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O Guarani

JOSÉ DE ALENCAR
O Guarani (1857)
Análise estrutural da narrativa
A obra está dividida em 54 capítulos, distribuídos em quatro partes:
Os aventureiros
Peri
Os aimorés
A catástrofe
As etapas (estrutura simples)
1. Uma parte inicial onde se introduz o cenário e os personagens,
caracterizada pela ausência de conflitos (princípio);
2. Uma segunda parte onde os conflitos começam a se delinear, os
personagens vão entrando em choque até a sua quase destruição
(clímax);
3. Os personagens “sobreviventes” vivem em harmonia (como no
início).(desfecho)
O princípio
Dois pólos: Natureza e Cultura
Harmonia:
A casa: “feita metade pela natureza e metade pela arte” (p.08)
Nessa paisagem: “ a indústria do homem tinha aproveitado
habilmente a natureza para criar os meios de segurança e defesa.”
(p.08)
O brasão da família
Agrega os três reinos:

Vegetal
Animal
mineral
Capítulo VII

A “prece” parece ainda manter a harmonia dos contrastes


D. Antônio
Identificado como:

Suserano
Cercado de “súditos” e “vassalos”
A harmonia está identificada, ainda, com a composição social do antigo
regime estabelecendo o princípio da ordem e da paz.
Descrição da submissão
“Assim vivia, quase no meio do sertão, desconhecida e ignorada essa
pequena comunhão de homens, governando-se com suas leis, os seus
usos e costumes; unidos entre si pela ambição da riqueza, e ligados ao
seu chefe pelo respeito, pelo hábito da obediência e por essa
superioridade moral que a inteligência e a coragem exercem sobre as
massas”(p.13)
As relações da estrutura
feudal
Peri

Ceci (é chamada por ele de Iara –senhora)


A visão paradisíaca
A ideia de um paraíso, de uma harmonia inicial, é
mantida diretamente pela relação de submissão
dos elementos. Por detrás dessa harmonia há o
predomínio de um elemento sobre o outro
justificado ideologicamente por um modelo
cultural e natural.
O momento “dramático”

A tensão tem lugar no romance a partir da revelação dos elementos de


contraste e oposição de cada conjunto (natural e cultural).
O conjunto natural
1. índios guaranis  positivo

2. índios aimorés negativo


Conjunto cultural
1. Família de D. Antônio positivo

2. Mercenários Loredano e aventureiros ( negativo)


A linguagem
Registro histórico: apêndice final ao livro em que nas notas esclarecem-
se as origens de certos termos e de alguns personagens.

Indicação da procedência de D. Antônio de Mariz (exemplo)


A obra: considerada pelo romancista como “romance histórico”.
A localização
“No ano da graça de 1604, o lagar que
acabamos de descrever estava deserto e
inculto; a cidade do Rio de Janeiro tinha-se
fundado havia menos de meio século, e a
civilização não tivera tempo de penetrar o
interior.” (P. 07)
A casa
A descrição da casa de D. Antônio remonta aos
castelos medievais. Ao retroceder, busca os
conteúdos cavalheirescos que nortearão os seus
personagens.

“Lealdade: substrato de um código de honra”


Peri
Definido por D. Antônio como :

“um cavalheiro português no corpo de um


selvagem”.
Indianismo
A chamada corrente indianista possui um
complexo sistema de representação nos
quadros do romantismo brasileiro. A escolha
do indígena como símbolo de diferenciação
do Brasil em relação à Europa traz questões
tanto internas quanto externas. No
romantismo brasileiro a ideia de erguer o
indígena como símbolo lírico e épico da
nacionalidade esbarrou em vários fatores da
vida cultural e social.
Indianismo
Oscilando entre o fundo primitivo da
nacionalidade e os laços deste com sua
matriz europeia, o indianismo prevalecia um
modo se ser e sentir próprios da estrutura
social que havia engendrado o próprio
processo de colonização. Tendo sido um
expoente importante da literatura, desde
1846, durou vigorosamente até meados de
1875, com a publicação do volume de poesia
de Machado de Assis Americanas.
Indianismo
Estabeleceu-se em duas versões quanto ao
impacto da colonização sobre as populações
ameríndias:
A- Uma visão minoritária em que a
colonização é vista como verdadeira
catástrofe, demonstrando os impactos da
aculturação (Ex. A lágrima de um Caeté)
Indianismo
B- Uma visão mais difundida e popularizada
no próprio ensino de literatura até hoje em
que é celebrado o “feliz encontro das
civilizações”. Nessa vertente, há uma
aceitação por parte dos “selvagens” da
natural superioridade dos brancos para
constituição de uma ordem e progresso
necessários.
Quadro de Victor Meirelles
(terminado em 1861)

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