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ANÁLISE DE CONJUNTURA À

LUZ DO MATERIALISMO
HISTÓRICO DIALÉTICO

João Carvalho
Do “triunfo da Razão” ao Socialismo Utópico

• A ruptura Medievo x Modernidade

• O primado e os limites da Burguesia – de classe revolucionária à classe


reacionária

• Expropriados e Expropriadores

• O materialismo sensualista francês e o avança da teoria política (Mably,


Morelly)

• As primeiras rebeliões e teorias de um proletariado insurgente:

❖ A)Munzer: Revolta dos Camponeses (Anabatistas) (1490-1525)

❖ B) Niveladores: Acordo do Povo (1642-1660) – paridade e republicanismo

❖ C) François Noel (Gracchus) Babeuf: conspiração dos iguais (Blanqui) –


(primeiro partido comunista – Marx e Engels); (precursor dos levantes
proletários – Rosa Luxemburgo) (1760- 1797)
Do “triunfo da Razão” ao Socialismo Utópico

• No século XIX, diferentes pensadores tentaram refletir sobre os problemas


causados pelas sociedades capitalistas em desenvolvimento. Ainda fortemente
calcados nas ideias do pensamento iluminista, esses pensadores continuaram
a buscar no racionalismo a saída para as contradições geradas no interior do
pensamento capitalista. No entanto, esses não faziam uma crítica radical ao
capitalismo, pois ainda defendiam a manutenção de suas práticas mais
elementares. Os seus principais representantes são Robert Owen, Saint-Simon e
Charles Fourier

• Características comuns:

⮚ Busca da sociedade ideal;


⮚ Cooperativismo;
⮚ Trabalho coletivo;
⮚ Igualdade social.
Do “triunfo da Razão” ao Socialismo Utópico
• Robert Owen (1771 - 1858): O industriário britânico Robert Owen acreditava
que o caráter humano era fruto das condições do local em que ele se formava.
Por isso, defendeu que a adoção de práticas sociais que primassem pela
felicidade, harmonia e cooperação poderiam superar os problemas causados pela
economia capitalista. Seguindo seus próprios princípios, Owen reduziu a jornada
de trabalho de seus operários e defendeu a melhoria de suas condições de
moradia e educação.

• Charles Fourier (1772 – 1837): criticou ferrenhamente a sociedade burguesa. Em


seus escritos, defendeu uma sociedade sustentada por ações cooperativas. Nelas,
o talento e o prazer individual possibilitariam uma sociedade mais próspera. A
sociedade burguesa, marcada pela repetição e a especialidade do trabalho
operário, estava contra este tipo de sociedade ideal. Além disso, Fourier era
favorável ao fim das distinções que diferenciavam os papéis assumidos entre
homens e mulheres.
Do “triunfo da Razão” ao Socialismo Utópico

• Por meio do cooperativismo, do prazer e das liberdades de escolha a sociedade


iria criar condições para o alcance do socialismo. Nesse estágio, a comunhão
entre os indivíduos seria vivida de maneira plena. Sem almejar a distinção ou a
disputa, as famílias de trabalhadores viveriam nos falanstérios, edifícios
abrigados por 1800 pessoas vivendo em plena alegria e cooperação.

• Saint-Simon (1760 – 1825), acreditava que uma sociedade dividia-se entre os


produtores e ociosos. Por isso, defendeu outra sociedade onde a oposição entre
operários e industriais deveria ser reconfigurada. Para isso, ele pregava a
manutenção dos privilégios e do lucro dos industriais, desde que os mesmos
assumissem os impactos sociais causados pela prosperidade. Dessa forma, ele
acreditava que no cumprimento da sua responsabilidade social, o industriário
poderia equilibrar os interesses sociais.
O Materialismo Dialético e Histórico: O Socialismo
como “Ciência”
O materialismo dialético é a concepção filosófica do Partido marxista-leninista. Chama-se
materialismo dialético, porque o seu modo de abordar os fenômenos da natureza, seu método
de estudar esses fenômenos e de concebê-los, é dialético, e sua interpretação dos fenômenos
da natureza, seu modo de focalizá-los, sua teoria, é materialista.
O materialismo histórico é a aplicação dos princípios do materialismo dialético ao estudo da
vida social, aos fenômenos da vida da sociedade, ao estudo desta e de sua história.
Caracterizando seu método dialético, Marx e Engels se referem com frequência a Hegel como
o filósofo que formulou os princípios fundamentais da dialética. Mas isso não quer dizer que
a dialética de Marx e Engels seja idêntica à dialética hegeliana. Na
realidade, Marx e Engels só tomaram da dialética de Hegel sua "medula racional",
abandonando o invólucro idealista hegeliano e desenvolvendo a dialética, para dar-lhe uma
forma científica atual.
"Meu método dialético — diz Marx — não só é fundamentalmente diverso do método
de Hegel, mas é, em tudo e por tudo, o seu reverso. Para Hegel o processo do pensamento
que ele converte inclusive em sujeito com vida própria, sob o nome de idéia, é o demiurgo
(criador) do real e este, a simples forma externa em que toma corpo. Para mim, o ideal, ao
contrário, não é mais do que o material, traduzido e transposto para a cabeça do homem".
(Karl Marx, palavras finais da 2.ª edição do t. I do "O Capital").
O Materialismo Dialético e Histórico: O Socialismo
como “Ciência”

Na caracterização de seu materialismo, Marx e Engels se referem com frequência


a Feuerbach, como o filósofa que restaurou os direitos do materialismo. Mas isso
não quer dizer que o materialismo de Marx e Engels seja idêntico ao materialismo
de Feuerbach. Na realidade, Marx e Engels só tomaram do materialismo
de Feuerbach sua "medula", desenvolvendo-a até convertê-la na teoria científico-
filosófica do materialismo, e desprezando sua escória idealista e ético-religiosa. É
sabido que Feuerbach, que era no fundamental um materialista, se rebelava contra
a nome de materialismo. Engels declarou mais de uma vez que
"apesar da base materialista, Feuerbach não chegou a desprender-se dos vínculos
idealistas tradicionais", e que "onde o verdadeiro idealismo de Feuerbach se põe
em evidência, é em sua filosofia da religião e em sua ética". (F. Engels, "Ludwig
Feuerbach", em Karl Marx, Obras Escolhidas, ed. Europa-América, t. I, págs. 414-
417).
O Materialismo Dialético e Histórico: O Socialismo
como “Ciência”

A palavra dialética vem do grego dialegos, que quer dizer diálogo ou polêmica.


Os antigos entendiam por dialética a arte de descobrir a verdade evidenciando as
contradições implícitas na argumentação do adversário e superando essas
contradições. Alguns filósofos da antiguidade entendiam que o descobrimento das
contradições no processo discursivo e o choque das opiniões contrapostas era o
melhor meio para encontrar a verdade. Esse método dialético de pensamento, que
mais tarde se fez extensivo aos fenômenos naturais, converteu-se no método
dialético de conhecimento da natureza, consistente em considerar os fenômenos
naturais como sujeitos a perpétuo movimento e transformação e o
desenvolvimento da natureza como o resultado do desenvolvimento das
contradições existentes nesta última, como o resultado da ação mútua das forças
contraditórias no seio da natureza.
A dialética é, fundamentalmente, o contrário da metafísica.
 
Características Principais do Método Dialético Marxista

a) Em oposição à metafísica, a dialética não considera a


natureza como um conglomerado casual de objetos e
fenômenos, desligados e isolados uns dos outros e sem
nenhuma relação de dependência entre si, mas como um todo
articulado e único, no qual os objetos e os fenômenos se
acham organicamente vinculados uns aos outros, se
interdependem e se condicionam mutuamente. 

b) Em oposição à metafísica, a dialética não considera a


natureza como algo quieto e imóvel, parado e imutável, mas
como sujeito a perene movimento e a mudança consoante,
renovando-se e desenvolvendo-se incessantemente, onde há
sempre alguma coisa que nasce e se desenvolve, morre e
caduca.
Características Principais do Método Dialético Marxista

c) Em oposição à metafísica, a dialética não estuda o processo de


desenvolvimento dos fenômenos como um simples processo de
crescimento, em que as mudanças quantitativas não se traduzem
em mudanças qualitativas, mas como um processo em que se
passa das mudanças quantitativas insignificantes e ocultas às
mudanças manifestas, às mudanças radicais, às mudanças
qualitativas; em que estas se produzem, não de modo gradual,
mas repentina e subitamente, em forma de saltos de um estado
de coisas para outro, e não de um modo casual, mas de acordo
com leis, como resultado da acumulação de uma série de
mudanças quantitativas inadvertidas e graduais.
Características Principais do Materialismo Filosófico Marxista

a) Em oposição ao idealismo, que considera o mundo como a materialização da


"idéia absoluta", do "espírito universal", da "consciência", o materialismo
filosófico de Marx parte do critério de que o mundo é, por sua natureza, algo
material; de que os múltiplos e variados fenômenos do mundo constituem
diversas formas e modalidades da matéria em movimento; de que os vínculos
mútuos e as relações de interdependência entre os fenômenos que o método
dialético põe em evidência são as leis, de acordo com as quais se desenvolve a
matéria em movimento; de que o mundo se desenvolve de acordo com as leis
que regem o movimento da matéria sem necessidade de nenhum "espírito
universal".
Características Principais do Materialismo Filosófico Marxista

b) Em oposição ao idealismo, que afirma que só a nossa consciência tem uma


existência real e que o mundo material o ser, a natureza, só existem em nossa
consciência, em nossas sensações, em nossas percepções, em nossas idéias, o
materialismo, filosófico marxista parte do critério de que a matéria, a natureza, o
ser, são uma realidade objetiva, existem fora de nossa consciência e
independentemente dela; de que a matéria é o primário, uma vez que constitui a
fonte da qual se derivam as sensações, as percepções e a consciência, e esta o
secundário, o derivado, uma vez que é a imagem refletida da matéria, a imagem
refletida do ser; parte do critério de que o pensamento é um produto da matéria
ao atingir um alto grau de perfeição em seu desenvolvimento, e mais
concretamente, um produto do cérebro, e este o órgão do pensamento, e de que,
portanto, não cabe, a menos que se ceda num erro crasso, separar o pensamento
da matéria.
Características Principais do Materialismo Filosófico Marxista

c) Em oposição ao idealismo, que discute a possibilidade de conhecer o mundo e


as leis que o regem, que não crê na veracidade de nossos conhecimentos, que
não reconhece a verdade objetiva e entende que o mundo está cheio de "coisas
em si" que jamais poderão ser conhecias pela ciência, o materialismo filosófico
marxista parte da princípio de que o mundo e as leis que o regem são
perfeitamente cognoscíveis, de que os nossos conhecimentos acerca das leis da
natureza, comprovados pela experiência, pela prática, são conhecimentos
verídicos que têm o valor de verdades objetivas, de que no mundo não há coisas
incognoscíveis, mas simplesmente coisas ainda não conhecidas, que a ciência e
a experiência se encarregarão de revelar e dar a conhecer.
Características Principais do Materialismo Histórico Marxista

a) Qual é, então, dentro do sistema das condições materiais de vida da sociedade, o


fator cardial que determina a fisionomia daquela, o caráter do regime social, a
passagem da sociedade de um regime social para outro?

Esse fator é, segundo o materialismo histórico, o modo de obtenção dos meios de


vida necessários à existência do homem, o modo de produção dos bens materiais, do
alimento, do vestuário, do calçado, da habitação, do combustível, dos instrumentos
de produção, etc., necessários para que a sociedade possa viver e desenvolver-se.
Características Principais do Materialismo Histórico Marxista

B. A primeira característica da produção é que jamais se detém num ponto durante


um longo período, mas que se transforma e se desenvolve constantemente, com
a particularidade de que essas transformações operadas no modo de produção
provocam inevitavelmente a mudança de todo o regime social, das idéias
sociais, das concepções e instituições políticas, provocam a reorganização de
todo o sistema político e social. Nas diversas fases de desenvolvimento, o
homem emprega diversos modos de produção ou, para dizê-lo em termos mais
vulgares, mantém distintos gêneros de vida. Sob o regime do comunismo
primitivo, o modo de produção empregado é diferente daquele vigente sob a
escravidão; o da escravidão é diferente do em vigor sob o feudalismo, etc.. E,
em consonância com isto. variam também o regime social de vida dos homens,
sua vida espiritual, suas concepções e instituições políticas.

Segundo seja o modo de produção existente numa sociedade, assim é também,


fundamentalmente, esta mesma sociedade e assim são suas idéias, suas teorias, suas
concepções e instituições políticas.

Ou, em termos mais vulgares, segundo vive o homem, assim pensa.


Características Principais do Materialismo Histórico Marxista
c) — A segunda característica da produção consiste em que suas mudanças e seu
desenvolvimento começam sempre, tendo como ponto de partida, as mudanças e o
desenvolvimento das forças produtivas, e, antes de tudo, das que afetam os instrumentos de
produção. As forças produtivas constituem, portanto, o elemento mais dinâmico e mais
revolucionário da produção. A princípio, mudam e se desenvolvem as forças produtivas da
sociedade, e logo depois, sujeitas a essas mudanças e de acordo com elas, mudam as relações
de produção entre os homens, suas relações econômicas. Entretanto, isto não quer dizer que as
relações de produção não influam sobre o desenvolvimento das forças produtivas e que estas
não dependam daquelas. As relações de produção, ainda que seu desenvolvimento dependa do
das forças produtivas, atuam por sua vez sobre o desenvolvimento destas acelerando-o ou.
amortecendo-o. A esse respeito, convém advertir que as relações de produção não podem ficar,
por um tempo demasiado longo, atrasadas em relação às forças produtivas quando estas
crescem, nem se achar em contradição com elas, uma vez que as forças produtivas só podem
desenvolver-se plenamente quando as relações de produção estão em harmonia com elas por seu
caráter e seu estado de progresso e deixam margem para o seu desenvolvimento. Por isso, por
mais atrasadas que fiquem as relações de produção em relação ao desenvolvimento das forças
produtivas, têm necessariamente que se pôr e se põem realmente — mais tarde ou mais cedo —
em harmonia com o nível do desenvolvimento das forças produtivas, e com o caráter destas.
Noutro caso, nos encontraríamos ante uma ruptura radical da unidade entre as forças produtivas
e as relações de produção dentro do sistema dessas últimas, com um desconjuntamento da
produção em bloco, com uma crise de produção, com a derrocada das forças produtivas.
Características Principais do Materialismo Histórico Marxista
d) A terceira característica da produção consiste em que as novas forças
produtivas e as novas relações de produção coerentes com elas não surgem
desligadas da velho regime, depois deste ter desaparecido, mas se formam em
seu próprio seio; e não como fruto da ação premeditada e consciente do homem,
mas de um modo espontâneo, inconsciente e independentemente da vontade
humana, por duas razões.

Em primeiro lugar, porque os homens não são livres para escolher tal ou qual modo
de produção, pois cada nova geração, ao entrar na vida, encontra já um sistema
estabelecido de forças produtivas e relações de produção, como fruto do trabalho das
gerações anteriores, de maneira que se quer ter a possibilidade de produzir bens
materiais, não tem, nos primeiros tempos, outro remédio senão aceitar o estado de
coisas vigente no campo da produção e adaptar-se a ele.

Em segundo lugar, porque, quando aperfeiçoa este ou aquele instrumento de


produção, este ou aquele elemento das forças produtivas, o homem não sabe, não
compreende, nem lhe ocorre sequer pensar nisso, que consequências sociais sua
inovação pode acarretar, mas pensa única e exclusivamente em seu interesse pessoal,
em facilitar o seu trabalho e em obter algum proveito imediato e tangível para si.
ANÁLISE DE CONJUNTURA DIALÉTICA

A análise marxista da conjuntura tem alguns


pressupostos, que são, fundamentalmente, quatro:

● o método dialético,
● o materialismo histórico,
● a teoria do capitalismo e
● a perspectiva do proletariado.

Esses quatro elementos são inseparáveis e por isso


estão presentes em toda e qualquer análise de
conjuntura que se pretenda marxista.
ANÁLISE DE CONJUNTURA DIALÉTICA

O método dialético é um elemento indispensável para qualquer análise marxista da


conjuntura. Obviamente que um indivíduo concreto pode utilizá-lo de forma refletida ou
irrefletida. Para quem tem domínio do método e faz parte do seu modo de pensar, então é
algo realizado espontaneamente, mas para quem não tem, é preciso estar atento para
conseguir realizar uma análise dialética. Aqui não será possível realizar uma discussão
sobre o método dialético, mas tão somente destacar sua importância e apontar quais
elementos do referido método são importantes para uma análise da conjuntura.
Algumas categorias da dialética são fundamentais, pois permitem ultrapassar o
imaginário (representações cotidianas ilusórias) e a ideologia. As categorias de totalidade,
determinação fundamental e múltiplas determinações são fundamentais em uma análise de
conjuntura, pois consegue estabelecer uma percepção de conjunto que, ao mesmo tempo,
expressa o que é fundamental e os demais aspectos da realidade, sem tomar estes como o
principal. A percepção da essência (determinação fundamental) é condição para a
compreensão da existência (múltiplas determinações) e para evitar a mera reprodução
mental da aparência (tal como faz o imaginário e as ideologias) .
ANÁLISE DE CONJUNTURA DIALÉTICA
O método dialético é inseparável do materialismo histórico, da perspectiva do proletariado e da teoria do
capitalismo. O materialismo histórico é uma teoria da história e da sociedade que traz a percepção de diversos
aspectos da realidade, tais como os conceitos de sociedade, modo de produção capitalista, relações de produção,
Estado, classes sociais, luta de classes, cultura, consciência, etc. No entanto, não se trata de conceitos separados
ou separáveis. Esses conceitos, em si, apontam para uma determinada percepção da realidade, mas remetem para
outros conceitos e apresentam uma explicação da realidade social. O materialismo histórico estabelece uma
reflexão sobre a relação entre modo de produção e formas sociais, a compreensão das formas de consciência e
seu significado na luta de classes, etc.
O materialismo histórico apresenta a primazia do modo de produção e das relações de classes que
emergem a partir dele, como elemento fundamental para a compreensão da dinâmica social. Essas relações de
classes são relações de exploração, luta de classes. O conceito de luta de classes é o que revela a determinação
fundamental de uma sociedade e não pode estar ausente de nenhuma análise. A conjuntura fica incompreensível
sem o conceito de luta de classes e de sociedade. Em termos de método dialético, a luta de classes é equivalente à
determinação fundamental e a sociedade à categoria de totalidade, que reúne as múltiplas determinações num
caso concreto.
A teoria do capitalismo é expressão do materialismo histórico no caso concreto da sociedade atual. O
conceito de sociedade é importante e pressuposto, mas é preciso chegar a um nível maior de concreticidade e isso
nos leva a uma análise da sociedade capitalista e do modo de produção capitalista que é sua determinação
fundamental, constituindo as classes fundamentais, burguesia e proletariado, o que pressupõe compreender a
forma específica de exploração capitalista (produção de mais-valor) e suas consequências (acumulação de
capital, etc.).
ANÁLISE DE CONJUNTURA DIALÉTICA
Assim, é importante a compreensão do modo de produção capitalista, da acumulação de capital, essência
e dinâmica do estado capitalista, classes sociais do capitalismo (burguesia, proletariado, burocracia, etc.),
regimes de acumulação, blocos sociais, etc. O conceito de classes sociais acaba se tornando fundamental, pois é
através da análise da dinâmica da luta de classes no capitalismo é que se pode superar a aparência e os equívocos
analíticos. As classes sociais e os interesses vinculados a elas são elementos fundamentais para entender a
dinâmica social e os processos sociais mais concretos, incluindo as subdivisões (frações de classes) e elementos
derivados (blocos sociais, hegemonia, etc.), tais como as ações estatais, partidárias, movimentos sociais, etc.
Assim, o conceito de classes sociais (elemento do materialismo histórico) no caso histórico e concreto do
capitalismo, o que pressupõe compreender quais são as classes existentes na sociedade capitalista (em
determinado momento de sua história), permite avançar na análise ao entender seus interesses, conflitos, etc. e
assim ter uma percepção mais ampla do processo ao invés de se perder no mundo das aparências (que pode se
limitar, por exemplo, a luta de partidos, como se isso fosse o fundamental).
Por fim, o conjunto destas categorias (da dialética) e conceitos (do materialismo histórico e da teoria do
capitalismo) constituiria um amontoado de termos vazios se estiver fora da perspectiva do proletariado. A
perspectiva do proletariado constitui um campo axiomático que é pressuposto de uma real compreensão da
dialética, do materialismo histórico e do capitalismo. A perspectiva do proletariado constitui um conjunto de
valores, sentimentos e interesses que apontam para a necessidade da transformação radical e total do conjunto
das relações sociais e uma determinada relação com a verdade. A perspectiva do proletariado requer o
compromisso com a verdade, pois este é um interesse do proletariado, se tornando um valor e compromisso
daqueles que a adotam.
ANÁLISE DE CONJUNTURA DIALÉTICA

● Acontecimentos: discernir dos fatos


● Cenários e suas particularidades
● Atores: os sujeitos, classes, organizações
● Relação de Forças e a luta de classes
● Relação entre estrutura e conjuntura.
● Relação entre o geral e o singular = particular
Melhor exemplo de análise de conjuntura com esses conceitos:

O 18 Brumário de Luís Bonaparte

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