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HIGIENIZAÇÃO DAS

MÃOS

Prof. Xana Raquel Ortolan


A pele das mãos tem dois tipos de
flora microbiana:

Flora transitória

Flora residente
Microbiota residente
• Camadas mais profundas da pele

Pouco associados às infecções veiculadas pelas mãos

Estes microrganismos NÃO são facilmente removidos


pela ação mecânica da lavagem das mãos.
Microbiota transitória

Camada mais superficial da pele - epiderme.

Microrganismos que adquirimos no contato com


o ambiente quer seja animado ou inanimado.
Microbiota transitória

E coli, Pseudomonas, Klebsiella spp


– os agentes bacterianos mais
frequentemente causadores de
infecção hospitalar.

Vírus Hepatite A, B,C e HIV

A lavagem das mãos com


sabão simples remove-os
com facilidade.
Mãos

Principal via de transmissão de microrganismos durante a


assistência prestada aos pacientes.

• Contato direto (pele com pele)

• Indireto, através do
contato com objetos e
superfícies contaminados.
Ignaz Semmelweis (1818-1865)

Maternidade de Viena - 1848

Mortalidade por febre puerperal

Ala das parteiras Ala dos médicos


2% 16%
Maternal mortality rates,
First and Second Obstetrics Clinics,
GENERAL HOSPITAL OF VIENNA, 1841-1846

(%)

Semmelweis IP, 1861


Segundo dados da
Anvisa (Agência Nacional
de Vigilância Sanitária
(Anvisa), apenas 30,7%
dos hospitais
apresentam uma taxa
de adesão a higienização
das mãos superior a
70%, que é o índice
considerado ideal por
especialistas.
SELF-REPORTED FACTORS FOR POOR
ADHERENCE WITH HAND HYGIENE

 Handwashing agents cause irritation and dryness


 Sinks are inconveniently located/lack of sinks
 Lack of soap and paper towels
 Too busy/insufficient time
 Understaffing/overcrowding
 Low risk of acquiring infection from patients
 Hands no seem to dirty

Adapted from Pittet D, Infect Control Hosp Epidemiol 2000;21:381-386.


Você sabe a importância de lavar suas mãos?

Simples
Eficaz
Menos dispendiosa.
Os ‘cinco momentos’ da higienização de mãos é a abordagem em que se
baseia o treinamento dos profissionais de saúde.

1. Antes de contato com o paciente;

2. Antes da realização de procedimento

3. Após a exposição a fluídos corporais;


4. Após contato com o paciente;
5. Após contato com o ambiente próximo ao
paciente.
Quais são os elementos essenciais
para essa prática?

1 Agente tópico com eficácia

2 Procedimento adequado ao utilizá-lo

3 Tempo preconizado
Higienização das mãos”

• Higienização simples Água e sabão


• Higienização antisséptica Água e sabão com antisséptico
• Fricção antisséptica Antisséptico
• Antissepsia cirúrgica das mãos Antisséptico antes de cirurgias

Guideline for Hand Hygiene in Health-care Settings. MMWR 2002;


vol. 51, no. RR-16.
Higienização simples
Resolução ANVS n. 481,
SABONETE COMUM de 23 de setembro de 1999

Não contém agente antimicrobianos

Remoção da sujeira, de substâncias orgânicas e da


microbiota transitória pela ação mecânica

Diferentes formas: barras, preparações líquidas e em espuma.


Higienização simples

SABONETE COMUM

Agradável ao uso, possuir fragrância leve e que não resseque a pele.

Adição de emolientes

Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(ANVISA)
 inclui o triclocarban na lista de
substâncias que os produtos de higiene
pessoal e cosméticos não devem ter,
com algumas exceções.
Fricção antisséptica
AGENTES ANTISSÉPTICOS

Reduzem o número de agentes da microbiota transitória e residente.

Devem ter ação antimicrobiana


imediata e efeito residual
ou persistente.
Insumos necessários

AGENTES ANTISSÉPTICOS

Devem ser atóxicos, hipoalergênicos e não irritantes para a pele.

Entre os principais antissépticos utilizados para a


higienização das mãos, destacam-se: Álcoois, Clorexidina, Iodóforos e
Triclosan.
Álcool

Etanol (Etílico)
Álcoois alifáticos Isopropanol
N-propanol

Concentrações
Miscíveis em água ideais
60% a 80%
Álcool O modo de ação predominante dos
álcoois consiste na desnaturação e
coagulação das proteínas.

Rápida ação

Excelente atividade
bactericida e fungicida
Álcool Vírus HIV
Hepatite B e C

Atividade residual?
Adição de outras
soluções
Álcool

PREPARAÇÕES ALCOÓLICAS NÃO SÃO APROPRIADAS


QUANDO AS MÃOS ESTIVEREM VISIVELMENTE SUJAS

Mãos
contaminadas
com sangue?
Álcool

Sua eficácia depende de:

Tipo
Concentração
Volume de álcool utilizado 3mL

Tempo de contato 15s


Mãos molhadas

Líquido – Gel – Espuma?


Álcool Efeitos adversos

Uso
Adição de
frequente - emolientes – 1% a
ressecamen 3% de glicerina
to da pele

Pode ocorrer ainda:


•Alergia respiratória
•Dermatite de contato – hipersensibilidade ao álcool
•Ardência – solução de continuidade
/ / /

/
Clorexidina

Ação mais lenta que a do álcool

Ruptura da membrana
plasmática

Efeito residual maior 6h


Concentrações – 2% a 4%
Clorexidina

Uso seguro

Absorção mínima pela pele.

Irritação na pele é concentração-dependente


Iodóforos

1821 – Efetividade do Iodo


Propriedade de causar irritação e
manchar a pele

PVPI – Polivinilpirrolidona iodo

1960 – Iodo Iodóforos


Iodóforos

Inibição da síntese proteica

Possui alguma atividade


contra esporos
Iodóforos
Efeito residual controverso – 6 horas – 30 a 60
minutos
Causam mais dermatite de contato
irritativa que os outros antissépticos.
Triclosan

Mecanismo de ação

Difusão da parede bacteriana,


inibição da síntese proteica,
lipídica, etc.

Amplo espectro de atividade antimicrobiana

Em 1994, a FDA classificou o triclosan


como agente ativo, categoria IIISE
Triclosan
1% a 2%

Velocidade de
ação intermediária

Efeito residual como a


clorexidina

Minimamente afetada por matéria orgânica


Além disso, não se comprovou que eles são totalmente seguros para uso humano. Estudos da Universidade
da Califórnia apontaram que a exposição de longo prazo ao Triclosano pode levar ao aparecimento de
doenças hepáticas, como cirrose e tumores (YUEH et al., 2014). Isso aconteceria porque a
substância interfere na produção de uma proteína que é responsável pela metabolização de produtos
químicos estranhos ao organismo humano. A falta da proteína pode gerar um desenvolvimento excessivo
das células do fígado, gerando fibrose.

A absorção do Triclosan através da nossa pele também não é um mecanismo completamente elucidado
(MOSS et al., 2000). Existem dados relativos ao potencial do Triclosan formar produtos de fotodegradação
que podem ter consequência negativas em nossa pele (WITORSCH, 2014).  Também foram estudados seu
potencial carcinogênico e seus efeitos sobre os hormônios, obtendo-se conclusões bastante preocupantes (
KRAMER et al., 2006). Outra avaliação recente estimou que a substância está presente na urina de 75% da
população norte-americana.
Qual é o melhor
produto para
realizar a
higienização das
mãos?
Fatores a considerar

•Eficácia antimicrobiana Cor


Odor
•Facilidade de acesso ao produto Consistência

•Custos

•Aceitação do produto pelos profissionais


Frequência –
Lavagem das
mãos
30x ao dia
EFFICACY OF HAND HYGIENE
PREPARATIONS IN KILLING
BACTERIA

Good Better Best

Plain Soap Antimicrobial Alcohol-based


soap handrub
Ability of Hand Hygiene Agents
to Reduce Bacteria on Hands
Time After Disinfection
% log
0 60 180 minutes
99.9 3.0
Bacterial Reduction

99.0 2.0 Alcohol-based handrub


(70% Isopropanol)

90.0 1.0
Antimicrobial soap
(4% Chlorhexidine)

0.0 0.0
Plain soap
Baseline
Adapted from: Hosp Epidemiol Infect Control, 2nd Edition, 1999.
Importante

Na aquisição de produtos anti-sépticos, deve-


se verificar se estes estão registrados na
Anvisa. As informações sobre os produtos
registrados na Anvisa utilizados para a
higienização das mãos estão disponíveis no
endereço eletrônico:

http://www.anvisa.gov.br/scriptsweb/index.ht
m
O principal
problema da
higienização das mãos
não é a falta de bons
produtos, mas a
negligência dessa
prática!!!
Importante
Antes de iniciar qualquer uma dessas técnicas,
é necessário retirar jóias (anéis, pulseiras, relógio),
pois sob tais objetos podem acumular-se
microrganismos.

A NR32, que versa sobre Saúde e Segurança no


trabalho em Serviços de Saúde, proíbe o uso de
adornos.
Higienização simples das mãos

Finalidade

• Remover os microrganismos que colonizam as camadas superficiais da pele,


assim como o suor, a oleosidade e as células mortas, retirando a sujidade
propícia à permanência e à proliferação de microrganismos.

• Duração do procedimento: 40 a 60 segundos.


Técnica
Higienização anti-séptica das mãos

Finalidade

• Promover a remoção de sujidades e de microrganismos, reduzindo a carga


microbiana das mãos, com auxílio de um anti-séptico.

• Duração do procedimento: 40 a 60 segundos


Técnica

A técnica de higienização
antisséptica é igual àquela
utilizada para higienização
simples das mãos, substituindo-
se o sabão por um antisséptico.
Fricção anti-séptica das mãos (com
preparações alcoólicas)

Álcool Gel ou álcool glicerinado

Finalidade

Reduzir a carga microbiana das mãos (não há remoção de


sujidades). A utilização de gel alcoólico a 70% ou de solução
alcoólica a 70% com 1-3% de glicerina pode substituir a
higienização com água e sabão quando as mãos não estiverem
visivelmente sujas.

Duração do Procedimento: 20 a 30 segundos.


Antissepsia cirúrgica ou preparo pré-
operatório das mãos

Finalidade

Eliminar a microbiota transitória da pele e reduzir a


microbiota residente, além de proporcionar efeito
residual na pele do profissional.
As escovas utilizadas no preparo cirúrgico das mãos
devem ser de cerdas macias e descartáveis,
impregnadas ou não com anti-séptico e de uso
exclusivo em leito ungueal e subungueal.

Duração do Procedimento: de 3 a 5 minutos


QUAL É A
DIFERENÇA??
Equipamentos necessários
LAVATÓRIOS

É obrigatória a provisão de recursos para a higienização das mãos (por meio


de lavatórios ou pias) para uso da equipe de assistência.

Torneiras ou comandos que dispensem o contato das mãos (o acionamento


e o fechamento devem ocorrer com cotovelo, pé, joelho ou célula
fotoelétrica)

O lavabo cirúrgico deve ser de grande profundidade


DISPENSADORES DE SABÃO E ANTISSÉPTICOS

Possuir dispositivos que facilitem seu esvaziamento


e preenchimento.

Limpeza com água e sabão no mínimo uma vez por


semana.
DISPENSADORES DE SABÃO E ANTISSÉPTICOS

Não se deve completar o conteúdo do recipiente antes do


término do produto.

Devem-se manter os registros dos responsáveis pela


execução das atividades e a data de manipulação, envase
e de validade da solução fracionada.

Preferencialmente devem ser acionados por cotovelos, pés ou


célula fotoelétrica
PAPEL-TOALHA

Suave, possuir boa propriedade de secagem, ser esteticamente aceitável e


não liberar partículas.

Na utilização do papel-toalha, deve-se dar preferência aos papéis em bloco,


que possibilitam o uso individual, folha a folha.
PORTA PAPEL-TOALHA

Deve ser fabricado, preferencialmente, com material


que não favoreça a oxidação, sendo também de fácil
limpeza.

A instalação deve ser de tal forma que ele não receba


respingos de água e sabão.

É necessário o estabelecimento de rotinas de limpeza e


de reposição do papel.
SECADOR ELÉTRICO

Não é indicado.

Podem, ainda, carrear microrganismos.


LIXEIRA PARA DESCARTE DO PAPEL-TOALHA

Deve ser de fácil limpeza, não sendo necessária a existência de tampa.

No caso de se optar por mantê-lo tampado, o recipiente deverá ter


tampa articulada com acionamento de abertura sem utilização das mãos
ÁGUA Portaria n. 518/GM, de
25 de março de 2004.

Livre de contaminantes químicos e biológicos,

Os reservatórios devem ser limpos e desinfetados, com realização de


controle microbiológico semestral.
Uma startup brasileira que desenvolve tecnologias inovadoras para diagnóstico e análise
microbiológica de alta precisão criou uma plataforma integrada para controle e rastreamento da
higienização das mãos por profissionais de saúde utilizando dispensers inteligentes com sistema de
reconhecimento das palmas das mãos

O protótipo está sendo construído pelo Senai


com o orçamento de R$ 300 mil. O projeto
começou a ser executado em dezembro de
2014 e tem previsão de conclusão de 20
meses.

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