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Manual de Curso de Licenciatura

1º Ano

Disciplina: TÉCNICAS DE EXPRESSÃO DE LÍNGUA PORTUGUESA


Código: ???????

CRÉDITOS (SNATCA): ???

Número de Temas: 5

Instituto Superior de Ciências e Tecnologias Alberto Chipande


Direitos de autor (copyright)

Este manual é propriedade do Instituto Superior de Ciências e Tecnologias Alberto Chipande


(ISCTAC) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução
parcial ou total deste manual, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios (electrónicos,
mecânico, gravação, fotocópia ou outros), sem permissão expressa de entidade editora
ISCTAC

A não observância do acima estipulado o infractor é passível a aplicação de processos


judiciais em vigor no País.

Instituto Superior de Ciências e Tecnologias Alberto Chipande () ISCTAC


Coordenação do Programa de Licenciaturas
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Beira - Moçambique
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E-mail:...........................
Website: www.isctac.org.com.mz
Agradecimentos

Instituto Superior de Ciências e Tecnologias Alberto Chipande  Coordenação do Programa


das Licenciaturas e os autores do presente manual agradecem a colaboração dos que
seguintes indivíduos na elaboração deste manual, pelo design e revisão final, financiamento
e logística.

Elaborado Por:

dra. Preciosa Caninha Wisse – Licenciada em Ensino da Língua Portuguesa, pela Universidade
Pedagógica – Delegação da Beira.

Ivanízio Hussene – Formado em Ensino da Língua Portuguesa com Habilitações em Ensino da


Língua Inglesa – Pela Universidade Pedagógica – Delegação da Beira.
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Índice

Visão geral 3
Bem-vindo ao Módulo de Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa ........................ 3
Objectivos do Módulo....................................................................................................... 3
Quem deveria estudar este módulo? ............................................................................... 4
Como está estruturado este módulo? .............................................................................. 4
Ícones de actividade ......................................................................................................... 6
Habilidades de estudo ...................................................................................................... 7
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 7
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ................................................................................ 7
Avaliação ........................................................................................................................... 8

UNIDADE 1: TEXTOS ESCRITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE PESQUISA DE DADOS 10


UNIDADE Temática 1.1.: TOMADA DE NOTAS ................................................................ 10
Introdução....................................................................................................................... 10
1.1.1. FICHA DE LEITURA ................................................................... 13
1.1.2. FICHA-CITAÇÃO ................................................................. 13
1.1.3. FICHA-RESUMO................................................................... 14

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Sumário ........................................................................................................................... 23
Exercícios ........................................................................................................................ 23
Respostas ......................................................................... Erro! Marcador não definido.

UNIDADE 2: TEXTOS ORAIS OU ESCRITOS DE NATUREZA DIDÁCTICA OU CIENTÍFICA 47


UNIDADE Temática 2.1 TEXTO EXPOSITIVO-EXPLICATIVO ............................................. 47
Introdução....................................................................................................................... 47
Sumário ........................................................................................................................... 70
Exercícios ........................................................................................................................ 71

UNIDADE 3: EXPRESSÃO E COMPREENSÃO ORAL 73


UNIDADE Temática 3.1 FORMAS DE TRATAMENTO ........ Erro! Marcador não definido.
Introdução........................................................................ Erro! Marcador não definido.
Sumário ............................................................................ Erro! Marcador não definido.
Exercícios ......................................................................... Erro! Marcador não definido.
Respostas ......................................................................... Erro! Marcador não definido.

UNIDADE 4: TEXTOS FUNCIONAIS/ADMINISTRATIVOS 95


UNIDADE Temática 4.1: A ACTA ..................................................................................... 95
Introdução....................................................................................................................... 95
Sumário ......................................................................................................................... 110
Exercícios ...................................................................................................................... 110
Respostas ......................................................................... Erro! Marcador não definido.

UNIDADE 5: REFLEXÃO SOBRE A LÍNGUA Erro! Marcador não definido.


UNIDADE Temática 5.1: ORTOGRAFIA ............................. Erro! Marcador não definido.
Introdução........................................................................ Erro! Marcador não definido.
Sumário ............................................................................ Erro! Marcador não definido.
Exercícios ......................................................................... Erro! Marcador não definido.
Respostas ......................................................................... Erro! Marcador não definido.
Referencias Bibliográficas ............................................................................................. 111

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Visão geral

Bem-vindo ao Módulo de Técnicas de Expressão de Língua


Portuguesa

Objectivos do Módulo

A linguagem verbal constitui-se como um sistema de representação da


realidade. Nela são representadas as modalidades mediadoras de
representações como a fala e a escrita e são referidos modelos de
aquisição, aprendizagem e processamento que tentam explicar a sua
actualização.

No ensino de língua, a aula visa desenvolver no estudante a


competência comunicativa, fazendo com que o aprendente adquira a
capacidade de se expressar, de uma forma espontânea e adequada,
numa situação de interacção com um ou vários interlocutores.

O objectivo das actividades de produção escrita a propor aos falantes


de Português como os de qualquer outra língua é torná-los capazes de
organizarem as ideias e de exprimirem de forma clara, espontânea e
criativa, em sequência lógica e com frases estruturalmente correctas.
No entanto, a língua é um instrumento de que nos servimos para
comunicar o que pensamos e sentimos é através dela que construímos
e fertilizamos a nossa imaginação.

O presente manual tem em conta a consecução dos objectivos e os


diferentes vectores do programa da cadeira de Técnicas de Expressão
de Língua Portuguesa constituindo, por isso, um importante subsídio
de apoio às aulas. Por apresentar temas seleccionados de modo a
despertarem nos estudantes o gosto pelo saber.

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Ao terminar o estudo do módulo de Técnicas de Expressão de


Língua Portuguesa, o estudante deverá ser capaz de:

 Desenvolver a competência comunicativa em Língua


Objectivos
Portuguesa, na oralidade e na escrita, de forma apropriada
Específicos
a diferentes situações de comunicação, perspectivando os
discursos tendo em vista a integração do sujeito de
aprendizagem no seu meio socioprofissional;

 Conhecer o funcionamento específico da pluralidade de


discursos que os discentes manipulam quotidianamente
nas disciplinas curriculares;

 Desenvolver o conhecimento da língua e da comunicação,


através de uma reflexão metódica e crítica sobre a
estrutura do sistema linguístico, nas componentes
fonológicas, morfo-sintáctico, lexical, semântica e
pragmática.

Quem deveria estudar este módulo?

Este Módulo foi concebido para todos os estudantes do 1º ano dos


cursos de licenciatura de Ensino à Distância e também para o público
interessado na construção e aquisição de mais conhecimentos.

Como está estruturado este módulo?

O presente módulo íntegra na sua estrutura geral, os seguintes


componentes:

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

Uma visão geral detalhada dos conteúdos do módulo, resumindo


os aspectos-chave que você precisa conhecer para melhor
estudar. Recomendamos vivamente que leia esta secção com
atenção antes de começar o seu estudo, como componente de
habilidades de estudos.

Conteúdo desta Disciplina / módulo

Este módulo apresenta um conjunto alargado de actividades


variadas, destinadas ao desenvolvimento das competências nos
domínios da compreensão/ interpretação de textos de diversa
tipologia, da produção escrita e oral;

Uma sistematização de informação relativa aos conteúdos


específicos de cada unidade temática, proporcionando a
consolidação e o aprofundamento das aprendizagens e um meio
adequado a um estudo personalizado ao estudante;

Um exercício sistemático de expansão vocabular no final de cada


tema;

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, o ISCTAC


disponibiliza na biblioteca do seu centro de recursos mais material
de estudos relacionado com o seu curso como: Livros e/ou
módulos, CD, CD-ROOM, DVD. Para além deste material físico ou
electrónico disponível na biblioteca, pode ter acesso a plataforma
digital para alargar mais ainda as possibilidades dos seus estudos.

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Auto-avaliação e Tarefas de avaliação

Tarefas de auto-avaliação para este módulo encontram-se no final


de cada unidade temática e de cada tema. As tarefas dos
exercícios de auto-avaliação apresentam duas características:
primeiro apresentam exercícios resolvidos com detalhes. Segundo,
exercícios que mostram apenas respostas.

Tarefas de avaliação devem ser semelhantes às de auto-avaliação


mas sem mostrar os passos e devem obedecer o grau crescente de
dificuldades do processo de aprendizagem, umas a seguir a outras.
Parte das tarefas de avaliação será objecto dos trabalhos de
campo a serem entregues aos tutores/docentes para efeitos de
correcção e subsequentemente nota. Também constará do exame
do fim do módulo. Pelo que, caro estudante, fazer todos os
exercícios de avaliação é uma grande vantagem.

Comentários e sugestões

A aprendizagem da língua portuguesa também não pode afastar-


se do propósito cívico de tornar as pessoas cada vez mais críticas,
mais participativas, razão pela qual apresentamos este espaço
onde caro estudante possa deixar ficar as suas sugestões e
comentários valiosos, sobre determinados aspectos, quer de
natureza científica, quer de natureza didáctica-pedagógica, ou
ainda a própria estrutura do módulo, para que futuramente
melhoremos.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens
das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade,

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

etc.

Acerca dos ícones

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada


um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades
ao longo deste módulo.

Habilidades de estudo

Caro estudante, o sucesso do processo de Ensino e aprendizagem


depende fundamentalmente do seu empenho, dedicação e disciplina
no estudo, para tal, organize na sua agenda um horário onde define a
que horas e que matérias deve estudar durante a semana. Face ao
tempo livre que resta, deve decidir como o utilizar produtivamente,
decidindo quanto tempo será dedicado ao estudo e a outras
actividades.

Precisa de apoio?

A base do estudo é este módulo, mas podes completar as tuas


investigações na biblioteca do ISCTAC ou noutras bibliotecas assim
como a internet que é sem sombra de dúvida, o outro meio que mais
tem contribuído para a recolha e actualização de informação.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e


autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues duas
semanas antes das sessões presenciais seguintes.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante. Tenha sempre presente que a nota dos trabalhos de campo

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

conta e é decisiva para ser admitido ao exame final da


disciplina/módulo.

Os trabalhos devem ser entregues ao Centro de Recursos (CR) e os


mesmos devem ser dirigidos ao tutor/docente.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,


contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.

Avaliação

Você será avaliado durante os estudos à distância que contam com um


mínimo de 90% do total de tempo que precisa de estudar os conteúdos
do seu módulo. Quando o tempo de contacto presencial conta com um
máximo de 10%) do total de tempo do módulo. A avaliação do
estudante consta detalhada do regulamento de avaliação.

Os trabalhos de campo por si realizados, durante estudos e


aprendizagem no campo, pesam 25% e servem para a nota de
frequência para ir aos exames.

Os exames são realizados no final da cadeira, disciplina ou módulo e


decorrem durante as sessões presenciais. Os exames pesam no mínimo
75%, o que adicionado aos 25% da média de frequência, determinam a
nota final com a qual o estudante conclui a cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar pelo menos 2 (dois)


trabalhos e 1 (um) exame.

Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados


como ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em


consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

identificação das referências bibliográficas utilizadas, o respeito pelos


direitos do autor, entre outros.

Os objectivos e critérios de avaliação constam do Regulamento de


Avaliação.

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Tema 1: TEXTOS ESCRITOS DE ORGANIZAÇÃO E DE


PESQUISA DE DADOS
UNIDADE Temática 1.1. TOMADA DE NOTAS

UNIDADE Temática 1.2. RESUMO

UNIDADE Temática 1.1: TOMADA DE NOTAS

Introdução

Este capítulo, pretende auxiliá-lo no seu estudo, sobretudo na


pesquisa de informação para a realização de qualquer trabalho
académico ou científico, pois, muitas vezes, quando pretendemos
pesquisar um tema ou um assunto, ficamos sem saber como registar a
informação para sustentar o nosso trabalho.
A tomada de notas constitue uma das formas mais eficazes de
sintetizar os conteudos lidos em qualquer contexto. E, os estudantes
devem conhecer e usar de forma correcta e apropriada as regras que
regem uma boa tomada de notas.
A relação livro-leitor é muito importante. Mas é também importante
saber utilizar os livros de acordo com os nossos objectivos, por isso é
que existem vários tipos de livros.
Os livros técnico-científicos são considerados as fontes mais credíveis,
pois as matérias que constam nos livros são escritas por pessoas
especialistas nesses assuntos. Assim, se quisermos desenvolver um
tema técnico-científico, temos de conhecer quais são os autores que
melhor escreveram sobre o assunto que nos interessa.
Como fontes modernas de informação, temos a apontar o meio
informático. Graças à informatização de algumas bibliotecas, podemos
fazer uma pesquisa mais rápida. Em vez de consultarmos os ficheiros
ou catálogos manuais, que nos roubam muito tempo, vamos ao
computador e adquirimos rapidamente a informação necessária para a

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

requisição do livro que nos interessa.


Mas todos sabemos que, hoje em dia, a internet é, sem sombra de
dúvida, o meio que mais tem contribuído para a recolha e actualização
de informação. Aqui encontramos todo o tipo de matéria que deve ser
seleccionada e trabalhada para a realização do nosso trabalho. Tal
como acontece com os livros, nunca se devem copiar na íntegra as
informações que nós retiramos da internet.
Podemos também utilizar diferentes bases de dados para consultar
diversos tipos de informação. Nós próprios podemos construir a nossa
base de dados com nomes dos nossos CD’s, vídeos, livros; podemos,
igualmente, criar uma base de dados com informação sobre os livros,
os filmes assistidos, as peças teatrais vistas.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Conhecer as regras de tomada de notas;


Objectivos
 Conhecer as técnicas de economia textual;

 Identificar os elementos da ficha de leitura;

 Elaborar uma ficha de leitura analítica e de comentário;

 Escrever devidamente as citações;

 Tecer um comentário sobre o assunto da obra;

 Elaborar uma ficha bibliográfica;

1.1.1. Tomar Notas

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Tomar notas é enriquecer qualquer conteúdo existente num livro e


estas devem ser claras e breves.

Numa boa leitura para além de se sublinhar também faz-se anotações


quer no papel como ou ainda no próprio texto de apoio. As notas são
comentários e podem expressar-se de através de diversas formas.
Podemos usar as sinalizações para melhor conseguirmos reagir sobre o
conteúdo em qualquer texto que lemos.

Ponto de interrogação – como sinal de dúvida; ponto de exclamação –


como sinal de surpresa ou entusiasmo e diferentes letras existentes no
nosso alfabeto para fazer observações pontuais. B- bom; I-
importante, interessante; N – não, R – rever etc.

Estas sinalizações facilitam que se faca o resumo do núcleo central de


um paragrafo, una nota de referencia em torno dos assuntos
defendidos pelo mesmo autor ou por outros autores.

Tirar apontamentos é uma actividade complexa e constitui um dos


processos básicos para a captação e assimilação de qualquer matéria.
Por meio de apontamentos aprendemos melhor e as informações
apontadas são guardadas para sempre.

Estaqueiro apresenta-nos três tipos de apontamentos: Transcrição,


esquemas e resumos.

Transcrição – Transcrever e copiar uma informação de forma fiel ao


texto original. No entanto, importa aferir que esse não é o processo
mais eficaz para estudar um determinado tema, embora seja
pertinente visto que ao escrevermos reflectimos sobre os assuntos
que lemos.

Esquema

Reveste-se de suma importância passar o esquema todas as


informações tidas como ideias chave, durante a leitura. Os esquemas

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

são simples enunciados das palavras – chave em torno dos quais


possibilita aglutinar grandes quantidades de conhecimento. O mesmo
autor reitera que eles representam uma enorme economia de palavras
e oferecem a vantagem de destacar e visualizar o essencial do assunto
em análise, podendo ainda ser facilmente reformulados.

Tipos de esquemas

Existem diferentes tipos de esquemas, a saber: índices, quadros,


gráficos, desenhos ou mapas.

1.1.1. FICHA DE LEITURA

As fichas de leitura são instrumentos de trabalho que nos auxiliam na


identificação e compreensão do material utilizado em pesquisa de
dados, são fichas de registo em que são anotadas com precisão todas
as referências bibliográficas relativas a um livro ou a um artigo, é
elaborado o seu resumo, são transcritas algumas citações-chave e são
feitas apreciações e observações. São feitos em cartão ou cartolina de
tamanho A5, mas também podem ser feitas a partir de meios
informáticos.

Segundo MENDES & PEREIRA (2010: 162) existem viários tipos de


fichas de leitura, como por exemplo: ficha-citação, ficha-resumo, ficha
analítica e de comentário, ficha-bibliográfica. Todas elas têm em
comum a estrutura que começa com a apresentação da referência
bibliográfica antes do exercício.

1.1.2. FICHA-CITAÇÃO
Quando pretendemos apresentar uma citação (transcrição da parte de
um texto), utilizamos a ficha-citação. Esta ficha é constituída pela
referência bibliográfica e pela citação, que se apresenta sempre entre

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aspas.

Para transcrevermos com fidelidade, devemos assinalar todas as


alterações que fazemos ao texto original.

Quando, por exemplo, fazemos supressões, usamos reticências entre


parênteses curvos ( ) ou rectos * +. Exemplo: “O resumo (…)/*…+
consiste na apresentação sucinta do conteúdo de um texto.”

Se, ao contrário, acrescentamos palavras ou expressões, apresentamo-


las sempre entre parênteses rectos. Tal é necessário, quando, por
exemplo, a citação se inicia por um pronome. Neste caso, para que o
texto citado seja compreensível, é aconselhável inserir o nome depois
do pronome. Exemplo: “Esta *a Linguagem+ permite ao homem
distinguir-se dos restantes animais.”

Em situações em que o termo original apresenta erros, utilizamos a


expressão sic entre parêntese rectos *sic+. Exemplo: “O ato *sic+ de
fala consiste…”

Exemplo de ficha-citação, em que suprimimos algumas expressões e


identificamos um erro ortográfico.

Aguiar e Silva, Vítor Manuel de, Teoria da Literatura, 8.Ed., Coimbra,


Livraria Almedina, 1988, p.159.

“A agramaticalidade de uma frase não resulta apenas da infracção *sic+


de regras sintácticas e semânticas, (…) consubstancia, pois, a norma em
relação à qual se opera o desvio, podendo a violação desta norma ser
deliberadamente explorada como um mecanismo literário (…)”

1.1.3. FICHA-RESUMO

Em relação à estrutura, o procedimento é o mesmo: primeiro


apresenta-se a referência bibliográfica para identificarmos a obra
donde retiramos a informação, em seguida faz-se o resumo do texto
ou da obra, ou seja, condensa-se o texto original com a informação

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que nos interessa para facilitar o estudo. Para o efeito, pode-se


recorrer ao levantamento das ideias principais, ou das frases
importantes ou ainda das palavras-chave.

Esta ficha requer algum trabalho por parte do estudante, porque,


como sabemos, resumir não é transcrever, não é apresentar um
sumário ou índice e nem é justapor umas frases às outras. É elaborar
um texto, com sentido, utilizando conectores adequados para
relacionar e articular sintáctica e semanticamente umas frases as
outras.

1.1.4. FICHA ANALÍTICA E DE COMENTÁRIO

A ficha analítica e de comentário é uma ficha que contém uma análise


sumária da obra ou do artigo e interpreta, de uma forma crítica, as
ideias do autor. Pode referir aos seguintes elementos:

 Campo do saber abordado;


 Assuntos ou problemas;
 Conclusões alcançadas;
 Método utilizado na exploração do tema ou
assunto: indutivo, dialéctico, histórico e
comparativo;
 Recursos empregues: tabelas, quadros, gráficos,
mapas.

Este tipo de ficha de leitura requer, portanto, maior trabalho por parte
do estudante, uma vez que as dificuldades são acrescidas, pois não se
trata de uma transcrição, nem de um resumo do texto.

Na sua elaboração, o estudante, para além de apresentar uma síntese,


deve fazer uma apreciação e tecer considerações sobre o assunto que
leu. Há, portanto, quatro etapas a seguir: primeiro, identificação da
fonte, segundo, síntese do conteúdo, terceiro, apreciação do assunto

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

e, por fim o comentário, ou seja, é necessário ler primeiro outras


obras que abordem o mesmo assunto de forma a poder comparar as
diferentes abordagens do mesmo assunto ou tema e poder dar a sua
opinião com mais solidez. Nesta ficha também se deve seguir a mesma
estrutura das fichas apresentadas anteriormente: primeiro a
referência bibliográfica, depois uma breve síntese e, por fim, o seu
comentário.

Exemplo de ficha analítica e de comentário:

Defoe, Daniel, Robinson Crusoe, Lisboa, Dom Quixote, 1989, p.293


(adaptado)

Em 1719 é publicado Robinson Crusoe – e em poucos meses são vendidos


mais de oitenta mil exemplares, é o romance de um náufrago que vive,
durante vinte e oito anos, numa ilha deserta. É sobretudo a lição não apenas
de sobreviver, mas de viver do modo mais civilizado possível num lugar
inóspito. É, afinal de contas, o romance do homem civilizado, colonizador da
ilha, e a aprendizagem de que tudo – felicidade, infelicidade, desgraça… - não
passa de uma série de conceitos relativos.

1.1.5. FICHA BIBLIOGRÁFICA

Ficha bibliográfica é um instrumento de trabalho que nos permite


identificar as obras lidas, conhecer o conteúdo, fazer citações, tecer
comentários sobre o conteúdo.

Para elaborar uma ficha bibliográfica, podemos utilizar um pedaço de


cartolina ou um quarto de folha A4. O importante é a informação
contida nessa folha. Assim os elementos que devem fazer parte de
uma ficha bibliográfica são:

 Autor
a) Inicia-se a entrada pelo último apelido do autor, em destacado,
geralmente, em maiúscula, seguido dos pronomes, da mesma
forma como constam nos documentos. Exemplo: CHIZIANE,

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Paulina; PATRAQUIM, Luís Carlos; ROSÁRIO, Lourenço do.


b) Os apelidos compostos, que podem estar ligados por hífen ou
apresentados por substantivo + adjectivo, servem de entradas.
Exemplo: DUQUE-ESTRADA, Osório; CASTELO BRANCO, Camilo;
c) Até três autores, mencionam-se os nomes de todos na mesma
ordem em que constam na publicação, separados por vírgula.
Exemplo: Crisanto, Natércia, SIMOES, Isabel, MENDES, J.
Amado.
d) Quando houver mais de três autores pode optar-se pela
indicação de apenas o primeiro autor pela ordem que aparece
na obra. Há casos em que aparecem os primeiros dois ou três
autores, seguidos da expressão latina et alii ou da sua
abreviatura et al. Exemplo: BURNER, Bárbara B. et alii;
BURNER, Bárbara B. et al.

 Título da Obra

O título e subtítulo (quando existem) vem sublinhados ou em


itálico.

 Local da Edição

Deve constar o nome da cidade onde foi publicada a obra e não o


país. Caso a obra não traga o local da editora, deve escrever-se: s/l.

 Editora

O nome da editora vem, geralmente, precedido pela palavra


editora ou a sua abreviatura ed.

 Edição

O número de edição deve constar na ficha bibliográfica.


Geralmente não se coloca o número quando se trata da primeira
edição. Contudo, em obras mais recentes esta informação pode

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

constar. A posição pode ser móvel como acontece com a posição


da data.

 Data

O ano de publicação é que deve constar, tratando-se de livros. Em


revistas e jornais deve aparecer a data completa: dia, mês, ano.
Chamamos a atenção para o facto de a posição da data não ser
fixa. Recentemente, há uma tendência de se colocar a data logo a
seguir ao nome do autor.

 Página

O número de páginas lidas para o trabalho a realizar deve constar


na ficha. Mas há casos em que se coloca o número total da obra.

 Volume, Assunto, Número de Séries

Estes elementos nem sempre constam da ficha, pois nem todas as


obras trazem esta informação. Mas quando existem, aparecem
pela ordem apresentada no fim da ficha.

Exemplo de uma ficha bibliográfica:

SILVA, Calane da, Nyembête ou as cores da lágrima, Maputo,


Editora Imprensa Universitária, 2004.

Repare que esta ficha não traz o número de páginas. Neste caso,
parte-se do princípio de que se leu todo o livro para o trabalho a
realizar.

1.1.6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

Muitas vezes, fazemos confusão entre ficha bibliográfica e referência


bibliográfica. Como já sabemos elaborar uma ficha bibliográfica,
vamos tentar entender o que é uma referência bibliográfica.

A palavra “bibliografia” deriva dos termos “biblo”, que diz respeito ao

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

“livro”, a “grafia”, que significa “escrita”. Actualmente, o termo


“bibliografia”, no seu sentido amplo, refere-se à ciência que trata da
história, descrição e classificação de livros. Noutra acepção, significa
inventário metódica de livros. No âmbito do nosso estudo,
consideramos a significação que diz respeito à relação das obras,
documentos e outras fontes, orais ou escritas, consultadas pelo autor
de um trabalho de pesquisa. (Dicionário Michaelis – UOL, s/d).

Referência bibliográfica “é um conjunto de elementos que permite a


identificação da publicação, no todo ou em parte […] As referências
bibliográficas devem inserir as fontes efectivamente utilizadas na
elaboração”.

Depois de identificada uma obra, é necessário registar a informação;


para o efeito, podemos recorrer à síntese ou ao sumário.

Síntese

A síntese é a apresentação de um texto, de forma sucinta. Para


realizar uma boa síntese é necessário, antes de mais, ter
compreendido o texto original, para depois redigir um novo, com base
no texto-fonte. A elaboração da síntese passa, pois, por duas fases:

1ª fase: compreensão do texto original

Após a leitura global do texto em questão, deve proceder à


detenção das ideias e dos acontecimentos principais, sublinhando
as articulações lógicas e os exemplos.

2ª fase: construção do novo texto

 Devemos introduzir o texto, apresentando o tema, o nome do


autor e a tese (se existir) e, depois, ilustrá-lo com a exposição
dos factores inerentes ao tema, ou seja, o problema do texto (o
ponto central).

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Exemplo: o texto refere-se a…./o autor aborda…

 A síntese é sempre redigida na terceira pessoa, de forma


concisa e clara, nunca transcrevendo em discurso directo.

A ordem dos acontecimentos não tem de ser à do texto original, mas


devem-se respeitar as relações entre os factos, sem alterar o seu
significado

As referências bibliográficas são indispensáveis, pois provam as fontes


da pesquisa e permitem a sua identificação, evitando situações de
plágio ou de suspeita de plágio. A relação das obras consultadas deve
ser apresentada por ordem alfabética, no final do trabalho.

 REGRAS DE REDACÇÃO DE REFERÊNCIA DE UM LIVRO


 Autor: Escreve-se primeiro o apelido em letras maiúsculas e
depois o (s) nome (s), que pode (m) ser abreviado (s). Exemplo:
JUMA, A.L.

No caso de um apelido composto, apresenta-se primeiro o penúltimo


nome. Por exemplo, para um autor de nome Manuel Silva Gomes,
teríamos: SILVA GOMES, Manuel.

Quando os autores são mais de três, escreve-se o nome do primeiro e


a expressão “e tal.” (que, em latim, significa “e outros”). Exemplo:
MUHATE, Simião e tal., Regras de Comunicação.

 Título: Destaca-se sempre, em itálico, ou em negrito (bold), ou


sublinhado, dependendo das normas dos regulamentos
institucionais, geralmente com maiúsculas. Exemplos:

DUARTE, Stela C.M., Avaliação da Aprendizagem em Geografia…

MENDOCA, Fátima, Literatura Moçambicana: A História e as Escritas…

CUMBE, Graça e tal., Saber História 9…

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

 Edição: Indica-se a edição a partir da segunda em diante,


abreviando-a em ed. Exemplo: 2ª ed; 3ª ed.
 Local: Preferencialmente, escreve-se o nome da cidade.
Quando o local não consta na obra, escreve-se s/l ou s.l. que
significa “sem local”.
 Editora: Quando a editora não consta na obra, escreve-se s/e
ou s.e., que significa “sem editor”.
 Data de Publicação: Escreve-se o ano apenas. Quando este
dado não consta na obra, escreve-se s/d ou s.d que significa
“sem data”.
 Volume: É um dado complementar. Escreve-se de forma
abreviada: vol. Exemplo: Vol. II.
 Página: Quando se refere a uma página apenas, escreve-se
pág. ou p.; quando se refere a um intervalo contínuo da
páginas consultadas, escreve-se pp., que significa da página x à
página y. Exemplo: pp.12-65

CASOS PARTICULARES:

 O Caso de uma Instituição

Formato: nome da instituição, título do livro, local de edição, editora,


ano de publicação.

Exemplo: INDE, Questões linguísticas, Maputo, INDE, 1998.

 O Caso de um Capítulo de um Livro

Formato: Autor do capítulo, “título do capítulo” palavra in, nome do


autor do livro, título do livro (subtítulo), edição, local de publicação,
editora, número do volume, ano, páginas inicial e final do capítulo.

Exemplo: BUENDA, M., “Democracia, Cidadania e Educação”, in


MAZULA, B., Eleições, Democracia e Desenvolvimento, 2ª ed., Maputo,

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Livraria Universitária – UEM, 1995, pp.343-374.

1.1.7. BIBLIOTECA

Nas bibliotecas, podemos estabelecer uma relação estreita entre o


livro e o leitor. Para tal, é extremamente importante saber utilizar os
livros de acordo com os nossos objectivos e conservá-los, tendo em
conta que estes vão ser também utilizados por outros leitores.

Geralmente, as bibliotecas dispõem de dois tipos de serviços de


leitura: a interna - quando a leitura é feita na própria biblioteca e a
domiciliária – quando a leitura é feita em casa.

Os dicionários, as enciclopédias, as monografias, as dissertações e as


teses, ou seja, os denominados usuários têm de ser consultados no
interior da biblioteca. Para além destes, há também outros livros que
não podem sair da biblioteca, por serem raros ou exemplares únicos.
Porém, a maioria dos livros pode ser emprestada pela biblioteca desde
que haja um compromisso registado de devolução por parte do leitor.

Numa biblioteca razoável, encontramos vários tipos de livros:

 Os de carácter técnico-científico, que são consideradas as


fontes mais credíveis, uma vez que as matérias que neles
constam são escritas por especialistas. Assim, se quisermos
desenvolver um tema técnico-científico temos de conhecer os
autores que melhor escreveram sobre o assunto que nos
interessa.
 Os dicionários são importantes para o conhecimento da língua;
 As monografias de Licenciatura, as dissertações do Mestrado e
as teses de Doutoramento servem-nos para o aprofundamento
de algumas matérias;
 Os periódicos: jornais e revistas trazem informação sobre
temas de actualidade, mas há também as revistas académicas
e científicas que contêm temas de especialidade.

22
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

 Obras literárias, tais como: contos, novelas, romances, textos


dramáticos, para os que pretendem realizar um trabalho sobre
um escritor ou uma obra literária.
 Livros de crítica literária, quando o objectivo de estudo são as
próprias obras literárias e os escritores.

Sumário

Os meios de comunicação estão em constantes evolução. Cada vez


mais modernos e inovadores, permitem a livre circulação de
informação, bastando um clique, no caso da Internet, por exemplo,
para que tenhamos acesso a artigos sobre qualquer tema. No entanto,
independentemente do tipo de fonte utilizada para recolher dados –
Internet, jornais, revistas, livros, programas de televisão ou rádio - ,
devem indicar-se sempre os locais de onde a informação foi retirada.
Isso é possível a partir do relist das fontes. Para que o registo fosse
prático, de fácil percepção e de abrangência universal, a comunidade
intelectual adoptou formas fixas para a sua redacção – as referências
bibliográficas -, embora possam ocorrer pequenas variantes que
definem uma identidade nacional ou institucional.

Exercícios

1. Indique as formas de tomar notas


2. Quais são as vantagens de tomar notas.
3. Elabore uma ficha analítica e de comentário sobre o último
livro que tenha lido e do qual tenha gostado.
4. Organize os dados da ficha bibliográfica referente a essa obra e
elabore uma ficha de leitura, tendo em consideração:
 Referência bibliográfica;
 O assunto principal da obra
 Comentário sobre o assunto retratado na obra, demonstrando

23
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

o seu posicionamento.
5. Que perigo poderá estar associado à ausência das referências
bibliográficas das fontes consultadas para a produção de um
trabalho?
6. A referência bibliográfica abaixo apresentada contém erros.
Identifica-os e redige-as correctamente.
 Mendonça, MARTA , BUQUE D., Linden J., Buque A.,
Guião para a escrita académica, Imprensa
Universitária, 2006, 2ª ed.

24
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

UNIDADE Temática 1.2: RESUMO

Introdução

Em muitas situações da nossa actividade (aulas, reuniões, pesquisas,


etc.) somos confrontados com discursos orais ou escritos extensos,
cuja informação precisamos de reter. A tarefa é facilitada se
elaborarmos um resumo de texto. Ao produzir um resumo, estaremos
a distinguir a informação essencial da acessória, isto é, da menos
importante, a aprender o conteúdo do texto e a sintetizar a
informação.

Resumir um texto é torna-lo o mais breve possível, mais curto,


condensando as informações. Este exercício requer capacidades de
seleccionar e reformular as ideias essenciais, articulando
apropriadamente as frases. Resumir um texto é um processo muito
eficaz para a compreensão e assimilação da matéria.

REI (1995: 75) advoga que “resumir um texto é condensar as ideias


principais, respeitando o sentido, a estrutura e o tipo de enunciação,
isto é, os tempos e as pessoas, com a ajuda do vocabulário e do estilo
pessoais do estudante. É, assim, reter as linhas de um raciocínio, o
essencial dos dados de um problema, as características de uma
situação, as conclusões de uma análise, sem o mais pequeno
comentário.”

O resumo é um exercício que encera o texto como um todo,


“considerando-o não como uma sequência de frases autónomas, mas
como uma totalidade, formal e significativa” (Roger Petijean, 1984:
123).

Contudo, resumir é apresentar de forma contraída, condensada e


abreviada, as ideias chaves de um determinado texto. Para tal, é
necessário dispensarmos o que é secundário para o texto, valorizando

25
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

apenas o essencial, o fundamental. Um resumo bem feito é económico


em palavras e rico em significado.

1.5. Regras de elaboração do Resumo

Para a elaboração do resumo de qualquer texto temos, em primeira


instância, de ser fiel ao texto original, não incluir informações não

 Conhecer as regras de elaboração de resumos;

 Elaborar resumos respeitando as regras


Objectivos
 Conhecer as regras de ortografia.

 Conhecer os tipos de acento,

 Conhecer os sinais de pontuação e os contextos de ocorrência.

 Conhecer as regras de translineação.

pertencentes ao texto. Localizar o tema do autor, ser simples, preciso


e claro. Destacar títulos e subtítulos do texto. Subordinar as ideias aos
factos, manter um sistema uniforme de observação.

Para uma boa elaboração do resumo, comece primeiro com uma


rápida leitura do texto; atenta leitura; sublinhar as ideias chave;
esquematiza-las, resumi-las e redigi-lo. Uma das dificuldades mais
encontradas na elaboração do resumo é a de identificar qual é o
conteúdo mais importante. Todavia, é preciso recorrer as ideias
principais.

1.2.1. CARACTERÍSTICAS

É uma técnica e, como tal, a prática é indispensável para a sua


aquisição. Trata-se de um exercício de inteligência, implicando
capacidade de rigor, de cultura e de escrita. Comparável à tradução de

26
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

um texto (de uma língua antiga ou moderna), é a produção de um


texto segundo ou dependente, mas apresentando o sentido numa
forma nova.

1.2.3. PERCURSO

1. Compreensão e apreensão do texto pela técnica do


sublinhado.
2. Divisão hierárquica do texto em partes e subpartes.
3. Atribuição de um título a cada uma delas: pode ser temático
(baseado no conteúdo) ou explicativo (caracteriza a parte).
4. Destacamento da posição, simetria, crescendo ou diminuendo
das ideias presentes no texto.
5. Distinção clara: das ideias principais (a tese), das ideias
secundárias (argumentos que a suportam) e dos exemplos.

1.2.4. REGRAS DE ELABORAÇÃO DE RESUMO

Podemos observar quatro regras básicas (Maria Teresa Serafini,


1986:149).

 Supressão: de repetições, de fórmulas, da ênfase, de


interjeições…o resumo transmite uma tese, não uma
escrita; de exemplos isolados, citações, anedotas…o
resumo transmite uma demonstração, não uma explicação.
 Generalização: é possível substituir alguns elementos,
como palavras e ideias, por outros mais gerais.
 Selecção: distinguir bem o essencial e o acessório,
suprimindo os elementos que exprimam pormenores
óbvios e normais no contexto.
 Construção: manter tempos e pessoas, respeitar a ordem
do texto, atender à proporção entre o texto dado e o texto
a produzir, fazer tantos parágrafos quantas as partes que
contiver o nosso plano, conservar a estrutura do texto de

27
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

partida e, assim, as articulações lógicas; ligar logicamente


as frases redigidas.

1.2.5. DEFEITOS A EVITAR

Alain Pages e J. Pages-Pindon (1982: 179) destacam os seguintes:

 Imitação do texto de partida: o resumo pode usar o mesmo


vocabulário (evitar a busca abusiva de sinónimos) mas não
permite o uso de expressões ou de frases inteiras, isto é,
citações.
 Intromissões pessoais: comentários ou deturpações.
 Destruição do texto: ausência de ligações lógicas entre as
frases ou parágrafos.

Desproporção, tanto parcial, conservando um exemplo ou uma ideia


secundária em detrimento de uma ideia principal, como geral,
atribuindo demasiada importância a uma parte do texto em
detrimento das outras.

EXEMPLO DE UM RESUMO

Observe o resumo, com 38 palavras, deste texto de Eça de Queirós,


contendo 173.

_ Fuja fidalgo, que me perco! Fuja, que o mato e me perco!

Gonçalo Mendes Ramires correu à cancela entalada nos velhos


umbrais de granito, pulou por sobre as tábuas mal pregadas, enfiou
pela latada que orla o muro, numa carreira furiosa de lebre acossada!
Ao fim da vinha, junto aos milheirais, uma figueira-brava, densa em
folha, alastrara dentro de um espigueiro de granito, destelhado e
desusado. Nesse esconderijo de rama e de pedra se alapou o fidalgo
da Torre, destelhado. O crepúsculo descera sobre os campos, e com
ele uma serenidade em que adormeciam frodes e relvas. Afoutado
pelo silencio, pelo sossego, Gonçalo abandonou o serrão abrigo,

28
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

recomeçou a correr, num correr manso, na ponta das botas brancas,


sobre o chão das chuvadas, até ao muro da Mae d’Água. De novo
estacou esfalfado; e, julgando entrever, longe, à orla do arvoredo,
uma mancha clara, algum jornaleiro em mangas de camisa, atirou um
berro ansioso:

_Ó Ricardo! Ó Manuel! Eh lá, alguém! Vai ai alguém?...

A mancha, indecisa, fundira na indecisa folhagem.

Eça de Queirós, A Ilustre Casa de Ramires

Resumo

Fugindo a uma ameaça [de José Casco dos Bravais, por não ter
cumprido a sua palavra quanto a um contrato de arrendamento de
terras, Gonçalo salta uma cancela, corre ao longo de uma vinha,
esconde-se num espigueiro, a descansar, e faz nova correria, gritando
pelos moços da lavoura, que julga entrever ao longe no arvoredo da
sua quinta.

Funcionamento da Língua

Ortografia, Acentuação, pontuação e translineação.

5.1.1. ORTOGRAFIA

As regras da ortografia valem como leis que pretendem regulamentar


a actividade da escrita e, portanto, terão de ser cumpridas por todo e
qualquer membro da comunidade que queira expressar-se por escrito.

Entretanto, sabemos que neste, como noutros domínios regulados por


leis, há infracções. Os erros ortográficos têm de ser considerados
como infracções a princípios estabelecidos com força de lei, pois, caso
não se obedeça a esses princípios as frases tornam-se agramaticais.

Em face dessa realidade, quando tivermos dúvida da escrita correcta


de uma palavra, será bom lembrarmo-nos de outras da mesma família

29
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

ou devemos recorrer a um dicionário e quase sempre ficaremos


esclarecidos.

REI (1995: 96) advoga que “A ortografia é a escrita das palavras


segundo as normas estabelecidas. Nesta escrita, usamos as letras e o
seu conjunto ordenado recebe o nome de alfabeto.” O alfabeto
português é constituído por 23 letras às quais se acrescentam mais
três , k, w e y, em dois casos:

a) Na escrita de nomes próprios estrangeiros e seus derivados

Franklin Wagner Byron


frankliano wgneriano byroniano

b) Nas abreviaturas e nos símbolos de uso internacional

Kg (quilograma) Km (quilómetro) W (wat) Yd (jarda)

 Indicações quanto ao uso do h.

Usa-se apenas:

a) No início de certas palavras

haver hoje hábito

b) No final de certas interjeições

ah! oh! uh!

c) No interior de palavras compostas, nas quais o segundo


elemento, iniciado por h se une ao primeiro por meio de hífen.

anti-higienico pr’e-hist’orico super-homem

d) Nos grupos ch, lh e nh

chama alho moinho

30
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

5.1.2. A ACENTUAÇÃO

Os acentos gráficos, em número de três, são auxiliares da escrita:

a) Acento agudo (΄) ─ indica o timbre fechado das vogais tónicas


a, e e o, assim como as vogais tónicas fechadas i e u:

Há pé António físico baú

b) Acento circunflexo( ̂ ) ─ indica o timbre fechado das vogais


tónicas a, e e o:

grândola cortês avô

c) Acento grave (`) ─ manifesta a contracção a com a forma do


artigo a, as e com os pronomes demonstrativos aquele(s),
aquela(s), aquilo:

à(s) àquele(s) àquela(s) àquilo

 REGRAS DE ACENTUAÇÃO
a) Palavras agudas

1ª Regra ─ Acentuam-se com acento agudo as terminadas em a, e, ou


o tónicos abertos e com acento circunflexo as que acabam em e e o
fechados, seguidos ou não de s.

Já até dominó estás bonés sós avô dês

2ª Regra ─ Marca-se com o acento agudo o e tónico da terminação ém


ou éns.

alguém também armazém parabéns entreténs manténs

b) Palavras graves

3ª Regra ─ as que têm i ou u na última sílaba, seguidos ou não de s, e


a, ou o, abertos, i ou u, na sílaba tónica, recebem acento agudo:

31
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

lápis ténis Díli júri álbum vírus fórum

4ª Regra ─ As terminações em l, n, r e x, ditongo oral, ditongo nasal ou


vogal nasal ã:

c) Palavras Esdrúxulas

5ª Regra ─ Todas têm acento gráfico.

 Este é agudo quando a antepenúltima sílaba contém a, e ou o


abertos, i ou u:

Árabe exército líquido António público

 É circunflexo quando nessa sílaba figuram a, e ou o fechado:

Cânfora aparência trôpego estômago

d) Casos complementares

6ª Regra ─ O i e o u tónicos, quando não formam ditongos com a vogal


anterior, recebem acento agudo.

Aí Ataíde atraíam Araújo país moído juízo amiúde viúvo

7ª Regra ─ Os ditongos abertos éi, éu e ói quando tónicos recebem


acento agudo.

Anéis Bordéus bóia chapéu papéis ilhéu paranóico véu


tonéis rouxinóis

8ª Regra ─ O u tónico, precedido de g ou q e seguido de e ou i, recebe


acento agudo:

Tu argúis ele argui ela averigúe eles


apazigúem

9ª Regra ─ A contracção da preposição a com o artigo a e com os


pronomes demonstrativos aquele, aquela, aquilo recebe acento

32
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

grave:

10ª Regra ─ Algumas palavras, em homografia com outras com outras,


recebem acento agudo:

ás (s.m.) - às (prep.+ art.)

pára (v.) - para (prep.)

pélo (v.) - pelo (prep.+ art.)

péla (s.f. e v.) - pela (prep. + art.)

11ª Regra ─ O til indica a nasalação e vale como acento quando outro
não figura na palavra:

amanhã islão põem Magalhães Simões

5.1.3. PONTUAÇÃO

Pontuar bem é sinal de rigor e disciplina mentais. Uma boa pontuação


é ainda um bom auxiliar na leitura em voz alta. Do mesmo modo, um
texto mal pontuado oferece grandes dificuldades à compreensão e à
leitura rápidas.

Vejamos os exemplos:

Marta, estuda.
Marta estuda.
Querido José, António come muito.
Querido José António, come muito.
Querido, José António come muito.

 Definição e Objectivos

“A pontuação é frequentemente definida como a respiração da frase


e, ainda, como código de circulação na escrita com ordem e sem
acidentes. Etimologicamente, pontuar é colocar o ponto, isto é, o

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

acento sobre aquilo que se quer destacar do resto” (REI, 1995: 65).

Foi longo o período de fixação dos sinais de pontuação até à sua


normalização, decorrente da divulgação da imprensa. Verifica-se,
ainda, que houve períodos durante os quais se pontuava muito, de
modo a clarificar o sentido e comunicar expressividade. Noutros
momentos, porém, inverte-se esta tendência, quer dizer, quanto
menos se pontuar melhor.

A compreensão, a clareza e a expressividade são assim os grandes


objectivos da pontuação. Hoje, os sinais de pontuação como que se
especializaram segundo a função particular que desempenham. Uma
forma de organização desses sinais, que seguiremos neste capítulo, é a
apresentada por Alberto Doppagne, dividindo em: sinais de pausa, de
melodia e de inserção.

 QUATRO SINAIS DE PAUSA


 O PONTO (.)
a) Marca o fim de uma frase e a passagem à frase seguinte,
depois de uma pausa longa.

O problema consiste em definir frase e saber onde colocar os pontos.


Nessa definição, a presença de um verbo conjugado sempre foi
considerada indispensável embora as excepções sempre tenham
existido e a literatura contemporânea as multiplique.

Vejamos os casos seguintes:

No Natal, um saltinho de pardal.

Céu vermelho na serra, chuva na terra.

Patrão fora, dia santo na loja.

Estes são alguns exemplos de frases sem verbo, correspondentes a


modos de dizer tradicionais. Encontramos, porém, este facto em
muitas outras circunstâncias: telegramas, indicações cénicas, roteiros

34
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

e programas, planos e anotações.

b) O ponto indica abreviaturas.

Exmo. Sr. Dr. Daniel França.

c) Marca a entrada de um novo elemento numa listagem.

Pontos a comunicar ao mecânico na revisão do carro, amanha:

 porta da frente, lado direito,


 água da bateria,
 ruído à frente,…
 VÍRGULA (,)

O papel da vírgula é completar os serviços prestados pelo ponto:


destaca certos membros da frase e separa termos com a mesma
função. Trata-se de um dos sinais de pontuação mais importantes
embora haja casos em que o seu emprego não é rígido. Assim, há
autores que usam muito e autores que a utilizam menos.

a) A vírgula põe em relevo os elementos seguintes.


 O vocativo, podendo aparecer no início, no meio ou no final da
frase.

Oh primo Mateus, não diga isso!

Ai, menina Jenny, é que …veja.

Que é isso, Manuel?

 O aposto ou qualquer elemento de valor meramente


explicativo.

No topo da escada, esbatendo-se na penumbra, surgiu o abdome e


logo o rosto avermelhado de Mercado, proprietário da “ Flor da
Amazónia”.

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Empresto, sim.

 O complemento adverbial quando colocado em ordem inversa.

Mesmo às cegas, a Justiça instaurou-me um processo (…).

 O nome do lugar, nas datas

Vila Real, 10 de Março de 1992.

 A oração subordinada adverbial, principalmente quando


anteposto à principal.

E, a meu lado, pela avenida escura das palmeiras, ia dizendo em voz


baixa: - se for polícia, tu não sabes de nada.

 Oração intercalar.

Mas no dia seguinte, como disse, encontrei-me na serra com


companheiros de escola.

 A oração relativa explicativa ou apositiva.

Aquele seu gesto, que o Lago da Matriz conhecia há vinte anos, dava à
calçada a rápida aparência de uma clareira de selva que deixa passar o
elefante pesado e soberano.

 As orações reduzidas de infinitivo, de gerúndio e de particípio


quando equivalentes a orações adverbiais.

Ordinariamente ao meio-dia, ao acabar de almoçar, Maria Eduarda,


ouvindo o radar o trem na estrada silenciosa, vinha esperar Carlos à
porta da casa, no topo dos degraus ornados de vasos e resguardados
por um fresco toldo de fazenda cor-de-rosa.

b) A vírgula separa:
 Elementos com a mesma função sintáctica (sujeito composto,
verbos e complementos), não unidos por uma das três

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

conjunções: e, ou e nem.

Meu tio interpelou-me: E tu, tu aí, também intercedes pela tua tia?

 As orações coordenadas assindéticas (sem conector presente)


ou justaposta.

O emigrante português chega ao Brasil, busca trabalho, instala-se.

 O PONTO E VÍRGULA (;)

O seu valor situa-se entre o do ponto e o da vírgula.

a) Separa orações bastante longas, já separadas por vírgulas.

Chegada a sua vez na bicha, meu primo comprou o seu bilhete; e eu,
por cima do ombro dele, disse: _ Compra também um bilhete de gare -
, o que ele fez, empurrando-mo na prateleira do “guiché”.

Jorge de Sena, Sinais de fogo

b) Marca o carácter independente de orações justapostas.

Os Pinhas estavam silenciosos, como se, julgando-se já na Primavera,


se tivesse calado para escutar as aves; o vento, de débil que era, mal
podia Aguiar as folhas movediças das árvores que o inverno respeita.

c) Impede a ruptura total entre elementos que o autor quer de


facto juntar na mesma frase ou período.

Esta rapariga não é como as outras; não se sabe divertir.

d) Separa os diferentes considerandos presentes em frases


longas de certos textos e documentos administrativos.

37
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

________________________proposta_______________________

Considerando que a creche não é, por si só, uma finalidade, mas um


dos meios de realização dos fins que a colectividade visa para uma
melhor situação dos filhos dos seus sócios:

_________________________/ ________________________

Considerando que a aula de ensino pré-primário não constitui também,


por si só, uma finalidade;____________________________________

Considerando que ambas se completam, e integram, num todo;

Considerando que esse todo é o objecto que a colectividade tem em


vista ao estabelecer a criação de ambas;________________________

Proponho que a aula de ensino pré-primário funcione conjuntamente


com a creche, e ao mesmo tempo do que ela. Lisboa, e sala das sessões
em [………] ___________/__________

M. Roque Laia, Guia das Assembleias Gerais

e) Separa os pontos de uma enumeração.

As propostas, segundo o fim que visam, classificam-se de:

 projecto;
 aditamento;
 .eliminação;
 Emenda;

 O TRAVESSÃO (─)

É um sinal de pontuação de emprego delicado devido ao uso que dele


é feito. Ao contrário do anterior, que separa, o travessão,
frequentemente, liga ou recupera elementos.

a) Pode anunciar uma conclusão, aproximando-se dos dois

38
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

pontos.

Só lhes resta uma solução digna, decente, séria ─ fugir.

b) Pode lembrar a orientação inicial da frase e a ele ligar o texto


que se lhe segue.

Carlos não tinha ideia nenhuma. Sentia só que lhe faltava


absolutamente a coragem de dizer ao avô: “Esta mulher, com quem
vou casar, teve na sua vida estes erros…” E além disso, já reflectira, era
inútil. O avô nunca compreenderia os motivos complicados, fatais,
iniludíveis, que tinham arrastado Maria. Se lhos contasse miudamente
─ o avô veria ali um romance e confuso e frágil, antipático à sua
natureza forte e cândida.

Eça de Queirós, Os Maias

c) Noutros casos o travessão convida o leitor a afastar-se da


construção inicial e as seguir por outro caminho.

Assim ele achava natural que ele continuasse nos Olivais as suas visitas
de Lisboa! E parece-lhe logo impossível renunciar ao encanto desta
intimidade, tão largamente oferecida, e decerto mais doce na solidão
da aldeia. Quando acabou a sua chávena de chá ─ era como se a casa,
os móveis, as árvores fossem já seus, fossem já dela. E teve ali um
momento delicioso, descrevendo-lhe a quietação da quinta, a entrada
por uma rua de acácias, e a beleza da sala de jantar com duas janelas
abrindo sobre o rio…

Eça de Queirós, ibid.

d) Marca frequentemente uma relação de analogia ou de posição


entre dois termos.

Quanto ao sentimento gregário, decerto, decerto hoje é dominante ─

39
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

e a leitura é de facto um acto solitário.

e) Pode ainda traduzir um encadeamento ou sucessão.

Mas eu queria a Mercedes ─ e vi o Almeida que se aproxima da porta


da pensão.

f) Indica o início da fala de um locutor ou personagem no


discurso directo e separa neste as palavras do narrador,
intercaladas na fala de um dos locutores.

─ Ouve lá, Jonh ─ dizia o velho alegremente ─ isso é uma espada cá da


casa, que nunca brilhou sem glória, creio eu… Vê como te serves dela!

 QUATRO SINAIS MELÓDICOS


 O PONTO DE INTERROGAÇÃO (?)
a) Termina uma orçarão ou uma frase interrogativa quer seja
completa quer seja elíptica.

Eu, agora, tenho medo que Agostinho se venha a comprometer…

─ O Agostinho? Mas porquê?

b) Pode ser seguido por um verbo introdutório do discurso


directo, neste caso colocado depois da intervenção.

─ Eu? ─ disse o homem.

c) Colocado entre parênteses, depois de um dado ou uma


informação, significa que há dúvida sobre o seu valor.

Ingl. Sawing-machine (?): cutelo com dois cabos no prolongamento


das costas da lâmina.

d) Colocado ao lado ou sobre um texto, parágrafo, frase ou


palavra, significa incorrecção ou falta de clareza. Esta situação
é muito frequente na correcção dos exercícios escolares.
e) Pode aparecer combinado com outros sinais de pontuação.

40
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

─ Quero comer. E duas garrafas…daquele …Já sabes! Qu’é qu’estás


aí parada?!!!

 O PONTO DE EXCLAMAÇÃO (!)

Indica, como o anterior, o fim de uma frase e tem empregos variados.

a) Emprega-se depois de uma interjeição.

─ Oh! ─ fez Bas”ílio, impaciente.

─ Schiu! ─ soprou de lá o guarda-livros *…+.

b) Por vezes, coloca-se depois de um grupo de palavras,


formando um todo.

Como te fica bem!

─ Santo Deus!

c) Indica o vocativo, o grito, a injúria.

─ Juliana! ─ fez Luísa com a voz alterada.

─ Canalhas! Murmurou, pensando em Basílio.

─ Vá para o diabo que o carregue!

d) Indica a ordem, a proibição e a ameaça.

─ Fora daqui, canzoada! Preciso de estudar!

─ cale-se! Se diz mais uma palavra mando suspender a cachaça!

e) Por vezes traz a ironia.

─ Muito bonito! ─ disse uma voz. ─ Rico trabalho!

41
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

 AS RETICÊNCIAS (…)

Tem vários empregos.

a) Valor de pausa.

Marcam uma passagem na fala de alguém, devida a causas exteriores.

Inclinado sobre o “contas-correntes”, Alberto elucidou:

─ O Manduca devia um conto e setecentos e vinte e três… O Firmino


um conto e duzentos...

Quem eram os outros?

b) Um valor psicológico-emotivo.

A razão da sua existência pode ser psicológica e ter a ver com o autor
ou com a personagem.

 Correspondem a uma pausa para reflexão antes da resposta a


uma questão.

Ega olhou-o com espanto:

─ Pois não adivinhaste? Não deduziste logo? Não viste imediatamente


quem neste país á capaz de fazer essa pergunta?

─ Não sei…Há tanta gente capaz…

 Podem trazer perturbações profundas, físicas ou psicológicas.

─ Uuaaap. Mas… pe…tutu. U…u. Ap…Pô A Muda.

 Podem indicar a dificuldade na declaração ou formulação de


uma informação.

─ Escuta-me!... Nem sei como hei-de dizer… Oh, são tantas coisas, são
tantas coisas!... Tu não te vais já embora, senta-te, escuta…

c) Um valor de apelo a algo ou alguém.

42
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

 OS DOIS PONTOS (:)

Anunciam uma mudança de locutor, uma sequência, um complemento


de informação, uma explicação ou uma síntese.

a) Introduzem o discurso directo.

Eu esbofeteei-o, gritando: ─ É mentira! Tu queres tirar-ma!

Ele ficou impassível, e disse: ─ É verdade.

b) Podem introduzir um diálogo.

Puxei a blusa ao Gaudêncio, perguntei-lhe com a ajuda dos olhos:

─ Viste o Gama?

─ Não vi. Cala-te.

─ Mas que é que se passa?

─ Não sei. Cala-te.

c) Anunciando uma enumeração.

Cravei a esposa… O Roque Mcazeiro ergueu mão para as rédeas…Fiz


logo, e o manchinho pinchou. Lá adiante torci a cabeça: levantavam o
homem do chão… corriam atrás de mim e mandavam-me salvas de
tiros.

d) Introduzem uma explicação


e) Exprimem uma síntese ou uma consequência e anunciam uma
conclusão.

Resumindo: semanas depois do Natal, a senhora morgada dona


Petronilha mandava muitos recados ao senhor morgado Constantino,
e aquela giga na burra: dois queijos assim…, rodados, como já hoje se
não fazem.

43
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

 TRÊS SINAIS DE INSERÇÃO

 OS PARENTESES CURVOS ( )
a) Fornecem diversas indicações ou maneiras de pensar e de ver,
comunicam uma reflexão sobre o assunto ou assinalam a
origem de uma citação.
b) Uma mesma frase pode conter vários parênteses e um
parêntese pode conter várias frases.

 OS PARENTESES RECTOS [ ]
a) Indicam num texto as intervenções estranhas ao autor.
b) Numa citação, indicam a supressão de elementos considerados
dispensáveis.

 AS ASPAS “ ”

Marcam a mudança de autor do discurso, isto é, enquadram qualquer


citação ou qualquer intervenção de uma personagem em discurso
directo.

Observemos alguns casos:

a) O texto a citar forma uma ou mais frases.


b) O texto a citar não coincide não com uma frase
c) Os versos não se citam entre aspas.
d) Citação de um diálogo.

5.1.4. TRANSLINEAÇÃO: DIVISÃO SILÁBICA

A divisão da palavra em partes é uma necessidade quando a linha


em que escrevemos não tem mais espaço para a palavra inteira.
Essa divisão indica-se por hífen e obedece às regras de silabação,

44
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

segundo as quais são inseparáveis os elementos de uma sílaba.

1ª Regra ─ Não separamos as vogais que formam ditongos

au-ro-ra mui-to par-tiu

Nem os grupos consonânticos em início de sílaba nem os dígrafos


ch, lh e nh

pneu-má-ti-co psi-co-ló-gi-co mne-mó-ni-co a-bro-lhos

re-gre-dir ra-char ma-nhã

2ª Regra ─ Separam-se

a) As vogais de hiato:

co-or-de-na-ção ra-i-nha fi-el sa-ú-de

b) As consoantes seguidas que pertençam a sílabas diferentes:

ab-di-car sub-ju-gar abs-tra-ir oc-ci-pi-tal

3ª Regra ─ Separam-se também as letras dos dígrafos rr, ss, sc, sç e xc.

se-ra cers-cer abs-ces-so ex-ce-der

Sumário

Resumir é apresentar de forma contraída, reduzida ou abreviada, as


ideias principais de um texto. E para chegarmos a ele, há que fazer
uma operação mental insubstituível: dispensar o que não é
significativo. Ao dispensar o que é secundário, valorizará só o que é
fundamental. Por isso, um resumo bem feito é económico em palavras
e rico em significado.

Para uma boa expressão escrita, devemos, integralmente cumprir com


as regras ortografias prescritas nas gramáticas. Caso não cumpramos

45
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

com estas regras, cometemos erros ortográficos, que farão com que as
nossas frases se tornem agramaticais.

Exercícios

1. Explique resumidamente as regras de elaboração de resumo


propostas por Serafini (1986: 149).
2. Com base no texto acima, aplique os conhecimentos das regras
da ortografia por ti estudadas.

46
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Tema 2: TEXTOS ORAIS OU ESCRITOS DE NATUREZA


DIDÁCTICA OU CIENTÍFICO
UNIDADE Temática 2.1. TEXTO EXPOSITIVO-EXPLICATIVO

UNIDADE Temática 2.2. TEXTO ARGUMENTATIVO

UNIDADE Temática 2.1: TEXTO EXPOSITIVO-EXPLICATIVO

Introdução

Os textos didácticos e/ou científicos têm por finalidade informar, de


uma forma explícita, sobre um assunto, tema, acontecimento,
experiência, fenómeno, etc. Para que este tipo de texto seja
compreendido pelos estudantes, especialistas e interessados em geral,
é fundamental que a sua linguagem seja muito clara e haja explicações
coerentes e lógicas. Isto quer dizer que os autores dos textos
didácticos e/ou científicos recorrem ao texto expositivo para tratar de
vários assuntos. Para facilitar a leitura destes textos, podemos
determinar as ideias essenciais e estabelecer relações entre elas, mas
também podemos esquematizá-los, através de setas e palavras
relacionais inseridas em rectângulos ou círculos.

O Texto expositivo explicativo é um tipo de texto cujo objectivo se


prende essencialmente com o conhecimento da realidade, a respeito
da qual oferece um saber. Isto é, de transmitir conhecimentos ao
destinatario, relativos à um referente preciso. Por isso, o texto
expositivos-explicativo é um texto conceptual, visa instruir,
transformar o estado cognitivo do destinatário.

47
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Ao completar esta unidade o estudante deve:

 Conhecer os textos didácticos e/ou científicos;

Objectivos
 Ter noções sobre o texto expositivo-explicativo;

 Identificar a estrutura do texto;

 Elaborar textos expositivo-explicativo usando a linguagem


adequada e respeitando a sua estrutura;

 Distinguir os tipos de frases;

 Produzir frases orais e escritas correctamente.

2.1.2. APRESENTAÇÃO DO TEXTO: ORGANIZAÇÃO DO TEXTO


EXPOSITIVO-EXPLICATIVO

A analise de qualquer tipo de texto requer o conhecimento das


regras do seu funcionamento, da sua estrutura.
As fases de construcao do texto expositivo/explicativo resumem-
se em tres momentos:
 Introdução (fase de questionar, apresentação e
definição do assunto).

 Desenvolvimento (fase de resolução, explicação


e demonstração do assunto).

 Conclusão (fase de conclusão, definição,


descrição e numeração).

Estes três momentos, podem ou não aparecer explicitos na


superfie do texto. No entanto, a fase de questionar não contem
necessariamente uma interrogativa directa ou indirecta; poderá,
por exemplo ser constituída apenas pela explicitacao do
tema/assunto da exposição. As vezes, aparece no título.

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

2.1.1 ORGANIZAÇÃO RETÓRICA E DISCURSIVA

O texto expositivo/explicativo tem uma textura propria que o


distingue das outras formas de discurso.

Assim, este genero textual é composto por tres tipos de enunciados:

1. Enunciados de exposição (Definir), contendo uma sucessão de


informacoes que visam fazer saber;

2. Enunciados de explicacao (Descrever) que têm como finalidade


fazer compreender o saber transmitido;

3. Enunciados que marcam as articulacoes do discurso


(Enumerar): anunciar o que vai ser dito; resumir o que se disse;
antecipar o que vai ser dito, atraves de sublinhados e de
mudancas tipograficas.

Para melhor o auxiliar, MENDES & PEREIRA (2010: 86) apresentam


alguns conselhos a seguir na elaboração do seu discurso:

 Transformar um acontecimento em factos simples


ou isolados.

 Estabelecer ligações entre esses factos.

 Ligar um facto a factores de causa, finalidade,


consequência ou significado pessoal.

 Estabelecer relações entre coisas, objectos, acções,


intenções e pessoas.

 Colocar em ordem lógica, cronológica, sequencial


ou funcional, aspectos, partes ou elementos que
fazem parte de um todo.

 Responder às questões que podem ser colocadas

49
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

por quem deseja compreender o exposto.

2.1.3. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS DO TEXTO EXPOSITIVO-


EXPLICATIVO

A objectividade do discurso no texto expositivo-explicativo manifesta-


se atraves de formas linguisticas dicursivas próprias. É emitido por um
locutor ao qual não são contestados nem o poder nem o saber. A
análise deste tipo de texto mostra a existência de uma diversidade de
modos de comunicação:

 Tendência a não apresentar as marcas de um sujeito


enunciador com a eliminação de marcas valorativas, efectivas
ou apreciativas. Este recurso instaura uma distância entre o
sujeito enunciador e o enunciado (tema ou problema exposto)
e gera um efeito de objectividade.

 Presença de recursos que demonstrem e autorizem


considerações expostas, e indiquem rigor científico, como,
por exemplo:

 Linguagem técnica;

 Uso do discurso directo com citações textuais entre aspas


(ou itálico) dentro do parágrafo ou separado do parágrafo
com fonte menor;

 Uso da forma do discurso indirecto (paráfrase) com


remissão clara às fontes bibliográficas;

 O uso da primeira pessoa do plural “nós” que caracteriza o


enunciador como um membro de uma comunidade.

 O uso de citações (discurso directo) ou paráfrases (discurso


indirecto) serve também para ampliar ou esclarecer a

50
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

informação sobre determinado tema ou problema.

 A utilização de títulos e subtítulos.

 Nominalizações

 O recurso a sublinhados e itálicos para destacar palavras,


expressões ou frases.

 A utilização de imagens, fotos, esquemas e gráficos, sempre


que possível.

 O emprego de vocabulário preciso e adequado ao assunto a


expor.

 Emprego da passiva;

 Uso de expressões que explicitam os contedos veiculados;

 Emprego de um presente com valor genérico;

 O recurso ao discurso objectivo.

 A apresentação de definições sempre que se empregam


termos técnicos ou especializados.

 A ausência de intervenção pessoal (emprega-se a 3ª pessoa do


singular ou a 1ª pessoa do plural).

Além destas características, o texto expositivo-explicativo pode


apresentar recursos como:

 Instrução, quando apresenta instruções a serem seguidas;

 Informação, quando apresenta informações sobre o que é


apresentado e/ou discutido;

 Descrição, quando apresenta informações sobre características


do que está sendo apresentado;

51
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

 Definição, quando queremos deixar claro para o nosso leitor do


que estamos, exactamente a falar;

 A enumeração, quando envolve a Identificacao e apresentação


sequencial de informações referentes àquilo que estamos a
escrever;

 Comparação, quando o autor quer garantir que o seu leitor irá


compreender bem o que ele quer dizer;

 Contraste, quando, ao analisar determinada questão, o autor


do texto deseja mostrar que ele pode ser observada por mais
de um ângulo, ou há posições contrárias.

2.3.1. Uso de Conectores

 Definidos como elementos que asseguram as relacoes entre as


diversas partes do texto, querb a nivel intrafrasico, interfrasico,
quer entre paragrafos, no texto expositivo/explicativo, estes
elementos são, com frequencia, de natureza logica.

 Estes conectores podem marcar ilações de adição (também,


igualmente) oposições (mas, ao contrário), laços de
consecução ou de causalidade (porque, visto que, dado que).

3.2.1 TIPOS DE FRASES

Segundo MATEUS et all (2003: 435- 487) podemos distinguir cinco


tipos de frases:

 Tipo declarativo: trata-se de frases com certas propriedades


gramaticais, que podem exprimir qualquer tipo de acto
ilocutório;

 Tipo imperativo: trata-se de frases com certas propriedades


gramaticais, que exprimem actos directivos de ordem;

 Tipo interrogativo: trata-se de frases com certas propriedades

52
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

gramaticais, que exprimem actos directivos de pedido (de


acção ou de informação);

 Tipo exclamativo: trata-se de frases com certas propriedades


gramaticais, que exprimem actos expressivos de avaliação;

 Tipo optativo: trata-se de frases com certas propriedades


gramaticais, que exprimem actos expressivos de desejo.

 FRASES DECLARATIVAS

São também chamadas enunciativa, aquelas que o emissor enuncia ou


declara o seu pensamento ou exprime uma ideia, nas frases básicas do
português é possível considerar a existência de dois constituintes
imediatos: o SN e o SV.

A amiga da Maria viu o filme

O miúdo deu um beijo à mãe.

 FRASES IMPERATIVAS

De um ponto de vista pragmático, são consideradas imperativas todas


as frases que expressam um acto ilocutório directivo, ou seja, aquelas
com que, através do seu enunciado, o locutor visa obter num futuro
imediato a execução de uma determinada acção ou actividade por
parte do ouvinte, ou de alguém a quem o ouvinte transmita o acto
directivo.

Prototipicamente as imperativas são a expressão de uma ordem.


Contudo, são igualmente incluídas nesta classe que, embora exibam
traços formais das imperativas, apresentam valores diversos: pedido,
exortação, conselho, instrução.

A distinção entre valor pragmático e características formais permite


assim incluir nas imperativas, pela sua forca ilocutória, frases
formalmente tão diversas como as seguintes:

Cala-te!

53
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Vamos a calar imediatamente!

Que ninguém faça barulho agora!

Não fumar!

Diz-lhe que se cale imediatamente! Podias calar-te?!

 FRASES INTERROGATIVAS

As frases interrogativas constituem a expressão de um acto ilocutório


directivo, através do qual o locutor pede ao seu alocutário que lhe
forneça verbalmente uma informação de que não dispõe.

Consoante o escopo ou foco da interrogação incide sobre toda a


proposição ou sobre uma parte da proposição, assim as frases
interrogativas podem ser de dois tipos: totais (globais, proposicionais
ou de sim / não); e parciais (de constituintes, de instanciação ou
interrogação “Q”). Importa referir ainda as interrogativas “tag”.

O António telefonou?

Quais livros compraste?

Quem veio a vossa festa?

 FRASES EXCLAMATIVAS

As frases exclamativas podem ser totais ou parciais, consoante a


exclamação tiver por escopo toda a frase ou apenas um constituinte:

Ele é tão simpático!

Isso é que era bom!

Tão bem que ele cantou!

54
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

 FRASES OPTATIVAS

As frases optativas realizam actos ilocutórios expressivos de um tipo


particular: exprimem desejos do locutor, razão pela qual são muitas
vezes parafraseáveis por frases complexas que têm como verbo
superior um verbo optativo.

Que ele seja feliz!

Desejo que ele seja feliz!

Espero que a guerra acabe depressa!

3.2.3 FORMAS DE FRASES

 FORMA AFIRMATIVA

 FORMA NEGATIVA

Cada tipo de frase acima indicada pode apresentar-se sob diversas


formas. Uma frase, tomando a forma afirmativa ou negativa, pode
ainda exprimir a ideia numa forma activa ou passiva ou até enfática.

As formas afirmativas e negativas opõem-se uma a outra, assim como


as formas activa e passiva, pois uma frase não pode ter
simultaneamente forma afirmativa e negativa nem activa e passiva. A
frase enfática pode ser afirmativa ou negativa, passiva ou activa.

Sumário

Num texto expositivo-explicativo, o locutor tem um único


objectivo: fazer compreender a sua mensagem. Para tal, vai
destacar as relações entre elementos, partes, factos ou acções.
Estas relações podem ser lógicas, cronológicas, gramaticais ou
outras, dependendo do assunto a tratar.

55
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

A frase é constituída por uma palavra ou grupo de palavras ordenadas


de determinado modo e que mantém entre si certas relações. As
mesmas caracterizam-se ainda, na língua falada, por entoação
particular. Na língua escrita são delimitadas geralmente por sinais de
pontuação (ponto, ponto e vírgula, ponto de interrogação, ponto de
exclamação, vírgula, reticencias). Existem cinco tipos de frases que são
(Tipo declarativo, Tipo imperativo, Tipo interrogativo, Tipo
exclamativo, Tipo optativo) e duas formas que são negativa e positiva.

Exercícios

1. Qual é a finalidade do texto expositivo explicativo.

2. Com base em revistas, jornais, enciclopédias ou em pesquisas


na internet, recolhe informações sobre um desastre natural e
produz um texto expositivo-explicativo sobre esse
acontecimento. Não te esqueças de:
Elaborar um plano prévio, tendo em conta a estrutura deste
tipo de texto, no qual registes as ideias fundamentais que irás
desenvolver no teu trabalho;
Recorrer, na redacção do texto, a articuladores do discurso
para tornar mais claras as explicações, as exemplificações e as
conclusões.
3. Apresente uma explicação mitológica de um fenómeno natural
à tua escolha.

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

UNIDADE Temática 2.2 TEXTO ARGUMENTATIVO

Introdução

Um argumento é um raciocínio destinado a provar ou refutar uma


afirmação ou, ainda, “uma afirmação destinada a fazer admitir outra:
Não sou vilã, uma vez que o filho do rei me ama” (O. Rebul, 1991:
232). Uma argumentação é um conjunto de argumentos interligados
com o objectivo de conquistar a adesão de outrem à utilidade, à
justiça e ao valor daquilo que defendemos contra aquilo que defende
o nosso adversário ou, mais simplesmente, um conjunto de razões a
favor ou contra uma opinião ou uma tese. (jean Bellenger, in Leonel
Bellenger, 1988: 75).

A teoria da argumentação estuda as técnicas discursivas que permitem


provocar ou aumentar a adesão dos espíritos às teses que
apresentamos ao seu consentimento.

57
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

 Analisar textos argumentativos

Objectivos  Conhecer a estrutura do texto argumentativo;

 Perceber a essência desta tipologia textual;

 Conhecer os tipos de argumentos existentes nestes textos;

 Conhecer os tipos de argumentos existentes nestes textos;

 Conhecer como se formam orações coordenadas,

 Distinguir os tipos de orações coordenadas estudadas nesta


unidade.

1.1. Estrutura do texto Argumentativo

O texto argumentativo apresenta-se, normalmente, em três partes:

Introdução – contém a tese inicial à qual o autor quer fazer aderir o


interlocutor. Deve-se ser apresentada de modo afirmativo, claro e
sem ambiguidade.

Desenvolvimento – ou Corpo da argumentação – apresenta os


argumentos que apoiam ou refutam a tese inicial.

Deve ser organizado em parágrafos, em que cada um deles deve


conter uma ideia central. Os argumentos devem manter entre si
uma ordem e coerência lógicas, correspondendo à construção do
raciocínio do locutor.

Conclusão – reafirma a tese inicial através de uma breve síntese.

FIGUEIREDO & FIGUEIREDO (2001) avançam que o texto


argumentativo apresenta uma estrutura hierarquizada com os
seguintes elementos: tese anterior, premissa (s), argumento (s),
conclusão, nova tese.

58
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

1.2. Organização Retórica e Discursiva

Nos textos argumentativos predominam:

 Modo Indicativo – associado à actualidade e factualidade dos


argumentos;

 Modo Imperativo – procurando influenciar a accao do


destinatário;

 Paralelismos de construção e outros mecanismos de


reiteração, retomas anafóricas – pronominalizações,
normalizações, perífrases, relações lexicais de sinonímia,
Antonímia, hiperonímia/hiponímia, homonímia/holonímia,
reforçando a convicção do locutor.

 Articuladores consonantes com a intencionalidade


comunicativa (confrontar, reiterar, explicar, ordenar,
comparar, demonstrar, exemplificar, concluir.

 Actos ilocutórios assertivos, directivos e declarativos


assertivos, que visam provar, demonstrar, convencer e
persuadir.

1.3. Tipos de Argumentos

Entre os argumentos mais usuais destacam-se:

 De Autoridade - incluem as opiniões emitidas por


pessoas/entidades de prestígios numa matéria a tratar e os
textos normativos legais, entre outros;

 Universais – reportam-se a saberes universalmente aceites;

 Proverbiais ou de sabedoria Popular – assentes em valores de


verdade aceites por todos, como é, por exemplo, o caso dos
provérbios.

59
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

 Por analogia – argumenta-se a partir de um caso ou exemplo


específico. Em muitos aspectos semelhantes ao que está em
causa;

 De experiência – assentes em experiencias já vividas pelo


próprio ou por outros.

 Históricos – baseiam-se em exemplos da tradição e da


experiencia histórica. Qualquer destes exemplos é
frequentemente, sustentado por exemplos.

2.2.1. ARGUMENTOS E PROVAS

Os argumentos são, portanto, elementos abstractos, cuja disposição


crescente, decrescente ou dispersa.

As provas têm a função de sustentar os argumentos e são de três


ordens (Jules Verest, 1939: 468-471):

 Naturais – incluem os textos das leis, o testemunho das


autoridades, as afirmações das testemunhas e os documentos
de qualquer espécie;
 Verdades e princípios universais – são reconhecidas, deste
modo, por todos e apresentadas sob a forma de raciocínio
reduzido, ou entimema;
 O exemplo – é um caso particular, real ou fictício, que tem uma
analogia verdadeira com o caso que nos ocupa. A intenção é, a
partir dele, inculcar uma verdade geral da qual deduzimos uma
preposição que queremos estabelecer.

2.2.2. ESPAÇO DA ARGUMENTAÇÃO

A certeza, a dúvida e a opinião são três estados de espírito que


percorrem a mente humana perante uma afirmação (jules Verest,
1939: 464-5). No primeiro caso, a verdade aparece com evidência e a
mente adere a ela plenamente, sem qualquer hesitação; no segundo,

60
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

a verdade não aparece com evidência e o espírito hesita, oscila: uns


aspectos indicam a verdade, outros, o erro; no terceiro caso, a
verdade não aparece de forma evidente, mas através da nebulosa que
a atravessa, parece deixar-se adivinhar, isto é, são fortes os motivos de
adesão, mas não excluem toda a possibilidade de erro: a afirmação é,
dizemos, provável e a inteligência adere a ele com mais ou menos
segurança.

A certeza é o espaço da convirão: convencer é fornecer a luz da


evidência sobre um ponto, até aí obscuro para a pessoa que é
convencida e a quem arrancamos a expressão: “Você tem razão…”. No
dia-a-dia, porém, lidamos uns com os outros, a maior parte das vezes,
na base da maior ou menor probabilidade. Quando pretendemos
conquistar a adesão de alguém contentamo-nos em demonstrar que a
nossa opinião é verosímil, quer dizer, evidentemente provável, de
natureza a merecer a aderência de uma pessoa prudente e reflectida.

A convicção adquire-se:

 Quando se trata de um axioma ou de uma verdade


imediatamente evidente, através de uma exposição clara e
completa da sua verdade;
 Quando se trata de uma verdade que não é imediatamente
evidente, pelo raciocínio, sendo a forma mais rigorosa o
silogismo pelo qual se passa do conhecido ao desconhecido, de
uma afirmação admitida como verdadeira a uma afirmação
que era objecto de dúvida, quer teórica quer prática.

O espaço da argumentação é, assim, o do verosímil, do provável no


qual procuramos convencer.

2.2.3. PERCURSOS DA ARGUMENTAÇÃO

São caminhos do pensamento para “justificar uma opinião,


desenvolver um ponto de vista, reflectir para chegar a uma decisão”

61
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

(L. Bellenger, 1988: 16); são processos de organização das ideias,


segundo a natureza dos laços que unem os elementos ou as etapas do
edifício persuasivo: onde operam os argumentos, escolhidos e
dispostos, tendo em vista uma argumentação concreta.

I. A VIA LÓGICA

Trata-se, neste primeiro percurso, de modelos de raciocínios


herdados das disciplinas ligadas ao pensamento: a indução, a
dedução, o raciocínio causal.

1. A indução – é a forma habitual de pensar: do singular ao plural,


do particular ao geral. Pode tornar duas formas: totalizante,
quando se estabelece a partir do recenseamento de um todo,
adquirindo o estatuto de prova - como quando, depois da
chamada, afirmamos “ os alunos estudantes estão todos”;
generalizante quando o recenseamento completo não é
possível e o raciocínio indutivo nos leva de uma parte ao todo,
por generalização – por exemplo quando se afirma: “ Os
portugueses são hospitaleiros”. Este é o procedimento mais
usual, mas o menos rigoroso, pois a generalização implica
simplificação, e com ele vem o engano, o idealismo e a
teorização.
Na indução o exemplo é muito importante: indicia, dá a
perceber, faz emergir a regra. A sua força argumentativa
depende da sua qualidade, devendo ser concreto, inteligível,
reconhecido e próximo dos ouvintes. Com igual força
argumentativa, encontra-se a ilustração: todos sabemos que
uma boa ilustração vale mais que um longo discurso. No
discurso político, ele chega a ser apresentada com prova,
mostrando, por exemplo, as visitas e inaugurações como
ilustrações de programa.
2. A dedução – dois princípios estão na sua base: a da não

62
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

contradição – quando duas afirmações se contradizem uma


delas é falsa; e o da progressão do geral para o particular –
através de articulação lógica expressa por “assim”, “portanto”
ou “logo”.
2.1 o silogismo – constituído por três proposições ou afirmações –
chamadas premissas as duas primeiras (apelidada uma de
“maior” e outra de “menor”, conforme o termo que contêm), e
conclusão, a terceira – deve possuir três termos e combiná-los
dois s dois.
O valor demonstrativo do silogismo fundamenta-se em
propriedades formais e taxativas: proposições afirmativas e
frequentemente universais, o lugar dos termos é rigoroso – o
termo médio é predicado da maior, sujeito da menor e
predicado da conclusão. Vejamos o célebre modelo de
Gguillaume d’Occeam:
Os homens são mortais
Sócrates é um homem
Sócrates é mortal

Diariamente produzimos numerosos silogismos como este,


embora nem todos aceitáveis porque fogem às regras, sendo o
critério de aceitabilidade a inclusão do sujeito da conclusão “na
ideia geral à qual recorremos para tirar a conclusão” (L.
Bellenger, 1988: 22).

2.2 O Entimema – é um silogismo reduzido, no qual se subentende


uma das premissas ou a conclusão, usado para convencer tanto
no discurso retórico como no discurso quotidiano. É
apresentado como um raciocínio prático ou como um modo de
dirigir a acção, de condicionar um comportamento ou emitir
um juízo de valor.

63
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Exemplo:

Ele tem uma doença grave…não durará muito.

O João é inteligente, logo, irá longe.

O entimema não explica nem demonstra, é um raciocínio


arbitrário que cria apenas um elo de sucesso dedutiva, a
questionar, por vezes, pela descoberta da afirmação que ele
esconde. Bellenger aconselha a que, quando uma dedução de
dois termos, um entimeme, nos parecer contestável,
interroguemos o interlocutor sobre o sentido, a qualidade ou a
quantidade da premissa maior, para clarificar ou reduzir o seu
efeito.

3. O raciocínio causal – “asseguremo-nos bem do facto, antes de


nos inquietarmos com a causa” aconselhava Fontenelle
(L.Bellenger, 1988: 27). O papel preponderante do raciocínio
causal, na argumentação, assenta em duas transposições
constantes: da causa para o efeito e do efeito para a causa,
conduzindo ao pressuposto de que “o conhecimento das
causas permitirá remediar o facto constatado” (ibid). 27, quer
dizer, suprimamos as causas e o problema estará resolvido, o
que leva as pessoas a preocuparem-se mais com as razoes do
presente do que com o modo de melhorar o futuro.

3.1 A argumentação pragmática – é a argumentação baseada no


método das vantagens/ inconvenientes, um dos esquemas
mais clássicos da lógica dos juízos de valor, e presente na
argumentação do dia-a-dia. Permite apreciar um
acontecimento ou uma opinião em função das consequências
favoráveis ou desfavoráveis.

64
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Exemplo:

É-se a favor dos hipermercados pelas facilidades de


estacionamento, pela possibilidade de compras e mais completas,
pelos preços mais baixos…

3.2 A causa que justifica o facto ou a opinião - aqui, o raciocínio


parte de uma constatação ou afirmação, entendida como
consequência ou efeito de uma ou várias causas.

Exemplo:

Um facto: a crise dos países ocidentais;

Causas possíveis: crise do petróleo, conflito do Médio Oriente, as


oscilações monetárias…

II. A VIA EXPLICATIVA

Estudaremos, aqui, modelos que vêm da lógica formal, da matemática


e das ciências físicas, partilhando o objectivo de fazer compreender e
tornar inteligível, chamando-lhes L. Bellenger “ a via explicativa”: a
definição, a comparação, analogia, a descrição e a narração. A
intenção de explicar pretende convencer com o máximo de
objectividade.

4. A definição – definir é dizer a verdade e responder à


necessidade de compreender. A necessidade de definir
aumenta a credibilidade de quem quer convencer.

Exemplo:

A definição clara de um plano de poupança” permite ao bancário


poder contribuir para a adesão do cliente.

Não é fácil, porém, definir, trata-se de “ cercar com um muro de


palavras um terreno vago da ideia”. O maior obstáculo é concisão
que pode colidir com a compreensão, como é o caso de Leasing ou

65
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

da própria palavra saudade.

5. A comparação – usa-se a comparação para provar a utilidade,


a bondade, o valor de uma coisa, um resultado, uma opinião. A
técnica comparativa ‘e simples, fácil de compreender, inscrita
nos nossos hábitos, levando-nos a usá-la, activa e
passivamente, de forma natural e sem disso nos darmos conta.
A comparação procura fazer identidades entre factos, pessoas
ou opiniões diferentes e transpor valores de sistemas
independentes e autónomos: estas passagens e transposições
são manipuladoras e pretendem chocar problemas de
consciência, questionar os modelos culturais e as normas
vigentes.

Exemplo: “O aborto assemelha-se a um assassínio”

Uma comparação se não é, em geral, enganadora também não é


convincente porque se lhe pode sempre opor outras que a
contradigam. Convencerá se o interlocutor não tiver à mão os meios
de a relativizar através de factos, números, afirmações.

6. A analogia – ”é a imaginação em auxílio da vontade de se


explicar e de convencer.” (L.Bellenger, 1988: 41). Trata-se de
uma semelhança estabelecida pela imaginação entre
pensamentos, factos, pessoas. Simboliza a vontade de bem se
exprimir e bem se fazer entender. Simplifica e caricatura,
prestando-se, assim a uma fácil fixação e a uma compreensão
imediata, daí o seu uso frequente na publicidade. Os amigos
olhavam-na com alguma reserva, aconselhando põe isso a
introduzi-la com expressões como: de certo modo, quase
como, uma espécie de.
7. Descrição e narração – para convencer alguém, podemos
descrever ou narrar uma situação ou um acontecimento. São o
ponto de partida da indução socrática: narra uma história, uma

66
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

experiencia, uma anedota, desencadeia um processo de


inferência que a partir de um facto nos conduz ao princípio ou
à regra. É o peso do concreto, do vivido e do testemunho que
passa através delas. Ambos os processos criam a ausência, a
falta de um complemento, de um remate, de um “ E depois?” –
ouvido sempre que alguém, ao narrar algo, aparenta parar ou
desviar-se do enredo.

2.2.4. REFUTAÇÃO

São duas tácticas de refutação: defensiva e ofensiva. A defensiva


contradiz a tese que combatemos e mostra que ele se apoia em
argumentos pouco ou mesmo viciados. A ofensiva consiste em
defender o contrário da tese que atacamos.

Dos preceitos de Aristóteles e de Cícero retiveram os retóricos, entre


outros, os seguintes (J. Simões Dias, 1913: 65):

 Dos argumentos do adversário importa destruir só os


principais;
 Devemos retorquir as provas comuns contra quem as
empregou primeiro;
 Não se deve responder às alegações impróprias ou alheias à
questão;

Se as provas forem fracas ou tão fortes que seja temerário discutir


uma por uma, a regra é atacá-las todas juntas.

2.2.5. SOFISMAS OU RACIOCÍNIOS VICIADOS

O raciocínio viciado recebe o nome de sofisma quando é voluntário e


de paralogismo quando é involuntário. De entre esses raciocínios,
mencionamos os mais frequentes ( Jules Verest, 1939: 475-8).

 O equívoco – consiste em tomar a mesma palavra em dois


sentidos diferentes.

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

 A ignorância do estado da questão – é passar ao lado do


problema: prova-se o que não é contestado e nega-se o que
não é afirmado.
 A petição de princípio – afirma-se, mas com outros termos,
aquilo que se devia provar.
 O círculo vicioso – consiste em provar alternadamente duas
afirmações, uma pela outra.
 O erro a respeito da causa – toma-se como causa aquilo que é
uma simples circunstancia.
 A generalização de um caso particular – atribui-se a uma classe
a marca de um dos seus elementos.
 A confusão entre a hipótese e a verdade demonstrada –
apresentam-se as hipóteses e, de seguida, dão-se por
demonstradas.
 Falta de paridade entre o exemplo e a tese – o exemplo
avançado não é adequado à tese.

1.4. Articulação e Progressão do discurso

O texto deve apresentar-se como um todo coeso e articulado, através


de estabelecimento de uma rede de relações lógicas entre as palavras,
as frases, os períodos e os parágrafos que o constituem. Deve, alem
disso recorrer a processos de substituição, usando palavras ou
expressões no lugar de outras usadas anteriormente.

Deve igualmente corresponder a construção de um raciocínio que se


vai desenvolvendo gradualmente. Estas características sal conseguidas
através da correcta utilização e combinação dos elementos linguísticos
no texto.

 Correcta estruturação e ordenação de frases;

 Uso correcto dos conectores do discurso;

68
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

 Respeito pelas regras de concordância;

 Uso adequado dos pronomes que evitam as repetições do


nome;

 Utilização de um vocabulário variado, com recurso a


sinónimos, antónimos, hiperónimo e hipónimos.

A progressão e articulação do texto é conseguida sobretudo através do


uso de conectores ou articuladores do discurso que vão fazendo
progredir o texto de uma forma coerente e articulada.

1.5. Conectores do discurso

Vimos que, para cumprir o seu objectivo – persuadir – o texto


argumentativo deve apresentar-se como uma construção lógica, na
qual o raciocínio é representado de forma progressiva e articulada.
Para tal, é fundamental uma boa utilização dos articuladores ou
conectores do discurso – advérbios, locuções adverbiais, conjunções,
locuções conjuncionais e mesmo orações completas. Alguns desses
articuladores, utilizados em qualquer tipo de texto, são recorrentes no
texto argumentativo.

Funcionamento da Língua

5.2.1. RELAÇÕES DE COORDENAÇÃO

MATEUS (2003: 551) define coordenação como sendo “um processo


de formação de unidades complexas. Caracteriza-se por combinar
constituintes do mesmo nível categorial ─ núcleos ou constituintes
plenamente expandidos, i.e., sintagmas ou frases ─ que desempenham
as mesmas funções sintácticas e semânticas.”

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

3.6.2. Principais Frases Coordenadas

Podemos, ligar várias ideias entre si:

 Somando o sentido de uma ao sentido da outra, como uma


salada de frutas. As frases assim obtidas, designam-se
Coordenadas copulativas.

Ex: A Sílvia estuda Latim e gosta daquela matéria.

 Quando o sentido da segunda frase completa o da primeira.


Como encaixe da outra. As frases assim obtidas designam-se
Coordenadas explicativas.

Ex: A Sílvia passou de classe, pois, estudava muito.

 Opondo o sentido de uma ao sentido da outra, como


adversários num campeonato de Boxe, assim se obtendo frases
Coordenativas adversativas.

Ex: A Laura estuda Latim mas prefere tocar piano.

 Alternando o sentido de uma como da outra, numa espécie de


alternância democrática, assim se obtendo frases Coordenadas
disjuntivas.

Ex: A Joana ora estuda Latim, ora toca piano.

 Extraindo uma conclusão, a partir do sentido da outra, assim


obtendo frases Coordenadas conclusivas.

Ex: A Isaura gosta de Latim, portanto estuda muito.

Sumário

O texto argumentativo é um tipo de texto que visa essencialmente,


persuadir, ou influenciar o ouvinte leitor, ao qual se apresenta um

70
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

ponto de vista – uma tese – cuja veracidade se demonstra a prova.


Começando por apresentar a tese, a partir da qual se desenvolve o
raciocínio, a argumentação, constituída por um conjunto de
argumentos logicamente encadeados, sustentados em provas e,
normalmente, ilustrados e credibilizados por exemplos.
Este texto é constituído por uma introdução – parágrafo inicial no qual
apresenta a tese, opinião ou declaração. Esta deve ser apresentada de
modo afirmativo, claro e bem definido, sem referir ainda quaisquer
razoes ou provas. Desenvolvimento - analise/explicitação da tese,
opinião, declaração apresentada. Apresentação de argumentos que
provam a verdade de tese, factos exemplos, citações, testemunhos,
dados estatísticos. Conclusão – paragrafo final, no qual se conclui com
uma síntese da demonstração feita no desenvolvimento.
Relativamente a coordenação, o importante a reter nas frases é
quando o significado de uma dela é adicionando ao de outra, estamos
perante orações coordenadas copulativas. Quando o significado da
segunda frase explica primeira, estamos perante coordenadas
explicativas. Quando os significados de duas frases opõem-se, estamos
perante coordenadas adversativas. Quando o significado de uma frase
é posto em alternativa com o de outra, estamos perante coordenadas
disjuntivas. Quando o significado da segunda frase é a conclusão da
primeira, estamos coordenadas conclusivas.

Exercícios

1. Qual é a função principal de um texto expositivo-


argumentativo?

2. Quais são os tipos de argumentos existentes no texto


argumentativo.

3. Produza um texto expositivo argumentativo, usando a


linguagem adequada, obedecendo a sua estrutura.

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

4. Quais são os tipos de frases coordenadas estudadas nesta


unidade.

5. Elabore frases coordenadas usando as respectivas conjunções.

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

TEMA – VI: Textos de Comunicação Social

6.1.1. Textos Informativos


6.1.2.. Noticia
6.1.3 Caracteristicas

6.2. Funcionamento da Língua

6.2.1. Subordinação
6.2.2. Tipos de Frases Subordinadas

UNIDADE Temática 6.1 Textos Informativos

Introdução

Nesta unidade, debruçaremos em torno dos textos de comunicação


social ou simplesmente textos informativos porque estes constituem a
base da nossa comunicação no quotidiano. Estes são encontrados em
situações escolares procurando transmitir conhecimentos ou saberes.

Focalizamos nela, textos didácticos e jornalísticos como, por exemplo,


a notícia. Assim será indispensável mencionar as características e as
estratégias da sua elaboração.

Ao completar esta unidade o estudante deve ser capaz de:

73
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Ao terminar esta unidade o estudante deve ser capaz de:

 Distinguir os textos informativos de outros;


Objectivos  Identificar as partes estruturais correspondentes a estes
textos;
 Redigir uma notícia tendo em conta a estrutura a que deve
obedecer
 Conhecer as frases subordinadas
 Elaborar frases contendo orações subordinadas por ti
estudadas.

6.1. TEXTO INFORMATIVO

É um tipo de texto presente em situação escolar em que a intenção


comunicativa veicula conhecimentos da realidade da qual oferece um
saber. O texto informativo, transmite dados organizados e
hierarquizados sem, contudo, procurar persuadir ou explicar. O seu
objectivo é, portanto, comunicar de forma clara e pormenorizada, em
poucas linhas, a um leitor determinado, o que deve saber de um facto,
de um assunto ou de um problema. Este tipo de texto possui três
características importantes a saber, a clareza, a correcção e a
concisão.

Neste tipo de texto usa-se, essencialmente, a 3ª pessoa. A 3ª pessoa


«indica uma realização discursiva situada fora da correlação de pessoa
existente no par eu/tu, remetendo para uma situação “objectiva”.
Assim, esse tipo de discurso é indiciado pelos pronomes de terceira
pessoa (ele, ele, eles, elas) e respectivos deíticos (o, isso, isto, aquilo,
lá, então, etc.) reenviando à objectividade, própria dos elementos
referenciais colocados fora da elocução. A linguagem cumpre, assim, a
sua função informativa ou referencial, centrando-se em dados
concretos, que se concretizam nos referentes situacionais.

74
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

A terceira pessoa, está por conseguinte, presente no discurso de


imprensa, no discurso pedagógico, no discurso ensaístico, onde a
finalidade da mensagem é transmitir informações de conteúdo
objectivo. (GUERRA, J.A.F.; VIEIRA, J.A.S.:69).

A NOTÍCIA (O Discurso de Imprensa)

Segundo NUNES et all (s/d: 24) o jornal, por exemplo, “é um meio de


comunicação de massa. Destinado a qualquer leitor, o discurso de
imprensa apresenta características próprias. Este tipo de discurso
engloba a notícia e artigos de natureza diversa, em suma, textos de
carácter informativo.”

A imprensa escrita ou oral, que tem por função transmitir as notícias,


informar, dar conhecimento ao público dos acontecimentos de última
hora, constitui um largo campo de utilização do discurso de terceira
pessoa.

A não-pessoa, isenta de marca de subjectividade, é a forma


pronominal mais adequada para as instâncias discursivas que utilizam
a linguagem em situações descritivas ou verificativas, onde a
objectividade é necessária. O jornalista, como entidade responsável
pela informação, preocupa-se com o relato factual, tendo como
objectivo fornecer dados concretos que reenviam a determinados
referentes. A notícia submete-se, consequentemente, a normas
estipuladas que pretendem veicular os conteúdos informativos em
moldes documentais.

É, portanto, a função referencial a que predomina na notícia, não se


excluindo, por vezes, a função emotiva da linguagem, quando
transparece a presença do emissor, através da valoração pessoal que
ele pode conferir ao enunciado, ou de sentimentos de adesão ou de
recusa que conduzem à emoção por parte do público e não
propriamente à informação.

75
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

A função conotativa também pode estar presente, se a interpretarmos


como faceta genérica que possui a linguagem para chamar a atenção
do leitor: Um título pode ser muito ou pouco sensacional, pelo facto
de se integrar numa notícia de pequena actualidade ou num editorial;
do mesmo modo, os próprios acontecimentos, com reflexo a nível
nacional ou internacional, podem ocupar na imprensa lugares
proeminentes que despertam e sugestionam a opinião pública, pela
forma como são apresentados graficamente e por todo o discurso com
forte tendência apelativa. (GUERRA & VIEIRA 2003: 71)

Na óptica de NUNES et all (s/d: 24) “a notícia é um texto


essencialmente informativo de um acontecimento actual. A sua
elaboração obedece a regras fixas. O 1º parágrafo, o lead, deve ser a
resposta às perguntas:

 Quem?
 O quê?
 Quando?
 Onde?
 Porquê?
No corpo da notícia serão desenvolvidos estes aspectos, tendo em
atenção a realidade dos acontecimentos.”

Características

 Objectividade - redacção na 3ª pessoa (a não pessoa): expõe-se


de modo imparcial e com a maior fidelidade, a realidade ou os
seus fundamentos;
 Brevidades – usam-se apenas as palavras necessárias à
expressão do pensamento;
 Função informativa ou referencial da linguagem.

76
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

A sintaxe da notícia segundo GUERRA & VIEIRA (2003: 71-72)

Uma das leis fundamentais do jornalismo de hoje: na notícia o mais


importante escreve-se logo no princípio.

Uma norma como esta aconselha o aperfeiçoamento de um estilo


inverso do novelístico. O autor de uma notícia deve começar pelo
desfecho de um determinado acontecimento para depois descrever,
em pormenor, a forma como as coisas se passaram. Uma notícia não
tem suspensa: obedece ao princípio de competitividade entre os
materiais jornalísticos de uma determinada publicação, partindo da
certeza de que raro é o leitor que dedica a sua atenção a todos os
textos. Ele escolhe os mais atraentes e muitas vezes só lê partes. Por
isso o mais importante tem de estar logo no princípio.

Um mesmo crime terá, portanto, descrições absolutamente diferentes


no romance policial e na notícia. No primeiro caso, o autor tece a
intriga, descreve as investigações, enumera suspeitos e culmina com a
descoberta do assassino e respectiva prisão. Na notícia o jornalista
terá de informar logo nas primeiras linhas que, por exemplo, «a Polícia
Judiciária prendeu Fulano, acusado de ter assassinado Sicrano».
Seguem-se as peripécias do caso, com uma outra preocupação: os
factos ordenam-se por ordem decrescente de importância.

O autor da notícia deverá abolir todos os pormenores supérfluos – que


no romance serve até para colocar factores de diversão com o
objectivo de testar o faro detectivesco do leitor – para respeitar os
princípios da síntese, simplicidade e clareza.

A elaboração da notícia ordenando os factos por ordem decrescente


de importância criou no jornalismo a técnica conhecida sob a
designação de pirâmide invertida.

Esta técnica, base do estilo noticioso utilizado em jornais de todo o

77
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

mundo, significa a elaboração da notícia em duas fases: A primeira


denominada lead ou cabeça; e a segunda, o corpo ou o
desenvolvimento da notícia.

Suponha o leitor uma pirâmide invertida representada, para maior


comodidade pelo triângulo isóscele. Divida-a, por exemplo, em oito
secções. Estas secções representam os parágrafos da notícia. A
extensão e cada uma delas são directamente proporcionais à
importância dos dados contidos nos respectivos parágrafos.

A primeira secção é o lead ou cabeça, portanto o mais importante da


notícia porque, como já vimos, os dados fundamentais são os que se
devem divulgar em primeiro lugar. As restantes secções ou parágrafos
são o corpo da notícia que pormenorizam os factos enunciados no
lead. A extensão de cada secção diminui da zona superior para a zona
inferior da figura, significando que os factos estão elaborados por
ordem decrescente de importância.

Concluindo, o texto da notícia apresenta os seguintes aspectos:

 Expositivo - apresenta ou narra uma exposição tal como ela é;


deve começar pela visão do conjunto, pela síntese, partindo
para o pormenor ou análise.
 Interpretativo - clarifica o alcance e o sentido de certos factos
ou conceitos.
 Demonstrativo - tenta provar determinadas afirmações, teses
ou posições, devendo ser claros os passos que levaram às
proposições principais, que devem distinguir-se das simples
opiniões.
Deve-se evitar os seguintes defeitos:

 Falsear ou exagerar os factos;


 Deformá-los, omitindo pormenores;
 Confundir factos com opiniões;
 Cair em contradições;

78
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

 Desenvolver de forma incompleta algum ponto;


 Construir parágrafos longos.

6.2. Funcionamento da Língua

6.2.1. SURBORDINAÇÃO

Designam-se frases subordinadas quando umas comandam e outras


obedecem, umas têm um papel principal, outras lhes estão
submetidos.

As orações subordinadas funcionam como termos essenciais,


integrantes ou acessórios de outra oração.

Vejam-se os exemplos a seguir.

Ex: O livro é belíssimo.


Tu compraste o livro.
Relacionando as suas frases entre si, podemos obter uma só complexa.
Ex: o livro que compraste é belíssimo – frase subordinada.
Em frases complexas deste tipo, temos, pois, uma frase subordinante
e uma frase subordinada. Aquela é designada tradicionalmente, como
oração principal, enquanto esta tem sido designada como oração
subordinada.
Consideremos, de novo, as três frases simples.
Ex: O livro é belíssimo.
Tu compraste o livro.
O livro contém ensinamentos úteis.
Podemos, de igual modo, reunir numa só, todas estas frases, assim
evitando aquela insistente repetição do grupo nominal o livro.
Ex: O livro que tu compraste é belíssimo e contem ensinamentos úteis.
Obtivemos, neste caso, uma frase complexa, formada por duas frases
coordenadas entre si, uma da qual contem uma subordinada relativa.
Dependendo da função que as orações subordinadas desempenham
na frase, podem ser classificadas em substantivas, adjectivas,

79
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

adverbiais porque as funções que desempenham são comparáveis às


exercidas por substantivos, adjectivos e advérbios.

6.2.2. CLASSIFICAÇÃO DAS ORAÇÕES SUBORDINADAS


 ORACOES SUBSTANTIVAS

Chamam-se substantivas a uma oração equivalente a um sintagma


nominal (sujeito, complemento directo, predicativo, aposto ou
complemento indirecto). As orações substantivas podem ser:

Conjuncionais;

Infinitivas;

Interrogativas indirectas.

 ORAÇÕES ADJECTIVAS

Uma oração relativa está ligada à subordinante por um pronome


relativo (ou adverbio relativo). Corresponde, em relação ao sintagma
nominal de que depende a um adjectivo ou a um sintagma
preposicional.

A oração relativa adjectiva pode ser determinativa ou atributiva

As orações relativas determinativas não podem ser suprimidas sem o


significado da frase fique incompleto ou alterado, pois elas precisam e
restringem a ideia expressa pelo antecedente.

As relativas atributivas podem suprimir-se sem que hajas modificação


na ideia fundamental da frase, porque exprimem uma ideia acessória.
Estas orações são sempre precedidas e seguidas de pausas.

 ORAÇÕES CIRCUNSTANCIAIS OU ADVERBIAIS

Uma oração pode desempenhar a função de um sintagma


preposicional em relação a oração de que depende ou a um
constituinte dessa oração.

80
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

As frases subordinadas circunstanciais mais frequentes são aquelas


que indicam circunstanciais de tempo (anterioridade, simultaneidade,
posterioridade), as que indicam hipóteses e condições, as que indicam
causas, finas e consequências, as que estabelecem concessões,
comparações, etc.
Temos:
 Causais;
 Temporais;
 Finais;
 Condicionais;
 Consecutivas;
 Concessiva.

Subordinadas Causais
 Expressam uma ideia de causa.
Ex: Cheguei atrasado a Universidade porque acordei tarde.
Subordinadas temporais
 Expressam uma ideia tempo.
Ex: voltei a casa, logo que começou a chover.
Subordinadas Finais
 Expressam um fim.

Ex: Deixe-o falar para que terminasse o seu raciocínio.


Subordinadas Condicionais
 Expressam uma condição, hipóteses.
Ex: transitarei de ano, se estudar muito.
Subordinadas Consecutivas
 Expressam uma consequência
Ex: Brincou muito no charco, de tal modo que acabou contraindo a
filaria.
Subordinadas concessivas
 Expressam uma concessão

81
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Ex: Eu vou-me embora, já que não atendes o telefone.

Sumário

Em síntese: O texto informativo é todo aquele que procura comunicar,


de forma clara e pormenorizada ou então em poucas linhas, aos
leitores um determinado assunto.

Este tipo de texto apresenta três características importantes a saber, a


clareza, a correcção e a concisão.

A subordinação é a relação sintáctica estabelecida entre orações em


que uma subordinada está sintacticamente dependente de outra,
subordinante. Essa dependência sintáctica é evidenciada pelo facto de
a oração subordinada desempenhar sempre uma função sintáctica
relativamente à oração subordinante. Nas subordinadas
circunstanciais, as que estudamos nesta unidade, temos as causais,
temporais, finais, condicionais, consecutivas, e concessivas.

82
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Exercícios

Leia atentamente o texto e responda as questões levantadas em torno


dele.

TEXTO

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

1. Aponte a estrutura da presente notícia, indicando as respostas


do lead e o desenvolvimento.

2. Indica nesta notícia, a objectividade inerente a textos


informativos, usando os conhecimentos adquiridos sobre
textos informativos e sobre a notícia,

3. Elabore uma notícia sobre um acontecimento ou facto que


tenha ocorrido no seu local de residência, localidade, distrito,
cidade, etc. Com o máximo de 10 parágrafos.

4. Elabore frases subordinadas estudadas nesta unidade.

84
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

TEMA – V: Textos Publicitários

5.1. Estrutura do texto


5.2. Tipos de Publicidade
5.3. A retórica na argumentação publicitária
4.4. Características Linguísticas
5.5. Funcionamento da Língua:
5.5.1. Subordinação
4.6.2.Tipos de Frases subordinadas
4.6.3. Recursos Estilísticos

Texto Publicitário

Introdução

O texto publicitário é um texto que procura fazer sonhar, dando ao


produto um interesse antes inexistente. Numa primeira fase, tenta
seduzir para, depois, persuadir à acção. Influencia através da
informação sobre um bem ou serviço e desencadeia o consumo,
dando a conhecer e estimulando o interesse (REIS, 2000). De uma
maneira geral o texto publicitário procura seduzir, despertando a
atenção e o interesse que, consequentemente, o levarão a memorizar
o nome do produto e a sentir o desejo de o adquirir (acção). Um
anúncio publicitário deve obedecer aquilo que em gíria publicitária
designa-se AIDMA (Atenção, Interesse, Desejo, Memorização e Acção).

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

85
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

 Conhecer a estrutura do texto publicitário;


Objectivos
 Perceber a essência desta tipologia textual;

 Perceber como usar a retórica no texto publicitário;

 Conhecer os tipos de publicidade;

 Produzir texto publicitário usando a linguagem


adequada, respeitando a sua estrutura;

 Elaborar campos lexicais e estabelecer relações lexicais


existente entre elas.

4.1. Estrutura do texto

A publicidade exprime, difunde e reforça a ideologia da sociedade de


consumo de massa. Porque tende a fazer comprar por todos o mesmo
produto. Destrói a originalidade de cada um par os tornar semelhantes
pela compra, porque se interessa apenas pelo objecto.

A estrutura da mensagem publicitária é, frequentemente, a seguinte:

Titulo: apresenta o essencial da mensagem e procura cativar.

Corpo do texto: informa, argumenta, sintetiza e apela à acção (de


adquirir, de usufruir). Linguagem conotativa: a palavra não no seu
sentido inequívoco mas polissémico, isto é, visando despertar uma
sinfonia de sentidos e emoções; o recurso à metáfora e ao ritmo
(como na poesia), frases de construção inesperada e original,
estímulos dirigidos à emoção e adormecedores da razão.

Imagem (linguagem icónica): seleccionada para complementar o texto


ou, noutra estratégia, escolhida para provocar a leitura do texto.

Como dissemos, o texto publicitário obedece a sigla AIDMA que serve


de guião que procura sintetizar os passos ou elementos do processo

86
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

publicitário.
Atenção – captar a atenção do público destinatário;
Interesse – despertar a simpatia pelo que é publicitário
Desejo – desencadear a necessidade de ter ou usufruir do que é
anunciado;
Memorização – facilitar a retenção da mensagem. Para tal, a
publicidade recorre a estratégias: slogan, ritma, associação do produto
a sensações de êxito, prazer, prestígio, conforto, segurança…
Acção – mobilizar, dar instruções ao destinatário para que satisfaça a
necessidade desencadeada: adquirir ou aderir ao objecto publicitário.

4.2. A retórica na argumentação publicitária


O texto publicitário oferece informações claras sobre o serviço ou
produto que divulga, apresentando um conjunto de considerações
lógicas com o intuito de proceder a uma demonstração argumental
concreta, utilizando estratégias como a comparação do produto ou
serviço que divulga com produtos ou serviços concorrentes; como a
identificação de um problema do consumidor e a consequente
sugestão de uma solução; como a demonstração de serviços ou
produto que divulga através de descrição das suas características
distintivas, e utilidade pratica; e como o recurso a testemunho quer de
figuras públicas que acrescentam valor simbólico ao serviço ou
produto quer de pessoas especializadas no seu âmbito que lhe
acrescentam credibilidade. Contudo, este texto estabelece uma
relação entre alguém que quer vender, anunciante, alguém que quer
comprar, público-alvo e um objecto do desejo. Ele é resultado da
união de vários factores: psicológicos, sociais e económicos, como
também do uso de feitos retóricos e icónicos aos quais faltam figuras
de linguagem, as técnicas argumentativas e os mecanismos de
persuasão entre outros.

87
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

4.3. Tipos de publicidade


Privada – um anunciante de um produto ou serviço.
Ex: automóvel, vestuário, viagens…
Colectiva – vários anunciantes de um novo produto sem marca
específica
Ex: conservas de peixe….
Associativa – vários anunciantes de produtos diferentes com uma
característica comum.
Comunitária – ou de interesse publico (educativa)
Ex: campanha anti-álcool; prevenção rodoviária…

4.4. Características Linguísticas


O texto publicitário caracteriza-se pelas características linguísticas
próprias visando alcançar os seus objectivos, persuadir e incentivar.
Dentre os recursos linguísticos frequentemente utilizados pela
publicidade destacam-se:
Frases imperativas
Invista em saúde. Invista na Natureza;
Frases Declarativas
É pão. É rico.
Frases Interrogativas
E hoje o que fará a Polard por si?
Frases Exclamativas
Novo Matchedje. É difícil viver sem ele.
Polissemia
Kodak Express revela tudo o que você faz.
LAM viagem em boa companhia
Palavras Antónimas
No frio intenso, um toque quente de uma malha cavalinho
Palavras Homófonas
Não ponha em xeque o seu cheque.
Adjectivação

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Bilhete de um dia… económico, pratico, saltitante.


Sofn free. Um tratamento verdadeiramente completo que torna por
mais tempo os cabelos saudáveis, limpos e sedosos.

5.5. Funcionamento da Língua


5.5.1. Campos semânticos
5.5.2. Relações Lexicais

SEMÂNTICA é o estudo do significado, no caso das palavras, a


semântica estuda a significação das mesmas individualmente,
aplicadas a um contexto e com influência de outras palavras.

O campo semântico, por sua vez, é o conjunto de possibilidades que


uma mesma palavra ou conceito tem de ser empregada (o) em
diversos contextos. O conceito de campo semântico está ligado ao
conceito de polissemia.

As palavras pertencentes ao mesmo campo semântico, partilham os


mesmos traços de heterónimo que denomina-o. São especificidades
quanto aos traços semânticos relativamente aos quais o hiperónimo
não apresenta especificação, tendo, por isso, um significado mais
restrito do que o hiperónimo.

PINTO et al (1998) advoga que hiperónimos estão em relação com os


hipónimos e designam a relação entre género e espécie.

Animal é um hiperónimo de cão e gato; flores hiperónimo dos


hipónimos rosas, cravos e outras. Cravos e Rosas (hipónimos) podem
ser substituídos pelo hiperónimo flores. Mas as flores podem não ser
rosas e cravos, mas tulipas ou outras flores.

Os mesmos autores, avançam que hipónimos estão em relação com os


hipónimos e designam a relação entre espécie e género.

Cavalo, rato são hipónimos de animal; sabiá, águia são hipónimos de

89
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

pássaro (e de animal).

Carro, bola, boneco avião, são hipónimos do hiperónimo brinquedos.

Por ultimo, temos os homónimos, que tem a mesma grafia e


pronuncia mas os significados soa, na sua origem, diferentes.

Ex: Os bancos do hospital estão estragados

Ex: No final do mês os bancos ficam muito cheios de gente.

A homonímia, subentende a ausência da relação semântica, diferente


do que acontece na polissemia.

O campo semântico em torno do conceito de morte: bater as botas,


falecer, ir dessa para a melhor, passar para um plano superior, falecer,
apagar, bater a caçoleta, etc.

1.1.1. Relações Lexicais

Relações lexicais são o conjunto de palavras que pertencem a uma


mesma área de conhecimento, e está dentro do léxico de alguma
língua.

São exemplos de campos lexicais:

O da medicina: estocópio, cirurgia, esterilização, mediação, etc.

O da escola: livros, disciplinas, bibliotecas, etc.

O da informática: software, hardware, links, sites, internet, etc.

O do teatro: expressão, palco, figurino, maquiagem, actuação, etc.

Campo lexical dos sentimentos: amor, tristeza, ódio, saudades, etc.

Campo lexical das relações inter-pessoais: amigos, parentes, família,


colegas de trabalho, etc.

90
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

As relações lexicais corporizam as relações de sentido entre as


unidades. Consideremos as palavras amor, paixão, ódio como
constituindo uma parte do campo semântico dos sentimentos,
hipoteticamente, poderíamos completar a análise aferindo que amor e
paixão são sinónimos, de acordo com determinados contextos, e que
amor e ódio soa antónimos.

Sinonímia – os sinónimos implicam uma relação de identidade de


sentido entre duas ou mais unidades lexicais. O critérios que permite
identificar os sinónimos é o facto de estes serem substituíveis num
mesmo contexto.

Ex: O cinema Vitoria tem uma estrutura grandiosa.

O cinema Vitoria tem uma estrutura monumental.

A sinonímia pode ser total ou parcial. A sinonímia total implica que os


sinónimos sejam substituíveis seja qual for o contexto. É o que
acontece, normalmente, com os termos científicos.

Ex: Meu pai é estomatologista.

Meu pai é médico de dente.

A sinonímia parcial implica um certo matiz, dependendo do contexto e


dos registos de língua.

Ex: Ele é deselegante.

Ele não é delicado.

Antonímia – os antónimos implicam uma relação de oposição ou de


contrariedade entre duas ou mais unidades lexicais. Só há antónimos
se os termos associados contiverem traços comuns.

Ex: o rapaz e a rapariga já chegaram.

O filme é para adultos e jovens.

91
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

A antonímia pode ser total ou parcial.

A antonímia total implica que as unidades lexicais em relação se


excluem sempre.

Ex: Ele está presente.

Ele está ausente.

A antonímia parcial implica que as unidades lexicais so se oponham


em certos contextos.

Ex: Ele é católico.

Católico pode opor-se a Muçulmano, judeu, Hindus.

Na antonímia distinguem-se:

- Os termos contrários que estão numa disjunção exclusiva.

Ex: Ele está vivo.

Ele está morto.

- Os termos em oposição polar que estão numa relação graduável

Ex: O chá está quente.

O chá está morno.

O chá está frio.

Os termos incompatíveis que se situam no interior de um conjunto,


dado que um termo não se opõe por antonímia ao outro.

Ex: O vestido é verde.

O vestido é vermelho.

O vestido é azul.

92
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Sumário

A publicidade é um conjunto de meios com os quais se pretende


despertar a atenção e o interesse do público, isto é, dos vários
receptores da mensagem. Visa levar as pessoas a comprarem ou a
utilizarem determinados produtos ou serviços ou a seguirem certos
conselhos. O texto publicitário é constituído por um texto linguístico
(slogan e texto de argumentação), um texto icónico (imagem), os dois
textos, linguístico e icónico, devem estar interligados, funcionando a
imagem como reforço da mensagem verbal. O slogan deve ser original,
breve, simples e fácil de reter na memória. Tem de se ter em conta o
público a que se destina o anúncio e os sentimentos e enodoes que se
pretende despertar, usando diversas características linguísticas e
recursos estilísticos. Relativamente aos tipos de publicidade destacam-
se a Privada, Colectiva, Associativa e Comunitária. Campo semântico é
o conjunto das palavras que pertencem ao mesmo campo de
conhecimento, ao passo que, relações lexicais entre as palavras
significam, as relações de partilha de sentido entre as sequências
linguísticas.

Exercícios

1. Mencione os elementos fundamentais da publicidade;


2. Anuncie os tipos de publicidade por ti aprendidos;
3. Atente na publicidade abaixo:

93
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

a) Identifique o slogan da publicidade.


b) Faca a relação entre o elemento icónico e o texto linguístico.
c) Qual é o objectivo principal desta publicidade.
4. Exemplifique duas palavras pertencentes ao mesmo campo
semântico e estabeleça relações lexicais existentes entre elas.

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

UNIDADE 4: TEXTOS FUNCIONAIS/ADMINISTRATIVOS


UNIDADE Temática 4.1. A ACTA

UNIDADE Temática 4.2. O RELATÓRIO

UNIDADE Temática 4.3. O SUMÁRIO

UNIDADE Temática 4.4. O CV

UNIDADE Temática 4.1: A ACTA

Introdução

A escrita administrativa, também chamada funcional e institucional,


vem afirmando, entre nós, desde os anos 60, com o desenvolvimento
do sector dos serviços. A mudança de tipo de comunicação dentro da
empresa é um outro factor a explicar esse crescimento: a uma
comunicação interpessoal, individualizada e subjectiva substitui-se
uma comunicação formal, tipologizada e objectiva, numa palavra,
impessoal.

Uma tipologia de textos surge, assim, no horizonte das instituições e


organizações, remetendo-se a sua aprendizagem para uma prática tão
aprofundada e variada quanto as necessidades o exigem. Este facto
explica a diversidade de modelos para o mesmo texto, em diferentes
instituições, a existência de uma teorizarão incipiente para alguns
deles e a relutância de muitos funcionários em aceitarem escrever
alguns desses textos, por não terem modelos ou padrões de
referência. Exemplo disto é a dificuldade em encontrar alguém que em
determinadas situações aceite, de bom grado, elaborar uma acta, um
curriculum vitae, uma reclamação, um relatório ou até um simples
memorando.

Os textos administrativos começam agora a figurar entre os textos


trabalhados pela escola. É bom que assim seja: os alunos adquirem

95
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

mais confiança no domínio das diferentes manifestações da língua


escrita e as empresas recebê-los-ão com mais agrado, por
apresentarem uma preparação linguística mais variada.

 Conhecer a Estrutura da Acta;

 Elaborar acta;
Objectivos
 Conhecer as diversas formas de tratamento;

 Utilizar correctamente as formas de tratamento;

 Identificar as entidades a partir das formas de tratamento.

6.1. Especificidades da Acta

É a produção de factos, decisões e opiniões reportados a assembleias,


reuniões ou conselhos…

É o relato oficial de tudo o que se passou durante a reunião de uma


instituição, departamento, secção, conselho ou grupo de trabalho.
Costuma fazer-se a distinção entre o projecto de acta e a acta
propriamente dita, coincidindo a passagem do primeiro à segunda
com o momento da sua aprovação.

Este documento é elaborado pelo secretário da reunião que tem a


ingrata, difícil e penosa tarefa de, ao longo dela, recolher os
apontamentos indispensáveis à elaboração posterior do projecto de
acta. Mais tarde, com a ajuda do presidente, em caso de necessidade,
ordená-los-á e redigirá uma primeira versão. O projecto de acta é
escrito no livro de actas, cujas folhas devem estar rubricadas e
numeradas – as folhas, não as páginas, pois cada folha tem duas
páginas – pelo Presidente da Mesa da Assembleia Geral, o mesmo
acontecendo com os termos de abertura e de encerramento.

A redacção deve ser simples, concisa e clara; não deve haver

96
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

abreviaturas e os números tal como as datas escrevem-se por extenso;


intervalos em branco, entrelinhas e rasuras são eliminados. Enquanto
o projecto de acta, ou minuta, não for aprovado em Assembleia Geral,
é pertença de quem o elaborou, que pode fazer as alterações que
achar úteis para a sua compreensão e fidelidade.

6.1.1. CONTEÚDO

O projecto de acta conterá os elementos a seguir mencionados:

1. Recebe o número que lhe calhar, na sequência numerada das


actas, já constantes no respectivo livro.
2. Começa, depois, com a indicação do dia, mês, ano e hora em
que teve lugar a sessão.
3. Indica o local da reunião.
4. Menciona o tipo da mesma: se ordinária, se extraordinária, se
realiza em primeira convocatória, se em segunda convocatória.
5. Indica o nome dos presentes; tratando-se de grandes
assembleias é vulgar existir um ou mais livros de presença.
6. Inclui a Ordem de Trabalhos, na íntegra e tal como foi enviada
na convocatória.
7. Refere a hora a que se iniciou e o número de sócios presentes.
8. Menciona a leitura, a votação e a aprovação da acta da sessão
anterior, caso exista para aprovação.
9. Regista as comunicações feitas pelo Presidente da Mesa.
10. Contém os sócios que se inscreveram no período de “Antes da
Ordem de Trabalho” e os assuntos que refiram, tal como os
esclarecimentos ou explicações que receberam.
11. Retém o nome dos sócios que usaram da palavra sobre os
pontos da Ordem de Trabalhos, o resumo das suas
considerações e dos documentos põe eles apresentados.
12. Inclui os resultados de qualquer votação que tenha tido lugar

97
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

assim como o número de votos a favor e contra as declarações


ou justificações de voto realizadas.
13. Indica a hora a que os trabalhos foram encerrados.
14. Regista se a acta foi lida ou não no final da sessão, a sua
discussão e votação, com o resultado da mesma.
15. Deve por fim ser assinada pelo presidente e pelo secretário.

6.1.2. VALOR

A acta é o meio de formação da “vontade colectiva”, o elemento de


prova e de interpretação dessa vontade; o registo da vida das
instituições. Depois de aprovada, é imutável e só a Assembleia pode
permitir que ele seja objecto de avaliação posterior.

6.1.3. CONVOCATÓRIA

É um documento que chama os sócios para reunir, elaborado por


quem tem poderes institucionais para o fazer. Normalmente, é dada a
conhecer por aviso postal para cada participante, com a antecedência
considerada necessária – nas associações é de oito dias - , contendo:

 O dia, a hora e o local da reunião;


 A respectiva Ordem de Trabalhos;
 O assunto ou assuntos a serem tratados na reunião;
 O tipo de sessão ou reunião – ordinária ou extraordinária;
 A data em que ela é feita;
 A pessoa que emite e o seu cargo;
 A assinatura desta mesma pessoa.

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ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

EXEMPLO

………………….ACTA NÚMERO TRINTA E TRÊS………………….................

….Aos vinte e um dias do mês de Setembro, do ano de mil novecentos e oitenta e nove, pelas
vinte e uma horas, com a presença dos elementos da direcção da Associação…………,
constituída pelos senhores…………., teve lugar a reunião periódica da mesma direcção,
presidida pelo senhor vice-presidente…….com a seguinte Ordem de Trabalhos: ponto zero –
Período de Antes da Ordem de trabalhos; Ponto um – Preenchimento dos documentos de
Caixa; Ponto dois – A Casa de Chá e a Churrascaria……………………..................................
…….Ponto zero: aberta a sessão, foi lida a cata da reunião anterior, que depois de sofrer uma
ligeira correcção gramatical, num período, foi aprovada pelo Conselho e, de seguida, assinada,
em prova de conformidade……………………………………………………….

… Na ausência do senhor presidente, assumiu a direcção da reunião o senhor vice-


presidente,…………………., que, depois de saudar os presentes, declarou ser de interesse enviar
a todos os elementos da direcção fotocópia da acta aprovada, explicando que seria um
estímulo e um convite para estarem presentes em reuniões futuras aqueles que, por mero
comodismo, não comparecem……………………………………………………………

……Pediu de seguida a palavra o senhor tesoureiro,….., para manifestar alguns reparos em


relação à forma como estão a ser emitidos vários documentos de “caixa” que, a seu ver,
deveriam ser escriturados de forma mais regulamentar, tendo-se acordado providenciar no
sentido de se operarem as necessárias correcções que procuram acautelar a Associação de
qualquer incómodo, em termos fiscais……………………………………………………

……Foi depois ventilada a situação relacionada com o preenchimento dos lugares destinados a
exploração da Casa de Chá e da Churrascaria, não havendo, de momento, qualquer outra
perspectiva, quanto à sua ocupação, apesar de terrena já surgido pretendentes, um dos quais
quase chegou a comprometer-se, tendo-se gorado a sua aceitação dois dias após o contacto
inicial, por factos que podem considerar-se estranhos e que a curto prazo a Associação vai
tentar esclarecer……………………………………………………………………………

……Nada mais havendo a tratar, pelas vinte s duas horas e quarenta e cinco minutos, deram-se
por findos os trabalhos da reunião, da qual lavrei a presente a presente acta que, depois de
lida e aprovada, será por mim, que a secretariei, assinada e pelo vice-presidente.

O Secretário_________________________________________

O Vice-presidente_____________________________________

99
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Funcionamento da Língua

4.1.1. FORMAS DE TRATAMENTO

No processo de produção de documentos institucionais ou então de


textos administrativos, somos obrigados a usar formas de tratamento
específicas referentes às entidades a que no dirigimos.

Segundo CUNHA & CINTRA (2002:292) Denominam-se pronomes de


tratamento certas palavras e locuções que valem por verdadeiros
pronomes pessoais como: você, o senhor, Vossa Excelência.

Embora designem a pessoa a quem se fala, isto é, a segunda pessoa,


esses pronomes levam o verbo na terceira pessoa.

Assim, convém conhecermos as seguintes formas de tratamento

referentes e as abreviaturas com que são indicadas na escrita.

Estas formas aplicam-se à 2ª pessoa, àquela com quem falamos; para


a 3ª pessoa aquela de quem falamos, usam-se as formas Sua Alteza,
Sua Eminência, etc. Mas as últimas podem empregar-se com valor das
primeiras, como expressão de máxima cerimónia, mormente quando
seguidas de aposto que contenha um título determinado por artigo.

100
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Assim, em lugar de:

Vossa Excelência Senhor Ministro, aprova a medida?

É lícito dizer-se

Sua Excelência, o Senhor Ministro, aprova a medida?

Em princípio, os pronomes de tratamento da 2ª pessoa devem


acompanhar o verbo para evitar confusão com o sujeito da terceira.

Seu irmão cantava, e você o acompanhava.

Vossa Reverência já leu este livro?

Sumário

A acta relata tudo quanto se passou durante um encontro de uma


instituição, departamento, unidade ou grupo de trabalho. A acta
geralmente é produzida por um secretário do encontro que tem a
nobre tarefa de anotar os apontamentos fundamentais à sua
elaboração. A sua redacção deve ser simples concisa e clara, não
sendo permitido o aparecimento de abreviaturas e os números tal
como as datas que escrevem-se por extenso. Os espaços em branco,
na acta, devem ser trancados de forma a evitarem acréscimos
posteriores.

Na produção de documentos ou de textos administrativos como: um


convite, enviar uma carta, um requerimento, um anúncio, uma Acta,
uma petição, um cumprimento, e uma conversação em um evento
social onde encontra autoridades, é comum a pessoa se perguntar
qual o pronome de tratamento que deve empregar, em meio às
dezenas de expressões que se convencionou considerar as mais
respeitosas.

Definidos no âmbito das Boas-maneiras, os pronomes de tratamento


são palavras que exprimem o distanciamento e a subordinação em

101
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

que uma pessoa voluntariamente se põe em relação a outra, a fim de


agradá-la e desejar um bom relacionamento. Porém, seu emprego
abusivo poderá afectar negativamente a dignidade da pessoa que os
emprega.

Exercícios

1. Elabore uma acta da reunião que passaste, respeitando a


estrutura do texto.

2. 1. Indique as formas de tratamento para as seguintes


entidades:

3. Presidente da República

4. Vice-Presidente da República

5. Ministros de Estado

6. Reitores das Universidades

7. Funcionários graduados

8. Organizações comerciais e industriais

9. Arcebispos e Bispos

10. Papa

UNIDADE Temática 4.2: O RELATÓRIO

Introdução

No que tange ao relatório, podemos afirmar que neste tipo de texto


administrativo trata-se da declaração formal dos resultados de uma
investigação feita por alguém, que em relação a ele recebeu
instruções de um outro, sob a forma de pedido ou ordem. Exige
estudo prévio e aprofundado, elevado grau de elaboração e matéria
para apreciação e decisão superiores. Deve ser persuasivo, decisivo e

102
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

voltado para a acção – não basta ser escrito, pois comunica ideias e
informações, influencia decisões, inicia uma acção. Para alguns é
sempre uma venda: de ideias ou produtos, serviços ou projectos, mas
sempre uma venda a alguém é a forma mais sofisticada de escrita de
negócios, por ser a comunicação persuasiva mais lógica e concisa. É
um documento a considerar na resolução de problemas, tomada de
decisões, conhecimento de factos ou pessoas, actualizações de
informações – habilitando o destinatário para tomar a atitude mais
adequada.

 Conhecer a estrutura do Relatório;

Objectivo  Elaborar Relatório.

 Conhecer os tempos verbais (Pretéritos)

4.2.1. PRESSUPOSTOS

Entre os pressupostos deste tipo de texto contam-se os seguintes:

 Crescimento das grandes organizações e do papel da


comunicação dentro delas;
 Eliminação da carga de ansiedade da redacção: toda a
redacção é desafio, não provocação, é parte do trabalho,
recompensadora e facilitadora do resultado, gratificante e
objecto de orgulho, é etapa do processo de comunicação –
decisão – citação, de que faz parte;
 Poupança de tempo por parte das hierarquias, daí a inclusão
de síntese, gráficos e esquemas que integrem o leitor no tema
e mostrem os pontos focados;
 Existência de um funcionário que elabora o documento e um
superior que o recebe, tendo-o antes solicitado.

103
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

4.2.2. ESTRUTURA

Os elementos constantes num relatório são os que passamos a


apresentar:

 Página de rosto – título, contendo o tema central, destinatário,


autor, data, local;
 Índice geral – subcapítulos, secções, em sequência, e páginas;
 Preambulo/resumo – declaração breve do conteúdo, dá uma
ideia geral;
 Introdução – “diz-se o que se vai dizer”, quem o pediu,
finalidade, método, arrumação dos dados, referencias sobre o
tema;
 Corpo – dados descobertos, conclusões a partir deles,
fundamentos das recomendações;
2. Proposição
3. Demonstração
4. Sugestões
 Conclusão – “diz-se o que foi dito”, unificação dos pontos
dispersos, não incluir nada de novo;
 Recomendações;
 Apêndices;
 Agradecimentos;
 Bibliografia.

4.2.3. TIPOS

Segundo REI, J. (1995: 184) encontramos os seguintes tipos de


relatório:

 Relatório clássico - avaria, campanha, promoção;


 Relatório-inquérito – evolução do mercado relativamente a um

104
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

produto;
 Relatório crítico – sobre uma actividade, de modo a
desenvolvê-la;
 Relatório de síntese – acerca de diligências ou relatórios
anteriores;
 Relatório de peritagem – referente a pedido de crédito
bancário;
 De estágio – de formação, de fim de curso.

4.2.4. PREPARAÇÃO

Na sua elaboração, há passos que são indispensáveis:

 Recolher as informações – investigação, selecção, anotação,


classificação;
 Organizar para a composição – apresentação numa
perspectiva pessoal, estrutura;
 Preâmbulo – breve, conciso: define o problema e informa
sobre o objecto;
 Introdução – clara, lógica, imparcial: indica o método e a
precisão dos factos;
 Desenvolvimento – ordenado, concreto: interpreta, distingue,
argumenta, propõe;
 Conclusão – simples e prática: impõe-se por si, ao decorrer de
argumentação rigorosa.

4.2.5. REDACÇÃO

Há pontos fundamentais numa boa redacção, dos quais destacamos os


seguintes:

1. As qualidades mais apreciáveis: rigor, saindo da lógica do


encadeamento das ideias; clareza, desprendendo-se da sintaxe

105
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

(frases, verbos, preposições), precisão, relacionando-se com a


escolha da palavra exacta.
2. Plano: depende do assunto e descobre-se equacionando um
problema (modo de ver, de colocar as questões) e formulando
o objectivo (solução, conclusão, ponto de vista pessoal).
3. Percurso indutivo – é a forma de esclarecer a nossa intenção a
propósito de qualquer facto-exposição (matéria-prima,
acontecimento, afirmações, reacções…), demonstração
(dialéctica do documento), opinião (arte de convencer). Assim:
expõe, demonstra e justifica. Situa-se entre a demasiada
subjectividade e excessiva objectividade.
4. Estilo – deve ser directo e vivo, concreto e figurado, simples e
incisivo, usando a palavra certa e substituindo um
desenvolvimento por um quadro, um gráfico, uma curva.
 Deve ser metódica para convencer – quatro critérios: prender
a atenção ( setilo directo e vivo), reter o interesse (clareza do
raciocínio), forçar a adesão (argumentos fortes), implicar a
convicção (empenho pessoal e rigor intelectual.
 Deve destacar pontos do desenvolvimento: verbos de
conteúdo forte (constatar, notar, observar, precisar, sublinhar,
confirmar, lembrar…); locuções que acentuam o conteúdo
(devo acrescentar, é necessário precisar, não posso deixar de
sublinhar…); organizadores textuais (são três os pontos que
quero destacar, antes de mais, quanto ao resto, para
terminar…).
 Dar ao texto: boa pontuação, coesão e coerência; arejá-lo
(frases curtas, alíneas e parágrafos frequentes) impressão
variada (palavras destacadas, em sublinhado ou itálico…).

106
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

Funcionamento da Língua

Tempos verbais (os pretéritos)

Os verbos para além de variarem em número e pessoa, também


variam em tempo, indicando-nos:

Se estamos a referir-nos ao passado (o pretérito);

Se nos referimos ao presente;

Se projectamos o futuro.

Pretérito (perfeito, imperfeito, mais-que-perfeito)

Quando nos referimos ao tempo passado ou pretérito, podemos faze-


lo considerando três dimensões e segundos dois aspectos (o
perfectivo e o imperfectivo)

O pretérito perfeito

Refere-se a uma acção terminada no momento da enunciação: neste


caso, estamos perante o pretérito, isto é, passado perfeito, quando a
acção está completamente concluída.

Ex: o Manuel tocou a porta.

Tocou, portanto já não está a tocar, considerando o tempo em que


acção é enunciada, a acção está concluída.

O Pretérito Imperfeito

Refere-se a uma acção que, de modo, continuo, aconteceu no


passado; estamos, neste caso, perante o pretérito (isto é passado)
imperfeito; acção decorreu num continuum.

Ex: O Manuel ouvia música todas manhãs.

Ouvia, portanto, já não ouve, trata-se de um tempo pretérito (isto é,


passado); a acção de ouvir não aconteceu uma só vez, mas foi-se

107
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

repetindo.

O pretérito mais-que-perfeito

Refere-se a uma acção, passada, é anterior a uma outra acção também


já passada, relativamente ao momento em que se fala, estamos
perante o pretérito (isto é, passado) mais que perfeito.

Ex: Quando tu me telefonaste, já a Sofia tinha chegado.

A Sofia chegou antes do telefonema, sendo a forma


telefonaste, pretérito (isto é, passado) perfeito, a forma tinha
chegado indicando o passado anterior, ou seja, pretérito
perfeito.

Sumário

O Relatório é uma exposição escrita de um trabalho, experiência


profissional entre outras actividades merecedoras de serem relatadas.
Trata-se de uma declaração formal dos resultados de uma investigação,
feita por alguém, que em relação a ela recebeu instruções de um outro,
sob forma de pedido ou ordem. Exigindo, deste modo, estudo prévio
aprofundado e um grau elevado de elaboração e matéria de apreciação e
decisões posteriores. Os verbos variam em tempos, assim sendo,
quando uma acção termina no momento da enunciação: estamos
perante o pretérito perfeito. Quando ela (a acção) é contínua trata-se
de pretérito imperfeito. Quando ela antecede a uma outra acção
também passada, trata-se de pretérito-mais- que-perfeito.

Exercícios

1. Qual é a estrutura e finalidade do Relatório;

2. Use frases complexas no presente e passe para os pretéritos

108
ISCTAC Licenciatura Disciplina: Técnicas de Expressão de Língua Portuguesa

estudados.

UNIDADE Temática 4.4: O CV

Introdução

O curriculum vitae, do latim, significa “percurso de vida” e começa a


ser referido também pela expressão currículo pessoal ou
simplesmente currículo. É um documento que nos permite comunicar
com os outros numa situação concreta do mundo do trabalho.
Apresenta várias facetas do indivíduo, e o seu objectivo máximo é de
despertar o interesse pela pessoa, criar o desejo de falar com ele,
querer saber mais coisas a respeito. Não é, portanto, um documento
estático, pois veicula uma imagem forte da personalidade, capaz de
agir sobre o leitor-destinatário e levá-lo a querer procurar mais
informações sobre o candidato ou interveniente. É assim, um
instrumento de motivação e de sedução.

Na procura de emprego, é uma espécie de carta de apresentação,


pessoal, que permite ao empregador verificar se o candidato possui ou
não os requisitos pretendidos. O candidato deve valorizar as
ocupações profissionais anteriores que sejam próximas daquelas para
as quais se procura uma pessoa.

 Conhecer a estrutura do CV.

 Elaborar CV
Objectivo

4.4.1. ESTILO

Na elaboração de um currículo pessoal pode utilizar-se: o plural


majestático (nós fizemos), a primeira pessoa do singular (eu fiz) ou a
terceira pessoa do singular (ele fez). Pode ainda ser feito de forma

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descritiva, sob a forma de fichas.

4.4.2. PARTES

Um curriculum vitae apresenta as partes essenciais seguintes:

1. Dados pessoais – nome, estado civil, residência permanente e


telefone, lugar e data de nascimento, nacionalidade, número
de filhos e suas idades;
2. Formação académica – básica, média e superior, referindo-se
os diplomas e as respectivas classificações, estabelecimentos
de ensino onde foram obtidos, os locais e as datas;
3. Formação profissional – inicial e complementar, ao longo da
actividade profissional;
4. Experiencia profissional – locais de trabalho e respectivas
empresas, indicando datas e referindo trabalhos ou projectos
da iniciativa própria ou em que tenha colaborado;
5. Ocupação actual – local de trabalho e serviços em que se
encontra, indicação do salário;
6. Associações de que é membro – profissionais, culturais,
recreativas;
7. Projectos de vida – em que pensa empenhar-se a curto, médio
ou longo prazo.

Sumário

CV é um documento que nos permite comunicar com os outros numa


situação de trabalho. Ele deve conter uma cronologia completa e
detalhada do candidato, explicitando as experiencias e habilidades.

Exercícios

1. Redija o seu próprio Curriculum Vitae.

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Referencias Bibliográficas

CUNHA, Celso & CINTRA, Linddley. Breve Gramática do Português


Contemporâneo. 16ª Edição. Lisboa, (s/ed). 2003.

CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley, Nova Gramática do Português


Contemporâneo, 18ª ed. Lisboa: Edições João Sá da Costa, 2005;

GUERRA, João Augusto da Fonseca e VIEIRA, José Augusto da Silva.


Aula Viva: Língua Portuguesa 7ºano. Lisboa, Porto Editora, 2003.

FIGUEIREDO Eunice B. de, FIGUEIREDO, Olívia M. Itinerário Gramatical:


Gramática na Língua e a Língua no discurso, Porto: Porto Editora,
2001;

COSTA, João, Gramática Moderna da Língua Portuguesa, Lisboa:


Escolar Editora, 2010;

MATEUS, Maria Helena Mira et all. Gramática da Língua Portuguesa.


6ª Edição. Lisboa, CAMINHO, 2003.

NUNES, Carmen et all. Nova Gramática de Português: DIDÁCTICA.


(s/ed). (s/d)

REI, J., Esteves. Curso de Redacção I - A frase. Porto editora. (s/ed).


1995

MACIE, Filipe Virgílio Pré-Universitário – Português 11. Longman


Moçambique, Maputo, 2009

MENDES, Irene & PEREIRA, Elsa Eduardo Costley-White. P12:


Português 12ª classe, Textos Editores, Lda., Maputo, 2010

PINTO et al, Gramática do Português Moderno, Lisboa: Plátano


Editora, 1998.

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