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Saúde Respiratória 26/03/2020

37 é febre? Entenda
e previna as
doenças
respiratórias!

Fonte:Envato-Prostock-studio

Estamos vivendo uma pandemia, a COVID-19,


causada por um novo coronavirus (SARS-Cov2)
que está deixando o mundo todo em alerta.
Nesse contexto, surgem muitas perguntas
sobre vírus, sintomas, tratamentos, vacinas etc.
Como a febre é um dos principais sintomas do
vírus (e da maioria das doenças respiratórias),
vamos esclarecer algumas dúvidas sobre o
tema: 37 é febre? Febre alta é perigosa? Existe
mesmo febre interna? Quando é hora de ir ao
médico? Entenda essas e outras questões
sobre o tema.

O que é febre?
A febre é uma resposta natural do corpo para
combater invasores (vírus, infecções, parasitas,
bactérias, etc). Apesar de ser um sinal de que
algo em nosso organismo não vai bem, ela é na
verdade, uma grande aliada do nosso sistema
imunológico, pois quando ela serve de alerta
para o nosso imunológico começar a combater
o agente infeccioso. Esse quadro infeccioso
pode ser leve ou grave, dependendo da
agressividade do micro-organismo e da
imunidade do paciente. ¹

37 é febre?
A temperatura normal do nosso corpo varia
entre 36 e 37 graus. Geralmente, ela é mais
baixa pela manhã e mais alta no fim da tarde ou
à noite. Por isso, alterações de até um grau
são aceitáveis em condições normais. Nas
mulheres, por exemplo, ocorre um aumento da
temperatura após a ovulação, e também no
primeiro trimestre da gravidez.

Por outro lado, em bebês com menos de 3


meses de vida, é preciso prestar mais atenção
em relação ao aumento da temperatura, por
isso, se o termômetro mostrar valor acima de
37,5 graus, já é hora de procurar um médico.
2,3

De modo geral, os infectologistas estabelecem


os seguintes limites para caracterizar a febre
em adultos e crianças acima de 1 ano:

Normal: entre 36,0º C e 37,0 º C


Estado febril: entre 37,3º C e 37,8º C
Febre: acima 37,8º C
Febre alta: entre 39º e 39,9º C
Hipertermia: a partir de 40º C

Fonte: Envato – Rawpixel

Quando se preocupar com


a febre
A febre se torna preocupante quando a
temperatura passa de 39 graus, podendo
indicar uma infecção grave. Outros sintomas
também servem de alerta, e indicam a
necessidade de procurar atendimento médico,
entre eles podemos citar:

Dor de cabeça forte e persistente;


Alta sensibilidade à luz;
Dor de garganta que impede o ato de
engolir;
Vermelhidão na pele;
Nuca endurecida e dolorosa ao curvar a
cabeça;
Confusão mental;
Vômitos repetitivos;
Dificuldade para respirar ou dor no peito;
Irritabilidade, apatia ou sonolência
exageradas;
Dores abdominais;
Dor ao urinar ou vontade frequente de ir
banheiro, e urina em pequena quantidade.

Convulsões febris
Temperaturas elevadas podem causar confusão
mental, delírios e convulsões. Quando a febre é
muito alta, existe o risco de convulsões febris,
especialmente em crianças abaixo dos 5 anos.
Mas isso não costuma acontecer quando a
febre está perto de 37 graus. Embora uma
convulsão possa ser bastante assustadora, as
convulsões febris não costumam trazer
complicações sérias.

Normalmente os abalos tem duração inferior a


15 minutos e acometem os lados do corpo de
forma generalizada. A gravidade é maior se as
crises durarem mais de 15 minutos e
ocorrerem em um lado do corpo ou voltarem a
acontecer em menos de 24 horas.

No entanto, é muito importante ter certeza que


a convulsão aconteceu no momento de febre,
pois uma crise febril deve ser diferenciada de
uma convulsão sem febre. Esta dúvida não
deve existir, já que uma convulsão sem febre
pode indicar um problema neurológico.

No caso de uma convulsão (com ou sem febre),


mantenha a calma, deixe a pessoa deitada de
lado para que não se afogue com a própria
saliva ou vômito. Procure observar a duração e
características da crise para informar para o
médico. Também é importante protegê-la de se
chocar contra qualquer móvel ou objeto que
esteja por perto.

Não devemos tentar baixar a febre no


momento da crise! Tentar dar remédio para
febre pela boca durante a convulsão pode
piorar a situação, causar engasgo ou aspiração,
levando a complicações, como por exemplo
uma pneumonia por aspiração.

Enrolar a língua é mito


Também é importante lembrar que não existe
risco da pessoa engolir ou enrolar a língua.
Colocar as mãos dentro da boca da pessoa em
crise é errado, pois pode prejudicar a sua
respiração e agravar o quadro, além de
oferecer risco ao próprio cuidador, que pode ser
gravemente ferido.

As convulsões causadas por febre, costumam


durar pouco tempo (até 10 minutos), por isso
mantenha a calma e dirija a pessoa ao hospital,
logo depois que a crise passar. 4

medição de febre

Fonte: Envato – Zinkevych_D

O que é febre interna?


Febre interna não existe, esse termo surgiu
para descrever um mal-estar semelhante ao
de uma febre comum. A pessoa sente o corpo
muito quente, mas o termômetro não mostra
essa elevação da temperatura. Se o
termômetro continua nos 36 a 37 graus, não é
febre.

Numa febre comum, a temperatura fica acima


de 37,5 graus, e é acompanhada de outros
sintomas como, por exemplo:

Sensação de calor
Suor frio
Calafrios ou arrepios ao longo do dia
Mal-estar
Dor de cabeça
Cansaço
Falta de energia

O que as pessoas chamam de febre interna, é a


percepção de todos esses sintomas, mas sem
o aumento da temperatura, que pode ser
causada por stress e as crises de ansiedade,
que também podem causar arrepios e
tremedeira em todo corpo.

Doenças respiratórias que


causam febre
Como vimos, a febre não é uma doença, mas
um sintoma que aparece em diferentes tipos de
doenças e infecções, entre eles, os problemas
respiratórios. Por isso vamos listar a seguir
algumas doenças do sistema respiratório, e
quais são as formas de tratamento e
prevenção.

Coronavírus
Vamos começar falando da doença que está
assustando o mundo. O coronavírus é uma
família de vírus conhecida desde a década de
60, que causam infecções respiratórias. Ganhou
esse nome porque quando observado em
microscópio, o vírus parece ter uma coroa. A
nova mutação do vírus foi descoberta em
2019, após os primeiros casos registrados na
China. E foi por isso esse novo tipo de
coronavírus ganhou o nome de SARS Cov 2
para ser diferenciado de uma outra epidemia
(SARS) causada por outro coronavirus , que
aconteceu na China entre 2002 e 2003.

As pessoas infectadas pelo novo coronavírus


tem sintomas muito parecidos com uma gripe.
No entanto, em pessoas idosas e que sofrem
de outras doenças, as complicações podem ser
mais sérias. Nessas situações, pode ocorrer
complicações como a síndrome respiratória
aguda grave, que em casos extremos, pode
levar a morte.

Segundo a Organização Mundial da Saúde


(OMS) os sintomas mais comuns do novo
coronavírus (COVID-19) são: coriza, febre,
tosse e dificuldade de respirar. De acordo com
a entidade, alguns pacientes também podem
apresentar dores no corpo, congestão nasal,
coriza, dor de garganta e diarreia. Esses
sintomas, geralmente, são leves em mais de
80% dos casos. As restantes apresentam
sintomas mais graves, mas, cerca 96% são
curadas.

Medicamentos
O uso de medicamentos que melhoram os
sintomas da gripe podem ser administrados,
mas produtos com ibuprofeno devem ser
evitados. Ainda não temos estudos suficientes
que comprovem que o ibuprofeno aumenta a
mortalidade em pessoas com coronavírus, mas
mesmo assim é melhor evitar.

Quando procurar atendimento


médico por causa do coronavírus
Se você não está com sintomas graves e nem
faz parte dos grupos de risco, a melhor forma
de lidar com sintomas é repousar e manter-se
isolado. O hospital só deve ser procurado pelas
pessoas que apresentem sintomas graves
como dificuldade para respirar e falta de ar.

Em entrevista coletiva para atualizar a situação


da pandemia no país,concedida em 19 de
março, a equipe do Ministério da Saúde voltou
a enfatizar que pessoas com sintomas sem
complicações não devem sobrecarregar o
sistema de saúde.

A preocupação é de que haja sobrecarga nas


unidades de saúde por conta de uma doença
cujos sintomas são genéricos e semelhantes
àqueles provocados por outros vírus que já
circulavam no país. Além disso, uma pessoa
sem o coronavírus pode acabar se infectando,
se deslocando até os postos de saúde e
hospitais onde pessoas infectadas estejam
buscando atendimento. 6,7

atendimento médico covid

Fonte: Envato – bestproject

Onde procurar orientação sobre o


COVID-19
Conversamos com a Liliane Ocalxuk, CRP
número 08/15210, psicóloga que trabalha no
Ministério da Saúde, atuando no departamento
nacional de auditoria do SUS: “a orientação é
que as pessoas com sintomas leves procurem
ligar no serviço de saúde do seu município
para informar a ocorrência deles e receber a
orientação adequada. Para descobrir como seu
município está lidando com casos suspeitos, a
pessoa pode usar o aplicativo do Ministério da
Saúde que identifica a localização e mostra a
unidade de saúde mais próxima. Novamente,
não é preciso ir até o local, basta ligar e seguir
as recomendações dadas pelo agente”

Baixe o app do ministério da Saúde nos


seguintes links: Android e IOS.

Liliane também alerta quanto aos pacientes em


grupo de risco “É importante que essas
pessoas informem ao município assim que
perceberem os primeiros sintomas, para que
possam ser orientadas sobre como proceder e
se necessário, se submeter ao teste de maneira
mais segura possível”.

Os pacientes que devem seguir essas


recomendações incluem:

Idosos (pessoas com sessenta anos ou


mais)
Pacientes imunodeficientes
Pessoas com doenças preexistentes
crônicas ou graves, como cardiovasculares
(como por exemplo hipertensão),
metabólicas (como a diabetes), e
respiratórias como asma e bronquite.
Gestantes e lactantes

Como já comentamos, outras doenças


respiratórias causam sintomas parecidos com
o coronavírus, incluindo a febre, além disso,
pessoas com esses problemas estão nos
grupos de risco para COVID-19. Por isso, vamos
falar um pouco mais sobre essas doenças a
seguir. Confira:

Bronquite
A bronquite é a inflamação dos brônquios, que
são os tubos que levam o ar até os pulmões, a
doença ocorre quando os cílios que revestem o
interior dos brônquios não eliminam o muco
adequadamente. O acúmulo de secreção deixa
os brônquios inflamados e contraídos, por isso
causam tosse.

Os casos de bronquite podem ser crônicos ou


agudos. A bronquite crônica acontece quando
os sintomas duram pelo menos 3 meses em
dois anos consecutivos. Os quadros de
bronquite aguda, geralmente dura dias ou
semanas, e mesmo que durem 3 meses, esses
sintomas não voltam a aparecer nos próximos
12 meses.

As causas da bronquite podem ser virais ou


bacterianas. A bronquite viral pode ser causada
por uma variedade de vírus comuns, incluindo o
vírus da gripe. Mesmo depois de curada uma
infecção viral, a irritação causada por ela
continua a produzir sintomas por semanas.

A bronquite bacteriana, por sua vez, acontece


quando bactérias causam a inflamação, e
muitas vezes ocorre depois de uma infecção
viral do trato respiratório superior.

Vale lembrar que o tabagismo é um fator de


risco e também um importante agravante da
doença, independentemente da sua
apresentação.

O tratamento varia de acordo com o quadro


(agudo ou crônico) e também leva em conta o
agente causador (vírus ou bactéria). Pessoas
com bronquite que apresentam febre devem
ingerir bastante líquido para fluidificar a
secreção e facilitar a expectoração. 8

Asma
A asma causa o estreitamento dos bronquíolos,
que são pequenos canais de ar do sistema
respiratório, o que dificulta a passagem do ar e
provoca contrações ou broncoespasmos.
Quando estão inflamados, os bronquíolos
acumulam muco, agravando o problema. Falta
de ar e tosse seca são os principais sintomas.

As causas da asma são desconhecidas, mas a


asma resulta mais provavelmente de
interações complexas entre muitos genes,
condições ambientais e nutrição. Diversas
condições relacionadas a gravidez, nascimento
e infância têm sido associadas ao
desenvolvimento de asma na infância e mais
tarde na idade adulta.

crise de asma

Fonte: Envato – Prostock-studio

As crises normalmente surgem em resposta a


alguns agentes infecciosos, como por exemplo
resfriados e bronquites. Agentes irritantes
também são gatilhos, entre eles podemos citar
a fumaça do cigarro, perfumes, pólen,
partículas de ácaros do pó, secreções corporais
de baratas, partículas de penas e pelos de
animais, etc. 9

Rinite e Sinusite
A rinite e a sinusite não estão incluídas no
grupo de risco para COVID-19. A inflamação no
nariz (rinite) ou do sinus (sinusite) cavidades ao
lado e acima do nariz apresentam sintomas
diferentes. A rinite com cogestão nasal, coriza e
espirro. A sinusite além da congestão nasal,
tosse e dor de cabeça persistente.

Em ambas as condições a febre é menos


comum do que resfriados e gripes
convencionais. O alerta aqui é que a presença
dessas doenças pode predispor o indivíduo a
desenvolver outras doenças respiratórias. Por
isso, vale a pena conhecer um pouco mais
sobre elas. Leia mais sobre a diferença entre
elas clicando aqui

Prevenção das doenças


respiratórias, incluindo o
COVID-19
A prevenção das doenças respiratórias inclui
uma série de cuidados, desde a higiene
adequada das mãos e ambientes, até os
esforços que aumentam a imunidade.
Separamos algumas dicas. Confira:

Lavar bem as mãos, com água e sabão até


a altura dos pulsos
Usar álcool em gel
Não levar as mãos ao rosto
Evitar aglomerações e locais fechados
Não fumar
Manter a rinite alérgica sob controle
Tomar a vacina da gripe
Manter-se hidratado, tomando água
antes mesmo que a sede apareça
Alimentar-se de maneira saudável,
priorizando alimentos que fortalecem a
imunidade
Manter a umidade no ar
Dormir 7 a 8 horas por noite
Nunca tome medicação sem orientação
médica

Como podemos ajudar a


combater o COVID-19
Além das medidas de prevenção que servem
para todas as doenças respiratórias, podemos
fazer mais para ajudar o Brasil a superar a
pandemia de coronavírus. Listamos a seguir
algumas dicas:

1. Manter-se em isolamento: mesmo


que não haja sintomas permaneça
em casa sempre que puder, pois 2
terços das pessoas infectadas têm
poucos ou nenhum sintoma, e
podem estar contribuindo para
espalhar o vírus para pessoas que
têm mais riscos de desenvolver
complicações. 10
2. Não fazer compras grandes: nem
todas as pessoas têm condições de
comprar comida e suprimentos em
grandes quantidades, por isso,
pratique a empatia, desabastecer os
supermercados só vai prejudicar as
pessoas mais vulneráveis e
encarecer os preços.
3. Evitar estoque exagerado de álcool
em gel: é mais importante que seus
vizinhos também consigam se
proteger para não se contagiar (o
que aumenta o risco de você se
contaminar), do que você ter vários
frascos de álcool em gel guardados
no armário.
4. Não lotar o sistema de saúde: Além
de dificultar o acesso das pessoas
que estão com sintomas graves,
procurar atendimento sem
necessidade vai te expor aos lugares
onde o vírus provavelmente vai
estar: hospitais e unidades de saúde.
5. Colocar-se a disposição de idosos
em isolamento: Embora seja
importante manter-se em casa,
algumas pessoas em isolamento
podem estar precisando de comida
ou medicamentos. Seja gentil com
elas e ofereça-se para fazer essas
compras. Lembre-se de tomar TODO
o cuidado necessário ao sair, e
higienize tudo que veio da rua antes
de entregar para o idoso.
6. Seja voluntário: Atenda ao chamado
do Ministério da Saúde para compor
a Força Nacional do SUS, podem se
inscrever: médicos, socorristas,
enfermeiros, psicólogos, técnicos de
enfermagem e fisioterapeutas. Link
aqui

Esperamos que esse artigo tenha esclarecido


suas dúvidas, compartilhe esse texto para que
essa mensagem chegue a mais pessoas

Colaboraram neste artigo:


Dr. Odair Albano – Clínico Geral – CRM SP
31101

Referências bibliográficas e datas


de acesso
Privacidade - Termos

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