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LIBRAS II
PROFª. DRA. BÁRBARA NEVES SALVIANO DE PAULA
3
Ger. do Núcleo de Educação a Distância: Profa Esp. Cristiane Lelis dos Santos
Este livro ou parte dele não podem ser reproduzidos por qualquer meio sem Autoriza-
ção escrita do Editor.
Ficha catalográfica elaborada pela bibliotecária Melina Lacerda Vaz CRB – 6/2920.
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LIBRAS II
1° edição
Ipatinga, MG
Faculdade Única
2022
5
Ícones
Com o intuito de facilitar o seu estudo e uma melhor compreensão
do conteúdo aplicado ao longo do livro didático, você irá encontrar
ícones ao lado dos textos. Eles são para chamar a sua atenção para
determinado trecho do conteúdo, cada um com uma função específica,
mostradas a seguir:
FIQUE ATENTO
Trata-se dos conceitos, definições e informações importantes
nas quais você precisa ficar atento.
VAMOS PENSAR?
Espaço para reflexão sobre questões citadas em cada unidade,
associando-os a suas ações.
FIXANDO O CONTEÚDO
Atividades de multipla escolha para ajudar na fixação dos
conteúdos abordados no livro.
GLOSSÁRIO
Apresentação dos significados de um determinado termo ou
palavras mostradas no decorrer do livro.
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SUMÁRIO
UNIDADE 1
A COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
1.1 O Que é Competência Comunicativa .................................................................................................................................................................................................................................11
1.2 Tipos Textuais ......................................................................................................................................................................................................................................................................................14
1.2.1 A Narrativa ........................................................................................................................................................................................................................................................................................16
1.2.2 A Descritiva ......................................................................................................................................................................................................................................................................................17
1.2.3 O Dissertativo-Argumentativo .................................................................................................................................................................................................................................................18
1.3 Tipos Textuais no Ensino de Língua Portuguesa como L2 Para Surdos ....................................................................................................................................................20
FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................................25
UNIDADE 2
LIBRAS EM FOCO I
2.1 Pronomes Pessoais ........................................................................................................................................................................................................................................................................30
2.2 Pronomes Possessivos ...............................................................................................................................................................................................................................................................34
2.3 Família ...................................................................................................................................................................................................................................................................................................37
2.4 .Aplicação Prática ...........................................................................................................................................................................................................................................................................41
2.4.1 Atividade 1 ......................................................................................................................................................................................................................................................................................42
2.4.2 Atividade 2 ....................................................................................................................................................................................................................................................................................42
2.4.3 Atividade 3 ....................................................................................................................................................................................................................................................................................42
2.4.4 Atividade 3 ...................................................................................................................................................................................................................................................................................43
FIXANDO O CONTEÚDO .......................................................................................................................................................................................................................................................................44
UNIDADE 3
FESTUDO DO LÉXICO
3.1 O Léxico das Línguas de Sinais (LS) ...................................................................................................................................................................................................................................49
3.2 A Lexicologia das LS .......................................................................................................................................................................................................................................................................51
3.3 A Lexicografia das LS ...................................................................................................................................................................................................................................................................54
3.4 A Terminologia das LS ................................................................................................................................................................................................................................................................58
FIXANDO O CONTEÚDO .........................................................................................................................................................................................................................................................................61
UNIDADE 4
LIBRAS EM FOCO II
4.1 Localização .........................................................................................................................................................................................................................................................................................65
4.1.1 Lugares Públicos ..........................................................................................................................................................................................................................................................................67
4.1.2 Os Cômodos da Casa ..............................................................................................................................................................................................................................................................69
4.2 Pronomes Demonstrativos .....................................................................................................................................................................................................................................................69
4.3 Preposições/Locuções Prepositivas de Lugar ...........................................................................................................................................................................................................72
4.4 Aplicação Prática ..........................................................................................................................................................................................................................................................................74
4.4.1 Atividade 1 .......................................................................................................................................................................................................................................................................................75
4.4.2 Atividade 2 .....................................................................................................................................................................................................................................................................................75
4.4.3 Atividade 3 ....................................................................................................................................................................................................................................................................................76
4.4.4 Atividade 4 .....................................................................................................................................................................................................................................................................................77
FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................................78
UNIDADE 5
AS EXPRESSÕES NÃO MANUAIS (ENM)
5.1 O Uso das ENM na Libras e Seus Aspectos Gramaticais .....................................................................................................................................................................................82
5.2 Aspecto .................................................................................................................................................................................................................................................................................................83
5.3 Foco .........................................................................................................................................................................................................................................................................................................85
5.4 Tópico ....................................................................................................................................................................................................................................................................................................87
5.5 Afirmativas e Negativas, Exclamativas e Interrogativas ...................................................................................................................................................................................89
FIXANDO O CONTEÚDO ........................................................................................................................................................................................................................................................................92
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UNIDADE 6
LIBRAS EM FOCO III
de Português L2.
UNIDADE 2
Na primeira unidade que trata de apresentação prática da Libras, compreenderemos
os conceitos léxico-gramaticais dos Pronomes Pessoais e Pronomes Possessivos.
Além disso, abordaremos o vocabulário referente às relações de parentesco e, por
fim, aplicaremos o aprendizado de forma prática.
UNIDADE 3
Nesta unidade discutiremos os aspectos relacionados às ciências do léxico que
competem a toda e qualquer língua legítima e natural, incluindo as línguas de
sinais. Identificaremos os conceitos relacionados ao léxico, Lexicologia, Lexicografia
e Terminologia a fim de associá-los aos estudos das LS.
UNIDADE 4
Em mais uma unidade de apresentação prática, trabalharemos com o vocabulário
referente à localização e direcionalidade, o que envolve reconhecer espaços
públicos e de moradia. Abordaremos aspectos gramaticais a partir da identificação
dos conceitos e apresentação dos Pronomes Demonstrativos e das Preposições de
Lugar. Ao final da unidade, conseguiremos reunir os conhecimentos aqui adquiridos
em elaborações de sentenças complexas.
UNIDADE 5
As expressões não manuais são um dos parâmetros fonológicos das línguas de sinais
e são mais do que complementos discursivos. Nesta unidade, compreenderemos
como elas desempenham papel sintático ao incorrer em marcações de sentenças
interrogativas, topicalizações e foco; além de considerar sua constituição lexical ao
marcar o aspecto e, também, sua manifestação na categorização de sentenças
afirmativas, interrogativas e negativas.
UNIDADE 6
A Unidade 6 é outra responsável por nos apresentar algum conteúdo prático,
como, por exemplo, os verbos indicativos de nossas ações cotidianas. Também
aprenderemos sobre palavras e locuções de cunho interrogativo e suas duas funções
básicas na comunicação em Libras. Ao finalizar, um apanhado dos conhecimentos
abordados será apresentado em questões de plena prática.
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A COMPETÊNCIA
COMUNICATIVA
11
1.1 O QUE É COMPETÊNCIA COMUNICATIVA
Nenhuma das considerações acima traz, por si só, todo o sentido do enunciado,
embora todas elas estejam escritas de acordo com a norma culta gramatical da Língua
Portuguesa. Para que sejam amplamente compreendidas em sua definição mais
usual, a metafórica, é preciso ir além da assimilação do significado de cada uma das
palavras que as compõem e somar tais conceitos. É preciso conhecimento cultural e
social da comunidade linguística falante do Português. Por isso mesmo, será difícil para
um aprendiz de Língua Portuguesa como L2 entender o caráter que essas expressões
possuem sem que sejam orientados por um falante nativo de LP.
VAMOS PENSAR?
Isso significa dizer que, mesmo uma sentença com variação linguística pode ser conside-
rada competente linguisticamente. Levando em conta que o objetivo principal de uma co-
municação é fazer-se compreender e ser compreendido, se uma interlocução não estiver
absolutamente dentro das normas da gramática culta, mas a sua mensagem foi decodifi-
cada pelo destinatário e a comunicação foi efetivada, seu locutor foi competente. Portanto,
envolverá, necessariamente, conhecimento linguístico e extralinguístico nas enunciações
produzidas.
GLOSSÁRIO
Enunciador é aquele responsável por oferecer o discurso em qualquer modalidade, seja
escrita ou oral, por exemplo. Ele também pode ser denominado locutor, emissor ou co-
municador. O interlocutor é aquele que receberá o discurso e a função de decodificação
da mensagem será, também, de sua responsabilidade. Ele é, ainda, classificado como
destinatário e receptor.
FIQUE ATENTO
A Literatura descreve as sequências textuais especialmente para a modalidade escrita.
No entanto, a intenção comunicativa referente aos gêneros textuais também inclui as ex-
pressões orais e outras expressões manifestadas, como as imagéticas e pantomímicas.
1.1.1 A Narrativa
O tipo textual narrativo propõe uma construção que desencadeia uma sequência
de fatos a partir da perspectiva da(s) personagem(ns). Conforme a Fig.2 nos indica, essa
continuidade de ocorrências se dá, basicamente, pela ordenação de situações iniciais,
mediais e finais. Normalmente, haverá uma circunstância de conflito que atingirá seu
clímax no momento de maior contratempo e o seguimento para a situação final.
Medeiros e Tomasi detalham:
Na sequência narrativa, temos uma sucessão de even-
tos: um evento ou fato é consequência de outro evento,
constituindo seu elemento principal a delimitação do
tempo. Observamos ainda na narrativa uma unidade
temática: a ação narrada precisa apresentar um cará-
ter de unidade; daí privilegiar um sujeito agente; embo-
17
ra possam ser muitas as personagens, haverá uma que
será a principal. (MEDEIROS; TOMASI, 2017, p. 58)
GLOSSÁRIO
Personagens antropomorfos são aqueles que terão a si atribuídas características pró-
prias de humanos. Animais, deidades, objetos inanimados, elementos da natureza, etc.
serão personagens com perfil antropomórfico quando lhes conferido aspectos próprios
de seres humanos. A verossimilhança trata da aproximação com a realidade, com o que
é semelhante à verdade.
1.2.2 A Descritiva
1.2.3 O dissertativo-argumentativo
VAMOS PENSAR?
A L1 é a primeira língua, aprendida naturalmente pelo indivíduo. Alguns autores, especial-
mente quando tratam de estudos de línguas orais auditivas, atribuem caráter sinonímico
entre L1 e língua materna, posto que o cenário mais comum é uma aquisição linguística, por
parte da criança, através da reprodução do modelo de linguagem estabelecido pelo seu
núcleo familiar. No entanto, a partir do avanço das pesquisas de línguas espaço-visuais, o
termo ganha uma particularidade que pode afastá-lo do foco familiar, pois uma porcenta-
gem significativa de surdos nasce em famílias predominantemente ouvintes. Dessa forma,
alguns autores descrevem as línguas de sinais como L1 do surdo no sentido de ser sua lín-
gua natural, e não necessariamente sua língua materna.
FIXANDO O CONTEÚDO
a) argumentativo.
b) expositivo.
c) descritivo.
d) injuntivo.
e) dialogal.
a) sua tia.
b) decorar.
c) toda a nossa casa.
d) já acho difícil.
e) tabuada de dois.
4. No que diz respeito ao uso de tipos textuais no ensino de Língua Portuguesa, a distinção
metodológica no ensino de surdos e ouvintes se dará, dentre outros motivos, por:
(1) Elaboração
(2) Decodificação
( ) Olavo estuda para a prova de Biologia sublinhando as ideias principais dos resumos
enviados pela professora.
( ) Lurdinha escreve um cartão de agradecimento pelos presentes recebidos em seu
aniversário.
( ) Ana envia uma mensagem de texto produzida apenas com emojis e imagens por
meio de um aplicativo do seu celular.
( ) Malthus escolhe o jantar no menu do restaurante.
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( ) Beto analisa a bula do remédio que tomará pelos próximos sete dias.
A sequência correta é:
a) 1 – 1 – 2 – 2 – 2
b) 2 – 1 – 2 – 1 – 1
c) 1 – 2 – 2 – 1 – 1
d) 2 – 2 – 1 – 1 – 1
e) 2 – 1 – 1 – 2 – 2
a) I.
b) I, II.
c) II.
d) II, III.
e) Todas as alternativas.
7. (FUNCAB-2015 - Adaptada). Ensinar aos alunos com surdez, assim como aos demais
alunos, a produzir textos em português objetiva torná-los competentes em seus
discursos, oferecendo-lhes oportunidades de interagir nas práticas da língua oficial e
de transformar-se em sujeitos de saber e poder com criatividade e arte. Para que essa
aprendizagem ocorra, a educação escolar deve apresentar aos alunos com surdez a
diversidade textual circulante em nossas(os):
a) práticas sociais.
b) ritos de passagem.
c) produções literárias.
d) práticas culturais.
e) práticas bilíngues.
“Faz um domingo frio e ensolarado em Porto Alegre. O céu muito azul, depois de dias de
chuva, é um convite a sair de casa. O Parque da Redenção, o mais popular da capital
gaúcha, está lotado. Jovens casais conduzem carrinhos de bebês. Idosos tomam sol
ou leem jornal. Atletas domingueiros passam com o fôlego curto. Jovens andam de
28
bicicletas ou sentam-se em grupos animados sobre o gramado. (...)”
LIBRAS EM FOCO I
30
2.1 PRONOMES PESSOAIS
Os pronomes pessoais são aquelas palavras que servem para se referir a outra
da classe dos substantivos. Normalmente, os pronomes acompanham ou substituem
nomes na medida que primam pela coesão e coerência textuais, evitando, por exemplo,
as repetições.
Aqui, trataremos dos pronomes pessoais do caso reto; aqueles que, via de regra,
exercem função de sujeito.
Os pronomes pessoais vão referir-se às três possíveis pessoas do discurso, seja
no contexto singular ou plural. Veja dois exemplos:
Como podemos notar, a substituição dos substantivos Álvaro e aulas por pronomes
pessoais mantém o sentido e torna as orações melhor compreensíveis na medida que
recuperam o agente do enunciado sem repetições desnecessárias.
GLOSSÁRIO
A pessoa do discurso é o agente envolvido no enunciado. É a que está frente ao ato co-
municativo, ou seja, pode se referir a quem se fala, de quem se fala ou com quem se fala.
Isso não significa dizer que a pessoa verbal é sempre um ser humano. Como visto nos
exemplos acima, também pode estar relacionada a objetos inanimados, bem como a
fenômenos da natureza, estados, etc.
FIQUE ATENTO
Os conceitos das classes de palavras são os mesmos para todas as línguas. De modo
que a função dos pronomes, por exemplo, não muda das línguas orais para as línguas de
sinais: são, para ambos os casos, palavras que acompanham, designam ou substituem
um nome. Assim, toda análise sintática e/ou morfológica de um enunciado parte de con-
cepções e análises linguísticas desses elementos. As concepções do elemento palavra,
a partir da classe a que pertence, são as mesmas seja para sentenças em Língua Portu-
guesa ou para sentenças em Libras. O que será destoante é a materialização da intenção
comunicativa que, na forma do discurso, utilizará lexias de uma mesma classe, porém,
com regras de estruturação próprias à língua que está sendo efetivada. Para cada língua,
a construção de frases obedecerá seu próprio sistema léxico-gramatical.
31
São pronomes pessoais do caso reto:
Por ser uma língua espaço-visual e, também, por ter um recorrente processo de
formação de palavras a partir do critério de iconicidade, a elaboração de algumas
lexias em Libras pode variar, especialmente quando se trata de determinar referentes.
Em Língua Portuguesa, o processo de detalhamento da pessoa verbal também
pode acontecer, quando, por exemplo, inserimos nele informações de cunho
demonstrativo, direcional e/ou qualitativo.
Em Libras, porém, essas informações são simultâneas ao discurso, pois são
identificadas ao interlocutor em um único sinal que comporta a apresentação do
pronome pessoal bem como algum detalhamento ao seu respeito. Analisaremos os
casos específicos na apresentação dos pronomes pessoais em Libras.
FIQUE ATENTO
As imagens ilustrativas dos pronomes aqui apresentadas foram retiradas da fonte FELIPE,
T.A. Libras em contexto. Curso Básico: Livro do estudante. Rio de Janeiro: WalPrint, 2007.
Mesmas considerações podem ser feitas para o pronome vós/vocês (2ª pessoa
do plural). Temos a forma primária que indica no espaço neutro os elementos partícipes
dessa pessoa verbal através de um apontamento com movimento alongado.
Contudo, podemos estender o agente ao contexto quando houver particularidades
e acrescentar tais distinções no próprio sinal, como no caso de vocês dois, vocês três,
etc.
Para as pessoas do plural, teremos uma coincidência lexical com o pronome nosso
(referente a algo possuído pela 1ª pessoa). Ele será semelhante à forma do pronome
pessoal nós.
2.3 FAMÍLIA
Reconhecer as lexias referentes aos graus de parentesco é um recurso fundamental
pois, considerando o âmbito familiar o núcleo primário do cidadão, é ali que as primeiras
referenciações são identificadas, compreendidas e reproduzidas. Mesmo na aquisição
de uma L2, as associações familiares podem ser as primeiras a acontecer.
Ao conhecer a árvore genealógica de parte da família real brasileira, identificaremos
os sinais referentes aos graus de parentesco.
38
Observe que:
• Dom Pedro IV é marido do primeiro casamento de Dona Maria Leopoldina, pai de
Dom Pedro II e sogro de D. Teresa Cristina de Bourbon.
• Dona Maria Leopoldina é esposa de Dom Pedro IV, mãe de Dom Pedro II e sogra de D.
Teresa Cristina de Bourbon.
• Dom Pedro II é filho de Dom Pedro IV e de Dona Maria Leopoldina, irmão de D. Francisca
e cunhado de D. Francisco de Orléans.
• Dom Pedro IV é neto de Dom Pedro III e sobrinho de Dom José.
• Dona Maria Clementina é tia de D. Pedro IV. Se ela tivesse um filho, ele seria primo de
D. Pedro IV.
Vamos considerar o vocabulário em Libras para as lexias de família.
FIQUE ATENTO
As imagens/ilustrações dos sinais sobre família representadas nesta unidade
foram retiradas das fontes: MARCON, A.M. et al. Estudos da Língua Brasileira de
Sinais. Passo Fundo: UPF Editora, 2011.; https://bit.ly/3opcfZZ. Acesso em: 08 ago.
2021. E https://bit.ly/3mfrQsn. Acesso em: 08 ago. 2021.
2.4.1 Atividade 1
2.4.2 Atividade 2
2.4.3 Atividade 3
VAMOS PENSAR?
Como você pode, nesta etapa, construir sentenças complexas que formam um texto com-
pleto? Vamos pensar em medidas práticas: retome o aprendizado do alfabeto manual e
datilologia, números e especialmente de classificadores. Use os classificadores para enri-
quecer o texto e para facilitar construções de vocabulário desconhecido. Por exemplo, você
sabe qual o sinal do verbo costurar? Se não souber, como dar a informação que “sua avó
Aurora gosta de costurar” por meio de classificadores como os de corpo, instrumentais e/
ou descritivos? Lembre-se que os classificadores não são simples gestos ou mímicas. São
morfemas que passam a ser gramaticalizados na medida que ganham, no contexto, cará-
ter léxico-gramatical de identificação de classe, descrição de formas e/ou ação verbal, etc.
2.4.4 Atividade 4
a) de composição.
b) de classificação.
c) de iconicidade.
d) de arbitrariedade.
e) de gramaticalização.
I.
II.
a) os soviéticos.
b) os alemães.
c) os japoneses.
d) os nazistas.
e) os americanos.
( )
Fonte: https://bit.ly/2Y8ScEp.
( )
Fonte: https://bit.ly/39Y1Z29.
47
( )
Fonte: https://bit.ly/3mkugWD.
( )
Fonte: https://bit.ly/3B0rvzD.
a) 3 – 1 – 2 – 4.
b) 2 – 4 – 3 – 1.
c) 3 – 4 – 2 – 1.
d) 1 – 2 – 4 – 3.
e) 4 – 3 – 1 – 2.
ESTUDO DO LÉXICO
49
3.1 O LÉXICO DAS LÍNGUAS DE SINAIS (LS)
O estudo do léxico data dos primórdios. Por isso, a definição de léxico é retratada
por diversos autores, cada um indicando aspectos que lhes parecem mais pertinentes a
considerar. Faremos, a seguir, um apanhado com algumas das reflexões acerca dessa
conceitualização, a fim de elucidar o tema desta unidade.
O léxico duma língua seria o conjunto das unidades
submetidas às regras da gramática dessa língua, sen-
do a conjunção da gramática e do léxico necessária e
suficiente à produção (codificação) ou à compreensão
(descodificação) das frases duma língua. (REY-DEBOVE,
1984, p. 46)
Conforme definições já trazidas, podemos afirmar que há, nas línguas de sinais,
legitimidade nos seus vocábulos e nos processos de formação de palavras.
Na compreensão mais comum de léxico como sendo, não apenas as palavras
que compõe o inventário de uma língua, mas também as regras gerais dessa língua que
permitem a formação de novos itens, posicionamos o léxico da Libras nesta categoria.
Os recursos para que o rol vocabular de uma língua continue a se renovar a partir
do momento que seja necessária a criação de novas lexias são campo de estudo das
ciências do léxico.
51
Igualmente ao que acontece nas línguas orais, nas línguas de sinais as unidades lexicais
compõem-se de morfemas que se unem na formação das palavras.
Anteriormente a esse processo, no entanto, é preciso considerar a existência do
fonema. Lemos a definição de fonema em Quadros e Karnopp (2004, p.18): “[fonemas]
são segmentos usados para distinguir palavras quanto ao seu significado, através de
traços distintivos.” Assim, a Fonologia, a partir dos fonemas, é explicativa e interpretativa
no sentido de que “a análise fonológica busca o valor dos sons em uma língua, ou seja,
sua função linguística (Massini-Cagliari e Cagliari, 2001, p.106).” (QUADROS; KARNOPP,
2004, p.18).
Nesse sentido, baseando-nos nos estudos de Willian Stokoe, na década de 60,
passamos a especificar as unidades mínimas, os fonemas, na formação de palavras
das línguas de sinais.
FIQUE ATENTO
[...] nos estudos atuais sobre as LS, os pesquisadores têm usado o termo Fonema para
se referir, não somente aos sons de uma língua, mas também às unidades menores que
compõem os sinais. (SILVA, 2019, p. 2)
A Fonética e a Fonologia são áreas da Linguística que têm por finalidade pesquisar
e descrever as unidades mínimas distintivas de significado nas quais as palavras
e/ou enunciados de uma língua podem ser decompostas. A fonética descreve as
propriedades articulatórias e perceptivas das unidades mínimas, ou seja, os aspectos
físicos dos sinais. A fonologia determina a estrutura e a forma como essas mínimas
partículas podem ser organizadas e combinadas.
Assim, a partir dos parâmetros fonológicos da Libras, as relações lexicais são
evidenciadas, por exemplo, pelos processos de formação de palavras. Tais relações
descrevem o léxico real da Libras e definem seu léxico virtual.
Conforme o trabalho de Nascimento (2009), o fundo lexical da Libras, isto é, os
recursos linguísticos identificados nessa língua para construções e ampliação de seus
vocábulos, inclui os parâmetros fonológicos, classificadores, empréstimos linguísticos,
elementos prototípicos e morfemas-base. As regras abstratas relacionadas ao fundo
lexical e que estão de acordo com a origem da língua são classificadas como léxicon.
VAMOS PENSAR?
Suponhamos que você seja um(a) hábil confeiteiro(a) que trabalha sob encomenda. Seus
bolos e doces são reconhecidos e muito solicitados. No entanto, tendo em vista o seu mé-
todo de trabalho por encomenda, não faz muito sentido você produzir além do que foi efe-
tivamente pedido, pois, embora todos saibam da sua competência, fazer sobremesas não
solicitadas pode gerar prejuízo e não trará utilidade. Esse comparativo nos lembra das pos-
tulações de Basílio (2011) quando a autora relaciona a capacidade que o léxico tem de pro-
duzir novos elementos com a formação concreta desses elementos. Uma coisa não, neces-
sariamente, demanda a outra. O sistema lexical tem competência para formar incontáveis
possibilidades de estruturas e palavras, mas, fazê-los simplesmente por possuir tal capaci-
dade, não é realista nem prático. Por isso, o sistema linguístico funciona apenas quando se
há demanda. Ou seja, quando necessário, ele é ‘ativado’ para suprir a necessidade de um
novo termo ou de um novo sentido a um antigo termo.
54
3.3 A LEXICOGRAFIA DAS LS
FIQUE ATENTO
Embora possamos afirmar a não existência de obras terminólogicas formais e completas
na Libras, é, sim, “possível encontrar em alguns autores a preocupação com a apreensão
dos conceitos científicos pelos surdos, em disciplinas básicas do ensino médio [...]. Por
exemplo, a dissertação de Marinho (2007) registra a escassez de termos científicos em
Libras e analisa as dificuldades vivenciadas por estudantes surdos e seus intérpretes, nas
aulas de Biologia, nas salas de aulas do ensino de nível médio.” (LIMA, 2014, p.87). O reco-
nhecimento dessa necessidade se faz de extrema importância, tendo em vista que “uma
ciência somente começa a existir ou a ser divulgada à medida que impõe seus conceitos
e divulga-os por meio de suas respectivas denominações.” (BENVENISTE, 1974, p.83)
FIXANDO O CONTEÚDO
a) I e IV.
b) I, II e IV.
c) III e IV.
d) I, II e III.
e) I, II, III e IV.
a) reaproveitar.
b) manufatura.
c) licenciamento.
d) reutilizado.
e) destaque.
(1) Léxico
(2) Lexicologia
(3) Lexicografia
(4)Terminologia
a) 1 – 2 – 3 – 4.
b) 3 – 1 – 4 – 2.
c) 3 – 1 – 2 – 4.
d) 2 – 1 – 3 – 4.
e) 1 – 3 – 4 – 2.
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e II.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
8. (INSTITUTO AOCP – 2019 – Adaptada). De acordo com a imagem abaixo que retrata
lexias da Libras, podemos afirmar que a Libras é uma língua:
LIBRAS EM FOCO II
65
4.1 LOCALIZAÇÃO
FIQUE ATENTO
As imagens retratadas nesta unidade são das seguintes fontes: https://bit.ly/3u-
xCLkA. Acesso em: 10 ago. 2021.
https://bit.ly/39YJLxu. Acesso em: 10 ago. 2021.
FIQUE ATENTO
As imagens referentes aos lugares públicos têm como fonte: https://bit.ly/2Y-
c6h3Y. Acesso em: 10 ago. 2021
68
FIQUE ATENTO
A utilização de vocabulário para localização e direcionamento se dá, essencialmente, de
maneira particular ao contexto, apesar de podermos identificar um léxico geral próprio des-
se tema, como o aqui apresentado. Contudo, não se restrinja às sugestões aqui ofertadas.
Você poderá encontrar, por exemplo, utilização de numerais, unidades de medida (metros,
quilômetros...), meios de transporte, etc. Não se esqueça de elucidar a compreensão do seu
discurso por meio do uso de classificadores.
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4.1.2 Os cômodos da casa
FIQUE ATENTO
As imagens referentes aos cômodos da casa têm como fonte: https://bit.ly/3m-
jKVcG. Acesso em: 10 ago. 2021.
Lemos em Castro:
“No clássico poema da célebre escritora, vemos tema-
tizada a angústia gerada pela dúvida e incerteza no
momento de uma escolha. Ao longo do texto, verifica-
mos a ênfase no verso (o qual intitula o poema) ou isto
ou aquilo, que, linguisticamente, constrói-se a partir de
dois dos chamados pronomes demonstrativos. Segun-
do Lima (2010, p.159) esses pronomes indicam ‘a posi-
ção dos objetos designados, relativamente às pessoas
do discurso’”. (CASTRO, 2020, p.35)
VAMOS PENSAR?
A localização temporal pode ser considerada pelo seu aspecto mais comum, qual seja,
determinar uma posição de algo em um dado período de tempo. Mas o que dizer do po-
sicionamento das sentenças de um discurso? Será que podem ser considerados pontos
temporais de um texto? Sim! Para ambas as línguas, Português ou Libras, a sequencialidade
textual acontece, de certa forma, no tempo. Para toda língua, sua performance discursiva
de modo que as primeiras sentenças estão sendo dadas e, em seguida, outras informações
vão sendo acrescidas a ela de modo sequencial e organizado. Seja no texto oral ou escrito,
as informações são sequenciais e organizadas. Assim, no tempo de enunciação temos co-
locações anteriores ou posteriores a algum ponto de referência discursivo. Vamos conside-
rar exemplos que nos fazem pensar no uso dos pronomes demonstrativos relacionando-os
à referência temporal no texto:
• Primeira pessoa: referência temporal de presente/futuro;
A informação que ainda será ofertada ao interlocutor pode ser considerada temporalmen-
te como futura na sequencialidade discursiva. Assim, para dados a serem oferecidos, uti-
lizamos os pronomes demonstrativos de primeira pessoa. Veja:“A forma de adoração que
é pura e imaculada do ponto de vista de nosso Deus e Pai é esta: cuidar dos órfãos e das
viúvas nas suas dificuldades, e manter-se sem mancha do mundo. (TIAGO 1:27)”
• Segunda pessoa: referência temporal de passado próximo;
• Terceira pessoa: referência temporal de passado longínquo;
Alguns desses sinais podem ter variações como é o caso da palavra atrás, ou
ainda podem ser complementados ou substituídos por classificadores que cumprirão
a função de identificar localidade. Nesse caso, atuarão com função prepositiva.
GLOSSÁRIO
Preposição é uma palavra ou termo invariável, ou seja, que não evidenciará variação de
gênero, número e/ou grau, e serve para interligar duas palavras ou expressões em uma
sentença discursiva. É a responsável por estabelecer a relação de dependência entre
tais lexias/expressões, proporcionando coesão e coerência ao enunciado.
4.4.1 Atividade 1
4.4.2 Atividade 2
4.4.3 Atividade 3
Faça e apresente para a classe, para um grupo de colegas ou para o professor uma
das duas possibilidades abaixo. Lembre-se de colocar no seu discurso: o vocabulário
de localização já trabalhado, pronomes demonstrativos e preposições/locuções
prepositivas de lugar.
• A descrição do que você vê de uma das janelas da sua casa;
• A disposição dos cômodos da sua casa;
Depois de apresentar seu texto, certifique-se de que as informações compreendidas
pelos colegas e/ou pelo professor tenham sido as intencionadas por você. Aceite
sugestões de adaptação de estruturação de sentenças e, caso seja necessário, refaça
o texto para que fique ainda mais compreensível aos seus interlocutores.
VAMOS PENSAR?
Como você pode, nesta etapa, construir sentenças complexas que formam um texto com-
pleto? Vamos pensar em medidas práticas: retome o aprendizado da Unidade além de en-
riquecer seu texto com expressões não manuais e classificadores. Use-os para enriquecer o
texto e para facilitar construções de vocabulário desconhecido. Por exemplo, caso opte por
produzir um texto com a primeira alternativa, como pode dimensionar o cenário que visua-
liza da sua janela, já que em uma distância maior você verá casinhas e não casas ou você
pode estar vendo uma árvore linda e não simplesmente bonita. Lembre-se que a utilização
de grau aumentativo/diminutivo e das intensidades se darão através da variação do mo-
vimento do sinal e das expressões não manuais na sua performance. Fazer isso de modo
assertivo deixará seu texto mais coerente e claro.
Figura 10
Fontes: Secretaria de Educação, s/d, p.13
77
4.4.4 Atividade 4
Figura 11
Fontes: Disponível em: https://bit.ly/2WuppsS. Acesso em: 16 ago 2021.
• O Dick vai narrar para os colegas qual o trajeto ele realiza da sua casa para a escola.
(texto em forma de narrativa)
• Fiona está na porta da sua casa quando uma pessoa perdida lhe cumprimenta e
pergunta como fazer para chegar até o supermercado. (texto em forma de diálogo)
Utilize as setas como referência dos pontos de partida.
Lembre-se de acrescentar no discurso os pronomes demonstrativos, o vocabulário
apresentado na Unidade e as preposições/locuções prepositivas.
Recorra à transcrição feita do texto “Rio Turismo” (TV INES) para se inspirar ao
elaborar sentenças complexas.
78
FIXANDO O CONTEÚDO
2. Quais dos sinais abaixo são realizados com a mesma configuração de mão?
“‘E nas públicas, o quadro não é diferente: a lei não é sempre cumprida. Dou aula no
município de Mauá (SP) e lá temos um intérprete de Libras para cada aluno surdo. Mas
isso é exceção: não ocorre em todas as escolas municipais, muito menos nas estaduais’,
afirma”.
Levando em consideração o sinal abaixo, para qual dos locais ele servirá de referência?
1. Sinal Icônico.
2. Sinal Arbitrário.
( ) Atrás.
( ) Informação.
( ) Aquele.
( ) Banheiro.
( ) Padaria.
( ) Ir.
( ) Cozinha.
( ) Casa.
a) 2 – 1 – 2 – 2 – 1 – 1 – 1 – 2.
b) 1 – 1 – 2 – 1 – 2 – 1 – 1 – 1.
c) 2 – 2 – 2 – 1 – 1 – 2 – 2 – 2.
d) 1 – 2 – 1 – 2 – 2 – 1 – 1 – 1.
e) 1 – 2 – 2 – 1 – 2 – 1 – 2 – 1.
a) Advérbios – Posicionamento.
b) Classificadores – Contexto.
c) Substantivos – Contexto.
d) Classificadores – Posicionamento.
e) Advérbios – Contexto.
8. Considere as afirmativas:
I. Os verbos simples são aqueles que não se flexionam em pessoa e número e também
não possuem perspectiva de concordância espacial e locativa.
II. Os verbos direcionais são aqueles que flexionam em pessoa e número e possuem
morfema espacial e locativo.
III. Os verbos espaciais são aqueles que flexionam em pessoa e número mas não
possuem morfema espacial e locativo.
IV. O verbo dormir é um exemplo de verbo simples.
V. O verbo ajudar é um exemplo de verbo direcional.
VI. O verbo chegar é um exemplo de verbo espacial.
a) I, V e VI.
b) II e III.
c) IV, V e VI.
d) I, IV, V e VI.
e) I, II, III, IV, V e VI.
81
AS EXPRESSÕES
NÃO MANUAIS (ENM)
82
5.1 O USO DAS ENM NA LIBRAS E SEUS ASPECTOS GRAMATICAIS
As expressões não manuais são aquelas que não se realizam com as mãos.
Podem ser, portanto, marcações faciais e corporais, como movimentos da cabeça, dos
olhos, dos ombros, sobrancelhas, etc. no momento da realização da sinalização.
As expressões faciais e corporais aparecem tanto nos discursos das línguas orais
como no discurso das línguas de sinais. No entanto, no primeiro caso, as ENM não são
consideradas elementos linguísticos gramaticais. Elas são simplesmente reforçadoras
dos componentes gramaticais que são lexicalizados, ou seja, constituídos no discurso
por meio de palavras que exercem uma função gramatical. Já nas enunciações em
línguas de sinais, as ENM atuam como elemento gramatical, pois podem modificar o
sentido do discurso, marcar construções sintáticas e/ou diferenciar itens lexicais.
Silva (2015) considera um exemplo em que a variação da expressão facial
particulariza a lexia sinalizada. Veja:
5.2 ASPECTO
GLOSSÁRIO
“O aspecto verbal está relacionado com a duração da ação verbal, indicando se a ação
verbal é considerada como concluída ou não. Nas ações concluídas, indica o ponto de-
terminado no tempo em que a ação ocorreu, destacando o seu início, desenvolvimento
ou fim. Em ações não concluídas, indica se a ação ocorre de forma frequente e repetiti-
va.” (NEVES, 2017, online)
5.3 FOCO
O foco é, como sugerido por sua nomenclatura, uma construção que visa marcar
uma informação da sentença dando-lhe maior entonação. Isso acontece, basicamente,
por meio da mudança na ordem básica da expressão.
VAMOS PENSAR?
A sintaxe de toda e qualquer língua está embasada em regras próprias daquela comuni-
dade linguística. É fato, portanto, que essa é a área científica responsável por determinar
regras que alicerçam a construção de frases. Porém, é realidade, também, que a sintaxe
define as estruturas possíveis para a língua em questão, já que não podemos determinar,
à base dos princípios sintático-gramaticais, formas únicas e exclusivas de construir frases
e orações. No que diz respeito à Língua Portuguesa, por exemplo, as orações “O dia está
lindo!” e “Está lindo o dia!” concordam com as regras sintático-gramaticais próprias desse
idioma e são, ambas, compreendidas pelos falantes de Português. Isso também acontece
com a Libras e com todas as línguas naturais. Assim, uma construção em foco pode variar
e até mesmo suprimir algum elemento na formação da sentença. Será necessário que o
enunciador realize as escolhas sintáticas na sua elaboração, associando seus objetivos co-
municativos e replicações de destaque que coincidam com esse objetivo.
87
Embora a ordem mais comum de ordenação em Libras seja SVO, as outras, como
OSV, SOV e/ou VOS, são possíveis e compreensíveis à medida que se dão com base nas
regras sintático-gramaticais dessa língua. O foco é uma alternativa sintática capaz de
modificar a ordem básica e até multiplicar elementos linguísticos a fim de proporcionar
efeito contrastivo, de modulação e/ou de realce.
5.4 TÓPICO
Uma outra possibilidade de variarmos a ordem básica da frase em Libras (SVO) é
pela topicalização.
GLOSSÁRIO
Tópico é o tema do discurso que apresenta uma ênfase especial posicionando um ele-
mento no início da frase e tecendo comentários a respeito desse tema.
O uso do tópico comentário pode ser observado no exemplo dado pelas mesmas
autoras referente à enunciação da seguinte oração:
Caso a oração fosse construída sem tópico e na ordenação sintática mais comum
da Libras, estaria assim:
Nesse aspecto, nos é dada uma informação sem nenhuma ênfase específica
a qualquer elemento da sentença. No entanto, podemos, à medida que necessário,
especificar um constituinte do discurso para reforçá-lo a partir de sua topicalização.
Foi o que aconteceu no exemplo trazido pelas autoras mencionadas ao indicar
uma estrutura de tópico em uma oração semelhante. Veja:
88
FIQUE ATENTO
A marca de tópico tem um uso delimitado. Isso significa que as ENM próprias à topicaliza-
ção são atribuídas apenas à lexia que está recebendo o realce. O exemplo acima retratou
uma sentença afirmativa e, nela, podemos perceber isso. Entretanto, mesmo com senten-
ças nas formas negativa ou interrogativa, tal premissa se mantém. Por exemplo, ao enun-
ciar a interrogativa [FUTEBOL<t> JOÃO GOSTAR?] ou a negativa [FUTEBOL<t> JOÃO GOSTAR
NÃO] teremos a topicalização do mesmo elemento: futebol. Somente essa palavra estará,
então, associada à marcação de sobrancelhas e a uma pequena pausa até retomar a si-
nalização das lexias que se seguem. O que poderemos perceber é a presença de ENM como
marcas de negativa e de interrogativa na sequência do elemento topicalizado, mas tais
marcas não serão coincidentes com aquela da topicalização.
Observe que a ordem comum (SVO) foi modificada pela ordem OSV para
evidenciar o objeto futebol como assunto destaque da comunicação. Nesse caso, há
indicativo de maior ressalto, pois esse substantivo foi duplicado na posição que estaria
quando da ordenação básica da Libras: depois do verbo.
89
5.5 AFIRMATIVAS E NEGATIVAS, EXCLAMATIVAS E INTERROGATIVAS
A utilização de expressões não manuais é necessária na constituição do tipo de
frase em Libras, seja afirmativa, negativa, exclamativa e/ou interrogativa.
Em línguas orais, os critérios que estabelecem os tipos de frases podem ser três:
no caso das negativas, será a presença de alguma palavra com carga negativa, tal
qual não, nunca, nada, etc.
Já para os outros tipos de frases, as afirmativas, exclamativas e interrogativas
será a pontuação gráfica colocada ao final da sentença escrita e a entonação ao ser
verbalizada oralmente. Veja:
2. (COPESE- UFPI – 2018). Sobre a ordem das frases na Língua Brasileira de Sinais, é
possível afirmar que:
a) Apenas 1, 2 e 3.
b) Apenas 1, 2 e 4.
c) Apenas 1, 3 e 4.
d) Apenas 2, 3 e 4.
e) 1, 2, 3 e 4.
3. (SELECON- 2018 – Adaptado). Um instrutor usa uma frase do cotidiano para mostrar
a flexibilidade da ordem das frases em Libras e, em seu exemplo, utiliza a estrutura de
topicalização, onde a ordem visualizada é OSV. Apresenta-se a estrutura de topicalização
correta (t= tópico e mc= movimento de cabeça) na seguinte alternativa:
a) Afirmativa.
b) Negativa.
c) Exclamativa.
d) Interrogativa.
e) Imperativa.
Quando o tema do discurso sinalizado em Libras tem uma ..........................no início da frase,
estamos nos referindo ao processo de topicalização.
a) supressão
b) derivação
c) subjetivação
d) ênfase especial
e) incorporação
7. (IBADE- 2018). A diferença entre a língua oral e a língua de sinais está na modalidade
de articulação, sendo que na primeira a modalidade praticada é oral-auditiva,
pronunciada oralmente e, na segunda, apresenta-se visual-espacial, representada por
94
sinais. Nesse sentido, nas duas línguas encontram-se presentes itens lexicais e todo
aparato linguístico necessário para a efetivação da comunicação entre seus usuários.
A Libras, tanto quanto as outras línguas apresentam estrutura e regras gramaticais
próprias. A sintaxe da Libras é composta pela seguinte ordem básica, respectivamente:
FIQUE ATENTO
Para construções de orações em Libras utilizando dos verbos cotidianos sugeridos ou ainda
de qualquer outro, retome às considerações feitas na última unidade do livro Libras I. Assim,
poderá retomar conceitos importantes de ordenação sintática e aplicar o vocabulário de
modo gramatical e compreensível.
Nas passagens acima, temos dois períodos oracionais em cada uma: a) Meu filho
acorda + Meu filho vai para a escola e b) Eu acordo + Eu vou trabalhar.
No primeiro caso, a estrutura em SVO para o período inicial é gramatical e
compreensível. Porém, para o segundo período temos um verbo (IR) que deve levar em
consideração o ponto estabelecido no espaço do enunciador ao indicar a referência
locativa de tal verbo. Assim, a ordenação marcará primeiro o objeto (escola), pois essa
indicação auxiliará no direcionamento dado ao verbo.
No segundo caso, acontece de maneira semelhante. A primeira sentença pode
ser estabelecida em SVO, porém a segunda será mais clara à medida que primeiro
haja a cenarização do referente para, depois, atribuir a ele um apontamento manual
direcionado à anterior demarcação.
98
Tal afirmativa também pode ser produzida em SVO. Perceba que a marcação para
nós dois está agrupada em uma única sinalização. Relembre no item 2.1 a construção
dos pronomes referentes à primeira pessoa do plural nesse sentido.
Importante ressaltar que o parâmetro das expressões não manuais deve ser
considerado ao enunciar qualquer sentença em Libras. Para as afirmativas, o mais
comum são expressões corporais e faciais neutras que deixam claro uma expressão
isenta de outros sentidos que não a informação pontual e assertiva.
• Negativas
No primeiro caso, o que está sendo negado é o fato do filho ficar sozinho identificado
pelo verbo poder. No segundo caso, é a situação de assistir televisão que recebe uma
referência negativa. Tal circunstância está identificada pelo verbo ver. Por isso, é depois
desses dois verbos que a lexia de carga restritiva será posta.
FIQUE ATENTO
Mesmo que o interlocutor opte por performar [poder não] com um sinal único em Libras, é
esse verbo [poder] que estará recebendo a carga negativa.
GLOSSÁRIO
As partículas interrogativas são aquelas que, por si mesmas, já denotam interrogação
sem precisar, necessariamente, estar atrelada ao contexto. São palavras como: por que;
quando; quem; onde; o quê; quanto(s); qual; para quê; como; etc.
FIQUE ATENTO
A fonte das imagens que ilustram essa unidade foram retiradas de: https://bit.
ly/3aaMy78. Acesso em: 12 set. 2021
101
Em Libras elas servem a basicamente dois sentidos: servir como lexia-função para
indicar uma pergunta e/ou atuar como elemento de retórica.
Em Língua Portuguesa, ao atuar como indicativo de uma pergunta, tais vocábulos
iniciam as orações interrogativas seguidas do arranjo SVO:
Em Libras, porém, o mais comum é que a frase apresente a forma SOV +palavra
interrogativa. Acompanhe:
Uma outra demanda possível para o uso das palavras interrogativas está para
a construção de retórica e, não obrigatoriamente, na exigência de uma resposta do
destinatário da mensagem.
Esse é um recurso muito comum na elaboração textual em Libras e tem como efeito
chamar a atenção do interlocutor, destacar uma informação e facilitar a compreensão
de períodos muito longos como os subordinados. Veja:
102
6.3.1 Atividade 1
Construa pelo menos dois pares de frases para cada uma das ações de Ravi.
Você pode aproveitar informações para desencadear outras seguintes. Não se esqueça
de treinar os quatro tipos de sentenças aprendidas; a saber, afirmativas, negativas,
exclamativas e interrogativas. Siga o modelo:
Modelo:
O que Ravi está fazendo? _ Ele está acordando.
Ele acorda muito cedo! _ Sim, às 6:30h.
Figura 23
Fontes: Disponível em: https://bit.ly/3Bh3WCQ. Acesso em: 12 set. 2021
104
6.3.2 Atividade 2
Assista ao vídeo de Fiorella contando uma história para sua irmã Florence. O vídeo
está no seguinte link: https://bit.ly/2YpQb6N. Acesso em: 15 nov. 2022.
Trata-se do livro Barulhinhos da manhã, de Pollyana Gama:
6.3.3 Atividade 3
VAMOS PENSAR?
Como você pode, nesta etapa, construir sentenças complexas dos mais diversos tipos?
Vamos pensar em medidas práticas: primeiramente, retome o conhecimento que você já
adquiriu para fazer bom uso lexical. Depois, lembre-se que, mais do que compreensão gra-
matical de ordenação sintática, você poderá ser um emissor de mensagens claras quando
faz uso das expressões não manuais de modo plausível ao seu propósito textual. Volte ao
105
texto de Lacerda et al. sugerido como leitura complementar no subtítulo 6.2 desta unidade
e aproprie-se de conceitos que lhe permitam pensar em Libras e rejeitar qualquer ímpeto
de estruturar frases ou períodos em Libras, a partir de sua consciência linguística da Língua
Portuguesa como base processual.
106
FIXANDO O CONTEÚDO
a) I, II, III, IV e V.
b) I, II, III e IV.
c) I, IV e V.
d) I, II e III.
107
e) I e III.
4. Qual dos verbos abaixo pode ser sinalizado em Libras de duas formas distintas quando
na sua atribuição negativa?
a) Conversar.
b) Ir.
c) Estudar.
d) Trabalhar.
e) Poder.
a) verbo – objeto.
b) sujeito – verbo.
c) verbo – adjunto.
d) sujeito – objeto.
e) gênero – verbo.
7. A frase que está sendo abaixo sinalizada pode ser traduzida por:
a) VO.
b) VOS.
c) OSV.
d) SVO.
e) SOV.
109
RESPOSTAS DO FIXANDO O CONTEÚDO
UNIDADE 1 UNIDADE 2
QUESTÃO 1 B QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 C QUESTÃO 2 D
QUESTÃO 3 B QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 D QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 E QUESTÃO 5 E
QUESTÃO 6 B QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 A QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 C
UNIDADE 3 UNIDADE 4
QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 D QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 C QUESTÃO 3 E
QUESTÃO 4 A QUESTÃO 4 A
QUESTÃO 5 B QUESTÃO 5 D
QUESTÃO 6 C QUESTÃO 6 A
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 E
QUESTÃO 8 E QUESTÃO 8 D
UNIDADE 5 UNIDADE 6
QUESTÃO 1 E QUESTÃO 1 B
QUESTÃO 2 A QUESTÃO 2 C
QUESTÃO 3 A QUESTÃO 3 B
QUESTÃO 4 C QUESTÃO 4 E
QUESTÃO 5 D QUESTÃO 5 A
QUESTÃO 6 E QUESTÃO 6 D
QUESTÃO 7 B QUESTÃO 7 C
QUESTÃO 8 C QUESTÃO 8 D
110
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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do CNLF, v. XV, 2011.
BASILIO, M. Formação e classes de palavras no português do Brasil. 03. ed. São Paulo:
Contexto, 2011.
BRASIL.. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Brasília: Diário Oficial da União, 2002. Dispõe
sobre a Língua Brasileira de Sinais e dá outras providências..
FELIPE, T.; MONTEIRO, M. L. ibras em contexto. Curso Básico. Brasília: Ministério da Educação,
2006.
LYONS, J. Linguagem e Linguística: uma introdução. Rio de Janeiro: LTC, 2013. Tradução
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MARCON, A. M. E. A. Estudos da Língua Brasileira de Sinais. Passo Fundo: UPF Editora, 2011.
MEDEIROS, J. B.; TOMASI, C. Como escrever textos: gêneros e sequências textuais. São
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PEREIRA, M. C. C. E. A. Libras conhecimento além dos sinais. São Paulo: Pearson, 2011.
QUADROS, R.; KARNOPP, L. Língua de Sinais Brasileira – Estudos Linguísticos. Porto Alegre:
Artmed, 2004.
SILVA, R. D. Língua Brasileira de Sinais - Libras. São Paulo: Pearson Education do Brasil,
2015.
graduacaoead.faculdadeunica.com.br