Você está na página 1de 18

APRESENTAÇÃO DO DIA 31/08/2016

Obra: ECONOMIA E POLÍTICA DAS FINANÇAS PÚBLICAS NO BRASIL


Autor: Fabrício Augusto de Oliveira

CAPÍTULO 1 – ESTADO E PRODUÇÃO DE BENS PÚBLICOS NO PENSAMENTO


ECONÔMICO

A Evolução do Estado no Capitalismo

As funções do Estado tendem a se modificar historicamente, para atuar sobre as falhas do


mercado. Fases de liberdade econômica tendem a se alternar com fases de maior
regulamentação;

A) Fases de desenvolvimento do capitalismo e o papel do Estado:

1. O Estado no Mercantilismo: a infância.

◦ Período que separou a Idade Média do Liberalismo;


◦ Estado Absolutista;
◦ A concepção católica de Estado foi superada: o poder divino foi
transferido ao monarca;
◦ A burguesia comercial se apoiou no Estado;
◦ O enriquecimento de um país é dado pelo lucro do comércio e da
indústria;
◦ Para se materializar, o enriquecimento depende da atividade
exportadora;
◦ Os interesses dos mercadores, portanto, se confundem com os
interesses do próprio Estado;
◦ O enriquecimento passou a ser um valor supremo do homem; e
◦ A sociedade passa a se desenvolver essencialmente no âmbito da
economia.
2. O Estado no Capitalismo Concorrencial: a adolescência.

◦ Autonomia financeira da burguesia: a esfera pública desprendeu-se da


esfera privada;
◦ Separação do Estado e do governante;
◦ Surgimento da teoria econômica clássica (Adam Smith, David
Ricardo e John Stuart Mill);
◦ Leis naturais seriam capazes de corrigir as falhas de mercado: busca
pela eficiência;
◦ Bens Públicos x Bens Privados;
◦ Desenvolvimento da função alocativa do Estado: defesa e segurança
públicas, iluminação de ruas e avenidas, proteção ambiental, etc.;
◦ Época marcada pelo aumento da pobreza e pela concentração do
capital;
◦ Walras, Jevons e Menger: consumidores soberanos; e
◦ Vilfredo Pareto: Pareto eficiente.

3. O Estado no Capitalismo Monopolista: a maturidade.

◦ Diminuição expressiva da concorrência entre as empresas;


◦ Crise de 1929 e Grande Depressão;
◦ John Maynard Keynes: políticas econômicas anticíclicas;
◦ Surgimento das funções distributiva e estabilizadora do Estado;
◦ Surgimento do conceito de bens semipúblicos: serviços de saúde,
educação, saneamento, etc.;
◦ Distorção das ideias keynesianas em alguns países, especialmente na
América Latina;
◦ Brasil: surgimento do estado desenvolvimentista; e
◦ Críticas de Milton Friedman: ilusão monetária.

4. O Estado no Capitalismo Mundializado: a terceira (ou quarta) idade.


◦ Ressurgimento das ideias liberais: abertura da economia, aumento da
concorrência e da eficiência, desregulamentação dos mercados;
◦ Críticas à intervenção estatal;
◦ Algumas posições que surtiram influência à época:
◦ Teoria da Regulação;
◦ Teoria das Expectativas Racionais;
◦ Teoria da Escolha Pública; e
◦ Teorias de Resgate de um Estado Comportado.

B) A Visão Marxista do Estado

◦ Luta de classes;
◦ A vertente ortodoxa justifica a intervenção do Estado a partir de falhas
no mercado;
◦ Para a vertente marxista, a intervenção se justifica a partir da
compreensão das necessidades postas pela acumulação de capital e do estágio
da estrutura das relações de classes;
◦ Função acumulação x função legitimação; e
◦ O Estado deve se equilibrar entre estas duas funções.

C) O Estado na Economia Brasileira:

PERÍODOS CARACTERÍSTICAS

Estado Desenvolvimentista e Industrialização - Avanço e consolidação de suas bases materiais e


Primeira fase: 1930-1964 institucionais;
- Forte intervencionismo na vida econômica e social;
- Carga tributária e gastos orçamentários reduzidos; e
- Mecanismos complementares de financiamento:
empresas públicas, défits e dívidas.
Estado Desenvolvimentista, Autoritarismo e - Reformas institucionais e instrumentais para aumentar
Redemocratização a eficiência e a capacidade de financiamento;
Segunda fase: 1964-1989 - Forte intervencionismo na economia; e
- Elevação da carga tributária e dos gastos
orçamentários.

Globalização, Neoliberalismo e Crise Fiscal: - Crise fiscal;


1990... - Predomínio das ideias neoliberais;
- Privatizações e desregulamentação dos mercados;
- Elevação da carga tributária; e
- Aumento de gastos para pagamento das dívidas, no
intuito de evitar o descontrole.

CAPÍTULO 6 – A DÍVIDA PÚBLICA

A) A dívida pública na Idade Média:

A dívida pública surgiu, ainda na idade média, como mecanismo de


complementação do financiamento dos gastos do Estado, quando a arrecadação tributária se
mostrasse insuficiente.
Conforme a visão de Marx, o Estado Absolutista, visando impulsionar o sistema
colonial, comércio marítimo e guerras comerciais, lança mão do déficit orçamentário e da
contratação de créditos – surgindo a dívida pública.
Marx - a dívida pública seria a efetiva “venda do Estado” e único objeto de posse
coletiva, já que os ônus da dívida pública seriam suportados principalmente pelas camadas
menos favorecidas da sociedade, por meio da excessiva tributação.
Marx -“acumulação primitiva” - variação de acumulação do capital que não se dá
por meio do processo de produção, mas sim do exercício do poder do Estado de controle das
propriedades e da tributação, e do poder do controle do Capital (“o capital com capacidade
criadora de gerar capital”), que se caracteriza como um mecanismo de multiplicação da
riqueza da burguesia.
O autor aponta que a dívida pública ajudou a gerar o capitalismo e que o sistema
não teria logrado atingir os níveis atuais de desenvolvimento sem o mesmo.

B) O papel e os efeitos da dívida pública no pensamento econômico:

Os pensamentos clássico e neoclássico


Refutam veementemente a idéia de déficit e da dívida pública como instrumentos
de política econômica capazes de influenciar o crescimento econômico e o nível de emprego.
Considerando a premissa liberal, tais escolas entendem que o Estado não deve interferir, ou
interferir minimamente, na economia, pois há o risco de grave desequilíbrio do sistema.

Pensamento Keynesiano
Em 1936, a obra “Teoria Geral do juro, do emprego e do Dinheiro(moeda)” de John
Maynard Keynes, apresenta novo ponto de vista sobre o déficit, a dívida pública e do papel
do Estado na economia.
Visando garantir a sobrevivência do sistema capitalista em crise, Keynes nega a
capacidade natural de equilíbrio do mercado.
Apresenta-se, assim, uma nova concepção de Estado, em que a dívida pública e a
política fiscal ganham legitimidade ao promoverem o reequilíbrio das desigualdades e
garantirem maior coesão social. A criação de demanda efetiva e a injeção de moeda no
mercado, passam a ser entendidos como remédio para as crises econômicas em determinados
períodos de ondulações cíclicas de instabilidade.
Na ideia de Keynes, a própria recuperação e expansão da atividade econômica,
resultaria no aumento da arrecadação do Estado e garantiria o pagamento dos encargos da
dívida contraída no período de crise.
O Mercado de Títulos da Dívida Pública, desenvolve-se significativamente sob a
concepção keynesiana, pois seria o meio pelo qual o Estado deveria exercer influência sobre
a taxa de juros e garantir boa coordenação entre a política fiscal e a monetária.
O foco da teoria de Keynes é a administração da dívida, com a determinação de
sua melhor composição de prazos e vencimentos, sua estrutura de juros, com custos mais
baixos do financiamento público, para não gerar expectativas desfavoráveis junto aos
agentes econômicos.
O Estado tem o dever de promover a sintonia entre a política fiscal e a monetária,
desempenhando seu papel anticíclico e mantendo reduzidos os custos de financiamento da
dívida pública.

As Expectativas racionais: um novo papel para a política fiscal e para a dívida pública
Rompimento com as ideias keynesianas, baseando-se no modelo neoclássico-
monetarista com expectativas racionais; (Dívida pública é sinônimo de ineficiência alocativa
com grandes riscos ao crescimento econômico e à estabilidade monetária)
“Equivalência ricardiana” (Barros 1974): “financiamento dos gastos públicos com
a emissão de dívida tem o mesmo efeito sobre a atividade econômica que seu financiamento
através de impostos”, pois os agentes privados são capazes de neutralizar, racionalmente, a
ação do governo e o déficit público; (Não explica como equacionar a montanha de dívida
pública acumulada nas mãos do Estado.)
Sustentabilidade da Dívida (Blanchard 1984): a influência da dívida pública sobre
a taxa de juros (esperada e do presente), o que decorre da expectativa dos agentes sobre a
trajetória da dívida (quanto maior o risco, maior a taxa de juros);
Portanto, o governo deveria controlar a dívida pública (sustentabilidade/redução da relação
dívida/PIB) para controlar as taxas de juros;

C) Tipos, custos e riscos da Dívida

a) Emissão de moeda (receita de senhoriagem); Representa um débito do Estado com a


sociedade, porém deve ser usado com cautela pelo risco de gerar inflação.
b) Contratual; Contratos de aquisição de produtos, serviços e empréstimos.
c) Mobiliária; Venda de títulos no mercado financeiro, com prazos para resgate.
d) Dívidas Ocultas (passivos contingentes ou esqueletos) – dívidas que “surgem” e não
haviam sido consideradas na projeção da Dívida Pública (ex. demandas judiciais)

Custos (Contratual ou Mobiliária)


Juros – que podem ser fixos ou atrelados ao comportamento de algum índice ou
variável;
Nem sempre o Governo consegue escolher a melhor forma ou prazos da dívida que
lhe proporcionariam menores custos e um perfil mais adequado de pagamento.
Prazo das Dívidas e sua Influência nos custos:
Prazo curto – tem custos menores mas pode gerar inflação;
Prazo longo – eleva os custos, mas também a confiança de sustentabilidade da dívida.
Origem - interna ou externa;
Vínculo – moeda estrangeira ou nacional; (Câmbio- também depende de outras variáveis)

O Autor demonstra neste tópico, que as dívidas estão sujeitas a muitas variáveis
que, por sua vez, podem se sujeitar a outras variáveis.

D) Metodologia e critérios para mensuração da dívida

Dívida bruta x líquida


A dívida líquida é o resultado da Dívida Bruta subtraídos os ativos. Porém, podem
haver títulos podres/incobráveis, o que mascara o resultado.

APRESENTAÇÃO DA DÍVIDA :
Termos absolutos (montante)
Termos Relativos – dívida relacionada à determinada variável econômica (ex. Dívida/PIB)
.

E) Revendo a fórmula do superávit primário – “Que pode abrir as portas mágicas


para o crescimento em bases sustentáveis”

Conclusão do Autor- Não basta apenas garantir a sustentabilidade da dívida, mas


convencer os agentes econômicos, mesmo que isso custe o abandono de outras funções
essenciais para a economia e a sociedade.

F) A evolução recente da dívida pública no capitalismo

Acordo de Maastricht (1992) – estabeleceu nível de 60% da relação dívida/PIB


como limite de garantia de sustentabilidade da dívida pública, inicialmente para os países da
EU, mas se tornou um parâmetro internacional.
G) A dívida pública no Brasil

O autor apresenta que a partir de 1824 o Brasil começou a contrair empréstimos do


exterior, continuamente. Até a década de 1980, com a exaustão das fontes externas de
financiamento.
A partir de 1980, iniciou um processo reversivo de substituição da dívida externa
pela dívida interna. Chegando a ser credor internacional.

Dívida mobiliária federal


O autor apresenta uma análise da evolução histórica da dívida mobiliária no Brasil,
a partir de 1827, relatando a dificuldade que o Estado passaria a ter em comercializar títulos
da dívida, diante dos atos “autoritários” do Governo em relação à mesma.
Com o advento da República, iniciou-se um processo de sistematização e controle
da dívida pública brasileira. Encontrando obstáculo na Lei de Usura vigente desde 1933.

A dívida pública como instrumento de política fiscal e monetária - 1964-2002


Meados dos anos de 1960 - Reformas tributária, financeira, administrativa, de
mercado de capitais etc., com o objetivo de saneamento da economia e criação de condições
para retomada do crescimento.
Superação da Lei de Usura, por meio da correção monetária dos títulos.
Em 1980 o Brasil mergulhou em uma crise econômica, com grande inflação. Busca-
se, assim, a estabilidade, fazendo que se mantivesse alta taxa de juros, aumentando a dívida
pública.
Em 2002 - Proibição do Banco Central de emitir títulos, conforme dispunha a
CF/88.

Swaps cambiais e a nova estrutura da dívida mobiliária federal, 2002-2007


Sem poder emitir títulos da dívida pública, o Banco Central passa a tentar controlar
o câmbio por meio dos contratos de Swaps cambiais – espécie de aposta “cambio x juros”
O governo não tem controle sobre as variáveis da dívida mobiliária, o que torna uma
incógnita os seus custos .

H) A evolução da dívida líquida do setor público no Brasil, como proporção do PIB:


Por fim, o autor apresenta que o Brasil adota o conceito de Dívida Líquida do Setor
Público, para medir a dívida pública. Subtraindo da dívida bruta os ativos financeiros de sua
propriedade. Que anteriormente o autor já havia sujeitado tal método à uma grande
sensibilidade de “maquiagem”, pela possibilidade de contabilização de ativos “podre”. E faz
uma análise de sua flutuação cronológica.
Conclui que o superávit primário, embora necessário, não é suficiente por si só,
dependendo de condições favoráveis no cenário interno e externo.

Obra: POLÍTICA PÚBLICA – SEUS CICLOS E SUBSISTEMAS


Autores: Michael Howlett, M. Ramesh e Antony Perl

PARTE 1 – METODOLOGIA, TEORIA E CONTEXTO NA PESQUISA DE


POLÍTICA PÚBLICA

INTRODUÇÃO: POR QUE ESTUDAR POLÍTICA PÚBLICA?

A) Visão Geral
policy – Política Pública
policy-Making - Construção, criação, geração, desenvolvimento ou produção de política
pública.
policy subsystem – Subsistema político (ex. o sistema educacional é um subsistema da
política pública)

B) Definição de Política Pública

Thomas Dye – “tudo o que o governo decide fazer ou deixar de fazer”


a) Decisão de governo
b) Fazer ou deixar de fazer (decisão fundamental/deliberada)
c) Consciente

Jenkins (1978) - “um conjunto de decisões inter-relacionadas, tomadas por um ator ou grupo
de atores políticos, e que dizem respeito à seleção de objetivos e dos meios necessários para
alcançá-los, dentro de uma situação específica em que o alvo dessas decisões estaria, em
princípio, ao alcance desses atores”.
Definição mais complexa, que compreende a decisão pública como um processo dinâmico,
resultante conjunto de decisões inter-relacionadas, na busca do alcance de objetivos
determinados, por meios igualmente determinados, porém delimitados pela capacidade do
governo de implementar suas decisões.

C) Implicações Metodológicas para o estudo da Política Pública

O autor apresenta que é essencial e complexo compreender as razões pelas quais o


Estado adotou a política que adotou. Cabe, então, aos analistas determinarem por que uma
alternativa foi escolhida.

Os analistas Positivistas e “pospositivistas”


Positivistas – análise objetiva das metas ou objetivos e das conseqüências de uma política,
por meio de coletas de dados tentam identificar o sucesso/insucesso de uma política em
relação à sua implementação.
“Pospositivistas” – Técnicas interpretativas, por meio de uma análise subjetiva das razões
da realização de uma determinada política.

Diferentes literaturas e tradições analíticas


a) Próprios Governos;
b) Organizações não governamentais;(empresas, igrejas, sindicatos etc.)
c) Think tanks e institutos de pesquisa;
d) Acadêmicos, que têm maior independência e, em geral, menor interesse pessoal
direto;

D) Esquema do Ciclo da Política Pública


Modelo de decomposição analítica do política púbica, como uma “sequência
resultante de estágios”.
Tal modelo apresenta algumas vantagens, porém não alcança as nuances e
complexidades da polycy-making pública dentro de cada estágio.
CAPÍTULO 2 – ABORDAGENS TEÓRICAS PARA COMPREENDER A POLÍTICA
PÚBLICA

A) Evolução das Ciências Políticas

- Surgiu na América do Norte e Europa, após II Guerra Mundial -> motivada pelo
crescimento da atividade do setor público em relação à criação de programas econômicos e
sociais; Visão mais voltada para a filosofia política, sobre qual a finalidade do governo.
Apesar de ter gerado um debate rico sobre a natureza da sociedade, o abismo entre a teoria
e as práticas políticas dos estados modernos levou à busca de outro método de estudo,
voltado à avaliação dos outputs (produtos) e outcomes (resultados).

- Estudos contemporâneos: foco naquilo que os governos de fato fazem; Desenvolvimento


de generalizações e leis sobre políticas públicas; Foco não está nas estruturas de governo ou
no comportamento dos atores políticos e no que deveriam fazer, mas no que de fato acontece.
Isso seria de fato a ciência política, em contraposição aos estudos políticos, os quais foram
considerados formais e estéreis.

- Lasswell (1951) -> A ciência política teria 3 características que a diferenciavam das
abordagens iniciais: multidisciplinar, voltada para a solução de problemas e explicitamente
normativa; Essa orientação geral continua conosco. Mudanças: preocupação exclusiva com
a solução de problemas diminuiu. Complexidade do próprio processo político afastou que os
governos seguissem à risca as recomendações dos experts; quanto a multidisciplinariedade:
a ciência política se tornou uma ciência em si. Agora, os experts de outras disciplinas
também têm que ter conhecimentos sobre a ciência política; quanto à normatividade: hoje
são recomendadas medidas simples com eficiência e eficácia, exatamente pelo problema
anteriormente relatado da complexidade do processo político.

- Estudos contemporâneos -> dois métodos amplos de análise:


a) dedutivo: produção de entendimentos a partir da aplicação de pressupostos, conceitos ou
princípios gerais a fenômenos específicos; Ex.: análise marxista
b) indutivo: desenvolvem generalizações somente na base de cuidadosa observação dos
fenômenos empíricos e e subsequente verificação dessas generalizações contra outros casos;
Ex.: teorias estatísticas

B) Abordagens para a análise da política pública: positivismo e pospositivismo

Ideia da política pública como sendo “uma disciplina prática cujo propósito
explícito é aconselhar os policy makers sobre a melhor maneira de lidar com problemas
públicos”.
a) Abordagem positivista (1960-70): Economia do bem-estar -> o mercado seria o
mecanismo mais eficiente para alocar os recursos da sociedade. Em eventuais falhas de
mercado, as instituições políticas agiriram para suplementar ou substituir com o fim de
produzir melhores resultados, incrementando o bem-estar global da sociedade.

Falhas de mercado: bens públicos, monopólios naturais, externalidades, informações


imperfeitas, tragédia do condomínio e competição destrutiva;

Crítica a esta teoria: as falhas de governo: desvio organizacional, externalidades derivadas e


problema do agente e principal; Além disso, a escolha política concreta é também uma
decisão política, não técnica. Tecnocracia x Democracia.

b) Abordagem pospositivista (1980-90): postulam a reflexão subjetiva, a análise


normativa e a argumentação como ferramentas mais úteis à compreensão das políticas
públicas, combinado à análise empírica (positivista).
Necessidade de produzir a participação pública - > discurso e argumentação. Gera capital
social. Combina análises empíricas e normativas em dois níveis: micro e macro.

Crítica a esta teoria: falta de critérios aceitos, de fórmula. Subestimam a importância dos
interesses materiais sobre os quais o discurso se baseia.

c) Conciliação entre as abordagens: Mayer, Van Daalen e Bots (2004). Seis estilos
distintos de análise política:
- Racional
- Aconselhamento a cliente
- Argumentativo
- Interativo
- Participativo
- Processo

C) Abordagens Multiníveis e Multidisciplinares para o estudo da política pública

- Public choice: Os atores políticos agiriam racionalmente, para maximizar sua “utilidade” e
“satisfação”. Guiados pelo autointeresse. Eleitores comparados a consumidores. Procura
promover uma visão do neoliberalismo.
Crítica: estado de campanha eleitoral permanente; deve-se construir uma ordem política que
canalize o comportamento egoístico dos indivíduos para o bem comum, e não o contrário.
Supersimplificação da psicologia e do comportamento humano.

- Análise de classe: as políticas públicas refletiriam o interesse das classes organizadas.


Segundo a teoria de classe marxista, refletiriam o interesse da classe capitalista.
Crítica: grande ênfase aos atores, devendo considerar uma gama mais ampla de fatores
causais.

- Pluralismo: os grupos de interesse são os atores políticos mais relevantes na modelação da


política pública. As políticas públicas são o resultado da competição e da colaboração entre
os grupos que trabalham para promover os interesses coletivos dos seus membros.
Crítica: papel do governo não fica claro, seria apenas “correia de transmissão”.

- Corporativismo: “extratos intermediários” acima dos indivíduos que o constituíam. A


política pública é modelada pela interação entre Estado e os grupos de interesse que ele
reconhece.
Crítica: é categoria descritiva de arranjo político, não explicação sobre políticas públicas;
não contém noção clara do conceito de grupo de interesse e de seu significado na política.

- Neoinstitucionalismo: perspectiva mais ampla. O ambiente sociopolítico que envolve as


pessoas e as organizações tem influência maior sobre o comportamento humano do que as
interações individuais ou grupais. As preferências individuais ou coletivas são moldadas
pelas instituições.
Crítica: não fica claro como as próprias instituições ou regras são criadas e, uma vez
estabelecidas, como mudariam.

- Estatismo: também é uma abordagem institucional. Governo como instituição principal na


sociedade e o agente-chave no processo político.
Crítica: dificuldade de explicar a existência de privilégios sociais ou o fato de os Estados
não conseguirem valer sua vontade em tempos de revolução, desobediência civil. Ainda, é
impossível a um Estado democrático ser inteiramente autônomo em relação a uma sociedade
com direito de voto. Por fim, por essa abordagem, Estados semelhantes responderiam ao
mesmo problema de uma mesma maneira, o que não ocorre, exatamente por fatores distintos
das características de Estado.

Visão mais amena: se concentra nos elos entre o Estado (autônomo e com capacidade de
divisar e implementar seus próprios objetivos) e a sociedade (no contexto da teoria pluralista
de grupo).

D) Conclusão
Em cada arcabouço teórico são abordados, de maneiras distintas, três elementos
essenciais:
a) atores – os quais podem ser vistos como sujeitos ativos ou passivos;
b) ideias que moldam as deliberações políticas – do ponto de vista particular até sistemas de
crenças amplos e duradouros;
c) estruturas sociais e políticas – “arenas que estabelecem as regras do jogo”;

CAPÍTULO 3 – O CONTEXTO DA POLÍTICA PÚBLICA

A) O contexto político econômico


Duas metainstituições informam as estruturas nas quais se desenvolvem os processos da
política pública na maioria das sociedades modernas: capitalismo e democracia.

a) Capitalismo:
- as associações empresariais gozam de capacidade para influenciar políticas públicas; Os
capitalistas nacionais ou estrangeiros têm a capacidade de “punir” o Estado por quaisquer
ações que desaprovem;
- contribuições financeiras das empresas aos partidos políticos;
- vínculo com a teoria do liberalismo; duas variantes: Estado residual e Estado corretivo;
- as duas variantes tratam o Estado como entidade antiliberal, cuja própria existência ameaça
os mercados e as liberdades individuais; não faz jus à complexidade da ação estatal;

b) Democracia:
- permite que os segmentos mais fracos da sociedade tenham algum controle sobre o Estado;
ajuda a modelar o funcionamento interno do Estado e, pelo uso da autoridade estatal, o modo
de funcionamento dos mercados para determinados bens e serviços no futuro.

B) Policy-making no Estado Capitalista Democrático-liberal


Tomados em conjunto, o liberalismo, o capitalismo e a democracia formam uma
parte importante do contexto metainstitucional e macroideal da policy making em muitos
países modernos.

B.1. Estruturas político-econômicas e política pública


A situação mais desejável para o Estado é que tanto ele quanto a sociedade sejam fortes, com
estreita parceria entre ambos, dessa forma maximizando e dando equilíbrio tanto à
capacidade como à autonomia política do Estado.

B.2 Sistemas políticos e política pública


- Sistema político federal (reduz a complexidade da governança) x sistema político unitário
(extensas negociações intergovernamentais – decisões conflitantes);

- Sistema parlamentarista (fusão entre os poderes executivo e legislativo) x sistema


presidencialista (separação entre os poderes executivo e legislativo);

B.3 Atores Políticos Domésticos

B.3.1 Políticos eleitos:


- membros do executivo: imensos recursos constitucionais, financeiros, de informação e de
pessoal -> exige grande capacidade organizacional para desenvolver políticas;
- membros do legislativo: no sistema parlamentarista exercem apenas um papel pequeno no
processo de política pública; no sistema presidencialista, os legisladores individuais exercem
papel mais influente;

B.3.2 O público:
- papel direto relativamente pequeno;
- capacidade dos eleitores de dirigir o curso da política em geral é inexpressiva;
- impacto da opinião pública é mais frequente e difuso;
- dificuldade de ouvir o “murmúrio coletivo” (Rosseau);

B.3.3 Burocracia
- a própria lei prevê que certas funções sejam desempenhadas pela burocracia;
- acesso incomparável a recursos materiais;
- ampla gama de habilidades e expetises;
- acesso a vasta quantidade de informações sobre a sociedade;
- longa carreira estável lhes conferem vantagem sobre o próprio executivo eleito;
- deve-se ter cuidado com este setor, porém não exagerar em seu papel;

B.3.4 Partidos políticos


- operam na fronteira entre os atores estatais e societários;
- historicamente, diferenças partidárias estiveram associadas a preferências típicas distintas;
- contemporaneamente, os partidos perderam importância nos processos políticos, em
relação à influência direta;
- a agenda oficial do governo é antes dominada pelas oportunidades institucionalizadas de
sua montagem do que pela atividade político-partidária;
- influência indireta: por meio de seu papel na determinação de quem realmente ocupa os
postos nos poderes; atuam mais fortemente sobre o estágio de tomada de decisão do processo
político;

B.3.5 Grupos de interesse ou de pressão:


- recurso: conhecimento/informação, contribuições financeiras para campanhas;
- força organizacional de negócios;
- organização de trabalhadores;
- a estrutura do Estado define o maior ou menor grau de participação dos grupos;

B.3.6 Think tanks e organizações de pesquisa:


- think tank -> “uma organização independente, engajada em pesquisa multidisciplinar, que
tem por propósito influenciar a política pública”;
- manifestam suas posições ideológicas e investigam soluções práticas;

B.3.7 Comunicação de massa:


- papel direto é secundário;
- importante no estabelecimento da agenda;
- os meios de comunicação são mais induzidos pela opinião estatal do que a induzem;

B.3.8 Experts e consultores acadêmicos de política pública:


- pesquisador acadêmico ou consultor;

C) O sistema internacional e a política pública

Atores e regimes internacionais:


- Os regimes internacionais modelam as preferências dos atores e o modo de atuação;
- Domínio de expertise teórica e prática sobre determinados assuntos: FMI, OCDE, OMS;
- A natureza dos subsistemas da política pública também afeta o papel dos atores
internacionais;
- Internacionalização/Globalização;

D) Subsistemas e Regimes de política pública: integração das instituições, ideias e


atores
Subsistemas político-administrativos:
- atores e instituições que se encontram em setores ou áreas de problema;
- redes de problemas;

Regimes político-administrativos:
- fenômeno da persistência dos componentes políticos fundamentais ao longo de períodos
razoavelmente longos de tempo;
- paradigma político + subsistema político
- compreender como se formam os subsistemas, paradigmas e regimes, como eles são
mantidos e como mudam é aspecto crucial da pesquisa em política pública;

Você também pode gostar