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QUATREMÈRE DE QUINCY E

A IDEIA DO TIPO

 Capa da Encyclopédie Méthodique: Architecture. Liège: chez


Panckoucke, Tome I, 1788, de Quatremère de Quincy.
Seminário 13.05.22 – “TIPO E MODELO por Quatremère de Quincy”.
Aluna: Denise Marcondes Massimino
Orientadora: Prof. Dra. Regina Tirello
1825: 3º vol. Encyclopédie Méthodique
Architecture , o teórico francês Quatremère

SEMINÁ RIO – 13.05.2022


de Quincy define formalmente TIPO e
introduz o conceito no campo da Arquitetura
O TIPO ARQUITETÔNICO;

 Entretanto, a consolidação do conceito


remete ao séc. XVIII , a ideia de tipo de acordo
com as preceptivas em voga à época:
CARÁTER, IMITAÇÃO, DECORO (modo) e
ORIGEM DA ARQUITETURA;
A VOZ (VERBETE) E SUA GÊNESE
“ TUDO PRECISA DE UM ANTECEDENTE, NADA, EM

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GÊNERO ALGUM, VEM DO NADA; E ISTO NÃO
PODERIA , DE FORMA ALGUMA, DEIXAR DE SE
APLICAR A TODAS AS INVENÇÕES DOS HOMENS.
DESSA FORMA OBSERVAMOS QUE TODAS ELAS,
APESAR DE MUDANÇAS POSTERIORES, CONSERVARAM
SEMPRE SENSÍVEL AO SENTIMENTO E À RAZÃO, SEU
PRINCÍPIO ELEMENTAR.
É COMO UMA ESPÉCIE DE NÚCLEO EM TORNO DO
QUAL SE AGREGAM E SE ORGANIZARAM,
CONSEQUENTEMENTE, OS DESENVOLVIMENTOS E
AS VARIAÇÕES DE FORMAS ÀS QUAIS O OBJETO ERA
SUSCETÍVEL (...)
(...) ASSIM NOS CHEGARAM VÁRIAS COISAS DE
TODOS OS GÊNEROS; E UMA DAS PRINCIPAIS

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OCUPAÇÕES DA CIÊNCIA E DA FILOSOFIA, PARA
APREENDER AS RAZÕES, É DE NELAS
PROCURAR A ORIGEM E A CAUSA PRIMITIVA.
AQUI ESTÁ O QUE DEVE SER CHAMADO DE TIPO
EM ARQUITETURA, ASSIM COMO EM TODOS OS
OUTROS DOMÍNIOS DAS INVENÇÕES E
INSTITUIÇÕES HUMANAS”.

(QUATREMÉ RE DE QUINCY, A.C. “TYPE”, 1825)


A DISTINÇÃO ENTRE E TIPO E MODELO
TIPO (ETIMOLOGIA e História do USO):

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ligada à indicar as formas e belezas ideais
Do grego “Typos”– significa matriz, impressão,
molde, figura em alto ou baixo relevo;
( QUATREMÉRE DE QUINCY, A.C. “TYPE”, 1825)
#
MODELO, do latim “modellum” – entendido
nas Artes através do italiano “modello”, que
implica em cópia literal, em contextos
Empíricos (experiências e observação
metó dicas ou não); Físicos e Miméticos
(relativo a mimese, imitação).
A DISTINÇÃO ENTRE E TIPO E MODELO

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TIPO : está ligado ao original, mas fruto da
intervenção ou criação humana;
“O TIPO É IDEIA POR TRÁS DA APARÊNCIA
INDIVIDUAL DO EDIFÍCIO, UMA FORMA IDEAL
GERADORA DE INFINITAS POSSIBILIDADES, DA
QUAL MUITOS EDIFÍCIOS DISSIMILARES
PODEM DERIVAR.
DISTINGUI-SE DE MODELO, OBJETO
ESPECÍFICO QUE PODE SER COPIADO
IDENTICAMENTE”. ( RENATA PEREIRA BAESSO, Vitruvius, 2012).
A VOZ (VERBETE): TIPO
“ A PALAVRA TIPO NÃO REPRESENTA TANTO A IMAGEM
DE UMA COISA A SER COPIADA OU IMITADA

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PERFEITAMENTE COMO A IDEIA DE UM ELEMENTO QUE
DEVE ELE MESMO SERVIR DE REGRA AO MODELO.
(...) O MODELO, ENTENDIDO SEGUNDO A EXECUÇÃO
PRÁTICA DA ARTE, É UM OBJETO QUE SE DEVE REPETIR
TAL COMO É
O TIPO É, PELO CONTRÁRIO, UM OBJETO, SEGUNDO O
QUAL QUALQUER PESSOA PODE CONCEBER OBRAS QUE
NÃO SE ASSEMELHARÃO EM NADA ENTRE SI
TUDO É PRECISO E DADO NO MODELO; TUDO É MAIS OU
MENOS VAGO NO TIPO. ASSIM VEMOS QUE A IMITAÇÃO
DOS TIPOS NADA TEM QUE O SENTIMENTO E O ESPÍRITO
NÃO POSSAM RECONHECER (...)” (QUATREMÈRE, TYPE, 1825)
TIPO: INSTRUMENTO NÃO UMA CATEGORIA
“PARA QUATREMÈ RE A RELAÇÃO ENTRE A

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ARQUITETURA ANTIGA E MODERNA, NÃ O ERA
OUTRA SENÃ O A MODIFICAÇÃO DO TIPO, UMA
TRANSFORMAÇÃO CONCEITUAL, REQUERIDA
CADA VEZ QUE UM EDIFÍCIO É PROJETADO”.
ESTABELECE TAMBÉM UMA RELAÇÃO ENTRE AS
ETIMOLOGIAS DOS TERMOS TIPO E CARÁTER
TIPO (grego-Typos): no sentido de gravar ou
imprimir
CARÁTER (grego-characteer): traz o significado
de marca e de traço distintivo.
A VOZ (VERBETE): TIPO - USO
“ CADA UM DOS PRINCIPAIS EDIFÍCIOS DEVE ENCONTRAR

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EM SUA DESTINAÇÃO FUNDAMENTAL, NOS USOS QUE LHE
CONCERNEM, UM TIPO QUE LHE É PRÓPRIO.
A ARQUITETURA DEVE TENDER A SE CONFORMAR, DA
MELHOR FORMA POSSÍVEL, A ESTE TIPO QUE SE QUER
IMPRIMIR, A CADA EDIFÍCIO, UMA FISIONOMIA
PARTICULAR.
É DA CONFUSÃO ENTRE ESTES TIPOS QUE NASCE A
DESORDEM TÃO COMUM QUE CONSISTE EM EMPREGAR
INDISTINTAMENTE AS MESMAS ORDENAÇÕES,
DISPOSIÇÕES E FORMAS EXTERIORES EM MONUMENTOS
DESTINADOS AOS USOS MAIS DIVERSOS”.
(QUATREMÈRE, TYPE, 1825)
A ARQUITETURA JESUÍTICA NO BRASIL

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O texto de Lúcio Costa “Arquitetura jesuítica no
Brasil”, publicado no 5º vol. revista do SPHAN

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(Serviço do Patrimônio Histórico Nacional), em
1941, no RJ, demonstra em sua análise e
argumentação, que o “espírito jesuítico”, não
deveria ser examinado num bloco único de
manifestações artísticas.
Essa amplitude de obras de arte “apresentam
formas diversas, de acordo com as conveniências
e recursos locais, e com as características de
estilo próprias de cada período”.
(COSTA,1978, p.11)
Croquis Lúcio Costa – Arquitetura Barroca

Croquis ornamentação capelas e Croquis retábulos e capelas –


Croquis plantas igreja – retábulos igrejas Lucio Costa,
Lucio Costa, Lucio Costa, livro Arquitetura Religiosa.
livro Arquitetura Religiosa. livro Religiosa. ( p.33).
( p.33). ( p.36).
“O partido geral de uma só nave inclui, no caso das
igrejas jesuíticas brasileiras, plantas de quatro
tipos diferentes. O primeiro o tipo mais singelo, que

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teria sido o das capelas rudimentares dos primeiros
tempos e no qual a capela-mor e a nave constituem
um mesmo corpo de construção dividido
convencionalmente em duas partes por um arco do
cruzeiro.
Essa forma primária, hoje muito rara, é a que
vamos encontrar na já referida capela de Santo
Antônio, do segundo século, que apesar da
invocação e do fato de ser uma capela particular,
não deixa contudo de ser, também uma capela de
inspiração e de gosto jesuítico,(...)”. (COSTA,1978, p.31)
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Fragmento da carta corográfica da Capitania de S. Paulo, 1766. Arquivo do Estado de São Paulo, São Paulo/SP.
Setor iconográfico, mapa 08.02.04
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Levantamentos cartográficos das vilas de Pindamonhangaba e Taubaté 1821, 17 cm x 11 cm
(Arnoud Julein PALLIÈRE, 1821). Acervo Instituto de Estudos Brasileiros, USP.
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Foto da praça e Capela Nossa Senhora do Pilar, após restauração 1945-1949. Fonte: IPHAN, SP.
OBJETO DE ESTUDO
•Um recorte no processo de RESTAURO da Capela N. S.do Pilar –
•1945/1949 – Data de Construção de (1748-1760);

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•Estética singular na região paulista– Barroco paulista com
influência do Barroco Mineiro/interior Rococó(Taipa de pilão/ mão);

Capela Nossa Senhora do Pilar , registro em 1856. Foto: Robin & Favreau. Fonte: Arquivos do IPHAN, SP.
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Igreja de Nossa Senhora do Ó, Sabará, Iniciada em 1717 e concluída por Manuel da Mota Torres em 1719.
( torre sineira acrescida no final do século XVIII)
Análise Comparativa - Similaridades

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Croquis Lucio Costa, Arq. Jesuítica no Brasil, p.35.
Foto capela-mor Capela Nossa Senhora do Pilar, . “Novo estilo, moderno, 2ª metade do séc. XVIII.
Fonte: IPHAN, SP. Verdadeiro Renascimento ( p.55).
“Esse novo estilo, “moderno”
como entã o se dizia; data da
segunda metade do século XVIII,
e já nã o é quase mais, portanto,

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contemporâ neo dos jesuítas.
Corresponde a um verdadeiro
renascimento, com volta à s
composiçõ es mais claras e
arrumadas da primeira época. O
lindo desenho e a primorosa
talha, aliviados de tanto ornato
e de tanto ouro, desenvolvem-
se desafogadamente, elegantes,
cheios de invenção e de graça,
levando o capricho e a sutileza
dos “achados” muitas vezes até
o requinte, senão mesmo ao
enfado.” (COSTA, Lúcio,p.55).
Interior da Capela Nossa Senhora do Pilar em 2005, na época do Museu de Artes Sacra. Foto: Rogério Pereira.
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Detalhes de entalhe em madeira no interior - Retábulo e altar-mor com a imagem de N.S. Pilar no oratório inferior.
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Foto interior da Capela, de 1940 – Capela-mor, altar e retábulos laterais. Fonte: IPHAN, SP.
MEMÓRIA - Valores e Significados
“[...] Um local – está claro – só conserva lembranças quando

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pessoas se preocupam em mantê-las.” (ASSMAN, p.347, 2006).

Capela de Nossa Senhora do Pilar. Aspecto atual. (Foto dos autora, 2017 ).
REFERENCIAL TEÓRICO
ANDRADE, Antonio Luiz Dias. Um estado completo que jamais
pode ter existido. Tese de Doutorado FAUUSP: São Paulo,

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1993.
BAILEY, Gauvin A. Le style jésuite n`existe pas`: Jesuit
Corporate Culture and the Visual arts. In: The Jesuits: Cultures,
Sciences, and the Arts. 1540-1773. Canadá: University of
Toronto, 2000.
COSTA, Lúcio. A arquitetura jesuítica no Brasil. Arquitetura
Religiosa. São Paulo: FAUUSP, MEC-IPHAN, 1978, p.10-98.
PEREIRA, Renata Baesso. Quatremère de Quincy e a ideia do
tipo. Revista de História Arte e Arqueologia. Campinas:
Unicamp, 2010, p.55-77.
___________.Tipologia arquitetônica e morfologia urbana:
uma abordagem histórica de conceitos e métodos. Vitruvius.
Arquitextos. Jul, 2012. Disponível em:<
https://vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/13.146/442
1 >.Acesso em 11.05.2022.

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