Dinâmica Da População em Moçambique

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Dinâmica da População Em Moçambique

Jacinto Adolfo Ndarissone

Resumo

Este artigo examina a dinâmica populacional de Moçambique desde 1975 e seus impactos nos
sectores de saúde, educação e emprego. Desde então, Moçambique tem enfrentado uma rápida
expansão demográfica, caracterizada por altas taxas de crescimento populacional e uma estrutura
etária jovem. Essa tendência apresenta desafios significativos, especialmente no que diz respeito
ao acesso a serviços básicos.

Os dados revelam que o crescimento populacional acelerado tem sobrecarregado os sistemas de


saúde e educação do país. Por exemplo, o rácio entre habitantes e médicos é alto, com
aproximadamente 18.000 habitantes por médico, indicando escassez de profissionais de saúde.
Além disso, o sector educacional enfrenta dificuldades para atender à crescente população em
idade escolar, como evidenciado pêlo número significativo de crianças fora da escola.

Diante desses desafios, são necessárias intervenções políticas específicas para melhorar o acesso
a serviços básicos. Isso inclui o aumento do número de profissionais de saúde, a melhoria da
infraestrutura de saúde e a expansão da capacidade das escolas. Além disso, é fundamental adoptar
abordagens inclusivas e equitativas que considerem as disparidades regionais e socioeconómicas
na prestação de serviços.

Em conclusão, este estudo destaca a importância de um investimento holístico em saúde, educação


e desenvolvimento económico para enfrentar os desafios demográficos em Moçambique. A
colaboração entre o governo, organizações não governamentais e a comunidade internacional é
essencial para promover o acesso universal a serviços essenciais e garantir um futuro mais próspero
e sustentável para todos os cidadãos moçambicanos.

Palavras-chave: Moçambique, Dinâmica populacional, Saúde pública em Moçambique.


Abstract:

This article examines the population dynamics of Mozambique since 1975 and its impacts on the
health, education, and employment sectors. Since then, Mozambique has faced rapid demographic
expansion, characterized by high population growth rates and a young age structure. This trend
presents significant challenges, especially regarding access to basic services.

Data reveal that rapid population growth has strained the country's health and education systems.
For example, the ratio of inhabitants to doctors is high, with approximately 18,000 inhabitants per
doctor, indicating a shortage of healthcare professionals. Additionally, the education sector
struggles to accommodate the growing school-age population, as evidenced by the significant
number of children out of school.

In the face of these challenges, specific policy interventions are needed to improve access to basic
services. This includes increasing the number of healthcare professionals, improving healthcare
infrastructure, and expanding school capacity. Furthermore, it is crucial to adopt inclusive and
equitable approaches that consider regional and socioeconomic disparities in service provision.

In conclusion, this study highlights the importance of holistic investment in health, education, and
economic development to address demographic challenges in Mozambique. Collaboration
between the government, non-governmental organizations, and the international community is
essential to promote universal access to essential services and ensure a more prosperous and
sustainable future for all Mozambican citizens.

Keywords: Mozambique, Population dynamics, public health in Mozambique.


Introdução

A dinâmica populacional refere-se às mudanças na estrutura e distribuição de uma população ao


longo do tempo. Desde 1975, Moçambique tem vivido uma transformação demográfica histórica,
caracterizada por uma alta taxa de fecundidade e uma contínua diminuição da mortalidade. Esse
crescimento populacional acelerado coloca grandes desafios para o país, aumentando a demanda
por serviços básicos como saúde, educação e emprego, ao mesmo tempo em que dificulta a
disponibilidade de trabalhadores qualificados nesses sectores essenciais.

A rápida urbanização e a migração interna agravam ainda mais esses desafios, criando disparidades
significativas entre áreas urbanas e rurais em termos de acesso a cuidados de saúde e educação.
Moçambique, com uma das taxas de crescimento populacional mais altas da África subsaariana,
enfrenta desafios únicos em termos de saúde pública. A combinação de crescimento populacional
acelerado, migração para áreas urbanas e uma alta carga de doenças infecciosas e crónicas exige
uma análise aprofundada das interacções entre demografia e saúde.

Problematização

Moçambique tem experimentado uma transformação demográfica significativa desde 1975,


caracterizada por altas taxas de fecundidade e uma contínua diminuição da mortalidade. Esse
crescimento populacional acelerado traz consigo uma série de desafios para o país, especialmente
nos sectores de saúde e educação. A rápida urbanização e migração interna agravam ainda mais
esses problemas, criando disparidades regionais no acesso a serviços essenciais.

Embora as doenças infecciosas e um aumento nas doenças crónicas não transmissíveis. A escassez
de profissionais qualificados, a infra-estrutura inadequada e a desigualdade na distribuição de
recursos contribuem para a dificuldade de atender às necessidades crescentes da população. Além
disso, a demanda crescente por serviços de saúde e educação coloca uma pressão adicional sobre
os recursos limitados do país.

Diante desse contexto, surge a necessidade de compreender como a dinâmica populacional


influência a saúde pública em Moçambique e quais estratégias podem ser adoptadas para mitigar
os desafios decorrentes dessas mudanças demográficas. É importante pesquisar as interacções
entre crescimento populacional, migração, urbanização e saúde para desenvolver políticas públicas
eficazes que possam melhorar a qualidade de vida da população moçambicana.

Este estudo se propõe a analisar a literatura existente sobre a dinâmica populacional em


Moçambique e explorar seus impactos na saúde pública, com o objectivo de identificar os
principais desafios e oportunidades, além de discutir possíveis intervenções políticas que consigam
cooperar para o progresso sustentável do país.

Objectivos gerais

O artigo tem como objectivo revisar a literatura existente sobre a dinâmica populacional em
Moçambique e explorar seus impactos na saúde pública.

Objectivos específicos

Identificar os principais desafios e oportunidades decorrentes dessas dinâmicas e discutir


intervenções políticas eficazes.

Analisar a relação entre a dinâmica populacional e os desafios e oportunidades na saúde pública


em Moçambique.

Revisão da Literatura

1. Crescimento demográfico e desenvolvimento socioeconómico

O incremento populacional resulta de um excesso de nascimentos sobre óbitos numa população.


Nos últimos tempos, a população mundial tem registado um crescimento elevado, como
consequência de uma taxa de natalidade ainda alta e de um nível de mortalidade em declínio. Este
crescimento é particularmente acentuado nos países em desenvolvimento, com destaque para o
continente africano, onde a taxa de crescimento natural está actualmente acima de 2%,
representando o dobro da média mundial (World Bank, 2022).

Estudos recentes indicam que a população da África Subsariana cresceu de aproximadamente 287
milhões, em 1980, para cerca de 1,1 bilhão em 2020 (UN, 2021). Embora a fecundidade tenha
diminuído em algumas regiões, as taxas de natalidade permanecem relativamente altas, em torno
de 35 nascimentos vivos por cada mil habitantes. A mortalidade infantil na África Subsariana
baixou significativamente, passando de 160 óbitos por mil nascimentos vivos, na década de 1980,
para cerca de 76 por mil em 2020 (UNICEF, 2021).

2. Tendências do crescimento populacional em Moçambique

Considerável parte da história da população de Moçambique é caracterizada por um crescimento


lento devido aos elevados níveis de mortalidade e fecundidade. Embora dados populacionais
fiáveis existam só desde as décadas de 1940 e 1950, um trabalho recente de Maddison (Maddison,
2010) permite ter uma ideia sobre o tamanho da população de Moçambique nos anos mais remotos.
De acordo com a estimativa de Maddison (2010), Moçambique tinha, em 1891, ano do nascimento
do estado moderno (colonial) (Francisco, 2010), cerca de 4 milhões de habitantes, e atingiu 6,4
milhões em 1950 (Gaspar, 1989, 2002; UN, 2010), representando uma taxa de crescimento médio
anual inferior a 1% (0,9%).

De 1950 a 2022, a população moçambicana cresceu a uma taxa média anual de aproximadamente
2,4%, atingindo 32 milhões, segundo o censo de 2022 (INE, 2022). Estes dados apresentam uma
aceleração do crescimento nos últimos 70 anos. Por exemplo, desde 1891, foram necessários pouco
mais de 70 anos para se registar a primeira duplicação, em 1961, quando a população atingiu 7,6
milhões, 34 anos para a segunda duplicação, aos 15,8 milhões de habitantes, em 1995, e cerca de
27 anos para se registar a terceira duplicação, em 2022, com 32 milhões de habitantes (INE, 2022;
Maddison, 2010; UN, 2010).

3. Estrutura etária da população e moçambicana

As pirâmides populacionais dos censos de 1997, 2007 e 2017, além das projecções populacionais
para 2014, indicam uma estrutura típica de população jovem, com altas taxas de fecundidade,
caracterizada por uma base larga. Até 2040, a pirâmide populacional projectada começa a reflectir
a diminuição das taxas de fecundidade, com uma base relativamente reduzida e com a forma
aproximada.

Dados de 2022 mostram que a população de Moçambique é composta por diversas faixas etárias.
A faixa etária de 0 a 4 anos é a mais numerosa, com 2.699.124 Masculino e 2.668.594 Feminino,
seguida péla faixa etária de 5 a 9 anos, com 2.386.486 meninos e 2.369.120 meninas. Na faixa
etária de 10 a 14 anos, há 2.116.078 Masculina e 2.109.292 feminino, enquanto na faixa de 15 a
19 anos, observa-se uma população de 1.788.897 do sexo Masculino e 1.795.477 Feminino.

Gráfico do Crescimento Populacional em Moçambique

Fonte: Instituto Nacional de Estatística (2017)

Os dados do censo de 2017 mostram que a distribuição populacional de adolescentes e jovens em


Moçambique é significativa. Aproximadamente 46,1% da população moçambicana é composta
por adolescentes e jovens, dos quais 22% são do sexo masculino e 24,1% do sexo feminino (INE,
2017).

Os adolescentes compõem 23,7% da população projectada para 2022, enquanto os jovens


representam 22,6%. A distribuição populacional desses dois grupos não varia significativamente
quando comparada com os dois últimos censos, sendo de 21,3% para 22,6% para adolescentes e
de 23,0% para 22,5% para jovens nos censos de 1997 e 2007, relativamente.

Dados dos censos de 1997, 2007 e 2017 e das projecções populacionais para 2014 mostram uma
composição percentual de indivíduos do sexo feminino relativamente mais alta por faixa etária,
com excepção da primeira faixa, a dos 10 aos 14 anos. Projecções para 2040 estimam percentagens
por sexo iguais nas faixas etárias de adolescentes e jovens.

Nesta senda, segundo INE (2017) os resultados definitivos do Censo 2017, a população recenseada
em Moçambique foi de 26 899 105 habitantes. Numa operação estatística complexa, como um
recenseamento, nem sempre é possível abranger todos os habitantes. O inquérito de cobertura,
realizado um mês depois do censo, mostrou que 3,7% da população não foi recenseada, por
diferentes motivos.

Assim, a população do país, em 2017, era de 27.909.798 habitantes. Os indicadores foram


calculados com base na população recenseada. O Censo 2017 mostrou que cerca de 32,6 % da
população de Moçambique residia nas áreas urbanas e 67,4% nas áreas rurais. De 2007 à 2017, a
população aumentou em 6.266.671 habitantes, o que representa um incremento de 30,4%. Existe
uma diferença na percentagem de homens e mulheres, sendo 48,1% dos habitantes do sexo
masculino e 51,9% do sexo feminino.

4. Implicações e desafios do crescimento populacional

Os elevados níveis de fecundidade nos países em desenvolvimento, particularmente em África,


continuam a constituir principais determinantes do elevado crescimento de sua população, o qual
tem implicações nos prospectos de desenvolvimento sócio-económico. Embora a relação entre
crescimento populacional e desenvolvimento sócio-económico não seja linear, a opinião de grande
parte dos estudiosos de população suporta a ideia de que os países pobres seriam mais propensos
a alcançar taxas de crescimento do seu rendimento per capita se as suas taxas de crescimento
populacional diminuíssem.

Para Elizaga (1979), a demanda sobre determinados bens e serviços é directamente afectada Péla
taxa de crescimento da população, como ocorre, por exemplo, com alimentos, habitação, educação,
cuidados médicos e outros serviços públicos. Por conseguinte, o rápido crescimento demográfico
inviabiliza as políticas governamentais, com objectivos económicos e de bem-estar social dos
grupos da população de baixa renda. A atenção prestada às crescentes necessidades impõe uma
carga pesada sobre os gastos correntes e, de igual modo, sobre os investimentos públicos em infra-
estrutura social. O autor observa ainda que a terra agrícola, na sua dupla função de produtora de
alimentos e de fonte de trabalho para uma importante fracção da população, sofre a forte pressão
de um elevado crescimento demográfico. Os resultados são, noutro sentido, a emigração, em
grande escala, das áreas rurais e, por outro, a elevação dos preços dos alimentos de primeira
necessidade.
O rápido crescimento populacional, sobretudo em países economicamente débeis, pode ter
implicações na capacidade dos países em providenciar serviços de saúde básicos, em particular a
saúde materno-infantil, devido à incapacidade de acompanhar o ritmo de crescimento populacional
com o investimento necessário no sistema de saúde. Estas implicações podem ser inferidas, em
parte, a partir de alguns indicadores de acesso aos serviços de saúde, tais como os rácios entre o
número de habitantes e o de médicos, e o de enfermeiros e o de camas existentes no serviço
nacional de saúde.

Em Moçambique, dada a actual dinâmica demográfica, caracterizada por elevadas taxas de


crescimento populacional, a relação entre o número de habitantes e o de médicos continua a ser
uma preocupação significativa. Segundo dados recentes do Ministério da Saúde de Moçambique,
o rácio é de aproximadamente 18.000 habitantes por médico. Embora haja uma melhora em
comparação aos dados anteriores, o número ainda é considerado elevado, especialmente quando
comparado com o rácio de Cabo Verde por exemplo, que é de cerca de 6.000 habitantes por médico,
ou com a média da União Europeia, que é de cerca de 300 habitantes por médico.

Esta proporção reflecte a escassez de médicos que o país enfrenta, num contexto de crescimento
contínuo de sua população. Apesar dos avanços conseguidos nos últimos anos, onde o número de
médicos ampliou expressivamente, o crescimento populacional rápido dificulta a manutenção de
um rácio ideal. Entre 2009 e 2024, o número de médicos em Moçambique cresceu para cerca de
2.000, representando um crescimento médio anual significativo. Se assumirmos que este número
continuará a crescer ao mesmo ritmo, em 2040, o país poderá contar com aproximadamente 5.000
médicos. Entretanto, considerando as projecções de crescimento populacional fornecido pêlo
Instituto Nacional de Estatística (INE), este aumento ainda resultaria em um rácio de
aproximadamente 14.000 habitantes por médico, um número que, embora melhorado, ainda indica
a necessidade de esforços contínuos para equilibrar o crescimento populacional com a capacidade
de formação e contratação de profissionais de saúde.

Esses dados mostram a relevância de políticas de saúde eficazes e investimentos contínuos no


sistema de saúde para atender adequadamente às necessidades de uma população com índice de
rápido rápido crescimento. É importante também a implementação de programas eficazes de
criação de médicos e enfermeiros, além de melhorias na infra-estrutura de saúde para garantir um
acesso mais equitativo e eficaz aos serviços de saúde em Moçambique.
5. Serviços de saúde Em Moçambique

O rápido crescimento populacional, sobretudo em países economicamente débeis, pode ter


implicações na capacidade dos países em providenciar serviços de saúde básicos, em particular a
saúde materno-infantil, devido à incapacidade de acompanhar o ritmo de crescimento populacional
com o investimento necessário no sistema de saúde. Estas implicações podem ser inferidas, em
parte, a partir de alguns indicadores de acesso aos serviços de saúde, tais como os rácios entre o
número de habitantes e o de médicos, e o de enfermeiros e o de camas existentes no serviço
nacional de saúde.

Em Moçambique, dada a actual dinâmica demográfica, caracterizada por elevadas taxas de


crescimento populacional, a relação entre o número de habitantes e o de médicos continua a ser
uma preocupação significativa. Segundo dados recentes do Ministério da Saúde de Moçambique,
o rácio é de aproximadamente 18.000 habitantes por médico. Embora haja uma melhora em
comparação aos dados anteriores, o número ainda é considerado elevado, especialmente quando
comparado com o rácio de Cabo Verde, que é de cerca de 6.000 habitantes por médico, ou com a
média da União Europeia, que é de cerca de 300 habitantes por médico.

Este rácio reflecte a escassez de médicos que o país enfrenta, num contexto de crescimento
contínuo de sua população. Embora com os avanços conseguidos nos últimos anos, onde o número
de médicos aumentou significativamente, o crescimento populacional rápido dificulta a
manutenção de um rácio ideal. Entre 2009 e 2024, o número de médicos em Moçambique cresceu
para cerca de 2.000, representando um crescimento médio anual significativo. Se assumirmos que
este número continuará a crescer ao mesmo ritmo, em 2040, o país poderia ter aproximadamente
5.000 médicos. No entanto, considerando as projecções de crescimento populacional fornecido
pêlo Instituto Nacional de Estatística (INE), este aumento ainda resultaria em um rácio de
aproximadamente 14.000 habitantes por médico, um número que, embora melhorado, ainda indica
a necessidade de esforços contínuos para equilibrar o crescimento populacional com a capacidade
de formação e contratação de profissionais de saúde.

Esses dados ilustram a importância de políticas de saúde robustas e investimentos contínuos no


sistema de saúde para atender adequadamente às necessidades de uma população em rápido
crescimento. É importante a implementação de programas eficientes de formação de médicos e
enfermeiros, além de melhorias na infra-estrutura de saúde para garantir um acesso mais equitativo
e eficiente aos serviços de saúde em Moçambique.

6. Sector de Educação em Moçambique

O rápido crescimento da população moçambicana e a consequente estrutura etária jovem


continuam a representar desafios significativos para o sector de Educação do país. A educação é
reconhecida como um dos custos mais importantes de uma distribuição etária jovem (van de Walle,
1975). O rápido crescimento populacional demanda investimentos adicionais no sector
educacional e pode dificultar o alcance dos objectivos educacionais, seja em termos de cobertura
ou de qualidade do ensino.

Dados recentes apontam que, devido ao elevado nível de fecundidade e à diminuição contínua da
mortalidade, a população em idade escolar continua a crescer a um ritmo desafiador para os
investimentos educacionais. Especificamente, entre 1950 e 2007, enquanto a população total
crescia a uma taxa anual de 2,0%, a população em idade escolar crescia a uma taxa de 2,3% ao
ano. Essa disparidade é ainda mais acentuada no período intercensitário de 1997 a 2007, com a
população em idade escolar crescendo a uma taxa anual de 3,6%, em comparação com o
crescimento geral da população de 2,7%.

Embora não haja dados específicos disponíveis sobre o número de vagas escolares disponíveis por
ano no nível básico, para compará-las com o tamanho da população em idade escolar, as tendências
indicam um progresso na redução da proporção de crianças fora da escola. Os dados dos últimos
censos mostram que a percentagem da população em idade escolar básica que estava frequentando
a escola aumentou de 40,2% em 1997 para 64,5% em 2007, representando um aumento anual
médio de 8,3%. No entanto, apesar desse progresso, a redução da população em idade escolar fora
da escola tem sido mais lenta, com uma diminuição anual média de apenas 1,6%. Isso resultou em
cerca de 1,5 milhões de crianças em idade escolar fora da escola em 2007, destacando a
necessidade contínua de melhorias na educação para atender às demandas de uma população em
rápido crescimento.

7. Demanda de Emprego em Moçambique


Com a aceleração do crescimento populacional em Moçambique aumenta o tamanho da força de
trabalho para além da capacidade do país de criar investimentos para absorver toda a demanda.
Em Moçambique, a proporção de pessoas dependentes (menores de 15 anos + idosos com 65 anos
ou mais) em relação às pessoas em idade activa (15-64 anos) é significativamente alta, com uma
pessoa dependente para cada pessoa em idade activa. Isso contrasta com a média de 8 dependentes
para cada 10 adultos em idade activa na África subsaariana (UN, 2010).

Embora a proporção da população em idade activa no total da população não aumentar


significativamente em uma situação de alta fecundidade, em termos absolutos, esse aumento é
notável e não tem sido acompanhado pêlo aumento na oferta de emprego. De 1997 a 2007, o peso
da população em idade activa diminuiu ligeiramente de 52,3% para 51,3%, mas em termos
absolutos aumentou de 8,4 para 10,6 milhões de habitantes. Com base nos dados de 2007, o INE
(2010) projectou a população de Moçambique até 2040. As projecções do INE e das Nações
Unidas indicam que a população em idade activa em 2040 será mais do que o dobro da de 2007,
variando de 23,4 milhões a 27,9 milhões.

Curiosamente, as projecções do INE resultam em um número mais elevado do que os cenários das
Nações Unidas, devido a diferentes pressupostos sobre natalidade, mortalidade e migração. As
Nações Unidas apresentam quatro cenários que variam de acordo com as possíveis tendências
dessas variáveis, enquanto o INE assume uma abordagem diferente em suas projecções.

Este cenário de rápido crescimento da população em relação à oferta de emprego destaca a


necessidade de políticas eficazes para promover o emprego e o desenvolvimento económico em
Moçambique.

8. Discussão de Dados

A análise dos dados revelou que Moçambique experimentou um crescimento demográfico


substancial desde 1975, com a população atingindo cerca de 32 milhões em 2022, representando
um aumento significativo em comparação com os 6,4 milhões em 1950. Esse crescimento
acelerado tem sido impulsionado por altas taxas de fecundidade, com a população em idade escolar
crescendo a uma taxa de 3,6% ao ano entre 1997 e 2007. No entanto, apesar dos esforços para
melhorar o acesso à educação, cerca de 1,5 milhão de crianças em idade escolar estavam fora da
escola em 2007, destacando a necessidade de investimentos adicionais no sector educacional.
Essa dinâmica populacional tem gerado desafios significativos, especialmente nos sectores de
saúde e educação. Por exemplo, o rácio entre o número de habitantes e o de médicos é de
aproximadamente 18.000 habitantes por médico, reflectindo a escassez de profissionais de saúde
no país. Além disso, a rápida urbanização e migração interna têm criado disparidades regionais no
acesso aos cuidados de saúde e educação. Diante desses desafios, é crucial que o governo
moçambicano adopte políticas e intervenções específicas para enfrentar essas questões, incluindo
o aumento do número de profissionais de saúde, a melhoria da infra-estrutura de saúde e a
expansão da capacidade das escolas, garantindo abordagens inclusivas e equitativas para garantir
que todos os cidadãos tenham acesso aos serviços básicos.

9. Conclusão

Face as constatações acima referenciadas, o presente estudo oferece eu uma análise abrangente da
dinâmica populacional em Moçambique desde a sua independência em 1975. Observou-se uma
rápida expansão demográfica, caracterizada por altas taxas de crescimento populacional e uma
estrutura etária jovem. Essa dinâmica tem implicações significativas para a prestação de serviços
básicos, como saúde e educação, devido à crescente demanda por esses recursos em um contexto
de recursos limitados.

A análise dos dados revelou desafios importantes, incluindo acesso limitado a serviços de saúde
devido à escassez de profissionais qualificados e dificuldades no sector educacional para atender
à crescente população em idade escolar. Por exemplo, dados do Ministério da Saúde de
Moçambique indicam que, em 2024, o rácio de habitantes por médico era de aproximadamente
18.000, reflectindo a escassez de médicos no país em relação à sua população em rápido
crescimento.

10. Considerações Finais

À luz dos resultados apresentados, é crucial que o governo de Moçambique priorize investimentos
em saúde e educação para enfrentar os desafios demográficos em curso. Estratégias para ampliar
o número de profissionais de saúde, como médicos e enfermeiros, são essenciais para melhorar o
acesso aos cuidados de saúde em todo o país. Além disso, a expansão da infraestrutura de saúde e
o desenvolvimento de programas de formação médica são necessários para atender à crescente
demanda por serviços de saúde.
No sector educacional, é fundamental investir na expansão da capacidade das escolas para
acomodar a crescente população em idade escolar. Dados dos últimos censos indicam que, em
2007, aproximadamente 1,5 milhões de crianças em idade escolar estavam fora da escola,
destacando a necessidade de esforços contínuos para aperfeiçoar o acesso à educação em todo o
país.

Ainda mais, é importante tomar abordagens inclusivas e equitativas que observem as disparidades
regionais e socioeconómicas na prestação de serviços básicos. A colaboração entre o governo,
organizações não governamentais e a comunidade internacional também é essencial para garantir
que os recursos sejam utilizados de forma eficaz e para promover o acesso universal a serviços
essenciais.

Em última análise, este estudo destaca a importância de uma abordagem holística para enfrentar
os desafios demográficos em Moçambique. Ao priorizar o investimento em saúde, educação e
desenvolvimento económico, o país pode trabalhar em sentido a um futuro mais próspero e
sustentável para todos os seus cidadãos.

11. Referencias Bibliográficas


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Perspective on the Economic Consequences of Population Change. RAND Corporation.
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Development Review.
• FAO. (2010). The State of Food Insecurity in the World. [Link para o documento]
• Gaspar, M. (1989). População e Desenvolvimento em Moçambique.
• Gaspar, M. (2002). Demografia Histórica de Moçambique.
• Grosse-Tebbe, S., & Figueras, J. (2005). Health Systems in Transition: European Observatory
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https://www.ine.gov.mz/documents/20119/44355/INDICADORES%20SOCIO-
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• Nações Unidas (UN). (2010). World Population Prospects: The 2010 Revision. Nova York:
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• Projeções do Instituto Nacional de Estatística de Moçambique. (2023).
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• van de Walle, Etienne (1975). Education and the Household: A Historical-Comparative Study
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