MATERIALISMO

HISTÓRICO DIALÉTICO:
CIÊNCIA E REVOLUÇÃO

Jacques Iatchuk
OS FILÓSOFOS NÃO FIZERAM MAIS
DO QUE INTERPRETAR O MUNDO DE
DIFERENTES MANEIRAS; A QUESTÃO,
PORÉM, É TRANSFORMÁ-LO."
KARL MARX, TESES SOBRE
FEUERBACH, 1845
KARL MARX (1818 - 1883)
FRIEDRICH ENGELS (1820 - 1895)
CONTEXTO HISTÓRICO
TRANSIÇÃO DAS ESTRUTURAS DO FEUDALISMO PARA AS DO
CAPITALISMO

REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

REVOLUÇÃO FRANCESA

REVOLUÇÃO DE 1848 (PRIMAVERA DOS POVOS)

COMUNA DE PARIS
INFLUÊNCIAS NO PENSAMENTO MARXISTA

SOCIALISMO UTÓPICO

IDEALISMO ALEMÃO

ECONOMIA POLÍTICA INGLESA

SOCIALISMO UTÓPICO
PRINCIPAIS REPRESENTANTES:
→ HENRI DE SAINT-SIMON (1760 - 1825);
→ ROBERT OWEN (1771 - 1858);
→ CHARLES FOURIER (1772 - 1837).
ACREDITAVAM NA CONSTRUÇÃO DO SOCIALISMO
VINDA "DE CIMA", POR "HOMENS ILUMINADOS"
→ VIAM O PROLETARIADO COMO INCAPAZ DE "VALER-SE
POR SI MESMO"
SOCIALISMO UTÓPICO
NA ANÁLISE DELES, O SOCIALISMO APARECE COMO UMA
VERDADE A SER REVELADA PELA VISÃO DE ALGUNS HOMENS
ESPECIAIS
É UMA PERSPECTIVA METAFÍSICA E ESTÁTICA DA REALIDADE
POLÍTICA E SOCIAL
→ Para os Socialistas Utópico, "A VERDADE ABSOLUTA É
INDEPENDENTE DO TEMPO, DO AMBIENTE, DO GRAU DE
DESENVOLVIMENTO DOS HOMENS; O TEMPO E O LUGAR DA SUA
REVELAÇÃO DEPENDEM UNICAMENTE DO ACASO" (ENGELS, Do
Socialismo Utópico ao Socialismo Científico, p. 63)
IDEALISMO ALEMÃO
PRINCIPAIS REPRESENTANTES:
→ IMMANUEL KANT (1724 - 1804);
→ JOHAN FICHTE (1762 - 1814);
→ FRIEDRICH SCHELLING (1775 - 1854);
→ FRIEDRICH HEGEL (1770 - 1831).

O IDEALISMO DEFENDIA A EXISTÊNCIA DE IDEIAS, EM

UM PLANO PRÓPRIO, QUE NÃO PODEM SER
MATERIALIZADAS NO PLANO FÍSICO.
 FRIEDRICH HEGEL (1770 - 1831)
IDEALISMO HEGELIANO: Apenas a mente é
real, e tudo o que é racional é real.
REALIDADE: É uma projeção da ideia no
Plano Físico
→ A explicação do mundo não está na ordem das
causas (fatos), mas das ideias (razão)

Realidade se liga sempre ao que lhe é

historicamente anterior, ou seja, é fruto de
concatenações nas quais o conflito existe
dentro de cada realidade e é a base de toda
realidade.
FRIEDRICH HEGEL (1770 - 1831)
SER  = MOVIMENTO AUTODINAMIZADO PELAS
CONTRADIÇÕES QUE CONTÉM

O SER É MOVIMENTO PORQUE ELE MESMO É UM CAMPO

DE TENSÕES E CONTRADIÇÕES, AS QUAIS FAZEM COM
QUE ELE SE DINAMIZE

ESSAS CONTRADIÇÕES SE RESOLVEM POR MEIO DE

ROMPIMENTOS
 JOVENS HEGELIANOS
Ludwig Feuerbach Max Stirner Bruno Bauer
(1804-1872) (1806 - 1856) (1809-1882)
ECONOMIA POLÍTICA INGLESA
MATERIALISMO: CENTRALIDADE DA OBSERVAÇÃO E DA EXPERIÊNCIA NO
PROCESSO DE COMPREENSÃO DO MUNDO
→ De acordo com Marx e Engels, o pai do pensamento materialista é Bacon, que
depois é aprimorado por pensadores como Hobbes e Locke (Marx & Engels, A
Sagrada Família, 1845)

ECONOMIA POLÍTICA: ESTUDO DAS RELAÇÕES SOCIAIS ENVOLVIDAS NO

PROCESSO DE PRODUÇÃO, CIRCULAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO DAS
MERCADORIAS PELA SOCIEDADE, BEM COMO SUA RELAÇÃO COM A
PRÓPRIA FORMA DA SOCIEDADE
→ Vêm daí elementos centrais da análise marxista, como a relação entre Capital e
Trabalho, e as bases para o conceito de alienação.
 ECONOMIA POLÍTICA INGLESA
ADAM SMITH (1723 - 1790) DAVID RICARDO (1772 - 1823)
CENTRALIDADE DA CRÍTICA
MARX E ENGELS SÃO PROFUNDAMENTE
INFLUENCIADOS PELO SOCIALISMO UTÓPICO, PELO
IDEALISMO ALEMÃO, PELO MATERIALISMO E PELA
ECONOMIA POLÍTICA INGLESA. NO ENTANTO, O
FAZEM ANALISANDO CRITICAMENTE CADA UM
DESSES ELEMENTOS. OU SEJA, EXALTAM SUA
IMPORTÂNCIA E SEUS AVANÇOS, MAS TAMBÉM
EXPÕEM SEUS EQUÍVOCOS E LIMITES.
A CRÍTICA MARXISTA
PROCESSO DA CRÍTICA:
→ PROFUNDA COMPREENSÃO DO PENSAMENTO
ANALISADO

→ ENTENDIMENTO DOS ELEMENTOS RELATIVOS DO QUE

SE ANALISA

→ APREENSÃO DOS ELEMENTOS ONTOLÓGICOS DO

OBJETO E SUPERAÇÃO DAS PROBLEMÁTICAS RELATIVAS
MATERIALISMO HISTÓRICO DIALÉTICO
Bertolt Brecht: "O que é, exatamente por ser tal como é, não vai ficar
tal como está"

Ernst Bloch: "O método dialético nos incita a revermos o passado à

luz do que está acontecendo no presente; ele questiona o presente
em nome do futuro, o que está sendo em nome do que 'ainda não é'"

Para Marx, a História não é outra coisa senão uma transformação

contínua da natureza humana (Miséria da Filosofia, 1847)
POR QUE ESTUDAR O MÉTODO MARXISTA?
"Um marxista ortodoxo sério poderia [...] rejeitar todas as
teses particulares de Marx, sem, no entanto, ser obrigado por
um único instante, a renunciar à sua ortodoxia marxista. O
marxista ortodoxo não significa, portanto, um
reconhecimento sem crítica dos resultados da investigação de
Marx, não significa uma 'fé' numa ou noutra tese, nem a
exegese de um livro sagrado. Em matéria de marxismo, a
ortodoxia se refere antes e exclusivamente ao método."
(LUKÁCS, História e Consciência de Classe, apud. MUSSE,
2005)
TEORIA SOCIAL EM MARX E ENGELS
TEORIA SOCIAL DA SOCIEDADE BURGUESA

TEORIA: REPRODUÇÃO IDEAL DO MOVIMENTO REAL DO

OBJETO

EXISTE UMA ENORME IMPORTÂNCIA DA RELAÇÃO ENTRE

SUJEITO E OBJETO NA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO

QUAL SERIA, ENTÃO, O PAPEL DO PESQUISADOR?

RELAÇÃO SUJEITO E OBJETO
NECESSIDADE DE O PESQUISADOR SER UM SUJEITO RICO

HÁ SEMPRE A ADOÇÃO DE UMA PERSPECTIVA DE CLASSE QUE INFLUI NA

POSIÇÃO IDEOLÓGICA RELATIVA ÀQUILO QUE ESTÁ SENDO ESTUDADO.
→ No caso de Marx, a perspectiva adotada é a que se posiciona pela emancipação
política e humana do proletariado.
→ A concepção teórico metodológica de Marx é a concepção teórico metodológica
da condição de classe do proletariado revolucionário!

A POSIÇÃO DE CLASSE NÃO DETERMINA A FORMA DE ELABORAÇÃO DE

TEORIA, MAS O CAMPO DE VISÃO DA TEORIA.

QUAIS OS EFEITOS DA REFORMULAÇÃO DAS CIÊNCIAS NESSE PROCESSO

DE ENTENDIMENTO DA SOCIEDADE?
OS TRÊS NÍVEIS DO SER
SER INORGÂNICO: NÃO SE REPRODUZ. É O MENOS COMPLEXO
DE TODOS.

SER ORGÂNICO: SE REPRODUZ. É MUITO MAIS COMPLEXO DO

QUE O SER INORGÂNICO.

SER SOCIAL: É, EM SI, UM SER ORGÂNICO, MAS TAMBÉM

INFINITAMENTE MAIS COMPLEXO DO QUE SIMPLESMENTE ISSO.
AFINAL, TEM EM SI UMA CARACTERÍSTICA NÃO PRESENTE NA
NATUREZA: A SOCIABILIDADE.
→ CADA UM DESSES NÍVEIS TEM LEIS E CATEGORIAS PRÓPRIAS E
INTRANSFERÍVEIS ENTRE SI.
SER SOCIAL
"O indivíduo, então, como dizia Marx, é o ser social; e é tão
intrinsecamente social que somente ao longo da sua
história em sociedade é que o homem, depois de muitos
séculos, chegou a se individualizar (já que, nas comunidades
mais primitivas, os indivíduos não contavam e existiam
exclusivamente em função da coletividade a que
pertenciam)" (KONDER, O que é dialética?, 1981, p. 79)
APARÊNCIA X ESSÊNCIA
PONTO DE PARTIDA DO CONHECIMENTO É O
EMPÍRICO, O RESULTADO DA EXPERIÊNCIA SENSÍVEL,
OU SEJA, A APARÊNCIA DO OBJETO.

APARÊNCIA: É O MODO IMEDIATO DE EMERGÊNCIA

DA REALIDADE.

A APARÊNCIA NÃO ESGOTA O FENÔMENO → ELA

TANTO REVELA QUANTO OCULTA.
APARÊNCIA X ESSÊNCIA
ESSÊNCIA: ESTRUTURA ÍNTIMA E DINÂMICA DO
OBJETO

O PESQUISADOR TEM DE TRAZER À TONA, POR MEIO

DO TRABALHO INTELECTUAL, AS CATEGORIAS, AS
REGULARIDADES, AS LEIS DO MOVIMENTO DO
OBJETO QUE PESQUISA.
→ Ou seja, ele reproduz intelectualmente o movimento do
objeto.
ABSTRATO X CONCRETO

O que é abstrato e concreto para o pensamento de Marx e

Engels?

Como isso influencia o método marxista?

Como isso afeta a nossa capacidade de apreensão do

movimento real dos objetos que compõem o mundo?
ABSTRATO X CONCRETO
"Ao falarmos em método Materialista Histórico Dialético, o que temos
em mente é iniciar o processo analítico por meio da abstração do objeto
da sua totalidade, de modo que seja possível apreendermos suas
determinações mais gerais. A partir disso, tomamos o sentido contrário,
retornando o objeto para sua realidade concreta e compreendendo suas
múltiplas relações com o todo. Desse modo, ao fim do processo, temos
como representação teórica a reprodução do mundo real sob a forma do
'concreto pensado'. Tudo isso levando em conta que há uma
historicidade nos fenômenos sociais, e a evolução histórica dos entes
sociais é central para que se possa explicar de maneira adequada o
mundo. Somente tendo em mente a historicidade dos fatos é possível
compreendermos o mundo social como algo dinâmico." (IATCHUK, 2018,
p. 13-14)
TOTALIDADE
É A MATRIZ PRINCIPAL E CENTRAL DO PENSAMENTO DE
MARX E ENGELS
→ É ELA (E NÃO A ECONOMIA, COMO TEM SIDO DITO
AMPLAMENTE NAS ÚLTIMAS DÉCADAS) O VERDADEIRO FOCO
DO MÉTODO MARXISTA DE ANALISAR O MUNDO

TRATA DA REDE DE RELAÇÕES E INTERAÇÕES EM QUE ESTÃO

INSERIDOS OS DIVERSOS FENÔMENOS EXISTENTES, QUE
ESTÃO EM PERMANENTE MOVIMENTO DE DETERMINAÇÃO
MÚTUA
TOTALIDADE
TOTALIDADE
TOTALIDADE
"Para o marxismo, em última análise, não há, portanto, uma ciência
jurídica, uma economia política e uma história etc. autônomas; mas
somente uma ciência histórico-dialética, única e unitária, do
desenvolvimento da sociedade como totalidade" (LUKÁCS,
História e Consciência de Classse, apud. Musse, 2005)

NESSE SENTIDO, O PAPEL PESQUISADOR DE DETERMINADA

ÁREA É APREENDER A ESSÊNCIA DO OBJETO QUE TEM SIDO
ESTUDADO ESPECIFICAMENTE, E, ENTÃO, ENTENDER A
RELAÇÃO DELA COM A TOTALIDADE DOS MOVIMNTOS DOS
OBJETOS QUE COMPÕEM O MUNDO.
PROCESSO DE ANÁLISE DO CAPITALISMO
A QUESTÃO, PARA MARX, É SABER COMO COMPREENDER
ESSA SOCIEDADE. O PRIMEIRO PASSO PARA ISSO É
COMPREENDER COMO ELA PRODUZ E REPRODUZ AS
CONDIÇÕES MATERIAIS QUE PROPICIAM A SUA PRODUÇÃO
E REPRODUÇÃO ENQUANTO VIDA SOCIAL.

O PONTO DE PARTIDA É A FORMA MAIS ELEMENTAR DA

RIQUEZA NO MUNDO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA: A
MERCADORIA.
O MÉTODO MARXISTA COMO INSTRUMENTO
PARA A TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
O OBJETIVO ÚLTIMO DO MÉTODO DE MARX E ENGELS É A
SUPERAÇÃO DO MODO DE PRODUÇÃO CAPITALISTA.

BUSCA ARMAR A CLASSE TRABALHADORA COM O

CONHECIMENTO PARA QUE ESTA EFETIVE A REVOLUÇÃO
→ SOCIALISMO CIENTÍFICO
REFERÊNCIAS
ENGELS, Friedrich. Do Socialismo Utópico ao Socialismo Científico (1887). São Paulo: Centauro, 2005

IATCHUK, Jacques. Cidade, Direito e Política: Impactos Efetivos do Plano Diretor Estratégico do Município de São Paulo.
Monografia de Conclusão de Curso de Graduação em Direito. Franca, UNESP, 2018.

KONDER, Leandro. O Que é Dialética? São Paulo: Editora Brasiliense, 1981.

LUKÁCS Gyorgy. História e Consciência de Classe (1923). São Paulo: Martins Fontes, 2003.

MARX Karl. Miséria da Filosofia (1847). São Paulo: Boitempo Editorial, 2017.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Ideologia Alemã (1845-1846). São Paulo, Boitempo Editorial, 2007.

MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. A Sagrada Família (1845). São Paulo, Boitempo Editorial, 2003.

MUSSE, Ricardo. A Dialética como Discurso do Método. In: Tempo Social, v. 17, n. 1, pp. 367-389, junho 2005.

Curso: Introdução ao Método de Marx com José Paulo Netto.

Parte 1: https://www.youtube.com/watch?v=2WndNoqRiq8
Parte 2: https://www.youtube.com/watch?v=Dl3Yocu-1oI