Questões de História Geral Enem 22-04

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Questões de História Geral

Enem 2023, 2022, 2021.

1. Havia já muito tempo que a Europa desfrutava os benefícios da vacina e arrancava à


morte milhares de inocentes, condenados a serem vítimas do terrível flagelo das
bexigas, e o governo de Portugal nunca se lembrara de transmitir ao Brasil a mais útil
das descobertas humanas, quando aliás nenhum país mais do que ele carecia deste
salutar invento ou se atendesse às vantagens da população ou ao perdimento de
imensas somas na mortandade contínua de escravos, que este flagelo devorava. O
certo é que mais ocupado de seu ouro que de seus habitantes, Portugal, como em
outros muitos casos, esperou que o Brasil por seu próprio impulso remediasse a este
mal.

PEREIRA, J. C. 12 jan. 1828 apud LOPES, M. B.; POLITO, R. Para uma história da vacina
no Brasil: um manuscrito inédito de Norberto e Macedo. História, Ciências, Saúde —
Manguinhos, n. 2, abr.-jun. 2007 (adaptado).

Escrito em 1828, o texto expressa a seguinte ideia de origem iluminista:

A) As leis observáveis regem o mundo material.

B) O monarca racional promove a sociedade justa.

C) O direito natural justifica a liberdade dos homens.

D) A produção da terra garante a riqueza das nações.

E) A responsabilidade dos governantes assegura a saúde dos povos.

2. Os séculos XV e XVI, quando se vão desmoronando as estruturas socioeconômicas


da Idade Média perante os novos imperativos da Época moderna, constituem um
momento-chave na história florestal de toda a Europa Ocidental. Abre-se,
genericamente, um longo período de “crise florestal”, que se manifesta com acuidade
nos países onde mais se desenvolvem as atividades industriais e comerciais. As
necessidades em produtos lenhosos aumentam drasticamente com o crescimento do
consumo nos mercados urbanos e nas regiões onde progridem a metalurgia e a
construção naval, além da sua utilização na vida quotidiana de toda a população.
DEVY-VARETA, N. Para uma geografia histórica da floresta portuguesa. Revista da
Faculdade de Letras — Geografia, n. 1, 1986 (adaptado).
Qual acontecimento do período contribuiu diretamente para o agravamento da
situação descrita?

A) O processo de expansão marítima.

B) A eclosão do renascimento cultural.

C) A concretização da centralização política.

D) O movimento de reformas religiosas.

E) A manutenção do sistema feudal.

3. A história do Primeiro de Maio de 1890 — na França e na Europa, o primeiro de


todos os Primeiros de Maio — é, sob vários aspectos, exemplar. Resultante de um ato
político deliberado, essa manifestação ilustra o lado voluntário da construção de uma
classe — a classe operária — à qual os socialistas tentam dar uma unidade política e
cultural através daquela pedagogia da festa cujo princípio, eficácia e limites há muito
tempo tinham sido experimentados pela Revolução Francesa.

PEERROT, M. Os excluídos da história: operários, mulheres e prisioneiros. Rio de


Janeiro: Paz e Terra, 1988.

Com base no texto, a fixação dessa data comemorativa tinha por objetivo:

A) valorizar um sentimento burguês.

B) afirmar uma identidade coletiva.

C) edificar uma memória nacional.

D) criar uma comunidade cívica.

E) definir uma tradição popular.

4. Ainda que a fome ocorrida na Itália em 536 tenha origem nos eventos climáticos,
suas implicações são tanto políticas quanto econômicas. Nos primeiros séculos da
Idade Média, o auxílio aos famintos se inscreve no domínio da gestão pública, mesmo
quando a ação de seus agentes é apresentada sob o ângulo da piedade e da caridade
individuais, como é o caso da Gália merovíngia. Assim, o fato de que as respostas à
fome são mostradas, na Gália, como o fruto de iniciativas pessoais fundadas no
imperativo da caridade deriva da naturezas das fontes do século VI.

SILVA, M. C. Os agentes públicos e a fome nos primeiros séculos da Idade Média.


Varia História, n. 60, set-dez. 2016 (adaptado).

Na conjuntura histórica destacadas no texto, o dever de agir em face da situação de


crise apresentada pertencia à jurisdição.

A) da nobreza, proveniente da obrigação de proteção ao campesinato livre.

B) da realeza, decorrente do conceito de governo subjacente à monarquia cristã.

C) dos mosteiros, resultantes do caráter fraternal afirmado nas regras monásticas.

D) dos bispados, consequente da participação dos clérigos nos assuntos comunitários.

E) das corporações, procedentes do padrão assistencialista previsto nas normas


estatuárias.

5. Nem guerras, nem revoltas. Os incêndios eram o mais frequente tormento da vida
urbana no Regnum Italicum. Entre 880 e 1080, as cidades estiveram constantemente
entregues ao apetite das chamas. A certa altura, a documentação parece vencer pela
insistência do vocabulário, levando até o leitor mais crítico a cogitar que os medievais
tinham razão ao tratar aqueles acontecimentos como castigos que antecediam o
julgamento final. Como um quinto cavaleiro apocalíptico, o incêndio agia ao feitio da
peste ou da fome: vagando mundo afora, retornava de tempos em tempos e
expurgava justos e pecadores num tormento derradeiro, como insistiam os textos do
século X. O impacto acarretado sobre as relações sociais era imediato e prolongava-se
para além da destruição material. As medidas proclamadas pelas autoridades faziam
mais do que reparar os danos e reconstruir a paisagem: elas convertiam a devastação
em uma ocasião para alterar e expandir não só a topografia urbana, mas as práticas
sociais até então vigentes.

RUST, L. D. Uma calamidade insaciável. Rev. Bras. Hist., n. 72, maio-ago. 2016
(adaptado).

De acordo com o texto, a catástrofe descrita impactava as sociedades medievais por


proporcionar a:

A) correção dos métodos preventivos e das regras sanitárias.

B) revelação do descaso público e das degradações ambientais.

C) transformação do imaginário popular e das crenças religiosas.

D) remodelação dos sistemas políticos e das administrações locais.


E) reconfiguração dos espaços ocupados e das dinâmicas comunitárias.

6. Ao mesmo tempo, graças às amplas possibilidades que tive de observar a classe


média, vossa adversária, rapidamente concluí que vós tendes razão, inteira razão, em
não esperar dela qualquer ajuda. Seus interesses são diametralmente opostos aos
vossos, mesmo que ela procure incessantemente afirmar o contrário e vos queira
persuadir que sente a maior simpatia por vossa sorte. Mas seus atos desmentem suas
palavras.

ENGELS, F. A situação da classe trabalhadora na Inglaterra. São Paulo: Boitempo,


2010.

No texto, o autor apresenta delineamentos éticos que correspondem ao(s):

A) conceito de luta de classes.

B) alicerce da ideia de mais-valia.

C) fundamentos do método científico.

D) paradigmas do processo indagativo.

E) domínios do fetichismo da mercadoria.

7. Por maioria, nós não entendemos uma quantidade relativa maior, mas a
determinação de um estado ou de um padrão em relação ao qual tanto as quantidades
maiores quanto as menores serão ditas minoritárias. Maioria supõe um estado de
dominação. É nesse sentido que as mulheres, as crianças e também os animais são
minoritários.

DELEUZE, G.; GUATTARI, F. Mil platôs. São Paulo: Editora 34, 2012 (adaptado).

No texto, a caracterização de uma minoria decorre da existência de:

A) ameaças de extinção social.

B) políticas de incentivos estatais.

C) relações de natureza arbitrária.

D) valorações de conexões simétricas.

E) hierarquizações de origem biológica.


8. Vocês que fazem parte dessa massa
Que passa nos projetos do futuro
É duro tanto ter que caminhar
E dar muito mais do que receber
Ê, ô, ô, vida de gado
Povo marcado
Ê, povo feliz!

ZÉ RAMALHO. A peleja do diabo com o dono do céu. Rio de Janeiro: Sony, 1979
(fragmento).

Qual comportamento coletivo é criticado no trecho da letra da canção lançada em


1979?

A) Militância política.

B) Passividade social.

C) Altruísmo religioso.

D) Autocontrole moral.

E) Inconformismo eleitoral.

9. 196º — Se alguém arranca o olho a um outro, se lhe deverá arrancar o olho.

197º — Se ele quebra o osso a um outro, se lhe deverá quebrar o osso.

198º — Se ele arranca o olho de um liberto, deverá pagar uma mina.

199º — Se ele arranca um olho de um escravo alheio, ou quebra um osso ao escravo


alheio, deverá pagar a metade de seu preço.

Código de Hamurabi. Disponível em: www.dhnet.org.br. Acesso em: 6 dez. 2017.

Esse trecho apresenta uma característica de um código legal elaborado no contexto da


Antiguidade Oriental explicitada no(a):

A) recusa do direito natural para expressão da vontade divina.

B) caracterização do objeto do delito para a definição da pena.


C) engajamento da coletividade para a institucionalização da justiça.

D) flexibilização das normas para garantia do arbítrio dos magistrados.

E) cerceamento da possibilidade de defesa para preservação da autoridade.

10. Juiz — Entre, Edmund, falei com o seu senhor.

Edmund — Não com o meu senhor, Vossa Excelência, espero ser o meu próprio
senhor.

Juiz — Bem, com o seu empregador, o Sr. E..., o fabricante de roupas. Serve a palavra
empregador?

Edmund — Sim, sim, Vossa Excelência, qualquer coisa que não seja senhor.

DEFOE, D. apud THOMPSON, E. P. Costumes em comum. São Paulo:


Cia. das Letras, 1998.

Qual alteração nas relações sociais na Inglaterra é registrada no diálogo extraído da


obra escrita em 1724?

A) Melhoria das condições laborais no ambiente fabril.

B) Superação do caráter servil nas relações trabalhistas.

C) Extinção dos conflitos hierárquicos no contexto industrial.

D) Abrandamento dos ideais burgueses nos centros urbanos.

E) Desaparecimento das distinções sociais no ordenamento jurídico.

11.

Ata Geral da Conferência de Bruxelas, 2 de julho de 1890

As potências declaram que os meios mais eficazes para combater a escravatura


no interior da África são os seguintes:

1º — A organização progressiva dos serviços administrativos judiciais, religiosos e


militares nos territórios da África, colocados sob a soberania ou sob protetorado das
nações civilizadas;

2º — O estabelecimento gradual no interior, pelas potências de quem dependem


os territórios, de estações fortemente ocupadas, de maneira que a sua ação protetora
ou repressiva possa se fazer sentir com eficácia nos territórios assolados pela caçada
ao homem.

Disponível em: www.fd.unl.pt. Acesso em: 21 jan. 2015.

No contexto da colonização da África do século XIX, o recurso ao argumento


civilizatório apresentado no texto buscava legitimar o(a):

A) estabelecimento de governos para a constituição de Estados nacionais.

B) submissão de espaços para alterar as relações de produção.

C) delimitação de jurisdições para bloquear a expansão capitalista.

D) defesa do continente para encerrar as contínuas guerras civis.

E) reconhecimento da alteridade para preservar as práticas tribais.

12. O processo formativo do Estado desenrolou-se segundo a dinâmica de dois


movimentos contraditórios e simultâneos: fragmentação e centralização. De um lado,
fragmentação na medida em que os príncipes europeus tiveram de lutar contra o
poder universalista do papa; e centralizador na medida em que os príncipes tiveram
que lutar contra o poder político e militar de outros chefes políticos rivais. Desse
processo resultaram as características fundamentais do Estado moderno: exército e
burocracia civil permanentes, padronização tributária, direito codificado e mercado
unificado.

GONÇALVES, W. Relações internacionais. Rio de Janeiro: Zahar, 2008 (adaptado).

A institucionalização política mencionada teve como uma de suas causas o êxito de


alguns príncipes em:

A) monopolizar o uso legítimo da força.

B) reforçar a hegemonia social do clero.

C) restringir a influência cultural da nobreza.

D) respeitar a diversidade das vivências locais.

E) conter a autoridade das lideranças carismáticas.

13. A “África” tem sido incessantemente recriada e desconstruída. A “África” tem sido
um ícone contestado, tem sido usada e abusada, tanto pela intelectualidade quanto
pela cultura de massas; tanto pelo discurso da elite quanto pelo discurso popular sobre
a nação e os povos que, supostamente, criaram e se misturaram no Novo Mundo; e,
por último, tanto pela política conservadora como pela progressista.
SANSONE, L. Da África ao afro: uso e abuso da África entre os intelectuais e na cultura
popular brasileira durante o século XX. Afro-Ásia, v. 27, 2002.

As diferentes significações atribuídas à África, citadas no texto, são consequências


do(a):

A) identidade folclórica da população.

B) desenvolvimento científico da região.

C) multiplicidade linguística do território.

D) desconhecimento histórico do continente.

E) invisibilidade antropológica da comunidade.

14. O nacionalismo curdo é um nacionalismo muito antigo. Os curdos são um povo que
tem uma língua própria, uma cultura, uma história, uma tradição. O Curdistão já existe
no papel, num tratado do início dos anos 1920, mas que depois foi quebrado porque
não interessava nem aos turcos, nem ao Irã e, principalmente, à Grã-Bretanha e à
França, que eram as potências dominantes na região. Então, o nacionalismo curdo é
consequência dessa história.

RAUPP, E.; SPARREMBERGER, V. Entrevista com Luiz Antônio Araújo:


perspectivas sobre o Oriente Médio. Novas Fronteiras: Revista
Acadêmica de Relações Internacionais da ESPM-Sul, n. 1, jan.-jun. 2015 (adaptado).

Um empecilho para a autodeterminação da nação em questão é o(a):

A) limite imposto pelo espaço natural.

B) controle religioso sobre reservas petrolíferas.

C) imposição do idioma pelo colonizador europeu.

D) distribuição da população por diferentes países.

E) divisão do território por fundamentalistas islâmicos.

15. A produção de um ou dois cultivos de exportação transformou-se em regra em


1935: cacau na Costa do Ouro, amendoim no Senegal e em Gâmbia, algodão no Sudão,
café e algodão em Uganda, café e sisal na Tanzânia etc. O trabalho forçado e o
abandono da produção alimentar provocaram muita desnutrição, graves surtos de
fome e epidemias, em certas partes da África, no início da Era Colonial.
BOAHEN, A. A. O legado do Colonialismo. Correio da Unesco, n. 7, jul. 1984
(adaptado).

Nos termos apresentados no texto, o Neocolonialismo europeu deixou o seguinte


legado para as áreas ocupadas:

A) Desconcentração da estrutura fundiária.

B) Expropriação de direitos humanitários.

C) Autossuficiência do mercado interno.

D) Valorização de técnicas ancestrais.

E) Autonomia do setor financeiro.

16. A produção de um ou dois cultivos de exportação transformou-se em regra em


1935: cacau na Costa do Ouro, amendoim no Senegal e em Gâmbia, algodão no Sudão,
café e algodão em Uganda, café e sisal na Tanzânia etc. O trabalho forçado e o
abandono da produção alimentar provocaram muita desnutrição, graves surtos de
fome e epidemias, em certas partes da África, no início da Era Colonial.

BOAHEN, A. A. O legado do Colonialismo. Correio da Unesco, n. 7, jul. 1984


(adaptado).

Nos termos apresentados no texto, o Neocolonialismo europeu deixou o seguinte


legado para as áreas ocupadas:

A) Desconcentração da estrutura fundiária.

B) Expropriação de direitos humanitários.

C) Autossuficiência do mercado interno.

D) Valorização de técnicas ancestrais.

E) Autonomia do setor financeiro.

17. No Império do Brasil, apesar do apego a certo ideário do Antigo Regime, as ideias e
práticas políticas inéditas que se moldaram e se redefiniram naquela conjuntura
acabaram por converter a Coroa em Estado e fizeram com que a política deixasse os
círculos palacianos privados para emprestar uma nova dimensão à praça pública. Por
conseguinte, o novo império não mais podia fugir à obrigação de conduzir a sociedade,
fazendo- -se reger por uma Constituição, ainda que outorgada, e articulando-se por
meio de uma divisão de poderes que respeitasse, a princípio, pelo menos, a
participação daqueles considerados cidadãos.
NEVES, L. M. B. P. O governo de D. João: tensões entre ideias liberais e
práticas do Antigo Regime. In: CARVALHO, J. M.; CAMPOS, A. P. (Org.).
Perspectiva da cidadania no Brasil Império. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

Com base no texto, na formação do Estado brasileiro prevaleceram ideias e práticas


derivadas dos princípios:

A) iluministas.

B) federalistas.

C) republicanos.

D) democráticos.

E) abolicionistas.

18. Ó anúncio! Tu és a luz dos historiadores futuros. O anúncio é hoje em dia o rei das
opiniões. O anúncio faz uma reputação. Um homem que não materializou seu nome
num anúncio não é digno de figurar na lista de eleitores, nem de ter voto para membro
de qualquer associação. O anúncio, esse agente do industrialismo, triunfa até mesmo
nas límpidas esferas onde outrora reinava soberana a inspiração.

Novo Correio das Modas, ago.-set., 1854 apud MAUAD, A. M. Imagem


e autoimagem do Segundo Reinado. In: ALENCASTRO, L. F. (Org.).
História da vida privada no Brasil. São Paulo: Cia. das Letras, 1998.

Ao tratar da importância do anúncio no período oitocentista, o texto destaca o(a):

A) emprego do realismo como forma de superar a escrita rebuscada, imprópria à


venda de produtos.

B) papel crescente da publicidade como agente de transformação social na sociedade


industrialista.

C) politização dos meios de comunicação, utilizados como instrumento de manutenção


da ordem social.

D) padronização dos princípios sociais como resultado da massificação dos valores


éticos da elite.

E) utilização da propaganda como forma de difundir o consumo dos bens necessários à


vida moderna.

19. Entre as muitas batalhas, destaca-se aquela voltada para a dessegregação dos
ônibus de Montgomery, Alabama. O estopim foi a prisão da costureira Rosa Parks, que
se recusou a ceder seu assento a um homem branco. O boicote aos ônibus teve início
em dezembro de 1955. A população negra preferia andar quilômetros a pé, todos os
dias, a sofrer as humilhações de um transporte segregado.

Disponível em: http://cienciahoje.uol.com.br. Acesso em: 30 mar. 2015 (adaptado).

O tema do texto refere-se a um movimento social que, na longa duração da história


norte-americana, exigia a:

A) concretização de princípios socialistas.

B) abolição do trabalho compulsório.

C) proteção da militância política.

D) legitimação do voto feminino.

E) extensão de direitos civis.

20. No seio de diversos povos africanos, nomeadamente no antigo Reino do Congo,


existem testemunhos gráficos de que a escrita tomava várias formas. Exemplo disso
são as tampas de panela esculpidas em baixo-relevo do povo Woyo (região de
Cabinda), com cenas e provérbios do cotidiano, desenhos na terra ou areia, imagens
gravadas ou inscritas nos bastões de chefe ou em pedras sagradas, mas, sobretudo,
movimentos do corpo humano inscritos num gestual familiar. Entre os Woyo existia o
costume de os pais oferecerem aos filhos testos ou tampas de panelas entalhados,
transmitindo uma espécie de recado, com signos codificados que traduziam
orientações para conseguir uma boa relação conjugal, ter sensatez na escolha do
cônjuge e estar alerta para as dificuldades do casamento.

RODRIGUES, M. R. A. M.; TAVARES, A. C. P. Singularidades museológicas de uma tábua


com esculturas em diálogo: do alambamento ao casamento em Cabinda
(Angola). Anais do Museu Paulista, n. 2, maio-ago. 2017 (adaptado).

Para o povo Woyo, os artefatos culturais mencionados no texto cumprem a função de


uma:

A) pedagogia dos costumes sociais.

B) imposição das formas de comunicação.

C) desvalorização dos comportamentos da juventude.

D) destituição dos valores do matrimônio.

E) etnografia das celebrações religiosas.


21.

TEXTO I

Macaulay enfatizou o glorioso acontecimento representado pela luta do Parlamento


contra Carlos I em prol da liberdade política e religiosa do povo inglês; significou o
primeiro confronto entre a liberdade e a tirania real, primeiro combate em favor do
Iluminismo e do Liberalismo.

ARRUDA, J. J. A. Perspectivas da Revolução Inglesa. Rev. Bras. Hist., n. 7, 1984


(adaptado).

TEXTO II

A Revolução Inglesa, como todas as revoluções, foi causada pela ruptura da velha
sociedade, e não pelos desejos da velha burguesia. Na década de 1640, camponeses se
revoltaram contra os cercamentos, tecelões contra a miséria resultante da depressão e
os crentes contra o Anticristo a fim de instalar o reino de Cristo na Terra.

HILL, C. Uma revolução burguesa? Rev. Bras. Hist., n. 7, 1984 (adaptado).

A concepção da Revolução Inglesa apresentada no Texto II diferencia-se da do Texto I


ao destacar a existência de:

A) pluralidade das demandas sociais.

B) homogeneidade das lutas religiosas.

C) unicidade das abordagens históricas.

D) superficialidade dos interesses políticos.

E) superioridade dos aspectos econômicos.

22. Nem guerras, nem revoltas. Os incêndios eram o mais frequente tormento da vida
urbana no Regnum Italicum. Entre 880 e 1080, as cidades estiveram constantemente
entregues ao apetite das chamas. A certa altura, a documentação parece vencer pela
insistência do vocabulário, levando até o leitor mais crítico a cogitar que os medievais
tinham razão ao tratar aqueles acontecimentos como castigos que antecediam o
julgamento final. Como um quinto cavaleiro apocalíptico, o incêndio agia ao feitio da
peste ou da fome: vagando mundo afora, retornava de tempos em tempos e
expurgava justos e pecadores num tormento derradeiro, como insistiam os textos do
século X. O impacto acarretado sobre as relações sociais era imediato e prolongava-se
para além da destruição material. As medidas proclamadas pelas autoridades faziam
mais do que reparar os danos e reconstruir a paisagem: elas convertiam a devastação
em uma ocasião para alterar e expandir não só a topografia urbana, mas as práticas
sociais até então vigentes.

RUST, L. D. Uma calamidade insaciável. Rev. Bras. Hist., n. 72, maio-ago. 2016
(adaptado).

De acordo com o texto, a catástrofe descrita impactava as sociedades medievais por


proporcionar a:

A) correção dos métodos preventivos e das regras sanitárias.

B) revelação do descaso público e das degradações ambientais.

C) transformação do imaginário popular e das crenças religiosas.

D) remodelação dos sistemas políticos e das administrações locais.

E) reconfiguração dos espaços ocupados e das dinâmicas comunitárias.

23. Mulheres naturalistas raramente figuraram na corrida por conhecer terras


exóticas. No século XIX, mulheres como Lady Charlotte Canning eventualmente
coletavam espécimes botânicos, mas quase sempre no papel de esposas coloniais,
viajando para locais onde seus maridos as levavam e não em busca de seus próprios
projetos científicos.

SOMBRIO, M. M. O. Em busca pelo campo — Mulheres em expedições científicas no


Brasil em meados do século XX. Cadernos Pagu, n. 48, 2016.

No contexto do século XIX, a relação das mulheres com o campo científico, descrita no
texto, é representativa da:

A) afirmação da igualdade de gênero.

B) transformação dos espaços de lazer.

C) superação do pensamento patriarcal.

D) incorporação das estratificações sociais.

E) substituição das atividades domésticas.

24. Durante os anos de 1854-55, o governo brasileiro — por meio de sua


representação diplomática em Londres — e os livre-cambistas ingleses — nas colunas
do Daily News e na Câmara dos Comuns — aumentaram a pressão pela revogação da
Lei Aberdeen. O governo britânico, entretanto, ainda receava que, sem um tratado
anglo-brasileiro satisfatório para substituí-la, não haveria nada que impedisse os
brasileiros de um dia voltarem aos seus velhos hábitos.

BETHELL, L. A abolição do comércio brasileiro de escravos. Brasília: Senado Federal,


2002 (adaptado).

As tensões diplomáticas expressas no texto indicam o interesse britânico em:

A) estabelecer jurisdição conciliadora.

B) compartilhar negócios marítimos.

C) fomentar políticas higienistas.

D) manter a proibição comercial.

E) promover o negócio familiar.

25.

TEXTO I

Portadoras de mensagem espiritual do passado, as obras monumentais de cada


povo perduram no presente como o testemunho vivo de suas tradições seculares. A
humanidade, cada vez mais consciente da unidade dos valores humanos, as considera
um bem comum e, perante as gerações futuras, se reconhece solidariamente
responsável por preservá-las, impondo a si mesma o dever de transmiti-las na
plenitude de sua autenticidade.

Carta de Veneza, 31 de maio de 1964. Disponível em: www.iphan.gov.br. Acesso em: 7


out. 2019.

TEXTO II

Os sistemas tradicionais de proteção se mostram cada vez menos eficientes diante


do processo acelerado de urbanização e transformação de nossa sociedade. A
legislação de proteção peca por considerar o monumento, até certo ponto,
desvinculado da realidade socioeconômica. O tombamento, ao decretar a
imutabilidade do monumento, provoca a redução de seu valor venal e o abandono, o
que é uma causa, ainda que lenta, de destruição inevitável.

TELLES, L. S. Manual do patrimônio histórico. Porto Alegre; Caxias do Sul:


Escola Superior de Teologia São Lourenço de Brindes, 1977 (adaptado).

Escritos em temporalidade histórica aproximada, os textos se distanciam ao


apresentarem pontos de vista diferentes sobre a(s):
A) ampliação do comércio de imagens sacras.

B) substituição de materiais de valor artístico.

C) políticas de conservação de bens culturais.

D) defesa da privatização de sítios arqueológicos.

E) medidas de salvaguarda de peças museológicas.

26. É preciso usar de violência e rebater varonilmente os apetites dos sentidos sem
atender ao que a carne quer ou não quer, mas trabalhando por sujeitá-la ao espírito,
ainda que se revolte. Cumpre castigá-la e curvá-la à sujeição, a tal ponto que esteja
disposta para tudo, sabendo contentar-se com pouco e deleitar-se com a simplicidade,
sem resmungar por qualquer incômodo.

KEMPIS, T. Imitação de Cristo. Petrópolis: Vozes, 2015.

Qual característica do ascetismo medieval é destacada no texto?

A) Exaltação do ritualismo litúrgico.

B) Afirmação do pensamento racional.

C) Desqualificação da atividade laboral.

D) Condenação da alimentação impura.

E) Desvalorização da materialidade corpórea.

27.

TEXTO I

Macaulay enfatizou o glorioso acontecimento representado pela luta do Parlamento


contra Carlos I em prol da liberdade política e religiosa do povo inglês; significou o
primeiro confronto entre a liberdade e a tirania real, primeiro combate em favor do
lluminismo e do Liberalismo.

ARRUDA, J. J. A. Perspectivas da Revolução Inglesa. Rev. Bras. Hist., n. 7, 1984


(adaptado).

TEXTO II

A Revolução Inglesa, como todas as revoluções, foi causada pela ruptura da velha
sociedade, e não pelos desejos da velha burguesia. Na década de 1640, camponeses se
revoltaram contra os cercamentos, tecelões contra a miséria resultante da depressão e
os crentes contra o Anticristo a fim de instalar o reino de Cristo na Terra.

HILL, C. Uma revolução burguesa? Rev. Bras. Hist., n. 7, 1984 (adaptado).

A concepção da Revolução Inglesa apresentada no Texto II diferencia-se da do Texto I


ao destacar a existência de:

A) pluralidade das demandas sociais.

B) homogeneidade das lutas religiosas.

C) unicidade das abordagens históricas.

D) superficialidade dos interesses políticos.

E) superioridade dos aspectos econômicos.

28. Desde o século XII que a cristandade ocidental era agitada pelo desafio lançado
pela cultura profana — a dos romances de cavalaria, mas também a cultura folclórica
dos camponeses e igualmente a dos citadinos, de caráter mais jurídico — à cultura
eclesiástica, cujo veículo era o latim. Francisco de Assis veio alterar a situação,
propondo aos seus ouvintes uma mensagem acessível a todos e, simultaneamente,
enobrecendo a língua vulgar através do seu uso na religião.

VAUCHEZ, A. A espiritualidade da Idade Média Ocidental, séc. VIII-XIII. Lisboa:


Estampa, 1995.

O comportamento desse religioso demonstra uma preocupação com as características


assumidas pela Igreja e com as desigualdades sociais compartilhada no seu tempo
pelos(as):

A) senhores feudais.

B) movimentos heréticos.

C) integrantes das Cruzadas.

D) corporações de ofícios.

E) universidades medievais.

29. A Inglaterra não só os produzia em condições técnicas mais avançadas do que o


resto dos países, como os transportava e distribuía. Tinha, pois, necessidades de
mercados, e foi por isso que se esforçou, naquela etapa de sua história, para criá-los e
desenvolvê-los. O Tratado de Methuen em 1703 estabelecia a compra dos tecidos
ingleses por parte de Portugal, enquanto a Inglaterra se comprometia a adquirir a
produção vinícola dos lusitanos.
SODRÉ, N. W. As razões da independência. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1969
(adaptado).

No contexto político-econômico da época, esse tratado teve como consequência para


os britânicos a:

A) aplicação de práticas liberais.

B) estagnação de superávit mercantil.

C) obtenção de privilégios comerciais.

D) promoção de equidade alfandegária.

E)equiparação de reservas monetárias.

30. No início do século XVI, as relíquias continuavam protegendo edifícios e cidades,


promovendo curas milagrosas, sendo levadas em solenes procissões pelas ruas,
sacralizando altares de igrejas por toda a Europa, em uma notável continuidade em
relação ao papel que haviam desempenhado havia mais de mil anos no continente.
Mas, em meados daquele século, essa situação tinha se transformado. O culto às
relíquias foi fortemente repudiado pelos reformadores protestantes, que pregavam
uma igreja invisível.

CYMBALISTA, R. Relíquias sagradas e a construção do território cristão na Idade


Moderna. Anais do Museu Paulista, n. 2, jul.-dez. 2006.

A nova abordagem sobre a prática indicada no texto fundamentava-se no(a)

A) abandono de objetos mediadores.

B) instituição do ascetismo monástico.

C) desprezo do proselitismo religioso.

D) revalorização dos ritos sacramentais.

E) consagração de preceitos populares.

31. Na Mesopotâmia, os frutos da civilização foram partilhados entre diversas cidades-


estados e, no interior delas, entre vários grupos sociais, se bem que desigualmente. No
Egito dos faraós, os frutos em questão concentraram-se quase somente na Corte real
e, secundariamente, nos centros regionais de poder. Se na Mesopotâmia o comércio
cedo começou a servir também à acumulação de riquezas privadas, no Egito as trocas
importantes permaneceram por mais tempo sob controle do Estado.
CARDOSO, C. F. Sociedades do antigo Oriente Próximo. São Paulo: Ática, 1986
(adaptado).

Um fator sociopolítico que caracterizava a organização estatal egípcia no contexto


mencionado está indicado no(a):

A) atrofiamento da casta militar.

B) instituição de assembleias locais.

C) eleição dos conselhos provinciais.

D) fortalecimento do aparato burocrático.

E) esgotamento do fundamento teocrático.

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