Você está na página 1de 27

Moléculas polares e apolares

Moléculas polares e apolares

Eletronegatividade

O conceito de eletronegatividade foi introduzido em 1932 por Linus


Pauling. Este parâmetro mede a tendência de um átomo para atrair
os eletrões da ligação quando está ligado a outro átomo.
Linus Pauling (1901-1994)

A eletronegatividade é uma grandeza que não pode ser medida diretamente, havendo
diversos métodos para calcular indiretamente os respetivos valores.

A eletronegatividade de um elemento químico tem um valor tanto maior quanto maior


for a sua energia de ionização e quanto maior for a sua afinidade eletrónica.
Moléculas polares e apolares

Eletronegatividade
Pauling propôs o valor 4,0 para a eletronegatividade do flúor, o elemento mais
eletronegativo da Tabela Periódica, e 0,7 para o elemento menos eletronegativo, o
frâncio, Fr.

Valores das eletronegatividades dos elementos


representativos. Variação da eletronegatividade em função do número atómico.
Moléculas polares e apolares

Eletronegatividade

Analisando a tabela e o gráfico anteriores, pode concluir-se que, em geral, a


eletronegatividade aumenta ao longo do período e diminui ao longo do grupo.

Variação da eletronegatividade na Tabela Periódica


Moléculas polares e apolares

Eletronegatividade

A eletronegatividade também pode fornecer informações acerca do maior ou menor


caráter metálico dos elementos:

• os elementos com elevadas eletronegatividades são não-metais;

• os elementos com baixas eletronegatividades são metais.


Moléculas polares e apolares

Eletronegatividade

Dependendo da diferença de eletronegatividade entre os átomos dos elementos que


participam na ligação, podemos ter três tipos de ligação química:

• ligação covalente apolar: ligação covalente entre átomos de elementos


de igual eletronegatividade.

• ligação covalente polar: ligação covalente entre átomos de elementos


de diferente eletronegatividade.
Moléculas polares e apolares

Eletronegatividade

Dependendo da diferença de eletronegatividade entre os átomos dos elementos que


participam na ligação, podemos ter três tipos de ligação química:

• ligação iónica: se a diferença de eletronegatividades entre os elementos for


muito acentuada, dá-se a transferência do eletrão do átomo do elemento
menos eletronegativo para o átomo do elemento mais eletronegativo.
Moléculas polares e apolares

Eletronegatividade
Tomando como referência a escala de eletronegatividade de Pauling, em que o valor
mais elevado é o do flúor (4,0) e o mais baixo é o do frâncio (0,7), a percentagem do
caráter iónico de uma ligação ultrapassa os 50% quando a diferença de
eletronegatividades for de 1,7, e ultrapassa os 90% quando a diferença de
eletronegatividades for de 3,0.
Pode prever-se o tipo de ligação calculando a diferença de eletronegatividades entre os
elementos em causa.

Ligação Ligação Ligação


covalente apolar covalente polar iónica
Moléculas polares e apolares

Ligações polares e ligações apolares

Chama-se dipolo ao conjunto de duas cargas de igual módulo e sinais contrários, +q e


−q, separadas por uma distância r.


𝜇
O dipolo é caracterizado por uma grandeza vetorial denominada momento dipolar, .

A palavra dipolo significa dois polos. Nas moléculas polares há um dipolo que resulta da
distribuição assimétrica da nuvem eletrónica dessas moléculas.
Moléculas polares e apolares

Ligações polares e ligações apolares

A ligação iónica, em que são transferidos eletrões de um átomo para outro, e a ligação
covalente apolar, em que os eletrões são partilhados igualmente entre átomos do
mesmo elemento, são, na realidade, casos extremos da ligação química.

Numa ligação covalente entre átomos de igual eletronegatividade (átomos do mesmo


elemento) a partilha de eletrões é equitativa e a nuvem eletrónica é globalmente
simétrica. Neste caso, a ligação chama-se ligação covalente apolar.

Numa ligação covalente polar o momento


dipolar é nulo, ou seja, .

Molécula de hidrogénio, H2
Moléculas polares e apolares

Ligações polares e ligações apolares

Quando átomos de diferentes eletronegatividades (átomos de elementos diferentes)


se ligam de modo covalente, os eletrões partilhados passam mais tempo do lado do
átomo do elemento mais eletronegativo, ficando a nuvem eletrónica assimétrica.

Esta ligação chama-se ligação covalente polar. Numa ligação covalente polar o
momento dipolar não é nulo, ou seja, .

Molécula de fluoreto de hidrogénio, HF


Moléculas polares e apolares

Ligações polares e ligações apolares

Existem dois modos de indicar uma ligação covalente polar:

• colocando por cima do elemento mais eletronegativo o símbolo δ–, que indica
uma carga parcial negativa, e por cima do elemento menos eletronegativo o
símbolo δ+, que indica uma carga parcial positiva;

• colocando uma seta apontada no sentido do elemento mais eletronegativo – o


comprimento da seta indica a diferença de eletronegatividades e, portanto, a
polaridade da ligação.
Moléculas polares e apolares

Polaridade das moléculas

O momento dipolar das moléculas diatómicas homonucleares (formadas por


átomos do mesmo elemento) é nulo e, por isso, estas moléculas são apolares.

As moléculas diatómicas heteronucleares (formadas por átomos de elementos


diferentes), como por exemplo HCℓ, CO e NO, têm momentos dipolares diferentes de
zero e, por isso, são polares.

O momento dipolar de moléculas constituídas por três ou mais átomos depende da


polaridade das ligações e da geometria da molécula.
Moléculas polares e apolares

Polaridade das moléculas

Quando numa molécula há várias ligações polares, o vetor momento dipolar


resultante, , é igual à soma vetorial dos momentos dipolares componentes:

⃗𝜇 r= ⃗𝜇1 + ⃗𝜇2 + ⃗𝜇 3+…


Se , a molécula é polar;

se , a molécula é apolar.
Moléculas polares e apolares

Polaridade das moléculas

No caso do dióxido de carbono, cada ligação carbono-oxigénio é polar; como o


oxigénio, O, é mais eletronegativo que o carbono, é ele que tem a carga parcial
negativa.


𝜇1 ⃗
𝜇2

Como os momentos dipolares das ligações são simétricos, o momento dipolar


resultante é nulo; , e, portanto, a molécula é apolar.
Moléculas polares e apolares

Polaridade das moléculas

No caso da água o momento dipolar é diferente de zero, e, portanto, a


molécula é polar.

• Hidrocarbonetos

Nos hidrocarbonetos apenas existem ligações covalentes entre átomos de carbono


e entre átomos de carbono e de hidrogénio.
Moléculas polares e apolares

Polaridade das moléculas

As ligações entre átomos de carbono são apolares. As ligações carbono-hidrogénio são


consideradas praticamente apolares, dado que a diferença de eletronegatividade entre
estes dois elementos químicos é muito baixa.

Os alcanos, os alcenos e os alcinos são, por isto, moléculas apolares.

Etano, C2H6 Eteno, C2H4 Etino, C2H2

𝜇 r= ⃗0
⃗ 𝜇 r= ⃗0
⃗ 𝜇 r= ⃗0

Moléculas polares e apolares

Polaridade das moléculas

Os cicloalcanos e o benzeno, por apresentarem nuvens eletrónicas simétricas, possuem


momento dipolar nulo e consideram-se, assim, apolares.

Ciclobutano, C4H8 Benzeno, C6H6

𝜇 r= ⃗0
⃗ 𝜇 r= ⃗0

Moléculas polares e apolares

Polaridade das moléculas

• Álcoois e éteres

Estes compostos, por conterem o elemento químico oxigénio, mais eletronegativo do


que o carbono e o hidrogénio, têm uma distribuição assimétrica de carga elétrica.

Álcool Éter

𝜇 r ≠ 0⃗
⃗ 𝜇 r ≠ 0⃗

Etanol, C2H5OH Éter dimetílico, C2H6O
Moléculas polares e apolares

Polaridade das moléculas

As nuvens eletrónicas são assimétricas e o momento dipolar é diferente de zero. Para a


polaridade dos éteres contribui ainda a sua geometria (se a geometria do éter
dimetílico, por exemplo, fosse linear, ter-se-ia ).
As moléculas de álcoois e de éteres são, assim, polares.
Moléculas polares e apolares

Ligações intermoleculares nos alcanos

Nos alcanos, por serem moléculas apolares, as forças intermoleculares são as


chamadas forças de London (ou forças de dispersão).

Estas forças resultam de interação entre dipolos instantâneos e dipolos induzidos


(também designados por dipolos flutuantes), e a sua intensidade depende:

• do tamanho das moléculas;

• da forma das moléculas.


Moléculas polares e apolares.

Ligações intermoleculares nos alcanos

Em relação ao tamanho das moléculas, quanto maior o tamanho maior a


deformabilidade da sua nuvem eletrónica, e maior a facilidade em formar dipolos
flutuantes, ou seja, mais polarizável é a molécula.

À medida que aumenta o tamanho da molécula aumenta a intensidade das forças de


London e o valor do ponto de ebulição, tal como sucede para o pentano em relação ao
etano.

Etano, C2H6 Pentano, C5H12


Ponto de ebulição = −88,5 °C Ponto de ebulição = 36 °C
Moléculas polares e apolares

Ligações intermoleculares nos alcanos

Também a forma das moléculas influencia as intensidades das forças de London.

Comparemos, por exemplo, o valor dos pontos de ebulição do pentano e do


dimetilpropano, substâncias que possuem a mesma fórmula molecular (igual número
de átomos de carbono), C5H12.

Pentano, C5H12 Dimetilpropano, C5H12


Ponto de ebulição = 36 °C Ponto de ebulição = 9,5 °C
Moléculas polares e apolares

Ligações intermoleculares nos alcanos

A forma alongada das nuvens eletrónicas das moléculas de pentano torna-as mais
deformáveis do que as nuvens eletrónicas das moléculas do dimetilpropano, que têm
forma aproximadamente esférica.

Pela mesma razão, as zonas de contacto entre as moléculas do pentano são mais
extensas, o que aumenta a polaridade dessas moléculas.

Assim, as forças de London são mais intensas no pentano, pelo que o respetivo ponto
de ebulição é superior ao do dimetilpropano.
Conceitos fundamentais

• Eletronegatividade: parâmetro que mede a tendência de um átomo para atrair eletrões


da ligação em que participa. Em geral, diminui ao longo do grupo e aumenta ao longo do
período, na Tabela Periódica.

• Ligação polar: ligação entre átomos de eletronegatividade diferente.

• Ligação apolar: ligação entre átomos de igual eletronegatividade.

• Momento dipolar, : grandeza vetorial que mede a polaridade de uma ligação. Numa
ligação polar, ; numa ligação apolar, . A polaridade de uma molécula depende da
geometria da molécula e da polaridade das ligações na molécula, ou seja, do momento
dipolar resultante, .
Se , a molécula é polar; se , a molécula é apolar.
Atividades

1. Considerando a representação esquemática da molécula de éter dimetílico


classifique-a quanto à sua polaridade.

2. Represente o vetor momento dipolar na molécula de amoníaco e classifique-a quanto


à sua polaridade.
Atividades. Resolução

1. Considerando a representação esquemática da molécula de éter dimetílico


classifique-a quanto à sua polaridade.
Como o azul corresponde à zona de maior
densidade de carga positiva e o vermelho à zona
de maior densidade de carga negativa pode-se
concluir que o éter dimetílico apresenta uma
distribuição assimétrica de carga, logo é uma
molécula polar.

2. Represente o vetor momento dipolar na molécula de amoníaco e classifique-a quanto


à sua polaridade. ⃗
𝜇1 ⃗
𝜇3
𝜇 r≠ 0⃗


𝜇2
O amoníaco é uma molécula polar.

Você também pode gostar