Você está na página 1de 31

UNIVERSIDADE SALVADOR

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SAÚDE


CURSO DE PSICOLOGIA
 

François Malheiros Deleze

A CONCEPÇÃO DE PROFESSORES DA CIDADE DE


SALVADOR A RESPEITO DO BULLYING

Orientadora: Profª. Giovana Mesquita


Introdução
To bully
Atitudes agressivas, intencionais, de
causar dor, sofrimento, perseguição e
exclusão adotadas por um indivíduo ou
um grupo (DA SILVA, 2006).
Violências: Física / Verbal / Psicológica /
Social / Indireta (COLOVINI; COSTA,
2007).
Introdução
 Olweus
- Primeiros estudos no mundo (FREITAS, 2004).
 ABRAPIA, primeiros estudos no Brasil.
◦ 40% envolvidos em casos de bullying.
 Contexto Brasileiro:
◦ consumista,
◦ elitista,
◦ supérfluo,
◦ descartável,
◦ não se respeita as diferenças do outro,
◦ tudo pode (o “jeitinho brasileiro”)
(FREITAS,2006).
 Cyber Bullying
Problema e Objetivos
Problema: Qual a concepção de
professores da cidade de Salvador a
respeito do bullying?
Objetivo Geral:
 Identificar a concepção de professores da
cidade de Salvador a respeito do Bullying
Objetivos Específicos
 Investigar se os professores tem
conhecimento do termo bullying
Objetivos
 Conhecer as ocorrências que estes
professores identificam como bullying
 Identificar as causas que esses professores
atribuem ao bullying.
 Perceber as estratégias utilizadas por estes
educadores para evitar/combater as
práticas de bullying.
Justificativa
Ampliar os estudos com este tema no
contexto nacional.
Trazer para esta temática a concepção dos
professores e como agem diante deste
fenômeno.
Perceber os pontos de convergência e
divergência entre o contexto baiano e as
demais pesquisas realizadas no país e no
mundo.
Procedimentos Metodológicos

Pesquisa Qualitativa
Caráter Exploratório

Contexto
 Duas escolas na cidade de Salvador/BA
 Particular
Procedimentos Metodológicos
• Participantes
 Professores de 5ª a 8ª séries.
 Maiores ocorrências deste fenômeno
nestas séries (NETO,2005 apud
COLOVINI; COSTA, 2007).
Perfil da amostra
Tempo de Tempo na Serie em que Tempo nesta
Entrevistados Idade Sexo ensino instituição ensina serie

PF1 50 M 25 6 5a8 20

PF2 26 M 6 5 5a8 6

PF3 57 F 30 8 5e6 8

PF4 62 F 37 5 5a8 5

PF5 43 F 18 10 6, 7 3

PF6 41 F 21 5 6 3
Procedimentos Metodológicos
Técnicas e Instrumentos
 Entrevista semi-dirigida.
 Maior liberdade do entrevistador.

Análise dos dados


 Análise de Conteúdos (AC)
 Regras e Categorias
 Indicadores de valores, atitudes, opiniões,
preconceitos e estereótipos
Procedimentos Metodológicos
 “Consiste em desmontar a estrutura e
os elementos desse conteúdo para
esclarecer suas diferentes
características e extrair sua
significação” (LAVILLE; DIONNE,
1999, p. 214)
Resultados e Discussões
Seis categorias:
◦ Definições de bullying
◦ Ocorrências
◦ Reações
◦ Perfis
◦ Conseqüências para os envolvidos
◦ Porque o bullying acontece
Resultados e Discussões
Definições de bullying
Conceitos individuais sobre o bullying e acesso
ao termo.
◦ Uma atitude que visa prejudicar o outro.
◦ Físicas e/ou psicológicas (ProfessorF1 e ProfessorF2)
◦ “São simplesmente ações físicas contra um
individuo.” (ProfessorF3, 57 anos).
◦ “Podem ser atitudes que levam os sujeitos a se
sentirem menosprezados diante do outro.”
(ProfessorF6, 41 anos )
Resultados e Discussões
Como possível justificativa, pode-se
pressupor que isto ocorra pois o tema
ainda é pouco explorado no Brasil,
diferente de outros países onde, através de
equipes especializadas, se dá formação do
tema e como agir e preveni-lo.
COLOVINI e COSTA (2006).
Resultados e Discussões
◦ Professor enquanto também um agressor
(ProfessorF2)

◦ “Olha só, o bullying pode ser definido entre


seus alunos quando sofrem constrangimento
com agressão física e psicológica. Esse
constrangimento ele pode sofrer tanto de
professor para aluno tanto entre alunos.”
(ProfessorF2, 26 anos.)
Resultados e Discussões
Acesso ao termo através da mídia (forma
direta ou indireta)
A mídia tem como objetivo principal
informar e não aprofundar, podendo trazer
conceitos de forma superficial.
(OLIVEIRA e ANTONIO,2006)
Resultados e Discussões
Ocorrências
◦ Comportamentos observados e classificados
como bullying; freqüência.
◦ Agressões psicológicas percebidas mais em
sala de aula e agressões físicas percebidas em
outros espaços.
◦ “Agressões físicas, apelidos e palavrões. As
brigas percebo apenas ocasionalmente no
pátio. Apelidos e palavrões percebo mais em
sala de aula, mais esse tipo de agressão é
muito mais sutil.” (ProfessorF3, 57 anos).
Resultados e Discussões
◦ Mais observados nos intervalos, antes e após
as aulas. Isto corrobora com os estudos de
COLOVINI e COSTA (2006) mas, discorda
da ABRAPIA (2003)
◦ Para LOPES NETO (2005), a maioria dos
casos de bullying ainda ocorram fora da visão
dos adultos e quando são percebidos, muitas
vezes são ignorados e tidos como normais, só
sendo notados os casos que chamam mais a
atenção.
Resultados e Discussões
◦ “Na verdade nunca percebi tais
comportamentos, no maximo percebo uma
briguinha mas acho isto comum em crianças
desta idade.” (ProfessorF4, 62 anos)
Reações
◦ Agem de forma punitiva.
◦ Dificuldade de encontrar respostas
◦ “Você acha que atitudes por parte do
professor podem gerar chances para que
casos de bullying ocorram na sala de aula?”
Resultados e Discussões
“Sim, a partir que o professor ele seja
permissivo, ou seja, está ao lado ao agressor e
você fica calado diante de tal fato simplesmente
ele esta dando espaço para que isso ocorra.”
(ProfessorF2, 26 anos)
Além de muitas vezes não perceber atos como
bullying, alguns professores, sem perceber,
acabam contribuindo para tal pratica criticando
constantemente o seu aluno, comparando-o com
outros, o expondo a ser mais uma das vítimas
do bullying e de certa forma está agindo com
desrespeito ao espaço pedagógico (Dos Santos
2007).
Resultados e Discussões
Perfis
◦ Agressor
 Maior porte físico que o da vitima
 Emocionalmente instável.
Andrade, 2007, Almeida et al, 2008, Colovini e
Costa, 2007, Da Silva, 2006, Dos Santos, 2007,
Fante, 2005, Lopes Neto, 2005
◦ Algumas características não surgiram, tais como:
 Ter a mesma idade ou idade superior, se sobressai em esportes
e nas brigas, necessidade de dominar e subjugar os outros
(Andrade, 2007),
Resultados e Discussões
 Normalmente são filhos de pais violentos, sem afeto
e sofrem de violência física (Almeida et al, 2008)
 Têm grande probabilidade de se tornarem adultos
com atitudes anti-sociais e/ou violentas (Colovini e
Costa, 2007).
Vitima
◦ Menor porte físico;
◦ Possuem uma fragilidade emocional;
◦ Indefesas.
Resultados e Discussões
Andrade, 2007, Almeida et al, 2008,
Colovini e Costa, 2007, Da Silva, 2006,
Dos Santos, 2007, Fante, 2005, Lopes
Neto, 2005
◦ Características não relatadas:
 Sofrem queda no rendimento escolar, pedem para
trocar de turma (Abrapia, 2003),
 Conceito negativo de si mesmo (Fante,2005)
 Fortes tendências a ter transtornos ou traumas
graves (Dos Santos, 2007)
Resultados e Discussões
Conseqüências
◦ Negativas, tanto no âmbito físico quanto no
psicológico.
◦ Tendência compensatória por parte das
vitimas, no sentido de buscar da forma que for
possível, adquirir recursos que lhe pareçam
faltar ou que evitem os motivos para ser
vitima.
Resultados e Discussões
 “Digamos assim: uma pessoa que é gordinha, ela pode
adquirir obsessão por emagrecer, ela pode ate ter
bulimia, conseqüências emocionais gravíssimas. Pessoas
pequenas, elas podem querer, quando tiverem na
adolescência, tomar hormônio para crescer e até querer
entrar em academia, anabolizantes para poderem ficar
mais fortes. São conseqüências físicas e psicológicas”
(ProfessorF1, 50 anos)
 Diversos autores corroboram com tais respostas (Lopes
Neto, 2005, Neto, 2004, Dos Santos, 2007, Fante, 2005).
 Apesar deste dado não ter surgido na pesquisa, Dos
Santos (2007), acrescenta que, ao contrário do que muitos
pensam, não é somente as vítimas do bullying que sofrem
as conseqüências, os agressores e também podem sofrer
as conseqüências tanto no âmbito emocional quanto na
aprendizagem.
Resultados e Discussões
Porque o bullying acontece
◦ Reflexo da sociedade dentro da escola
“O bullying sempre existiu, na verdade toda vez
que falamos nesse conceito eu descrevo da
seguinte forma: o que nós temos como bullying
vai estar direcionado a nossa sociedade
moderna, ele sempre existiu mas nunca foi
estudado como hoje. Ele reflete o momento que
vivemos hoje, da falta de limites, do ter que ter
tudo sempre de imediato.” (ProfessorF6, 41
Anos).
Resultados e Discussões
Para Lopes Neto (2005), o comportamento
violento resulta da interação entre o
desenvolvimento individual e os contextos
sociais, como a família, a escola e a
comunidade. O modelo do mundo exterior é
reproduzido nas escolas, fazendo com que
essas instituições deixem de ser ambientes
seguros, modulados pela disciplina, amizade
e cooperação, e se transformem em espaços
onde há violência, sofrimento e medo.
Considerações Finais
Ficou evidente da falta de profundidade
destes professores com relação à temática
analisada.
Definições superficiais
Comportamentos de bullying e perfis
estereotipados.
Professor enquanto possível agressor
Considerações Finais
Necessidade de buscar outras formas de
conhecer como estes professores reagem a
atos de bullying.
Importância de projetos visando instruir
os professores.
Pesquisas acerca de estratégias para
tornar o fenômeno visível.
Cyber bullying
Referências
 COLOVINI, C. E. ; COSTA, Mara Regina Nieckel da. O fenômeno
Bullying na percepçãp dos professores. In: X Seminário Intermunicipal
de Pesquisa, 2007, Guaíba. X Seminário Intermunicipal de Pesquisa, 2007.

 DA SILVA, Tomaz Nonticuri. Bullying: só quem vive sabe traduzir.


Escola de Serviço Social da Universidade Católica de Pelotas. 2006

 FREITAS, Luciano dos Santos. Bullying: A (in) disciplina agressiva no


ambiente escolar. Prevenção e análise pedagógica. Instituto de aplicação
Fernando Rodrigues da Silveira. Rio de janeiro. 2004

 GALVAO, Izabel. Henri Wallon: uma concepção dialética do


desenvolvimento infantil. 9 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2001.

 KULLOK, Maísa Gomes Brandão. Relação professor aluno – Aluno no


contexto ensino – Aprendizagem as exigências na atualidade. In:
BRANDAO, Maira Gomes. Relação professor-aluno: contribuições a
pratica pedagógica. Maceio: Editora da UFAL, 2002
Referências
 LA TAILLE, Yves Joel Jean-Marie Rodolphe de; OLIVEIRA,
Marta Kohl de; DANTAS, Heloysa. Piaget, Vygotsky, Wallon:
teorias psicogenéticas em discussão. São Paulo: Summus, c1992.

 LAVILLE, C.; DIONNE, J.. A construção do saber: manual de


metodologia da pesquisa em ciências humanas. Porto Alegre:
Artmed; Belo Horizonte: UFMG, 1999.

 PIEDRA, R. Rodríguez; LAGO, A. Seoane; MASSAB, J.L.


Pedreira. Crianças contra crianças: o bullying, uma perturbação
emergente. An Pediatr (Barc) 2006. p101-104

 SILVA, Roza Maria dos Santos. A importância da afetividade na


relação professor aluno. In: BRANDAO, Maira Gomes. Relação
professor-aluno: contribuições a pratica pedagógica. Maceio:
Editora da UFAL, 2002

Você também pode gostar