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José Alexandre Buso Weiller

FINANCIAMENTO DO SUS:
CRISES, CAPITALISMO E EMBATES

Minicurso 04

XVII CONGRESSO PAULISTA DE SAÚDE PÚBLICA


III CONGRESSO DOS NÚCLEOS REGIONAIS

Este material pode ser usado, reproduzido, multiplicado, por qualquer meio, independente da autorização
do autor (COPYLEFT).
A
G ECONOMIA POLÍTICA DA SAÚDE
POLÍTICA ECONÔMICA BRASILEIRA E O FUNDO
E PÚBLICO

N O DESFINANCIAMENTO DO SUS

D
MERCADO DE SAÚDE NO BRASIL
PERSPECTIVAS PRESENTES E FUTURAS
A
CRÍTICA À ECONOMIA POLÍTICA:
CRISE ESTRUTURAL DO SUS?

São as relações sociais próprias à atividade econômica:

processo que envolve a produção e a distribuição dos bens que


satisfazem as necessidades individuais ou coletivas dos membros
de uma sociedade

Na base da atividade econômica está


O TRABALHO
é o que torna possível a produção de qualquer bem,
criando os valores que constituem a riqueza social
MODO DE RELAÇÕES SOCIAIS:
CAPITALISMO

• Revolução Francesa:
– Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789) - Art. 17.º “Como
a propriedade é um direito inviolável e sagrado, ninguém dela pode ser
privado, a não ser quando a necessidade pública legalmente comprovada o
exigir e sob condição de justa e prévia indenização.”

• Na Constituição Brasileira de 1988:


– Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho
humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência
digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes
princípios:
I. Propriedade privada;
II. Livre concorrência;
III. Defesa do consumidor...
MODO DE RELAÇÕES SOCIAIS:
CAPITALISMO

• Lei de Liberdade Econômica (Lei 13.874, 20/09/2019)


– Art. 2º São princípios que norteiam o disposto nesta Lei:
I. a liberdade como uma garantia no exercício de atividades econômicas;
II. a boa-fé do particular perante o poder público;
III. a intervenção subsidiária e excepcional do Estado sobre o exercício de
atividades econômicas; e

• Igualdade, Liberdade e Propriedade Privada:


– Função do Estado
– Função do Direito (Código Civil de 1804 – França = Código Civil
contemporâneo)
• Coração das relações econômicas
• Sujeitos de direito: Periferia do Direito (Direitos Sociais, Direito Previdenciário,
Direito Ambiental, etc) – AQUI TEMOS AÇÃO! MAS NÃO É O “NÚCLEO DURO”
SURGIMENTO DE UM ESTADO SOCIAL

Dinâmica do capitalismo
homogeneidade heterogeneidade
reiteração de diferenças
assalariamento em massa
sociais
regulação via mercado diferenciação de
“iguala” indivíduos classe, renda, consumo

Geração de Crises
restrições aos
Estado Social*
movimentos de capital

intervenção do
Estado na economia
SURGIMENTO DE UMA POLÍTICA DE PROTEÇÃO
SOCIAL

Produção de Boschetti (2016), em que a autora reconhece que o Estado assume o


importante papel na:

[...] regulação das relações econômicas e sociais, tendo por base a constituição de um sistema de proteção
social de natureza capitalista, assentado em políticas sociais destinadas a assegurar trabalho, educação,
saúde, previdência, habitação, transporte e assistência social. (BOSCHETTI, 2016, p. 28).

Entende-se que a regulação econômico-social por meio de políticas sociais, parte


de uma atribuição esperada e/ou exigida do Estado capitalista, uma vez que este
pode incorporar um caráter social, mas não será dele retirado sua natureza
essencialmente capitalista.

FUNÇÃO DE GARANTIR A REPRODUÇÃO DA FORÇA DE TRABALHO

Fonte: BOSCHETTI, I. Assistência social e trabalho no capitalismo. São Paulo: Cortez, 2016.
A
G ECONOMIA POLÍTICA DA SAÚDE
O FUNDO PÚBLICO E ELEMENTOS
E MACROECONÔMICOS

N O DESFINANCIAMENTO DO SUS

D
MERCADO DE SAÚDE NO BRASIL
PERSPECTIVAS PRESENTES E FUTURAS
A
O FUNDO PÚBLICO

O FUNDO PÚBLICO exerce funções primordiais para o processo de acumulação de


capital e para a reprodução da força de trabalho, principalmente na implementação
das políticas sociais.
– possui um caráter contraditório
– alvo de disputas da luta de classes
– central para a manutenção do próprio sistema capitalista

socialização da
produção num processo dialético, a
reprodução da força de trabalho e
do capital, socializando custos da
produção e agilizando os processos
apropriação de realização da mais-valia, base da
privada do taxa de lucros
produto do
trabalho social

Fonte: BEHRING, ELAINE. Acumulação capitalista, fundo público e Política Social. In: BOSCHETTI, Ivanete; BEHRING, Elaine; SANTOS, Silvana
M.M.S; MIOTO,Regina C.T. (Orgs.). Política Social no Capitalismo: tendências contemporâneas. São Paulo: Cortez, 2009.
QUAL É A VISÃO HEGEMÔNICA NA POLÍTICA
ECONÔMICA BRASILEIRA?

• Pressuposto: concepção neoliberal do papel do Estado no


desenvolvimento econômico
– Pretenso caráter natural do sistema capitalista, cuja operação livre de
interferências do Estado levaria a uma alocação de recursos eficiente.
– Busca limitar a discricionariedade da atuação do Estado no manejo das políticas.
– Preconiza que o instrumental macroeconômico deve ser mobilizado para a
busca quase exclusiva da estabilidade de preços, identificada como condição
primordial para o desenvolvimento.

• Concepção fundamental:
O protagonismo do mercado e a importância reduzida do papel do Estado
na economia, submetendo as autoridades políticas a princípios
preestabelecidos que limitam a discricionariedade da atuação do Estado.

Fonte: Rossi, P. Regime Macroeconômico e o Projeto Social-Desenvolvimentista. 2015. IPEA.


QUAL É A VISÃO HEGEMÔNICA NA POLÍTICA
ECONÔMICA BRASILEIRA?

• Teoria novoclássica:
– O regime macro deve submeter o Estado a um
“constrangimento intertemporal” para que este não
atrapalhe a dinâmica econômica que funciona
harmonicamente sob as rédeas do mercado.

Estabilidade de preços e a solvência do setor público no


longo prazo, de preferência com redução do gasto público
ao longo do tempo para reduzir o tamanho do Estado e,
assim, aumentar a eficiência na alocação de recursos.

Fonte: Rossi, P. Regime Macroeconômico e o Projeto Social-Desenvolvimentista. 2015. IPEA.


QUAL É A VISÃO HEGEMÔNICA NA POLÍTICA
ECONÔMICA BRASILEIRA?

Tripé Macroeconômico
1. Câmbio flutuante: a taxa de câmbio oscila livremente segundo as forças de
mercado (lei de oferta e demanda)

2. Meta de inflação: o Banco Central é obrigado a perseguir a meta de inflação


estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional-CMN
– Principais instrumentos: aumento da taxa básica de juros (SELIC), política de crédito restritiva e
valorização da taxa de câmbio;
– Eficaz no controle da inflação, mas provoca efeito colateral sobre o crescimento econômico,
sobre a produção doméstica e o emprego.

3. Superávit Primário: esforço de superávit antes do pagamento dos juros da dívida pública
– Principais instrumentos: corte nos gastos públicos na área social e de investimentos públicos;
– Eficaz no controle do endividamento público, mas restringe a capacidade do governo de usar a
política macroeconômica à promoção do crescimento econômico.

Fonte: Rossi, P. Regime Macroeconômico e o Projeto Social-Desenvolvimentista. 2015. IPEA.


SUS - R$ 118,4 bilhões
Fonte: Orçamento Cidadão: Projeto de Lei Orçamentária Anual - PLOA 2021
o
to a sã
en os es
m tiv hõ
de o
r
ju
ga la bil
pa re 2,6
36
R$
Fonte: Orçamento Cidadão: Projeto de Lei Orçamentária Anual - PLOA 2021
MANUTENÇÃO DA DÍVIDA PÚBLICA

Detentores -  março de 2021
1. Não Residente: individuais ou coletivos, considera contas de
pessoas físicas ou jurídicas, dos fundos ou de outras
entidades de investimento coletivo, com residência, sede ou
domicílio no exterior.
2. Governo: inclui fundos e recursos administrados pela União,
tais como FAT, FGTS, fundos extramercado, Fundo Soberano e
fundos garantidores.
3. Previdência e Seguradoras: investimentos das entidades que
atuam nesses segmentos e incluem Previdência Aberta,
Fechada e os Regimes Próprios de Previdência Social - RPPS,
seguradoras e resseguradoras.
4. Outros: aplicações em títulos públicos de pessoas físicas e
pessoas jurídicas não financeiras, à exceção das que foram
anteriormente citadas.
5. Instituições Financeiras: carteira própria de bancos
comerciais e de investimento, sejam nacionais ou
estrangeiros, além de corretoras e distribuidoras.
6. Fundos: todas as aplicações em títulos públicos feitas a partir
da modalidade Fundos de Investimento, excetuando-se
aquelas detidas pelos demais detentores explicitados, que
são classificadas de acordo com suas respectivas categorias.

Fonte: Secretaria do Tesouro Nacional


CONSIDERANDO O TRIPÉ MACROECONÔMICO VIGENTE, TEMOS
UMAS DAS 10 MAIORES TAXAS DE JUROS DO PLANETA...

Taxa de juros real (%) - Países Selecionados - 1997 a 2019


100

80

60

40

20

0
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

-20

-40

Brazil China India


Russian Federation South Africa United States

Fonte: The World Bank Group


CONSIDERANDO O TRIPÉ MACROECONÔMICO VIGENTE, TEMOS
UMAS DAS 10 MAIORES TAXAS DE JUROS DO PLANETA...

Country Name 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019
Madagascar 48,0 50,8 49,9 47,1 46,8 52,4 44,4 41,3
Brazil 26,6 18,5 22,4 33,8 40,7 41,8 34,7 32,0
Zimbabwe 7,3 0,3 9,7 7,9 4,8 4,4 1,8 21,1
Congo, Dem. Rep. 21,2 16,1 17,5 20,8 14,1 -15,7 -3,3 21,1
Kyrgyz Republic 13,2 17,6 10,8 19,5 17,4 12,7 15,5 20,0
Gambia, The 23,3 20,8 22,1 24,1 19,7 19,5
Tajikistan 8,2 20,0 18,9 24,0 18,7 24,2 21,3 17,7
Azerbaijan 15,1 17,7 19,4 28,9 1,5 0,3 4,7 17,6
Malawi 12,5 14,7 19,4 19,8 20,6 22,1 24,0 16,2
Mozambique 12,9 12,0 13,4 6,8 6,6 18,8 19,4 13,9

Fonte: The World Bank Group


CONSTRUINDO O DÉFICIT DA SEGURIDADE
SOCIAL (SS)

ANFIP - ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS AUDITORES-FISCAIS DA


RECEITA FEDERAL DO BRASIL

Síntese:
• Pelos cálculos da ANFIP o déficit na SS se iniciou
em 2016, chegando a 96 bi em 2019
• Pelos cálculos do Gov Fed sempre houve déficit
na SS, chegando a 350 bi em 2019

DRU + Saúde dos Servidores Federais e Militares

167 bi + 92 bi = 259 bi (2019)

Fonte: Análise da Seguridade Social 2018 / ANFIP – Associação Nacional dos Auditores-Fiscais
da Receita Federal do Brasil e Fundação ANFIP de Estudos Tributários e da Seguridade Social
– Brasília: ANFIP, 2019.
GASTOS TRIBUTÁRIOS E A PRIVATIZAÇÃO

Evolução dos Gastos Tributários (bilhões de R$)* por função segundo os 5 maiores gastos -
Brasil - 2009 a 2019
100,000,000,000 350,000,000,000

90,000,000,000 306,397,956,551
288,657,652,207 300,000,000,000
80,000,000,000 270,054,263,884 270,399,456,871
256,234,392,374 263,710,960,229
70,000,000,000 250,000,000,000
223,310,466,755
60,000,000,000 200,000,032,393
200,000,000,000
50,000,000,000
152,450,393,798 41,318,272,249150,000,000,000
135,906,622,201 39,439,758,001
37,191,841,849
40,000,000,000 36,122,480,944
116,097,994,020 31,377,047,571
29,083,359,531
30,000,000,000 25,843,995,682 100,000,000,000
19,003,524,072
20,000,000,000 16,487,694,760
15,192,264,906
14,377,586,168
50,000,000,000
10,000,000,000

- -
2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019

Comércio e Serviço Trabalho Saúde


Indústria Agricultura TOTAL (direita)
REFORMA TRIBUTÁRIA?
SIM, PROGRESSIVA E DESCENTRALIZADA.
O ESTADO ATUAL DA JUSTIÇA FISCAL

Fonte: O Estado Atual da Justiça Fiscal:2020: Justiça fiscal em tempos de Covid-19


SALDO DA BALANÇA COMERCIAL BRASILEIRA POR
FATOR AGREGADO

Percentual de participação por fator agregado no Saldo da Balança Comercial - 1999 a


2017 - Brasil
60

40

20

0
1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

-20

-40

-60

BÁSICOS SEMIMANUFATURADOS MANUFATURADOS OPERAÇÕES ESPECIAIS

Fonte: SECEX/MDIC
BALANÇA COMERCIAL DE MEDICAMENTOS PARA
USO HUMANO

Fonte: GUIA2019 - INTERFARMA.


EM UM ESTUDO RECENTE SOBRE MIGRAÇÃO DE
RIQUEZA ENTRE OS DIVERSOS PAÍSES DO
MUNDO...

• A New World Wealth é um grupo de pesquisa de


mercado global, com sede em Johanesburgo, África do
Sul.

• Este relatório abrange as tendências globais de migração


de riqueza e riqueza nos últimos 10 anos.

• Milionários (HNWIs): indivíduos com patrimônio


líquido de US $ 1 milhão ou mais

Fonte: GWMR 2018 - New World Wealth – fev/18


https://www.afrasiabank.com/en/about/
newsroom/global-wealth-migration-review-
A
G ECONOMIA POLÍTICA DA SAÚDE
O FUNDO PÚBLICO E ELEMENTOS
E MACROECONÔMICOS

N O DESFINANCIAMENTO DO SUS

D
MERCADO DE SAÚDE NO BRASIL
PERSPECTIVAS PRESENTES E FUTURAS
A
ESTRUTURA DE FINANCIAMENTO DA SAÚDE NO
BRASIL

Constituição de 1988: mecanismos mais solidários e redistributivos, universalidade da


cobertura, reconhecimento dos direitos sociais, afirmação do dever do Estado

base de financiamento público -


orçamento da seguridade social
Sistema Único de Saúde
participação do setor privado no SUS de
forma complementar (Art. 199)
Assistência à saúde aumento do mercado de planos e
livre à iniciativa privada seguros privados

Momento do avanço do Crise do Estado de Bem-Estar Social no mundo


sistema de saúde no Modelo econômico que demanda profundo
Brasil ajuste fiscal
ESTRUTURA DE FINANCIAMENTO DO SISTEMA
ÚNICO DE SAÚDE

FINANCIAMENTO DOS GASTOS SOCIAIS: PREDOMINÂNCIA


DOS IMPOSTOS INDIRETOS

Imposto de Renda, IPTU, ITR


IMPOSTOS DIRETOS gravam diretamente a renda ou o patrimônio
e têm maior potencial progressivo

ICMS, ISS, PIS/COFINS, IPI


IMPOSTOS gravam a produção e o consumo, penalizando
os mais pobres: potencial redistributivo baixo
INDIRETOS
ESTRUTURA DE FINANCIAMENTO DO SUS

ESTADUAL MUNICIPAL
Receitas de Impostos Próprios Estaduais: Receitas de Impostos Próprios Municipais:
ICMS, IPVA, ITCMD, IRRF IPTU, ISS, ITBI, ITR, IRRF

(+) Multa e Juros de Mora, Dívida Ativa e Multas e Juros de Mora


(+) Multa e Juros de Mora, Dívida Ativa e Multas e Juros de
e Outros Encargos da Dívida Ativa de Impostos Próprios
Mora e Outros Encargos da Dívida Ativa de Impostos
Estaduais
Próprios Municipais

(+) Receitas de Transferências da União:


(+) Receitas de Transferências da União.
Cota-Parte do FPE, IPI Exportação, ICMS
Cota-Parte do FPM, ITR, ICMS Exportação (Lei
Exportação (Lei Kandir – LC 87/96)
Kandir – LC 87/96)

(-) Transferências Constitucionais e Legais a Municípios


(+) Receitas de Transferências do Estado
ICMS (25%)
IPVA (50%) Cota-Parte do ICMS, Cota-Parte do IPVA e Cota-Parte
do IPI Exportação
IPI Exportação (25%)
ESTRUTURA DE FINANCIAMENTO DA SAÚDE NO
BRASIL

Percentual do gasto público em saúde como proporção do PIB – 2010 a 2017 – Países
selecionados
16.00

14.00

12.00

10.00

8.00

6.00

4.00

2.00

0.00
2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

Fonte: OECD Health Data – elaboração própria


ESTRUTURA DE FINANCIAMENTO DA SAÚDE NO
BRASIL

Gasto total em saúde per capita em preços correntes (U$) e PPC*


– 2005 a 2017 – Países selecionados
12,000.00

10,000.00

8,000.00

6,000.00

4,000.00

2,000.00

-
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

* Paridade de Poder de Compra, constante internacional 2005


Fonte: OECD Health Data – elaboração própria
ESTRUTURA DE FINANCIAMENTO DA SAÚDE NO
BRASIL

Percentual de participação no gasto púclico em saúde por ente


federado – Brasil – 2002 a 2017
80%

70%

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0%
2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017

União Estados Municípios

Fonte: SIOPS – elaboração própria


ESTRUTURA DE FINANCIAMENTO DA SAÚDE NO
BRASIL

%R.Próprios em Saúde por tipo de ente federado ao ano - Brasil - 2002 - 2020
30

25

20

15

10

0
2002200320042005200620072008200920102011201220132014201520162017201820192020

Fonte: SIOPS – elaboração própria


A
G ECONOMIA POLÍTICA DA SAÚDE
O FUNDO PÚBLICO E ELEMENTOS
E MACROECONÔMICOS

N O DESFINANCIAMENTO DO SUS

D
MERCADO DE SAÚDE NO BRASIL
PERSPECTIVAS PRESENTES E FUTURAS
A
NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL...

• Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.


– § 1º - As instituições privadas poderão participar de forma complementar do
sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante contrato de
direito público ou convênio, tendo preferência as entidades filantrópicas e .
as sem fins lucrativos. 0 15
E 2
– § 2º - É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou D
subvenções às instituições privadas com fins lucrativos. EIRO
JAN
– § 3º - É vedada a participação direta ou indireta de empresas DE ou capitais
estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos E 19 previstos em
lei. 7 ,D
.0 9
– § 4º - A lei disporá sobre as condições e os requisitos13 que facilitem a
remoção de órgãos, tecidos e substâncias º
N humanas para fins de
L EI
transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento e
transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de
comercialização.
BENEFICIÁRIOS DE PLANOS PRIVADOS DE SAÚDE POR
COBERTURA ASSISTENCIAL DO PLANO (BRASIL -
DEZEMBRO/2000 - JUNHO/2021)

60,000,000

50,000,000

40,000,000

30,000,000

20,000,000

10,000,000

0
dez dez dez dez dez dez dez dez dez dez dez dez dez dez dez dez dez dez dez dez dez jun
/00 /01 /02 /03 /04 /05 /06 /07 /08 /09 /10 /11 /12 /13 /14 /15 /16 /17 /18 /19 /20 /21

Assistência médica com ou sem odontologia Exclusivamente odontológico


Fonte: SIB/ANS/MS
BENEFICIÁRIOS TRIMESTRAL DO NÚMERO DE BENEFICIÁRIOS
EM PLANOS DE ASSISTÊNCIA MÉDICA POR TIPO DE
CONTRATAÇÃO DO PLANO (BRASIL -
JUNHO/2013-JUNHO/2021)
40,000,000
35,000,000
30,000,000
25,000,000
20,000,000
15,000,000
10,000,000
5,000,000
0
3 3 4 4 5 5 6 6 7 7 8 8 9 9 0 0 1
n-1 c-1 n-1 c-1 n-1 c-1 n-1 c-1 n-1 c-1 n-1 c-1 n-1 c-1 n-2 c-2 n-2
Ju De Ju De Ju De Ju De Ju De Ju De Ju De Ju De Ju
Individual ou Familiar Coletivo Empresarial Coletivo por adesão
Coletivo não identificado Não Informado

Fonte: ANS – Elaboração própria.


OPERADORAS DE PLANOS PRIVADOS DE SAÚDE EM
ATIVIDADE (BRASIL - DEZEMBRO/1999-JUNHO/2021)

2,500

2,000

1,500

1,000

500

0
Até dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ dez/ jun/
dez/ 00 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
99

Médico-hospitalares em atividade Exclusivamente odontológicas em atividade


Médico-hospitalares com beneficiários Exclusivamente odontológicas com beneficiários

Fonte: ANS – Elaboração própria.


DISTRIBUIÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS DE PLANOS PRIVADOS DE
SAÚDE ENTRE AS OPERADORAS, SEGUNDO COBERTURA
ASSISTENCIAL DO PLANO (BRASIL - JUNHO/2021)

Cobertura assistencial Percentual acumulado Percentual acumulado


Operadoras
do plano de beneficiários de operadoras
6.481.896 13,4% 2 0,3%
12.171.978 25,2% 4 0,6%
15.982.343 33,1% 6 0,9%
19.447.075 40,3% 10 1,4%
24.222.335 50,2% 20 2,9%
28.973.602 60,1% 38 5,4%
33.810.686 70,1% 70 10,0%
38.612.147 80,0% 126 18,0%
43.393.816 90,0% 230 32,9%
48.238.177 100,0% 700 100,0%
PROPOSTA SILENCIOSA - CUS?

DUALIDADE DO SISTEMA DE SAÚDE BRASILEIRO

SISTEMA ÚNICO DE PLANOS DESEMBOLSO


SAÚDE DE SAÚDE DIRETO

provedores
mistos: servem aos
provedores de dois sistemas provedores de
serviços de saúde simultaneamente serviços de saúde
exclusivos ao SUS (estimativa: 75% das internações) exclusivos aos planos

privados privados
estatais filantrópicos estatais privados
filantrópicos
lucrativos
privados estatais privados
lucrativos
privados lucrativos
filantrópicos
PROPOSTA SILENCIOSA - CUS?

Neste “Coalizão Saúde Brasil: uma agenda para transformar


o Sistema de Saúde”, apresentamos o consistente resultado
desses esforços até o momento. E apontamos, com clareza,
os caminhos para reestruturarmos, de uma maneira mais
inteligente, sustentável e, sobretudo, humana, o setor da
saúde em nosso país.
CRISE PRA QUEM?
CRISE PRA QUEM?
CRISE PRA QUEM?
CRISE PRA QUEM?
A
G ECONOMIA POLÍTICA DA SAÚDE
O FUNDO PÚBLICO E ELEMENTOS
E MACROECONÔMICOS

N O DESFINANCIAMENTO DO SUS

D
MERCADO DE SAÚDE NO BRASIL
PERSPECTIVAS PRESENTES E FUTURAS
A
EMENDA CONSTITUCIONAL 95/2016 – TETO DE
GASTOS

• Valor fixo definido para as despesas com as políticas públicas financiadas


pelo governo federal (chamadas de despesas primárias), o qual será
corrigido apenas pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),
anualmente, de 2017 a 2036
COMPARATIVO SEGUNDO PERCENTUAL DO PIB DO GASTO
PÚBLICO FEDERAL EM SAÚDE ENTRE A EC-29 E EC-95 – BRASIL -
2001/2015

Fonte: Friedrich Ebert et al. (2016)


CRISE PRA QUEM?

Fonte: IBGE. Pesquisa Mensal de Emprego e Desemprego - PME. Rendimento mensal médio, habitual, das pessoas
empregadas no setor privado, com carteira assinada - Organização: ANFIP e Fundação ANFIP.
CRISE PRA QUEM?

Fonte: IBGE
CRISE PRA QUEM?

Fonte: IBGE
CRISE PRA QUEM?
COMPARAÇÃO DAS ESTIMATIVAS DE SEGURANÇA/INSEGURANÇA
ALIMENTAR DO INQUÉRITO VIGISAN E OS INQUÉRITOS NACIONAIS
REANALISADOS CONFORME ESCALA DE OITO ITENS. VIGISAN INQUÉRITO
SA/IA – COVID-19, BRASIL, 2020

Fonte: VIGISAN. Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no


Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. 2021
EVOLUÇÃO DA FOME NO BRASIL: PORCENTAGEM DA
POPULAÇÃO AFETADA PELA INSEGURANÇA ALIMENTAR GRAVE
ENTRE 2004 E 2020 - MACRORREGIÕES.

Fonte: VIGISAN. Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no


Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil. 2021
CRISE PRA QUEM?

Evolução do Lucro Líquido (milhões de R$) trimestral dos 3 bancos maiores


bancos privados -– Brasil – 2006 a 2018

Fonte: Economatica (2019)


CRISE PRA QUEM?

“Lucro das empresas de


capital aberto não
financeiras tem crescimento
de 1.012% no 2º trimestre de
2021 com relação a 2020.
Bancos crescem 89%”

Fonte:
https://insight.economatica.com/lucro-das-empres
as-de-capital-aberto-nao-financeiras-tem-crescime
nto-de-1-012-no-2o-trimestre-de-2021-com-relaca
o-a-2020-bancos-crescem-89/
ESSÊNCIA DA ABUNDÂNCIA E APARÊNCIA DA
ESCASSEZ

• CRISES
• Terceira maior reserva de petróleo
– Econômica seletiva
• Maior reserva de água potável do mundo • Desindustrialização
• Queda da atividade comercial
• Maior área agriculturável do mundo • Desemprego
• Perdas salariais
• Riquezas minerais diversas e Terras Raras • Privatizações
• Encolhimento do PIB
• Riquezas biológicas: fauna e flora – Social
• Extensão territorial e mesmo idioma – Política
– Ambiental
• Clima favorável, recorde de safra • AJUSTE FISCAL e REFORMAS: Corte de
• investimentos e gastos sociais;
Potencial energético, industrial e comercial
aumento de tributos para a classe
• Potencial de arrecadação tributária média e pobre; privatizações e
Contrarreformas.
• CRESCIMENTO ACELERADO DA DÍVIDA
PÚBLICA = CRISE FISCAL
RELAÇÃO SAÚDE PÚBLICA E SAÚDE PRIVADA
DE FORMA GERAL, O QUE GERA ESSA
SEPARAÇÃO ENTRE ABUNDÂNCIA E ESCASSEZ?

• SISTEMA DA DÍVIDA
– Ajuste Fiscal
– Privatizações
– Contrarreformas
– Esquemas que geram dívidas

• POLÍTICA MONETÁRIA SUICIDA


– Juros mais elevados do mundo
– Remuneração da sobra de caixa dos bancos “Op. Compromissadas”
– Escassez de moeda na economia, juros elevados, impedimento para investimentos

• MODELO TRIBUTÁRIO REGRESSIVO


– Tributação excessiva dos salários e do consumo, privilégios para o capital, lucros e
dividendos, benesses, desonerações, isenções
O FUTURO NOS ESPERA OU FAÇAMOS O
FUTURO?

• Reforma
– Bora fazer um cálculo para o futuro do SUS? Orçamento federal para o SUS em 2020:
118 bilhões

– Reestabelecer as bases da política econômica brasileira


• Câmbio, inflação e superávits (juros da dívida pública – 3,5 SUS)

– Receitas adicionais para Ampliação do Gasto Público Social


• Auditoria Cidadã da Dívida Pública (em análise)
• Ações sobre a Evasão Fiscal – 3 SUS
• Auditoria e reordenamento das receitas e despesas do Orçamento da Seguridade Social (DRU – 1,5 SUS, planos de saúde
privados e hospitais militares – 0,5 SUS) –
• Isenções fiscais – 0,5 SUS
• Reforma Tributária (progressividade e descentralização) (em análise)
• Ressarcimento SUS – 0,01 SUS (!!!)
– Total: 9 SUS, ou seja, 1 trilhão de reais que estariam disponíveis

• Incapacidade de se imaginar o futuro? Revolução! c ia p o l ítica,


um a c o nsciên s se !
ns tr uir e, d e c la
Co n talment
fund a m e
OBRIGADO!

José Alexandre Buso Weiller


jose.alexandre.bw@gmail.com

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