das provas que devastaram os alunos.

Tal fato acontece, quando o pronome relativo “que” está se referindo


tanto ao sujeito, quanto ao adjunto.

Concordância com Sujeito Oracional

É possível que o sujeito do verbo seja formado por uma oração. Desse
modo, a concordância será realizada no singular. Exemplo:

- É necessário ir ao mercado.

Observe que o sujeito é “ir ao mercado”. Sendo que, na forma direta,


a frase seria: Ir ao mercado é preciso.

Para não ter erro vamos treinar outro exemplo.

- Convém ir ao shopping.

O sujeito é “Ir ao shopping”, como podemos perceber na


reorganização da frase:

- Ir ao shopping convém.

- Assim, o verbo permanece no singular (convém).


P o rtu g u ês I n st ru m en ta l |9

Concordância com Locução Verbal

Locução verbal é formada por um verbo principal e um


auxiliar, sendo que apenas o verbo auxiliar irá concordar com o sujeito,
ficando o verbo principal invariável. Exemplo:

- Eles podem ser médicos.

Veja que o verbo “poder” é o auxiliar, concordando com o sujeito. Já


o verbo “ser” é o principal, ficando invariável. Mas, quando há o verbo
impessoal “haver”, temos algumas variações.

Quando o verbo “haver” possuir o sentido de existir, ele torna-


se impessoal, sendo que, caso ele seja o principal, ele irá “infectar” o verbo
auxiliar, fazendo com que ele também fique invariável:

- Pode haver várias situações conflitantes amanhã.

Entretanto, quando o verbo “haver” for o verbo auxiliar, ele


irá variar normalmente, enquanto o principal ficará invariável:

- Não haveriam de faltar roupas para o evento.

Concordância com Nomes Próprios no Plural

Aqui, especificamente, a concordância sempre será feita em relação


ao artigo. Caso não haja artigo, o verbo ficará no singular. Vejamos:

- Os Estados Unidos retiraram as tropas do Afeganistão.

- Estados Unidos retirou as tropas do Afeganistão.

Pronomes de Tratamento

A concordância é realizada com a terceira pessoa, e não com a


segunda, como muitos pensam: Vossa Senhoria chegou cedo. / Vossa
Excelência dirige bem.
P o r t u g u ê s I n s t r u m e n t a l | 10

Concordância com Sujeito Composto

É aquele que possui mais de um núcleo, os quais, juntos,


formam apenas um sujeito. Em regra, caso o sujeito venha antes do
verbo, haverá a concordância no plural. Exemplo:

- Eu e você iremos ao cinema.

Todavia, caso o sujeito venha depois do verbo, a concordância pode


ser feita com o núcleo mais próximo ou com o todo (indo para o plural):
Iremos eu e você ao cinema. / Irei eu e você ao cinema.

AÇÕES RECÍPROCAS
Quando há ações recíprocas, é porque o(s) núcleo(s) praticam e
sofrem a ação. Sendo assim, o verbo irá para o plural:

- Os professores se abraçaram.

- O aluno e o professor se abraçaram.

Concordância com sujeito composto em gradação

Quando os núcleos do sujeito composto forem palavras em


gradação, o verbo poderá concordar com o mais próximo ou com
o todo (plural). Exemplos:

- Um dia, um mês, um ano não é suficiente.

- Um dia, um mês, um ano não são suficientes.


P o r t u g u ê s I n s t r u m e n t a l | 11

Concordância com tudo, nada, nenhum…

No caso de termos resumidores, como tudo, nada, nenhum, a


concordância do verbo será feita com o termo, ou seja, ficará no singular:

- As árvores, os animais, os rios, tudo faz parte da natureza.

- Rio de Janeiro, São Paulo, Fortaleza, nenhum desses lugares está


frio.

Concordância com núcleos unidos por conectivos aditivos

Quando, em um sujeito composto, os seus núcleos forem ligados


pela preposição “com”, em que ela indicar inclusão dos núcleos na ação, a
concordância verbal será realizada no plural:

- Eu com meu irmão fomos ao parque.

No entanto, caso a expressão esteja isolada por vírgula, o sujeito


será singular, permanecendo o verbo também no singular:

- Eu, com meu irmão, fui ao parque.

No exemplo, “com meu irmão” é um adjunto adverbial de companhia


deslocado, e não parte do sujeito, por isso ficará no singular, uma vez que a
forma direta seria:

- Eu fui ao parque com meu irmão.

Há que observar se o sujeito composto tem expressões como “assim


como”, “bem como”, “tanto quanto”, a concordância
será, preferencialmente, conforme o primeiro termo, mas pode ser ainda
em relação ao todo:

- Eu, assim como meu irmão, fui/fomos ao shopping.


P o r t u g u ê s I n s t r u m e n t a l | 12

Conjunção Ou e Nem

Quando houver a presença do “ou” aditivo ou inclusivo, o verbo irá


para o plural. Vejamos:

- O professor de Física ou o professor de Artes não saberão isso.


(Nenhum dos dois saberão isso.).

Mas, quando o “ou” sugerir uma exclusão, o verbo irá para o singular:

- Marcos ou João vencerá o prêmio. (Apenas um deles vencerá).

Todavia, quando houver o emprego do “nem”, o qual significa uma


adição (igual a “e não”), o verbo irá para o plural, em regra:

- Nem o professor de Física nem o professor de Artes


saberão isso (Nenhum dos dois saberão isso).

Já, quando o verbo anteceder o sujeito, poderá usar singular ou


plural:

- Não faltava/faltavam nem o João nem a Maria

Tempo e Distância

Todas as vezes que o verbo ser estiver relacionado a tempo e a


distância, a concordância será de acordo com o predicativo:

- São 9 horas.

- É apenas 1 km até a minha casa.

- 23 metros de fita.
P o r t u g u ê s I n s t r u m e n t a l | 13

Tudo, nada, pouco, muito, ao indicar distância e quantidade

Nesse caso, o verbo ficará no singular, como podemos ver abaixo:

- 10 dias é muito para fazer esse trabalho.

- 2 tempos é pouco para um jogo de futebol.

- 5 kg é tudo que eu preciso.

Enquanto para datas, pode haver a concordância no singular ou


plural:

- Hoje é (dia) 20 de agosto.

- Hoje são 20 (dias) de agosto.

Concordância Nominal

Agora vamos aprender sobre Concordância Nominal, ou seja, como


os determinantes dos substantivos devem concordar com ele (não há a
presença de verbos nessa análise).

Em regra, haverá a concordância em número e gênero com o


substantivo:

- Ela é bonita.

- Elas são bonitas.

Adjetivo se referindo a dois ou mais substantivos

Quando um mesmo adjetivo se referir mais de um substantivo, a


concordância poderá ser realizada com o substantivo mais próximo ou com
o todo:

- Eu vi vários professores e professoras educadas.

- Eu vi vários professores e professoras educados.


P o r t u g u ê s I n s t r u m e n t a l | 14

Atenção!

Os exemplos supracitados ocorrem, apenas, quando o


adjetivo vier após os substantivos. Caso ele venha antes, só haverá
a concordância com o mais próximo:

- Eu comi boa sobremesa, entrada e prato principal.

Se o adjetivo estiver desempenhando a função


de predicativo, poderá ocorrer a concordância no plural, além da
concordância em relação ao mais próximo:

- Estavam gostosas as sobremesas e o prato principal.

- Estavam gostosos as sobremesas e o prato principal.

Adjetivo composto

Já quando tivermos um adjetivo composto, em regra, somente


o segundo termo irá variar, concordando com o substantivo:

- Os estudantes luso-brasileiros chegaram hoje.

Mas, ele ficará invariável, quando houver algum substantivo na


composição do adjetivo.

- Sapatos amarelo-ouro.

- Camisas verde-limão.

- Tapetes cinza-escuro.

Vale ressaltar ainda que, quando os dois termos forem adjetivos, os


dois serão flexionados:

- A menina surda-muda.

- Os meninos surdos-mudos.
P o r t u g u ê s I n s t r u m e n t a l | 15

REFERÊNCIAS

MASIP, Vicente. Fonologia, fonética e ortografia portuguesas. Rio de


Janeiro: E.P.U., 2014.

MARTINO, Agnaldo. Português esquematizado. 8. ed. São Paulo: Saraiva,


2020.

Você também pode gostar