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PRÁTICAS DE

ANIMAÇÃO
SOCIOCULTURAL
ETAPAS DO TRABALHO DE
PROJETO - DIAGNOSTICO
A. DIAGNÓSTICO - ELABORAÇÃO

 O animador sociocultural utiliza a metodologia do trabalho de


projeto (participativa) para construir as suas atividades/projetos.
 Deste modo, os projetos de animação efetuam uma previsão de todo
processo a desenvolver, da sucessão de operações que o compõem, para
produzir uma transformação da realidade, ou seja, uma mudança.
 O estudo de diagnóstico é primeira fase da elaboração de um projeto
de intervenção e corresponde ao estudo do contexto onde se desenrola a
ação, no sentido de encontrar os indicadores que evidenciam situações
problemáticas ou passíveis de melhoria.
DIAGNÓSTICO - ELABORAÇÃO

 Contudo, antes de se iniciar a realização do estudo diagnóstico convém


identificar:
• Quem teve a iniciativa de realizar este projeto? Qual foi o seu ponto de
partida?
• Para quem se destina a intervenção e em que espaço se realiza? Qual é o
tipo de situação onde vamos desenvolver o projeto?
DIAGNÓSTICO - ELABORAÇÃO

Essas respostas são múltiplas como se pode observar no gráfico que se


segue:
Quem teve a iniciativa de realizar o projeto?
• O próprio animador.
• Um organismo público.
• Uma instituição de solidariedade,
• Uma associação. DIAGNÓSTICO
• Uma empresa privada.
O projeto desenvolve-se:
• Para crianças, jovens, adultos, etc.
• Num espaço urbano ou rural.
• Numa instituição (escola, creche, lar de idosos, etc.),
• A nível comunitário e local.
• Com objetivos educativos, sociais e/ou culturais. ETC.
DIAGNÓSTICO - ELABORAÇÃO

 Esta identificação é importante, pois permite reconhecer situações que,


desde logo, podem condicionar a conceção do projeto que se vai realizar.
 Assim, esse conhecimento poderá facilitar a construção de uma proposta
que se adapte à realidade em que o projeto se insere.
 Por exemplo, é bem diferente realizar um projeto de animação
sociocultural para conclusão de um curso de Animação Sociocultural
numa creche ou realizar um projeto intervenção com uma associação de
desenvolvimento local numa aldeia isolada ou, ainda, um projeto de
animação turística com uma empresa privada numa zona urbana.
DIAGNÓSTICO - ELABORAÇÃO

 Necessidades: quais? Como e porque surgem?


DIAGNÓSTICO - ELABORAÇÃO

 Uma vez enquadrado o projeto, pode iniciar-se a fase do diagnóstico.


 A fase do diagnóstico inicia-se com um levantamento das necessidades
e dos recursos que podem ser mobilizados para as resolver.
 Esta identificação permite estruturar toda a recolha de informação que se
segue. Com efeito, não interessa apenas inventariar as necessidades, é
necessário saber como é que elas surgem, quais as suas causas, etc., ou
seja, integrá-las no contexto social, económico e cultural onde ocorrem.
DIAGNÓSTICO - ELABORAÇÃO

 Assim, será necessário observar a realidade onde se vai desenrolar o


processo de animação e tentar encontrar as suas dinâmicas sociais, ou
seja, as suas potencialidades (pontos fortes), as suas vulnerabilidades
(pontos fracos) e a forma como estes se inter-relacionam. Também se
poderão considerar as oportunidades e as ameaças ao projeto que, no
futuro, poderão vir a ocorrer.
DIAGNÓSTICO - ELABORAÇÃO

 OBSERVAÇÃO DA REALIDADE ONDE SE DESENVOLVE O


PROJETO:
Ambiente interno

Pontos Fortes Pontos Fracos

NUM FUTURO
Oportunidades Ameaças
PRÓXIMO
Meio social envolvente
DIAGNÓSTICO - ELABORAÇÃO

 Por outro lado, neste processo de diagnóstico todos os atores devem


estar implicados, ou seja, pretende-se uma participação ativa de todos os
intervenientes no processo - grupo(s)-alvo, animador(es) e entidade(s)
promotoras do projeto (organismos públicos, associações, empresas
privadas, etc.).
 Quer isto dizer que, desde o início, todos os intervenientes devem
contribuir para o desenho do projeto, pois só assim se poderá esperar que
o projeto venha a desencadear processos de mudança.
DIAGNÓSTICO - ELABORAÇÃO

 Deste modo, o diagnóstico implica uma recolha de informação,


recorrendo a fontes diversificadas, sobre o contexto onde se vai realizar
a ação, quer a nível interno quer a nível externo (meio social
envolvente).
OBSERVAÇÃO DA REALIDADE E IDENTIFICAÇÃO
DE PROBLEMAS
 O diagnóstico pode incluir uma fase exploratória (pré-diagnóstico), na
qual se vai efetuar um primeiro reconhecimento da realidade onde vai
decorrer a intervenção.
 Também poderá ser importante identificar as expectativas (reações, grau
de adesão, etc.) dos intervenientes face à intervenção que vai ser
realizada.
 Contudo, não desprezando os conhecimentos já existentes, o estudo de
diagnóstico deve implicar uma recolha de informação original de
elementos quantitativos e qualitativos sobre o contexto económico, social
e cultural onde a intervenção se vai realizar.
MEIO SOCIAL ENVOLVENTE

 Um projeto, qualquer que seja o seu tipo ou âmbito, desenrola-se sempre


num determinado contexto (económico, social e cultural) que enquadra a
ação/intervenção que se vai desenvolver.
 Neste sentido, é necessário contextualizar o projeto, ou seja, é
necessário caracterizar o seu meio social envolvente. Essa caracterização
pode corresponder a espaços territoriais de dimensão diferenciada -
concelho, freguesia, aldeia, bairro, etc. - contudo, os tipos de informação
a recolher poderão ser semelhantes.
MEIO SOCIAL ENVOLVENTE

 Com efeito, pretende-se, qualquer que seja o âmbito territorial do projeto,


caracterizar o meio social envolvente relativamente: à composição da
população, ao seu nível de vida (situação perante o mercado de trabalho,
rendimentos e condições de vida), à sua qualidade de vida (equipamentos
sociais, desportivos e culturais, acessibilidades - transportes,
comunicações e informação), aos seus modos de vida (relações
familiares, consumos culturais, por exemplo) e aos seus problemas.
MEIO SOCIAL ENVOLVENTE
TIPOS DE INFORMAÇÃO INDICADORES
População Pirâmides etárias da população; esperança média de vida; taxas de natalidade, de
mortalidade, de mortalidade infantil e de crescimento da população; índice de
envelhecimento ...
Mercado de trabalho Situação perante o trabalho (empregado, desempregado, reformado); distribuição da
população ativa por setores de atividade económica ...
Rendimento e condições de vida Poder de compra; estrutura das despesas familiares; tipos de alojamento; bens de
equipamento de apoio ao trabalho doméstico e de comunicação e lazer na posse das
famílias ...
Educação e saúde Equipamentos sociais (escolas, hospitais, farmácias ...); níveis de escolaridade ...
Cultura e desporto Equipamentos desportivos e culturais (museus, bibliotecas, salas de espetáculo,
parques, ...).
Acessibilidades Redes de transportes e comunicações, acesso à informação, ...
Recursos institucionais Organismos públicos; instituições (publicas e privadas); organizações de
desenvolvimento local ...
Modos de vida Vida familiar (dimensão das famílias, taxas de nupcialidade e de divórcio, etc.);
consumos culturais ... ocupação dos tempos livres ...
Problemas Problemas sociais; programas e de projectos de intervenção social ...
MEIO SOCIAL ENVOLVENTE

 Estas informações poderão ser obtidas através da consulta de fontes


documentais (estatísticas, indicadores sociais do INE, estudos anteriores
realizados sobre o mesmo tema, etc.) ou recorrendo a outras técnicas
como, por exemplo), a observação, a realização de entrevistas a lideres da
informação, a aplicação de pequenos questionários ou a realização de
reuniões com a população.
 Por outro lado, também é necessário caracterizar os destinatários (grupos-
alvo) da intervenção e o espaço onde esta vai decorrer.
OS DESTINATÁRIOS DA INTERVENÇÃO

 O animador sociocultural tem de conhecer muito bem as características


do grupo-alvo do seu projeto, pois o sucesso deste depende desse
conhecimento.
 Com efeito, o animador tem de saber quais são os interesses, as
necessidades e os problemas dos grupos-alvo, pois só assim poderá
conseguir, através de um processo gradual de incentivo à sua
participação, que estes passem de espectadores passivos do projeto, para
protagonistas do mesmo.
 Os destinatários dos projetos de animação sociocultural são muito
variados, o que significa que o animador tem de planificar o projeto de
animação e as ações a empreender consoante os públicos-alvo.
OS DESTINATÁRIOS DA INTERVENÇÃO

 Assim, os destinatários de um projeto de animação podem ser: crianças,


jovens, adultos e/ou idosos (terceira idade), homens e/ou mulheres,
indivíduos analfabetos ou com graus de escolaridade diferentes,
população com várias situações face ao emprego (empregados, jovens à
procura do primeiro emprego, desempregados, jovens, mulheres e
reformados) e/ou grupos com problemas sociais (deficientes, minorias
étnicas, marginais, toxicodependentes, etc.).
OS DESTINATÁRIOS DA INTERVENÇÃO

 Deste modo, o animador deverá caracterizar os destinatários atendendo


às suas características individuais (físicas e psíquicas) e as formas de
inter-relacionamento que se estabelecem no interior do
grupo/comunidade.
 Dada a diversidade de públicos, essa caracterização, apesar de existirem
alguns aspetos em comum, tem de ser efetuada de forma diferenciada.
 Os quadros que se seguem apresentam algumas informações que podem
ser recolhidas para caracterizar os diferentes destinatários da intervenção.
OS DESTINATÁRIOS DA INTERVENÇÃO

 Contudo, deve chamar-se a atenção que o tipo de intervenção


(comunitária, socioeducativa, cultural, etc.) e o espaço onde se vai
realizar (escola, museu, bairro, etc.) condicionam o tipo de informação a
recolher sobre os destinatários da intervenção.
 Daí que a listagem de informações a recolher se tenha de adaptar ao tipo
de intervenção a realizar, em especial, as que dizem respeito aos
problemas que só se poderão detetar face a situações concretas.
 Assim, quando os destinatários são crianças, jovens, população adulta
e idosos (3.ª idade) podem recolher-se os seguintes tipos de informação:
OS DESTINATÁRIOS DA INTERVENÇÃO -
CRIANÇAS
Dados Pessoais Dados Familiares Motivações/ Problemas
Interesses
Sexo; idade; Composição do Brincar; jogar; Indisciplina; isolamento.
nacionalidade; agregado familiar; pintar; realizar ETC.
capacidades profissão e nível de atividades manuais;
funcionais. ETC. escolaridade dos imitar os adultos;
pais; tipologia da ouvir histórias:
habitação. ETC. sociabilidade. ETC.
OS DESTINATÁRIOS DA INTERVENÇÃO - JOVENS

Dados Pessoais Dados Familiares Motivações/ Problemas


Interesses
Sexo; idade; Composição do Estudo (empenho); Baixos rendimentos
nacionalidade; nível de agregado familiar; ocupação dos tempos escolares; dependências;
escolaridade; percurso profissão e nível de livres (usar as novas isolamento; comportamentos
escolar (repetências). escolaridade dos pais; tecnologias da desviantes. ETC.
ETC. tipologia da habitação. informação, ver
ETC. televisão,
praticar desporto, sair,
conviver, consumir,
ouvir música, ler, etc.);
relações familiares.
ETC.
OS DESTINATÁRIOS DA INTERVENÇÃO –
POPULAÇÃO ADULTA
Dados Pessoais Dados Familiares Motivações/ Problemas
Interesses
Sexo; idade, Composição do Integração no emprego; Insegurança (emprego,
nacionalidade, estado agregado familiar; ambiente de trabalho; sociedade em geral); stress;
civil, nível de profissão e nível de qualidade de vida - bem- dificuldades de
escolaridade, situação escolaridade dos pais; estar; relações pessoais: relacionamento, de adaptação:
perante o trabalho e tipologia da habitação: ocupação dos tempos problemas de comportamento,
profissão. ETC. equipamentos livres (usar as novas de saúde. ETC.
domésticos. ETC. tecnologias da
informação, ver
televisão, praticar
desporto,
sair, conviver, consumir,
ouvir música, ler, etc.);
relações familiares.
ETC.
OS DESTINATÁRIOS DA INTERVENÇÃO – IDOSOS
(3.ª IDADE)
Dados Pessoais Dados Familiares Motivações/ Problemas
Interesses
Sexo; idade, Composição do Qualidade de vida - Incapacidades funcionais;
nacionalidade, estado agregado familiar; bem-estar; relações doenças; isolamento;
civil, nível de profissão e nível de familiares; relações exclusão (familiar, social,
escolaridade, situação escolaridade dos pais; pessoais; atividades etc.); insegurança
perante o trabalho e tipologia da habitação; (profissionais, (económica). ETC.
profissão; equipamentos utilização das novas
capacidades funcionais. domésticos. ETC. tecnologias da
ETC. informação, ver
televisão, praticar
desporto, turismo, viajar,
conviver,
consumir, ouvir música,
ler, etc.). ETC.
OS DESTINATÁRIOS DA INTERVENÇÃO

 Estas informações sobre a caracterização dos destinatários da intervenção


poderão ser obtidas através de conversas informais, da observação direta
e participante e da aplicação de pequenos questionários à população.
O ESPAÇO DA INTERVENÇÃO

 A animação sociocultural pode ser


desenvolvida em espaços/territórios
muito diferentes.
 Assim, por exemplo, ela pode dirigir-
se à população de uma pequena
comunidade rural, a jovens marginais
que habitam num bairro urbano, às
crianças que frequentam uma creche
ou aos utentes de um lar para idosos.
O ESPAÇO DA INTERVENÇÃO

 Nestes casos, não é suficiente inventariar as necessidades (problemas) dos


destinatários e caracterizá-los.
 Assim sendo, quando a intervenção ocorre:
 num grupo/comunidade tem de se caracterizar o relacionamento que
se estabelece entre os seus membros;
 numa instituição/organização tem de se caracterizar essa
instituição/organização.
O ESPAÇO DA INTERVENÇÃO

 Quando se vai estudar um grupo/comunidade é necessário contextualizar


as necessidades e os problemas «sentidos» pelos seus membros no espaço
coletivo, ou seja, é necessário caracterizar esse espaço coletivo enquanto
expressão das inter-relações construídas ao longo do tempo entre os seus
membros.
O ESPAÇO DA INTERVENÇÃO

 Deste modo, poderão ser recolhidas as seguintes informações:


Relações de Apropriação do Identidade local
sociabilidade território
Relações de vizinhança; Apropriação do espaço (local de Organização da população
relações intra e intergeracionais; habitação, rua, espaços (associações, reivindicações,
tensões e conflitos sociais (na verdes, ...); espaços de capacidade de negociação);
vida familiar, nos espaços sociabilidade líderes locais; ligações ao local
públicos e nos de lazer); unidade (tasca, café, minimercado...); (estabilidade da população
do grupo/ comunidade (aldeia atividades lúdicas (crianças, residente, visão dos jovens e da
ou bairro); festas e jovens e idosos) ... população mais idosa) ...
comemorações ...
O ESPAÇO DA INTERVENÇÃO

 Por outro lado, se o processo de animação sociocultural se vai


desenvolver numa instituição/organização é necessário caracterizar esse
espaço, nomeadamente, recolhendo as seguintes informações sobre:
Caracterização Organização Projetos
e história
Finalidades; história desde a Estrutura organizativa interna; Projetos em curso; projetos
fundação até ao momento pessoal; órgão de gestão; previstos; ...
presente ... instalações; valências/serviços
prestados; ...
CURSO PROFISSIONAL DE ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL -
FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO

 O curso profissional de animação sociocultural integra a realização de


uma formação em contexto de trabalho - estágio - a decorrer a partir do
11.º ou do 12.° ano.
 Esse estágio é geralmente realizado numa instituição pública (escolas,
creches, ATL, etc.) ou privada (Instituições Particulares de Solidariedade
Social - IPSS).
CURSO PROFISSIONAL DE ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL -
FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO

 Apresentam, de seguida, algumas das valências/serviços desenvolvidas


por estas entidades, na medida em poderão vir a ser locais para a
realização de estágios:
UTENTES / PÚBLICO-ALVO VALÊNCIAS / SERVIÇOS
Creche - Equipamento de natureza socioeducativa, destina-se a crianças a partir dos
CRIANÇAS quatro meses até aos 3 anos de idade.
Estabelecimento de Educação Pré-escolar - Resposta, desenvolvida em equipamento,
vocacionada para o desenvolvimento da criança, proporcionando-lhe atividades
educativas e atividades de apoio à família.
Atividade de Tempos Livres (ATL) - Proporciona atividades de lazer a crianças e jovens
entre os 6 e os 12 anos, nos períodos disponíveis das atividades escolares.
CURSO PROFISSIONAL DE ANIMAÇÃO SOCIOCULTURAL -
FORMAÇÃO EM CONTEXTO DE TRABALHO

 Apresentam, de seguida, algumas das valências/serviços desenvolvidas


por estas entidades, na medida em poderão vir a ser locais para a
realização de estágios:
UTENTES / PÚBLICO-ALVO VALÊNCIAS / SERVIÇOS
Centro de Convívio - Resposta social, desenvolvida em equipamento, de apoio a
IDOSOS atividades socio-recreativas e culturais, organizadas e dinamizadas com participação ativa
das pessoas idosas de uma comunidade.
Centro de Dia - Resposta social, desenvolvida em equipamento, que consiste na
prestação de um conjunto de serviços que contribuem para a manutenção das pessoas
idosas no seu meio sociofamiliar.
Lar de idosos - Resposta social, desenvolvida em equipamento, destinada ao alojamento
coletivo, de utilização temporária ou permanente, para pessoas idosas ou outras em
situação de maior risco de perda de independência e/ou de autonomia.
A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO

 O diagnóstico é, como vimos, um processo de recolha e de organização


da informação que implica conhecer os problemas e as necessidades
dentro de um contexto determinado, as suas causas e evolução ao longo
do tempo, bem como os fatores condicionantes e as suas tendências
previsíveis.
 Além disso, é nesta fase que se identificam os problemas e se avaliam os
recursos disponíveis para utilizar.
A IMPORTÂNCIA DO DIAGNÓSTICO

 Daqui decorre a importância do diagnóstico, pois o sucesso das fases


posteriores - programa de intervenção e execução – e toda a viabilidade
do projeto dependem de se terem identificado corretamente os problemas
e os recursos disponíveis.
 Uma vez identificados os problemas é possível realizar uma ordenação
dos mesmos de acordo com a sua importância e estabelecer prioridades.
B. DEFINIÇÃO DO(S) PROBLEMA(S):
PRIORIDADES DE INTERVENÇÃO
 O diagnóstico permite a identificação de vários problemas, a partir dos
quais se pode estruturar o projeto de intervenção.
 Contudo, o projeto não poderá intervir em todas essas áreas. Por exemplo,
um projeto de intervenção num bairro social não pode intervir em todos
os problemas detetados, carências económicas, habitacionais, de
acessibilidades, culturais, etc.
 Deste modo, é necessário selecionar os problemas pertinentes para a
intervenção sociocultural a realizar, ou seja, é necessário hierarquizar
os problemas.
LEVANTAMENTO DE HIPÓTESES DE TRABALHO

 A seleção dos problemas pode ser feita, por exemplo, analisando


individualmente cada problema, identificando as suas causalidades e
ligações com os restantes problemas e avaliando as consequências de não
se intervir nesse problema.
 Por exemplo, retomando o exemplo da intervenção em bairros sociais,
pode considerar-se que é mais importante combater o insucesso escolar
dos jovens do que promover a alfabetização dos adultos mais idosos do
bairro, porque as consequências de uma não intervenção ao nível do
combate ao insucesso escolar dos jovens são mais graves do que a não
realização da alfabetização, pois podem vir a provocar o aumento dos
conflitos no bairro.
LEVANTAMENTO DE HIPÓTESES DE TRABALHO

 Neste sentido, estamos a estabelecer causalidades, ou seja, estamos a


estabelecer hipóteses de trabalho, na medida em que ao relacionarmos o
insucesso escolar dos jovens com os conflitos existentes no bairro,
estamos a formular uma hipótese de trabalho: «o insucesso dos jovens
coloca problemas graves no bairro, nomeadamente, aumentando as
tensões e conflitos entre os grupos de jovens».
 Quer isto dizer que as hipóteses de trabalho estabelecem relações
causais entre os problemas identificados (neste caso, entre insucesso
escolar e conflito).
 A formulação de causalidades entre os problemas implica o recurso a um
enquadramento teórico.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 Para a realização do diagnóstico, inventariar necessidades e problemas,


caracterizar o meio envolvente e destinatários, são necessários
referenciais teóricos e o mesmo acontece para o estabelecimento de
causalidades e de hipóteses de trabalho.
 Assim, por exemplo, a realização de um projeto de animação
sociocultural com idosos implica desde logo o enquadramento teórico do
conceito de idoso na sociedade atual e dos fatores que contribuem para o
processo de envelhecimento.
REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

 Deste modo, enquadrar teoricamente um problema, estabelecer uma


relação causal, uma hipótese de trabalho, etc. implica proceder a uma
revisão bibliográfica, que pode ser efetuada em dois sentidos:
 Pesquisa de estudos efetuados sobre temáticas ou experiências
semelhantes ao projeto de intervenção que se pretende realizar, o
que permite uma formulação com justificações de carácter mais
empírico com base nos estudos concretos realizados.
 Pesquisa no sentido de encontrar modelos teóricos que sirvam de
quadros teóricos de referência para justificar as formulações
efetuadas.
SELEÇÃO DAS PRIORIDADES DE INTERVENÇÃO

 Nem todos os problemas detetados no diagnóstico podem ser


integrados no projeto de investigação, quanto mais não seja porque os
recursos disponíveis o não permitem.
 Com efeito, por exemplo, os recursos financeiros e humanos são escassos
mesmo para levar a cabo pequenos projetos.
 Assim, é necessário hierarquizar os problemas e, já vimos, que um
critério para selecionar os problemas é a avaliação das consequências da
sua não realização.
 Este critério está associado à gravidade do problema, o que quer dizer
que quanto mais grave for o problema maior é a necessidade de o
resolver.
SELEÇÃO DAS PRIORIDADES DE INTERVENÇÃO

 Outro critério tem a ver com a dimensão do problema, ou seja, o número


de pessoas que são afetadas por esse problema.
 Deste modo, é possível hierarquizar os problemas e selecionar os que irão
integrar o projeto de intervenção sociocultural, ou seja, selecionar as
prioridades de intervenção.
 A seleção das prioridades de intervenção deve ser efetuada com a
participação de todos os intervenientes no projeto (animador,
destinatários, instituições promotoras, etc.), de modo a adquirir um
carácter de consenso facilitador da implementação do projeto.
SELEÇÃO DAS PRIORIDADES DE INTERVENÇÃO

 Para hierarquizar os problemas é frequente recorrer-se à utilização de critérios que


são pontuados em função da sua importância.
 Essa pontuação dará o peso respetivo da situação, do problema ou do campo de ação para a
intervenção.
 Nas áreas sociais é frequente utilizar os seguintes critérios: a ponderação qualitativa da
questão da dimensão - gravidade, vulnerabilidade (medida pela capacidade de obter
melhores resultados, no menor tempo, com o menor custo), sensibilidade ao problema da
população-alvo (indispensável para conseguir a sua participação) e sensibilidade dos
técnicos decisores (indispensável para a obtenção dos recursos).
 Pode construir-se uma tabela como se ilustra a seguir e colocar na horizontal os vários
problemas detetados.
EXEMPLO DE UMA GRELHA DE HIERARQUIA DE
PRIORIDADES DE INTERVENÇÃO
Dimensão do Gravidade Recursos Sensibilidade dos Sensibilidade dos Soma
problema existentes para a destinatários da técnicos decisores propriedades
sua erradicação/ intervenção
diminuição no
prazo do projeto
Problema 1
Problema 2
Problema 3
...

Metodologia: Guerra, I. C. (2002) op. cit. (adaptado)


Pontuar de 1 a 5 cada um dos critérios de hierarquização.

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