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ESTUQUE

MATERIAIS E TÉCNICAS
Tanto os estuques estruturais quanto os ornamentais podem ser executados
com argamassa de:
• Cal e areia;
• Cal, areia e pó de pedra ou pó de mármore;
• Cal, gesso, areia e cola;
• Cal, areia e saibro
• Gesso
Obs.: em alguns casos, pode-se acrescentar pigmentos em sua composição.

A técnica do estuque se caracteriza pelo ato de empurrar a massa.


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DANOS E PATOLOGIAS
São geralmente decorrentes da falta ou da má conservação

Principais causas dos danos:


• infiltrações advindas dos telhados, calhas, frestas de portas e janelas,
fissuras e rachaduras etc.;
• umidades ascendentes advindas do solo;
• poluição ocasionando crostas negras;
• vegetação e insetos invasores;
• intervenções inadequadas;
• choques, vibrações decorrentes de tráfego pesado, vandalismos etc.
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Principais patologias:
• trincas e fissuras;
• lacunas - perdas do revestimento ou do próprio elemento decorativo;
• sujidades generalizadas ou parciais;
• salinização;
• deterioração da pintura;
• biodegradação etc.

Observações importantes:
1) Antes de executar a recuperação dos elementos ornamentais, deve-se
sanar a causa dos danos;
2) Em muitos casos, deve-se proceder a pré-consolidação dos elementos
ornamentais para posterior trabalho de conservação e restauração
ESTUQUE
ESTUQUE
ETAPAS DO PROCESSO DE CONSERVAÇÃO E RESTAURAÇÃO
1) Levantamento fotográfico, gráfico, dos materiais e técnicas originais e não
originais, das intervenções realizadas, do estado de conservação e das
patologias encontradas;
2) Mapeamento dos danos;
3) Prospecções;
4) Diagnóstico do estado de conservação;
5) Cadastramento das partes, quando for necessário o desmonte do elemento;
6) Definição dos critérios de intervenção baseada nas recomendações das
Cartas Patrimoniais e nos critérios de intervenção estabelecidos para o bem
em questão;
7) Elaboração de projeto de intervenção (conservação ou restauração) com
definição das técnicas e procedimentos a serem adotados, priorizando
materiais e sistemas construtivos compatíveis com os existentes;
8) Execução do procedimento conservativo ou restaurativo pré-definido;
9) Monitoramento para uma conservação preventiva.
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CONSIDERAÇÕES SOBRE O PROCESSO DE CONSERVAÇÃO E
RESTAURAÇÃO
1) A decisão sobre a intervenção não deve ser tomada por um único
profissional e sim por uma equipe multidisciplinar composta por
arquitetos, engenheiros, historiadores, restauradores, artífices etc.;
2) Deve-se procurar manter ao máximo os materiais originais;
3) Os elementos a serem reproduzidos devem ser previamente consolidados
para possibilitar a produção de formas adequadas;
4) Deve-se buscar utilizar materiais os mais compatíveis possível com os
materiais originais, preferencialmente de mesma natureza que estes;
5) Os processos de limpeza se caracterizam por ações irreversíveis e
devem,portanto, ser executados com o máximo critério para não danificar
os elementos ou remover partes da matéria original, como é o caso da
pátina;
6) A pátina se caracteriza pela sujidade que já se fundiu à matéria original,
passando assim, a constituir parte da obra de arte ou do elemento
decorativo.
ESTUQUE
ETAPAS DE EXECUÇÃO DA CONSERVAÇÃO DE ESTUQUES

1) Escoramento emergencial;
2) Pré-consolidação;
3) Limpeza ou higienização;
4) Confecção de formas para execução de modelos;
5) Confecção de guias (carrinhos);
6) Hidratação;
7) Consolidação;
8) Recomposição ou reintegração de lacunas;
9) Restauração dos remanescentes e
10)Execução de acabamentos – revestimentos e pintura.
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1) Escoramento emergencial:
• Nos casos em que o elemento se apresenta muito frágil, oferecendo riscos
de arruinamentos, deve-se executar um escoramento prévio, muitas vezes
até para possibilitar a elaboração de estudos e projetos sem riscos de
perdas.

• A técnica de escoramento deve ser definida de acordo com o tipo de


elemento, sua localização etc e deve ser definida em conjunto por arquitetos,
engenheiros e artífices.
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2) Pré-consolidação;
• Quando os elementos de estuque se encontram muito danificados, em
processo de descolamento, deve-se proceder a pré-consolidação, até
mesmo antes de se efetuar qualquer ação de conservação como a limpeza
e um levantamento adequado que garanta a reprodução ou recuperação do
elemento, evitando-se perdas de partes importantes.
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3) Limpeza ou Higienização;
• A limpeza deve ser feita com produtos e procedimentos que agridam o
menos possível os materiais originais e também os não originais que forem
conservados. Por melhor que seja o processo de limpeza, esse é sempre
traumático para o objeto.
• O trabalho deve ser orientado e executado por profissionais capacitados
que possam realizar uma análise criteriosa das sujidades e dos materiais de
constituição dos elementos a serem limpos, distinguindo a sujeira da pátina.
• O conhecimento profundo dos produtos de limpeza e de higienização e
dos materiais de constituição da peça sob intervenção, por parte dos
profissionais envolvidos na tarefa é fundamental para o estabelecimento de
dosagens saudáveis.
• Antes da execução da limpeza, deve-se realizar testes com produtos e
proporções variadas. Para tanto, deve-se começar os testes com soluções
menos agressivas e ir aumentando as concentrações à medida da
resistência da sujidade, tomando-se extremo cuidado para não prejudicar a
matéria original da peça.
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Testes de Limpeza
A seco:
• Trinchas e pincéis
• Wishab = esponja látex dura
• Opaline em pó em um saquinho de pano
• Gome Pane = goma tipo borracha
• miolo de pão

Úmida:
• Líquida
• Com pincel
• Com compressa
• Com emplastro
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Testes de Limpeza
Química (com solventes):
Os testes de limpeza química devem ser feitos sempre numa escala
crescente de agressividade das soluções, conforme apresentado
abaixo:
1) Água
2) Solução de Detertec na proporção de 1:1000 (detertec:água)
3) Solução de álcool em água
4) Solução de acetona em água
5) Solução de amônia em compressa a 5% a 30%
6) AB57 (25 gr de bicarbonato de amônia em 1 litro de água)
7) Xilol (apenas para remoção de tintas e vernizes)
Obs.: As soluções devem sempre ser “básicas” (neutras, com PH
tendendo para o básico – PH > ou = 7 – evitando-se chegar próximo ao
14 que é muito forte)
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4) Confecção de formas para execução de modelos :


• Os elementos que deverão ser reproduzidos para preenchimento de
lacunas identificadas, deverão ser servir de modelos para a confecção dos
novos elementos.
• Deve-se escolher os elementos que apresentarem maior integridade formal
e estrutural para servirem de modelos.
• Antes da retirada do molde, deve-se proceder, caso necessário, a
consolidação e a reintegração da peça para possibilitar a execução de formas
fidedignas.
• O modelo é chamado de “positivo” e a forma é chamada de “negativo”.
• O modelos poderão ser executados de uma infinidade de materiais, já as
formas podem ser classificadas em duas categorias:
• Flexível – látex (silicone), borracha, gelatina etc.;
• Rígido – gesso, cimento, madeira, resina (poliester) etc.
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Execução de formas :
1) Forma perdida
É a forma construída a partir de um modelo de argila e cera com um material
rígido. Após o preenchimento para a execução dos modelos, as formas
são destruídas, sendo utilizadas uma única vez.
• Quando em argila, o modelo é retirado da forma;
• Quando em cera, deve-se leva ao forno para vazar toda a cera
As formas devem receber uma solução desmoldante para liberar o modelo.
Os demoldantes podem ser:
• Para resina: cera
• Para gesso e cimento: goma laca, óleo e sabão
Para o desmoldante em sabão, deve-se utilizar sabão neutro cortado em
pedaços pequenos, dissolver em água e acrescentar óleo de linhaça,
deixando cozinha em banho maria até o sabão derreter completamente.
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2) Forma de tacelo
As formas podem ser de um ou mais tacelos.
O tacelo é cada uma das partes da forma.
Quando o modelo não apresenta reentrâncias, pode-se utilizar forma de um
único tacelo.
Do contrário deve-se utilizar forma de 2 ou mais tacelos. Neste caso,
constrói-se as partes laterais e, em seguida, a parte da frente e do verso,
sempre amarrando e criando pontos de guia de encaixe para travar os
tacelos.
Deve-se fazer, além do isolamento dos tacelos nas faces voltadas para os
modelos, com desmoldante, deve-se isolá-los uns dos outros.
Depois de isolados, os tacelos deve ser montados e as formas resultantes
devem ser preenchidas com o material que desejar (cimento, gesso,
resina etc.)
Quando se utilizar resina, a forma deve ser polida com cera.
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3) Forma Flexível
Borracha de silicone
• Após isolar o modelo com desmoldante, aplica-se o silicone com
catalisador (ou acelerador).
• Pode-se criar uma lista de argila se for necessário fazer a forma em dois
segmentos, ou pode-se aplicar o silicone e depois fazer um corte.
• Após a confecção da forma com material flexível, é necessário construir
um berço, com material rígido, para servir de apoio quando for retirar a
borracha de silicone.
• Deve-se, de vez em quando, passar desmoldante na fora de silicone, para
evitar pega de resíduo.
• A forma flexível deve ter espessura suficiente para não interferir na
confecção do modelo. As deformações que ocorrem no modelo podem
ser ocasionadas por essas deficiências de espessura da forma.
• Para dar maior consistência à borracha de silicone, deve-se acrescentar
carga, que poderá ser em maior proporção nas últimas camadas. Neste
caso, aA dosagem do catalisador deve ser aumentada.
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5) Confecção de guias (carrinhos) para confecção de


elementos contínuos – frisos, cimalhas, sancas
etc.:
Deve-se escolher o local (fachada, teto ou paredes internas) para
confecção do modelo “positivo”.
O procedimento para confecção do carrinho é composto das seguintes
etapas:
• Higienização de uma faixa de 15 a 20cm;
• Decapagem química ou mecânica do local escolhido;
• Correção dos frisos;
• Aplicação de uma ou mais demãos de desmoldante;
• Listagem com gesso mais ou menos 6 cm com estrutura de sisal;
• Remoção do gesso cuidadosamente após secagem;
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Obs.:
a) deve-se manter uma das faces do gesso aparelhada par riscar o perfil numa
folha de papel.
b) Deve-se verificar o positivo e o negativo. Se o objetivo é fazer o positivo, o
seu gabarito (ou perfil) deve ser o negativo.
• Deve-se fazer o corte do perfil na folha de papel e, posteriormente colá-lo
numa folha zincada, separando negativo;
• Executar o corte da folha zincada com tesoura de cortar chapa, verificando-
se o esquadro;
• Correção com esmeril, de ponta montada, adaptado na furadeira, ou com
uma lima;
• Preparar a tábua com espessura média e colocar a folha de zinco com o
perfil já cortado;
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• Transferir o risco do perfil para a tábua, sem pregar a folha zincada;


• Verificar o esquadro e executar o cote, em 45 graus, com serra tico-tico;
• Pregar o perfil da folha zincada sobre a tábua;
• Verificar posicionamento que vai armar o gabarito sobre as guias paralelas;
estas guias podem ser e madeira, pvc ou alumínio;
• Montar as guias do gabarito que vão deslizar sobre os trilos paralelos;
• Montar os trilhos sempre testando as guias do carrinho. Por isso, deve-se fixar
uma extremidade e em seguida, levar o carrinho para a outra extremidade e
concluir a fixação dos trilhos;
• Lubrificar as guias do carrinho e os trilhos;
• Testar várias vezes o carrinho sobre os trilhos antes de executar os isos;
Obs.: Há três tipos de suportes para construção de sancas e cimalhas:
alvenaria, madeira e tela.
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6) Hidratação:
A hidratação tema função d retomar o processo de carbonatação da
argamassa antiga, reativando o ligante nela presente.
Deve ser feita com água de cal, a qual deverá ser recolhida da superfície do
tanque onde a cal está sendo hidratada e tem aspecto cristalino.
Não se deve utilizar aditivo.
A hidratação deve ser feita:
• com trincha e/ou borrifador;
• Por pressão ou por gravidade;
• na quantidade de 1 a 7 demãos.
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6) Consolidação:
A consolidação tem a função de preenchimento e estabilização da
argamassa em casos de trincas, fissuras e fragmentações.
Ela deve ser feita com leite de cal: mistura de água + cal hidratada, aditivada
de 4 a 8% em solução de água e álcool na proporção de 10:1.
A mistura deve ser aplicada um dia após a hidratação com água de cal e
deve ser feita:
• com trincha ou borrifador;
• por gravidade ou por pressão;
O aditivo (ou adesivo) tem a função de dar maior aderência aos materiais. O
aditivo nunca deve ser utilizado isolado.
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Os requisitos para uma boa consolidação são:

• Reversibilidade e compatibilidade;
• Utilização de adesivos apropriados;
• Ter boa penetração;
• Estabilidade química e resistência aos agentes atmosféricos;
• utilização de elementos que auxiliam na aceleração da evaporação;
• verificação da integridade das estruturas de madeira ou tela;
• recuperar, se necessário, as estruturas utilizando-se reforços fxados com
parafusos em aço inox;
• não criar impacto no estuque;
• executar uma boa higienização antes da consolidação, usando aspiradores,
trinchas etc;
• verificar a constituição das argamassas;
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•utilizar sempre materiais compatíveis com os originais;


• ter cuidado para não saturar a carga e o ligante;
• não utilizar resinas catalisadoras pois não não são compatíveis para a
consolidação de estuques;
• O acetato polivinil (cola PVC) é mais elástico;
• O Primal AC33, resina acrílica, é mais rígida e irreversível;
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Consolidação de forro – Museu Imperial, Petrópolis


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6) Recomposição ou reintegração de lacunas:


A recomposição deve ser feita com argamassa de cal, adicionada de
“carga”.
A argamassa deve ser aplicada ainda úmida em dosagem identificada a
partir de testes.
A aplicação deve ser com trinchas, espátulas e colher de pedreiro
Pode-se usar aditivo de 4 a 8% em solução de água e álcool na proporção
de 10:1.

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