Você está na página 1de 32

Química

QUÍMICA ORGÂNICA I
Prof. Bechara

AULA 05 – Ressonância e aromaticidade

22/11/2021
Prof. Bechara
Química

Relações estrutura-
propriedade para adaptação
de Fenoxazinas como
catalisadores redutores de
fotoredox

Disponível em: https://pubs.acs.org/action/showCitFormats?doi=10.1021%2Fjacs.7b12074&. Acesso em: 20 nov. 2021.

Prof. Bechara
Química

Efeito de distribuição intramolecular

EFEITO INDUTIVO
É o fenômeno de atração ou repulsão de elétrons de uma ligação sigma, devido à diferença de
eletronegatividade. Geralmente o efeito indutivo é decrescente após o segundo carbono.
Atração: – I Repulsão: + I
EFEITO INDUTIVO
+𝐼 CH
3

+𝐼 H3C CH3 +𝐼

Prof. Bechara
Química

Efeito de distribuição intramolecular


Efeito Indutivo Negativo ou Eletroatraente ou Elétron-receptor (–I ou –Is = induction static)
Um átomo ou grupo de átomos muito eletronegativo atrai elétrons do carbono ligante, de
átomos que estejam a, no máximo, dois carbonos a partir do fato gerador, podendo até se
estender pela cadeia.

ORDEM DE INTENSIDADE:
F > Cl > Br > I > –OR > –NO2 > –NH2

Prof. Bechara
Química

Efeito de distribuição intramolecular


Efeito Indutivo Positivo ou Eletrorrepelente ou Elétron-doador (+I ou +Is)
Um átomo ou grupo de átomos repele o par eletrônico da ligação simples, perdendo
intensidade a partir do segundo carbono. Quanto maior o grupo alquila maior será o efeito de
repulsão eletrônica.

ORDEM DE INTENSIDADE:
––NR > –O– > –CR3 > –CHR2 > –CH2R > –CH3 > –H

Prof. Bechara
Química

Efeito de distribuição intramolecular


Efeito Mesomérico ou Ressonância ou Conjugação
É o fenômeno de deslocalização de elétrons  e de elétrons não–ligantes ao longo da
molécula, mantendo todos os átomos na mesma posição. Os orbitais participantes
necessariamente devem estar alinhados para permitir o fluxo eletrônico.

2
1 2 4
1 4
3 3

Prof. Bechara
Química

Efeito de distribuição intramolecular


Efeito Mesomérico Negativo (–M)

H2 C CH C O H2C+ CH C O-

H H

GRUPOS QUE APRESENTAM EFEITO (–M):


R–CO–H, –COOH, –COOR, R–CO–R, –CN, –NO2.

Prof. Bechara
Química

Efeito de distribuição intramolecular


Efeito Mesomérico Positivo (+M)

H2C CH NH2 H2C- CH +


NH2

GRUPOS QUE APRESENTAM EFEITO (+M):


–NH2, –NHR, –NR2, –OH, –OR, –X (F, Cl, Br, I)

Prof. Bechara
Química

Efeito de distribuição intramolecular


Hiperconjugação
É o fenômeno em que corre a sobreposição ou recobrimento de orbital sigma () de uma
ligação C–H com um orbital p do carbono, levando a um estado de maior estabilidade.

 C-C
H CH3 H CH3
H H
C C p

H CH3 H CH3

 C-H

 C-C

Prof. Bechara
Química

Efeito de distribuição intramolecular

Hiperconjugação
O efeito indutivo dos grupos alifáticos deu origem ao conceito de hiperconjugação.

H H H H

H C H H C H H C H H C H

Prof. Bechara
Química

Estruturas de ressonância
Sempre que uma molécula ou um íon puder ser representado por duas ou mais estrutura de Lewis,
diferindo apenas na posição de elétrons, há duas afirmações:

1. Nenhuma das estruturas de ressonância (ou contribuintes de ressonância ou formas canônicas)


é a representação correta para a molécula ou íon, pois nenhuma estrutura estará totalmente de
acordo com as propriedades físicas ou químicas da substância representada.
2. A melhor forma de representar a molécula ou o íon será a utilização de um híbrido de
ressonância.

Prof. Bechara
Química

Estruturas de ressonância
O comprimento médio de uma ligação dupla carbono-oxigênio é de 1,20 Å e da ligação simples
carbono-oxigênio é de 1,43 Å.
No ânion carbonato, há três ligações duplas parciais (uma ligação e um terço) carbono-oxigênio, com
comprimento de 1,28 Å.
2/3 
C O O
1,43 Å 1,28 Å
C
C O
2/3  O O 2/3 
1,20 Å
Cálculos teóricos, mostrando um mapa de potencial eletrostático, indicam a mesma densidade de
carga elétrica em cada oxigênio do ânion carbonato.
Em um mapa de potencial eletrostático, as cores que tendem para o vermelho indicam uma
concentração crescente de carga negativa, enquanto que aquelas com tendência para o azul
significam menos carga negativa (ou mais positiva).
Prof. Bechara
Química

Regras para escrever estruturas de ressonância


1. Estruturas de ressonância são teóricas e “só existem no papel”.
2. Somente os elétrons podem mudar de posição.
3. Devem respeitar as estruturas de Lewis.
4. A energia do híbrido de ressonância é menor que a energia de cada forma canônica.
5. A estrutura de ressonância de menor energia é que mais contribui para o híbrido de ressonância
(menores valores de carga formal).

Ex. Ânion tiocianato NCS– (16 elétrons de valência)

Forma 1 Forma 2 Forma 3


1- 1- 1- 1-
N C S N C S N C S  N C S
2 0 1+ 1 0 0 0 0 1
Híbrido de ressonância
Formas ressonantes ou formas canônicas

Prof. Bechara
Química

Como escrever estruturas ressonantes adequadamente

1. Estruturas de ressonância só existem no papel.

2. Ao escrever estruturas de ressonância, podemos mover apenas os elétrons.

1 2 3
As formas 1 e 2 são estruturas de A forma 3 não é uma estrutura de
ressonância para o cátion alílico, formado ressonância apropriada para o cátion alílico,
quando o But-1,3-dieno aceita um próton. pois um hidrogênio foi movimentando.

Prof. Bechara
Química

Como escrever estruturas ressonantes adequadamente

3. Todas as estruturas devem ser estruturas de Lewis apropriadas.

H H A forma 2 não é uma estrutura de


O O ressonância adequada para t-butanol
1 2 porque o carbono tem cinco ligações.
Esta mudança
formaria um
carbono com
10 elétrons.

Prof. Bechara
Química

Como escrever estruturas ressonantes adequadamente

4. Todas as estruturas de ressonância devem possuir o mesmo número de elétrons


desemparelhados.

1 2
A forma 2 não é uma estrutura de ressonância
adequada para o radical alil, porque não contém o
mesmo número de elétrons desemparelhados.

Prof. Bechara
Química

Como escrever estruturas ressonantes adequadamente

5. Todos os átomos que fazem parte do sistema deslocalizado devem ficar no mesmo plano ou
quase no plano.

O 2,3-Di-t-butilbut-1,3-dieno se comporta como um dieno não conjugado, pois os grandes


grupos t-butila torcem a estrutura e impedem que as ligações duplas fiquem no mesmo plano.
Como não estão no mesmo plano, os orbitais p em C2 e C3 não se sobrepõe e a
deslocalização é impedida.

Prof. Bechara
Química

Como escrever estruturas ressonantes adequadamente

6. A energia da molécula é mais baixa que a energia estimada para qualquer estrutura contribuinte.

Estruturas de ressonância Representação do híbrido


para o Benzeno de ressonância

Prof. Bechara
Química

Como escrever estruturas ressonantes adequadamente


7. Estruturas de ressonância equivalentes contribuem igualmente para o híbrido de ressonância, e
um sistema descrito por elas possui uma grande estabilização por ressonância.
8. Quanto mais estável a estrutura (quando considerada isoladamente), maior será sua contribuição
para o híbrido de ressonância.

d
 b c
+
a +
estrutura 1 estrutura 2 híbrido de ressonância

A estrutura 1 contribuindo mais significa que a carga parcial positiva sobre o carbono b do
híbrido será maior que a carga parcial positiva sobre o carbono d.
Isso significa também que a ligação entre os carbonos c e d iria parecer mais com uma
ligação dupla que a ligação entre os carbonos b e c.

Prof. Bechara
Química

Como estimar a estabilidade relativa das estruturas de ressonância

a. Quanto mais ligações covalentes a estrutura possui, mais estável ela é.

1 3
2

A estrutura 1 é mais estável porque contém mais ligações covalentes.

Prof. Bechara
Química

Como estimar a estabilidade relativa das estruturas de ressonância


b. Estruturas nas quais todos os átomos possuem camada de valência de elétrons
completa (i.e., a estrutura de gás nobre), são especialmente estáveis e fazem
grandes contribuições para o híbrido.
O O

1 2

A estrutura 2 contribui mais para o híbrido porque todos os átomos


tem oito elétrons de valência e tem mais ligações covalentes.

Prof. Bechara
Química

Como estimar a estabilidade relativa das estruturas de ressonância


c. Separação de carga diminui a estabilidade.

Cl Cl
1 2

Para o cloreto de vinila, a estrutura 1 contribui mais


porque não possui cargas separadas.

Prof. Bechara
Química

Como estimar a estabilidade relativa das estruturas de ressonância


d. Quanto estável a base conjugada, mais forte será o ácido.

OH O OH O

+ H2O + H3O+ + H2O + H3O+

O fenol é mais ácido (menor pKa) que o álcool


cíclico pois é estabilizado por ressonância.

Prof. Bechara
Química

Aromaticidade
COMPOSTOS AROMÁTICOS
Cadeias cíclicas; Átomos coplanares; Elétrons pi ressonantes;
Obedecem à regra de Hückel*: Eressonantes = 4n + 2, sendo “n” um número inteiro.
Normalmente encontraremos substâncias aromáticas com 6, 10, 14, 18 ... elétrons ressonantes.

COMPOSTOS ANTI- AROMÁTICOS


Cadeias cíclicas; Átomos coplanares; Elétrons pi ressonantes;
Obedecem à regra de Hückel*: Eressonantes = 4n, sendo “n” um número inteiro.

COMPOSTOS NÃO AROMÁTICOS


Cadeias cíclicas; Átomos não coplanares; Elétrons pi não ressonantes;

*Professor Erich Hückel (1896-1984), Universität Marburg, Alemanha.


Prof. Bechara
Substância Características

Química Cadeia cíclica.


Átomos no mesmo plano
Benzeno Ressonância eletrônica
Eressonantes = 4n + 2  6 = 4n + 2  n = 1 Aromaticidade
Aromático.
Cadeia cíclica
Átomos no mesmo plano
Piridina Ressonância eletrônica
N Eressonantes = 4n + 2  6 = 4n + 2  n = 1
Aromático.
Cadeia cíclica
Átomos no mesmo plano
Naftaleno Ressonância eletrônica
Eressonantes = 4n + 2  10 = 4n + 2  n = 2
Aromático.
Cadeia cíclica
1,3- Átomos no mesmo plano
Ciclobutadieno Ressonância eletrônica
Eressonantes = 4n  4 = 4n  n = 1
Anti-aromático.

Cadeia cíclica
1,3,5,7-
Átomos não estão no mesmo plano
Ciclooctatetraeno
Não há elétrons conjugados
Prof. Bechara Não aromático.
Química

EXERCÍCIOS

Prof. Bechara
Química

ENEM 2019

Prof. Bechara
Química

ENEM 2019

Nível
iniciante

Prof. Bechara
Química

UFPB 2012

Nível
nerd

Prof. Bechara
Química

UEM-PR
2016

Nível
animal

Prof. Bechara
Química

ENADE
QUÍMICA
2021

Halls
preto

Prof. Bechara
REFÊRENCIAS
Química

•BRUICE, P. Y. Fundamentos de Química Orgânica. 2. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2014.
•COSTA, P. R. R. ... [et al.]. Ácidos e bases em química orgânica. Porto Alegre: Bookman, 2005.
•FERNANDES, A. C. ... [et al.] Guia IUPAC para a Nomenclatura de Compostos Orgânicos. Tradução
Portuguesa nas variantes Européia e Brasileira de “A guide to IUPAC nomenclature of organic compounds
recommendations 1993”. Lisboa: Lideel, 2002.
•MAHAN, B. M., e MYERS, R. J. Química: um curso universitário. 4ª ed. São Paulo: Edgard Blücher, 1995.
•McMURRY, J. Química orgânica. São Paulo: Pioneira Thomson Learning, 2006.
•SILVA JR, J. N. Química Orgânica II: reações de adição a alcenos e alcinos. Notas de aula. Fortaleza: UFC,
2017.
•SOLOMONS, T. W. G., FRYHLE, C. B. and SNYDER, S. A. Organic Chemistry. 12th edition. Hoboken, NJ,
EUA: John Wiley & Sons, Inc., 2016.
•UCKO, D. A. Química para as Ciências da Saúde: Uma introdução à Química Geral, Orgânica e Biológica. São
Paulo: Manole, 1992.
•VOLHARDT, K. P. C. e SCHORE, N. E. Química orgânica: estrutura e função. Porto Alegre: Bookman, 2004.
Prof. Bechara

Você também pode gostar