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14/01/2024, 10:47 Sistema integrado de pastejo: ovinos e bovinos

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Sistema integrado de pastejo: ovinos e


bovinos
 13 de julho de 2010

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A pastagem está presente em todos os sistemas produtivos de ovinos e bovinos, seja em sua totalidade, nos
sistemas que a pastagem é base da alimentação, ou ainda, onde a pastagem atua em pelo menos uma fase do
crescimento do animal como, por exemplo, em animais confinados que ao menos na fase de cria permaneceram
se alimentando de pasto.

Utilizando uma pirâmide como exemplo de um sistema de produção, a sua base, com certeza será formada pelo
pasto que por muitas vezes se encontra esquecido e destinado para sua formação, uma área degradada, de
baixa fertilidade e de difícil acesso de máquinas e implementos. Para se ter um sistema consolidado, seu
alicerce deve estar cravado em uma alimentação concisa. Um animal bem alimentado por muitas vezes fica
frente a doenças sem ao menos manifestá-la. Sem sombra de dúvidas, aquele animal que usufrui de bem estar e
excelente alimentação, está apto para produzir a baixo custo.

A ovinocultura está presente por muitas vezes em regiões mais adversas, sendo desenvolvida na maioria do país
de forma extensiva e com baixos níveis de tecnologia. Já a bovinocultura é tradicionalmente mais conhecida,
apresenta melhor distribuição e segundo relatos, sua condução é mais fácil e menos exigente, embora na
ovinocultura tenhamos animais sobrevivendo em ambientes totalmente desfavoráveis, e que muitas vezes um
bovino na mesma situação não apresente o mesmo desenvolvimento. No entanto, a união destes animais em
uma só área parece ser um fator espetacular, pois nos ovinos a verminose é um grande problema, que poderia
ser resolvido com o pastejo simultâneo ou alternado. Pois bem, este é o grande desafio.

No Brasil, o efetivo ovino é predominante nas regiões Nordeste e Sul, sendo a região Sul, tradicionalmente
extensiva e durante anos esteve dedicada principalmente à produção de lã. Hoje está mais diversificada com a
produção de carne, lã e leite. Enquanto isso, no Nordeste, a atividade caracteriza-se como atividade de
subsistência, com a utilização de animais deslanados, sendo de fundamental importância sócio-econômica.

A escolha de uma espécie forrageira para pastejo no início da criação ovina é de fundamental importância. A
forragem tem que estar de acordo com as condições de clima, manejo e consequentemente o sistema de
produção que será utilizado. Para ovinos, certas características inerentes a espécie, como o comportamento
alelomimético (ação idêntica entre os membros de um grupo no mesmo momento e atuando uns sobre os
outros), é de grande importância. De maneira geral, os ovinos pastejam em grupos, sendo difícil observar um Categorias
animal isolado do restante do rebanho. Assim, é importante que a forrageira escolhida seja de porte baixo (< 80
cm de altura) para que haja a possibilidade de visão e percepção entre os animais do grupo de pastejo (Factori e
AgroTalento
Benedetti, 2010). Outra característica dos ovinos é o pastejo seletivo, possuindo a habilidade na apreensão de
partes selecionadas das forrageiras. Segundo Meirelles et al. (2008) as espécies mais indicadas para pastagens Artigos técnicos
de ovinos devem ter porte baixo, com hábito de crescimento rasteiro, prostrado, que proporcionam boa cobertura
 
do solo e que toleram manejo baixo. Desta forma, aconselha-se utilizar as pastagens mais produtivas, sendo elas Bezerro, garrote e boi
do Gênero Panicum (Tanzânia) e Cynodon (Tifton e Coast-cros). Para tanto, as espécies do gênero Brachiaria magro

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podem também ser utilizadas, porém apresentam menores produtividades e também podem acometer aos
Cadeia Produtiva
ovinos problemas com fotossensibilização.
Cotações
Nos sistemas de produção intensiva, o sistema de pastejo com lotação rotacionada é o mais indicado, por
garantir maior uniformidade e eficiência de pastejo. Para tanto, o número de piquetes em cada pastagem será em Editorial
função do período de descanso (PD), que varia de acordo com a espécie forrageira utilizada e, do período de
ocupação (PO), que pode ser obtido pela equação: Fique Atento

Número de piquetes = (PD / PO) + 1 Giro do Boi

O período de ocupação deve ser com menor duração possível, podendo variar de 1 a 5 dias, garantindo assim Marketing da Carne
melhor rebrota das plantas e fácil controle da lotação da pastagem.
Notícias
Para bovinos, também é indicado o uso de pastejo de lotação rotacionada, pelo mesmo motivo citado
anteriormente. No entanto, com raras exceções entre algumas espécies, os bovinos não tem hábito gregário, ou Panorama do
seja, a forragem não necessita ser baixa em virtude do seu hábito de pastejo. Ainda, são bem menos seletivos Mercado
que os ovinos, e, portanto, não possuem a habilidade de apreensão de pequenas folhas e ramos específicos que
são facilmente apreendidos pelos ovinos. Sobre a altura de entrada e saída dos animais do piquete, quando se Parceiros
utiliza o pastejo de lotação rotacionada, é praticamente impossível manejar uma única altura de resíduo para
duas espécies de alturas e hábitos de pastejos diferentes. Raças e Genética

A partir deste momento pode-se encarar que a utilização de um sistema em que ovinos e bovinos pastejem Sistemas de
alternadamente ou ao mesmo tempo, pode não ser um fator tão simples assim. Mas por que isto pode ser Produção
complicado? Como a espécie ovina possui mais requisitos para a escolha do pasto do que bovinos, o primeiro e
importante fator a ser considerado, é que não é em qualquer forrageira que o animal desempenhará em Vaca gorda
totalidade seus potenciais produtivos, sejam eles carne ou leite. Outro fator importante é o uso de cercas,
bebedouros e cochos comuns às duas espécies. Isto é praticamente impossível, quando consideramos animais
de tamanhos diferentes.

Como mencionado, a verminose assusta grande parte dos produtores de ovinos, e a localização da propriedade,
época do ano e erros de manejo podem contribuir para o aumento do problema. Assim, o correto manejo do
pasto, associado a um correto manejo sanitário deve ser adotado dentro da propriedade. Segundo Carvalho et al.
(2002), manejar a pastagem adequadamente pode diminuir consideravelmente a infestação de parasitas nos
animais porque os animais serão menos acometidos pela ingestão de larvas uma vez que grande parte das
larvas está concentrada nos primeiros dois centímetros acima do nível do solo por razões associadas ao
microclima local.

Deve-se considerar que diversos estudos salientam que a sobrevivência das larvas contaminantes na pastagem
é por volta de 6 meses. A partir deste fato, é comum observarmos histórias que devemos colocar em duas áreas
ou módulos de pastejo rotacionado distintos, os ovinos e bovinos pastejando separadamente por seis meses,
trocando estes animais dos módulos ao término deste período. Assim, com o resultado esperado, os animais
estariam ingerindo as larvas contaminantes dos helmintos (vermes) da outra espécie, uma vez que há
especificidade das larvas destes vermes não havendo infestação pelos animais, diminuindo assim a carga de
helmintos.

Em tese, isto seria um enorme passo no controle da verminose em ovinos, uma vez que não há muitos
vermífugos totalmente eficazes no controle de parasitas, com poucas exceções no mercado. Assim, um manejo
deste tipo, melhoraria em muita a ação de vermífugos e desta forma atenderiam ao controle destes vermes. No
entanto, como ressaltado anteriormente, o uso desta técnica seria um pouco acometido em virtude do manejo
adotado, seja ele para a forrageira ou para a contenção ou até mesmo para alimentação dos animais, seja ela
comida ou água.

A pergunta que não quer calar é: não existe como fazer e não há bons resultados no pastejo alternado ou
conjunto de bovinos e ovinos? Sim há. Este manejo pode ser usado conjuntamente. Mas, e o manejo, como fica?
É uma realidade já muito utilizada há anos no sul do país. Grande parte das pastagens gaúchas são em grandes
áreas e o uso do pastejo conjunto é facilitado em virtude das baixas lotações, grandes pastos com poucas
cercas, menos bebedouros ou estes ainda servem de alguma forma para os dois ou a água de bebida vem de
lagos ou minas represadas de fácil acesso aos animais. Ainda, as pastagens de azevém e aveia predominantes
na região, dão suporte nutricional aos animais, não que as forragens tropicais em uso na maioria do país como o
Tifton, Braquiária e Tanzânia, por exemplo, não deem este aporte, mas em virtude do uso de grandes áreas e
baixas lotações, o manejo como um todo torna-se mais favorável.

Cabe ressaltar que intensificar o uso do pasto, não é somente aumentar sua lotação e tornar aqueles sistemas
de produção em pasto, um foco de distribuição de larvas de vermes. Intensificar significa aumentar a eficiência.
São diversas as formas de se contornar a infestação por vermes em ovinos dentre elas o manejo correto das
pastagens obedecendo criteriosamente o manejo de entrada e saída dos animais do piquete. É fato que a 
quantidade de larvas existente rente ao solo é maior que no ápice do capim. Portanto, a menor ingestão de
larvas, uma melhor alimentação e o descarte de animais problemas, seriam fatores interessantes para o
sucesso.

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Referências bibliográficas

CARVALHO, P.C.F., Pontes, L.S., BARBOSA, C.M., FREITAS, , T.M.S. Pastejo Misto: alternativa para utilização
eficiente das pastagens. In: SILVA, J.L.S., GOTTSCHALL, C.S., Rodrigues, N.C. Manejo reprodutivo e sistemas de
produção de bovinos de corte. Anais… VII Ciclo de palestras em Produção e Manejo de Bovinos, p.61-94. 2002.

FACTORI, M.A.; BENEDETTI, M.P. Pastagem para ovinos – uma realidade a ser cumprida Site farmpoint :
http://www.farmpoint.com.br/?noticiaID=59599&actA=7&areaID=3&secaoID=29. Acesso 05/01/2010.

MEIRELLES, Paulo Roberto de Lima ; COSTA, Ciniro ; FACTORI, Marco Aurélio ; SANTOS, W. A. . Pastagens para
Ovinos. In: III SOUD – Seminário de Ovinocultura da UNESP de Dracena, 2008, Dracena. SOUD – Seminário de
Ovinocultura da UNESP de Dracena, CD Rom. Dracena : UNESP, 2008

Equipe BeefPoint

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0 Comments

Nelson Benjamin Caldas disse:


13 de julho de 2010 às 0:00

Boa tarde!!!
Gostei d´algumas afirmativas, mas gostaria de saber, se esta população de vermes nos
primeiros em 2 cm acima do nível do solo, pode ser sanada com a queimada… pois para
deixar uma pastagem parada 6 meses, mesmo com as extensões dos piquetes no Rio
Grande do Sul, vamos ter uma tapera no final de 6 meses.
Obrigado.
Nelson B Caldas

Marco Aurélio Factori disse:


14 de julho de 2010 às 0:00

Prezado Nelson Benjamin Caldas

Muito obrigado pelo comentário.


Sobre seu questionamento, em situação nenhuma recomendo a queimada da pastagem.
Além de estarmos afetando o meio ambiente, com certeza você terá muitos prejuízos na
durabilidade de sua pastagem. Assim a queimada não deve ser considerada. No entanto,
o que dissemos no artigo é que há uma concentração muito grande de larvas infectantes
 
próximos ao solo (desde que haja contaminação na área), em virtude da umidade e
condições favoráveis para o crescimento das larvas. Para contornar isso, não há
necessidade de esperar este tempo de seis meses para o animal ter acesso. Outra saída,

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seria manejar o pasto adequadamente, no que diz respeito a altura de resíduo após o
pastejo dos animais. Esta altura, depende de cada capim utilizado. Assim, com certeza,
os animais não entrarão em contato direto com a maioria destas larvas e assim não irá
contaminar-se, convivendo de forma tranqüila com a presença das larvas, se houverem.
Não há pastagens pastejadas por animais que estejam totalmente livres de vermes e não
precisamos desta total “limpeza” de larvas, os animais convivem normalmente com esta
contaminação, dependendo da quantidade de larvas, o que poderia prejudicar a alta taxa
de verminose no rebanho. Mas só para lembrar, queimada nunca.

Um grande e forte abraço.

Marco Aurélio Factori

Marco Aurélio Factori disse:


14 de julho de 2010 às 0:00

Prezado Fernando Castejon

Agradeço pelo comentário.


Sobre o questionamento sobre as cercas utilizadas para ovinos, não seria necessário o
uso de telas. O que dissemos no artigo é que em virtude do tamanho do animal, seria
necessário o uso de uma maior quantidade de fios da cerca, seja ela, tradicional ou com o
uso de cerca elétrica. Consideramos que o ovino é mais difícil de cercar, e se tomarmos,
por exemplo, uma cerca elétrica, com certeza, para bovinos, o uso de um fio ou no
máximo dois fios, conteriam os animais. No caso de ovinos, o número de fios com
certeza, seria maior ou igual a três, para que haja uma contenção eficiente, mas não seria
necessário o uso de telas, ao menos que haja uma condição especial, como por exemplo
ataque de animais selvagens, como onça e outros.

Um grande e forte abraço.

Marco Aurélio Factori

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