Você está na página 1de 49

Sumário

Unidade 1: Eucalipto na ILPF................................................................................ 8

1.1. Escolha da espécie de eucalipto para diferentes finalidades e condições


edafoclimáticas brasileiras..................................................................................... 8

1.2. Definição do espaçamento e arranjos de plantio (renques) em sistemas


ILPF........................................................................................................................ 10

1.3. Noções básicas sobre tratos culturais do eucalipto em sistemas ILPF..... 11

1.4. Importância do desbaste e suas relações com os demais componentes da


ILPF........................................................................................................................ 13

1.5. Experiências exitosas com eucalipto em sistemas ILPF............................. 15

Considerações finais.......................................................................................... 19
Olá!

Desejamos boas-vindas a mais um Módulo do Curso Básico de Integração Lavoura-


Pecuária-Floresta (ILPF). O Módulo 4 é dedicado ao Componente Florestal em ILPF
e está dividido em 04 (quatro) Unidades.

Ao final deste Módulo, espera-se que você seja capaz de:

• Escolher a espécie florestal adequada para a ILPF;


• Definir o arranjo e configuração mais adequado para o sistema;
• Implantar manejar as árvores no sistema adequadamente.

Para começar, assista ao vídeo do analista da Embrapa Agrossilvipastoril,


Maurel Behling.

https://youtu.be/ZXmcuMDWb4s

A Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (ILPF) é uma estratégia de produção


sustentável que integra atividades agrícolas, pecuárias e florestais na mesma
área em cultivo consorciado, em sucessão ou rotação. Além de respeitar o meio
ambiente, valorizar o produtor, é economicamente rentável, podendo ser utilizada
em propriedades de qualquer tamanho e região do País.

A inclusão intencional de árvores em área agrícolas e/ou áreas de pastagens é


reconhecida como potencial forma de uso da terra para obtenção de melhorias
sociais, econômicas, produtivas e ambientais (sustentabilidade) dos sistemas de
produção. A integração entre os componentes agrícola, pecuário e florestal configura
os sistemas integrados de produção agropecuária (SIPA).

A inclusão das árvores está focada na


intensificação sustentável com bases
conservacionistas. Tais formas de uso
da terra são denominadas de agros-
silvicultura (Agroforestry na língua in-
glesa). O conceito de integração cujos
preceitos são seculares recentemente
retoma força, no Brasil e no mundo, de-
vido à ineficiência dos atuais modelos de produção agrícolas e pecuários.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 3


O componente arbóreo tem atingido papel de destaque, ilustrando o nível de
diversidade que se pode atingir e maior possibilidade de sinergismo e obtenção
de propriedades emergentes, ou seja, à medida que os componentes se combinam
(árvores, lavouras, forrageiras e animais), são produzidas novas propriedades que
antes não existiam, resultantes da interação entre os componentes.

Qual a melhor espécie florestal para a ILPF?

Aquele que tem mercado garantido para os seus produtos,


madeireiros ou não madeireiros.

Estratégia para inserção do componente florestal na integração

Quando há a inserção do componente arbóreo, o número de linhas nos renques


deve variar de acordo com a estratégia do agricultor e a finalidade que se planeja
para o componente arbóreo (Figura 1). A definição da destinação final da madeira
é um fator decisivo para o planejamento e manejo do plantio, influenciando toda a
estratégia operacional de campo, bem como para a previsão de um fluxo de caixa
atrativo. Assim, no planejamento do sistema, o principal balizador é a existência de
mercado e o valor agregado ao produto florestal, ou seja, se ele remunera os custos
de produção e transporte.

As condições e restrições do mercado consumidor para os produtos a serem


gerados devem ser consideradas na definição do arranjo de plantio das árvores
em sistemas de ILPF. Além da existência de mercado, a escolha deve ser pautada
também no tipo de produto, volume demandado e, principalmente, na distância em
que a propriedade está desse mercado (custos de transporte). Produtos de menor
valor agregado como a biomassa (lenha ou cavacos) têm seu plantio restrito a
um raio entre 100 km e 200 km. Já a exploração do componente florestal para a
obtenção de madeira serrada permite que o mercado consumidor esteja situado a
distâncias maiores, uma vez que ela agrega maior valor de mercado.

O volume de biomassa ou madeira serrada que o mercado pode absorver será o


balizador para adotar o plantio das árvores em linhas simples ou em renques de
linhas duplas, triplas ou múltiplas (Figura 2). Em uma propriedade distante de um

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 4


polo consumidor de biomassa, certamente a opção por arranjo de linhas simples
será a melhor escolha (~ 150 árvores ha–1). Na configuração de linhas simples, oti-
miza-se os demais componentes do sistema (lavoura e pecuária), ou seja, nesse
caso, o carro-chefe do sistema será a lavoura ou a pecuária; a árvore entraria como
uma adição/composição de renda para o sistema, além da possibilidade de receber
créditos em sistemas de certificação, tal como ocorre com a marca conceito Carne
Carbono Neutro (CCN).

Já em uma região com demanda aquecida por biomassa (lenha, cavaco ou celulose),
o produtor tem uma flexibilidade maior nas configurações que podem ser adotadas,
podendo optar por uma exploração multiproduto, ou seja, produzir biomassa
e manejar o sistema com desbastes e desramas para a obtenção de madeira
serrada. Por outro lado, o sistema pode ser configurado para privilegiar a produção
de biomassa com uma densidade bem maior de árvores. Nessas configurações
o carro-chefe do sistema passa a ser o componente florestal e pode-se assumir
que as perdas de produtividade nos componentes agrícola ou pecuário serão
remuneradas pelas receitas geradas com as árvores, ou seja, há uma substituição
de receitas (SKORUPA et al. 2021).

• Na produção de biomassa a largura da faixa, ou seja, o número de


linhas de faixa de árvores, deve ser definida com base no modal
de colheita, ou seja, o número de linhas que o feller buncher ou
harvester pode colher (cada eito é formado de quatro linhas, e dois
eitos formam um ramal), por exemplo.
• Para produção de biomassa, as práticas de desrama e desbaste
são inviáveis economicamente (produto de menor valor agregado).
• A ILPF para biomassa é de ciclo rápido com corte entre 5 e 6 anos,
podendo renovar o sistema com condução da rebrota (talhadia),
dependendo do sucesso da implantação.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 5


Figura 1. Resumo da estratégia para inserção das árvores na integração, além da promoção dos serviços
ecossistêmicos (S.E.) promovendo a adição/composição ou substituição de renda ao sistema. | Fonte:
https://m.youtube.com/watch?feature=youtu.be&v=Fxz3Vb3ez6M

Figura 2. Espaçamento e arranjo das árvores utilizados na ILPF.

Definido o número de linhas por faixa (renque) de árvores, com base no produto
final, é preciso definir a distância entre as faixas/renques de árvores. Essa distância
entre os renques de árvores deve ser definida pela atividade principal ou com maior

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 6


rentabilidade econômica a ser executada entre os renques (WRUCK et al., 2018).
No caso da agricultura, a largura da plataforma da colhedora e a largura da barra
de pulverização para a pecuária. Na prática, recomenda-se que a distância entre os
renques não seja inferior a 20 m, para retardar o sombreamento crítico (excessivo),
bem como a competição por água e nutrientes para a cultura intercalar (grãos e ou
pastagem).

A disposição das faixas/renques ou linhas de plantio das árvores é outra questão


que gera dúvidas na implantação do sistema. Ela deve ser em nível, como prática
conservacionista eficiente para impedir a erosão do solo e a perda da água por
escoamento superficial. No entanto, inúmeros projetos são implantados sem esse
cuidado, nos quais unicamente o alinhamento leste-oeste define o sentido do
alinhamento das árvores. Isso significa que todas as atividades (preparo do solo,
plantio e tratos culturais) sejam realizadas no sentido do declive, ou seja, morro
abaixo. Nessas condições são frequentes as evidências de erosão do solo, causando
prejuízos ambientais, econômicos e à sustentabilidade do sistema.

A orientação leste-oeste no plantio das árvores visa propiciar menor sombreamento


às culturas consorciadas, embora os tipos climáticos predominantes no País
ofereçam bastante luminosidade durante todo o ano. Portanto, a preocupação com
luz para o crescimento dos demais componentes da ILPF (lavoura e pastagem)
deve ser menor do que aquela com a perda de água por escorrimento superficial,
que pode causar erosão do solo.

No caso de áreas com relevo em declive, a orientação é para que as fileiras/renques


de árvores sigam paralelamente o nível do terreno (plantio em curvas de nível), para
promover a conservação do solo; entretanto, nesses casos, há o inconveniente das
curvas de nível que se aproximam ou se afastam demasiadamente, dependendo
da declividade do terreno. Para evitar tal inconveniente que, além de afetar a
mecanização da área, cria zonas mais sombreadas do que outras, utiliza-se o
conceito de “linha mestre” (PORFÍRIO-DA-SILVA et al., 2009), como já utilizado em
longa data nos outros cultivos como a fruticultura, que favorece o plantio em faixas
paralelas, mantendo a mesma distância de uma linha/faixa de uma árvore para a
outra.

Agora, você está apto(a) a seguir com a gente pelas 4 unidades deste módulo.
Vamos juntos!

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 7


Unidade 1: Eucalipto na ILPF
Agora nós vamos falar um pouco mais sobre a escolha da espécie de eucalipto
para diferentes finalidades e condições edafoclimáticas brasileiras; a definição do
espaçamento e arranjos de plantio (renques) em sistemas ILPF; noções básicas
a respeito de tratos culturais do eucalipto em sistemas ILPF; a importância do
desbaste e suas relações com os demais componentes da ILPF; e, finalmente, sobre
as experiências exitosas com eucalipto em sistemas ILPF.

1.1. Escolha da espécie de eucalipto para diferentes


finalidades e condições edafoclimáticas brasileiras
O eucalipto é a espécie mais utilizada nos sistemas ILPF. Atualmente, existe um
bom volume de informações sobre seu manejo, há facilidade de aquisição de mudas
a preços acessíveis e sua madeira pode ter uso múltiplo. Além disso, o eucalipto
apresenta rápido crescimento e considerável produtividade de madeira, com boa
capacidade de adaptação aos diferentes ambientes e conhecimento sobre.

O gênero Eucalyptus tem aproximadamente 700 espécies, e dentre as mais


plantadas no Brasil estão as espécies Eucalyptus grandis, E. urophylla, E. saligna,
E. camaldulensis, E. deglupta, E. cloeziana, E. pellita, E. maculata, E. globulus, E.
tereticornis, E. exserta, E. paniculata, E. dunnii, E. robusta e Corymbia citriodora,
além de híbridos interespecíficos. Essas espécies e híbridos apresentam variações
com relação ao tipo de madeira produzida, velocidade de crescimento e adaptação
regional, entre outros. Assim, ao se realizar a escolha da espécie a ser plantada deve
ser levado em consideração a finalidade de uso da madeira que vai ser produzida,
a demanda do mercado consumidor, as condições edafoclimáticas do local e o
manejo das árvores, são aspectos essenciais a serem considerados na escolha do
componente florestal para o planejamento de um sistema de Integração Lavoura-
Pecuária-Floresta (ILPF).

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 8


Quadro 1. Adaptação dos materiais de eucalipto as diferentes condições de clima

Clima Espécies

Úmido e quente E. camaldulensis, E.urophylla, E. robusta

E. botryoides, E. deanei, E. dunnii, E. globulus, E. grandis, E. mai-


Úmido e frio denii, E. paniculata, E. pilularis, E. propinqua, E. resinifera, E. ro-
busta, E. salignaeE. viminalis

Corymbia citriodora, E. grandis, E. saligna, E. tereticorniseE. uro-


Subúmido úmido
phylla

E. camaldulensis, C. citriodora, E. cloeziana, E. maculata, E. pelli-


Subúmido seco
ta, E. pilularis, E. pyrocarpa, E. tereticorniseE. urophylla

Semiárido E. brassiana, E. camaldulensis, E. crebra, E. exserta, E.

Observação Importante!

Levar sempre em consideração as espécies/clones de eucalipto


plantados na região de interesse para implantação da ILPF.

Vários clones são indicados para produção de celulose, lenha ou carvão e para
serraria. Para ILPF são usados clones que apresentam uso múltiplo e densidade da
madeira intermediária, podendo ser utilizados para móveis, lenha, carvão ou outros
produtos, dependendo da necessidade.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 9


Quadro 2. Principais usos do eucalipto e espécies recomendadas no Brasil

Usos Espécies recomendadas

E. grandis, E. globulus, E. urophylla e híbridos “urograndis” (E.


Papel e celulose
urophyilla x E grandis)

Chapas de fibra E. grandis E. urophylla, híbridos “urograndis”

E. saligna, E. urophylla, E. grandis, E. dunnii, híbridos “urogran-


Móveis
dis”, E. pilularis

Postes, dormentes, C. citriodora, E. cloeziana, E. urophylla, E. camaldulensis, E.


mourões paniculata

E. cleozina, E. camaldulensis, E. urophylla, E. grandis, C. citrio-


Energia (carvão lenha)
dora, E. tereticornis

Estruturas constru-
C. citriodora, E. cloeziana, E. uropylla, E. paniculata, E. pilularis
ção civil

Óleos essências C. citriodora, E. staigeriana, E. camaldulensis, E. globulus

1.2. Definição do espaçamento e arranjos de plantio


(renques) em sistemas ILPF
A diferença entre uma floresta homogênea e uma floresta em sistema de integração
constitui-se basicamente na quantidade de árvores existentes por unidade de área,
bem como seu arranjo espacial. Especialmente em áreas com ILPF, mas também
em sistemas silvipastoris, o número de árvores por área é menor que em uma
floresta homogênea. Nos sistemas em integração, as árvores estão dispostas de
maneira que não prejudiquem as práticas agrícolas, além de promover melhores
condições de microclima para os animais. Assim, os arranjos mais indicados são
aqueles onde as árvores são plantadas em renques de linhas simples ou múltiplas,
com espaçamentos amplos entre cada renque.

O espaçamento das árvores varia de acordo com as condições locais e a finalidade


desejada pelo produtor. No caso da produção de madeira para serraria, os espaça-

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 10


mentos entre as árvores são maiores. O plantio mais adensado é indicado para o
produtor que deseja utilizar as árvores como fonte energética e celulose, ou mesmo
para a obtenção de multiprodutos (madeira fina e grossa).

O espaçamento entre os renques vai depender do tamanho dos implementos


utilizados na fazenda, mas não deve ser menor que 20 metros quando utilizado
renques com múltiplas linhas. Já o número de linhas de árvores vai depender da
espécie arbórea utilizada. “Se a espécie escolhida tiver a finalidade de produzir
madeira, o ideal será utilizar renques de linha simples ou de múltiplas linhas (três
ou mais).

Quando há a inserção do componente arbóreo, o número de linhas nos renques deve


variar de acordo com a estratégia do agricultor e a finalidade que se planeja para
o componente arbóreo. Considere um exemplo da implementação de eucaliptos
no sistema de integração: nessa condição, o agricultor pode optar por uma linha
única de árvores, sendo essa uma estratégia que tem menor impacto nas demais
culturas que estarão em consócio com o componente arbóreo. Nessa condição
haverá uma adição/composição de renda e o componente arbóreo pode ser usado
para a serraria.

Conforme aumenta-se o número de linhas no renque, também há uma redução


da área disponível para as culturas consorciadas, havendo uma substituição da
renda das culturas agrícolas pela renda gerada pelas árvores. Nessa estratégia,
o componente arbóreo deve proporcionar ganhos iguais ou superiores aos que
seriam obtidos na mesma área pelas culturas consorciadas. A madeira produzida
nessa estratégia passa a ter uso para diversas finalidades.

1.3. Noções básicas sobre tratos culturais do eucalipto em


sistemas ILPF
Um dos principais pontos a serem considerados durante o planejamento da
implantação de um sistema de ILPF é a finalidade de utilização da madeira a ser
produzida e o manejo das árvores. A qualidade da madeira é influenciada por vários
fatores, sendo os principais: espécie arbórea, espaçamento e manejo silvicultural.
Os tratos culturais necessários para o adequado desenvolvimento e manejo das
árvores de eucalipto estão resumidos na Tabela 1.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 11


Tabela 1. Tratos culturais necessários para a correta implantação do sistema de
ILPF de acordo com a idade das árvores.

Trato cultural Idade das árvores

Controle de formigas sempre

Coroamento

Controle químico na faixa de plantio com produtos


não seletivos (usando proteção para as mudas)

Capina manual

Cultivos anuais (lavouras) na entrelinha quando for 0 a 3 meses


renque com mais de uma linha de árvores ou tam-
bém entre os renques

Gradagem na entrelinha quando for renque com mais


de uma linha de árvore ou dos lados da linha de plan-
tio da árvore quando for somente uma linha

Roçada nas entrelinhas ou entre plantas na linha


3 a 24 meses
Cultivos anuais intercalares

A primeira desrama deve ser feita quando a grossura


Depende do crescimento das
das árvores na altura de 1,30 m do solo (o chamado
árvores
diâmetro a altura do peito – DAP) atingir 6 cm

Depende do crescimento das


O desbaste deve ser feito sempre que a cobertura de
árvores e do espaçamento
copa atingir 30%
utilizado

Depende do crescimento das


árvores, realizada somen-
Desramas te nas árvores com potencial
para produção de madeira
serrada e/ou laminada.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 12


1.4. Importância do desbaste e suas relações com os
demais componentes da ILPF
O desbaste cumpre duas funções: favorecer o crescimento das melhores árvores
para a produção de toras e a regulação da sombra (evitando que o sistema fique com
excesso de sombreamento, o que é prejudicial para o cultivo de grãos e crescimento
da pastagem). O desbaste também ajuda a escalonar a produção de madeira e de
forragens. Por exemplo, até o segundo ou terceiro ano do sistema é possível cultivar
grãos ou mesmo milho para silagem, depois a sombra das árvores desfavorece o
cultivo da cultura agrícola, então é possível ter somente pastagens perenes e gado
em pastejo. No momento de desbaste, é possível voltar com o cultivo de grãos ou
milho para silagem por mais uma safra e depois novamente com pastagem até o
próximo desbaste. Nos sistemas de integração, podem ser utilizados dois tipos de
desbaste das árvores: o sistemático e o seletivo.

Em um sistema de cultivo visando múltiplos usos para a madeira, o manejo é


realizado por meio de um primeiro desbaste, onde se retira uma porcentagem de
aproximadamente 40% das árvores entre 5 a 8 anos após o plantio. Neste desbaste
se obtêm receitas pela comercialização de escoras para construção civil, energia e
celulose, recursos esses que auxiliam na amortização das despesas de implantação
e manutenção do plantio. No segundo desbaste, aproximadamente aos 12 anos
após o plantio, haverá nova entrada de renda. No entanto, além do sortimento de
madeira fina, haverá matéria-prima para serraria. No corte final, aproximadamente
entre 15 e 20 anos de idade, obtêm-se valores financeiros mais significativos,
pois no sortimento estará inclusa madeira para laminação. Plantios de múltiplo
uso devem ser implementados apenas se houver mercado e se o preço pago pelos
produtos compense o investimento, tanto em operações como em imobilização do
capital monetário e da terra.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 13


Os critérios adotados para a rotação
técnica de máxima produção florestal,
nos plantios homogêneos, não são os
mais apropriados para a definição do
momento de desbaste nos sistemas
integrados.

Tomada de decisão:

Monitorar o crescimento das árvores


e dos demais componentes (produção
de grãos e/ou forragem/carne).

De modo geral, será necessário realizar


desbastes (retirar árvores inteiras)
quando a cobertura de copa das árvores
tiver entre 30% e 35%, e assim manter
um ambiente luminoso que permita
a produção de forragem suficiente
para um bom desempenho animal no
sistema.

Buscar o equilíbrio entre os componen-


tes para que ocorra sinergia entre eles.

Desrama

A desrama é prática de manejo obrigatória no componente florestal em sistemas


de ILPF que visem à produção de madeira para serraria, através da eliminação
dos galhos laterais das árvores, conhecida como desrama. Seu objetivo é evitar
o desenvolvimento dos “nós da madeira”, que são regiões de galhos incorporados
ao tronco em função do crescimento da árvore o que diminuem o valor comercial
da madeira. Além disso, essa prática reduz os danos causados às árvores pelos
animais, que muitas vezes desenvolvem o hábito de morder e arrancar os galhos ao
seu alcance, chamado de ramoneio.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 14


A primeira desrama deve ser feita quando a grossura das árvores na altura de 1,30
m do solo (o chamado diâmetro a altura do peito – DAP) atingir 6 cm. As desramas
subsequentes deverão ser realizadas até obter-se um fuste com quatro a oito
metros livres de galhos, sendo esta operação necessária apenas em árvores com
potencial para produção de madeira serrada e/ou laminada.

Ela deve ser realizada de modo cuidadoso, retirando-se apenas


os ramos do terço inferior da copa. Dessa forma, evita-se a
diminuição excessiva da área foliar que prejudicaria o crescimento
da árvore. Para a realização do processo, deve-se preferir o uso
de serra, cortando os galhos rentes ao tronco, com cuidado para
não provocar feridas na casca, evitando assim a contaminação por
agentes causadores de doenças.

1.5. Experiências exitosas com eucalipto em sistemas ILPF


Fazenda Triqueda em Juiz de Fora-MG

Figura 3. Fazenda Triqueda (MG)

Devido ao relevo íngreme, todo o plantio foi feito manualmente, em nível. Nas áreas
de integração, a organização se deu em renques de linhas duplas (3m x 2m) ou de

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 15


linhas simples (3m de espaçamento). A distância entre renques foi de 15 metros em
todas as áreas. Saiba mais no link a seguir:

https://redeilpf.org.br/fazenda-triqueda/

Fazenda Gamada em Nova Canaã do Norte-MT

Figura 4. Fazenda Gamada (MT)

O uso do componente florestal na ILPF buscou atender à demanda da própria


fazenda por lenha e mourões tratados. Além disso, parte da madeira poderia ser
direcionada para serraria, gerando renda para os produtores. O primeiro desbaste
ocorreu cinco anos após o plantio das árvores. Saiba mais no link a seguir:

https://redeilpf.org.br/fazenda-gamada-nova-canaa-do-norte-
mt/

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 16


Fazenda Santa Virgínia Agro, Santa Rita do Pardo-MS

Figura 5. Fazenda Santa Virgínia Agro (MS)

Localizada em Santa Rita do Pardo, no leste de Mato Grosso do Sul, foi a primeira
do Brasil a receber a certificação carne Carbono Neutro (CCN). A propriedade, de
30.700 hectares de área total, destinou 904 hectares ao novo sistema com uma
criação de gado de balanço zero nas emissões. Saiba mais no link abaixo:

https://www.maisfloresta.com.br/fazenda-santa-verginia-em-
ms-e-a-primeira-do-brasil-a-criar-gado-com-balanco-zero-nas-
emissoes-de-carbono-no-sistema-ilpf/

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 17


Fazenda Santa Brígida em Ipameri-GO

Figura 6. Fazenda Santa Brígida (GO)

Em 10 anos de adoção do sistema ILPF, a pecuária de baixa produtividade, cuja


lotação animal na safra 2006/07 não passava de 0,5 UA/ha, produzindo 2,5@/ha/
ano, sendo que na safra 2015/16 está em 4 UA/ha, com produção de 25@/ha/ano,
ou seja, 10 vezes mais. As lavouras também ficaram mais produtivas ao longo do
tempo. No mesmo período, as produtividades médias de soja e de milho passaram,
respectivamente, de 45 sacas/ha para cerca de 65 sacas/ha e de 90 sacas/ha para
uma projeção de até 190 sacas/há na atual safra. Saiba mais no link abaixo:

https://redeilpf.org.br/fazenda-santa-brigida/

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 18


Considerações finais
Assim, chegamos ao fim deste primeiro passo para compreendermos melhor o
componente florestal em ILPF, no geral, e o papel do Eucalipto, em particular. Mas
ainda há muito a aprender. Na próxima unidade, vamos tratar de outras espécies
florestais madeireira em ILPF. Enquanto isso, revise o que foi estudado até aqui e
faça os exercícios de fixação. Até a próxima!

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 19


Sumário
Unidade 2 - Outras espécies florestais madeireiras............................................. 22

2.1. Conceito de madeiras nobres........................................................................ 22

2.2. Espécies tropicais com madeiras nobres (nativas e exóticas) mais planta-
das em sistemas ILPF........................................................................................... 23

2.3. Tratos silviculturais para condução de povoamentos para produção de


madeiras nobres.................................................................................................... 26

2.4. Crescimento, produção e ciclo de corte das espécies em sistemas ILPF.. 28

2.5. Usos e qualidade da madeira das espécies................................................. 28

2.6. Experiências exitosas das espécies em sistemas ILPF............................... 29

Considerações finais.......................................................................................... 31
Unidade 2 - Outras espécies florestais madeireiras
Olá! Seja bem-vindo(a) à segunda Unidade deste Módulo 4. Agora, nós vamos falar
um pouco mais sobre o conceito de madeiras nobres; as espécies tropicais com
madeiras nobres (nativas e exóticas) mais plantadas em sistemas ILPF; os tratos
silviculturais para condução de povoamentos para produção de madeiras nobres; o
crescimento, produção e ciclo de corte das espécies em sistemas ILPF; os usos e a
qualidade da madeira das espécies; e, por fim, sobre algumas experiências exitosas
das espécies em sistemas ILPF. Vamos juntos!

Assista ao vídeo e depois prossiga com a leitura do conteúdo.

https://youtu.be/rdCGJgUSGDU

2.1. Conceito de madeiras nobres


A madeira nobre também pode ser chamada de ‘madeira de lei’, pois em tempos
em que o Brasil era colônia de Portugal, a Coroa publicou uma lei proibindo o corte
de árvores consideradas nobres. Assim surgiu a expressão ‘madeira de lei’, que
foi dada para designar os tipos de árvores que só poderiam ser cortadas com a
permissão da coroa portuguesa. Até hoje esse termo voltado à lei ainda existe. O
conceito correto para madeira de lei está associado àquelas extraídas das florestas
e que cumprem a legislação e técnicas do manejo sustentável.

Essa legislação restringe o acesso à madeira nobre, que é controlado por leis
ambientais para evitar o desmatamento de florestas nativas, extração predatória
e evitar o desaparecimento de algumas espécies que correm risco de extinção. A
alternativa para realizar a extração de madeiras nobres de forma legal é por meio das
florestas comerciais. Por isso, muitos produtores e investidores estão investindo
em florestas de plantio comercial, principalmente no que diz respeito às árvores de
madeiras nobres. Atualmente, tem destacado o cultivo de espécies exóticas como
a teca e o mogno africano.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 22


Madeira de lei ou nobre

Espécies de valor comercial, as quais são utilizadas principalmente


em indústrias tais como serrarias, fábrica de móveis, compensados,
laminados (Portaria Normativa IBDF n° 302 de 1984). É aquela que
apresenta maior resistência, qualidade e custo em relação às outras.
São aptas para emprego em construção civil, naval, confecção de
móveis, instrumentos musicais etc.

2.2. Espécies tropicais com madeiras nobres (nativas e


exóticas) mais plantadas em sistemas ILPF
Eucalipto

É possível obter madeira nobre de eucalipto? É possível, desde que utilizadas as


espécies adequadas. O conceito de que o eucalipto não produz madeira de qualidade
para usos mais nobres vem-se modificando nos últimos anos, graças aos estudos
sobre o manejo correto das árvores plantadas para esta finalidade e aos estudos
das propriedades de sua madeira, também induzidos pela escassez de madeira de
espécies nativas. As espécies de eucalipto mais apropriados para essa finalidade
são E. grandis e “urograndis”. Entretanto, necessitam mais de 12 anos para iniciar o
processo de formação de madeira adulta. O E. cloeziana, de crescimento mais lento,
apresenta boa qualidade de madeira para serraria. Atualmente, a madeira serrada
de eucalipto tem diferentes usos, como móveis, casas, na construção civil como
andaimes, formas e estruturas diversas. O mercado exige toras com dimensões
padrão, de forma que, para serem obtidas, o manejo dos plantios deve ser
rigorosamente seguido. As podas garantem madeira livre dos nós (que depreciam
seu valor comercial) enquanto os desbastes permitem que as árvores cresçam
até diâmetros maiores, mais valiosos no mercado. Existem diversas formas de
serrar a madeira, inclusive na própria propriedade, gerando agregação de valor e
consequente aumento da renda obtida com o plantio.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 23


As espécies de Corimbias tem uso restrito por apresentarem bolsas
de resina ou bolsas de “kino” (formações anormais na madeira
contendo resina), originadas devido à descontinuidade do lenho,
que podem auxiliar na degradação da madeira.

Teca

A teca é referida como a rainha das madeiras tropicais e, de acordo com o


botânico alemão do século XIX, Sir Dietrich Brandis, “a teca está para as espécies
madeireiras, como o diamante entre as pedras preciosas e o ouro entre os metais”.
A expectativa gerada pela teca plantada é alta por causa da elevada demanda por
madeira acompanhada da redução da oferta de teca de florestas naturais devido
à superexploração, desmatamento e conversão para outros usos da terra. Embora
a demanda anual de madeira nas florestas plantadas de teca seja estimada em
cerca de 30 milhões de m³ (Midgley et al., 2015), apenas 2,0 - 2,5 milhões de m³ são
colhidos anualmente de florestas naturais e plantadas. Espera-se que esse nível de
produção aumente, principalmente, com as florestas plantadas na América do Sul
e Central.

Mogno Africano

O mogno africano (Khaya spp) possui madeira nobre de grande potencial


econômico para comercialização interna e externa, podendo ser empregada na
indústria moveleira, naval, construção civil, painéis, laminados e outros usos. Inclui
várias espécies do gênero Khaya e, mesmo que as características das madeiras
variem um pouco, particularmente na densidade e na tonalidade da madeira, todas
são consagradas no mercado: K. anthotheca; K. grandifoliola, K. ivorensis e K.
senegalensis.

Porém espécie muito vulnerável a predação pelos bovinos, ainda


não temos segurança para recomendar em larga escala. Não deve
ser a espécie principal do sistema.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 24


Cedro australiano

O cedro australiano (Toona ciliata var. australis) possui madeira semelhante ao


cedro brasileiro (Cedrela fissilis) e ao mogno brasileiro (Swietenia macrophylla),
indicada para a fabricação de móveis finos e acabamentos em construção civil.
Sua madeira é muito admirada internacionalmente, sendo conhecida na Austrália
como “red gold”.

Ainda temos muito pouca experiência com a espécies em ILPF.

Nativas

Potencial pouco explorado, maior sucesso com espécies de produtos não


madeireiros com o baru, castaheira, chichá e pequi.

Figura 7. Guia de Árvores com Valor Econômico | Fonte: www.inputbrasil.org/wp-content/


uploads/2015/11/Guia_de_arvores_com_valor_economico_Agroicone.pdf

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 25


Acesse o link a seguir: https://www.wribrasil.org.br/projetos/projeto-verena

2.3. Tratos silviculturais para condução de povoamentos


para produção de madeiras nobres
O primeiro passo é a obtenção de mudas de qualidade para o plantio. A qualidade
da muda que se planta afeta diretamente na qualidade final das árvores (toras)
colhidas.

As práticas silviculturais para madeira nobre são:

1. Controle de plantas invasoras pré-plantio (roçada e aplicação de herbicida


em área total ou nos renques (glifosato);

2. Controle de formigas e cupins (antes, durante, após o plantio e anualmente);

3. Correção de solo (calagem), com base na caracterização química do solo e


exigência da espécie plantada;

4. Preparo de solo: realização da subsolagem (às vezes, com adubação de


base) ou o coveamento (mecânico ou manual);

5. Plantio conforme o arranjo e espaçamento definido para o sistema, 4 a 60,0


m² por árvore com renques simples, duplos, triplos etc.);

6. Adubação de base em covetas laterais ou em filete contínuo no sulco de


subsolagem);

7. Replantio quando houver falhas superiores a 5% de falhas;

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 26


8. Controle de plantas invasoras com químico seletivo ou com proteção das
mudas, entre 4 e 6 meses para eucalipto e entre 2 e 3 anos para teca e
outras espécies;

9. Adubação de cobertura conforme demanda da espécie florestal, parcelar


em 2 a 3 aplicações as fontes solúveis de N, K e B;

10. Prevenção de incêndios (aceiros margeando a área);

11. Realizar a desrama baixa para a entrada dos animais no sistema;

12. Realizar o desbaste para favorecer as melhores árvores, quando a densidade


de árvores for elevada; com base no monitoramento do crescimento das
árvores;

13. Realizar as desrama altas para agregar valor à madeira, nas espécies que
demandam desrama, conforme necessidade de cada espécie.

Quadro 3. Considerar as especificidades de cada espécie arbórea na ILPF

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 27


2.4. Crescimento, produção e ciclo de corte das espécies
em sistemas ILPF
Cada espécie tem o ciclo de maturação, por exemplo na teca a expectativa de corte
das árvores é de 18 a 20 anos para os clones e de 25 anos para as árvores obtidas
de sementes.

• Eucalipto para serraria a expectativa é de 12 a 20 an;


• Mogno Africano (Khayas spp.) – 14 a 16 anos.

2.5. Usos e qualidade da madeira das espécies


As madeiras das espécies utilizadas na ILPF podem ter usos diversos, como:
construção civil; postes de eletrificação; indústria moveleira; laminação etc. Vamos
conhecer algumas possibilidades do Eucalipto e da Teca!

Eucalipto

A madeira serrada de eucalipto tem diferentes usos, como móveis, casas, na


construção civil como andaimes, formas e estruturas diversas. O mercado exige
toras com dimensões padrão, de forma que, para serem obtidas, o manejo dos
plantios deve ser rigorosamente seguido.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 28


2.6. Experiências exitosas das espécies em sistemas ILPF
Fazenda Bacaeri em Alta Floresta-MT

Figura 8. Fazenda Bacaeri (MT)

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 29


Localizada no município de Alta Floresta, no norte de Mato Grosso, a fazenda
Bacaeri trabalha há cerca de 30 anos com a silvicultura de teca. Na década de 1990,
buscando diversificar a produção, o proprietário, Antônio Passos, também passou
a criar gado de corte. Alguns anos depois, ele percebeu que poderia aproveitar
melhor a área da fazenda juntando na mesma área as duas atividades. Foi assim
que começou a testar o sistema silvipastoril.

Como na época havia pouca informação sobre a integração entre pecuária e floresta,
ele começou a fazer testes com diferentes espaçamentos. Hoje, trabalha com linhas
simples de teca, com distância de 20m, 17m ou 15m entre elas.

Nos espaçamentos maiores, a distância entre as árvores nas linhas é menor, o que
faz com que a população média de toda a área integrada seja de 200 árvores por
hectare. Os espaçamentos utilizados no plantio em ILPF são 20mx2,5m, 20mx3m,
17mx3m, 17mx3,5m e 15mx4m. Saiba mais no link abaixo:

https://redeilpf.org.br/fazenda-bacaeri-alta-floresta-mt/

Fazenda Triqueda em Juiz de Fora-MG

O exemplo da Fazenda Triqueda nós começamos a estudar na Unidade 1. Nos links


a seguir você poderá aprofundar a experiência dessa fazenda com o componente
florestal da rede ILPF:

https://redeilpf.org.br/fazenda-triqueda/

https://www.fazendatriqueda.com.br/

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 30


Considerações finais
Assim, chegamos ao fim de mais uma etapa para compreendermos melhor o
componente florestal em ILPF. Vimos como outras espécies florestais madeireiras
podem ser e têm sido usadas em ILPF. Na próxima unidade, vamos tratar de produtos
florestais não madeireiros em ILPF. Enquanto isso, revise o que foi estudado até
aqui e faça os exercícios de fixação. Até a próxima!

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 31


Sumário
Unidade 3 - PFNMs na ILPF (espécies perenes).................................................. 34

3.1. Tipos de PFNMs (látex, resina, frutos, sementes etc.)................................. 34

3.2. Planejamento para produção de PFNMs em sistemas ILPF....................... 35

3.3. Vantagens da produção de PFNMs em sistemas ILPF................................ 36

3.4. Sinergias com outros componentes............................................................. 36

3.5. Tratos culturais para condução de povoamentos visando a produção de


PFNMs em sistemas ILPF..................................................................................... 37

3.6. Experiências com PFNMs em sistemas ILPF............................................... 38


Unidade 3 - PFNMs na ILPF (espécies perenes)
Olá! Seja bem-vindo(a) à terceira Unidade deste Módulo 4. Agora, nós vamos
falar um pouco acerca dos tipos de PFNMs (látex, resina, frutos, sementes etc.);
do Planejamento para produção de PFNMs em sistemas ILPF; das vantagens da
produção de PFNMs em sistemas ILPF; das sinergias com outros componentes;
dos tratos culturais para condução de povoamentos visando a produção de PFNMs
em sistemas ILPF; e, por fim, também das experiências com PFNMs em sistemas
ILPF. Vamos juntos!

https://youtu.be/Iy6yAT83cbI

3.1. Tipos de PFNMs (látex, resina, frutos, sementes etc.)


Os produtos florestais não madeireiros, como o próprio nome indica, são todos os
produtos advindos da floresta que não sejam madeira, como: folhas, frutos, flores,
sementes, castanhas, palmitos, raízes, bulbos, ramos, cascas, taninos, fibras,
produtos melíferos e medicinais, óleos essenciais, óleos fixos, látex, resinas, gomas,
cipós, ervas, bambus, plantas ornamentais, fungos e produtos de origem animal, por
exemplo o mel de abelha pode ser considerado um produto florestal não madeireiro.

Figura 9. Produtos florestais não madeireiros | Fonte: https://matanativa.com.br/produtos-florestais-nao-


madeireiros/

A viabilidade e a sustentabilidade de integração com árvores estão associadas


à estruturação de uma cadeia produtiva diversificada, geradora de produtos de
origem vegetal (culturas anuais) animal e florestal. Por isso, ampliar acesso a

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 34


diferentes mercados e criar ambientes de cooperação entre atores da cadeia de
valor são fundamentais. Iniciativas como o “Diálogos da Sociobiodiversidade”
do projeto Mercados Verdes e Consumo Sustentável (parceria entre o MAPA e a
Agência de Cooperação Alemã) e têm apontado um caminho interessante para o
estabelecimento de parcerias entre fornecedores e consumidores de PFNM.

3.2. Planejamento para produção de PFNMs em sistemas


ILPF
O planejamento segue os mesmos critérios já definidos previamente com foco
em produtos não madeireiros. A estratégia de adição/composição de renda com
arranjos de linhas simples é que melhor se adequa para o planejamento da produção
de PFNM.

“Os sistemas de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e silvipastoris (SSPs),


exigem um planejamento mais elaborado e um monitoramento mais frequente e
detalhado, para manter o equilíbrio entre os componentes, além de usualmente
demandarem investimentos iniciais mais elevados do que os sistemas em
monocultivo.

Um dos principais pontos a serem considerados durante o planejamento da


implantação de um sistema de ILPF, é a finalidade de utilização da madeira a ser
produzida e o manejo das árvores. A qualidade da madeira é influenciada por vários
fatores, sendo os principais: espécie arbórea, espaçamento e manejo silvicultural.”
(FERREIRA, A. D. et al. Manejo das árvores e propriedades da madeira em sistema de ILPF com
eucalipto. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/938932/1/
Manejodasarvoresepropriedades.pdf Acesso em 10 out 2022)

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 35


3.3. Vantagens da produção de PFNMs em sistemas ILPF
Dentre as vantagens da produção de PFNMs, podemos citas:

• Receita anuais;
• Produtos de maior valor agregado;
• Densidade menor de árvores por hectare; e
• Manutenção da atividade-base do produtor.

“(…) o sistema silvipastoril apresentou as melhores taxas internas de retorno do


investimento, superando a renda líquida obtida nas monoculturas. Portanto, a
introdução do componente florestal nos sistemas de produção em integração visa,
sobretudo, a diversificação de renda da propriedade rural, trazendo vários outros
benefícios econômicos e ambientais.”
(FERREIRA, A. D. et al. Manejo das árvores e propriedades da madeira em sistema de ILPF com
eucalipto. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/938932/1/
Manejodasarvoresepropriedades.pdf Acesso em 10 out 2022)

3.4. Sinergias com outros componentes


A maior sinergia se dá com o componente pecuária devido ao maior manejo de
copa das árvores.

“Por meio de desramas e desbastes é feito o manejo das copas das árvores para
regular o sombreamento, de modo que permita a manutenção da produtividade
da pastagem sem tirar a sombra para o gado, ou seja, manter uma sombra que
favoreça o bem-estar do gado sem prejudicar o crescimento do capim.

O manejo das copas das árvores regula o componente arbóreo e conserva os demais,
oportunizando a manutenção do crescimento da pastagem sob as árvores, diferentes
taxas de mineralização da matéria orgânica do solo, deposição de excretas próxima
as árvores, favorecendo o crescimento destas, desrama das árvores, promovendo o
maior crescimento das árvores em diâmetro, reduzindo a conicidade, fendilhamento
das toras e quantidade de nós, produzindo madeira de maior qualidade, além
de beneficiar a pastagem pela maior luminosidade (PORFÍRIO-DA-SILVA, 2006;
KOZLOWSKY, 1971). O programa de desrama varia conforme o arranjo utilizado na

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 36


implantação das árvores, sendo que a primeira desrama será realizada quando o
diâmetro a altura do peito (DAP), medido a 1,30 m do solo, for de 6 a 8 cm, onde a
retirada dos galhos será efetuada a partir da altura do DAP até a superfície do solo
(PORFÍRIO-DA-SILVA, 2007). No entanto, a desrama não poderá ser superior a 1/3
ou, em casos mais drásticos, ½ da copa, pois se a desrama for aplicada de maneira
intensa sobre a parte funcional da copa, o crescimento do fuste será prejudicado
(ZOBEL e BUIJTENEN, 1989).

(...)

Nos sistemas de iLPF ocorre a complementaridade e sinergia entre os componentes


bióticos e abióticos, de forma que os recursos disponíveis possam ser utilizados de
forma mais eficiente. É uma forma de uso da terra ambientalmente adequada, que
também apresenta vantagens quanto à paisagem.

As proposições da estratégia iLPF preconizam a diversificação da atividade agrí-


cola e pastoril e melhora a utilização dos recursos ambientais, com vantagens a
partir de perspectivas distintas quanto aos componentes tecnológicos, ecológicos
e econômicos sociais dos diferentes atores”.
(BALBINO, L. C. et al. Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) - Região Sul. Disponível em: https://
www.infoteca.cnptia.embrapa.br/bitstream/doc/953634/1/0000005512ILPFREGIAOSUL.pdf Acesso em 10
out 2022)

3.5. Tratos culturais para condução de povoamentos


visando a produção de PFNMs em sistemas ILPF
As práticas de implantação e manejo das árvores se assemelham as práticas para
as espécies madeireiras com a devidas particularidades respectiva ao produto não
madeireiro que será produzido.

Eucalipto

A espécie recomendada para óleo essencial não faz mais parte do gênero Eucalyp-
tus, sendo denominada atualmente Corymbia citriodora. Esta espécie é referência
no Brasil como fonte do óleo essencial citronelal, extraído por processo de destila-
ção das folhas. A espécie, plantada por sementes, possui facilidade para emitir bro-
tações após o corte raso da parte aérea, prática esta necessária quando as plan-

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 37


tas se tornam muito altas e, por isso, ajustada ao sistema de talhadia comumente
empregado no manejo das plantações comerciais estabelecidas para atender essa
finalidade.

Pequi

Frutos e castanha comestíveis in natura e processados; raízes e folhas para uso


medicinal; árvore melífera.

Baru

A polpa do fruto (farinácea) e a semente torrada são comestíveis (licor, barra de


cereal, biscoito, pães, óleo, sorvete); a amêndoa tem amplo comercio (nacional e
internacional); endocarpo usado como carvão; árvore medicinal e melífera.

Também têm sido utilizadas espécies de palmáceas como ma-


caúba (Acrocomia aculeata), dendê (Elaeis guineensis), guariroba
(Syagrus oleracea), coqueiro (Coco nucifera) e espécies frutíferas.

3.6. Experiências com PFNMs em sistemas ILPF


Sítio Pequizal, Terra Nova do Norte-MT

Figura 10. Sítio Pequizal (MT) | Fonte: https://redeilpf.org.br/sitio-pequizal-terra-nova-do-norte-mt/

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 38


A implantação dos sistemas silvipastoris ocorreu de forma gradual no sítio Pequizal.
Em cada piquete arborizado, nos dois primeiros anos, era cultivado nas entrelinhas
arroz, milho, feijão, abóbora, entre outros produtos. A partir do segundo ano o gado
já entrava na área, desde que houvesse forrageira disponível. A falta de alimento
levava o gado a danificar as árvores. Algumas pragas, como a mosca da fruta
chegaram a causar danos no sítio, mas, na medida em que se diversificaram as
espécies arbóreas na propriedade, o problema foi reduzido. Esta diversificação tem
sido feita com castanheira, cacaueiro, cupuaçuzeiro, citros, banana, café, açaí e até
mesmo com uma muvuca de espécies.

O espaço entre renque é ocupado por capim, por onde o gado já pasteja devido ao
uso de cerca elétrica para isolar as mudas. A área é usada em pesquisas da Unemat
de Alta Floresta.

O Sítio Pequizal se transformou em uma referência para produtores da região. Não


à toa, o volume de produção de pequi aumentou, fazendo com que o produto já
tenha de ser vendido para mercados um pouco mais distantes. A experiência com a
ILPF e com sistemas agroflorestais também tem inspirado outros agricultores que
visitam o sítio em dias de campo, aulas práticas e visitas técnicas. Saiba mais no
link a seguir:

https://redeilpf.org.br/sitio-pequizal-terra-nova-do-norte-mt/

“A árvore do baru (Dipteryx alata), que é nativa do bioma Cerrado, é uma das espécies
nativas mais promissoras para uso em sistemas integrados, nos quais as culturas
de grãos, árvores e rebanhos são produzidos no mesmo espaço. Atualmente,
a árvore do eucalipto é a mais utilizada nestes sistemas. Entretanto, a árvore do
baru tem uma vantagem: além da madeira que a árvore produz, ela também produz
uma semente valiosa. O baru, cumaru ou cumbaru, como é conhecido localmente,
é semelhante a uma noz, e a demanda por ela tem aumentado nos últimos anos
no Brasil e no exterior. Prevê-se que o consumo cresça 25% ao ano para o período

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 39


entre 2019 e 2029, de acordo com um artigo publicado na Revista de Pesquisa de
Mercado Fact.MR.

O Brasil é o principal país a produzir esta espécie. Quase metade das sementes
produzidas é vendida no exterior, 25% para a Europa e 22% para os EUA. Uma das
razões para o aumento das vendas do produto, de acordo com a publicação, é a
demanda por alimentos saudáveis. O Baru é conhecido por ser um superalimento,
por seu alto valor nutritivo.

Este cenário pode aumentar a renda nas comunidades rurais, já que quase todas
as frutas são provenientes do extrativismo. Entretanto, tal demanda pode se tornar
maior do que o que o Brasil pode fornecer. Por causa disso, é necessário desenvolver
plantações comerciais de baru. Isto permitirá aumentar a produção e a renda dos
agricultores.
(Fonte: https://www.embrapa.br/en/busca-de-noticias/-/noticia/64724803/arvore-do-baru-e-excelente-
alternativa-para-cultivo-em-ilpf Acesso em 10 out 2022 – tradução e negrito nossos)

Considerações finais

Assim, chegamos ao fim de mais uma etapa para compreendermos melhor o


componente florestal em ILPF. Vimos, nesta unidade, como produtos florestais
não madeireiros se relacionam com ILPF. Na próxima Unidade, falaremos sobre a
destinação de produtos e comercialização. Enquanto isso, revise o que foi estudado
até aqui e faça os exercícios de fixação. Até a próxima!

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 40


Sumário
Unidade 4 - Destinação de produtos e comercialização...................................... 43

4.1. Principais produtos florestais da ILPF comercializados no país................ 43

4.2. Panorama do setor florestal nas regiões brasileiras................................... 44

4.3. Capacidade de processamento e infraestrutura regional e suas relações


com a adoção do componente florestal em sistemas ILPF............................... 46

4.4. Produção verticalizada na propriedade........................................................ 47

4.5. Mercado de madeiras no Brasil: Mercado de PFNMs.................................. 48

Considerações finais.......................................................................................... 49
Unidade 4 - Destinação de produtos e
comercialização
Olá! Seja bem-vindo(a) de volta para mais uma unidade deste módulo sobre o
Componente Florestal em ILPF. Nesta quarta unidade, trataremos a respeito dos
principais produtos florestais da ILPF comercializados no país; faremos um breve
panorama do setor florestal nas regiões brasileiras; lançaremos um olhar sobre
a capacidade de processamento e infraestrutura regional e suas relações com a
adoção do componente florestal em sistemas ILPF; aprenderemos um pouco mais
sobre produção verticalizada na propriedade e sobre o mercado de madeiras no
Brasil, sobretudo o Mercado de PFNMs; e, por fim, trataremos dos nichos de mercado
para produtos da ILPF (certificação, exportação, carne carbono neutro, etc.), mesmo
que introdutoriamente, pois alguns desses temas você poderá aprofundar em outros
módulos de nosso curso. Vamos juntos!

https://youtu.be/Y8gAucYKyTk

4.1. Principais produtos florestais da ILPF comercializados


no país
A madeira produzida no sistema de ILPF pode ter vários destinos, como serraria,
marcenaria e carpintaria, painéis de média densidade (MDF) e aglomerado, lamina-
ção, lenha, palanques de cerca, carvão, escoras, indústria de papel e celulose, ta-
ninos, resinas e produtos químicos, postes tratados, construção civil, entre outros.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 43


Figura 11 (A) e (B). Árvores e troncos de eucalipto de boa qualidade para madeira | Fotos: Davi
J. Bungenstab. | Fonte: Manejo das árvores e propriedades da madeira em sistema de ILPF com
eucalipto. Disponível em: https://www.infoteca.cnptia.embrapa.br/infoteca/bitstream/doc/938932/1/
Manejodasarvoresepropriedades.pdf Acesso em 10 out 2022

4.2. Panorama do setor florestal nas regiões brasileiras


A área estimada de florestas plantadas no Brasil totalizou, em 2020, 9,55 milhões
de hectares, dos quais 70,6% concentrados nas regiões Sul e Sudeste. As áreas
com cobertura de eucalipto corresponderam a 80,2% das florestas plantadas para
fins comerciais no país. Enquanto 44,3% das áreas de eucalipto concentraram-
se na Região Sudeste, no Sul observou-se predominância de florestas de pinus,
correspondentes a 84,6% do total.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 44


Figura 12. Área das Florestas Plantadas - Brasil | Fonte: Painel Interativo IBGE. Disponível em: https://snif.
florestal.gov.br/en/planted-forests/452-painel-interativo-1a?tipo=tableau&modal=1 Acesso em 10 out
2022

Nesse contexto, o Brasil possui a maior área plantada de teca na América Latina,
com cerca de 94 mil ha e, em breve, será o maior exportador de madeira dessa
espécie oriunda de plantações. Segundo estatísticas oficiais de exportação de
produtos agropecuários brasileiros, nos últimos 10 anos, somente a exportação de
toras saltou de pouco menos de 10 mil m3 ano–1 para mais de 140 mil m3 ano–1,
sendo a Índia o principal comprador mundial de toras. Nos estados de Mato Grosso
e Pará, estão mais de 80% da área plantada brasileira e, mais de 60% dessas, são
resultados de investimentos estrangeiros e que, em plantações de menor escala,
despertaram interesse e impulsionaram produtores rurais e empreendedores locais
a também entrarem na atividade como forma de complementar e diversificar a
renda da propriedade rural.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 45


A estimativa da demanda de madeira serrada no mercado interno, para o ano de
2030, é de que poderá atingir 300 milhões de m³, o que significa plantar 2 - 2,5 vezes
mais do que é plantado atualmente para atender esse mercado. Embora, até o ano
de 2030, o consumo mundial de madeira em toras atingirá 2,4 bilhões de m³. Já
as projeções do mercado mundial de madeira tropical nobre estimam a demanda
para 2050 de 136 milhões m³ ano–1. Desses, estima-se que 36 milhões m³ ano–1
serão supridos por florestas tropicais naturais sob manejo sustentável, em 2050.
A diferença de 100 milhões m³ ano–1 deverá ser suprida por madeira tropical nobre
de plantações. Assim, a pergunta fundamental não é se haverá demanda por teca e
outras espécies nobres no futuro, mas sim de onde virá, quem a produzirá e como
será produzida?

Portanto, as expectativas de mercado (interno e externo) são de crescimento


acentuado.

4.3. Capacidade de processamento e infraestrutura


regional e suas relações com a adoção do componente
florestal em sistemas ILPF
A viabilidade econômica dos diferentes sistemas ILPF é fortemente influenciada,
em curto prazo, pelos termos de troca da região, pois variações substanciais nos
preços relativos dos fatores (por exemplo, insumos mais valorizados do que os
produtos) podem inviabilizar a adoção das tecnologias intensivas do capital. Além
disso, a adoção de tecnologias mais intensas do capital em larga escala, como os
sistemas de ILPF, depende de preços minimamente viáveis e, obviamente, de linhas
de crédito adequadas, em termos de volume de recursos e prazos de pagamento.
Dessa forma, a capacidade gerencial para a condução eficiente dos sistemas
ILPF, fazendo ajustes tanto nos processos de condução quanto nas escolhas das
alternativas agrícolas depois de cada safra, é condição crítica para o sucesso da
tecnologia. Falhas, em qualquer um desses fatores, colocam em risco o sucesso da
ILPF.

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 46


Figura 13. Esquema ilustrativo da cadeia produtiva do eucalipto | Fonte: MOREIRA, J. M. M. A. P., SIMIONI,
F. J., BUSCHINELLI, C. C. de A. A viabilização econômica da cultura do eucalipto. In: OLIVEIRA, E. B. de.,
PINTO JÚNIOR, J. E (ed. téc.). O eucalipto e a Embrapa: quatro décadas de pesquisa e desenvolvimento.
Brasília: Embrapa, 2021. p. 916

4.4. Produção verticalizada na propriedade


“O aumento recente desta demanda florestal se concentra no setor da celulose
e papel, painéis e chapas de madeira, indústria moveleira e de madeira sólida
para produtos de maior valor agregado (PMVA), estes destinados ao mercado
internacional. Tanto a possibilidade escassez da matéria-prima florestal madeireira,
como a baixa qualidade daquela disponível nos plantios existentes, tem levado
grandes empresas a promover a formação de áreas de plantio próprias. Isto significa
uma oferta de madeira, em quantidade compatível com estas demandas individuais
somente a médio prazo e não diz respeito, necessariamente, a um aumento da
oferta para o setor serrarias como um todo. Esta espécie de “verticalização” na
produção de matéria-prima florestal ocorre a partir da capacidade financeira de
algumas indústrias em investir no plantio florestal.

Os efeitos negativos desta escassez de matéria-prima florestal para a cadeia


produtiva da madeira serrada terão um peso maior àquelas serrarias de porte
médio e de porte pequeno que se encontram em processo de alavancagem na sua

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 47


produção. Serrarias que dependem de diferentes fornecedores serão afetadas, além
da escassez prevista de toras, por um possível aumento significativo de preços
podendo ser inviabilizadas por custos fixos elevados, especialmente os referentes
à mão-de-obra.

Sob as novas oportunidades que surgem a partir deste ponto de estagnação, uma
primeira está no desempenho das micro e pequenas serrarias, associadas aos
pequenos produtores concentradas no atendimento de uma demanda local. Isto
pode significar, no curto prazo, uma descentralização da oferta de madeira serrada,
diminuindo a dependência local de serrados de centros tradicionais e, ao mesmo
tempo quando bem aproveitado pelas autoridades governamentais locais, poderá
haver um incremento das espécies florestais destinadas a produtos serrados com
maior valor agregado.”
(Fagundes, H. A. V. Diagnóstico da produção de madeira serrada e geração de resíduos do processamento
de madeira de florestas plantadas no Rio Grande do Sul / Orientador: Hélio Adão Greven – Porto Alegre,
2003, p. 105 – Dissertação de Mestrado. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.)

4.5. Mercado de madeiras no Brasil: Mercado de PFNMs


“O setor de florestas no Brasil representa 6% do Produto Interno Bruto do país, onde
as exportações no ramo foram de US$ 10 bilhões no ano de 2019, sendo um sucesso
notável na economia brasileira (AGEFLOR, 2020). De acordo com a literatura, os
produtos florestais não madeireiros com o passar do tempo tiveram um aumento
na relevância na economia e tem apresentado potencial no mercado internacional
(BALZON et al., 2004).”

(CANDATEN, L. et al. Resinagem de pinus no Brasil: aspectos gerais, métodos


empregados e mercado. In: EVANGELISTA, W. V. Produtos Florestais Não Madeireiros:
tecnologia, mercado, pesquisa e atualidades. 1. ed. Guarujá: Científica Digital, 2021,
p. 52)

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 48


Considerações finais
Assim, com o fim desta quarta unidade, chegamos também ao fim deste Módulo
4 de nosso curso. Nesta unidade, tratamos a respeito dos principais produtos
florestais da ILPF comercializados no país; trouxemos um breve panorama do setor
florestal nas regiões brasileiras, além de termos tratado de outras importantes
questões relativas à destinação e comercialização dos produtos oriundos do
componente florestal em ILPF. No próximo módulo você vai se aprofundar na gestão
da propriedade em ILPF, mas, antes disso, revise o que foi estudado até aqui e faça
os exercícios de fixação. Até o próximo módulo!

Módulo 4 - O Componente Florestal na ILPF 49

Você também pode gostar