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Segunda Lei da Termodinâmica

Eng. Eletrônica. 09/02/2022


Fenômenos de Transporte II
Segunda Lei da Termodinâmica

Os processos naturais são Irreversíveis


Isto é, eles seguem a flecha do Tempo
(atrito; reações químicas; equilíbrio térmico; mistura...)

Apenas processos ideais de


quase-equilíbrio são
reversíveis

Será preciso introduzir o conceito de Entropia para o estudo da


irreversibilidade... mas inicialmente vamos entender o significado
da segunda lei para máquinas térmicas e refrigeradores =>
Máquinas Térmicas
Produzem a transformação (parcial) de calor em trabalho utilizando uma
substância de trabalho, geralmente operando em processo cíclico.

QH = Calor absorvido
A cada ciclo é produzido uma
(fonte energética)
quantidade de trabalho W.
QC = Calor rejeitado
Obs.: Potência P = W/t
(Q = QH + QC )

Eficiência Térmica
W Q Q
e  1 C  1 C
QH QH QH
Máquinas de Combustão Interna
Razão de compressão: r = Vmax/Vmin ~ 8 - 10
Ciclo Otto Nos processos isocóricos bc e da:
QH  nCV (Tc  Tb )  0
QC  nCV (Ta  Td )  0
QC T  Ta
e  1  1 d
QH Tc  Tb

Nos processos adiabáticos ab e cd:

Ta rV 
 1
 TbV  1
Td rV 
 1
 TcV  1
Assim:
Td  Ta 1
e  1  1  1
 1   1
Td r  Ta r r

r = 8;  = 1,4 => e ~56% (~35% na prática)


Ciclo Diesel

r = ~15, 20;  = 1,4 => e ~70% (< 52 % na prática)


Refrigeradores
Um refrigerador é uma máquina térmica funcionando com um ciclo invertido.

A cada ciclo é fornecido um


trabalho W. Como em uma
máquina térmica:

W  QH  QC

Coeficiente de Performance
QC QC
KP  
W QH  QC
O coeficiente de performance típico de refrigeradores é ~ 2,5.
Um condicionador/refrigerador pode ser usado para o aquecimento de um
ambiente. Neste caso o aparelho recebe o nome de “bomba de calor”.
Segunda Lei da Termodinâmica /
Impossibilidade de Máquinas Perfeitas

Enunciado de Kelvin-Plank (máquinas térmicas):


É impossível um processo cíclico de conversão
completa de calor em trabalho a partir de um
único reservatório térmico. (eficiência e < 1)

Enunciado de Clausius (refrigeradores):


É impossível um processo cíclico que resulte
na transferência completa de calor de um
corpo frio para um corpo quente.
(desempenho Kp < ∞)
Equivalência entre os enunciados
A violação de um enunciado implica na violação do outro
Ciclo de Carnot (1824)
Melhor rendimento pode ser obtido evitando processos irreversíveis, que envolvam
diferenças finitas de temperatura entre sistema e reservatórios
=> transformações isotérmicas e adiabáticas:
Nos processos isotérmicos ab e cd:

QH  Wab  nRTH ln(Vb / Va )  0


QC  Wcd  nRTC ln(Vd / Vc )  0
QC T ln(Vc / Vd )
e  1  1 C
QH TH ln(Vb / Va )

Nos processos adiabáticos bc e da:


 1  1
TH Vb  TCVc e
 1  1
TH Va  TCVd
 Vb / Va  Vc / Vd

Assim:

TC QC TC
eCarnot  1  e 
TH QH Carnot
TH
Ciclo de Carnot e a Segunda Lei
Enunciado de Carnot (rendimento máximo):
Nenhuma máquina térmica pode ter eficiência
superior à da máquina de Carnot operando
entre as mesmas temperaturas extremas.
(Vale analogamente para refrigeradores)
QC TC
 
QH Carnot
TH
TH  TC
e  eCarnot 
TH
TC
K P  K Carnot 
TH  TC
Corolário e escala Kelvin:
•Toda máquina de Carnot funcionando entre dadas temperaturas tem a
mesma eficiência, independentemente da substância de trabalho.
•A razão entre 2 temperaturas pode ser definida, independentemente da
substância termométrica, como a razão entre os calores absorvido e rejeitado
em um ciclo de Carnot operando entre tais temperaturas.
Equivalência entre os enunciados de Carnot e Kelvin-Planck

A existência de uma máquina com eficiência superior à de Carnot


implica na violação do postulado de Kelvin-Planck.
Entropia e Desordem

Um gás ideal em expansão isotérmica não muda sua energia interna,


mas aumenta sua desordem uma vez que suas moléculas se espalham
em um volume maior.

nRT dV dQ
dQ  dW  p dV  dV  n 
V V RT

O aumento da desordem está ligado ao aumento relativo do volume e ao


número de moléculas presentes. Definimos o aumento de entropia S
como medida do aumento da desordem em um processo REVERIVEL
como:

dQ 2 dQ
dS 
T
 S  
1 T
(unidades : J/K)
Entropia e aquecimento
(processos isobáricos e isocóricos)

2 dQ T2 mc dT T 
S  
1 T
 
T1 T
 mc ln 2
 T1


Entropia e o Ciclo de Carnot

Em um processo isotérmico Q
S 
T
Em um processo adiabático S  0

No ciclo de Carnot
QH QC
S   0
TH TC
Entropia e Processos Cíclicos Reversíveis

2 dQ
S  
1 T
 S1  S 2  0

para qualquer ciclo reversível.

Então conclui-se que a entropia é uma variável de estado.


(Sua variação não depende da trajetória)
Entropia e Processos Irreversíveis / Expansão Livre

Q W nRT ln 2V / V 
S     nR ln 2
T T T
Entropia e Processos Irreversíveis / Diferenças Térmicas
Quando há uma diferença de temperaturas, a transferência de calor é
irreversível e

dQ dQ  1 1  dQ
dStotal  dSC  dS H    dQ    TH  TC   0
TC TH  TC TH  TCTH
Entropia e Segunda Lei

A soma das variações de entropia do sistema e vizinhanças em processos


irreversíveis cresce ( permanece constante para processos reversíveis).

S total  0

Se existisse uma máquina térmica perfeita, a entropia


do reservatório térmico diminuiria de S = –Q/T,
violando também este enunciado ( a entropia da
máquina não varia...).
Diagrama T-S e calor
Como dS = dQ/T, temos o calor fornecido a um sistema como:
2
Q 1
TdS

A “área sob a curva” em um diagrama T-S é o calor fornecido.


No ciclo de Carnot, constituído pelas isotermas a-b e c-d e adiabáticas
b-c e d-a, o diagrama aparece como um retângulo:

T
a b
TH

Q = QH-QC
TC c
d

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