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Medidas em Saúde Coletiva

Investigação de surto
epidêmico

Taxas de Ataque

Profª Márcia H. V. Rezende


OBS: Uma epidemia é muitas vezes
confirmada pela verificação de uma
incidência de casos na população (ou
grupos populacionais) significativa-
mente maior que a usual.

TAXA DE ATAQUE:
TAXA DE ATAQUE:

Objetivo Identificar a fonte de infecção


nos surtos epidêmicos de uma determinada
doença, em um local ou em uma situação
onde o grupo populacional é bem definido
como, por exemplo: residência, creche,
escola, quartel ou quando se trata de um
grupo de pessoas que participou de um
evento específico como um almoço ou um
lanche.
TAXA DE ATAQUE:
Definição É o coeficiente ou taxa de
incidência de uma doença em uma
população específica ou em um grupo
bem definido de pessoas expostas ao
risco de serem acometidas por essa
doença, limitado a uma área e tempo
restritos.
Está padronizado que o resultado da taxa
de ataque seja em porcentagem (%).
TAXA DE ATAQUE: Cálculo
A formula para o cálculo da taxa de ataque é:

TA= nºde casos novos , em um período e local x 100


População exposta ao risco mesmo período e local

Para entender melhor, vamos ao exemplo:


Em uma festa de comemoração do Dia da
Criança, na creche Cantinho do céu, onde havia 125
pessoas, entre adultos e crianças, ocorreram 25 casos
de diarreia. Calcule a taxa Taxa de Ataque para
doença (diarreia).
TAXA DE ATAQUE: Cálculo

Para saber a taxa de ataque (TA) aplica-se a fórmula:


TA=nºde casos novos da doença, em um período e localx100
População exposta ao risco

TA = 25 x100 = 0,2x100 = 20%


125

Interpretação:
a) A probabilidade(ou risco) dos participantes da festa de
comemoração do dia da criança na creche desenvolver um quadro
de diarréia foi de 20%
b) De cada 100 participantes 20 corriam o risco de adoecer por
diarréia
Int.:O maior risco de contrair hepatite A esteve entre os
contatos domiciliares(20%), pois os 10% de casos da creche tem
o poder de disseminar a doença (contagiosa) para os domicílios
destes, assim pondo em risco a população. A vigilância deve
estar mais atenta aos domicílios destes, na tentativa de
bloquear a disseminação da doença.
EXERCÍCIO:
Considere um surto de rubéola ocorrido em uma
comunidade, na qual 18 pessoas em 18 domicílios
diferentes ficaram doentes. A população da
comunidade é igual a 1000 pessoas.
Posteriormente, após esse primeiro surto, 17
pessoas dos mesmos domicílios dos casos primários
desenvolveram rubéola. Nos 18 domicílios onde
ocorreram os casos havia um total de 86 pessoas.

Calcule as devidas taxas de ataque para esse surto


e interprete
Para calcular a taxa de ataque de
rubéola devemos primeiro definir

O numerador e o denominador

nº de casos na nº de pessoas em
comunidade risco na comunidade
EXERCÍCIO:
Considere um surto de rubéola ocorrido em uma
comunidade, na qual 18 pessoas em 18 domicílios
diferentes ficaram doentes. A população da
comunidade é igual a 1000 pessoas.
Posteriormente, após esse primeiro surto, 17
pessoas dos mesmos domicílios dos casos
primários desenvolveram rubéola. Nos 18 domicílios
onde ocorreram os casos havia um total de 86
pessoas.

Calcule as devidas taxas de ataque para esse surto


e interprete
Calculo da taxa de ataque primária

TA1ª = nº casos na comunidade x 100


Pessoas na comunidade

TA1ª = (18⁄1000) x (100) = 1,8%


Posteriormente, após esse primeiro surto, 17 pessoas
dos mesmos domicílios dos casos primários
desenvolveram rubéola. Nos 18 domicílios onde
ocorreram os casos havia um total de 86 pessoas.

Calculo da taxa de ataque secundária

TA2ª = nº de contatos domiciliares doentesx 100


(nº de membros da família) – (nº dos que já
apresentaram rubéola)

TA2ª =(17 ⁄(86−18) x 100% = (17⁄68) × 100%

TA2ª = 25,0%
Interpretação
O maior risco de contrair rubéola
esteve entre os contatos
domiciliares e não na comunidade.
A vigilância epidemiológica deve
estar mais atenta aos domicílios

Int.:O maior risco de contrair hepatite A esteve entre os


contatos domiciliares, pois os 10% decasos da creche tem o
poder de disseminar a doença (contagiosa) para os domicílios
destes, assim pondo em risco a população.A vigilância deve
estar mais atenta aos domicílios destes.
• Quando estamos diante de um número
grande de possibilidades de agentes
infeciosos, como o caso de surtos alimentares,
o primeiro passo é comparar as taxas de
ataque entre aqueles que comeram um dado
alimento e não se alimentaram dele.
O exemplo que segue
Investigação de surto de
gastroenterite

1. Um ambulatório médico, localizado em


bairro próximo ao distrito industrial de um
pequeno município, atendeu 34 pessoas
entre as 19:30 horas de 7 de janeiro e as
20:00 horas de 8 de janeiro deste ano, com
queixas de vômitos e diarréia. O município
possui 5.238 habitantes.
Calcule a taxa de ataque de gastroenterite
para esse município
TAXA DE ATAQUE: Cálculo

Para saber a taxa de ataque (TA) aplica-se a


fórmula:
TA = Nº de casos novos da doença, em um período e local x 100
População exposta ao risco

TA = 34 x100 = 3400 = 0,64%


5238 5238

Este resultado significa que menos de 1%


da população do município, adoeceram.
Cont... Investigação de surto
de gastroenterite

2. O fato foi notificado ao serviço de


epidemiologia do município, que, já no
início da investigação, verificou que todos
os pacientes atendidos eram funcionários
de uma empresa de 1.278 funcionários,
situada no distrito industrial da cidade.
Calcule a taxa de ataque de
gastroenterite entre os funcionários da
empresa
TAXA DE ATAQUE: Cálculo
Para saber a taxa de ataque (TA) aplica-se a
fórmula:
TA = Nº de casos novos da doença, em um período e local x 100
População exposta ao risco (funcionários)

TA = 34 x100 = 3400 = 2,7%


1278 1278

Este resultado significa que quase 3% dos


funcionários da empresa do distrito industrial
adoeceram.
Cont... Investigação de
surto de gastroenterite

3. Em continuidade à investigação,
foram levantadas informações
referentes à distribuição dos casos
entre os funcionários, segundo o
departamento em que trabalhavam. Os
resultados desse levantamento
encontram-se na tabela 1
Gabarito do exercício
Investigação de surto de gastroenterite

TA = Nº de casos novos da doença, em um período e local x 10ⁿ


População exposta ao risco
Cont... Investigação de surto
de gastroenterite

3b. Calcule as taxas de ataque (em %)


para cada um dos dois departamentos
afetados e para o conjunto dos
funcionários dos dois departamentos
afetados.
Cont... Investigação de surto de
gastroenterite
Cont... Investigação de surto de
gastroenterite

4. A entrevista feita com todos os


funcionários desses dois departamentos
revelou, além dos 34 casos já conhecidos,
outros 76, totalizando 110 casos de
gastroenterite durante o surto. Qual foi
a verdadeira taxa de ataque de
gastroenterite (em %) entre os
funcionários dos dois departamentos?
Cont... Investigação de surto de
gastroenterite

5. Com fundamento nos dados


dos questionários correspondentes
aos 110 casos identificados, foi
preparada a seguinte lista indicando
a freqüência de sintomas.
Cont... Investigação de surto de
gastroenterite
Cont... Investigação de surto de
gastroenterite

6a. Calcule as taxas de ataque (em %) por


refeição entre os funcionários
que almoçaram e que não almoçaram na
lanchonete. Com os resultados
obtidos, complete a tabela acima.
6b. Qual refeição foi, provavelmente,
o veículo de infecção? Por que?
=52*100 =62*100
152 179
=89*100 =29*100
239 92
Para certificar a associação entre exposição (consumo
do alimento, bebida ou outra fonte/fator de risco) e a
doença, é necessário realizar um cálculo matemático que
tem que ser feito para cada item.

É o partir do Risco Relativo RR que se estabelece a causa do


surto
Risco Relativo (RR) =
TA dos doentes que se expuseram ao/ou comeram o item X
TA dos doentes que não se expuseram ao/ou comeram o item X
6b) Então, o maior Risco Relativo(8,4) foi determinado para
o almoço do dia 7, assim calculado:
RR= taxas de ataque entre os doentes que comeram
taxas de ataque entre os doentes que não comeram

Comeram Ñ Comeram RR
Data Refeição =TxA comeram
TxA%D TxA%D
TxA ñ comeram
Café manhã 34,2 34,6 =34,2/34,6 =1,0
Dia 6 Almoço 37,2 31,3 =37,2/31,3 =1,2
Jantar 36,2 34,3 =36,2/34,3 =1,1
Café manhã 34,8 32,1 =34,8/32,1 =1,1
Dia 7 Almoço 42,2 5 =42,2/5 = 8,4*
Jantar 37,5 32,6 =37,5/32,6 =1,2
Este resultado do RR indica que os
funcionários que tomaram a refeição
do almoço do dia 7 tinham 8,4 vezes
mais chance (probabilidade) de ficar
doente do que aquelas que os
funcionários que não tomaram a
refeição do almoço no dia 7
Como interpretamos os resultados de Risco Relativo (RR)
e Risco Atribuível (RA)

1) Quando o RR apresenta um valor igual a 1, temos uma


ausência de associação;
2) Quando o RR é menor que 1, a associação sugere que o
fator estudado teria uma ação protetora;
3) Quando o RR é maior que 1, o fator estudado teria uma
associação com a doença, e quanto maior, maior sua força
de associação entre a exposição e a doença;
4) O RA quantifica o quanto da incidência da doença pode
ser atribuída exclusivamente ao fator de risco em estudo.
Risco Atribuível (RA) é: = [TA dos doentes que se
expuseram ao/ou comeram o item X] – [TA dos
doentes que não se expuseram ao/ou comeram o
item X]
RA
Comeram Ñ Comeram (TxA doentes comeram) -
Data Refeição
TxA doentes ñ comeram)
TxA%D TxA%D -
Café manhã 34,2 34,6 -0,4
Dia 6 Almoço 37,2 31,3 5,9
Jantar 36,2 34,3 1,9
Café manhã 34,8 32,1 2,7
Dia 7 Almoço 42,2 5 37,2*
Jantar 37,5 32,6 4,9
O RA quantifica o quanto da incidência da doença pode ser atribuída exclusivamente
ao fator de risco em estudo.
Cont... Investigação de surto de
gastroenterite

7. Depois de haver identificado a refeição


durante a qual provavelmente os funcionários
estiveram expostos à infecção e sabendo o
momento do início dos sintomas, pôde-se
calcular os períodos de incubação dos 110
funcionários que adoeceram. Com fundamento
em uma lista de distribuição dos períodos de
incubação, em intervalos de uma hora,
preparou-se o seguinte resumo:
Tabela 1 Número de casos e frequência acumulada (%) de gastrenterite segundo o
período de incubação (PI)

Período de Nº de casos de Frequência Percentual


Incubação em horas gastrenterite acumulada acumulado%

8h 24 24 21,8

9 12 36 32,7

10 19 55 50,0
Mediana

11 9 64 58,2

12h 46 110 100,0

Fonte dos dados: Waldman, E A. Exercício Vigilância em Saúde Pública, pg 160 volume 7
R: A mediana em horas: onde a metade (50%) já dos
que tinham iniciado os sintomas, (diagnóstico)=10 horas

7b. Conhecendo o período de incubação (10horas) e sabendo que o


momento de pico do surto ocorreu entre as 21:00 e 22:00 horas
do dia 7 de janeiro, como identificaria o período provável de
exposição?
Subtrai 21h –período de incubação (10h) 11h
e
Subtrai 22h –período de incubação (10h) 12h

Período provável de exposição foi entre 11 e 12h


(horário de almoço)
8. Com fundamento nas informações obtidas a partir
dos questionários, foi possível identificar os alimentos
que foram servidos aos 331 funcionários durante o
almoço do dia 7 de janeiro, sexta-feira. Com a
finalidade de identificar o alimento responsável pelo
surto, preparou-se o seguinte quadro (Tabela 5):

Tabela 5 Taxas de ataque de gastrenterite entre funcionários segundo o consumo de


alimentos e bebidas específicos
Tabela 5 Taxas de ataque de gastrenterite entre funcionários segundo o consumo de
alimentos e bebidas específicos
∑ TOTAL de
alimento ou Funcionários que ingeriram o alimento Pessoas que não ingeriram o Funcionário
bebida ou bebida especificados alimento ou bebida especificados s

Doentes Sãos Total Tx Ataque* Doentes Sãos Total Tx Ataque* Total


Peixe 44 97 141 =44x100/141 87 103 190 87x100/190 331
Torta de Frango 110 90 200 =110x100/200 10 121 131 10x100/131 331
Macarrão com
Atum 28 131 159 92 80 172 331
Salada de
Gelatina e abacaxi 105 118 223 39 69 108 331
Torta de frutas 84 102 186 63 82 145 331
Salada de
Repolho 49 61 110 95 126 221 331
Gelatina natural
com baunilha 59 90 149 80 102 182 331
Gelatina natural
sem baunilha 105 131 236 39 56 95 331
Leite 108 198 306 12 13 25 331
Café 76 63 139 78 114 192 331
*Taxa de ataque em %
Tabela 5 – Taxas de Ataque de gastroenterite entre funcionários segundo o consumo de alimentos e bebidas especificados

alimento ou Funcionários que ingeriram o alimento Pessoas que não ingeriram o ∑ TOTAL de
bebida ou bebida especificados alimento ou bebida especificados Funcionários

Doentes Sãos Total Tx Ataque* Doentes Sãos Total Tx Ataque* Total


Peixe 44 97 141 31,2 87 103 190 45,8 331
Torta de Frango 110 90 200 55,0 10 121 131 7,6 331
Macarrão com
Atum 28 131 159 17,6 92 80 172 53,5 331

Salada de Gelatina
e abacaxi 105 118 223 47,1 39 69 108 36,1 331
Torta de frutas 84 102 186 45,2 63 82 145 43,4 331

Salada de Repolho 49 61 110 44,5 95 126 221 43,0 331


Gelatina natural
com baunilha 59 90 149 39,6 80 102 182 44,0 331
Gelatina natural
sem baunilha 105 131 236 44,5 39 56 95 41,1 331
Leite 108 198 306 35,3 12 13 25 48,0 331
Café 76 63 139 54,7 78 114 192 40,6 331
*Taxa de ataque em %
8b) Torta de frango (55,0%) e café (54,7%)
8c) Torta de frango

RR= TxA dos que adoeceram e consumiram


TxA dos que adoeceram e ñ consumiram

RR(torta de frango)=55,0 = 7,2


7,6
Este resultado (do RR) indica que quem
consumiu a torta de frango teve 7,2 vezes mais
chance (probabilidade) de ficar doente com
gastrenterite.

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