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INSTITUTO SUPERIOR POLITÉCNICA PRIVADO DO UÍGE

ISPPU-UÍGE

CONTEÚDO DE LÍNGUA PORTUGUESA

CURSO:

Educação Primário

1º Ano
DISCIPLINA: Português I

DOCENTE: Bento Dodão

Ano letivo 2023/2024

Uíge, 2023
1
INDICE
INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1
OBJETIVOS GERAIS ................................................................................................................ 1
UNIDADE#: I – COMUNICAÇÃO LINGUÍSTICA ............................................................... 2
1.1. NOÇÕES DE COMUNICAÇÃO ..................................................................... 2
1.1.1. ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO ............................................................... 3
1.2. CLASSIFICAÇÃO DA COMUNICAÇÃO ....................................................... 4
1.3. IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO ........................................................... 5
1.4. LINGUAGEM E TIPOS DE LINGUAGEM .......................................................... 6
1.4.1. CARACTERÍSTICAS DE LINGUAGEM ORAL E ESCRITA ............................ 7
UNIDADE #: II – A LÍNGUA E A SUA ESTRUTURA .............................................................. 9
2.1. A LÍNGUA COMO UM FENÓMENO DE SOCIALIZAÇÃO ............................ 9
2.2. A IMPORTANCIA DO ESTUDO DA LÍNGUA PORTUGUESA EM ANGOLA 10
2.3. CONTACTO ENTRE AS LÍNGUAS .................................................................. 12
2.4. ESTATUTOS DAS LÍNGUAS ............................................................................. 15
2.4.1. Língua Nacional/ Língua Estrangeira ...................................................... 15
2.4.2. Língua Oficial/ Língua Minoritária ............................................................ 16
2.4.3. Língua Materna/ Língua Segunda ........................................................... 17
2.4.4. Língua viva/ Língua morta.......................................................................... 17
UNIDADE#: III – FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA NA SOCIEDADE ............................ 17
3.1. AS CAPACIDADES DO USO DA LÍNGUA NA SOCIEDADE ........................ 18
3.2. FATORES DE VARIAÇÃO DO PORTUGUÊS................................................... 18
3.3. A NORMA E A LÍNGUA PADRÃO ................................................................ 20
3.4. AS FUNÇÕES DE LINGUAGEM ..................................................................... 21
3.5. OS REGISTOS / NÍVEIS DE LÍNGUA............................................................... 22
3.5.1. REGISTOS ESPECIAIS ...................................................................................... 24
3.6. REGISTOS DE LÍNGUA NAS FORMAS DE TRATAMENTO: FORMAL E
INFORMAL ................................................................................................................ 25
AUTORIDADES UNIVERSITÁRIAS ............................................................................. 25
AUTORIDADES JUDICIÁRIAS ................................................................................... 26
AUTORIDADES MILITARES ........................................................................................ 26
AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS ............................................................................... 26
AUTORIDADES MONÁRQUICAS ............................................................................. 28
AUTORIDADES CIVIS................................................................................................ 28
3.6.1. Concordância nas formas de tratamento ............................................ 29
Concordância em género .................................................................................... 29
Concordância em pessoa .................................................................................... 29
3.6.2. DIFERENCIAÇÃO DE TRATAMENTO FORMAL E INFOEMAL ................. 29
3.6.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento da 2.ª pessoa ...................... 31
UNIDADE #: IV- ESTUDO FONÉTICA E FONOLOGIA .................................................... 35
4.1. ESTUDO DO SOM E FONEMA ......................................................................... 35
4.2. ESTUDO DE VOGAIS E DITONGOS .............................................................. 37
4.3. ESTUDO DE CONSOANTES ............................................................................... 39
4.3. ESTUDO DA SILABA E PALAVRA ..................................................................... 41
4.4. ACENTOS GRÁFICOS E REGRAS DE ACENTUAÇÃO ................................ 42
4.5. O EMPREGO DAS ENCLÍTICAS ....................................................................... 44
UNIDADE#: V- ESCRITA E ORTOGRAFIA ......................................................................... 44
5.1. BREVES CONSIDERAÇÕES ........................................................................... 45
5.2. AS LETRAS DO ALFABETO E O SEU USO ...................................................... 45
5.3. DIVISÃO DA SILABA E TRANSLINEAÇÃO .................................................... 47
5.4. EMPREGO DE LETRAS MAIÚSCULAS............................................................ 49
5.5. SINAIS DE PONTUAÇÃO E SUAS FORMAS DE UTITLIZAÇÃO ..................... 52
INTRODUÇÃO

Este programa destina-se, em particular, a todos os alunos que


frequentam o Curso de Educação Primária no Instituto Superior Politécnica
Privado do Uíge - ISPPU, aos professores de português e a todos os outros
profissionais ligados e interessados na área de ciências da Educação e outras
áreas que usam a língua como instrumento de comunicação e de interação
social.

A Língua Portuguesa, como sabemos, constitui a língua de escolaridade


e de unidade nacional. Por isso, os conteúdos selecionados para este
programa, facilitará os futuros professores ser capazes de usá-la quer para
ensinar como para aprofundar os conhecimentos já adquiridos.

OBJETIVOS GERAIS

1. Demonstrar ao futuro professor a essência desta cadeira e arma-lo


conhecimentos teóricos, práticos e metodológicos que o permitirão
desenvolver a sua atividade com eficiência e eficaz;
2. Promover os usos específicos da linguagem com vista a formar futuros
professores capazes de utilizar a Língua Portuguesa como instrumento
de interação humana em todos os domínios da vida social;
3. Proporcionar aos estudantes habilidades em matéria de Língua
Portuguesa que capacita o estudante a falar, ler, escrever e produzir
textos de diversa natureza em línguas de escolaridade; etc.
4. Realizar um ensino de Língua Portuguesa que permite o futuro professor
concorra para o desenvolvimento de capacidades de comunicação,
da falar, da ler, da escrever e de produção de textos de diversa
natureza em Língua Portuguesa; etc.
5. Superar diferentes dificuldades que possam surgir o tratamento didático
dos conteúdos de Língua Portuguesa administrado ao longo das aulas;
etc.

1
UNIDADE#: I – COMUNICAÇÃO LINGUÍSTICA

Objetivo geral da unidade: - Compreender a comunicação e a língua


como instrumento de interação, de contacto social nas suas diferentes
estruturas funcionais aos alunos.

1.1. NOÇÕES DE COMUNICAÇÃO

Etimologicamente, o termo comunicação poderá ter derivo do latim


“Comunis” que significa pôr em comum, dando a ideia de comunidade.
Comunicar significa participação, troca de informações, tornar comum aos
outros: ideias, convicções e estados de alma. Este conceito preza o facto de
as pessoas poderem entender-se umas com as outras, expressando
pensamentos e até mesmo unindo o que está isolado, o que está longe dos
interlocutores.

No âmbito geral, a comunicação é a troca de informações entre dois


ou mais indivíduos ou grupos para alcançar um entendimento comum. Do
mesmo modo, é um processo pela qual a informação é trocada e percebida
por duas ou mais pessoas, usualmente com o propósito de motivar ou
influenciar o seu comportamento.

Do ponto de vista laboral a comunicação envolve a compreensão do


significado da mensagem. Se não há compreensão do significado, há
transmissão da informação, mas não há comunicação. O que dá entender
que a comunicação tem como o centro - a mensagem compreendida.

Para se compreender o ato de comunicação tem que se responder no


mínimo 5 perguntas: 1. Quem? 2. Diz o quê? 3. Através de que meio? 4. A
quem? 5. Com que efeito?

É neste caso que se destaca: O sujeito estimulador (quem?) que gera


estímulos provocando um conjunto de respostas no sujeito experimental (a
quem?); por estímulos comunicativos (o quê?) que originam uma determinada
conduta comunicativa (em que situação?); por instrumentos comunicativos,
linguagens e suportes, métodos e técnicas (de que forma?) que tornam
possível a aplicação dos estímulos comunicativos (em que canal); e por um
sujeito experimental (a quem?) que recebe esses estímulos e vai reagir de
acordo com eles (o que resulta? (efeitos)

Exemplo: A direção do ISPPU vem por meio deste comunicar a todos os


funcionários e estudantes afeito a esta instituição de ensino que, no dia 17 de
10 de 2023, terão o início às aulas do ano letivo 2023/2024. Pelo que, espera-
se a presença em massa de todos.

O chefe do Departamento, Augusto Bengui.

1.1.1. ELEMENTOS DA COMUNICAÇÃO

Já ficou claro que, a comunicação em si é um fenómeno social e é


fundamental na vida humana. Os gestos, os sinais visuais e auditivos fazem
parte do ato comunicativo. Porém, o instrumento por excelência de
comunicação é a linguagem verbal (falada ou escrita) e é exclusiva do
homem. Para tal, a sua realização necessita de um leque de elementos que
são:

 Emissor: é a pessoa que emite a mensagem. É aquele que fala ou


escreve e é chamado, também, por locutor. O emissor pode ser uma
pessoa ou um aparelho.

 Receptor: é a pessoa que ouve ou lê a mensagem; é chamado por


alocutário - destinatário – ouvinte e pode ser, também, uma pessoa ou
um aparelho.

 Mensagem: é a informação que se transmite.

 Código: é o conjunto de sinais convencionais que permitem a troca e


compreensão da mensagem entre emissor e recetor.

 Canal: é o meio através do qual a mensagem circula do emissor para o


recetor.
 Contexto ou referente: são as circunstâncias que envolvem a
comunicação da mensagem, os referentes e as respetivas referências
(indivíduos, coisas, ideias), o tempo (o momento em que a mensagem
é transmitida) e o lugar (onde se transmite).

1.2. CLASSIFICAÇÃO DA COMUNICAÇÃO

 Quando à tipologia - a comunicação pode ser:


 Unilateral - quando entre emissor e recetor não houver uma
reciprocidade no ato de comunicação;
 Bilateral ou recíproca - quando entre o emissor e recetor houver,
no ato de comunicação, uma reciprocidade.
 Quando as formas - a comunicação pode ocorrer:
 Comunicação pessoal ou privada – troca de mensagens entre
pessoas em presença ou à distância.
 Comunicação social ou pública – meios de comunicação que,
geralmente, não permitem o diálogo. A mensagem tem alcance
social e é dirigida a um grande número de recetores. É o caso da
televisão, da rádio, dos jornais, etc.
 Quando a situação – A comunicação pode fazer-se:
 Em presença ou directa – emissor e recetor encontram-se no
mesmo local. É o caso do diálogo.
 À distância ou indirecta – emissor e recetor encontram-se em
locais diferentes. É o caso de uma conversa telefónica, da leitura
de um livro, etc.

Quando a situação comunicativa, vale lembrar que, centra-se na


capacidade que o emissor tem de enviar uma mensagem a um ou vários
retores. Onde a mensagem propaga-se através de um canal e pode ser
compreendida quando o emissor e o recetor compartem um código.
Também é importante que o recetor tenha conhecimento acerca do
referente da mensagem para compreender de que se trata.
 Quando a combinação de tipo, forma e situação – A comunicação
realizar-se-á da seguinte forma:
a) Direta – Unilateral – Privada: exposição de uma informação a uma
pessoa ou um pequeno grupo;
b) Direta- Unilateral – Pública: discurso político a uma multidão.
Exemplo: a homilia de um padre ou pastor;
c) Direta – Recíproca – Privada: conversação entre duas pessoas ou
mais pessoas;
d) Direta – Recíproca – Pública: uma atividade onde um individuo
explica e os outros intervirem. Exemplo: uma aula de LP. O professor
explica e os alunos questionam.
e) Indireta – Recíproca – Privada: conversão telefónica entre duas
pessoas;
f) Indireta – Recíproca – Pública: debate na Radio ou TV onde se
descoite um tema e os ouvintes ou telespetadores participam;
g) Indireta – Unilateral – Privada: carta envida por uma pessoa a outra;
h) Indireta – Unilateral – Pública: comunicação de massa; imprensa,
rádio, televisão, etc.

1.3. IMPORTÂNCIA DA COMUNICAÇÃO

Nós estamos constantemente a comunicar. Basicamente é uma


necessidade intrínseca aos animais e, em particular, aos humanos. Sem
comunicação não teria havido evolução da humanidade nem do
conhecimento.

É óbvio se afirmar que a humanidade tem o dom de comunicar entre si


e de trocar as suas ideias e seus pensamentos por meio da linguagem falada.
Nessa realidade, a comunicação torna fundamental na vida dos seres
humanos. Já que, entre seres humanos podem se comunicar, ou melhor,
podem trocar qualquer informação. Mas, para que isso suceda, é necessário
o uso de diversos meios como: Sinais visuais, auditivos, gestos, etc.
Apesar dos sinais supracitados, o instrumento adotado por excelência
da comunicação é a linguagem verbal, falada ou escrita pela razão de ser
exclusivamente do homem e constitui o sistema mais rico e complexa da
comunicação, o qual obedece a regras de pronúncia, de ortografia, de
construção das frases, etc.

1.4. LINGUAGEM E TIPOS DE LINGUAGEM

A linguagem é uma faculdade humana. É com esta capacidade de


usarmos símbolos verbais para representar o mundo e, por esse processo,
conseguimos realizar uma série de atividades.

A nossa capacidade de comunicação resulta, portanto, em grande


parte, da possibilidade de acedermos à linguagem. Que, como é sabida,
envolve procedimentos como: dar ordens ou conselhos, fazer perguntas,
formular pedidos, emitir opiniões ou sugestões, expressar emoções ou
sentimentos, fazer advertências, transmitir informações, etc.

Podemos também recorrer a formas de comunicação não-verbal,


através do gesto, da mímica, de sinais convencionais (sinais aos quais se
resolveu associar um determinado significado).

Se analisarmos bem, compreenderemos que os sinais de trânsito


constituem exemplos de formas gráficas às quais se convencionou associar
um significado. Mas, em algumas situações mais frequentes, é que o gesto e
a mímica acompanhem a palavra. Estamos de tal modo habituados a
proceder assim que, quando falamos ao telefone, podemos continuar a
gesticular como se nos estivessem a ver.

Do referido no parágrafo acima, quando ocorre afirmamos que a nossa


comunicação é simultaneamente verbal e não-verbal. O que nos leva a
salientar que, quando a classificação, a linguagem pode ser:
Linguagem verbal – a que é realizada pela palavra. Pode ser: Oral:
através do diálogo em presença, do telefone, da rádio, da televisão; Escrita:
através do livro, do jornal, de carta e até da televisão.

Linguagem não-verbal - a que é realizada por outros meios que não a


palavra. Pode ser: Gestual: através de gestos (linguagem de mudos,
continência militar, piscar de olho); Sonora: concretizada através de sons
(toque de campainha, tambores, latas, alarmes); Simbólica: através de
símbolos, numa relação metafórica (a pomba representando a paz, o
coração representando o amor); icónica: através de ícones, numa relação
de semelhança (desenhos em placas na via pública significando obras na
estrada, montanha, quebra mola; etc.).

Linguagem mista – a que é simultaneamente verbal e não-verbal: a


anedota ilustrada, a cartaz publicitário.

Pinto, J. e Lopes, M. (2008) esclarecem que entre as linguagens não-


verbais deve referir-se especialmente a linguagem gestual, que pode assumir,
por exemplo nas pessoas mudas, as características de uma verdadeira língua
– Língua gestual – com regras sistematicamente organizadas em código.

Portanto, ficou claro que, quando falamos, escrevemos, desenhamos,


fazemos gestos ou usamos sinais sonoras, estamos a comunicar, empregando
linguagens diferentes.

1.4.1. CARACTERÍSTICAS DE LINGUAGEM ORAL E ESCRITA

A linguagem oral é característica de uma comunicação imediata, com


adequação constante ao ouvinte ou ouvintes; procura ajustar-se a eles a todo
o momento. A linguagem escrita é característica de uma comunicação à
distância, obedece a regras de escrita e apresenta-se mais pensada, mais
cuidada, mais trabalhada do que a linguagem oral; e não tem um poder de
adaptação a todo o momento.
Linguagem oral Linguagem escrita

 Com a presença física do  Sem a presença física do


emissor (pelo menos a voz). emissor
 Através do som  Através da escrita
E ainda: E ainda:
 Quase sempre
acompanhada com
elementos exteriores à
língua (expressão do rosto e
gestos)  Pontuação assinalando o
 Entoação (muito ritmo e a entoação
significativas em perguntas e
exclamações, mas não só)  Não tem possibilidade de ir
 Adequação constante ao fazendo uma adequação
discurso [por exemplo: O constante ao discurso
emissor ou falante, perante
a reação do (s) recetor (S)
ou ouvinte (s), pode resolver
imediatamente alterar o seu
discurso]
 Frase simplificada
 Vocabulário fundamental
 Mais liberdade na
aplicação das normas
gramaticais  Frases mais trabalhada
 Frequência de repetições,  Vocabulário mais escolhido
bordões da fala (“digamos”,  Mais rigor no cumprimento
“percebes”), hesitações, e das normas gramaticais
por vezes concordâncias  Ausência de repetições,
gramaticais alteradas bordões, etc., por se tratar
(=anacolutos)1 de uma comunicação que
é bem pensada e não
imediata.

1Figura de estilo que consiste na falta de ligação ou concordância entre os elementos de uma oração
ou entre as orações de um período (ex: esquecem-me sempre as chaves)
UNIDADE #: II – A LÍNGUA E A SUA ESTRUTURA

2.1. A LÍNGUA COMO UM FENÓMENO DE SOCIALIZAÇÃO

Para os seres humanos falar e relacionar objetos recorrem em palavras


e regras que constitui uma língua. E o estudo sociolinguístico deve partir de
uma análise cuidadosa do mapa sociológico de uma comunidade, uma vez
que quando mais complexo for o seu tecido social, mais heterogéneo será o
uso que essa comunidade faz da língua.

A língua como fenómeno social tem-se consciência de que a


comunicação é um dom humano. Mas para os seres humanos trocarem as
suas ideias e pensamentos usam linguagem falada. Mas também se sabe que
os povos não falam todos a mesma linguagem. Cada povo tem o seu modo
de falar, isto é, a sua língua; portanto cada povo tem a sua Gramática como
elemento fundamental e que se preocupa ao estuda e o aperfeiçoamento
da língua.

A língua, neste caso, será um sistema de signos que se organizam


segundo certas regras gramaticais. E o conhecimento das suas regras, por
mais que sejam intuitivos, é indispensável para nos relacionarmos uns com os
outros.

A língua é uma herança coletiva, um acumular de elementos que


resulta das relações que se estabelecem entre as gerações e os povos, ao
longo dos tempos, dependendo, nomeadamente, de fatores políticos.

Reconhece-se que a língua tem um carácter coletivo e abstrato, ao


usá-la, para comunicar, estamos face a realidade individual. Por isso, é
afirmado que, cada um de nós, quando pretende comunicar com alguém,
faz sempre uma seleção das possibilidades que a língua oferece, em termos
de vocabulário e regras para as combinar.
Cada utilizador de uma língua, possuidor de um conhecimento
linguístico, é um falante. O conjunto de falantes que utilizam a mesma língua
para comunicarem entre si constitui uma comunidade linguística.

2.2. A IMPORTANCIA DO ESTUDO DA LÍNGUA PORTUGUESA EM


ANGOLA

Os povos não falam todos a mesma língua. Cada qual tem o seu modo
de falar. Isto é, de se comunicar, de exprimir os seus sentimentos. Assim, há
falar dos portugueses, espanhóis, ingleses, alemães, franceses, etc. Esses
falares manifestados pelos povos ou comunidades, obedece regras
linguísticas. As regras linguísticas constituem a gramática que é a disciplina
que trata do aperfeiçoamento da língua.

Na nossa língua como em qualquer outra, os elementos principais que


se formam são os sons; estes, combinados de diversas maneiras, dão as
palavras; estas, ligadas entre si por vários modos, dão o discurso ou fala.

O discurso ou fala constitui a língua do povo ou da comunidade


linguística. No caso da Língua Portuguesa, a sua supremacia no nosso país em
oposição das restantes línguas locais deve-se pelo facto de ser adotado
como Língua oficial (língua de legislação, de escolarização, de unidade
nacional e de investigação cientifica do país). Portanto, é necessário salientar
que, o facto deve-se pela opção dos próprios angolanos e não é uma
imposição. Pois sabe-se que, Angola é um país soberano há mais de 4
décadas. O que nos deixa claro que, não há razões nem direito dos
portugueses voltarem a impor-nos as suas regras quando o uso. Nesta
realidade, cabe a nossa própria consciência e a nossa legislação definir o
padrão ou a norma linguística a usar.

Em angola, a língua Portuguesa deixou de ser dependente dos


portugueses desde da nossa soberania em 1975. Neste caso, quando se trata
da norma linguística portuguesa cabe os países que constitui a Comunidade
dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) ou dos Países de Língua Oficial
Portuguesa (PALOP), tomar as decisões e regras que devem ser serem
discutidas ou seguidas pelas particularidades linguísticas de cada membro.
Apesar de que, em algumas circunstâncias, a variante europeia e americana
superpor-se as demais pela realidade histórica bem conhecida por todos nós
que se designa por processo de colonização.

Por outro, o cumprimento da norma Europeia e a Americana, muitas


vezes, deve-se pela elevada experiencia no campo da ciência e da
tecnologia em que, a maioria dos outros países recorrem para adquirir
experiencias e formações. Com base a esta realidade, para se manter a
unidade, somos sujeitos a seguir a norma de quem mais experiencias tem. Por
isso, temos visto que, no campo científico, nos baseamos na bibliografia
Portuguesa e Brasileira para falar ou escrever a língua Portuguesa de forma
mais adequada a nossa Língua Oficial nos países dos PALOP.

A nível nacional, por causa do multilinguismo funcional, para se manter


a unidade nacional no ensino, na investigação científica, no trabalho e na
legislação, recorremos em Língua Portuguesa por ser a única língua de que
nos mantém a unidade nacional.

No caso do ensino, sabe-se que, apensar do multilinguismo funcional, o


ensino ocorre somente em Língua Portuguesa o que quer dizer, todas as
disciplinas que estão no sistema do ensino para o processo de ensino-
aprendizagem são administradas em Língua Portuguesa. Portanto, essa
realidade afirma-se que, todos os professores e alunos têm o direito e dever
de adquirirem as competências em Linguística Portuguesa para o exercício e
melhoramento do desempenho das suas atividades laborar e estudantil.

As competências linguísticas, comunicativas e outras, não nascem,


criam-se e desenvolvem-se, graças os esforços emanada pelos linguistas,
professores de Língua e outros investigadores e criadores de políticas
linguísticas. Pois esses, evidenciam esforços em escrever e esclarecer
realidades relacionadas ao estudo e aprendizagem de língua.

Ao se saber que o ensino e a aprendizagem da língua é um processo


vasto e complexo e que exigem maior desempenho de quem precisa adquiri
conhecimento linguísticos. Portanto, não só ao estrangeiro, mas a todos os
cidadãs que o tenha como língua materna, segunda ou estrangeira. Nesta
realidade, o desenvolvimento linguístico é considerado lento, gradual e
perfectível ao longo de toda a vida do indivíduo.

De tudo quanto foi referida acima, fazem parte do estudo aprofundado


da língua: - O estudo e ensino da gramática – que se tem como objetivo
principal aplicar convenientemente os conhecimentos linguísticos e sarar os
meandros que ela produz e nela se esconde. Feito isso, diríamos que é possível
que se desenvolva e se adquira conhecimentos não só linguísticos, mas
também competências em outras áreas sociais, profissionais e culturais para
melhor desempenho no uso da língua.

2.3. CONTACTO ENTRE AS LÍNGUAS

Uma língua pode sofrer variação linguística, resultante da


influência de outras línguas com as quais toma contacto: é o que
acontece, como podemos verificar, com o português do Brasil em
relação o português do Portugal e dos nossos países africanos de
expressão portuguesa.

No nosso caso, em áfrica, constata-se uma situação de


coexistência do português com uma ou mais línguas diferentes no
mesmo espaço territorial. Tal facto leva a que as populações
tenham competência linguística em mais do que uma língua.
Se num espaço territorial se registar coexistência de diversas
línguas no seio do grupo social, uma empresa que trabalha com
diversas línguas ou uma escola onde o ensino é ministrado em
diferentes línguas são multilingues. Além disso, se uma estação de
televisão difundir conteúdos em diversas línguas, poderá ser
classificada multilingue.

Portanto, vele lembrar que não se deve confundir o


multilinguismo com o plurilinguismo que é um termo que vem do
latim “Pluri” e “Lingue”, o que significa literalmente “diversas
línguas”. O termo é atribuído a pessoa que é capaz de comunicar
em várias línguas (geralmente em três ou mais línguas). Enquanto
o individuo que adquirir competência em duas línguas estamos
face a um fenómeno de Bilinguismo.

É um fenómeno muito usual atualmente, facilitando pelos


meios de comunicação, pela facilidade das deslocações e por
situações de migração. Calcula-se que cerca de 70% da
população mundial seja bilingue ou plurilingue ou poliglotas.

A título de exemplo, os nossos emigrantes não só falam o


português como também são fluentes na língua do país para onde
emigraram. O mesmo se passa na situação inversa, em que os
imigrantes que se fixam em países de expressão portuguesa
também aprendem a falar o português de que necessitam na sua
vida quotidiana.

No mundo, há um contacto constante entre diferentes


populações e línguas, o que vem contribuindo para alterar hábitos
linguísticos dos falantes que podem introduzir na sua língua
materna traços de uma outra língua.

Portanto, quando diferentes grupos, falando, cada um deles,


uma língua diferente, têm necessidade de comunicar entre si,
exprimem-se numa língua de comunicação comum: a essa
segunda língua, adquirida como meio de comunicação, chama-
se Língua Franca.

Como as línguas maternas têm pouca funcionalidade para


situações em que estão inseridos, esses falantes recorrem ao
modelo imposto da língua socialmente dominante e ao seu saber
linguístico para constituir uma forma de linguagem simples, o
Crioulo.

Os crioulos nascidos dos contactos entre portugueses e


diferentes populações ao longo dos séculos que são de origem de
línguas de uso oral, normalmente da esfera familiar que,
atualmente se procura proteger tentando preservá-los pela escrita,
são chamados crioulos portugueses.

A formação das línguas crioulas ocorreu em comunidades


multilingues em que houve fraco acesso ao modelo da língua
portuguesa (sendo o número de portugueses muito inferior ao dos
outros grupos) e forte mistura de populações (miscigenação). Estas
condições ocorriam em zonas de concentração e isolamento das
populações miscigenadas, longe das suas terras e culturas de
origem, em particular em plantações e em ilhas como as de Cabo
Verde e S. Tomé, mas também nas fortificações costeiras
edificadas pelos portugueses nos séculos XV e XVI.

Porém, a pesar disso, as línguas, além de serem uma


propriedade materna de um povo, ao longo do tempo, adquirem
diferentes estruturas linguísticas no seio social que, a seguir, vamos
descrever.

2.4. ESTATUTOS DAS LÍNGUAS

O termo estatuto das línguas remete a normas linguísticas aceites pela


sociedade e cujas características consistem em determinar o funcionamento
das línguas e a sua relação com a sociedade que a regula ao longo do
tempo.

A sociedade acredita que, o estatuto das línguas depende das políticas


linguísticas traçadas pelo estado e, para a sua concretização, na maior parte
das vezes, depende da realidade sociolinguística das línguas em causa. Pois,
nesse caso, a dependência tem a ver com a origem, o uso, o domínio, a
variação e do contexto sociocultural em que a/s língua/s em causa
encontram-se inseridas.

2.4.1. Língua Nacional/ Língua Estrangeira

Numa determinada realidade concreta como em Portugal e Brasil a


maior parte das pessoas fala a língua portuguesa que, por ser a que é usada
pela maioria dos habitantes dos dois países, neste caso, constitui a língua
nacional.

Nos mesmos países vivem pessoas originárias de zonas ou países onde


se falam outras línguas diferentes do português: o Inglês, o francês, holandês,
o russo, o polaco, o Chinês etc. Essas línguas são línguas estrangeiras em
relação a comunidade linguística portuguesa.
2.4.2. Língua Oficial/ Língua Minoritária

Em Portugal e em Brasil, a língua oficial, isto é, a língua usada no


contacto de um cidadão com a administração do seu país, coincide com a
língua nacional, o português, falado pela maioria da população.

No entanto, em países como Angola, Moçambique, Cabo Verde, Quine


Bissau, S. e príncipe e Timor leste, as populações falam diversas línguas, não
existindo, portanto, uma língua comum. É por essa razão que, por opção dos
respetivos governos, o português – falado pelo antigo colonizador – foi
instituído como língua oficial, embora grande parte da população não a use
como língua materna. Por terem línguas locais ou seja línguas regionais que o
governo intitulou Línguas Nacionais.

O português, na sua condição social de ser língua oficial, é língua de


unidade nacional e, por consequência, atualmente, é uma das línguas mais
faladas em relação as línguas nacionais que se vão vendo e sendo
substituídas paulatinamente por despovoamento das zonas rurais (potências
zonas do uso das línguas maternas) provocado por vários fatores socioculturais
e políticos, várias línguas regionais dos países africanos tende se tornar como
línguas minoritárias.

São chamadas línguas minoritárias as línguas faladas por um grupo de


pessoas num país que tem uma língua nacional diferente. Por exemplo, em
Portugal, um caso referenciado da língua minoritária é o mirandês2, uma
língua falada tradicionalmente como língua materna na zona de Miranda do
Douro em Portugal. O mirandês é, pois, considerado uma língua minoritária
em relação ao português. Na realidade angolana, pode-se comparar as
línguas nacionais, tendo em conta o multilinguismo registado, são línguas
minoritárias (Ganguela, Nhianeca, kwanyama, Fiote etc.) em relação às
outras línguas como: O Kikongo, Kimbundu, Umbundo e Tchokwe.

2 Cidade portuguesa do distrito de Bragança, natural ou habitante de Miranda do Douro. A sua língua
(dialecto) foi comprovada como segunda língua de Portugal em 17 de Setembro de 1998.
2.4.3. Língua Materna/ Língua Segunda

Em Portugal, a maioria dos portugueses aprendeu a falar a língua


portuguesa em primeiro lugar, na infância. Esta é, pois, a sua língua materna.
Ou seja a língua que a mãe se comunicava durante a gestação e nos
primeiros anos do nascimento do filho.

No entanto, por diferentes razões, como, por exemplo, devido à


emigração, muitos filhos dos emigrantes aprendem como língua materna a
língua do país onde nasceram e ondem vivem; aprendem a língua materna
dos pais, o português aprendem-no como língua segunda. O português é
também língua segunda para muitos habitantes de Angola, (…), pois as suas
línguas maternas são outras. Geralmente, a língua segunda é aprendida por
um falante para comunicar no país em que vive, enquanto a aprendizagem
de uma língua estrangeira tem como pressuposto a comunicação fora do
país.

2.4.4. Língua viva/ Língua morta

O português é uma língua viva na medida em que é língua materna de uma


comunidade linguística de milhões de falantes que a usam na comunicação
quotidiana. Quando a língua não é usada por uma comunidade com um
número de falantes significativos, pode extinguir-se: será uma língua morta. Por
vezes, uma língua morta pode continuar a usar-se em situações formais, como
acontece com o latim que ainda se utiliza em contexto académicos ou em
rituais; no entanto, considera-se língua morta porque deixou de ser uma língua
materna, utilizada em situações de comunicação quotidianas.

UNIDADE#: III – FUNCIONAMENTO DA LÍNGUA NA SOCIEDADE

Objetivo geral da unidade: - Analisar o funcionamento da língua na


sociedade e compreender as suas diferentes capacidades, fatores, normas,
funções, níveis e formas do funcionamento da língua na sociedade.
3.1. AS CAPACIDADES DO USO DA LÍNGUA NA SOCIEDADE

Capacidade linguística – é a capacidade intuitiva que o falante tem de


usar a sua língua materna, de acordo com as regras que presidem ao seu
funcionamento (gramática da língua).

Para se realizar uma comunicação corretamente, não basta essa


competência: O falante tem de adequar o que diz a situação de
comunicação. Por exemplo, se te diriges a um amigo, recorreres a uma forma
de tratamento diferente da que utilizarias se estivesses a falar com responsável
pela direção da sua escola; empregarás expressões diferentes se a tua
intenção for dar ordem, dar uma simples informação ou se quiseres exprimir
um pedido. Esta capacidade que um falante tem de usar a competência
linguística de forma adequada a diferentes situações (graças ao seu domínio
de conhecimentos extralinguísticos e contextuais) chama-se capacidade
comunicativa.

Mas, se quiseres ter um conhecimento mais aprofundado da tua língua,


tens que refletir sobre os processos e regras da gramática que a rege. A essa
capacidade de reflexão e domínio das estruturas gramaticais (exercidos ao
longo do percurso escolar) dá-se o nome de capacidade metalinguística.
Portanto, quanto maior for a competência metalinguística maior pode ser a
competência comunicativo.

3.2. FATORES DE VARIAÇÃO DO PORTUGUÊS

Diferentemente do que é referido nos níveis ou registos de língua, nas


variedades do português e a sua manifestação deve-se a vários fatores. A
língua, enquanto organismo vivo que é, está sujeito a múltiplas variações quer
ao longo dos tempos, quer nos diferentes espaços geográficos que cobre
quer de acordo com as diferentes situações em que é utilizada, ou com o nível
social e cultural dos falantes que a usam.
A variação linguística segundo Azeredo, O. Pinto, I. at all (2012:18) «é a
propriedade que as línguas têm de se diferenciarem em função da geografia,
da sociedade e do tempo, dando origem a variedades linguísticas».

 Variações históricas ou diacrónicas3: têm a ver com as diferenças


existente entre o português falado hoje e os dos tempos passados, quer
na pronúncia, quer no léxico.

 Variações geográficas ou diatópicas4: Seja quando mais não seja por


teres ouvido falar, na rádio e na televisão, pessoas de regiões ou locais
diferentes, já deves ter reparado em diferenças na utilização da nossa
língua. Portanto, nesta variação onde o português é diferente de uma
região para outra, distinguindo-se cada uma com características
próprias daquela região.

 Variações socioculturais ou diastraticas5: a língua pode variar,


dependendo do nível social (profissão, função), que incluem as
variedades técnicas (jurídica, médica, etc.), estéticas (escritores,
investigadores…) e cultural dos falantes; pode variar por causa da
idade, sexo das pessoas que usam a mesma língua.

 Variações diafásicas6: isto diz respeito ao momento; à situação de


comunicação, à relação que a pessoa tem com o seu interlocutor, ao
assunto em abordagem, etc. aqui se pode referir a questão de
competência comunicativa.

Porém, apesar de que, essas variações existem, o certo é que não anula
a unidade do português. Elas não impedem a compreensão e a
comunicabilidade. Pois, todas estão garantidas na língua padrão. Por outro,

3 Do grego dia = “através de” + Kronos =”tempo”.


4 Do grego dia = “ através de” + topos = “ lugar”.
5 Do grego dia = “ através de + stratos = “ nível”.
6 Do grego dia = “ através de + Phasis = “ fala, discurso”.
«o cruzamento de todas variedades num só locutor e numa situação
determinada costuma ser designado como idiolecto» Gomes, A. (2007:69).

3.3. A NORMA E A LÍNGUA PADRÃO

Em qualquer situação de dia-a-dia, os falantes comunicam-se quer


oralmente, quer por escrito quer através da imprensa, da rádio ou da
televisão, utilizando um vocabulário e construções de frases usuais, sem
intenção de originalidade. Este emprego generalizado da língua, que
constituem um registo mais ou menos estável designa-se língua padrão (ou
norma).

A norma é uso correto da língua, quer seja a língua oral quer seja a
língua escrita. Portanto, uma questão, muitas vezes, colocado pelos alunos é
o facto de não se saber o que realmente deve-se considerar uso correto?

O uso correto resulta do bem falar e escrever registado como modelo,


nos escritores portugueses, ao longo dos tempos. E sem esquecer o uso geral
da língua adotado pelo comunidade (no caso de Portugal, a comunidade é
constituída pelos portugueses cultos que nascem e vivem nas zonas
privilegiadas social e politicamente). O mesmo que acontece no nosso caso
(os que vivem nas capitais dos países e das províncias).

O uso da língua padrão constituiu um fator da aceitação e integração


social e tem um caracter arbitrário, baseado em conversões sociais. Por isso,
a língua padrão é difundida pelos meios públicos da comunicação e pela
escola, que passam a controlar a observância da gramática, da sua
pronúncia e da sua ortografia.

A norma resulta não apenas do modelo tradicional de um passado mais


ou menos distante (força de conservação e coesão) mas também de um
fator dinâmico constituídos pelas práticas linguísticas atuais das maiorias dos
falantes (força inovadora). Portanto, a norma é resultado do equilíbrio entre
as forças da conservação e renovação da norma e da língua em causa.
Portanto, Portugal já reconheceu algumas diferenças registadas do
português falado em outros pontos do mundo. Principalmente, no que
concerne a pronúncia, como a nível morfológico, sintático e lexical. Razão
pela qual, sugere uma norma e uma língua padrão, para as variedades
brasileira e africana e na qual reconhece algumas características diferentes
em cada variedade.

3.4. AS FUNÇÕES DE LINGUAGEM7

Chama-se função de linguagem à capacidade específica da espécie


humana de comunicar ideias e sentimentos, através da utilização de um
conjunto de signos (sonoros, gestuais, gráficos) sob uma convenção.

As funções de língua correspondem, cada uma, com um elemento de


comunicação. Podendo ser representadas de seguinte forma:

 Função emotiva ou expressiva: está centrada no emissor e é


caracterizada pela atitude subjetiva do emissor em relação àquilo de
que se fala. Expressão do mundo emocional, de sentimentos e opiniões
do emissor. No texto escrito, revela-se através de interjeições,
exclamações ou adjetivos e diminutivos.
 Função apelativa ou imperativa: centra-se para o destinatário (recetor)
e procura levá-lo a reagir. A intenção do emissor é persuadir, convencer
e influenciar o recetor. Usa-se muito a forma verbal no imperativo como
é o caso da publicidade o vocativo e centra-se na 2ª pessoa.
 Função informativa/ referencial ou denotativa8: corresponde ao
contexto e ocorre quando o emissor precisa transmitir a mensagem de
forma clara e objetiva e encontra-se em textos de carácter científico
ou jornalístico.

7
Ao destinador, fez Jakobson corresponder uma função emotiva (ou expressiva); - à mensagem corresponderia uma função
poética (ou estática); - ao destinatário, uma função conativa (ou apelativa; - ao contexto, uma função referencial (denotativa ou
informativa); - ao código, uma função metalinguística; - ao canal, uma função fática. Cf. Gomes, A. (2007
8
Exemplo, na próxima quinta-feira (diz o prof.), haverá teste escrito. É informativo o objectivo principal ou também referencial –
a informação centra-se no referente (teste escrito).
 Função fáctica9: é aquela direcionada ao canal, cujo objetivo é de
estabelecer, prolongar ou interromper uma comunicação. Desta
função o emissor verifica a operacionalidade de comunicação e o
interesse do receptor. Usa-se muito nas conversas por telefone.
 Função poética: está centrada na mensagem e ocorre na linguagem
poética, onde o emissor procura transmitir a mensagem com rimas,
ritmos e recorre a recursos expressivos em metáforas.
 Função metalinguística10 – explica a própria língua. Cujo objetivo
específico é o estudo da língua. Ao analisarmos um texto, investigando
o seu sentido e observando-o nos aspetos morfolossintáticos e
semânticos. Da mesma forma a utiliza o emissor quando esclarece
qualquer palavra cujo sentido lhe parece poder não ser entendido pelo
recetor. É claro, pois, que a função metalinguística se centra no código
(ela serve para esclarecer o código).

3.5. OS REGISTOS / NÍVEIS DE LÍNGUA

Os enunciados, orais ou escritos, dependem das situações de


comunicação. Para transmitir a mesma informação, o mesmo indivíduo
utilizará registos de língua diferentes em função do seu interlocutor, do local e
das circunstâncias em que se encontra e da natureza da mensagem.

Quando queremos ou estamos a comunicar, não falamos da mesma


maneira em família, numa aula, em discurso público, etc. Em geral, variamos
os dizeres, segundo as situações em que as dizemos (relações de
conhecimento mútuo, de confiança, de poder, etc.). Da necessidade desta
adequação decorrem registos que se distinguem tanto ao nível da gramática
como do vocabulário.

Ao variarmos o dizer segundo as situações em que as dizemos (relações


de conhecimento mútuo, de confiança, de poder, da temática tratada, etc.),

9 Ex. está lá? Alô! Não desligue! Compreende? Está a ouvir-me?


10
Tu sabes que aquele poeta era um nefelibata, isto é, andava sempre nas nuvens, quer dizer, fora deste mundo.
exige uma adequação. Segundo Gomes, A. (2007) a adequação depende
da nossa expressão à situação de comunicação em que nos encontramos.
Uma vez registada situação do tipo, estaremos diante de registos ou
variedades funcionais da língua.

Não havendo uma demarcação rígida entre eles, os registos de língua


podem ser reunidos em três grandes grupos: o registo corrente, cuidado e o
familiar:

a) Registo corrente o registo corrente corresponde à norma e é utilizado


pela maioria dos membros da comunidade linguística. É caracterizado
pelo emprego de palavas, expressões e construções gramaticais
simples. EX: O governo angolano apela o pagamento de taxa de
circulação rodoviária.

b) Registo cuidado ou culta o registo cuidado é pouco utilizado na


oralidade, salvo em ocasiões solenes (discursos políticos, conferências
científicas, sermões) ou quando uma grande distância social separa os
interlocutores. Este registo caracteriza-se por um vocabulário rebuscado
e por uma construção gramatical complexa. Ex: O Agostinho Neto
usava a caneta como uma espécie de flauta mágica. Era um homem
bom. Afável e amável, contrariando a ideia feita de que um grande
escritor não pode ser uma boa pessoa.
c) Registo familiar é usado em situações caracterizadas pela
informalidade, em família, entre amigos. Emprega um vocabulário
muito simples e pouco variado; a frase é muito simplificada
gramaticalmente. Emprega um vocabulário muito simples e pouco
variado; a frase é muito simplificada gramaticalmente. Na escrita deve-
se evitar usar este registo de língua. Encontramo-lo, no entanto, em
diálogos de textos literários correspondendo à maneira de falar da
personagem e não do autor. É também o registo usado nas cartas para
amigos ou familiares. Ex: Diz agora, zé! - quando me queres vir visitar? Eu
estou mesmo muito ansiosa para te ver mémo. Fala também na vovó
que eu lhe amo muito. Beijos!

3.5.1. REGISTOS ESPECIAIS

Registo ou variedade Técnico – científico: A cada um dos domínios do


conhecimento, quer das ciências quer dos vários ramos técnicos, corresponde
uma terminologia especializada, exata e rigorosa, que não é do
conhecimento de muitos falantes. Esta linguagem é própria de dicionários,
glossários e enciclopédias especializados, assim como de livros técnicos. A
linguagem técnico-científica incide apenas sobre os termos técnicos ou
científicos utilizados. Ex: Tudo no motor deve trabalhar para a Câmara de
combustão, que é a zona alta de cilindro, aquela que é delimitada pelo PMS
do pistão e o que fica em cima dele.

Gíria: é uma linguagem verbal peculiar que é usada por uma


comunidade restrita de pessoas por determinados grupos sociais, permitindo-
lhes comunicarem entre si sem serem entendidos pelos outros. A gíria resulta,
sobretudo, da necessidade de se criarem novas palavras ou maneira de dizer,
e de se obter maior expressividade; a língua comum e a norma, porque esta
voltadas para o geral, não conseguem dar resposta satisfatória a situações
tão específica como são as socioprofissionais e as do desporto. Em alguns
casos, a gíria também tem como intenção o secretismo, para que outras
pessoas de fora a não consigam perceber. A gíria difere-se do registo técnico-
científico de abranger não só o vocabulário mas todo o discurso.

Servindo como elo de ligação dentro do grupo, a gíria funciona


também como fator de coesão desse mesmo grupo. São exemplos deste tipo
de linguagem:

 A gíria estudantil: (Chumbo, marrar, cabula.)


 A gíria dos jornalistas (cacha, «notícia em primeira mão», furo
(Informação nova).
 A gíria dos ladrões: (xelindró, «prisão», mona lisa «individuo careca».)
Calão é entendido como uma linguagem especial, usada por grupos
socialmente marginais, caracterizada pelo uso frequente de termos grosseiros
e obscenos. Por vezes, vocábulos ou expressões destes grupos são utilizados,
com intenção expressiva, por falantes de outros meios sociais (giro, chatice).

3.6. REGISTOS DE LÍNGUA NAS FORMAS DE TRATAMENTO: FORMAL E


INFORMAL

A relação que se estabelece entre os interlocutores (posição social,


maior ou menor familiaridade, idade…) condiciona o uso de um registo formal
ou informal, o que implica, entre outros aspetos (ver níveis/ de língua),
diferentes formas de tratamento.

Denomina-se Pronomes de tratamento certas palavras e locuções que


valem por verdadeiros pronomes pessoais, como: você, o senhor, Vossa
Excelência.

Embora designem a pessoa a quem se fala (isto é, a 2.ª), esses pronomes


levam o verbo para a 3.ª pessoa: - Onde é que vocês vão?

Convém conhecer que as seguintes formas de tratamento reverente e


as abreviaturas com que são indicadas na escrita.

AUTORIDADES UNIVERSITÁRIAS
Cargo ou Abreviatur Abreviatur Endereçament
Por Extenso Vocativo
Função a Singular a Plural o
Ao Magnífico
Magnífico
Vossa V. Mag.asou Reitor ou Ao
V. Mag.ª ou V. Reitor ou
Magnificênci V. Magas. ou Excelentíssimo
Reitores Maga. V. Exa. Excelentíssim
a ou Vossa V.Ex.as ou Senhor Reitor
ou V. Ex.ª o Senhor
Excelência V.Exas. Nome Cargo
Reitor
Endereço
Ao Excelentíssimo
Excelentíssim
Vossa V.Ex.ª, ou V.Ex.as ou V. Senhor Vice-Reitor
Vice-Reitores o Senhor
Excelência V.Exa. Exas. Nome Cargo
Vice-Reitor
Endereço
Assessores Pró-
Reitores
Diretores Vossa V.S.as ou Senhor + Ao Senhor Nome
V.S.ª ou V.Sa.
Coord. de Senhoria V.Sas. cargo Cargo Endereço
Departament
o

AUTORIDADES JUDICIÁRIAS

Cargo ou Por Abreviatura Abreviatura


Vocativo Endereçamento
Função Extenso Singular Plural
Auditores
procuradores
Defensores
Públicos
Desembargadores Excelentíssimo Ao Excelentíssimo
Vossa V. Ex.ª ou V. V. Ex.as ou V.
Membros de Senhor + Senhor Nome
Excelência Exa. Exas.
Tribunais cargo Cargo Endereço
Presidentes de
Tribunais
Procuradores
Promotores
Ao Meritíssimo
Meritíssimo Meritíssimo
Senhor Juiz ou Ao
Juiz ou M. Juiz ou Senhor Juiz ou
Juízes de Direito V.Ex.as Excelentíssimo
Vossa V.Ex.ª, V. Exas. Excelentíssimo
Senhor Juiz Nome
Excelência Senhor Juiz
Cargo Endereço

AUTORIDADES MILITARES

Cargo ou Por Abreviatura Abreviatura


Vocativo Endereçamento
Função Extenso Singular Plural
Oficiais Ao Excelentíssimo
Vossa V.Ex.ª ou V. V.Ex.as, ou V. Excelentíssimo
Generais (até Senhor Nome
Excelência Exa. Exas. Senhor
Coronéis) Cargo Endereço
Outras Vossa V.S.as ou V. Senhor + Ao Senhor Nome
V.S.ª ou V. Sa.
Patentes Senhoria Sas. patente Cargo Endereço

AUTORIDADES ECLESIÁSTICAS
Cargo ou Abreviatura Abreviatura
Por Extenso Vocativo Endereçamento
Função Singular Plural
A Sua Excelência
Vossa V.Ex.ª Rev.ma V.Ex.as Rev.mas Excelentíssimo
Reverendíssima
Arcebispos Excelência ou V. Exa. ou V. Exas. Reverendíssim
Nome Cargo
Reverendíssima Revma. Revmas. o
Endereço
A Sua Excelência
Vossa V.Ex.ª Rev.ma V.Ex.as Rev.mas Excelentíssimo
Reverendíssima
Bispos Excelência ou V. Exa. ou V. Exas. Reverendíssim
Nome Cargo
Reverendíssima Revma. Revmas. o
Endereço
Eminentíssimo
Vossa V.Em.ª, V. V.Em.as, V.
Reverendíssim A Sua Eminência
Eminência ou Ema. ou Emas. ou
o ou Reverendíssima
Cardeais Vossa V.Em.ª Rev.ma, V.Emas Rev.mas
Eminentíssimo Nome Cargo
Eminência V. Ema. ou V. Emas.
Senhor Endereço
Reverendíssima Revma. Revmas.
Cardeal
Ao
Vossa V. Rev.ma ou V. Rev.mas V. Reverendíssim Reverendíssimo
Cônegos
Reverendíssima V. Revma. Revmas. o Cônego Cônego Nome
Cargo Endereço
Ao
Vossa V. Rev.ma ou V. Rev.mas ou Reverendíssim Reverendíssimo
Frades
Reverendíssima V. Revma. V. Revmas. o Frade Frade Nome
Cargo Endereço
A Reverendíssima
Vossa V. Rev.ma ou V. Rev.mas ou Reverendíssim
Freiras Irmã Nome Cargo
Reverendíssima V. Revma. V. Revmas. o Irmã
Endereço
Ao
Vossa V. Rev.ma ou V. Rev.mas ou Reverendíssim Reverendíssimo
Monsenhores
Reverendíssima V. Revma. V. Revmas. o Monsenhor Monsenhor Nome
Cargo Endereço
Vossa Santíssimo A Sua Santidade o
Papa V.S. -
Santidade Padre Papa
Ao
Reverendíssimo
Sacerdotes Vossa V. Rev.ma ou V. Rev.mas ou Reverendo Padre ou Ao
em geral Reverendíssima V. Revma. V. Revmas. Padre Reverendo Padre
Nome Cargo
Endereço
AUTORIDADES MONÁRQUICAS

Cargo ou Por Abreviatura Abreviatura


Vocativo Endereçamento
Função Extenso Singular Plural
A Sua Alteza
Vossa Sereníssimo Real Nome
Arquiduques V.A. VV. AA.
Alteza + Título Cargo
Endereço
A Sua Alteza
Vossa Sereníssimo Real Nome
Duques V.A. VV. AA.
Alteza + Título Cargo
Endereço
A Sua
Vossa Majestade
Imperadores V.M. VV. MM. Majestade
Majestade Nome Cargo
Endereço
A Sua Alteza
Vossa Sereníssimo Real Nome
Príncipes V.A. VV. AA.
Alteza + Título Cargo
Endereço
A Sua
Vossa Majestade
Reis V.M. VV. MM. Majestade
Majestade Nome Cargo
Endereço

AUTORIDADES CIVIS

Por Abreviatur Abreviatura Endereça


Cargo ou Função Vocativo
Extenso a Singular Plural mento
Chefe da Casa Civil
e da Casa Militar Ao
Cônsules Deputados
Embaixadores
Excelentís
Governadores Excelentí simo
Vossa
Ministros de Estado V.Ex.ª ou V. V.Ex.as ou V. ssimo Senhor
Excelênci
Prefeitos Presidentes Exa. Exas. Senhor + Nome
da República a
Cargo Cargo
Secretários de
Estado Senadores
Endereç
Vice-Presidentes de o
Repúblicas
Ao
Demais autoridades Senhor
não contempladas Vossa V.S.ª ou V. V.S.as ou V. Senhor + Nome
com tratamento Senhoria Sa. Sas. Cargo Cargo
específico Endereç
o
3.6.1. Concordância nas formas de tratamento

Concordância com os pronomes de tratamento

Concordância em género

A concordância do género com as formas de tratamento, faz-se de


acordo com o sexo da pessoa a que se referem:

 Vossa Senhoria está sendo convidado (homem) a assistir ao III Seminário


de apertura a formação corpo patente na mente no ISPPU.

 Vossa Excelência será informada (mulher) a respeito das conclusões do


III Seminário Pedagógica no ISPPU.

Concordância em pessoa

Embora tenham a palavra "Vossa" na expressão, as formas de


tratamento exigem verbos e pronomes referentes a elas na terceira pessoa:

 Vossa Excelência solicitou...

 Vossa Senhoria informou...

 Temos a satisfação de convidar Vossa Senhoria e sua equipa para…Na


oportunidade, teremos a honra de ouvi-los...

3.6.2. DIFERENCIAÇÃO DE TRATAMENTO FORMAL E INFOEMAL

A forma que usamos para nos comunicarmos uns com os outros


recorremos em umas das formas: formal ou informal. Isto é, dependendo da
relação que estabelecemos com o nosso interlocutor. Isto é, seguindo
padrões adotados pela sociedade que diferem entre si dependendo da
situação ou do ambiente em que o indivíduo se encontra.
Referindo-nos do período em que as coisas aparecem ser cada vez mais
passageiras e rápidas é bastante comum que façamos uso da linguagem
para acompanhar este ritmo.

Por exemplo, quando conversamos com pessoas vindas de lugares


diferentes, com outros costumes e outros vícios de linguagem tendemos a
absorver certas expressões e até mesmo gírias que acabam tornando-se
comum em nosso quotidiano.

Entre amigos e alguns familiares é perfeitamente normal que façamos


uso destas gírias, falando de forma mais desleixada e, saindo da parte da
oralidade, quando conversamos com alguém pelo celular ou computador,
através e mensagens de texto, nossa forma de linguagem contínua a mesma,
fazemos usos de abreviações que não constam na nossa língua e até
inventamos algumas palavras. Este tipo de linguagem chamamos de informal.

Já a linguagem formal é aquela que utilizamos em situações que


requerem seriedade, é o tipo de linguagem requerida em exames que trazem
uma parte de redação como alguns concursos públicos e principalmente o
temido vestibular.

Ela também é utilizada na oralidade quando temos que lhe dar com
alguém mais velho ou de um cargo superior, por exemplo, não se atendo
somente à escrita. Imagine você prestes a fazer um discurso, para um auditório
lotado, todos prestando atenção em cada palavra que tem a dizer naquele
momento, fica claro que o tipo de linguagem a ser utilizada é a linguagem
formal. Ou quando temos que enviar uma carta ou um documento.

Conhecer estes duas formas de tratamento é essencial para que


possamos ter boa desenvoltura no meio profissional ou acadêmico, saber se
expressar é com certeza a chave para o sucesso. Veja abaixo um exemplo e
algumas diferenças nítidas entre a forma de tratamento formal e a informal.
 “Caramba! To perdido, não sei como chegar no hotel.” – Este trecho está
escrito na linguagem informal, visto que, faz uso de gírias cotidianas como
“caramba” e de expressões utilizadas oralmente com bastante frequência
como o “to”. “Chegar no hotel” também encontra-se escrito de maneira
informal, o trecho é uma transcrição fiel da fala.

 “Estou perdido, não sei como chegar ao hotel.” – Desta vez o mesmo
trecho, sem a gíria, está escrito de maneira formal. Observe o uso da palavra
“Estou” e não “to”, abreviada e informal, como no trecho anterior e a
preposição “ao” em “Não sei como chegar ao hotel” está empregada
corretamente em lugar do “no” do trecho anterior.

 “E aí, como é que ce anda?” – Nesta frase há o uso da expressão “ce”


que dá ideia de “você” o que caracteriza a linguagem informal.

 “Como é que você está?” – Neste caso já vemos o uso da linguagem


formal sem que o “você” seja substituído por uma expressão ou abreviação
mais informal.

O português não é uma das línguas mais fáceis, contudo, torna-se


prazeroso estudar sobre a nossa língua quando temos peculiaridades tão
interessantes quanto a linguagem formal e informal. Aprender nunca é demais
e na nossa língua não faltam tópicos a serem estudados e desmistificados.

3.6.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento da 2.ª pessoa

1ª. O tratamento de Tu e Você - No português europeu normal, o


pronome tu é empregado como forma própria da intimidade. Usa-se de pais
para filhos, de avós ou tios para netos e sobrinhos, entre irmãos ou amigos,
entre marido e mulher, entre colegas de faixa etária igual ou próxima.

O seu emprego tem-se alargado, nos últimos tempos, entre colegas de


estudo ou da mesma profissão, entre membros de um partido e até, em certas
famílias, de filhos para pais, tendendo a ultrapassar os limite da intimidade
propriamente dita, em consonância com uma intenção ou, simplesmente,
aproximativa.

No português do Brasil, o uso de “tu" restringe-se ao extremo Sul do País


e a alguns pontos da região Norte, ainda não suficientemente delimitados. Em
quase todo o território brasileiro, foi ele substituído por você como forma de
intimidade. Você também se emprega, fora do campo da intimidade, como
tratamento de igual para igual ou de superior para inferior.

É este último valor, de tratamento igualitário ou de superior para inferior


(em idade, em classe social, em hierarquia), e apenas este, o que você possui
no português normal europeu, onde só excepcionalmente – e em certas
camadas sociais altas – aparecem usados como forma carinhosa de
intimidade. No português de Portugal não é ainda possível, apesar de certo
alargamento recente do seu emprego, usar você de inferior para superior, em
idade classe social ou hierarquia.

2ª O tratamento de Senhor: - O senhor, a senhora (e a senhorita, no Brasil,


a menina, em Portugal, para a jovem solteira) são, nas variantes europeia e
americana do português, formas de respeito ou de cortesia e, como tais, se
opõe a tu e você, em Portugal, e a você, na maior parte do Brasil.

Em Portugal, quando uma pessoa se dirige a alguém que possui título


profissional ou exerce determinado cargo, costuma fazer acompanhar as
formas o senhor e a senhora da menção do respetivo título ou cargo: O senhor
doutor; O senhor capitão. Neste caso é mais frequente se apor ao título o
nome próprio (primeiro nome – o que implica certa proximidade (O doutor
Virgílio António; O engenheiro Gabriel Dala) – ou nome de família do
interpelado (Professor Quivuna).

No Brasil, estas formas de tratamento são inusitadas. Aliás, o emprego


dos títulos específicos, no tratamento ou fora dele, é sensivelmente maior em
Portugal do que no Brasil, onde só em casos especialíssimos vêm precedidos
de o senhor.
Sistematicamente, só se mencionam no Brasil, seguidos dos nomes:

A patente dos militares: O tenente Alberto; O major Pakissi.

Os altos cargos e títulos nobiliárquicos: O presidente João Lourenço, o


príncipe D. Adão; O embaixador Mawete; A condessa Regina.

O título Dom (escrito abreviadamente D.), para os membros da família real ou


imperial, para os nobres, para os monges beneditinos e para os dignitários da
Igreja a partir dos bispos: D. Pedro; D. Alexandre.

O feminino Dona (também abreviado em D.) se aplica, em princípio, a


senhoras de qualquer classe social.

De uso bastante generalizado em Portugal e no Brasil é o título de


Doutor. Recebem-no não só os médicos e os que defenderam tese de
doutoramento, mas, indiscriminadamente, todos os diplomados por escolas
superiores.

Também o emprego de professor é muito frequente tanto em Portugal como


no Brasil. Mas, enquanto no Brasil se aplica ao docente de qualquer grau de
ensino, em Portugal usa-se sobretudo para os docentes do ensino primário e
do ensino superior.

3º Os tratamento de cerimonioso. As formas de tratamento


propriamente cerimonioso usam-se muito menos no Brasil do que em Portugal.

I.º Vossa Excelência (V. Ex.ª). Embora o seu emprego, no português


europeu, se tenha restringido bastante nas últimas décadas, e em particular
nos últimos anos, ainda se usa a forma Vossa Excelência, na linguagem oral,
em determinados ambientes (por ex.: Academias, Corpo Diplomáticos) ou
situações (empregados de comércio dirigindo-se a cliente, telefonista
dirigindo-se a quem solicita uma ligação, etc.), sem que haja qualquer
discriminação nítida quanto à categoria da pessoa interpelada. Por vezes
aparece reduzida à forma coloquial Vossência.
Na linguagem escrita, sob forma abreviada V. Ex.ª, é largo o seu uso,
principalmente na correspondência oficial e comercial.

No Brasil, só se emprega para o Presidente da República, ministros,


governadores dos Estados, senadores, deputados e oficiais generais. E assim
mesmo quase que exclusivamente na comunicação escrita e protocolar. Em
requerimentos, petições, etc., o seu uso costuma estender-se a presidentes de
instituições, diretores de serviços e altas autoridades em geral.

II.º Vossa Senhoria (V.S.ª) - É um tratamento praticamente inexistente na


língua falada de Portugal e no Brasil. Na língua escrita, emprega-se ainda em
ambas as variedades de idiomáticas – mas cada vez menos – em cartas
comerciais, em requerimentos, em ofícios, etc., quando não é próprio o
tratamento de Vossa Excelência.

III.º As outras formas – Vossa Eminência, Vossa Magnificência, Vossa


Santidade, etc. – são protocolares e só se aplicam aos ocupantes dos cargos
atrás indicados.

Em suma: Familiar: tu, querido, …

Formal: o senhor, …

Académico. Senhor Presidente, Senhor Primeiro-Ministro, Vossa


Excelência…

Eclesiástico: Monsenhor, Vossa Eminência, Vossa Santidade (no caso do


papa), etc.

No entanto, repara que, quando te diriges a uma pessoa com quem


não tens suficiente familiaridade para a poderes tratar por tu nem consideras
adequado o tratamento por senhor (a) por demasiado formal, utilizas uma
forma de tratamento que pressupõe o uso de você, mas de modo implícito: o
uso explícito deste termo é considerado, em português europeu, menos
respeitoso, de nível mais popular. (No entanto, no português do Brasil e em
certos ambientes urbanos e das classes mais altas, em Portugal, o seu uso
explícito é de utilização corrente e familiar, sem qualquer conotação
pejorativa). Assim, recorre-se ao sujeito nulo subentendido ou quando muito,
á explicitação do nome da pessoa a quem se está a falar ou do grau de
parentesco precedido de artigo definido.

Ex.: - Está boa? Como tem passado? Em vez de: você estas boa?

- A Maria quer ir consigo. Em vez de: A Maria quer com você.

- A tia vai sair? Em vez de: Você tia vai sair?

No que diz respeito à utilização das formas de tratamento e


endereçamento, deve-se considerar não apenas a área de actuação da
autoridade (universitária, judiciária, religiosa, etc.), mas também a posição
hierárquica do cargo que ocupa.

UNIDADE #: IV- ESTUDO FONÉTICA E FONOLOGIA

4.1. ESTUDO DO SOM E FONEMA

Antes que falemos do estudo do som e fonema, vale lembrar que para
se estudar o som e fonema de uma língua, é necessário que se conheça a
fonética11 e fonologia12.

A Fonética é a disciplina científica que se ocupa dos sons da fala


humana, do modo como esses sons são produzidos e transmitidos pelos
locutores e como são percebidos pelos ouvintes. Já a fonologia é a disciplina
científica que estuda os sistemas sonoros das línguas. Da variedade de sons
que o aparelho vocal humano pode produzir, que é estudado pela fonética,

11Produção, transmissão e captação ou percepção.


12Distinção ou diferenciação em cada língua para permitir a comunicação entre as pessoas: sino: bem, ngon.
Bater porta: toc, ko. Cão: au, u. rebentamento: bumm, mbumm.
só um número relativamente pequeno é usado distintivamente em cada
língua.

Fonema são os sons mínimos que constituem a palavra. Temos como


exemplo a palavra pato. Ela é constituída por quatro sons mínimos ou
fonemas. Comparemo-la com outras duas palavras: gato e rato.

Portanto, nestas três palavras que se diferenciam em uma e único


fonema (P na primeira; G na segunda e R na terceira), leva-nos afirmar que
letras: P, G e R são fonemas. Porque nos permitem dar origem a outras palavras
com significados completamente diferentes em cada palavra acima
referenciadas (pato, gato e rato).

Na escrita, os fonemas (sons) são representados por um código gráfico


a que se dá o nome de grafemas ou letras.

O conjunto dos sons constitui o alfabeto fonético: [a], [a], [b],[s],[k],[e]

O conjunto das letras constitui o alfabeto escrito: a, b, c, d, e, …

Mas nem todos os sons produzidos pela voz humana são fonemas,
porque nem todos são usados para formarmos palavras. Por exemplo, o som
th da língua inglesa Thanks é fonema em ingles mas não é fonema nenhum
em português, porque esse som não faz parte da nossa pronúncia de palavras
portuguesas. Assim como a fonema tch que é usado na língua cokwe
(Tchokwe) que na língua Kikongo não existe.

Para que as pessoas produzem os sons da fala, é preciso que ocorre um


processo no aparelho fonador. O aparelho fonador é o responsável dos sons
produzidos pelos humanos.

O ar que sai pelos pulmões passa pelos brônquios e penetra na


tranqueia e depois na laringe. Nas paredes superiores desta encontram-se
duas pregas musculares que constituem uma abertura: são as cordas vocais,
que podem vibrar à passagem do ar. Segue-se a faringe, a boca e, como
alternativa a esta, a cavidade nasal.

Na boca ou cavidade bucal são muito importantes para a fala: a


língua, os dentes, os lábios, os alvéolos e o véu palatino.

Os sons emitidos por um falante são captados pelo ouvido das outras
pessoas e através do sistema nervoso transmitidos ao cérebro, que os
descodifica. Ao aparelho recetor dos sons chama-se aparelho auditivo.

O alfabeto português é constituído por vinte e seis letras ou fonemas: A,


B, C, D, E, F, G, H, I, J, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, U, V, W, Y, X, Z.

As letras quando a forma de representação são maiúsculas e


minúsculas e quando ao tipo de classificação são Manuscritos e imprensa.

Elas classificam-se: Vogais e consoantes.

4.2. ESTUDO DE VOGAIS E DITONGOS

As vogais (ou sons vocálicos) são produzidos por uma simples emissão
de voz, não havendo na cavidade bucal nenhum obstáculo à passagem do
ar (ao contrário do que acontece com as consoantes). Para pronunciar as
vogais dá-se a vibração das cordas vogais, e por isso todas as vogais são
sonoras.

As vogais, que representam por cinco letras - a, é, i, o, u -, são na


realidade mais do que cinco, porque, não nos esqueçamos, as letras ou
grafemas são apenas a representação escrita dos sons ou fonemas e cada
letra pode representar mais do que um som ou fonema. Por exemplo, a letra
O na palavra Mónica (=Ó), Diogo (=Ô), Bento (=U).
Por outro lado, também acontece o mesmo som pode ser representado
por várias letras: Saco; massa; calças; ciúme, etc. Vê-se que são palavras
representadas com o som do S.

Portanto, concluímos que, para se escrever bem, é indispensável


conhecer muito bem as regras de ortografia.

CLASSIFICAÇÃO DAS VOGAIS - As vogais - a, é, i, o, u - podem ser


classificados:

Quanto a forma: orais (adorável, bonita, muro) e nasais (manhã, jardim,


som, triunfo).

São chamados vogais orais quando o som sai apenas pela boca.
Exemplo: sala, mola, giro, lupa.

E são chamados nasais pelo fato do som sair pela boca e pelo nariz.
Exemplo: amparo, lã, dente, sinto, assunto.

As vogais nasais são marcadas na escrita por til (~), ou são seguidas de
M ou N, dentro da mesma sílaba.

Quanto ao libre: abertas (chá, café, móvel, ou nova); médias (câmara,


plano, avô ou flor); fechadas (Sílaba, número, tudo).

Quanto à zoa de articulação (a região da boca onde são produzidas):


Anteriores ou palatais (é, ê, i); Médias ou centrais (á, â); posteriores ou velares
(ó, ô, u).

Relação entre timbre e a articulação das vogais:

Relação Anteriores Médias Ou Posteriores


Ou palatais centrais Ou velares
Aberta É Á Ó
Médio Ê Â Ô
Fechado I U
Entre as vogais encontram-se: I e U que ocupam a função de
semivogais. Isto é, quando se encontra com uma outra vogal. Ex: Pai, pau, etc.

Ditongo é um grupo constituído por vogal + semivogal ou semivogal +


vogal pronunciadas numa mesma emissão de voz. As vogais I e U funcionam
como vogais em palavras como: Mito, fumo, país, saúde…

Funciona como semivogais quando a sua pronúncia se encontra já a


meio. Caminho entre vogal e consoante, assim acontecendo em palavras
como: pai, saia, aula, suave, etc.

Quando a sua classificação, os ditongos são como as vogais, são


classificados em: orais e nasais.

Ditongos orais: ai, au: baixo, carapau. Ei, éi, eu, éu: leigo, papéis, Neusa,
chapeu. Iu: sorriu. Oi, ói, ou: boi, jibóia, amou.

Ditongos nasais: ãe: mãe, mãezinha. Ãi: caibras. Em: bem, tem. Ão:
irmão tinham. Õe: supõe anões. Ui muito e mui.

Quando o vogal encontra-se em primeiro e a semivogal em segundo


chama-se ditongo decrescente: baixo, Romeu, mãe, bem, etc.

Quando o vogal encontra-se em segundo lugar e a semivogal em


primeiro chama-se ditongo crescente: resíduo, língua, génio, série, etc.

4.3. ESTUDO DE CONSOANTES

As consoantes são: b, c, d, f, g, h, j, k, l, m, n, p, q, r, s, t, v, w, y, x, z.

As consoantes ou sons consonânticos, diferente das vogais, ao


pronunciá-las existe sempre um obstáculo que interrompe, em parte ou
totalmente, a passagem do ar; se essa interrupção é total, provocando uma
oclusão (=fechamento), resultam as consoantes oclusivas ou momentâneas;
se é apenas parcial, permitindo que continue uma passagem parcial do ar,
resultam as consoantes constritivas ou continuas (constrição =aberto)

Oclusivas: p, t, g, nh. (pata, ganho); Constritivas: f, z, r, l (fazer, rola). Nas


constritivas ainda se pode subdividir em: fricativas - quando o som resulta de
uma fricção: vila, hoje, xadrez. Laterais - quando resulta da passagem do ar
pelos lados da cavidade bucal: Lado, mulher. Vibrantes – quando os sons
resultam da vibração da língua ou do véu palatino: roda, carro, amora).

Quanto ao modo de articulação: Lábias (bilabiais) (pá, belo, vila, mofo);


dentais (labiodentais) (faca, vaca); Linguadentais (cinco, zinco, tardo, dardo)
alvéolares (não, anular); palatais (cacho, xadrez, linha, julho), velares13 ou véu
palatino (que, cada, galo, ralo).

Quanto à zona de articulação- as consoantes serão:

1. Consoantes [+ anteriores] formadas nas zona anterior da cavidade


bucal: [ p], [b], [f], [v], [m ], [t ], [ d], [s], [z], [n], [l] [ r] [ r].

2. Consoantes [- anterior], formada na zona posterior da cavidade


bucal: [∫], [z], [y], [R].

3. Consoantes [+ coronais], formadas com a intervenção da “cora”, ou


seja do dorso (pré-dorso, médio-dordo) da língua: [ t], [d], [s],[z], [∫], [z],[n] [l]
[y], [r].

4. Consoantes [- coronais], formadas sem a intervenção do dorso da


língua [ p], [b ], [m ], [f ], [v ], [k ], [g ], [g ].

Quando à vibração (papel) das cordas vocais – pronunciam-se as


consoantes Sonoras [+sonora] as consoantes: [b], [d], [g], [v], [z], [F], [l], [ ], [ r],
[R], [m], [ n], [ŋ]; quando não vibram, são Surdas [-sonora] as consoantes: [p]
[t] [k] [f] [s] [∫]

13 Velar quer dizer que o som resulta do contacto posterior da língua com o véu palatino.
Quando à cavidade (papel) bucal e nasal – ao mesmo que acontece
com as vogas, as consoantes podem ser também orais e nasais. Nas orais, o
ar expirado passa apenas pela boca; nas nasais, passa também pela
cavidade nasal, porque se encontra baixado o véu palatino: Orais (bota,
chacal); Nasal (menino, amanhecer).

4.3. ESTUDO DA SILABA E PALAVRA

A nossa pronúncia efetua-se por fonema ou conjunto de fonemas.


Exemplo, a palavra Angola é uma palavra de língua portuguesa formada por
seis letras ou fonemas pronunciados em três conjuntos – An-go-la – e não
apenas numa e única emissão de voz.

A sílaba é um fonema ou conjunto de fonemas pronunciados numa só


emissão de voz.

A silaba pode ser constituída por uma vogal, um ditongo, ou consoantes


apoiadas em vogal ou ditongo. Mas, as consoantes sozinhas, isto é, sem vogal,
não formam sílaba. Alguns exemplos de silabas: An-go-la; cons-tan-ti-no; ca-
iu; pé, sim, fé, é.

As silabas por si só pode ou não formar palavras. E chama-se palavra a


fonema ou grupo de fonemas que possuem um determinado sentido ou
significado aos utentes de uma língua.

Em qualquer língua, as palavras têm um número variável de silabas.


Nesta realidade, é possível que uma palavra ter uma única sílaba constituída
por um único fonema ou letra. Por exemplo a palavra - É – que é a forma do
verbo ser na terceira pessoa do singular.

As palavras podem ser classificas consoante o número de sílabas. Onde


as palavras podem apresentar uma ou mais sílabas. Consoante a esta
realidade, as palavras quanto ao número de silabas, podem ser:
1. Monossílabos (ou palavras monossilábicas) – palavras que só têm uma
sílaba: mas, pai, é, sol.

2. Dissílabos (ou palavras dissilábicas) - palavras que têm duas sílabas:


alma, duas, roda, água.

3. Trissílabas (ou palavras trissilábicas) – palavras que têm três sílabas:


agora, caneta, sapato.

4. Polissílabos (ou palavras polissilábicas) – palavras que têm mais de três


sílabas: finalmente, infelizmente, indispensável, matemática, gramática.

4.4. ACENTOS GRÁFICOS E REGRAS DE ACENTUAÇÃO

As palavras têm uma sílaba que se pronuncia com maior intensidade.


Por exemplo, na palavra – caderno a silaba negrito é a silaba que se chama
de sílaba tónica, porque nela recai o acento tónico da palavra; as outras
sílabas são átonas (neste exemplo: ca e no).

 CLASSIFICAÇÃO DAS PALAVRAS QUANTO À POSIÇÃO DA SÍLABA TÓNICA

Quanto a posição da sílaba tónica, as palavras podem:

1. Agudas (ou oxítonas) – quando o acento tónico está na última sílaba


da palavra: chapéu, papel, dançar, sofá.
2. Graves (ou paroxítonas) – quando o acento tónico está na penúltima
sílaba da palavra: Caderno, lavra, amorosa, praça, vidro.
3. Esdruxulas (ou proparoxítonas) – quando o acento tónico está na
antepenúltima sílaba da palavra: sílaba, último, tónica, cândido, etc.

Nota: Na língua portuguesa, o acento está sempre numa das três últimas
sílabas, nunca recua mais. Também não se deve esquecer que, todas as
palavras esdruxulas têm acento gráfico: gramática, lâmpada.

 CLASSIFICAÇÃO DAS PALAVRAS QUANTO OS ACENTOS GRÁFICOS


Vejamos as palavras seguintes: caderno, mala, caneta, cândido, avô, José,
etc.

Nessas palavras, vê-se que nem todas as palavras têm acento gráfico. Quer
dizer existe palavras que tem acento gráfico e outras não, mas isso não quer
dizer que não tenham acento tónico.

Na língua portuguesa, existe três acentos gráficos: (´) agudo; (`) graves; (^)
circunflexos.

1. Acento agudo (´) – assinala a sílaba tónica; indica que a vogal é aberta
(á, é, ó): pátria, café, difícil, fóssil, útil.
2. Acento grave (`) – assinala a sílaba tónica; marca uma vogal aberta
resultante de uma contração da preposição a com um determinante
ou um pronome - À (a +a), àquele (a + aquele), àquilo (a + aquilo).
3. Acento circunflexo (^) – assinala a sílaba tónica; indica que a vogal é
fechada (â, ê, ô): âmbar, português, estômago.

O til (~) – pode desempenhar a função de acento, no caso de não


haver outro na palavra. Sertã, anã, quartelão, coração.

Nota: A presença do acento numa palavra pode, por vezes, alterar o


seu sentido e até o sentido da frase em que se insere.

Ex: Bateu a porta (=empurrou a porta para a fechar) VS. Bateu à porta
(= chamou). Chegou a noite (=anoitecer) VS Chegou à noite (=chegou de
noite).

Cedilha (‚) – coloca-se por baixo da consoante C quando está antes de


A, O ou U e tem o som equivalente a SS: açúcar, caça, caroço.

Nunca se coloca antes de E ou I (acertar, recinto), e também nunca se


encontra em início de palavra.

Apostrofo (’)- usa-se para indicar a supressão de fonemas nos versos,


geralmente uma vogal (emprego não obrigatório): esp´rança, d´óro.
Reproduzir a linguagem coloquial ou popular: ´ta fixe (está fixe) tó presente
(estou presente).

Hifen (-) – usa-se para indicar que uma palavra se parte no fim de uma
linha e continua a escrever-se na seguinte (translineação); ligar duas ou
palavras que passam a constituir uma única, formando uma palavra
composta: luso-angolano; couve-flor. Ligar os pronomes átonos que vem a
seguir ao verbo ou no meio (pronomes enclíticos: disse-me, dir-lhe-ei. Fazer
separação de certos sufixos e radicais quando o segundo vocábulo começar
por vogal ou determinadas consoantes, nomeadamente H, R ou S: pré-
pagamento, anti-higiénico, super-homem, anti- ibérico, etc.

4.5. O EMPREGO DAS ENCLÍTICAS

Há palavras que não tem acentuação própria e por isso se subordinam


ao acento tónico de outras palavras. São as palavras enclíticas, que se
dividem em:

Proclíticas (=que estão antes) – as que se subordinam ao acento de


uma palavra que vem a seguir: um filho que lhe dá alegria é aquele que nos
apresentou. As palavras negritas subordinam-se dos acentos das palavras:
filho, dá e apresentou.

Apoclíticas (= que estão depois) – as que se subordinam ao acento de


uma palavra que está antes. Contaram-lhes a história e sentiram-se felizes. As
palavras negritas subordinam-se dos acentos das palavras que lhes
antecedem: contaram e sentiram.

UNIDADE#: V- ESCRITA E ORTOGRAFIA


5.1. BREVES CONSIDERAÇÕES

Ao se falar do estudo das letras do alfabeto ao nível superior, pode


aparecer baixaria para alguns, ou seja, desqualificação de quem está na
Universidade e que pretende aprender mais coisas novas e de nova forma.
Portanto, é possível e é livre que se pense assim, mas nunca nos devemos
esquecer que, o nosso propósito neste curso é formar futuros professores para
o ensino primário.

Pelo que se sabe do ensino primário, vale lembrar que, para ensinar a
escrever corretamente os alunos, é necessário que saiba escrever correto. E,
para se obedecer as regras, é necessário que as conheçamos bem. Escrever
correto consiste em representar graficamente as palavras com base os
procedimentos estabelecidas pela língua em causa. Do mesmo modo, para
se utilizar corretamente uma língua é necessário que se apresenta os sinais
(símbolos) de forma adequada e correta.

Por exemplo, não é certo nem adequado quando um professor usa as


letras manuscritas com da impressa na mesma palavra, texto ou frase. Assim
como as letras maiúsculas no meio de palavras, minúsculas nos substantivos
próprios e/ou na mesma palavra maiúscula e minúscula no princípio e no meio
da mesma palavra ou frase.

5.2. AS LETRAS DO ALFABETO E O SEU USO

As letras do alfabeto ou grafemas constituem o alfabeto, também


chamado do abecedário ou abc. (alfabeto: do grego α =alfa; + β =beta, que
são as duas primeiras letras do alfabeto grego).

O alfabeto é representado se não é por letras maiúsculas é pelas minúsculas.

A representação as letras frase podem ocorrer em uso de sinas auxiliares


da escrita: acentos gráficos (agudo, grave e circunflexo), por til, cedilha,
apóstrofo e hifen.
Para representar uns sons, algumas vezes, recorre-se em dígrafos (duas
letras que representam um único fonema: machado, carro, toalha, guiar,
segue, pessoa, querer, quinta, rainha.

Quanto ao emprego das vogais e das consoantes, acontece que duas


palavras pronunciarem-se da mesma maneira e terem grafia e significado
diferente: peão/pião; conselho/concelho; censo/ senso (palavras
homófonas).

Por outro, há letras como o H não representa propriamente nenhum


som. Só se lhe atribui valor fonético quando faz parte dos grupos ou dígrafos:
chapa, ilha e linha, etc.

No caso G e do J antes de E ou I: viagem (nome) e viajem (verbo viajar


na 3ª pessoa do plural). Assim como no uso Z14 e S15; no uso de S, SS, C, Ç:
princesa/natureza; censo/acesso; processo/cansaço; hortênsia/ paciência,
etc.

O caso do X16 que apresenta cinco valores fónicos diferentes, conforme


as circunstancias: Valor de CH: xadrez, xarope. Valor de SS: Auxiliar máximo.
Valor de Z: exame, exercício. Valor de CS: fixo, anexo. Valor de S: contexto.

Acreditamos que, tendo em conta a natureza dinâmica da linguística e


em junção com a imperfeição humana, compreendemos que não é fácil
escrever sem erros. A ortografia é uma convecção onde, muitas vezes, somos
convidados a recorremos a etimologia que convém e outras vezes, a
etimologia da palavra não corresponde com a norma, ou seja, ainda não é
aceite no contexto sociocultural em que nos encontramos.

Portanto, quando a escrita correta, se tiverdes uma dúvida sobre a


escrita de palavra, deves recorrer a um dicionário ou prontuário para te

14 Tem a ver com a origem. Usa-se Z os nomes formados com os sufixos EZ e EZA: acidez, natureza. Os sufixos aumentativos
e diminutivos: fezada; paizinho. O sufixo verbal Izar: civilizar e fertilizar. Sufixos de ação ou resultados: aprendiz; embaixatriz. As
palavras derivadas de outras que já existem a letra z: paz –apaziguar; civilizar – civilização incivilizado.
15
Escrevem-se com S: os sufixos OSO/OSA: amoroso, chuvosa. Os sufixos feminino: poetisa/profetisa. As terminações Ês/ESA
português marquesa. As palavras terminadas em: ase, esse, ise, ose e derivadas: crase, frase analise, virose.
16
Tem valor de CH: no início de palavras. Z no prefixo EXO, ou em EX seguido de vogal. S: no final de sílaba.
esclarecer. Por isso que dizemos que a leitura é o melhor remédio do erro
ortográfico. Isto é, caso não seja o único.

5.3. DIVISÃO DA SILABA E TRANSLINEAÇÃO

A divisão silábica e a translineação fazem-se de acordo com a


soletração da palavra, sílaba por sílaba, não atendendo a origem etimológica
da palavra. Há, contudo, vários preceitos particulares que devem ser
compridos, quando é necessário dividir uma palavra, em fim de linha, me
diante o emprego do hífen.

Regra geral:

A divisão das palavras de uma linha para outra, translineação, faz-se de


acordo com a soletração e não pela separação dos elementos que as
compõem. Exemplos es-/tra-/ da; mu-/dar; dis-/cur-/so.

Atenção a palavras como. Exemplo: de-/sa-/tar (que deriva “des-


atar”). -Su-/bem-/pre-/go (de “sub-emprego”).

REGRAS PARTICULARES

 Consoante inicial: a consoante inicial da palavra nunca se separa


sozinha a formar sílaba, mesmo que esteja seguida de outra consoante.
Exemplo: Cro-/matica; gno-/siologia; mne-/mónica; Plu-/tónico; psi-
/cologia; tme-/se.

Mas, no interior das palavras, há grupos de consoantes que podem


separar-se: Ex: indem-/nizar; amig-/dala; coloap-/so.

 Sequências indivisíveis: Há sequências de consoantes que a pronúncia


torna indivisíveis, mesmo quando se encontram no interior das palavras;
essas sequências são formadas por uma consoante oclusiva (p, b,d, t, c,
g) ou fricativa (f, v) seguida por L ou R. (cl, cr, tl, tr, pl, gr, gl, dl, dr, bl, br,
fl, fr, vl, vr) Exemplos: Á-/fri-/ca; in-/fla-/ção; ne-/vro-/se; a-/glu-/ti-/na; re-
/gra-/do; cí-/cli-/co; de-/cre-/to.

 Sequência ch, Lh, e nh: não podem separar-se as letras destas


sequências, pois não dígrafos e representam um único som: Exemplos:
ma-/cho; ar-/ chote; mu-/lher; coa-/lhado; cami-/nho; mesi-/nha.

 Consoantes iguais: as sequências formadas por duas consoantes iguais


(cc, cç, mm, nn, rr, ss ) separam-se sempre: Exemplos: fric-/cionar;
convic-/ção; comum-/mente; com-/nosco; ser-/ra; fos-/sa;

 Sequência sc: esta sequência divide-se na mudança de linha, ficando


o S numa sílaba e o C na seguinte. Exemplos: as-/cender; flores-/cente;
nas-/cimento; cabis-/baixo; subs-/tância; res-/ma; cons-/truir; pers-
/petiva; sols-/tício.

 O S e o X de prefixos: o S dos prefixos bis, cis, des, dis, tras, trans, tres tris
e o x do prefixo ou do grupo ex não se separam quando a sílaba
seguinte começa por consoante; mas se começar por vogal separam-
se, uma vez que passam a formar sílaba com essa vogal. Exemplos: bis-
/ naga; cis-/ma; des-/bloquear; trans-/porte; ex-/comungar; bi-/sel; ci-
/salha; de-/solado; tran-/satlantico; e-/xalar.

 Ditongos: as vogais que forma ditongo (ai-/… au-/… eu-/…ei-/…oi-


/…ou-/… etc.) nunca se separam. Exemplos: arcai-/co; incau-/to;
hermeneu-/ta; fei-/to; discoi-/to; sou-/to.

Mas as vogais que não formam ditongo e os ditongos consecutivos


podem separar-se:

Não ditongos: (a-/i; a-/u; e-/e; i-/a; i-/e; i-/o; o-/o…).

Exemplos: ca-/ir; sa-/úde; re-/encontro; contagi-/ar; ali-/enar; perí-/odo; co-


/operar.

Ditongos seguidos (ai-/ai…;ai-/ei…): Ex:cai-/ais; encai-/eis.

 Os diagramas gu e qu: estes diagramas nunca se separam da vogal ou


ditongo que vem a seguir quer o U seja pronunciado ou não. Exemplos
averi-/guês; lin-/guis-/ta; averi-/gue-/mos; mei-/gui-/ce; delin-/guiu; se-
/quês-/tro; delin-/quen-/te; quais-/quer.
 Grupo de mais de duas consoantes: se duas consoantes (pl, bl, tl, dl, cl,
gl, fl, vl, pr, br, tr, dr, cr, gr, fr, vr.), são indivisíveis ligam-se só estas a sílabas
seguintes. Exemplos: ex-/planar; con-/ tracção; ân-gulo; dia-/cronia; ins-
/crito.

Se o grupo de consoantes for divisível, (consoante + consoante-


/consoante) apenas uma consoante se liga a sílaba seguinte: Ex: Obs-/tar; tols-
/toiano; pers-/petva; cons-/tituição; trans-/motano; ins-/peção.

 Repetição do hífen: se a palavra for composta ou for uma forma verbal


seguida de pronome átono em que haja hífen, e se a partição no final
da linha coincidir com o final de um dos elementos ou membros, deve-
se, por clareza gráfica, repetir o hífen no início da linha seguinte: Ex:
Surdo-/ -mudo; além-/ -fronteiras; ex-/ -presidente; constou-/ - lhe; los-/-
emos.

5.4. EMPREGO DE LETRAS MAIÚSCULAS

A letra maiúscula corresponde à configuração gráfica que cada letra


do alfabeto pode assumir, por oposição à letra minúscula. Ex: ABC

Usa-se a maiúscula inicial de palavra nos seguintes casos:

1. No começo das frases:

Se a sua caminhada aparece cheio de sucessos é porque você valoriza a sua


mente, educas o seu corpo e cuidas da sua saúde. Mas isto não bastaria se
não confiasses em um só Deus e um grande amigo.

2. Nos nomes de pessoas (= antropónimos) e cognomes: Luís de Camões.


D. Afonso Teca, o Bispo. Neste caso, as partículas de ligação (“de” e
“o”), escrevem-se com minúscula.

3. Nos nomes de povos, etnias, tribos, etc. (= nomes étnicos): Portugueses,


Angolanos, Americanos, Negros, Índios, Kizinga, Kimayala, etc.
Mas essas palavras são usadas com minúscula, quando em sentido comum:
Os navegadores portugueses chegaram em Angola em 1984. E os angolanos
se lembram desta data.

4. Nos nomes mitológicos e astronómicos:

Ex. Júpiter, Afrodite, Hércules, Os Titãs

Sol, Lua, Via Láctea, Ursa Maior

5. Nos nomes próprios de animais e coisas:

Rocinante (cavalo de D. Quixote), Caaba (pedra sagrada muçulmana).

6. Nos nomes geográficos (= topónimos) e de vias públicas:

África, Itália, Angola, Bairro Candombe, Avenida Cdte Bula.

Mas escrevem-se com minúscula:

a) Os nomes dos acidentes geográficos que os acompanham: o rio Tejo, a


serra da Leba; etc.

b) Os nomes próprios que, em palavras compostas, passam a nomes


comuns: castanheira-de-índia, água- de- colónia.

7. Nos nomes de pontos cardeais e colaterais quando designam regiões:


O Leste europeu está a passar por grandes transformações.

O Nordeste brasileiro debate-se com as secas.

Mas quando expressam simplesmente direcções ou limites geográficos,


escrevem-se com minúscula: Portugal está limitado a norte e a leste pela
Espanha.

8. Nos nomes de épocas, festas e dias sagrados:


Idade Média, Páscoa, Carnaval, Natal. Mas excetuam-se os nomes dos dias
da semana: domingo, segunda-feira, etc. Quando às estações do ano
admite-se atualmente seguir a norma internacional e escrevê-las também
com minúscula; de qualquer forma, devem escrever-se com minúscula
quando são usadas em sentido corrente: Hoje esteve um autêntico dia de
verão.

9. Nos nomes de acontecimentos importantes:

Hoje 11 de 11 é dia da Independência Nacional; Segunda Guerra Mundial;


Acordos de Lusaca.

10. Nos atributos de pessoas a que se quer dar grande destaque:


Confiamos a Ele (Ele referindo-se a Deus), o Mestre (Jesus Cristo), etc.

11. Nos altos conceitos ou valores quando postos em destaque: a Pátria, o


Estado, a Justiça, a Liberdade.

12. Nos nomes de artes e ciências quando designam disciplinas escolares:


Ele frequenta o curso de Medicina.

A minha professora de História fez uma longa viagem.

13. Nos nomes que designam instituições, como estabelecimentos de


ensino, altas magistraturas, repartições públicas, museus, clubes
desportivos, etc.

Escola Secundária de Engenheiro José Eduardo dos Santos. Supremo


Tribunal de Justiça.

Museu Nacional das Forças Armadas em Angola.

14. Nos títulos de livros, jornais, revistas e obras artísticas, como escultura e
pintura. Esses títulos, para maior clareza, são escritos em itálico ou então
entre aspas ou sublinhados: Os Lusíadas, de Luís de Camões. A Alma e
a Arma do Crime. Páginas de Vida.
15. Nos nomes (abreviados ou não), adjetivos e pronomes em que existe
um grande tratamento de respeito: Presidente da República, Ministro de
Educação, V. Exa. Ou Vossa Excelência. UNESCO, UNICEF, TAAG, TAP.

Em abreviaturas dirigidas a pessoas: V. Exa., Sr. Dra.

Em siglas: TPA, CPLP, DTS, RTP.

Em Símbolos e fórmulas: Au (ouro); kW (kilowatt); H2O (água).

Em acrónimos: USA, IMA, PALOP, OMA.

5.5. SINAIS DE PONTUAÇÃO E SUAS FORMAS DE UTITLIZAÇÃO

Na escrita usam-se os sinais de pontuação, que são muito importantes


para se perceber bem o que queremos dizer. A falta de um ponto final, ou até
de uma virgula pode ser o bastante para outras pessoas terem dificuldades
em compreender o que escrevemos.

As frases com que nos expressamos na escrita pode ser grandes ou


curtas, mas uma coisa é certo: a frase curta é mais fácil de perceber. Por isso,
é preferível a evitarmos as frases muito longas.

Alguns sinais de pontuação indicam sobre tudo as pausas: estão neste


caso a vírgula, o ponto e vírgula e o ponto final. Outros sinais de pontuação
associam-se mais a atuação da própria frase: os dois pontos, o travessão, o
ponto de interrogação, o ponto de exclamação, as reticencias e os
parênteses.

 Ponto final (.) - o ponto final indica uma pausa maior. Emprega-se no
final das frases: Angola é um país grande e belo. Faz parte do
continente africano.
O ponto emprega-se também nas abreviaturas, chamando-se, neste
caso, ponto de abreviatura: Sr. Abreviatura de Senhor; Dr. Abreviatura de
Doutor.

 Vírgula (,) A vírgula indica a pausa mais pequena da pontuação.


Encontra-se no interior da frase, para separar orações ou os elementos
que as constituem:

1.Usa-se para separar o vocativo. Exemplo: - Ó Avó, como é o mar


longe? - Como tu queres que seja, rapariga!

2. Usa-se para separar o aposto. Exemplos:- É esse doce rabi, esperança


dos tristes, onde se encontrava?

3. Usa-se também nas enumerações de palavras ou expressões que


desempenham a mesma função na frase, quando não estão ligadas pelas
conjunções e, nem ou: Exemplos: A beleza, o espírito, a graça, os dotes da
alma geram admiração.

4. Costuma usar-se antes da conjunção adversativa mas, e a separar as


conjunções adversativas porém, todavia, contudo. Exemplos: -Contamos
tudo, mas o policial não acreditou. Todos sabem, porém, que não há carreiras
fáceis.

Nota: no entanto, quando a adversativa fizer parte de um bloco de frase


de que não se quer quebrar a sequência, não se usará a vírgula: Ninguém
tinha visto, porém todos sabiam que era verdade.

5. Usa-se a separar as orações assindéticas, isto é, as que não têm


expressa uma conjunção de ligação. Exemplo: -As árvores nascem, crescem,
floriam, morrem finalmente.

6. Usa-se, muitas vezes, para separar a oração subordinada que está


antes da subordinante, para tornar a frase mais clara: -Quando a cabeça não
regula, o corpo é que paga.
 Do mesmo modo, também é muitas vezes aconselhável separar por
vírgula os complementos circunstanciais, quando aparecem antes do
sujeito: Ex.: - Dias depois, a esposa perdoou-lhe.

7. Usa-se a separar as orações ou partes de oração quando estão


intercaladas noutra oração. Exemplo: O professor, quando entrou na sala,
explicou toda a matéria.

Na Universidade, como todos sabemos, exige muita dedicação.

8. Usa-se a separar as orações gerundivas e participiais, ou expressões


equivalentes, quando iniciam a frase:

- Ausentando todos os dias, ele notou a minha ausência na sala de


aulas.

- Distraído com a tarefa, não reparei que me distanciava dos outros.

9.Usa-se para separar as orações relativas explicativas, porque elas são


necessárias para a compreensão da frase: Exemplos: O carro, que eu
comprei, tem cor vermelha.

- As salas, que vimos hoje, estavam muito cheias com alunos.

10. Costuma usar-se para separar determinadas palavras e expressões


explicativas ou conclusivas – isto é, ou seja, na verdade, com efeito, sem
dúvida, etc.

Exemplos: Fui lá para explicar-lhe a minha intenção, isto é, que não


voltaria acontecer.

-Educadamente, pediram-lhe que fizesse o favor de repetir.

11. Usa-se a separar os advérbios sim e não, quando estão


independentes na frase: Exemplos: -O necessário, sim, o necessário é que o
futuro os habite, (…).
12. Não se usa a vírgula a separar o sujeito e o predicado. Exemplos: O
Martins foi o melhor aluno classificado. (e não: O Martins, foi o melhor aluno
classificado).

Também não se usa a separar o verbo e o complemento direto.


Exemplos: O presidente entregou as medalhas aos vencedores, que estavam
muito contentes. (e não: O presidente, entregou as medalhas aos vencedores,
que estavam muito contentes).

 Ponto e vírgula (;)

O ponto e vírgula assinalam uma pausa maior do que a da vírgula, mais


menor do que a do ponto final.

1. Usa-se a separar orações coordenadas ou subordinadas em longas


enumerações que já contem dentro de si várias vírgulas:

A manhã corria incolor nas coisas da casa e no Céu; o vento, sobre a


madrugada, descaíra um pouco ao sul; e o mar, levemente enrugado contra
os moradores da costa, seguia largo e acinzentado ao norte do canal.

2. Usa-se em textos de direito, de política e de negócios, para assinalar


enumerações. Cada línea abre um parágrafo e começa com letra
maiúscula:

1- Os jovens gozam de proteção especial para efetivação dos seus


direitos económicos, sociais e culturais, nomeadamente:

a) No ensino, na formação profissional e na cultura;

b) No acesso ao 1º emprego, no trabalho e na segurança social;

c) No acesso a habitação;

d) Na educação física e no desporto;

 Dois Pontos ( : )
Emprega-se para introduzir as falas do discurso direto:
José Dias levantou os olhos do chão. Tossiu, e encorajou-se: -Então o Sr.
Dr. Paiva saiu, não? - Ele pede desculpa, mas vem já.

Os dois pontos empregam-se também para indicar citações de outros


textos ou palavras que foram ditas:

A rádio dizia: «o presidente dos estudantes respondeu negativamente o


apelo que lhe foi enviado pelos candidatos».

3. Também podem apresentar enumerações:

Os animais domésticos que conheço são: Cão, porco, gato, galinha,


pato, Cabrito, etc.

4. Também podem introduzir a explicação, a causa, a consequência, etc.,


chegando mesmo a seguir os gestos ou pensamentos das personagens
ou do narrador: Aquela beleza era como fogo: longe não se via, perto
queimava.
 Ponto de interrogação ( ? )

1. Usa-se nas perguntas e nas interrogações directas: -O professor veio.


Ou já não virá?

- Que me importam a mim os faltosos?

-Nem a ela entendeu? E deixa lá os faltosos?

 Ponto de exclamação (!)

Emprega-se no final das frases ou expressões exclamativas. Pode


exprimir variados sentimentos, como admiração, entusiasmo, surpresa,
incitamento, ironia, dúvida, dor: - Ao menos vê lá se me escreves mais…

- Mais!... este ano escrevi-lhe pelo menos 4 cartas! E olhe que não
escrevo a mais ninguém!

 Ponto de interrogação e exclamação (?!)


Indica que existe, ao mesmo tempo, interrogação e exclamação.
Costuma aparecer no diálogo, conjuntamente com mais interrogações ou
exclamações:

- Esta gente que faz? – Perguntou a um companheiro já madura no


ofício. - Contra bando. - Contra bando?! Todos?! E as terras, a agricultura?

 Travessão (_ )

Emprega-se no discurso directo, para introduzir as falas e para separá-


las das palavras do discurso indirecto que intercalam: Joaquina disse fora da
porta: - A Deus, a deus – disse Teresa, sobressaltada. – Tome lá esta lembrança
como prova da minha gratidão.

Emprega-se também para separar determinada oração, expressão ou


palavra que se quer colocar em destaque ou em parte: Depois, no sábado
seguinte, Carlos ao voltar do jantar com amigos – que fora excelente – contou-
lhe a conversa que tivera com o organizador.

 Reticências (…)

Indicam que algo ficou por dizer e assim, o leitor ou ouvinte imaginarão
o resto. Podem significar hesitação, dúvida, amargura, ironia ou outros
sentimentos.

A tia Suzana perguntou: - Mas, vais ficar por lá?

-Ó mãe… Vou ficar por um tempo… Habituei-me aquilo, aquela terra,


aquela gente, aqueles horizontes… Eu acho que já não sou capaz de viver
aqui…

 Parênteses curvos ( ( ) )

-Servem para isolar um elemento da frase ou ate a própria frase: O Rica


convidou um amigo (de infância) para um almoço. De regresso a casa
deparou-se com uma lagartixa (ou coisa parecida) que a perseguia.
 Parênteses rectos

Servem para indicar a supressão num texto. Geralmente faz-se essa


supressão para tornar a citação mais curta e objectiva, eliminando algo de
secundário que, pelo menos naquele momento, não tem importância: Angola
um país grande e pelo faz parte do continente africano […].

 Aspas ou Comas ( « »)

Colocam-se no princípio e no fim de frases ou palavras que são citação


de outros contextos.

Diz a bíblia: «Não comerás no local onde se cometeu um crime de


morte»

Servem para colocar palavras ou expressões em destaque. (O itálico e


o negro também podem desempenhar essa função).

Era-me preciso, de qualquer modo, que alguém ao menos «soubesse»,


e acreditasse, para eu também acreditar no que estava esboçando.

3. As aspas também podem aparecer no discurso indirecto livre, pondo


em destaque as palavras que foram ditas pela personagem.

Chegou quase a pedir desculpa, limpando com a manga branca as


gotas das lagrimas. - «Mas tinha perdido a cabeça, que lhe queriam?».

 Itálico - O itálico é uma espécie de letra inclinada e aparece em certo


modo associado aos sinais de pontuação.
1. Costuma usar-se para assinalar as palavras estrangeiras.

-As duas começaram a andar em torno de um círculo imaginário, como


faziam os velhos cowboys do Oeste antes do duelo.

2. Usa-se para assinalar títulos de obras, como romances, poesia, jornais,


revistas, óperas, nomes de esculturas, pinturas, etc.
A própria re6acção dos bastos, violenta, queimando uma edição do
diário de Ilhéus, vinha prova-lo.

3. Usa-se também, as vezes, para colocar em destaque palavras ou


frases. (O destaque pode ser dado pelas aspas ou pelo negro). -Percebi tudo,
tudo, tudo. Vou pensar muito nisso. Fazer assim: pôr-me bem no centro de mim
e ver-me, sentir-me, bem de dentro para fora, descobrir a pessoa que está em
mim.

 Negro - É também chamado «bold» e negrito.

Usa-se, as vezes, para colocar em destaque palavras ou frases, sobretudo em


livros científicos ou de ensino.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Editorial Verbo, Lisboa.

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Gramática prática de Português. Língua Portuguesa 3ª Ciclo do Ensino básico
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Classes. 1º Edição, Editor INIDE

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