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Docente: Solange Chaves

Discente: Marina Galdino Caires Ribeiro


Turma: 5° Semestre Turno: Noturno
Direito Processual Civil - Processo de Execução

Resenha Crítica: Parcelamento Legal da Dívida

O parcelamento legal da dívida é uma ferramenta amplamente utilizada por


governos e instituições financeiras para gerenciar e recuperar créditos devidos
por contribuintes e devedores. Este mecanismo, que permite a regularização
de débitos mediante pagamento fracionado, tem implicações profundas tanto
para a economia quanto para a justiça fiscal. A presente resenha crítica visa
analisar os aspectos positivos e negativos do parcelamento legal da dívida,
abordando suas repercussões econômicas, sociais e jurídicas.
Uma das principais vantagens do parcelamento legal da dívida é sua
capacidade de fornecer alívio financeiro aos devedores, permitindo que eles
paguem suas obrigações em parcelas, muitas vezes com condições mais
favoráveis do que as originalmente acordadas. Isso pode evitar o colapso
financeiro de indivíduos ou empresas que, de outra forma, poderiam ser
forçados à falência. Além disso, o parcelamento legal da dívida pode ajudar a
preservar a estabilidade do sistema financeiro, reduzindo o risco de
inadimplência em cascata e seus efeitos negativos sobre a economia como um
todo. No entanto, o parcelamento não está isento de críticas. Uma das
principais preocupações é que ele pode incentivar comportamentos
irresponsáveis, encorajando os devedores a assumir mais dívidas do que
podem pagar com a expectativa de que serão perdoados ou beneficiados por
futuros parcelamentos. Isso cria um ciclo vicioso de endividamento e pode levar
a um aumento da inadimplência a longo prazo. Ademais, o parcelamento da
dívida pode ser percebido como injusto por aqueles que pagam suas dívidas
pontualmente, criando ressentimento e desconfiança em relação ao sistema.

Os programas de parcelamento da dívida geralmente apresentam


características específicas que tornam a adesão atraente para os contribuintes:
- Redução de multas e juros: Um dos principais atrativos é a significativa
redução de multas moratórias e juros de mora, o que diminui substancialmente
o valor total da dívida.

- Prazos longos para pagamento: Oferecem prazos estendidos para quitação


das dívidas, permitindo um planejamento financeiro mais adequado para os
contribuintes.

- Possibilidade de utilizar prejuízos fiscais e base negativa da CSLL: Em alguns


programas, é permitido o uso de prejuízos fiscais acumulados e da base
negativa da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) para amortizar a
dívida
- Suspensão de execução fiscal: A adesão ao parcelamento pode suspender
processos de execução fiscal em andamento, evitando penhoras e outras
medidas constritivas.

O parcelamento de dívidas, especialmente no contexto tributário, tem suas


raízes na necessidade de oferecer alternativas viáveis para contribuintes que
enfrentam dificuldades financeiras. Leis como o Recuperação Fiscal (REFIS),
instituído pela Lei n.º 9.964/2000, e o Programa Especial de Regularização
Tributária (PERT), criado pela Medida Provisória n.º 783/2017, posteriormente
convertida na Lei n.º 13.496/2017, por exemplo, exemplificam a implementação
prática desse mecanismo. A premissa básica é que, ao dividir o montante
devido em parcelas menores e mais manejáveis, aumenta-se a probabilidade
de recuperação do crédito, aliviando tanto a carga do devedor quanto a
pressão sobre o sistema de cobrança. Entretanto podemos ver os aspectos
positivos e negativos do mesmo, respectivamente.
Facilitação do Pagamento: O principal benefício do parcelamento é a
viabilização do pagamento de dívidas que, de outra forma, seriam impagáveis.
Para empresas e indivíduos com dificuldades financeiras, essa opção permite
manter-se regular perante as autoridades fiscais sem comprometer totalmente
seu fluxo de caixa. A diluição do montante devido em parcelas pode evitar
falências e incentivar a continuidade das operações comerciais.
Aumento da Arrecadação: Para o governo, o parcelamento legal da dívida pode
representar um incremento significativo na arrecadação. Ao oferecer condições
mais favoráveis de pagamento, o Estado consegue recuperar créditos que
poderiam ser perdidos em casos de inadimplência total. Em períodos de crise
econômica, essa medida pode ser crucial para equilibrar o orçamento público.
Redução da Litigiosidade: O parcelamento também atua como um meio de
reduzir a litigiosidade entre contribuintes e o Estado. Ao proporcionar uma
alternativa amigável para a regularização das dívidas, diminui-se a
necessidade de ações judiciais, o que desonera o sistema judiciário e
possibilita uma resolução mais rápida e eficiente dos débitos. Em contra partida
temos também a: Percepção de Impunidade: que é um dos principais
argumentos contra o parcelamento é a potencial percepção de impunidade que
pode gerar entre os contribuintes. Quando constantemente oferecidos, esses
programas podem incentivar a inadimplência deliberada, sob a expectativa de
futuras oportunidades de parcelamento em condições vantajosas. Isso pode
minar a moralidade fiscal e prejudicar os contribuintes que pagam suas
obrigações pontualmente.
Impacto nas Finanças Públicas: Embora o parcelamento possa aumentar a
arrecadação no curto prazo, ele também pode gerar incertezas nas finanças
públicas a longo prazo. Se as parcelas forem demasiadamente dilatadas ou os
descontos aplicados forem excessivos, o valor efetivo recuperado pode não ser
suficiente para cobrir os déficits orçamentários. Além disso, a previsibilidade de
receitas futuras torna-se mais complexa.
Complexidade Administrativa: A implementação e gestão dos programas de
parcelamento podem ser logisticamente complexas e custosas. A necessidade
de criar sistemas de controle, atendimento ao contribuinte e acompanhamento
dos pagamentos parcela a parcela pode demandar recursos significativos, que
poderiam ser alocados em outras áreas prioritárias.Além disso, o parcelamento
legal da dívida pode ter implicações negativas para os credores, especialmente
se envolver perdão parcial ou total da dívida. Isso pode resultar em perdas
financeiras significativas para instituições financeiras, investidores ou governos,
que podem ser forçados a absorver os custos do perdão da dívida. Em alguns
casos, isso pode até levar a um aumento das taxas de juros ou restrições mais
rígidas ao crédito, prejudicando ainda mais aqueles que buscam empréstimos
no futuro. Ademais, podemos ver exemplos práticos para ilustrar o impacto e a
aplicação prática dos programas de parcelamento, podemos considerar casos
de grandes empresas que aderiram a esses programas para regularizar débitos
significativos. A Petrobras, por exemplo, aderiu ao PERT em 2017 para
renegociar uma dívida bilionária, o que permitiu a empresa retomar
investimentos e melhorar sua situação financeira. Outro exemplo é a adesão de
pequenas e médias empresas ao Simples Nacional, que frequentemente
oferece programas de parcelamento para débitos tributários específicos deste
regime.

O parcelamento legal da dívida é, sem dúvida, uma ferramenta útil e, em


muitos casos, necessária para a gestão de créditos públicos e privados. No
entanto, sua eficácia depende de um equilíbrio delicado entre a facilitação do
pagamento e a manutenção da disciplina fiscal. É essencial que as políticas de
parcelamento sejam desenhadas de forma a evitar abusos e garantir que
sirvam de incentivo à regularização, e não à inadimplência. A transparência na
comunicação das condições de parcelamento e a firme aplicação de sanções
para aqueles que persistirem na inadimplência são fundamentais para o
sucesso desses programas. Portanto, o parcelamento de dívidas deve ser visto
como um instrumento complementar dentro de uma política fiscal e financeira
mais ampla, que vise não apenas a recuperação de créditos, mas também a
promoção de uma cultura de cumprimento das obrigações financeiras. Apenas
com essa abordagem integrada será possível aproveitar ao máximo os
benefícios do parcelamento sem incorrer em seus potenciais riscos.

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